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MATEMÁTICA

PARA ALÉM
DAS CONTAS
Fazer matemática é fazer conta?
Sim e não. O ônibus da imagem a seguir está em movimento, e
A matemática é uma ciência ancorada no estudo dos indo para a frente. Para que lado ele está indo? Como
padrões e dos números, no estabelecimento de relações você descobriu?
lógicas entre suas grandezas, quantidades e medidas. Esse é um exemplo simples, mas cheio de pensamento
Então, fazer matemática envolve, em muitos casos, fazer lógico, matemático, envolvido. Há que se pensar em
contas. Mas não somente: fazer matemática envolve várias coisas, e relacionar essas coisas, para que se
pensar, argumentar, encontrar caminhos para resolver possa chegar a uma solução para o problema.
problemas, entender e explicar porquês, entre outras Mas… não há nenhuma conta envolvida!
muitas coisas. Há muito fazer matemático envolvido (se você quiser conferir sua resposta, no final do e-book
em descobrir “que conta fazer”, mais do que em “fazer temos um gabarito!)
a conta”. Então, fazer matemática é também fazer contas, mas
Que tal tentarmos fazer um pouco de matemática, é muito mais!
aqui e agora?
Então, por que aprender matemática parece ser tão difícil?
Há uma crença comum, de que matemática é uma
ciência muito difícil, complicada, e de que só algumas
pessoas com um “talento nato” são capazes de aprendê-
la. Esse pensamento, além de não ser verdadeiro –
PISA MATEMÁTICA
todo mundo é capaz de aprender matemática – ainda
afasta muitas pessoas que poderiam se desenvolver 540

bem na disciplina, mas não o fazem por estarem presos 520

a um senso comum de que apenas “quem nasceu para 500

a matemática é que consegue aprendê-la”. 480

Um estudo apresentado no livro “Mentalidades 460

Matemáticas”, da pesquisadora estadunidense Jo Boaler 440

revela que estudantes que creem que são capazes de 420

se desenvolver, mesmo quando enfrentam dificuldades Creem que já nasceram Creem que podem se
com ou sem talento desenvolver
durante esse desenvolvimento, apresentam resultados
mais positivos do que estudantes que creem que o
Fonte: BOALER, Jo. Mentalidades matemáticas: estimulando o potencial dos
seu “talento” para a matemática já vem determinado estudantes por meio da matemática criativa, das mensagens inspiradoras e do
ensino inovador. Penso Editora, 2018.
quando nascem. Esses resultados se refletem, por
exemplo, nos resultados observados no PISA (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes).
Nesse sentido, buscar nas escolas uma abordagem Investir em atividades participativas, abertas, que
metodológica que desmistifique a noção de “dom engajem os estudantes, que permitam que todos
matemático”, e que desenvolva nos alunos a certeza possam contribuir e emitir suas ideias, criar um ambiente
de que todos eles são perfeitamente capazes de em que os alunos se sintam seguros em opinar, e onde
aprender matemática, é um passo essencial para que possam pensar criticamente sobre o conteúdo e sobre os
o aprendizado da disciplina seja cada vez mais efetivo. desdobramentos dele sobre a realidade é um caminho
Não é saudável, nem produtivo, do ponto de vista possível para que todos percebam sua capacidade de
pedagógico, que os alunos tenham medo de matemática, aprender matemática.
ou que já iniciem suas aulas acreditando que não serão
capazes de compreender aquele conteúdo.
E a aula de matemática, como fica?
Fica legal!
Isso não quer dizer que fica fácil. Nem que todo mundo
vai aprender tudo sem nenhum esforço. Pelo contrário,
quando a aula é pensada para que todos os alunos
se engajem, para que haja processos de investigação
sobre a realidade, de construção de soluções, de
argumentação em torno das problemáticas discutidas,
de reflexão e crítica sobre o mundo a nossa volta, há
muito mais envolvimento dos estudantes, mais trabalho,
mais esforço e, por consequência, mais aprendizado.
Nessa aula, além do quadro, do giz e dos famosos
exercícios, muitos são os recursos que podem contribuir
para que o trabalho fique mais dinâmico, mais
investigativo e mais interativo. Na Escola Firjan SESI, as
aulas de matemática são potencializadas com recursos
concretos e com recursos digitais.
Recursos Concretos como Blocos Lógicos, Sólidos Recursos Digitais, como a plataforma de Games on-
Geométricos em Acrílico, Material Dourado, Tangran, line de Matemática Mangahigh, permitem que os alunos
Réguas de Cuisenaire permitem que os estudantes aprendam enquanto se divertem, e que exercitem e
coloquem a mão na massa ao desenvolver os conceitos, aprofundem seus conhecimentos de maneira leve,
partindo de experiências concretas, táteis e observáveis, descontraída, mas sem abrir mão dos conceitos e dos
para poderem abstrair quando for necessário. cálculos.
Para além dos recursos, é muito importante também
que a aula de matemática não seja isolada, solitária,
alheia ao restante da escola, à comunidade em que
ela está inserida e ao resto do mundo. Por isso, mantê-
la em constante troca com as outras disciplinas é
fundamental. Criar e participar de projetos e ações
interdisciplinares, debater temáticas sob a perspectiva
dos números, ler e discutir textos, escrever… tudo isso
é parte de uma educação matemática que vai além
de apenas fazer contas, mas que busca desenvolver
formas de pensamento e ação.
A sala de aula deve ser um espaço onde a matemática
é percebida por alunos e familiares como uma ciência
impregnada de diferenças, atenta a práticas trazidas
de diferentes contextos, culturas e tempos, interessada
em compreender a realidade, em desvendá-la, não
apenas para escrevê-la em formato universal, mas para
- por meio dos padrões, das formas e dos números -
descobrir e entender as maneiras de interpretá-la e de
intervir nela.
A Escola Firjan SESI, com o Programa Firjan SESI mais dinâmico, mais ativo e mais efetivo, colocando os
Matemática, busca associar práticas educacionais alunos em contato com uma matemática que vai muito
modernas e tecnologia para tornar o aprendizado além das contas.
Por Vinícius Mano.
GABARITO DO PROBLEMA DO ÔNIBUS: No Brasil, a mão de direção
adotada nas ruas faz com que as portas dos ônibus fiquem sempre em
seu lado direito (pensando no ponto de vista de alguém que está dentro
do ônibus, virado para a frente dele). Assim, como não vemos as portas do
ônibus na figura, podemos concluir que estamos vendo o lado esquerdo
dele e que, portanto, ele está andando para a esquerda (no sentido da
seta mostrada no desenho). Viu? Nenhuma conta, mas muito raciocínio
lógico-matemático envolvido!

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