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CBI of Miami
Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ
Ensino de Operantes Verbais

Professor Kelvis Rodrigo Sampaio da Cruz

A Estruturação do Ensino

A estruturação de uma atividade de ensino é algo crucial para

proporcionar um bom desempenho na tarefa de um aprendiz. Quando se divide

o treino em etapas, tentativas discretas, essa metodologia torna-se ainda mais

necessária para sujeitos com atraso de desenvolvimento ou déficits relacionados

a aprendizagem formal.

O ensino deve ser planejado utilizando-se de intervenções como:

a) Apresentar reforço diferencial para a resposta, ou aproximação da

resposta que é o alvo do treino, e extinção de outras respostas.

b) Modelagem de estímulos que consiste na transformação gradual de

aspectos da situação, de modo a produzir ou gerar uma situação nova.

c) Vários níveis de dicas, sendo estabelecido por meta a utilização de um

nível menor de dicas necessário para conseguir o objetivo e, então,

remover gradualmente (esvanecer) as dicas o mais rápido possível para

que a criança possa se tornar independente.

Utilizando procedimentos com dicas:

I. Dica Verbal: quando, por exemplo, o professor dá a resposta inteira,

como a utilização de dica ecóica; verbal parcial quando o professor dá

apenas parte da resposta, usando intraverbal;

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Exemplos:
Dica ecoica
Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

Professora diz: Criança ecoa: Professora elogia:


QUAL O SEU NOME? JULIANA Muito bem JULIANA!!
“JULIANA” Reforço Genérico

Note que a professora utilizou como antecedente a pergunta “Qual o seu


nome?” e uma dica ecoica “Juliana” para treinar uma resposta intraverbal de
“Juliana”. A dica sendo apresentada imediatamente. Em outro contexto a
professora poderia atrasar a dica ecoica, poderia emitir “Qual o seu nome?” e
dar um intervalo de 3 segundos e emitir a dica ecoica “Juliana”.
Esse procedimento deve ser avaliado quanto a utilização correta da dica.

Dica intraverbal
Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

Professora aponta para a Criança diz: Professora elogia:


figura e diz: “MUITO BEM, É O
“O QUE É ISSO?” “É O “...CHORRO” CHACHORRO” !!
CACH...” Reforço Genérico

Neste exemplo percebe-se que a professora apresenta a dica de forma

fragmentada quando diz “Cach...” sendo uma dica intraverbal a resposta treinada

diante deste estímulo antecedente é de “chorro” para treino de nomeação (tato),

por exemplo.

II. Gestual: quando o professor aponta para a resposta correta ou a indica

olhando de relance ou na direção da resposta correta, ou por um meneio

na cabeça;

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III. Modelação: quando o professor mostra à criança como fazer alguma

coisa; A professora pode fazer o movimento primeiro para que a criança

a imite.

IV. Física: quando o professor ajuda fisicamente a criança a fazer algo

pedido, podendo ser subdividida em física total, quando o professor der

ajuda totalmente ou leve quando o professor apenas dá um toque com a

mão ajudando o aluno.

Identifique os tipos de ajudas/dicas usadas nos exemplos abaixo

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Exemplo de procedimento de correção:

Professora: Qual o nome da sua mãe?


Criança: mãe.
Professora: Qual o nome da sua mãe? MARIA.
Criança: MARIA.
Professora: Qual o nome da sua mãe?
Criança: MARIA.
Professora: Muito bem!

No exemplo acima observe que a professora identificou que a resposta foi

incorreta, a criança respondeu sob o controle de parte da pergunta. O

procedimento de correção consistiu em a professora repetir o SD (a pergunta) e

adicionando imediatamente (sem atraso) a dica.

Devem-se evitar dicas não planejadas, por isso estabelece critérios

prévios para a utilização de dicas e descreve quando e onde será utilizado.

A Escolha de reforçadores que funcionem para o meu aluno

Antes de iniciar o treino de qualquer habilidade com o nosso aluno, o

primeiro passo necessário é o de identificar os itens reforçadores em potencial

para aquele aluno em especifico.

O professor deve separar brinquedos e bugigangas especialmente para o

horário em que for aplicar o treino. Deve separar itens planejados, como

brinquedos, guloseimas favoritas, vídeos, jogos, etc., que serão utilizados

somente na hora do treino de alguma habilidade especifica.

Como descobrir quais devem ser estes reforçadores?

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1. Pergunte

Em uma entrevista, pergunte ao próprio aluno (se for possível), pergunte

aos cuidadores como: mãe, pai, babá, irmãos, professores. Pergunte o que eles

observam que o aluno mais gosta de brincar, usar, comer, fazer, ouvir, etc, no

dia-a-dia.

2. Observe

Olhe o seu aluno escolher itens para brincar por si só, em ambiente

naturalístico, ou no seu espaço de intervenção. Os itens poderão ser coisas

pouco usuais que interessem somente a ela, como uma embalagem de plástico,

uma caixa, um papel brilhante, um barbante, um graveto, um pedaço de pano.

Faça uma lista com os principais itens identificados na entrevista e


observação
Comestíveis

Tangíveis
(brinquedos
e brindes)

Físicos

Sociais

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Atividades

3. Teste

Monte o seu quite de itens reforçadores em potencial para o seu aluno.

Deixe que seu aluno escolher dentre diferentes itens de dentro de uma caixa.

Troque as escolhas, lembre-se de não deixar um item por muito tempo com seu

aluno para que não ocorra saciação.

4. Force uma escolha

O teste consiste em selecionar sete itens escolhidos pela professora e

expostos em uma mesa para a criança, com ordem de apresentação aleatória.

Diante desses itens o aplicador pergunta “qual você quer?” e espera que o aluno

pegue ou toque em um item. Após escolhido o item de preferência, a criança

pode manipular o objeto por 30 segundos, sendo que uma vez escolhido um

objeto, este não pode mais ser apresentado nas próximas tentativas. Em

seguida, a ordem dos itens é modificada para uma nova tentativa. Este

procedimento é executado até que a criança não realize nenhum comportamento

de escolha por 30 segundos ou até que os itens se esgotem. O primeiro item

selecionado pela criança é considerado o objeto de maior preferência, o segundo

escolhido é o segundo preferido e, assim por diante.

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Folha de Registro da Avaliação de Preferência com Múltiplos
Estímulos

Aluno: ________________________________ Data:_______________

Faça uma lista com 7 itens potencialmente reforçadores de uma mesma


categoria.

Itens

1. ________________________ 5. ________________________

2. ________________________ 6. ________________________

3. ________________________ 7. ________________________

4. ________________________

Escolhas Itens de posição








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Ensino de Operantes Verbais
Apesar da definição operacional e de suas independências funcionais, os

operantes verbais podem e devem ser ensinados em um mesmo currículo para

intensificar ainda mais os ganhos em repertórios de falante e ouvinte.

Um procedimento utilizado para promover o ensino de operantes verbais, dentre

outras habilidades dentro do repertorio comportamental de pessoas com TEA ou

DI temos o Ensino por Múltiplos Exemplares.

O Ensino por Múltiplos Exemplares corresponde na apresentação rotativa

de treinos que envolvem habilidades de falante e de ouvinte; levando em

consideração os diferentes controles de estímulos do ouvir, como por exemplo:

as palavras ditadas e a seleção; e do repertorio de falante, como: as palavras

ditadas (ecoico e tato de figura).

Por exemplo:

No caso de o(a) professor(a) for ensinar “pato”. Em um arranjo de ensino

será solicitado que diga “PATO” (treino de ecoico), em seguida, diante da figura

de pato é solicitado que aponte “PATO”, e depois o(a) professor(a) apresenta a

figura de pato e pergunta “Que figura é essa?” (treino de tato).

O Mando

Como operante, está sob o controle das variáveis nas quais as

consequências reforçadoras são disponibilizadas e, para tanto, de condições

relevantes de privação ou de estimulação aversiva. Em outras palavras, se a

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criança apenas vocaliza ou emite uma palavra, não estará emitindo um mando

se houver uma motivação anterior, ou seja, uma Operação Estabelecedora.

Uma Operação Estabelecedora é basicamente uma situação que muda o

valor de algo como reforçador. Através da manipulação das OEs, você pode

tornar o mando mais ou menos valioso para a sua criança.

Se existe um estado de privação, por exemplo, a criança não recebeu bala

por um certo tempo, ela tenderá mais a querer pedi-las como reforçador. Se

existe uma situação aversiva, digamos, a música está muito alta, a criança

tenderá mais a pedir a remoção da música como reforçador. Por outro lado, se

existe um estado de saciação onde ela está simplesmente “entupida” de bala, a

bala tenderá a ter uma baixa OE – seu valor como reforçador irá diminuir.

Nesse sentido, ele funciona principalmente para benefício do falante,

como quando alguém que diz estar com dor e pede um remédio (mando),

espera-se que a consequência emitida pelo ouvinte seja a de entregar um

remédio (consequência), conforme solicitou o falante.

O mando é o operante com um papel muito importante nos treinos de

operantes verbais em pessoas com TEA. Uma vez que pedir é um

comportamento que tende a ser frequente no contexto naturalístico de uma

criança e tem um grande papel nas relações interpessoais.

➢ Exemplo de ensino naturalístico de Mando com dica Ecóica:

A crianças se aproxima, estende os braços em direção ao brinquedo.

Aplicador: (segurando o brinquedo na frente da criança) diz: “Boneca”.

Criança: (ecoa) “Boneca”.

Aplicador entrega a boneca para a criança “Boneca! Você quer a Boneca!”

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➢ Se o (a) aluno(a) não emite ecoico

Criança: (estende o braço para pegar a boneca).

Aplicador: (segura a boneca diante do(a) aluno(a) “BONECA”.

Aluno(a): (não diz nada).

Aplicador: (segura a boneca diante da criança) “BONECA!”.

Aluno(a): (não diz nada).

Aplicador: (segura o caminhão à frente da criança) “BONECA” – entrega a

boneca.

Ecoico

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O Ecóico é um operante verbal sob controle de estímulo verbal sob o

controle formal de estímulo antecedente “repetição”, ou seja, é uma repetição do

que alguém acabou de dizer.

Quando, por exemplo, uma mãe pega um brinquedo e “diz: /Bola!/” e a

criança responde dizendo “Bola!” e somente emitindo uma resposta com a

topografia similar (controle formal) a que a mãe apresentou a criança será

reforçada.

Nos procedimentos de ensino leva-se em consideração o repertório inicial

do aluno, deve-se levar em conta o repertorio imitativo do aluno de uma forma

mais global (imitação de movimentos, objetos, orofacial, sons).

Inicia-se o treino com a apresentação de sons simples como interjeições

e onomatopeias, de preferência que sejam sons de objetos preferidos. Os sons

são apresentados pelo(a) professor(a) em intervalos de tempo pré-determinados

e são consequenciadas todas as vezes em que o(a) aluno(a) repetir o som.

Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

Professor faz: Aluno faz: Professor entrega a massinha


“PA PA PA” “PA PA PA” de modelar (item de
preferência) – Reforço
Positivo

Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

Professor faz: Aluno faz: Professor elogia – “Muito


“PAPAI” “PAPAI” bem!”

Tato

A presença de um dado estímulo aumenta a probabilidade de ocorrência

de uma determinada forma de resposta. No caso do operante verbal Tato, os

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estímulos antecedentes são usualmente não verbais, no qual uma resposta, de

certa forma, é evocada por um objeto particular ou um acontecimento.

Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

SD - Avião sobrevoando o céu Mãe elogia “Muito bem filho, é


+ “Avião” o avião!”
FALANTE SD – Mamãe (ouvinte) presente

O objeto (avião), juntamente com a presença do ouvinte como um

auditório, é a ocasião na qual a resposta verbal “Avião”, por parte do falante,

recebe o reforço “Certo!” do ouvinte. Ele emite esse comportamento porque a

resposta torna-se um estímulo verbal, que corresponde apropriadamente ao

estímulo do objeto (avião) para fornecer a ocasião na qual o ouvinte o reforce

dizendo “Certo!”

É muito importante ressaltar a importância do estabelecimento de outros

operantes verbais para a instalação do tato. Para ensinar a nomear, pode-se

ensinar primeiro o(a) aluno(a) a ecoar a palavra que é dita. Se o(a) aluno(a)

aprender a dizer a palavra “boneca” por imitação, então será possível utilizar a

dica ecoica para ensinar o(a) aluno(a) a dizer “boneca” na presença de uma

boneca através da transferência de controle de estímulo.

Diz-se para o(a) aluno(a) ao apontar ou tocar em uma boneca “isto é uma

boneca, diga BONECA” e o(a) aluno(a) ecoa “BONECA”. Depois de algumas

tentativas deste tipo, o(a) professor(a) pode dizer: “O que é isso?”, e apontar

para a boneca, se o aluno responder sem dica, significar dizer que aprendeu a

nomear boneca.

Intraverbal

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O operante Intraverbal é muito importante para a aquisição de repertorio

conversacional e habilidade interpessoais.

Algumas respostas verbais, faladas ou escritas não estabelecem uma

relação formal com os estímulos verbais que as evocam, relação ponto-a-ponto,

como por exemplo, quando em uma canção infantil a criança responde “o pé”

diante da frase “o sapo não lava...”, outros exemplos mais amplos são o de fazer

uma contagem em ordem crescente dos números, recitar as letras do alfabeto,

um poema etc.

Ensino com procedimentos de discriminações condicionais são

extremamente importantes para todos os operantes verbais, particularmente

para o repertório intraverbal.

Variável Antecedente Respostas verbais Variáveis consequentes

SD – Morango (estímulo não Elogia “Muito bem, é o


verbal) “Vermelho” vermelho!”
+
SD – “Qual a cor do
morango?” (estímulo verbal)

Como mostra o exemplo acima, dizer a cor de um morango pode ser

controlado pela simples presença de um morango como estímulo não verbal

(tato); mas pode ser que esta resposta seja emitida somente na presença

adicional do morango como estímulo discriminativo e de uma pergunta “Qual a

cor da banana?” como estímulo condicional verbal, o que pode configurar uma

resposta intraverbal (pelo controle exercido pela pergunta) e de tato (pelo

controle exercido pela presença do morango).

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Um efeito desse condicionamento extensivo de operantes intraverbais é

o encadeamento de respostas e as associações de palavras que estabelecem

entre si um controle “temático”.

Neste treino o(a) professor(a) deve apresentar uma questão simples

(Ex: “Qual é o seu nome?”) ou parte de uma música (Ex: “O sapo não lava o…”).

Se precisar, deve dar dicas auditivas (ecoica – falar a palavra toda para a criança

repetir; ou intraverbal – iniciar a palavra para a criança completar) ou dicas

visuais (imagens ou palavras escritas, no caso de crianças alfabetizadas) para a

criança responder à pergunta ou completar a música.

Textual

O estímulo verbal que controla o comportamento verbal é um texto. A

leitura oral de um texto em sala por um estudante pode ser entendida como um

comportamento emitido diante de estímulos que são de uma modalidade visual

(ou táctil no caso do Braille), e os padrões produzidos pela resposta são de outra

modalidade, auditivos.

O ensino de Leitura se baseia em treinamentos de relações entre

estímulos de categorias diferentes que se intercambiam, se tornam equivalentes.

Procedimento de Pareamento ao modelo

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Algumas tarefas típicas do contexto formal de ensino constituem

exemplos simples de discriminação condicional tais como: o ensino de

correspondência entre palavra ditada-figura e de palavra ditada-palavra

impressa.

Em atividades como estas, o(a) professor(a) deve apresentar um estímulo

modelo (a figura ou a palavra no topo) diante da apresentação de dois estímulos

de comparação (as palavras ou as figuras na parte de baixo da imagem).

O treino deve ser organizado de tal modo que, diante da figura de pato,

se o aluno escolher a palavra impressa “PATO” será reforçado.

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