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PSICOLOGIA NA

EQUOTERAPIA

Latife Nemetala – Psicóloga – ANDE-BRASIL–


latifenemetala@gmail.com - (61) 98114-9892
Psicologia na Equoterapia

O que é psicologia ou o que ela faz?


Psicologia
Etimologia da palavra:
Radicais gregos psykhè “alma” e logos “estudo”.

LETRA GREGRA “PSI”

“Estudo da alma humana”


Psicologia é uma ciência

Trata e estuda estados e processos mentais


(sensações, emoções, pensamentos, cognição) e do
comportamento do ser humano e de suas interações
com o ambiente interno, externo (físico, social)
Psicologia é uma ciência

• Diversas abordagens

Comportamental (Behaviorismo), Psicanálise, Cognitiva, Junguiana, Humanismo,


Corporal (Reichiana), Gestalt Terapia, Psicologia existencial, Fenomenológica,
“Positiva"...

• Amplo campo de atuação, de pesquisa e de aplicação

Clínica, escolar, forense, do desenvolvimento, industrial-organizacional, social,


neuropsicologia, do esporte, trânsito, ecologia, marketing

EQUOTERAPIA
Psicologia na Equoterapia

• Aproximadamente 150 anos psicologia no mundo

• Aproximadamente 65 anos psicologia no Brasil

• Equoterapia 10 de maio de 1989 – 32 anos


Objeto de estudo e de pesquisa em psicologia
O Psicólogo como Equoterapêuta

▪ Profissional de Equoterapia (CBO – 2263-15);


▪ A Classificação Brasileira de Ocupação trata do reconhecimento da existência de ocupações no
mercado de trabalho brasileiro e é publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

▪ Importância:
✓ Pesquisa científica em Equoterapia;
✓ Conhecimento técnico
Para o reconhecimento
✓Setting terapêutico diferenciado:
✓Código de Ética
✓Trabalho interdisciplinar
Princípio Fundamental

“Promoção da saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades”


Código de Ética Profissional do Psicólogo. Conselho Federal de Psicologia, Brasília, agosto
de 2005.
O papel do psicólogo na Equoterapia

1. Avaliação/reavaliação do praticante;

2. Acompanhamento e orientação familiar;

3. Atuação junto à equipe multidisciplinar;

4. Atendimento no picadeiro
Avalição/reavaliação do praticante
Conhecer e reconhecer o perfil do nosso Quem
praticante
são nossos
praticantes?
▪ Protocolo ingresso ANDE-BRASIL (Avaliação biopsicossocial)

▪ Anamnese/avaliação detalhada (Precauções/contraindicações*)

▪ Importância do primeiro contato praticante/família


(Avaliação/acolhimento/expectativas/contrato/vínculo/alta equoterápica)

▪ Realização do Estudo de caso “Traduzir” para equipe os aspectos


psicoemocionais e sistêmicos

▪ Elaboração do Plano de atendimento individualizado

▪ Setting terapêutico diferenciado – Atender aos critérios do CFP (Código


ética profissional: avaliação, contrato, sigilo, ética, respeito, qualidade
técnica...)
Contraindicações e/ou precauções psicológicas

▪ Medos e fobias em grau acentuado;

▪ Distrúbios comportamentais graves (riscos);

▪ Forte rejeição ao animal (diversas maneiras);

▪ Severos transtornos psiquiátricos (Alucinações, crises);

▪ Ausência de vínculo e/ou interesse na Equoterapia.


Acompanhamento e orientação familiar
▪ Acolher e perceber as necessidades da Quem
família são essas
família?
▪ Orientar quanto às normas e regras da instituição

▪ Esclarecer e tranquilizar quanto aos atendimentos

▪ Presença/interferência dos familiares

▪ Orientar quanto às questões percebidas

▪ Encaminhar para atendimento especializado (se necessário)

▪ Favorecer desenvolvimento também dos familiares dos praticantes

▪ Setting terapêutico diferenciado – Atender aos critérios do CFP (Código


ética profissional: devolutiva, contrato, sigilo, ética, respeito, qualidade
técnica...)
Atuação junto à equipe
▪ Promover o inter-relacionamento da equipe interdisciplinar (diversidade,
gerenciamento de egos)

▪ Psicólogo faz parte da equipe

▪ Observar as contratransferências (+ ou -) dos profissionais (preferências,


rejeições)

▪ Munir a equipe de subsídios para atendimento das demandas emocionais

▪ Atentar para as frustrações e expectativas dos profissionais para com o


praticante

▪ Setting terapêutico diferenciado – Atender aos critérios do CFP (Código


ética profissional: atuação, respeito, sigilo, ética, esclarecimentos,
qualidade técnica..)
Características Mediadores
▪ Perfil de cada um

▪ Empatia para com o praticante

▪ Ética

▪ Observação/investigação

▪ Compromisso/estudo

▪ Perseverança/Paciência

▪ Sensibilidade (“ouvir” o corpo que fala)

▪ Autopercepção

▪ Trabalho bem em equipe


Atendimento no picadeiro

▪ Acompanhar e/ou favorecer o processo inicial – aproximação - direta ou


indiretamente com vistas à facilitação da formação de vínculos

▪ Favorecer a identificação do praticante com a equipe de atendimento


(Rotina/Protocolo atendimento)

▪ Realizar atendimentos como mediador/lateral (individual e/ou grupo)

▪ Atuar para a promoção de conscientização dos aspectos psicoemocionais do indivíduo


em parceria com os demais profissionais

▪ Setting terapêutico diferenciado – Atender aos critérios do CFP (Código


ética profissional: técnicas reconhecidas, sigilo, ética, respeito, qualidade
técnica...)
Equilíbrio

Corpo x mente x alma

Ser global/integral

Garantir que o praticante seja contemplado


“também” em seus aspectos psicoemocionais
(subjetividade)

Desenvolvimento Biopsicossocial
O principal objetivo da terapia psicológica, não é transportar
o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim
ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento.
A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor.
Quem não se arrisca para além da realidade jamais
encontrará a verdade.
Carl Gustav Jung
Quem são nossos
praticantes?
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.
(BRASIL. Lei Federal n° 13.146/2015).
Diversas condições de saúde

▪ Transtorno do espectro autista (TEA) ▪ Acidente Vascular Encefálico (AVE)

▪ Encefalopatias (Paralisia cerebral) ▪ Alzheimer

▪ Síndrome de Down ▪ Parkinson

▪ Deficiência mental ▪ Traumatismo crânio encefálico

▪ Síndromes diversas ▪ Lesão medular

▪ Deficiências múltiplas ▪ “Doenças degenerativas”


“Tão importante quanto conhecer a
doença que o homem tem, é
conhecer o homem que tem a
doença”

(William Osler)
Pessoas com limitações
FUNCIONAMENTO
BIOPSICOSSOCIAIS
(DES)

Desenvolvimento atípico precoce


Motor (Atraso no desenvolvimento global)
Cognitivo “condição em que a criança não está se
desenvolvendo e/ou não alcança habilidades
Emocional de acordo com a sequência de estágios pré-
determinados”
Social (DE FÁTIMA DORNELAS et al., 2015)

Sensorial
Deficiências adquiridas
Perde ou modifica aquisições psicomotoras
e sociais
DIFERENTE
Experimentam o mundo de forma particular
EXPERIMENTAR e se RELACIONAR com o mundo

Corpo Corpo
Corpo vivido percebido representado

Com ou sem limitações


(desde o nascimento ou em qualquer etapa da vida)

“Considerar o corpo como o lugar fenomenológico, onde o ser humano constrói e co-constroi a
sua identidade e o seu sentimento e conhecimento de si, como fonte de sensações, pulsões,
emoções e intenções” Fonseca, 2010

PSICOMOTRICIDADE
Sujeito em movimento
▪ “relação primal mãe-filho” Neumann (1995) – Corpo da mãe
▪ Psicanálise – Relação simbiótica mãe e filho
▪ Cons ciência de si ou estado de inconsciência

DES ENVOLVER

▪ Diferenciar-se, distanciar-se do objeto inicial (mãe)


▪ “Função espelho”
Esquema corporal - referem-se ao esquema corporal como uma imagem tridimensional que todos têm de si
mesmos. Head e Holmes (1911). É uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo
com o uso que faz de seu corpo. Segundo Le Boulch (1981). Representação relativamente global, científica e
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo Wallon (1974)

Autoconceito – Que conceito que se tem de si.


Como me vejo/como os outros me vêem/como penso que me vêem

Quem sou eu?

Autoestima – A estima que se tem por si mesmo.


“avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou
negativa em algum grau”. Sedikides & Gregg, 2003
Sentimento de identidade se
constitui a partir das
percepções do corpo
E o CAVALO nessa história?
“O cavalo é a poesia em movimento. Ele
pode nos emprestar a liberdade e a força
que não temos”
Autor desconhecido
REAL X IMAGINÁRIO
▪ Cavalo dentro de cada?

▪ O que ele representa?

▪ O que desperta em cada um?

▪ Interação com o mesmo?

▪ Reações? Emoções? Descobertas?

▪ Diálogo consciente e inconsciente?


Principais benefícios alcançados

✓ RUPTURA DO CICLO VICIOSO DA “PATOLOGIA”;

✓ ESTÍMULO/DESENVOLVIMENTO SISTEMA NEUROPSICOMOTOR

• Superação de medos/inseguranças; • Maior autonomia (controle de si mesmo);

• Melhoria das relações interpessoais; • Socialização e (Re) Inserção social.

• Maior autocrítica e autoconhecimento; • Maiores condições para desenvolver


afetividade;
• Maior organização interna;
• Maior energia, motivação, alegria de viver;
• Adequação autoestima e autoconfiança;
Qualidade de vida e funcionalidade
Processo de conscientização

Auto conhecimento

Auto aceitação

Sensação generalizada de bem estar

Benefícios estendidos a outros âmbitos da sua vida


Proposta da aula prática
O QUE É IMPORTANTE NA PRÁTICA?
Mediação na prática
▪ Mediador seguro e preparado para atendimento

▪ Impacto primeiro contato ambiente/cavalo

▪ Atenção para apresentação/nomeação da equipe

▪ Comportamento social/rotina

▪ Descrição etapas, atividades, materiais, movimentos, exercícios, situações

▪ Permitir vivência corpo a corpo com cavalo (não somente sensório-motor)

▪ Exteriorização (na relação com o outro) afetos, emoções, desejos, medos,


prazeres, resultado da nossa história pessoal).
Mediação na prática

▪ Permitir que o praticante reviva situações de ser cuidado, ser embalado,


ser contido, do “perigo”, autopreservação, atenção...

▪ “Escutar” as respostas corporais e verbais do praticante para atuar de


forma assertiva

▪ Proximidade e afastamento progressivo (mediador e familiares) do


praticante (separação/Eu-Corporal)

▪ Perceber a quantidade e/ou intensidade do apoio (suporte emocional)

▪ Silêncio terapêutico: elaboração, processamento, ressignificação


(neurológica/psíquica)
Estratégias

1. Cavalo em liberdade

2. Manejo, cuidados básicos, encilhamento, alimentação

3. Condução/guia

4. Volteio terapêutico

5. Montar com ou sem autonomia


Caso Clínico
Nome: Pâmela
Sexo: Feminino
Idade: 15 anos
Diagnóstico: Paralisia Cerebral - G-80 e Mutismo Eletivo - F-94.0
Tempo na Equoterapia: 05 anos

Principais características iniciais:


• 1ª gemelar
• Quadriparesia (triplegia)
• Incapacidade motora;
• Atrofia muscular e espasticidade moderada;
• Deficiência no equilíbrio e desajuste postural;
• Distúrbio de compreensão e atenção, déficit cognitivo;
• Medo e insegurança constantes;
• Autoestima muito prejudicada;
• Ausência de linguagem (Mutismo eletivo/seletivo)
• Embotamento afetivo, isolamento social;
Montar com ou sem
autonomia
“Conheça todas as
teorias, domine
todas as técnicas,
mas ao tocar uma
alma humana seja
apenas outra alma
humana.”
Carl G. Jung
Obrigada!
ande@equoterapia.org
latifenemetala@gmail.com
(61) 98114-9892

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