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Plano Terapêutico

LUTO

OBJECTIVOS GERAIS

 Desenvolver um processo de luto saudável;

 Completar o processo de “deixar ir” o ente querido;

 Re-investir na vida com alegria;

 Resolver o luto e re-investir em relações com os pares;

 Re-estabelecer o nível de funcionamento anterior ao luto;

 Resolver sentimentos de culpa, depressão ou raiva associados com a perda;

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

 Estabelecer uma relação de confiança, baseada na aceitação incondicional, na

partilha de sentimentos e pensamentos;

 Contar a história da perda;

 Identificar e Expressar os sentimentos e pensamentos associados com a perda;

 Juntar-se a um grupo (terapia, auto-ajuda);

 Identificar e verbalizar questões e dúvidas acerca da perda e responder às

mesmas;

 Compreender e verbalizar uma maior compreensão do processo de perda e de

“deixar ir”;

 Diminuir a expressão de sentimentos de culpa em relação ao luto;

 Identificar coisas positivas em relação à pessoa amada ou à relação e à forma como

essas coisas poderão ser recordadas;

 Identificar, verbalizar e resolver sentimentos de raiva ou culpa dirigidos a si

mesma ou a Deus ou a outra pessoa relacionado com a perda;

 Dizer adeus à pessoa querida;

 Visitar a sepultura do ente querido e dizer adeus;

 Verbalizar, por parte dos pais, compreensão em relação ao processo de luto;

 Verbalizar, por parte dos pais, de forma aberta os seus sentimentos acerca do luto

 Participar em rituais de luto (serviço funerário, ir a uma missa em memória da

pessoa, etc);

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 Identificar, por parte dos pais, formas de encorajar e apoiar o processo de luto da

criança;

 Dizer adeus, por parte do pai que perdeu a custódia;

 Dizer adeus, por parte da criança, numa sessão formal, ao pai que perdeu a

custódia;

 Verbalizar memórias positivas do passado e esperança em relação ao futuro;

ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS

 Construir activamente níveis de confiança com o cliente, através do contacto

ocular, escuta activa, aceitação incondicional e suporte;

 Pedir à criança para contar a história da perda e identificar os sentimentos

relacionados com a perda (“História de Fantoches”; “História do Ninhas”);

 Pedir ao cliente para escrever uma carta/fazer um desenho à pessoa querida em

que descreve os seus sentimentos (“Carta de pesar/Luto”; Ver desenhos do “O

Livro das minhas recordações pessoais”);

 Ler a carta, descrever o desenho ao terapeuta bem como os sentimentos

associados;

 Convidar a criança a recontar a história do luto, enquanto desenha a sua experiência

emocional ao longo da história;

 Construção de um contexto seguro para a criança identificar, expressar e lidar com

os sentimentos relacionados com a perda;

 Ajudar a criança a identificar e expressar os seus sentimentos (“As aventuras dos

sentimentos e dos pensamentos”; fazer pinturas dos sentimentos, etc.; Ver “A

Família dos sentimentos”, no “O Livro das minhas recordações pessoais”; ”Diário dos

sentimentos”);

 Usar outras técnicas que facilitem a compreensão da criança acerca do processo do

luto. Por exemplo, pode utilizar-se a estratégia desenvolvida por Gardner (Mutual

Storytelling tecnique – a técnica mútua de contar histórias): a criança conta uma

história (pode ser a sua) de uma personagem que perdeu alguém. Depois o terapeuta

interpreta a história a partir do seu significado subjacente e depois reconta a

história que o cliente contou com os mesmos personagens e contextos mas com um

desenvolvimento mais adaptativo onde o luto é resolvido;

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 Utilizar a técnica desenvolvida por Cangelasi (The Before and After Technique – A

técnica de “Antes e Depois”) que consiste em pedir à criança para fazer um

desenho acerca da forma como ela era antes e depois da perda (esta técnica visa

ajudar a criança a contar a história dos factos, bem como dos seus sentimentos);

 Ajudar a criança a expressar os seus estados emocionais acerca da perda utilizando

técnicas variadas, como bonecas ou fantoches;

 Ler uma história acerca do luto, em que uma personagem diz adeus e depois discutir

a história com a criança;

 Ajudar a criança e os pais a compreenderem as fases do processo de luto e ajudar

os pais a responderem às questões que a criança possa levantar;

 Ajudar a criança a identificar, a classificar e expressar os seus sentimentos

relacionados com o luto;

 Ajudar a criança a fazer um registo diário dos sentimentos e pensamentos

relacionados com a perda (pode ser através de um jornal, por ser através da tabela

“Como me Sinto hoje?” e do diário dos sentimentos do livro “As Aventuras dos

Sentimentos e Pensamentos”;

 Organizar ou então encaminhar, quando possível a criança para um grupo de criança

que estejam a passar por um processo de luto. Quando não for possível pode

desenvolver-se o manual “Vamos Pintar Sem Pincel” em que a criança pode sentir

que há outras crianças a passar pelo mesmo processo (aproveitar e explorar a

introdução da Tintas e do Pincel, aproveitar e explorar as pinturas dos animais e

aproveitar e explorar o “Clube dos Pintores Sem Pincel” que pode ser o clube das

crianças que estão a passar por um processo de luto. O manual “ Vamos Pintar Sem

Pincel” pode ser também utilizado, no sentido de favorecer o desenvolvimento da

construção de uma nova realidade diferente, devido às alterações verificadas no

seu contexto, na medida em que pode auxiliar a criança na construção de

significados mais adaptativos e no desenvolvimento de uma maior coerência,

complexidade, flexibilidade e multiplicidade;

 Ajudar a criança a compreender o processo de morte/ou de separação, através da

leitura, por exemplo, de uma história acerca de uma personagem que perde alguém;

 Ajudar o cliente a encontrar respostas para as suas questões. Pode começar-se por

ajudar a criança a fazer uma lista de questões acerca de uma perda específica. (Por

exemplo, pode fazer-se uma caixinha onde a criança vai depositando papéis com as

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dúvidas que lhe vão surgindo e depois abrem a caixa na sessão. Depois procurar dar

resposta a cada questão, seja o terapeuta a responder seja um padre, um livro, etc.

Por exemplo, a criança pode fazer uma entrevista a um padre acerca da morte, ou

então a entrevista a alguém que já tenha passado por um processo de luto

semelhante e que tenha conseguido superar;

 Ajudar a criança a lidar com os sentimentos associados à perda (“Vamos Vencer os

Sentimentos Maus”);

 Ajudar a criança a construir novos significados – abordagem narrativa (“Vamos

Pintar Sem Pincel” acerca da experiência de perda) ou a substituir os pensamentos

irracionais acerca da perda (culpa, etc.) por outros realistas e funcionais

(abordagem cognitiva);

 Ajudar a criança a tomar consciência dos seus sentimentos, nomeadamente culpa

(As aventuras dos sentimentos e dos pensamentos”) e ajudar a criança a

compreendê-los: por exemplo: “um menino acha diz baixinho: “eu fiz mal” ou “a culpa

foi minha”. O que achas que a criança está a pensar que fez mal?” );

 Pode também fazer um role-play em que se coloca a criança a falar ao telefone com

a pessoa, e em que a criança pede desculpa à pessoa sobre algo acerca do qual se

sinta culpada;

 Utilizar algumas estratégias dos modelos experienciais, das tarefas inacabadas:

diálogo da cadeira vazia, escrever uma carta, deitar algo ao mar, por exemplo, para

pedir desculpa por algo, para dizer algo, para perguntar algo;

 Ajudar a criança a fazer uma lista acerca das coisas boas da pessoa e de que forma

a criança poderá recordá-las;

 Pedir à criança para trazer para a sessão desenhos e pinturas ou objectos

relacionados com o luto e falar acerca deles;

 Ajudar a criança, através de perspectivas experienciais a gerir as suas emoções:

por exemplo, a sentir a raiva, a parecer estar com raiva, a intencionalizar e

exagerar o sentimento e a sensação de raiva no corpo, a agir com raiva, a expressar

a raiva, a gerir a raiva (“Vamos vencer os sentimentos maus”);

 Convidar a criança a escrever uma carta de despedida ou a fazer um desenho de

despedida;

 Favorecer que a criança visite a sepultura da pessoa falecida com um adulto, com

um pai ou o próprio terapeuta, em que a criança pode dizer adeus, pode falar acerca

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de como se sente, pode depositar em cima da campa um sentimento que ela sinta (a

saudade, por exemplo);

 Ajudar os pais a desenvolverem estratégias para garantir algum conforto, consolo,

bem-estar e suporte à criança (perguntar à criança como se sente acerca, a

expressar os seus sentimentos, a fazer alguma coisa relacionada com a pessoa

querida, passar algum tempo com a criança de forma a promover a partilha de

sentimentos, passar algum tempo com a criança de forma a favorecer a experiência

de emoções positivas (actividades agradáveis);

 Organizar sessões familiares em que cada membro da família fala acerca da sua

experiência individual acerca da perda;

 Encaminhar os pais da criança para um grupo de auto-ajuda;

 Encorajar os pais a incentivar a criança a participar em rituais de luto, se a criança

quiser participar. Por exemplo, podem mandar dizer uma missa em nome da pessoa

falecida;

 Fazer uma sessão com o pai/mãe que perdeu a custódia de forma a o/a ajudar a

dizer adeus à criança (este “dizer adeus” não tem que ser um dizer adeus fatalista,

pode ser um dizer adeus à situação anterior que acaba com a separação e a

preparação para um novo tipo de relação;

 Favorecer uma sessão em que o pai/mãe que perdeu a custódia diz adeus. Caso não

seja possível, este pode escrever uma carta em que incentiva a criança a continuar

a vida dela, que a criança não tem culpa de nada, etc.;

 Favorecer um role-play em que a criança diz adeus;

 Ajudar a criança a fazer um álbum de memórias acerca da pessoa querida, em que

se destacam as memórias positivas.

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