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TREINAMENTO DE

ASSISTENTES TERAPÊUTICAS
Parte 1

Tayna Agra
Pedagoga
Psicopedagoga Clínica
Coordenadora ABA
Terapeuta em Intervenção Precoce Naturalista
Especialista em Intervenção ABA para TEA e DI
Vídeo
• https://www.facebook.com/watch/?v=3980320502044093

• https://www.youtube.com/watch?v=P21YUEJBFrk
O QUE É AUTISMO?
• O autismo é uma condição caracterizada por déficit na comunicação
social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e
comportamentos (interesse restrito e movimentos repetitivos).
O QUE É AUTISMO?
• Não há só um, mas muitos subtipos do transtorno. Tão abrangente
que se usa o termo “espectro”, pelos vários níveis de suporte que
necessitam — há desde pessoas com outras doenças e condições
associadas, como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas
independentes, com vida comum, algumas nem sabem que são
autistas, pois jamais tiveram diagnóstico.
O QUE É ABA?
• Análise do Comportamento Aplicada (ABA): tem como foco
comportamentos que tenham relevância social; ela intervém para
melhorar comportamentos sob estudo enquanto demonstra uma
relação confiável entre a intervenção e a melhora no comportamento;
e nela são usados métodos científicos, onde há: descrição do
objetivo, quantificação, e controle experimental. Resumindo Análise
do Comportamento é uma abordagem científica para descobrir como
variáveis ambientais podem ter influência em comportamento social
significativo e para desenvolver tecnologia para mudança de
comportamento que traga vantagens práticas para estas descobertas.
CONCEITOS BÁSICOS
• Comportamentos Respondentes (S -> R): são involuntários/reflexo,
eliciados por estímulos do meio (ex: salivar frente a uma comida,
contração da pupila frente a uma luz forte).
CONCEITOS BÁSICOS
• Comportamento Operante (S -> R -> C): Todos os nossos comportamentos ,
modelados e mantidos devido às suas consequências. Se há
comportamento, exceto respondente, existe reforço.
CONCEITOS BÁSICOS
• Contingência: qualquer relação de dependência entre eventos ambientais
ou entre eventos comportamentais e ambientais. No comportamento
operante, as contingências se referem as condições sob quais uma
consequência é produzida por uma resposta, isto é, a ocorrência da
consequência depende da ocorrência das respostas. (se...então...).
CONCEITOS BÁSICOS
• Reforço Positivo (R+): adição de um estímulo ao ambiente, um
estímulo que não estava presente e passou a estar e aumenta a
probabilidade do comportamento ocorrer.
CONCEITOS BÁSICOS
• Reforço Negativo (R-): retirada de um estímulo ao ambiente, um
estímulo que estava presente e passou a não estar e e aumenta a
probabilidade do comportamento ocorrer.
CONCEITOS BÁSICOS
• Punição: uma consequência que diminui a probabilidade de uma
resposta voltar a ser emitida, pode ser positiva (algo aversivo é
adicionado) e negativa (retirada de um estímulo reforçador).
CONCEITOS BÁSICOS
• Extinção: suspender o reforço de um comportamento.
ATIVIDADE
• Um bebê diz “mamã... mamã”.
• Os pais sorriem e riem.
• O bebê gosta e repete “mamã” de novo.
ATIVIDADE
• Maria não gosta de lugares fechados. Quando ela se aproxima de um
elevador, procura uma escada para evitá-lo. No futuro, Maria
procurará as escadas e não o elevador.
ATIVIDADE
• João faz sua cama toda manhã por uma semana e sua mãe o leva
para o cinema no sábado.
ATIVIDADE
• Você fecha a janela do carro para reduzir o barulho.
ATIVIDADE
• Célia ganha elogios e sorrisos ao olhar nos olhos de uma pessoa da
equipe e então, ela passa a olhar mais frequentemente.
AVALIAÇÃO DE PREFERÊNCIA
• Avaliação de preferência com múltiplos estímulos com reposição:
1. O terapeuta dispõe 5 itens frente a criança e apresenta a instrução: “Qual você
quer?”;
2. Deixa a criança manusear o item por um tempo, guardar o item e reapresenta os
5 itens com a instrução;
3. O terapeuta apresenta esses itens por 5 vezes e realiza uma lista de hierarquia
pela quantidade de vezes que um item foi escolhido.
AVALIAÇÃO DE PREFERÊNCIA
• Avaliação de preferência “Operante Livre”: a terapeuta observar por um tempo
determinado a criança enquanto ela brinca para descobrir quais os itens de
interesse. O terapeuta pode anotar o tempo que a criança fica com cada item para
criar uma lista de hierarquia de acordo com o tempo de permanecia da criança
com o item.
• Avaliação escolha pareada: o terapeuta apresenta 2 estímulos para a criança antes
de iniciar cada sessão/bloco/lição. O terapeuta pede para que a criança escolha o
item de interesse (apontando, tocando ou falando).
AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTO
• Avaliação funcional é o processo de identificar as causas do
comportamento. São aquelas que descrevem relações que ocorrem entre o
comportamento e o ambiente natural, porém não demonstram uma relação
funcional entre os eventos descritos, pois não há manipulação das variáveis
que podem estar influenciando o comportamento.
• O propósito da avaliação comportamental é “descobrir o problema do
cliente e como modificá-lo para melhor”.
AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTO
A tríplice contingencia do comportamento é expressa em:
• CONTEXTO ANTECEDENTE: Aquilo que acontece imediatamente antes do comportamento
ser expresso;
• COMPORTAMENTO: Aquilo que ocorre logo depois da apresentação do contexto
antecedente;
• CONSEQUÊNCIA: Aquilo que ocorre logo depois do comportamento. É aqui que é possível
localizar a função do comportamento, para então poder agir sobre o mesmo.
AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTO
COMPORTAMENTO E SUAS FUNÇÕES
• Quando falamos em comportamento em ABA, também falamos de suas funções:
1. Função sensorial: É quando o indivíduo se comporta de um certo jeito porque internamente ele se
sente bem, ou para remover uma sensação ruim, como a dor.
2. Função de fuga de alguma coisa: acontece quando o indivíduo se comporta de uma certa forma, com o
intuito de escapar de uma situação, atividade ou pessoa.
3. Função de atenção (obter atenção): se comportam de determinada maneira (boa ou ruim), para
conseguirem atenção/reação de outras pessoas, o que pode acontecer em qualquer lugar.
4. Função de obter um tangível (objeto, alguma coisa): vão se comportar de diversas maneiras para
conseguirem o que querem, e nesse caso, para conseguirem as coisas que elas mais gostam.
ATIVIDADE
• Antecedente: criança está brincando de colorir e a terapeuta pede o lápis
verde. “Dá o lápis verde.”
• Comportamento: criança joga o lápis e chora
• Consequência: terapeuta diz “Jogar não” , pega o outro lápis e,
imediatamente, repete a pergunta e aumenta o suporte garantindo que a
criança realize a resposta.
ATIVIDADE
• Antecedente: criança está brincando de colorir e a terapeuta pede o lápis verde. “Dá o lápis
verde.”
• Comportamento: criança joga o lápis e chora
• Consequência: terapeuta diz “Jogar não” , pega o outro lápis e, imediatamente, repete a
pergunta e aumenta o suporte garantindo que a criança realize a resposta.
• Tendo em vista que a criança estava brincando normalmente antes da demanda e apresenta o
comportamento de jogar o lápis e chorar após o mando verbal pode-se dizer que a função
desse comportamento foi de fuga de demanda. Ao pegar o lápis e repetir a pergunta, fazendo
com que a criança responda, estamos ensinando à criança qual comportamento adequado.
ATIVIDADE
• Antecedente: no encerramento de uma brincadeira a terapeuta guarda o
brinquedo
• Comportamento: criança chora, se levanta e tenta, fisicamente, obter o
objeto
• Consequência: terapeuta diz que acabou e tira o brinquedo do alcance da
criança.
ATIVIDADE
• Antecedente: no encerramento de uma brincadeira a terapeuta guarda o brinquedo
• Comportamento: criança chora, se levanta e tenta, fisicamente, obter o objeto
• Consequência: terapeuta diz que acabou e tira o brinquedo do alcance da criança.
• Como a criança tenta fisicamente obter o objeto pode-se dizer que a função do seu
comportamento é obtenção de objetos. Assim, deve-se deixar claro que ela não pode
mais ter acesso ao brinquedo, sem permitir ambiguidades como: dizer que acabou e
deixar o brinquedo próximo à criança.
PROCEDIMENTOS DE ENSINO
• ENSINO POR TENTATIVAS DISCRETAS (DTT);
• ESTRATÉGIAS DE ENSINO NATURALÍSTICAS.
PROCEDIMENTOS DE ENSINO
• MODELAÇÃO: caracteriza-se pela demonstração de comportamentos alvos desejados,
que devem ser imitados pela criança.
• MODELAGEM: é utilizada para estabelecer, de maneira progressiva, comportamentos
simples e unitários. Por exemplo, para ensinar a criança a pronunciar uma palavra ou a
recortar com uma tesoura. Para isso, é utilizado o método das aproximações sucessivas,
que consiste em reforçar comportamentos cada vez mais semelhantes ao ato final.
• ANÁLISE DE TAREFAS: é uma estratégia comportamental que visa a decomposição das
tarefas a desempenhar em unidades comportamentais mais simples, com o intuito de
serem ensinadas de forma sistemática e individualizada.
ENSINO DE TENTATIVAS DISCRETAS (DTT)
• “Trata-se de um método de ensino estruturado e planejado de acordo com as
necessidades do aprendiz, que consiste em o terapeuta (ou AT) (...) dar uma instrução,
esperar a criança responder ou disponibilizar a ajuda necessária para a criança atender a
instrução e reforçar o comportamento da criança imediatamente após a resposta,
repetida vezes. Ou seja, segue um padrão de cadeia de respostas que envolvem os
seguintes componentes: (a) apresentação de um estímulo discriminativo
(Sd)/Antecedente; (b) apresentação de dica quando necessária; (c) emissão do
comportamento-alvo ou algo próximo a ele como resposta do aprendiz; (d) consequência
imediata e de acordo com a resposta (para acertos ou para erros; (e) intervalo específico
entre as tentativas”. (DUARTE; SILVA, 2018).
ESTRUTURA DO ENSINO DE TENTATIVAS
DISCRETAS (DTT)
• ANTECEDENTE: é toda e qualquer apresentação de
estímulo que determina/estabelece a resposta do
aprendiz. Pode ser em forma de instrução verbal, como
solicitações de ações e perguntas, ou outro estímulo de
aprendizagem, como uma figura/objeto ou uma ação
para a criança nomeá-la. A instrução deve ser clara e
concisa. (Ex: treino de imitação “bater palma”).
ESTRUTURA DO ENSINO DE TENTATIVAS
DISCRETAS (DTT)
• DICAS (PROMPT): é um tipo de ajuda que encoraja a resposta requerida pela tarefa e é
utilizada temporariamente para evocar a resposta correta durante as sessões iniciais do
ensino de uma nova habilidade. Temos 3 tipos de esvanecimento de dica que possuem
maior evidências:
1.MAIS-PARA-MENOS: inicia-se com a dica mais invasiva e gradativamente se reduz os
níveis de ajuda.
2.MENOS-PARA-MAIS: inicia-se da menos invasiva e ocorre, se necessário, a introdução de
dicas mais intrusivas.
3.ATRASO DE DICA: dica atrasada, oferecendo oportunidade para resposta independente.
ESTRUTURA DO ENSINO DE TENTATIVAS
DISCRETAS (DTT)
• Os tipos de dicas (prompts) mais utilizados são:
1.AJUDA VERBAL: para solicitações de verbalizações (sons, palavras, frases, etc.),
pode ser parcial ou total.
2.AJUDA GESTUAL: gesto ou sinal (apontar, olhar em direção, começar movimento
de uma ação).
3.AJUDA FÍSICA: utilizada quando é necessário que o aprendiz execute algum
movimento, pode ser parcial (iniciar, tocar) ou total (colocar a mão guiando o
aprendiz).
ESTRUTURA DO ENSINO DE TENTATIVAS
DISCRETAS (DTT)
• RESPOSTA (COMPORTAMENTO-ALVO): é o que esperamos que o aprendiz faça, deve-se
ter muito claro a resposta esperada.
• CONSEQUÊNCIAS: a resposta do aprendiz deve ser seguida imediatamente de uma
consequência. Para resposta corretas , o aprendiz deve receber uma consequência
reforçadora (algo que ele goste), para respostas incorretas não se deve reforçar, a
instrução deve ser dada novamente, seguida de ajuda para o aprendiz emitir a resposta
esperada.
• INTERVALO ENTRE AS TENTATIVAS: é o tempo dado como pausa entre o final de uma
tentativa e o início da seguinte.
CORREÇÕES DE ERRO
• Follow up trial: feedback corretivo, tentativa com dica mais intrusiva e nova
oportunidade para tentativa independente.
• Modelo Incentivo: feedback corretivo, repete a tentativa (demanda),reforçar
se a criança responder corretamente ou fornecer dica se a criança não
responder corretamente.
ATIVIDADE
ENSINO DE TENTATIVAS DISCRETAS (DTT)
• ANTES DE APRESENTAR O ANTECEDENTE...
1. Escolher as tarefas;
2. Preparar o material e as folhas de registro;
3. Organizar o local de ensino;
4. Estabelecer um bom rapport com o aprendiz;
5. Selecionar os reforçadores, fazer teste de preferência, perguntas, etc;
6. Reavaliar reforçadores após algumas tentativas;
7. Chamar a criança (nome; olha);
8. Garantir a atenção e postura de aprendizagem.
Dicas ambientais e gestuais são melhores para isso. Evitar chamar o nome da criança a cada tentativa.
• https://www.youtube.com/watch?v=fuVN9KFCSTU&list=PLZqXdMM52eJoZPBwE1
qE7xE2fkHcocAMI&index=2

• https://www.youtube.com/watch?v=6_itMgdCUfU&list=PLZqXdMM52eJp9FP9tRD
YM5jX-6a2p4e7V&index=3

• https://www.youtube.com/watch?v=ZZ6PB9_-
ULc&list=PLZqXdMM52eJre1kyrdvR1TIc7VNyQRo2j&index=1&t=139s
POR QUE REGISTRAR?
• Não há como falar sobre terapia ABA sem falar sobre folhas de registros. É através deles que a
equipe especializada mantém um controle a respeito das metas e procedimentos, seguindo o
protocolo tomado como base – o que permite avaliar e discriminar o que está sendo funcional e
realmente sendo aprendido.
• A terapia ABA é uma ciência, e com isso precisa de dados quantitativos para responder ou traçar
objetivos a nível de habilidades. O monitoramento do progresso permite que a tomada de
decisões seja exata e sem incertezas. Então, em que nível de habilidade a criança está e para onde
está indo? Quantas respostas faltam para atingir a próxima meta? Quantas vezes tal programa foi
realmente testado? Em que condições determinados comportamentos ocorrem mais? As
respostas destes questionamentos estarão nas folhas de registro.
PRÁTICA FOLHA DE REGISTRO – 1 ESTÍMULO
PRÁTICA FOLHA DE REGISTRO – 3 ESTÍMULO
BIBLIOGRAFIA
• DUARTE, Cintia Perez; SILVA, Luciana Coltri; VELLOSO, Renata de Lima. (Org.)
Estratégias da Análise do Comportamento Aplicada para Pessoas com
Transtorno do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon, 2018.
• SELLA A.C; RIBEIRO D.M. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno
do Espectro Autista. O que é análise do Comportamento Aplicada?,
(Organizadoras). – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2018.
“Ensina-me de várias maneiras,
pois sou capaz de aprender”

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