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Como Elaborar a Estrutura e os Antecedentes de um Programa
de Ensino
Lucelmo Lacerda

Para ensinar uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista,


Deficiência Intelectual ou outras condições similares, utilizando como base a
Análise do Comportamento Aplicada – ABA, nós planejamos a intervenção e
estruturamos esta elaboração em um programa de ensino, em geral organizado
por meio de uma tabela, mas que pode ter inúmeras diferentes estruturas, com
diferentes níveis de detalhes.
A ABA é uma área de pesquisa que tem como principal revista
internacional a Journal of Applied Behavior Analysis – JABA, cuja primeira
edição possui um artigo seminal fundamental até hoje super influente, que
descreve as chamadas 7 dimensões da ABA e dentre elas está a dimensão
“Tecnológica”, que estabelece que o planejamento e comunicação das
intervenções analítico-comportamentais precisam ser apresentadas da maneira
mais clara e descritiva possível, de modo que não haja dubiedade acerca do
que se pretende e como se pretende alcançar os objetivos propostos,
estabelecendo um roteiro que tanto melhor quanto mais compreensível.
Partindo desta dimensão tecnológica, a elaboração de um programa de
ensino com uma descrição inequívoca permite ao profissional a implementação
de seu trabalho de modo consistente, uma comunicação com a família com
máxima transparência e eventual replicação dos procedimentos de ensino no
ambiente doméstico e em outros contextos terapêuticos e educacionais,
favorecendo a generalização das habilidades ensinadas.
Como já dito, existem muitas formas de estruturação destes programas,
mas aqui estamos apresentando um modelo com detalhamento que não é tão
aprofundado, mas também não tão raso, esclarecendo sempre essas
possibilidades de modificação.
É importante que este programa informe basicamente o que segue:
1. Nome da habilidade: O nome da habilidade é uma espécie de resumo do
que se pretende ensinar e pode variar entre os profissionais.

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2. Os antecedentes: Quais são todas as manipulações contextuais que se fará
para que o indivíduo emita o comportamento desejado? Esta é a pergunta de
ouro para o estabelecimento desta dimensão, podendo ser dividida entre a
preparação do ambiente antes da chegada do estudante e quais estímulos são
apresentados a ele.
3. Resposta esperada: Quando apresentamos os antecedentes ao indivíduo,
ele deve emitir algum comportamento, que planejamos reforçar, mas que
comportamento é este, especificamente? Ele pode ser uma resposta única ou
pode ser escalonada em níveis de dificuldade que serão trilhadas uma a uma,
no que podemos chamar de “Passos” ou “Níveis”.
4. Ajuda: Caso o comportamento não seja emitido pelo indivíduo a partir da
apresentação dos antecedentes, é importante que façamos outros arranjos
para aumentar a probabilidade de o indivíduo se comportar, os principais são
os antecedentes suplementares a que chamamos de “Ajudas” ou “Dicas” (do
inglês Prompt), que devem ser descritos no programa em termos de quais são
e em que sistema são implementados.
5. Procedimento de correção: Em diversos contextos não é possível emitir
uma resposta errada, o que obviamente impede uma correção, mas nos
contextos em que isso é possível e em que de fato ocorre, é importante que se
descreva qual deve ser a ação de quem implementa a intervenção, com
consistência com a área da Análise do Comportamento Aplicada.
6. Consequência: A depender da habilidade ensinada, pode-se prever qual
será a consequência oferecida ou, eventualmente, um campo para que o
aplicador o preencha, se ela for uma consequência arbitrária e volátil.
7. Critério de aprendizagem: Qual é o desempenho mínimo em que se
considera a habilidade aprendida e se avança para o ensino de outra
habilidade.

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Este é o modelo utilizado na aula, que pode ser copiada e editada à
vontade:

Nome da habilidade a ser ensinada

Preparação do Materiais e outros aspectos da organização prévia do


ambiente ambiente.

Condições Diante de que situação o indivíduo deve se comportar.


antecedentes:

Critério de avanço Qual é o desempenho que o indivíduo deve apresentar para


se considerar que aprendeu a habilidade. Isso pode envolver
percentual de acerto, dias de emissão do comportamento,
diante de quantas pessoas, com que agilidade ou outros
aspectos.

Passos A habilidade pode ser descrita em termos progressivos, com


níveis mais básicos e depois mais sofisticados.

Sistema de ajuda De que forma o educador pode apoiar o indivíduo a emitir o


comportamento quando ele ainda não conseguir fazê-lo de
modo autônomo e como deve retirar progressivamente este
apoio.

Ajuda Quais são os apoios que o educador deve oferecer ao


educando.

Procedimento de O que será feito quando o educando errar a resposta.


correção.

Consequência O que se fará para consequenciar o comportamento do


educando.

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FOLHA DE REGISTRO

Ensino de mando vocal para brincadeira de Joãozinho

Preparação do Combinar com um par para deixá-lo brincar se pedir;


ambiente Entregar o brinquedo preferido de Joãozinho a este outro par;
Informar a Joãozinho qual é o comportamento adequado para
conseguir brincar;

Implementação Durante a visão do par brincando com o brinquedo predileto,


perguntar a Joãozinho do que ele quer brincar;
Caso ele sinalize o objetivo de brincar com seu brinquedo de
preferência, diga a ele “então vamos pedir ao (nome do par)”;
Após 10 minutos de brincadeira, encerrar a atividade e entregar
outro brinquedo preferido para outro par, reiniciando a tentativa
(revezar os brinquedos);

Critério de avanço Emissão de 100% dos comportamentos adequados de modo


independente em 3 dias consecutivos de oportunidades criadas.

Passos 1. Pedido vocal com uma palavra - “Deixa?” “Posso?” “Brincar?”


2. Pedido vocal com duas palavras - “Posso brincar?” “Deixa
brincar?” “vamos brincar?”
3.Pedido vocal com três palavras - “Posso brincar com você?”
“Você deixa eu brincar?” “Vamos brincar juntos?”
4. Pedido vocal incluindo “por favor” - Pedido vocal com duas
ou três palavras mais o “por favor”

Sistema de ajuda De menos para mais (4 segundos de atraso)

Ajuda 1. Apontar para o amigo


2. Instrução (“Você tem que pedir a ele para brincar!”)
3. Intraverbal (“Qual é a palavrinha mágica?” ou “Poss...”)

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4. Ecoico (falar a frase exata para ele repetir)

Neste outro exemplo está um programa preenchido com uma habilidade


a ser ensinada, cujo contexto mais amplo pode ser encontrado no livro da
Associação Nacional de Educação Católica: https://anec.org.br/wp-
content/uploads/2020/07/2020_07_29_ANEC_coleta%CC%82nea_digital.pdf

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