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Construindo uma

intervenção ABA de
alta qualidade
De acordo com a APA (American Psychiatric Association), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é
um transtorno complexo do neurodesenvolvimento, caracterizado por déficits persistentes na inte-
ração, comunicação social e presença de comportamentos e/ou interesses restritos e repetitivos. Os
prejuízos e déficits associados ao TEA, embora dependam do nível do transtorno e comorbidades as-
sociadas, tendem a persistir ao longo da vida e ter repercussão em diversos contextos, como fami-
liar, escolar e profissional.
Contextualizando...
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), do
Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados
Unidos da América (USA), vem rastreando o número e as
características de crianças com TEA há mais de duas déca-
das. Em 2021, dados referentes a 2018 apontam que 1 a
cada 44 crianças de 8 anos possui TEA.

Novo estudo publicado na Jama Pediatrics em 2022, realizado com 12.554 pessoas e dados de 2019 e 2020, re-
velou um número de prevalência de autismo nos EUA de 1 autista a cada 30 crianças e adolescentes entre 3 e 17
anos.
Quem é Fábio Coelho?
Psicólogo (Universidade Veiga de Almeida), Especialista em Transtornos do Espectro
Autista (Uniara). Possui especialização em Neuropsicologia (Unyleya), Análise do Com-
portamento Aplicada para autismo e deficiência intelectual (Universidade Celso Lisboa)
e Mestrado em andamento na área da Educação (Unicarioca). Tem larga experiência em
autismo e intervenção ABA, temas nos quais já participou de diferentes congressos na-
cionais e internacionais e ministrou cursos presenciais e à distância. Também tem expe-
riência em avaliação diagnóstica infantil, habilidades sociais e estilos parentais. É sócio-
-diretor e professor da Academia do Autismo, sócio-diretor e supervisor clínico do Centro
Mosaico (Rio de Janeiro), coordenador da Pós-graduação em Terapia Analítico-Compor-
tamental Infantil do CBI of Miami/Celso Lisboa e professor da Pós-graduação em Trans-
torno do Espectro Autista (Academia do Autismo/FOCUS).
Quem é Fábio Coelho?
Fábio também é International Behavior Analyst (IBA)/Supervisor Internacional em ABA,
certificado pelo International Behavior Analysis Organization® (IBAO).

O IBAO (https://www.theibao.com/) é uma das principais reguladoras da Análise do Com-


portamento do mundo e tem como missão garantir práticas éticas, proteger os consumi-
dores e manter padrões adequados no campo da ABA.

Sobretudo, Fábio é pai do Guilherme e do Fernando, ambos diagnosticados no Espectro


Autista, e marido de Mayara Coelho.

Currículo lattes do professor: https://lattes.cnpq.br/5224213314919712


Uma ligação...
Qual o melhor tratamento
para TEA?
O paradigma das Práticas Baseadas em Evidências visa melhorar a qualidade dos serviços prestados
através do conhecimento científico e defende que os profissionais devem usar métodos que se com-
provam melhores do que outros em estudos científicos.

Assim como na Medicina, um tratamento que produz várias evidências científicas positivas é consi-
derado uma Prática Baseada em Evidências e pode ser disponível ao público.
Metanálise

Revisão sistemática

Forte evidência
Estudos randomizados controlados
Menor erro

Maior erro Estudos de coorte


Fraca evidência

Estudos de caso-controle

Relatos de vários casos

Relato de um caso

Pirâmide: Paradigma das Práticas Baseadas em Evidências.


Em 2020, o National Professional Developmental Center (NPDC) publicou uma revisão sistemática
com o propósito de descrever uma série de práticas focais que têm evidências claras dos seus efei-
tos positivos em crianças e jovens com autismo. O relatório é a terceira versão de uma revisão
sistemática que examinou a literatura de intervenção em artigos publicados entre 1990 e 2017.
Após anos de coletas de dados de análises de artigos, um total de 972 artigos foram considerados
aceitáveis para o estudo.
Quais práticas têm
evidências para o TEA?
De acordo com a revisão mais atual e confiável sobre Práticas Baseadas em Evidências para Cri-
anças, Adolescentes e Jovens com Transtorno do Espectro do Autismo, podemos afirmar que
existem 28 práticas que atendem aos critérios de classificação de evidências.
Exemplos de Práticas Baseadas em Evidências
▪ Intervenções comportamentais. ▪ Treino de habilidades sociais.
▪ Intervenção cognitivo-comportamental. ▪ Comunicação alternativa e aumentativa.
▪ Intervenções naturalísticas. ▪ Exercício e movimento.
▪ Intervenções aplicadas por pais. ▪ Intervenções mediadas por música.
▪ Intervenções com pares. ▪ Intervenções baseadas em tecnologia.
▪ Automonitoramento. ▪ Integração Sensorial.
▪ Histórias sociais.
Proposta de Padronização para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro
Autista (TEA), Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, 2021.

Tratamento
“Eventualmente pode ser necessário o uso de medicação em pacientes com TEA para sintomas
associados como agressividade e agitação, podendo ser utilizado, nestes casos, a risperidona para
crianças com mais de 5 anos de idade e o aripiprazol para maiores de 6 anos. Além disso, pode ser
indicado o metilfenidato para pacientes com TDAH associado. Outros fármacos podem ser tentados
em situações específicas e individuais.”
“Dietas, suplementações, vitaminas e vários tipos de abordagens têm sido propostas para o trata-
mento do TEA, entretanto, não há evidência científica para que muitas dessas terapias sejam uti-
lizadas” (SBNI, 2021).
Proposta de Padronização para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro
Autista (TEA), Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, 2021.

Tratamento
O tratamento do TEA se caracteriza pela intervenção precoce através de terapias que visam poten-
cializar o desenvolvimento do paciente. Atualmente, as terapias com maior evidência de benefício
são baseadas na ciência da Análise do Comportamento Aplicada (ABA, Applied Behavior Analysis),
associada a terapias auxiliares, como a fonoterapia e a terapia ocupacional. Outras abordagens
devem ser orientadas de acordo com cada caso individual. O número de horas semanais ou quan-
tidade de terapias por semana deve ser definido por cada profissional.
▪ No entanto, se mal aplicada, a ABA pode cau- ▪ Aprender a ABA de forma correta é, portanto,
sar prejuízos para as pessoas com TEA. fundamental para os profissionais que que-
rem atuar na área.
▪ Não temos a quantidade necessária de profis-
sionais capacitados no país.
O que é ABA?
O que é ABA?
ABA é uma sigla que se refere à expressão em inglês: Applied Behavior Analysis. Traduzindo para o
português, significa: Análise do Comportamento Aplicada.
O que as formas de intervenção mais bem sucedidas têm em comum?

▪ Precoce: Início antes dos 3 anos de idade.


▪ Intensiva: Mínimo de 15 horas por semana.
▪ Duradoura: Mínimo de 2 anos de duração.
▪ Interdisciplinar: Atua em diferentes áreas do desenvolvimento humano.
▪ Individualizada: Respeita a singularidade de cada pessoa.
Avaliação comportamental
▪ Comportamentos a minimizar.
▪ Contingências que mantêm os comportamentos inadequados.

▪ Comportamentos a maximizar.
▪ Contingências que concorrem com a aprendizagem de novos comportamentos; pré-requisitos, potenciais
reforçadores e punidores dos comportamentos, etc.

▪ Planejamento da intervenção.
▪ Implementação.
▪ Acompanhamento contínuo.
Plano de intervenção
▪ Metas de longo prazo.
▪ Metas de curto prazo.
▪ Estratégias de generalização.
▪ Lições.
▪ Esvanecimento de ajuda.
▪ Critérios para aprendizagem.
▪ Folhas de registro.
Referências
• AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistic • NATIONAL SANDBANK, M.; BOTTEMA-BEUTEL, K.; WOYNAROSKI, T.
manual of mental disorders, 5ª ed. Washington, D. C.: American Intervention recommendations for children with autism in light of a
Psychiatric Publishing, 2013. changing evidence base. JAMA Pediatrics, 2020.

• CAMARGO, S. P. H.; RISPOLI, M. Análise do Comportamento Aplicada • SELLA, A. C.; RIBEIRO, D. M. (Org.). Análise do Comportamento
como intervenção para o autismo: definição, características e pres- Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista. Curitiba: Editora
supostos filosóficos. Revista de Educação Especial, p. 639-650, Appris, 2018.
2013.
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROLOGIA INFANTIL. Proposta de
• MURAD, M. H. et al. New evidence pyramid. BMJ Evidence-Based Padronização para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento
Medicine, v. 21, n. 4, p. 125-127, 2016. do Transtorno do Espectro Autista, 2021.

• NATIONAL AUTISM CENTER. Findings and conclusions: National • STEINBRENNER, J. R. et al. Evidence-Based Practices for Children,
Standards Project, phase 2. 2015. Youth, and Young Adults with Autism. FPG Child Development
Institute, 2020.
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