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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

NO JARDIM-DE-INFÂNCIA

Casa de Vila Pouca


2006-2007
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA VERSUS INSTRUÇÃO MATEMÁTICA

Materiais disponibilizados pelas editoras para aprender


matemática, incluem um conjunto de actividades dirigidas ao
desenvolvimento de técnicas, métodos, regras e algoritmos.

Objectivos Tornar os alunos capazes de utilizar


técnicas que vão aprendendo – através
de fichas

Conceito de desenvolvimento?

Dominar um conjunto de técnicas cada


vez mais complexas.
A nível do J.I. incluem: o recontar, leitura
e escrita dos números até nove,
associação valores e quantidades,
reconhecimento dos sinais de algumas
operações elementares, identificação de
figuras….
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Concepção sobre o conhecimento


matemático?

A matemática é uma matéria baseada em factos, conceitos e


procedimentos mecânicos, que é necessário saber aplicar.
Só existem dois resultados possíveis: certo e errado
As tarefas a realizar pelos alunos são todas iguais e os
resultados são eles também todos iguais.
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA VERSUS INSTRUÇÃO MATEMÁTICA

Orientações didácticas actuais?

…”Partir dos conhecimentos prévios, relacionar os novos


conteúdos coma realidade extra escolar, partir do mais próximo
e real para conduzir ao que é mais abstracto.

Que implicações?

…”Conseguir uma enculturação matemática.


Imersão programada e sistemática nos contextos culturais
próprios do seu meio, nos quais a matemática é usada pelos
adultos para resolver, organizar ou comunicar aspectos da
realidade.

Inseparável a actividade do educador e da criança.


EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A aprendizagem matemática é uma construção socialmente


mediada.

Implica o papel activo do aluno

O educador tem um papel central no


processo, umas vez que tem de criar
situações com sentido, potencialmente
significativas, cria ambientes propícios
à resolução de problemas, medeia a
interacção entre os pares, redirecciona
o diálogo e ajuda construir soluções
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA VERSUS INSTRUÇÃO MATEMÁTICA

Que implicações (continuação)?

Criar situações que incitem os alunos a pensar de


modo matemático.

Ter disponíveis instrumentos culturais


- calendário
- relógio, ampulheta
- calculadora
- fitas métricas
- balanças
- Talão de compra
-catálogos de compras
- moedas
- listas de compras
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

- receitas de cozinha
- Notícias de jornais
- Objectos tridimensionais
- Listas de alunos
- Registos de controlo

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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA VERSUS INSTRUÇÃO MATEMÁTICA

Exemplo: Calendário com o mês de Maio

O que nos diz o calendário?


Dia 7 fomos ao ZOO
Dia 10 foi feriado
Dia 11 celebramos os anos da Marta
Faltam 4 dias para os alunos do Joel
Dia 28 vamos ao forum
Este mês tem 31 dias

Identificar e reconhecer vários números, alguns dos quais


estão para além dos objectivos curriculares.
Estruturação do tempo (passado, presente, futuro, dia,
semana)
Resolver pequenos cálculos (Quantos dias faltam para os
anos do Joel? Existe algum feriado ? (conjunto singular e
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

conjunto vazio)

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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
TENDÊNCIAS E QUESTÕES EM ABERTO

Resultados da investigação no domínio da educação matemática

A abordagem “laissez-faire” não é eficaz na aprendizagem


matemática.
…”Embora as oportunidades para a aprendizagem matemática
possam estar presente não significa que as crianças consigam
aproveitá-las…
Questão: “Quando é que as crianças aprendem realmente
matemática nos anos iniciais?

É necessário o envolvimento do adulto para apoiar a aprendizagem


da criança.
Muitas das aprendizagens, como o número, não são aprendidas
de modo espontâneo através do jogo independente.

Questão: “Qual o tipo de envolvimento que é eficaz e apropriado?


EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Qual a evolução ocorrida neste domínio?

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Gifford, S. (2005). Teaching mathematics 3-5. Developing learning in the foundation stages.
Open University Press.
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
TENDÊNCIAS E QUESTÕES EM ABERTO

1. Perspectivas e orientações contraditória

Desconforto dos educadores pela educação nesta área


Rejeição dos modelos de instrução
Valorização das perspectivas piagetiana
Desvalorização do ensino do número
Não ensinar números superiores a 9
Não valorizar a representação do número
Não valorizar a enumeração
Valorização da ordenação, classificação e seriação
Valorização das actividades auto-iniciadas

2 . Resultados de investigações centradas na comparação de


desempenhos na matemática em diferentes países
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

As crianças de alguns países são muito melhores que as de


outros.

Estas crianças aprenderam mais matemática de modo


oral e informal nos anos da educação pré-escolar
Expectativas mais elevadas em termos de
aprendizagem no J.I. (Coreia: Operações até 20 no JI. 1ª
ciclo, contagem sem suporte concreto)
Mães dedicam bastante tempo ao ensino de conceitos
matemáticos
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3. Definição de objectivos cognitivos

Tradicionalmente:

A definição de objectivos no domínio da matemática, tem sido


considerado um procedimento não desejável nos J.I.
Os mesmos contrariam as perspectivas que valorizam o
desenvolvimento pessoal e social e uma perspectiva de
trabalho inscrita numa abordagem centrada na criança

Desafio actual:
?

… Em vez de considerar a definição de objectivos cognitivos


como ameaçando a a aprendizagem física, social e emocional,
a questão a responder centra-se no como ensinar a numeracia
a crianças pequenas sem pôr em causa os princípios
holísticos.
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4. Conteúdos académicos

Tradicionalmente:

Os conteúdos académicos, como a matemática, têm sido


considerados não apropriados para o J.I., bem como a
necessidade de preparar as crianças para a aprendizagem
formal.
O número em particular, tem sido como demasiado
abstracto e associado a tarefas de papel e lápis.
Frequentemente a matemática não é mencionada nas
recomendações para o J.I. por que se considerada que a
“aprendizagem é holística e não pode ser compartimentada”
(Early Childhoof Forum, 1998)

A abordagem integrada parece ser problemática, verificando


alguma dificuldade em optimizar a partir das actividades
espontâneas a educação matemática.
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A investigação sugere que a definição de objectivos pode


ajudar a valorizar a educação matemática nos anos de J.I.

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COMO APRENDEM AS CRIANÇAS?

Orientações teóricas sobre a aprendizagem


1. Heterogeneidade de abordagens teóricas

2. Valorização crescente da teoria sócio-histórica do


desenvolvimento cognitivo (Vygotsky)
- Valorização do envolvimento do adulto
- Valorização do contexto social e da linguagem

O que mudou e porquê?

Quais as mudanças nas recomendações internacionais no que


concerne a educação matemática precoce? Justificação das
mesmas.
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

- O que podem fazer as crianças a nível matemático?


- Objectivos para a educação na Infância
- Como as crianças aprendem

De um modo geral: Passaram a ser recomendadas práticas


que no passado forma desaconselhadas.

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O que podem as crianças fazer a nível matemático?

…Foi considerado, durante muito tempo, que não se justifica


proporcionar às crianças do J.I. Experiências de contagem , ou
numerais, uma vez que as mesmas eram incapazes de
compreender os números (Piaget, 1952).

No livro “Early mathematical experiences” (Schools Council,


1978), chamava-se a atenção para a desadequação de actividades
relacionadas com o número, recurso a livros com números.
Defendia-se um currículo pré-numérico, que valoriza-se
actividades como seriar, classificar e emparelhar.

A investigação desafiou este modelo, mostrando que as crianças


pequenas podiam alcançar níveis de desempenho e compreensão
mais elevados se lhes fossem proporcionados contextos mais
significativos.

Aos 3 anos as crianças podem inventar formas de registar os


números e fazer adições e subtracções simples.
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Os resultados sugerem que as expectativas relativamente aquilo


que as crianças conseguem fazer no domínio matemático são
superiores aquilo que se pensava e às descrições piagetianas
sobre o mesmo.

Normativas internacionais de 2000, sugerem que as crianças


devem aprender a contar até 10 e a efectuar cálculos mentais com
números pequenos. Embora não seja requerido que as crianças
sejam capazes de os escrever, bastando que reconheçam os
numerais.
Actividades orais e práticas devem ser valorizadas. Não é
esperado que escrevam o algoritmo correspondente.
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Objectivos matemáticos para a educação de infância

A introdução de objectivos matemáticos é contrária às perspectivas


tradicionais de educação de infância, que sustentam:

a) Os “objectivos”criam maior pressão que o conceito mais flexível


de “metas”
b) Os objectivos cognitivos podem pôr em causa a aprendizagem
social, emocional e física
c) Os conteúdos escolares não são apropriados para as crianças
pequenas
d) Ênfase na actividade e na experiência e não na aquisição de
conhecimentos e competências

Em Inglaterra (2000) a “School curriculum and assessment


authority”, introduz os conceitos de “Resultados desejados” e
“Objectivos para as aprendizagens iniciais”.
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… Razão: O Baixo desempenho dos alunos em provas


internacionais”

Sugestão:

Introdução de actividades de grupo orientadas pelo adulto são


uma parte necessária das actividades a desenvolver, em paralelo
com as actividades iniciadas pelas crianças.

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J.I. e o currículo no domínio da matemática

A investigação sugere que as experiências


! precoces de numeracia são tão importantes
quanto as experiências precoces de literacia.

USA, Australia, Canada e Nova Zelandai (National

! Association for the education of Young


Children) sugerem a construção de currículos
específicos no domínio da matemática
valorizando:
a) Actividades organizadas pelo adulto
b) Actividades baseadas no computador

! Os educadores precisam de saber quais as


matemáticas que as crianças podem aprender e
como aprender.
Os conhecimentos disponíveis para o primeiro
aspecto são maiores que para o segundo.
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O debate actual, não é saber se as actividades


devem ser iniciadas pela criança ou pelo adulto,
mas centra-se na qualidade da interacção
educador-criança.

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