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UNIDADE II

Linguística Geral

Prof. Me. Adilson Oliveira


Linguística: definição

 A Linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz-se que um estudo é


científico quando se baseia na observação dos fatos e se abstém de propor
qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou
morais. “Científico” opõe-se, portanto, a “prescritivo” (Martinet).

 Linguística Estrutural (Estruturalismo)


 Linguística Gerativo-Transformacional

 Linguística Textual

 Paradigmas
Linguística Estrutural (Estruturalismo)

 Estruturalismo, ou abordagem estrutural da língua, é a definição de língua como


um “sistema de relações”.

 Todas as línguas são constituídas por elementos linguísticos: fonemas e


morfemas.

 Fonemas: sons específicos de uma língua. Ex.: /o/, /f/.

 Morfemas: menores elementos da língua com significado


– uma palavra ou parte de uma palavra. Ex.: flor, flor + ido
(florido), flor+esce+r (florescer).
Abordagem estrutural

 Estudo sincrônico x estudo diacrônico.

 Saussure prioriza o estudo sincrônico, contrapondo-se à visão histórica.

 Explicação sincrônica é estrutural e não causal: descrever-se um sistema


linguístico em determinado ponto do tempo, levando em conta todas as suas
partes constituintes e de que maneira se relacionam.
Dicotomia: Diacronia X Sincronia

 “Estado de língua” – sincrônico – é o resultado de todas as transformações no


período de tempo que o antecedeu – diacrônico – e é, por sua vez, o precursor das
transformações seguintes;

 Na linha do tempo, descrevem-se vários estados de língua em um estudo


sincrônico, ou estudar as mudanças operadas entre os vários estados em um
estudo diacrônico.
Sincronia e Diacronia

 A língua se apresenta sempre como sincronia e diacronia.

Estudo da língua é que poderá ser:


a) Sincrônico: a descrição de um estado; ou
b) Diacrônico: o estudo de suas evoluções da língua.

“A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um


sistema estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é
uma instituição atual e um produto do passado.” (Saussure)
Exemplos

 Estudo sincrônico: coexistência de duas formas na mesma época. No caso, o uso


de ter e haver.

Havia trinta alunos na sala.


Tinha trinta alunos na sala.

 Estudo diacrônico: trajetória de mudança, por exemplo, do latim ao português.

 pane > pãe > pão


Sincronia e Diacronia

 Linguística estática: abordagem sincrônica da língua; estado da língua.

 Linguística evolutiva: abordagem diacrônica da língua; diz respeito às evoluções;


fase de evolução.
Interatividade

Indique a alternativa em que o enfoque é sincrônico:

a) “Marechal” significava “criado de cavalos” e hoje significa “alta patente


do exército”.
b) “Vilão” significava “habitante da vila” e hoje significa “bandido”.
c) “Embarcar” significava “entrar na barca” e hoje significa “entrar em
qualquer condução”.
d) “Fortuna” significava “bom ou mau destino” e hoje
apresenta apenas o sentido positivo.
e) “Ruim” é pronunciado hoje como /ruĩ/ ou como /rúĩ/.
Resposta

Indique a alternativa em que o enfoque é sincrônico:

a) “Marechal” significava “criado de cavalos” e hoje significa “alta patente


do exército”.
b) “Vilão” significava “habitante da vila” e hoje significa “bandido”.
c) “Embarcar” significava “entrar na barca” e hoje significa “entrar em
qualquer condução”.
d) “Fortuna” significava “bom ou mau destino” e hoje
apresenta apenas o sentido positivo.
e) “Ruim” é pronunciado hoje como /ruĩ/ ou como /rúĩ/.
Signo linguístico

 Língua: é um sistema de signos.


 Sistema: conjunto organizado de elementos que estabelecem relações entre si,
caracterizadas pela interdependência.
 Signo linguístico: dotado simultaneamente de forma e sentido.

significante
signo = -------------------
significado

 Significante: imagem acústica em um dado signo


(imagem acústica é o som; ela é psíquica e não física:
é a imagem que fazemos do som em nosso cérebro).
 Significado: conceito.
Signo linguístico

 Arbitrariedade do signo linguístico e a linearidade do significante.

 Arbitrariedade: não há uma relação natural e necessária entre o significante


e o significado.

 Linearidade: caráter linear do significante; um contínuo sonoro: os sons sucedem-


se no tempo ou no espaço.

 Não é possível produzir dois sons da fala ao mesmo


tempo, dois signos ao mesmo tempo ou duas palavras ao
mesmo tempo.
Língua e fala

 Língua (código): não sofre interferência de fatores não linguísticos.

A língua é necessária para que a fala seja inteligível


e produza todos os seus efeitos.

A fala é necessária para que a língua se estabeleça.


Língua

 Acervo linguístico: conjunto de hábitos linguísticos que permitem a uma pessoa


compreender e fazer-se compreender; há consentimento coletivo.

 Instituição social: produto social, a língua é exterior ao indivíduo, que, por si só,
não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude de uma
espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.

 Realidade sistemática e funcional: língua é sistema de signos que correspondem a


ideias distintas.
Relações sintagmáticas e paradigmáticas

 Eixo paradigmático: selecionar um entre vários elementos linguísticos.


 Eixo sintagmático: combinar vários elementos linguísticos.
 Sintagma: relação linear, feita de escolhas do falante.
Exemplos de sintagmas:
 relembrar (prefixo re + verbo lembrar);
 “que menino cara de pau!” (formado pelas palavras “que”, “menino”, “cara”, “de”,
“pau”);
 replanejamento (prefixo re + radical planej + a (vogal de ligação) + mento).
Método do Estruturalismo

Descrição

 Descrever a gramática natural das línguas naturais para entender o funcionamento


das línguas. Para o Estruturalismo, a descrição dos fatos da língua é uma
explicação de seu funcionamento, já que envolve descrever os elementos do
sistema e as relações estabelecidas entre eles.
Abordagem estruturalista

 Analisar a língua em si mesma e por si mesma, excluindo dessa análise todo e


qualquer fator não linguístico;

 Analisar a língua, e não a fala;

 Excluir a fala da análise linguística;

 Atribuir ao falante um status passivo no circuito da comunicação;

 Tomar as produções linguísticas como produtos acabados


excluídos de suas condições de produção.
Interatividade

Sobre o valor linguístico, considera-se falso:

a) O signo é a união de significante e significado.


b) Um signo só existe em oposição a outro.
c) Aplicação do signo aos objetos do mundo.
d) O signo deve ser considerado fora da realidade pragmática da língua.
e) O signo é considerado pela sua imanência.
Resposta

Sobre o valor linguístico, considera-se falso:

a) O signo é a união de significante e significado.


b) Um signo só existe em oposição a outro.
c) Aplicação do signo aos objetos do mundo.
d) O signo deve ser considerado fora da realidade pragmática da língua.
e) O signo é considerado pela sua imanência.
Gerativismo

 Noam Chomsky – década de 50.

 Primeiro nome de sua teoria linguística: Gramática Gerativo-Transformacional.

 Atualmente: Teoria de Princípios e Parâmetros.

 Influência do Gerativismo: Linguística, Filosofia e Psicologia.

 O Gerativismo desenvolveu-se como reação ao


behaviorismo na Psicologia e ao Estruturalismo americano
na Linguística.

 1959 – “Resenha do Comportamento Verbal de B. F.


Skinner” – uma série de contra-argumentos à proposta
behaviorista de aquisição de linguagem.
Gerativismo

Objetivo do Gerativismo:

 Construir uma gramática que dê conta dos chamados universais linguísticos ou da


gramática universal.

 Universais linguísticos: aquilo que é comum a todas as línguas.

 Deve-se construir uma gramática para gerar todos os


enunciados possíveis nas línguas naturais.
Gerativismo

Na língua portuguesa, é possível dizer:

 “os meninos jogam bola”

 “os menino joga bola”

 “jogam bola os meninos”

Mas não é possível dizer:

 “bola jogam meninos os”


Gerativismo

 Inatismo – a linguagem é adquirida a partir de um dispositivo inato inscrito na


mente humana.

 A linguagem desencadeia-se a partir da exposição da criança aos modelos


linguísticos de sua comunidade.

 A criança nasce dotada de uma capacidade genética de adquirir a linguagem.


Competência e Desempenho

 Competência: conhecimento que um falante tem do sistema linguístico (e de suas


regras), que permite a ele produzir um conjunto infinitamente grande de
sentenças (língua).

 Desempenho: maneira como o falante faz uso de sua competência linguística com
base em tudo o que é convencionado socialmente, em fatores emocionais, e
também no funcionamento dos mecanismos psicológicos e fisiológicos envolvidos
na produção de enunciados.

 Trata-se de uma distinção entre conhecimento


e uso da linguagem.
Análise do linguista: competência e desempenho

 O linguista deve descrever a competência, que é puramente linguística, subjacente


ao desempenho.

 O linguista deixa de lado os fatores que não são linguísticos e que constituem o
desempenho: motivação, interesse, limitações de atenção e memória,
atitudes emocionais.
Gramaticalidade

 Gramaticalidade: as sentenças são formadas em conformidade com a estrutura do


sistema linguístico.

Ex. de gramaticalidade:

 “Ideias verdes incolores dormem furiosamente”


(Colorless green ideas sleep furiously)

 É uma sentença gramatical, mas não tem uma


interpretação coerente, a não ser que apareça em um
texto poético.
Agramaticalidade

 As sequências produzidas por uma gramática chamam-se gramaticais, enquanto


que as que são excluídas pela gramática chamam-se agramaticais.

Frase:

 menino os vai (agramatical)

 A intuição linguística é o julgamento que o falante de uma


língua faz sobre a aceitabilidade ou não aceitabilidade de
uma sentença.
Aceitabilidade

 Aceitabilidade: diz respeito à atitude dos receptores de aceitarem as


manifestações linguísticas como um texto coesivo e coerente.

 O linguista deve excluir de sua análise as sentenças não aceitáveis.

 O linguista só tem acesso à capacidade linguística do falante por meio da


manifestação dessa capacidade (uso).
Interatividade

De acordo com as teorias de Chomsky em relação à linguagem, pode-se considerar:

a) A competência é a língua em uso.


b) O desempenho é o conhecimento linguístico que o falante possui.
c) O desempenho não pressupõe a competência.
d) Competência é o conhecimento linguístico que o falante possui.
e) A tarefa do linguista é descrever o desempenho.
Resposta

De acordo com as teorias de Chomsky em relação à linguagem, pode-se considerar:

a) A competência é a língua em uso.


b) O desempenho é o conhecimento linguístico que o falante possui.
c) O desempenho não pressupõe a competência.
d) Competência é o conhecimento linguístico que o falante possui.
e) A tarefa do linguista é descrever o desempenho.
Gramática internalizada

 Todos os falantes possuem uma gramática internalizada (a gramática do sistema


linguístico de sua comunidade de fala).

 Todos os falantes obedecem a essa gramática ao produzirem suas sentenças.

 Portanto, todas as sentenças produzidas pelos falantes de uma língua são


sentenças gramaticais.
Criatividade

 Criatividade linguística é a capacidade que o falante tem de produzir um número


indefinido de sentenças.

 Porém...

 Essa criatividade é dependente da produtividade, pois para ser criativo o falante


deve obedecer às regras impostas pelo sistema gramatical que está usando.
Criatividade e produtividade

 Produtividade: propriedade dos sistemas linguísticos.

 Essa propriedade dos sistemas linguísticos possibilita aos falantes fazerem uso da
criatividade.

 Portanto, existe uma conexão intrínseca entre produtividade e criatividade.


Produção de sentenças possíveis

 Os meninos jogam bola.

 Os meninos que gostam de futebol jogam bola.

 Os meninos que gostam de futebol e torcem pela Ponte Preta jogam bola.

 Victor disse que os meninos que gostam de futebol e torcem pela Ponte Preta
jogam bola.

 Rachel contou que Victor disse que os meninos que


gostam de futebol e torcem pela Ponte Preta jogam bola.

 E assim indefinidamente.
Princípios e parâmetros

 Em versão mais recente de sua teoria, Chomsky mantém o dispositivo inato, mas
acrescenta os conceitos de princípios e parâmetros.

 Princípios: universais linguísticos, ou seja, gramática universal (GU) – aquilo que é


comum a todas as línguas.

 Parâmetros: permite à criança constatar aquilo que é específico da língua de sua


comunidade, aquilo que é particular de sua língua.
Exemplo de princípios e de parâmetros

 Assume-se que as sentenças de todas as línguas devam ter sujeito. No entanto,


esse sujeito pode ou não ser omitido – esse parâmetro precisa ser marcado.

 Exposta às frases do inglês: o parâmetro é o sujeito, pode ser preenchido.

 Exposta às frases do português: o parâmetro será o sujeito, pode ser omitido.


Método Gerativismo

 Descrição: constituir uma descrição das propriedades da língua, descreve aquilo


que o falante sabe.

Explicação:

a) No Gerativismo: dar conta das frases produzidas e potencialmente produzidas;

b) Na teoria dos princípios e parâmetros: construir uma


teoria da linguagem que mostre “como cada língua
particular pode ser derivada de um estado inicial
uniforme” (CHOMSKY, 1997).
Limites de análise no Gerativismo

 Gerativismo trata de um falante-ouvinte ideal pertencente a uma comunidade


linguística homogênea, porque tem por objetivo descrever a capacidade linguística,
deixando de lado, deliberadamente, o desempenho, pois este último está sujeito à
interferência de fatores não linguísticos.
Interatividade

Segundo o Gerativismo, o linguista deve fazer uso das intuições linguísticas do


falante. Isso quer dizer que:

a) O linguista não deve considerar a competência linguística.


b) O linguista deve excluir de sua análise sentenças não aceitáveis.
c) O linguista deve excluir frases da gramática internalizada do falante.
d) O linguista não deve considerar a estrutura da língua.
e) O linguista deve impor regras gramaticais ao falante.
Resposta

Segundo o Gerativismo, o linguista deve fazer uso das intuições linguísticas do


falante. Isso quer dizer que:

a) O linguista não deve considerar a competência linguística.


b) O linguista deve excluir de sua análise sentenças não aceitáveis.
c) O linguista deve excluir frases da gramática internalizada do falante.
d) O linguista não deve considerar a estrutura da língua.
e) O linguista deve impor regras gramaticais ao falante.
ATÉ A PRÓXIMA!

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