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Avaliação Registro e Tomada de Decisão
Kelvis Sampaio

Como todo e qualquer comportamento novo a ser ensinado, o


comportamento de ler deve ser avaliado antes, durante e depois de cada
procedimento de ensino. O professor deve ter clareza de qual é o
comportamento do seu aluno diante dos estímulos que selecionou para treinar.
Tendo selecionado uma quantidade de palavras especificas, figuras
correspondentes e sílabas, o professor deve apresentar em blocos de
tentativas de testes cada estímulo e deve registrar se o aluno leu ou nomeou
os estímulos apresentados.
A avaliação consiste em estabelecer medidas quantitativas do
desempenho do aluno diante da apresentação dos estímulos do bloco de
ensino. Em sentido amplo, medição é o processo de atribuir números e
unidades a características particulares de objetos ou eventos, ou seja, atribuir
um número de ocorrências de um determinado comportamento. Por exemplo,
se forem apresentadas 3 palavras impressas uma quantidade de 7 vezes,
totalizando 21 tentativas de teste, quantas ocasiões o aluno leu uma das
palavras selecionadas corretamente?
O processo de avaliação é contínuo, ou seja, a mensuração do
comportamento do aluno acontece durante todas as tentativas, sejam de
ensino ou de teste. As condições podem seguir conforme o desenho ou
delineamento experimental do tratamento utilizado. Em um delineamento ABC,
por exemplo, tempo três condições, sendo a primeira de pré-treino (ou linha de
base), a condição B de treino ou intervenção e a condição C de teste de
relações novas ou emergentes. Segue abaixo a tabela com essa
representação.

Condição A Condição B Condição C

Teste de relações (pré- Treino das relações Teste de relações


treino) emergentes

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Uma tentativa de teste (pré-treino) consiste na apresentação de um
estímulo modelo (seja ele falado, escrito, ou figura) em que há uma resposta
esperada do aluno (seja nomear, seja escrever, seja ler) sem a ocorrência de
uma consequência de reforço.

Acima um exemplo organização de procedimento de pareamento ao


modelo, onde o estímulo modelo é apresentado no topo central da imagem e
os estímulos de comparação aparecem disponíveis abaixo nas posições da
esquerda, centro e direita.
No geral, quando se está estabelecendo um bloco de avaliação (pré-
treino) o professor não deve dar acesso a itens reforçadores pelo desempenho
do aluno. Comentários e feedbacks sobre o engajamento do aluno na atividade
podem ser utilizados.
Blocos de testes que intercalem testes de habilidades de leitura e testes
de habilidades de obedecer a comandos, podem ser utilizados para que o
aluno não fique muito tempo sem acesso a reforçadores, como segue no
quadro abaixo:

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Alvo Modelo Comparação

TESTE BOLA LOBO BOLA(s+) DEDO

TESTE DEDO DEDO(s+) LOBO BOLA

TESTE LOBO BOLA DEDO LOBO

IMITAÇÃO Mão na cabeça

TESTE BOLA LOBO BOLA(s+) DEDO

TESTE DEDO DEDO(s+) LOBO BOLA

TESTE LOBO BOLA DEDO LOBO

IMITAÇÃO Mão no nariz

TESTE BOLA LOBO BOLA(s+) DEDO

TESTE DEDO DEDO(s+) LOBO BOLA

TESTE LOBO BOLA DEDO LOBO

IMITAÇÃO Mão na barriga

No exemplo acima, os blocos de teste de habilidades de leitura foram


intercalados com habilidades de imitação, sendo assim, o professor cria
condições aonde ocasionará uma resposta já adquirida pelo aluno e nesta
ocasião ela poderá reforçar o desempenho do aluno e não comprometerá o
momento da avaliação de leitura.
A utilização de tentativas de outras habilidades que o aluno já tenha
adquirida servem único e exclusivamente para que ao longo do processo
avaliativo o aluno tenha ocasiões nas quais um comportamento lhe dê acesso
ao reforçador. Caso contrario, é possível que o aluno comece a se engajar em
comportamentos inadequados e ou comece a se esquivar da atividade ou do
professor.
Segue abaixo um exemplo de ensino de relações entre estímulos para
fácil compreensão das relações que serão avaliadas, treinadas e testadas:

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Exemplos de relações entre estímulos

A1: Palavra falada “BOLA”

A2: Palavra falada “DEDO”

A3: Palavra falada “LOBO”

B1: Figura de “BOLA”

B2: Figura de “DEDO”

B3: Figura de “LOBO”

C1: Palavra impressa “BOLA”

C2: Palavra impressa “DEDO”

C3: Palavra impressa “LOBO”

Para critério da condição de pré-treino é estabelecido que o aluno não


acerte nas tentativas de teste, ou seja, o aluno não demonstre a habilidade
requerida. Caso o aluno apresente um desempenho de 80% de acerto ou mais
nesta etapa, deverá ser apresentado um novo bloco de palavras.
Caso o aluno não apresente desempenho de acerto na condição de pré-
treino, segue-se para a condição de ensino das relações de estímulos
conforme apresentado na tabela abaixo:

Sequência Atividade

Ensino de palavras: Ensino de relações A-A


Bola, Dedo e Lobo Ensino de relações B-B
Ensino de relações C-C
Ensino da Família Silábica
Ensino de relações A-B
Ensino de relações A-C

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A tabela acima apresenta um exemplo de um conjunto de palavras
escolhidos previamente pelo professor e as relações que o professor irá
ensinar nos blocos de tentativas de ensino. Nesta condição o professor deverá
programar acesso a reforço caso o aluno acerte a tentativa.
As atividades de ensino seguem em conformidade das relações entre os
estímulos na rota de ensino que já fora preparada com antecedência. Sendo
que o ensino segue nas relações de identidade (similaridade) A-A (palavras
falada pelo professor – palavra falada pelo aluno), B-B (pareamento figura com
figura) e C-C (pareamento palavras impressa com palavras impressa). O
ensino da família silábica, ou as famílias silábicas de cada bloco de palavras. O
ensino das relações A-B (pareamento palavras falada com figura) e A-C
(palavras falada com palavras impressa).

Caso o aluno apresente desempenho nas relações de identidade entre


os estímulos A-A, B-B e C-C, o professor pode iniciar com o treino das relações
A-B e A-C.
Em se tratando de um procedimento de treino por tentativas discretas,
ou seja, o arranjo de ensino é descrito em passo-a-passo desde a
apresentação do arranjo de ensino da tarefa, o comando solicitado pelo
professor (estímulo modelo), o tipo de resposta apresentada pelo aluno, o

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procedimento de dica e correção, o critério de acerto, o critério de erro e o tipo
de consequência que será estabelecido para acerto.
Segue abaixo um modelo de sequencia de um treino por tentativas
discretas em procedimentos de ensino de ABA:

Ensino relações condicionais por meio de Pareamento ao Modelo

1. Escolha um reforçador dentro da lista de preferencias do aluno

2. Certifique-se de que o aluno esteja engajado

3. Apresentar o arranjo de ensino – Apresentar um estimulo modelo e 3


estímulos de comparação.

4. Apresentar para o aprendiz falando o nome do estímulo

5. Correção e acerto:
• Em caso de acerto independente marcar CI (com
independência) e reforçar
• Em caso de não escolher correto, dar ajuda (conforme a folha
de registro), marcar CA (com ajuda) e reforçar
• Em caso de erro, marcar ER e não reforçar

6. Reforçar acertos imediatamente

7. Repetir passos 3, 4 e 5 com os demais estímulos randomicamente.

Para o registro de das tentativas de ensino, deve-se organizar as


tentativas de forma randômica, ou seja, os estímulos não podem aparecer em
uma determinada sequência por posição. Organize a tabela de registros e a
sequencia de ensino de tal modo a garantir que um mesmo estímulo não seja
apresentado um numero de vezes maior que as demais posições.
Segue abaixo um modelo de tabela de preenchimento de tentativas
aonde o professor deve organizar os estímulos de ensino sendo T a tentativa,
M o estímulo modelo apresentado na tentativa e Cp a ordem em que cada
estímulo modelo será apresentado naquela tentativa. O sinal de + indica qual

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será a posição em que o estímulo de comparação correto deverá estar naquela
tentativa.
A organização das posições dos estímulos na tabela ajuda ao professor
organizar a randomização das posições entre os estímulos, garante que o
aluno não aprenda a responder pela posição do estímulo e facilita no registro
para que o professor tenha dados de quais estímulos o aluno está acertando e
em quais posições ele acerta.

O critério para que o desempenho de um aluno no ensino das relações


entre estímulos pode ser estabelecido tendo em vista sua quantidade de
acertos em cada sessão de treino. Em uma sessão de treino, o professor
estabelece uma quantidade de tentativas, que no geral faz-se acima de 21
tentativas por sessão de ensino. Caso o aluno acerte uma taxa de 100% de
todas as tentativas, é considerada aquisição daquela habilidade. Com
desempenho de 70% a 80% é recomendado que o aluno repita a sessão de
ensino em uma outra ocasião. Se o aluno acerta 50% das tentativas é
considerado desempenho aleatório, ou seja, o aluno pode estar respondendo
como “chute”.
Com a repetição da sessão de ensino espera-se corrigir o percentual de
erros cometidos na sessão anterior aumentando em quantidades as
exposições do aluno as relações entre os estímulos de treino.

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Quando o aluno atinge desempenho de 100% de acertos na próxima
sessão de ensino, pode-se passar para a próxima etapa. Caso o aluno repita a
sessão de ensino e por 3 sessões consecutivas apresente desempenho de
90% também é recomendado que seja encaminhado para a próxima etapa.

Condição A Condição B Condição C

Teste de relações (pré- Treino das relações Teste de relações


treino) emergentes

Teste de relações AB e Ensino das relações AB Testes das relações


AC: e AC BC e CB

Os testes de relações emergentes (condição C) são testadas as


relações B-C (pareamento de figura com palavras impressa) e C-B
(pareamento de palavras impressa com figura) deve ocorrer logo após a
conclusão da condição de ensino das relações AB e AC.

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Por se tratar de uma condição de avaliação, nesta etapa o professor não
deve disponibilizar reforço caso o aluno acerte e nem realizar procedimento de
correção caso o aluno erre.
Em critério, o aluno deverá atingir desempenho de 100% de acerto nas
tentativas de pareamento das relações BC e CB. Caso esse critério não seja
atingido o professor deverá realizar o ensino direto destas relações.

O Uso de Medidas Quantitativas e a Importância dos Gráficos no


Processo de Ensino e Tomada de Decisões.
Durante todo o processo de ensino de habilidades novas, os analistas de
comportamento aplicados, ou seja, aqueles que baseiam suas práticas em
ABA, medem o comportamento de seus aprendizes para obter respostas a
perguntas sobre a existência e a natureza de relações funcionais entre
comportamento alvo e as variáveis ambientais, ou seja, a metodologia de
ensino aplicada.
Algumas vantagens de se utilizar medidas quantitativas para avaliação
do progresso em aprendizagem de relações entre estímulos:
• A medição ajuda os profissionais a otimizar a eficácia do seu procedimento.
• A medição permite que os profissionais verifiquem a legitimidade de ensino
apontados como “baseados em evidências”.
• A medição ajuda os profissionais a identificarem e encerrar o uso de
tratamentos baseados em pseudociência, modismo, moda, ou ideologia.
• A medição permite que os profissionais sejam responsáveis e éticos para
com seus alunos
• A medição ajuda os profissionais a alcançarem os objetivos de ensino.

Os registros das medidas de tentativas de acerto servem para que sejam


calculadas as porcentagens de acerto do aluno e tais porcentagens são
plotadas, ou sejas colocadas em uma planilha para a execução de um gráfico.
Segue abaixo um exemplo de gráfico de porcentagens de acerto fictícias
do desempenho em treino de relações AB.

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O gráfico acima pode ser observado e descrito em eventos a partir das
curvas, aceleração e estabilidade a linha que marca a porcentagem de acertos
do aluno.
Em essência, a função de um gráfico é comunicar, de uma forma
facilmente assimilável e atraente, descrições e resumos de dados que
permitem informações rápidas e precisas análise dos fatos.

Benefícios de usar gráficos


1. Plotando cada medida de desempenho do aluno em um gráfico logo após a
observação, torna-se acessível ao professor um registro visual do
comportamento de seu aluno ao longo do ensino de uma habilidade.
2. O contato direto e contínuo com os dados nesse formato, facilita ao
professor identificar variações interessantes no comportamento à medida em
que ocorrem.
3. Ajudam o professor a interpretar os resultados do procedimento de ensino
4. A análise visual é um método para determinar as mudanças significativas de
comportamento
5. Os gráficos permitem interpretações e analises das mudanças no
comportamento do aluno
6. Gráficos também podem ser usados com função de dar feedback em
relatórios evolutivos.

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Os analistas de comportamento aplicados documentam e quantificam
mudanças de comportamento.

Ao observar-mos o gráfico acima, observa-se que o desempenho do


aluno na condição de pré-treino foi de 0%, ou seja, o aluno não apresentou
desempenho na habilidade que será ensinada. Na condição de ensino,
representadas nos dados das sessões 1, 2, 3, 4 e 5 o aluno apresentou uma
crescente de aquisição em desempenho.

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No gráfico acima, no modelo de gráfico de barras, pode-se observar o
desempenho geral do aluno (dados fictícios) nas condições de pre-treino, treino
e relações emergentes. Nota-se que há uma mudança significativa no
desempenho do aluno quando observado na barra azul da esquerda (AB de
pré-treino) com comparação a barra azul da direita (treino).
Por se tratar de uma analise de um estudo de caso de sujeito único, os
dados analisados pertencem a um mesmo aprendiz ao longo de várias
condições de teste, ensino e teste. Os desempenhos do aluno são comparados
somente com ele mesmo. Não sendo necessária a comparação do
desempenho populacional ou de uma amostragem.
É possível através de uma inspeção visual identificar que houve
modificação na aprendizagem do aluno. Houve um efeito significativo,
percebendo pela amostra visual do dado, da metodologia de ensino utilizada.

Caso os resultados dos gráficos sejam diferentes, e os desempenhos do


aluno aparecem estagnados, os gráficos não apresentem mudanças
significativas em comparação com as condições de pre-treino.
No exemplo acima, o desempenho do aluno apresentou uma
porcentagem total de acertos abaixo de 40%, ou seja, não houve desempenho
significativo para a aquisição da relação entre estímulos no procedimento.
O professor deve observar o desempenho do aluno nas tarefas de
ensino e deve buscar 1) identificar se os pre-requisitos estão instalados, 2)

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possíveis correções no procedimento, 3) avaliar barreiras comportamentais
(como comportamentos problema, dependência de dica e chute) e 4)
mudanças de alvos.

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