Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITOS AUTORAIS
Esse material está́ protegido por leis de direitos autorais. Todos os
direitos sobre o mesmo estão reservados.
Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar
e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou
quaisquer veículos de distribuição e mídia.
Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará́ sujeito a
ações legais.
Mapa mnemônico
CBI of Miami 2
Diagnóstico Nosológico e Diagnóstico Comportamental
Liliane Guethe
Para quê serve o DSM-V e o CID-11?? Lembrando que o CID está atualizado.
CBI of Miami 3
Transtorno Desintegrativo da Infância foram unidos pela nova classificação
como TEA. A diferença agora é especificada pela intensidade com que os
sintomas se apresentam e níveis de suporte que as pessoas com o diagnóstico
necessitam.
O CID-10, que é a referência de classificação utilizada no Brasil, ainda
traz vários diagnósticos de autismo dentro dos Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD). Por isso, é comum pessoas serem diagnosticadas
com Síndrome de Asperger, por exemplo. A atualização da CID, que é a CID-
11, já uniu os diagnósticos em TEA também e tem previsão de passar a ser
adotada no Brasil a partir de 2022. Enquanto isso não acontece, ainda haverá
diagnósticos de Síndrome de Asperger.
Mas por que o Diagnóstico Nosológico, ou seja, o diagnóstico médico, é
tão importante? Um diagnóstico confiável é essencial para orientar
recomendações de tratamento, por exemplo. Mas, além disso, o diagnóstico
tem a importância fundamental de permitir o acesso a direitos pelas pessoas
diagnosticadas. Como exemplos podemos citar: justificar ou abonar faltas ao
trabalho, acessar o tratamento disponível nas redes pública e privada, acessar
garantias educacionais e acompanhamento escolar, entre outros.
E para nós, Psicopedagogos? O diagnóstico Nosológico é importante?
Vamos refletir! Esse tipo de diagnóstico tem um valor indicativo, ou seja, nos
diz o nome do que o aluno tem e nos direciona ao que devemos nos atentar.
Por exemplo, se um aluno chega até nós com diagnóstico de TEA, bem
simplificadamente, nós já sabemos que ele pode ter dificuldades na
comunicação e interação social e apresentar comportamentos restritos e
repetitivos, certo? Mas, o Diagnóstico Nosológico nos diz o que temos que
fazer para ajudar esse aluno com TEA? Não diz, pois podemos receber alunos
com TEA com características completamente diferentes entre si. Um primeiro
aluno pode estar no Ensino Médio e apresentar dificuldades de relacionamento
com os colegas da turma, um segundo aluno pode estar no quinto ano do
Ensino Fundamental e ainda não estar alfabetizado e um terceiro aluno pode
ser da Educação Infantil e ter dificuldades em se comunicar e apresentar
comportamentos agressivos. Apesar do diagnóstico (nome do que os alunos
têm) ser o mesmo, as características que cada um apresenta são muito
CBI of Miami 4
diferentes. E esta reflexão também é válida para os demais transtornos: TDAH,
Deficiência Intelectual, Dislexia…
Mas será que existe uma maneira de nós descobrirmos o que podemos
fazer em cada um destes casos com características tão diferentes? A resposta
é sim! Realizando o Diagnóstico Comportamental. É o Diagnóstico
Comportamental que vai nos mostrar as diferenças de características entre
alunos com um mesmo Diagnóstico Nosológico e também o que podemos
fazer para ajudar esses alunos. O Diagnóstico Comportamental é feito através
da avaliação comportamental. E qual o objetivo da avaliação comportamental?
CBI of Miami 5
métodos contam com a participação do aluno e das pessoas que se relacionam
com ele. As informações sobre os comportamentos do aluno dependem das
lembranças e recordações de seus familiares ou pessoas próximas. São
métodos simples de avaliação, que dão menos trabalho que a avaliação direta,
rápidos de aplicar e fáceis de serem treinados. No entanto, os dados coletados
a partir destes métodos são menos confiáveis do que aqueles obtidos por
avaliação direta, pois não há observação direta do comportamento e a maioria
dos instrumentos de avaliação não foi validada.
Os métodos de avaliação direta, como as análises descritivas, devem
ser aplicados por Psicopedagogos treinados. São os melhores métodos para
identificar os comportamentos do aluno sobre os quais devemos intervir. As
análises descritivas, como o próprio nome sugere, descrevem as relações entre
o comportamento do aluno e o ambiente.
Nestes métodos de avaliação, os dados sobre o comportamento do
aluno não são obtidos através da fala da família, professores ou outras
pessoas, mas através da observação direta do comportamento. Os dados
coletados pela avaliação direta são mais confiáveis, já que os registros são
feitos no momento e contexto em que o comportamento do aluno ocorre, porém
esses métodos exigem mais equipamentos e materiais, além de treinamento do
Psicopedagogo e um tempo maior de observação.
Existem algumas avaliações que apresentam sugestões de habilidades
gerais para a avaliação, baseadas na sequência do desenvolvimento infantil e
seus resultados fornecem ótimas indicações para a definição de prioridades,
objetivos e currículos individualizados de ensino. Em um momento posterior do
curso falaremos sobre elas.
CBI of Miami 6
e nos direciona ao que devemos nos atentar. Em nossa prática
psicopedagógica, receberemos alunos com diferentes tipos de diagnósticos e,
por isso, precisamos conhecer as suas características principais.
Transtornos do Neurodesenvolvimento é um termo usado para fazer
referência a um grupo de condições que tem seu início no período do
desenvolvimento. Sua manifestação ocorre, geralmente, antes do ingresso da
criança na escola. Estes transtornos são caracterizados por prejuízos no
funcionamento do indivíduo em questões sociais, acadêmicas, pessoais ou
profissionais.
Falaremos aqui, especificamente, da Deficiência Intelectual (DI), do
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno Específico da Aprendizagem
(leitura, escrita e matemática) apresentando os critérios diagnósticos do
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
CBI of Miami 7
Nota: O termo diagnóstico deficiência intelectual equivale ao diagnóstico
da CID-11 de transtornos do desenvolvimento intelectual. Embora o termo
deficiência intelectual seja utilizado em todo este Manual, ambos os termos são
empregados no título para esclarecer as relações com outros sistemas de
classificação. Além disso, uma Lei Federal dos Estados Unidos (Public Law
111-256, Rosa’s Law) substitui o termo retardo mental por deficiência mental, e
periódicos de pesquisa usam deficiência intelectual. Assim, deficiência
intelectual é o termo de uso comum por médicos, educadores e outros, além de
pelo público leigo e grupos de defesa dos direitos.
CBI of Miami 8
se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar
brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse
por pares.
CBI of Miami 9
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em
padrões restritos e repetitivos de comportamento.
C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do
desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até
que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem
ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
Especificar se:
Com ou sem comprometimento intelectual concomitante;
Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante;
Associado a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator
ambiental
CBI of Miami 10
(Nota para codificação: Usar código adicional para identificar a condição
médica ou genética associada.);
Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou
comportamental (Nota para codificação: Usar código[s] adicional[is] para
identificar o[s] transtorno[s] do neurodesenvolvimento, mental ou
comportamental associado[s].);
Com catatonia (consultar os critérios para definição de catatonia associados a
outro transtorno mental, p. 119-120) (Nota para codificação: usar o código
adicional 293.89 [F06.1] de catatonia associada a transtorno do espectro
autista para indicar a presença de catatonia comórbida).
Código: 299.00 (F84.0).
Níveis de gravidade:
Nível 3 - Exigindo apoio muito substancial.
Nível 2 - Exigindo apoio substancial.
Nível 1 - Exigindo apoio.
CBI of Miami 11
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas,
conversas ou leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na
ausência de qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue
terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p.
ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente
perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p.
ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter
materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e
desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir
prazos).
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas
que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou
lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de
relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p.
ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves,
documentos, óculos, celular).
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para
adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex.,
realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos,
retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).
CBI of Miami 12
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento
opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou
instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo
menos cinco sintomas são necessários.
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce
na cadeira.
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no
escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que
exijam que se permaneça em um mesmo lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado.
(Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de
lazer calmamente.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor
ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado
por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o
indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta
tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue
aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar
em uma fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas
conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de
outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e
adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros
estão fazendo).
CBI of Miami 13
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão
presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no
trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades).
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento
social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de
esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem
explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor,
transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da
personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).
Determinar o subtipo:
• 314.01 (F90.2) Apresentação combinada: Se tanto o Critério A1
(desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) são
preenchidos nos últimos 6 meses.
• 314.00 (F90.0) Apresentação predominantemente desatenta: Se o
Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-
impulsividade) não é preenchido nos últimos 6 meses.
• 314.01 (F90.1) Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva:
Se o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o Critério
A1 (desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses.
Especificar se:
Em remissão parcial: Quando todos os critérios foram preenchidos no passado,
nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 6 meses, e os sintomas
ainda resultam em prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou
profissional.
CBI of Miami 14
• Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão
presentes.
• Grave: Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o
diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente graves
estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo acentuado
no funcionamento social ou profissional.
CBI of Miami 15
interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas
atividades cotidianas, confirmada por meio de medidas padronizadas
administradas individualmente e por avaliação clínica abrangente.
Para indivíduos com 17 anos ou mais, história documentada das dificuldades
de aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação
padronizada.
C. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas
podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas
habilidades acadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do
indivíduo (p. ex., em testes cronometrados, em leitura ou escrita de textos
complexos longos e com prazo curto, em alta sobrecarga de exigências
acadêmicas).
D. As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências
intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos
mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na
língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada.
Especificar se:
• 315.00 (F81.0) Com prejuízo na leitura:
Precisão na leitura de palavras;
Velocidade ou fluência da leitura;
Compreensão da leitura;
Nota: Dislexia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de
dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento
CBI of Miami 16
preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de
ortografia. Se o termo dislexia for usado para especificar esse padrão particular
de dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades
adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na compreensão da
leitura ou no raciocínio matemático.
• 315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão escrita:
Precisão na ortografia;
Precisão na gramática e na pontuação;
Clareza ou organização da expressão escrita;
• 315.1 (F81.2) Com prejuízo na matemática:
Senso numérico;
Memorização de fatos aritméticos;
Precisão ou fluência de cálculo;
Precisão no raciocínio matemático;
Nota: Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de
dificuldades caracterizado por problemas no processamento de informações
numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos
ou fluentes. Se o termo discalculia for usado para especificar esse padrão
particular de dificuldades matemáticas, é importante também especificar
quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como
dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras.
CBI of Miami 17
em casa podem ser necessários para completar as atividades de forma
precisa e eficiente.
• Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários
domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo
aprenda essas habilidades sem um ensino individualizado e
especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares.
Mesmo com um conjunto de adaptações ou serviços de apoio
adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser
capaz de completar todas as atividades de forma eficiente.
Referências Bibliográficas
CBI of Miami 18