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AULAS de 1 a 6

Tema 1: O OBJECTO DA LINGUÍSTICA

 O que é a LINGUAGEM?

É, genericamente, um código que permite a comunicação entre os seres. A


LINGUAGEM HUMANA é, para Noam Chomsky, o traço mais relevante na
distinção entre seres humanos e animais.

P/ ele, todos os humanos nascem dotados de um mecanismo (LAD –


LANGUAGE ACQUISITION DEVICE) – mecanismo de aquisição de lingua –
que lhes permite aprender e conhecer pelo menos uma língua.

 O CONHECIMENTO LINGUÍSTICO

Conhecer um língua é falar e ouvir, ser compreendido e compreender os


outros membros da comunidade falante dessa língua. Equivale a dizer que
um falante ao conhecer uma língua reconhece os sons típicos dessa Língua,
as palavras, os significados, etc e assim formar frases que possam ser
entendidas. Conhece o sistema de sons e significados dessa língua.

Chomsky refere IDEIAS VERDES INCOLORES DORMEM FURIOSAMENTE


como uma frase possível. Será?

Este uso por parte dos falantes é, quase sempre, empírico mas serve de
instrumento para o trabalho dos estudiosos. Ele é sobretudo muito criativo –
aspecto criativo da lingua – pois com os mesmos sons, palavras e
conceitos os falantes produzem um núnero infinito de frases.

O mais importante do conhecimento linguístico é associar os sons e


representar conceitos e significados. P. ex: flor é diferente de flora; pé de
pá; ler de ver. Como se pode observar, basta que se altere um som ou se
acrescente outro, surge uma nova palavra, um novo significado.

 O SIGNO LINGUÍSTICO

II

Alguns conceitos basilares da Linguística são signo linguístico e as dicotomias


língua/fala e competência/performance que a seguir se apresentam.

1.SIGNO LINGUÍSTICO

A língua é um sistema de sinais ou símbolos, isto é, um código, que serve como


meio de comunicação entre os membros de uma comunidade.
A esses sinais chamamos SIGNOS. Entendemos por símbolo aquilo que, por
convenção, se substitui a qualquer coisa ou que está no lugar de algo. A esses
sinais ou símbolos da Língua, os Signos, dá-se a designação de SIGNO
LINGUÍSTICO.

Por conseguinte, a Língua é um sistema de Signos.

Segundo Ferdinand Saussure, (1857 – 1913) signo linguístico é o produto de uma


associação da mente humana entre um conceito ou ideia e uma imagem sonora.
Um objecto ou um conjunto deles é representado, na linguagem, por uma
combinação de sons.

Na concepção da linguística estruturalista, o signo linguístico é uma entidade


psíquica indivisível, composta por dois elementos: o significado ou conceito e o
significante.

Para F. Saussure, em Curso de Linguística Geral, o signo linguístico é uma


combinação de um conceito com uma imagem sonora. Uma imagem sonora é algo
mental, visto que é possível uma pessoa estabelecer um monólogo (falando consigo
própria) sem mover os lábios, não produzindo som. Porém, as imagens sonoras são
usadas para produzir uma elocução (fala).

Se observarmos a linguagem verbal e na Língua como um código, os signos


linguísticos são, pois, os responsáveis pela representação das ideias ao mesmo
tempo que são as próprias palavras que, por meio da fala ou da escrita, se
associam a determinadas ideias. Pode-se assim afirmar que os signos linguísticos
apresentam duas faces ou componentes:a parte material (o som ou as letras), o
significante, e a parte abstracta (a ideia), o significado.

Assim, o signo linguístico é constituído por:

- Um conceito – o significado (signifié)

- Uma imagem sonora – o significante (signifiant) ou a forma fonológica, tal


como a gramática generativa classifica.

Por conseguinte, o signo linguístico é a unidade portadora de sentido.

1.1. A natureza do signo: arbitrariedade, linearidade, mutabilidade e imutabilidade

A primeira característica do signo linguístico, a arbitrariedade, mostra a não


existência de relação lógica entre o significante e o significado, isto é, não há uma
relação natural entre as duas partes do signo pois que este é resultado de uma
convenção da comunidade falante da Língua. Diz-se então, que a relação entre
significado e significante é imotivada.

Na linguística saussuriana, diz-se que a relação que une o significado ao


significante é marcada pela arbitrariedade. Assim, considera-se que o signo
linguístico é arbitrário porque é sempre uma convenção reconhecida pelos falantes
de uma língua. Por exemplo, a ideia de saco e o seu significante mostra que existe
arbitrariedade na relação significado/significante, porque em outras línguas o registo
fonético (ou seja, a sequência sonora) é diferente para o mesmo significado (bag,
em Inglês, ou sac, em Francês). Quer dizer, não existe uma relação natural entre a
realidade fonética de um signo linguístico e o seu significado.
Ainda na teoria “saussuriana”, consideram-se dois tipos de arbitrariedade: a
absoluta e a relativa, para dizer, respectivamente, a imotivação total do signo
(tomado isoladamente) e a imotivação relativa, como é o caso de mangueira
remete-nos para a palavra original manga, mas o seu sufixo -eira lembra-nos outros
signos semelhantes como bananeira ou mafurreira.

Além disso, os componentes que integram um determinado signo apresentam-se


um após o outro numa cadeia ou sequência, tanto na fala como na escrita, com
linearidade.

Como o significante é a sequência de sons, ele pode sofrer mudanças ao longo do


tempo passando uma sílaba acentuada para átona ou vice-versa (exemplo: aluguer
no Português de Moçambique é, muitas vezes, pronunciado alúguer e no Português
brasileiro aluguel).

A imutabilidade do signo é caracterizada por haver uma associação entre o


significante e um dado conceito que é imposto pela comunidade linguística, ou seja,
um locutor/falante não pode, individualmente, decidir modificá-lo.

Os signos linguísticos podem, não obstante, ser modificados ao longo do tempo,


pela evolução ou modificação do significante, do significado ou da sua relação.
Quando isto se observa, estamos perante a mutabilidade do signo.

2. Língua vs fala; competência linguística vs performance

Para Saussure, a língua é um sistema de valores que se opõem uns aos outros e
que está depositado na mente de cada falante de uma comunidade. Em
contrapartida, a fala é um acto individual que está sujeito a influência de factores
externos, muitos deles não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise.
Portanto a língua é, para este teórico, a “bagagem” de conhecimento linguístico que
o indivíduo possui na sua mente e que usa em situações concretas de comunicação
através da fala.

Estes conceitos foram melhorados ao longo da investigação linguística e deram


lugar a outras designações.

Para Chomsky, competência linguística é a capacidade que o falante tem de a partir


de um número finito de regras, produzir um número infinito de frases. Esta
competência é actualizada na comunicação pela performance.

Surgem então duas dicotomias de relevo: lingua vs fala e competência linguística


vs perfomance.
III

 A NOÇÃO DE REFERENTE (NO SIGNO LINGUÍSTICO)

 COMPETÊNCIA E PERFORMANCE LINGUÍSTICAS (RECAPITULAÇÃO)

 CONCEITO DE GRAMÁTICA E COMPONENTES (FONÉTICA,


FONOLOGIA, MORFOLOGIA, SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA)

1. O referente no signo linguístico

O signo linguístico, como unidade básica da língua e, por conseguinte, da


comunicação. A língua é então um sistema de signos. O signo possui um
significante (sequência sonora/fonológica) que se refere a um conceito ou
significado, só perceptível através do significante.

Para Lyons (1970), existe a noção de referente (um objecto concreto ou abstracto
da natureza) que se acresce ao signo. Ex: sofá, prato, janela, “bicho de sete
cabeças”, cansaço. Se observarmos, os dois últimos não são palpáveis mas podem
ser identificados.

2. Competência e performance linguísticas

Competência linguística refere-se ao conhecimento que o indivíduo possui da


língua, ou seja, do sistema de signos e regras que permitem comunicar (entender e
ser entendido) produzindo, a partir de um número finito de palavras um número
infinito de frases.

Na teoria “chomskiana” a competência, aplicada em situações concretas de


comunicação, traduz-se em performance. Assim, enquanto a competência se
refere a uma domínio mental do sistema de signos e regras, a performance significa
usar essa competência para comunicar em situações concretas.

3. GRAMÁTICA
O que é?
Pode ser definida de várias formas, todas elas consonantes. É vista como
a) Descrição das regras do funcionamento de uma língua;
b) Sistema interiorizado pelos falantes que lhes permite comunicar;
c) Sistema morfológico e sintáctico de uma língua;
d) Conjunto de normas que regem o uso da língua e definem os diferentes
empregos da mesma.

Estas diferentes definições dão origem a distintas formas de encarar a


gramática (descritiva, universal, prescritiva, normativa)

O que a compõe?
É constituída pela fonética (que estuda os sons da língua
independentemente da sua função), fonologia (que estuda a função que os
elementos fónicos desempenham na cadeia de fala e na comunicação),
morfologia (que estuda as palavras de acordo com as categorias e a função
nas partes do discurso), sintaxe ( que trata do papel que cada elemento
desempenha ou pode desempenhar na frase), a semântica (que estuda os
sentidos das palavras e das frases) e a pragmática ( estuda o uso da Língua
em situações reais de comunicação).

Ler:

Chomsky, Noam. O conhecimento da língua: sua natureza, origem e uso

Faria, I. Hub et al Introdução à linguística geral e portuguesa

Gallisson, R. Dicionário de didáctica de línguas

11.03.2024

FROMKIN, Victoria. Introdução à linguagem (pág 3-10)

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