Você está na página 1de 74

Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Língua e comunidade linguística

Noção de linguagem, língua, discurso, comunidade linguística, falante e fala

Linguagem

A linguagem é uma faculdade unicamente humana que consiste na capacidade de usarmos


simbolos verbais para representar o mundo, e por esse processo, conseguir realizar uma série de
actividades. Dar ordens ou conselhos, fazer perguntas, formular pedidos, emitir opiniões ou
sugestões, expressar emoções ou sentimentos, fazer advertências, transmitir informações…1

Na mesma senda, Ferdinande de Saussure (linguista Suíço), define a linguagem como uma
faculdade natural, inerente e universal, que o homem tem de construir um sistema que lhe serve
para comunicar. Tratamos aqui da linguagem articulada (humana) que segundo André Martinet
(linguista francês) exige uma dupla articulação: som e sentido; a linguagem articulada em dois
eixos: a língua e a fala.

Para os linguistas modernos existem duas formas de comunicação. A linguagem que


comporta os signos verbais e a forma de comunicação não verbal (a dança, os gestos, o batuque
etc.)

Línguagem é “um conjunto complexo de processos – resultado de uma certa actividade


psíquica profundamente determinada pela vida social – que torna possível a aquisição e o emprego
concrecto de uma LÍNGUA qualquer2.

E Gomes (2009, p. 58-59) corrobora com os autores supracitados quando define linguagem
como “uma faculdade, predisposição natural (cognitivamente organizada e biologicamente
condicionada) que leva os seres humanos ( sejam eles africanos, asiáticos, europeus, americanos… ) a
comunicarem na sua comunidade, através de processos simbólicos (representativos) e articulados
(língua).

A língua é um sistema de signos verbais específicos aos membros de uma comunidade. É


um instrumento de comunicação no interior desta mesma comunidade.

Língua é o conjunto das palavras e das regras gramaticais que regem a sua combinação3
1
AZEVEREDO, M. Olga et al, Grámatica Prática de Português – da Comunicação à Expressão, Lisboa, Raiz Editora, p. 10
2
Tatiana Slama-Casacu, Langage et context. Haia, Mouton, 1961, p.20 apud Cunha e Cintra (1984, p.1)
3
AZEVEREDO, M. Olga et al, Grámatica Prática de Português – da Comunicação à Expressão, Lisboa, Raiz Editora, p. 12.
1
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

De acordo como estatuto que lhe for atribuída pelo governo do país em que é falada, a língua
pode ser:

 Língua oficial: reconhecida pela autoridade estatal como língua que se deve utilizar na
administração e no ensino principalmente.
 Língua nacional: reconhecida pelo governo, mas subordinada á língua oficial. É geralmente
a língua de transmição cultural dos seus falantes.
 Veícular: é língua que se utiliza na interação social nas várias actividades dos indivíduos
de um país ou continente. No nosso caso, o Português é a língua veícular de Angola.
 Vernácula: língua materna de uma determinada comunidade.

Quanto a ordem de aquisição, a língua pode ser:

 Materna ou Primeira: é a primeira língua de aquisição ou a primeira língua que a criança


aprende.
 Segunda: é a segunda língua de aquisição.

O discurso é a língua no acto, na execução4.

Falante é o utilizador de uma língua e por isso faz parte de uma comunidade linguística.

A fala representa a realização individual, particular e concreta de uma língua. Cada indivíduo
usa a língua extraindo do seu sistema as palavras que melhor exprimem o seu gosto e pensamento,
pronuncia de palavras de uma certa forma, tem um certo sotaque, um certo ritmo, um certo timbre
de voz, […] opta por uma sintaxe pessoalizada, etc; o que quer dizer que, a fala é a maneira como
cada um usa a língua para se comunicar com os outros.

Comunidade linguística é um conjunto de falantes que utlilizam a mesma língua para


comunicarem entre si.

Língua (sistema social)

Fala (concretização individual)

Linguagem (faculdade humana)

4
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley, (1984) Nova Gramática do Português contemporâneo, 2ª edição, Edição João Sá da Costa, p. 1
2
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Exercitando…

1. Considerando os conceitos de língua (l) e fala (f), relacione-os com as seguintes


característicais (marcando a letra correspondente):
 de realização instantânea; (f)
 de carácter permanente; (l)
 de operacionalização individual, (f)
 de carácter social, (l)
 de base abstracta; (l)
 de índole concrecta. (f)
2. A palavra linguagem, para além deste sentido “natural” (e restrito), originário, foi sofrendo
alguns “entorses”, “distorções” semânticas, segundo alguns investigadores.
a) Refira alguns desses usos.
3. Complete com linguagem, língua ou fala:
A ----------------------------- italiana é, tal como a portuguesa, uma ------------------------ latina.
4. O que entende por língua materna e Veicular?

Noção de signo linguístico

O significado. Significante

Tomemos a palavra árvore: é um signo linguístico, como aliás o são as palavras caderno,
folha, bolo, vestido, livro.

Neste signo linguístico, vamos distinguir:

 Signicante: conjunto de sons – fonemas, na escrita representados por sinais gráficos


– grafemas.
 Significado: é o conteúdo semântco.

Assim, o conjunto formado pelo significante o significado dá-se o nome de signo


linguístico.

Ao objecto ou ideia que o signo linguístico representa damos o nome de referente.

3
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Em geral, o signo linguístico é arbitrário, porque entre ele e a realidade não existe uma
ligação obrigatória, ou seja, para Azevedo (2010), a relação que une o significado e o significante é
uma relação arbitária, no sentido em que não natural. De facto, não há uma relação natural entre um
conceito e a sua imagem acústica e mesmo nas situações em que essa relação poderia parecer
natural, como ocorre, por exemplo, com as onomatopeias (au-au, para exprimir o ladrar dos cães,
piii, para expressar o som do funcionamento da buzina de um automóvel, etc). Além da
arbitrariedade é também convencional, porque as línguas recorrem, nas maior parte dos casos, as
palavras diferentes para referir, designar um mesmo objecto ou referente.5

Signo

significante significado

(a palavra letemóvel, imagem acústica) (o objecto que é o telefone)

Exercitando…
1. O que entende por signo linguístico?
2. Estabeleça a diferença existente entre signo linguístico e referente.
3. Há signos cujos referentes não são palpáveis (ex: alegria, lealdade…) e outros cujos
referentes não são do mundo real, mas de mundo fictícios, oníricos (isto é, de sonho),etc. (as
fadas, as sereias, os faunos.
a) Dê exemplos do primeiro e do segundo caso.6
4. O escritor Saint-Éxupéry, na sua obra cidadela escreve:
“se eu denomino “casa” determinado arranjo das minhas pedras, não tem a liberdade de
mudar a palavra, sob pena de ficares só, por não saberes fazer-te compreender.”
5
Quem ladra ou morde não é o signo linguístico “cão”, mas o seu referente (o ser). Não há
qualquer semelhança entre a palavra “cão”e o animal a que ela se refere. Por isso se diz que o signo
linguístico é arbitrário. Mas essa arbitrariedade pode aparecer atenuada em casos como maçã e
macieira, estes signos são abitrários quanto aos seus referentes, mas há, entre eles uma certa
relação ou motivação, como há entre cereja e cerejeira, ou entre justo e justiça, por exemplo
(Gomes, 2009, p. 111).
6
Amizade, serenidade, simpatia…; elfos, centauros, grifos.
4
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

a) De que dimensão é que o escritor esta a falar? Explique.7

Sistema de comunicação

1. Emissor: é o agente que produz ou difunde a mensagem ou sujeito falante que inicia a
comunicação. Pode ser uma pessoa, ou um emissor de rádio ou televisão.
2. Receptor: é o agente que recebe a mensagem Pode ser uma pessoa, ou um aparelho receptor.
Assim, considerando a relação emissor e receptor, podem distinguir-se três tipos de
comunicação:
a) Monólogo: o emissor fala consigo próprio, sendo ao mesmo tempo emissor e receptor
numa espécie de diálogo interior.
b) Diálogo: o emissor e o receptor trocam sucessivamente os papéis de emissor e emissor.
O que primeiro é emissor é receptor logo que o interlocutor lhe responde, reasssumindo
seguidamente o papel de emissor e assim sucessivamente.
c) Difusão: o emissor comporta-se sempre como emissor e o receptor como receptor. A
difusão verifica-se nos livros, revistas, jornas e maior parte das vezes na rádio e na
televisao em que o número de receptor é indeterminado.
3. Canal de comunicação: é o meio pelo qual se envia a mensagem: o ar atmosférico (no
diálogo), o papel (nos livros, jornas e revistas), os fios (no telefone), as bandas de frequências
(na rádio e na televisão). As interfências que obstruem o canal de comunicação (que impedem a
compreensao da comunicação entre o emissor e o receptor) dá-se o nome de ruído.

O ruído pode ser:

a) No canal de comunicação; exemplos: a altura do som, a intensidade da luz, as


interferências numa conversa telefónica, um erro tipográfico (gralha) e uma manha que
dificulta a leitura.
b) No emissor; exemplos: a gaguez e a mal pronúncia de certas palavras.
c) No receptor; exemplos: a surdez, a atenção e a memória.
d) No código; exemplos: problemas ligados à pontuação, erros ortográficos ou morfo-
sintáctico e o desconhecimento do significado de certas palavras.
7
O escritor considera a relação entre o significante e o significado e o seu referente, isto é, a
entidade do mundo (real, irreal, inírico…) a que o signo se reporta. Os especialistas falam de –
“relação sígnica.” (Gomes, 2009, p. 324).
5
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

4. Mensagem: é a informação transmitida, ou seja, o aspecto significativo do texto emitido,


contendo a realidade extra-linguística a que o significado se refere.
5. Código: é o conjunto de signos (palavras) de uma língua e o modo de emprego ou regras
combinatórias desses signos.
6. O referente ou contexto: são as circunstâncias que envolvem a comunicação da mensagem, os
referentes e as respectivas referências (individual, coisas ou ideias), o tempo eo lugar (onde se
transmite).

Situação de comunicação

Do ponto de vista situacional, a comunicação pode ser:

Bilateral: o diálogo, o intercãmbio


Numa comunicação bilateral, como é o caso do diálogo, do debate, da entrevista, cada
interlocutor é ao mesmo tempo emissor e receptor. Esta dupla função comunicativa é
também presente no monólogo, porque o locutor é ao mesmo tempo emissor e receptor da
própria mensagem.
Unilateral ou unidirecional
Neste tipo de comunicação, o discurso produzido pelo emissor dirige-se a vários receptores
que não interferem, de imediato, no acto comunicativo. Exemplos: conferências, os meios de
comunicação sociais como a rádio e a televisão, os livros, as revistas, os jornais, etc.

Multidireccional
Discurso específico dentro de um grupo restrito (família, na escola, no grupo religioso, na
associação, etc. ). Exemplo: a acta de uma reunião, regulamento interno de um grupo, etc.

Tipos de linguagem

Há três tipos de linguagem:

 Linguagem verbal: a que é realizada pela palavra. Pode ser:


 Oral: através do diálogo em presença, do telefone, da rádio, da televisão;
 Escrita: Através do livro, jornal, carta e até da televisão.
 Linguagem não verbal: a que é relaizada por outros meios que não seja a palavra. Pode ser:
 Gestual: através de gestos (linguagem dos mudos, continência militar, piscar de olhos);
 Sonora: concretizada através de sons (de batuque, toque de campainha, toque de sirene
etc.);
6
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Icónica: através de ícones, numa relação de semelhança (desenhos em placas na via


pública significando parque de campismo, hospital, obra na estrada, etc.).
 Linguagem mista: é aquela que é simultaneamente verbal e não verbal; a anedota ilustrada, a
BD, o cartaz publicitário.

Funções da linguagem e sua relação com os elementos fundamentais da comunicação

As funções de linguagem são como as cores, na vida. Geralmente, não aparecem em “estado
puro”, mas combinam-se duas ou mais, num mesmo texto, o que dificulta a sua identificação.
Portanto, a presença de mais de uma função de linguagem num texto chama-se co-presença das
funções no acto da linguagem8.

As funções de linguagem são as formas de manifestação da intenção do emissor em relação o


receptor. Como os factores constituintes do sistema comunicativo, as funções de linguagem são seis
(06) que são:

1. Função emotiva ou expressiva: centrada no emissor. Este exprime directamente um sentimento


e emoções que caracterizam a atitude do emissor.

A função emotiva de linguagem representa a expressão de uma carga afectiva – alegria,


irritação, entusiasmo, supresa, etc. Tem como marcas / características: 1ª pessoa / marcas pessoas
(opiniões, pontos de vistas pessoal, - adjectivação expressiva, frases exclamativais, interjeiçõese
sujectividade.

Exemplo: oh, meu companheiro, minha visinha aflita, meu amor de terra e de água, que
estais escondidos ao frio e à neve, como personagem duma fatalidade tradicional,
levantai-vos e dirigi alegremente ao crepúsculo a vossa saudação fraterna. “Antunes da
Silva, uma Pinga de Chuva”.
2. Função informativa ou referencial: centrada no referente. Está presente sempre que o emissor
se limita informar objectivamente o receptor de uma realidade ou acontecimento. É caracterizado
pelas seguintes marcas: 3ª pessoa, adjectivação restrita, frases declarativas, objectividade,
clareza, relação com o referente ou uma realidade extralinguística.

8
Cf. Herculano de Carvalho apud Eugenio Coseriu
7
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

3. Função poética: centrada na mensagem. O emissor procura palavras belas e expressivas bem
como frases estruturadas com figura de estilo e de imagem para poder criar rítimos agradáveis
tornando assim a mensagem atraente de forma a criar o prazer de leitura.
4. Função Fáctica: centrada no canal. Está presente sempre que o emissor quer estabelecer a
comunicação ou verificar se o contacto entre ele e o receptor se mantém, ou seja, o emissor e o
receptor procuram verificar se o canal de comunicação funciona e se mantem o contacto entre os
dois participantes do acto comunicativo, ou seja, funçao de manutenção de contacto. Tem
como marcas / características: fórmulas sociais de sudação, de interpelação, de agradecimento,
de despedida.
Exemplos: Aló! Aló! - bom dia!, - olá viva. – por favor, viste a Clara? – bom, hoje acho que
não a vi. – obrigado. Adeus! Beijinhos.
5. Função metalinguística: centrada no código. Está presente sempre quando se verificar se o
emissor e o receptor usam o código com o mesmo conteúdo semântico e sempre que se estuda a
linguagem através da língua. Tem como marcas / características: estruturas explicativas – isto
é, quer dizer, tem o significado de…
6. Função apelativa: centrada no receptor. O emissor utiliza a linguagem para influenciar o
receptor dando-lhe uma ordem, conselho ou pedindo-lhe que assuma um determinado
comportamento. Nesta função predomina o vocativo, o modo imperativo, a frases interrogativas,
estruturas do tipo: é urgente, é proibido.
Exemplo: calem-se! Leves nos preços; leves no peso!

Exercitando…
1. Verifique nos seguintes textos qual é a funçao de linguagem predominante.
a) Mar, s.m (do lat. Mare, -is). 1. Grande extensão de água salgada que cobre uma parte
considerável da terra; o elemento líquido do globo por oposição ao sólido. A casa tem
vista para o mar. o mar é uma importante fonte de riqueza. As traineiras ficaram em
terrra, porque o mar está muito bravo. [In DLPC]9.

b) Mar!
É um aberto poema que ressoa
No búzio do areal…
Ah, quem pudesse ouvi-lo sem mais versos!
Assim puro,
Assim azul
Assim salgado…
Milagre horizontal
9
Função metalinguística, uma vez que se explica o significado de um elemento sistema, do código
linguístico – o vocábulo “mar”.
8
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Universal
Numa palavra só realizado.
Miguel Torga (Diário XI)
c) “O pai chega no avião das 20 horas”.
d) “Boa tarde!”
2. Num diálogo mãe/filha, a mãe profere o seguinte enunciado: “este quarto continua todo
desarrumado”.
a) Qual é a função de linguagem predominante e a que está subjacente ou a que pode ser
descortinado por quem conhece a situação?
3. Dê alguns exemplos de frases curtas, em que a função dominante seja apelativa.

Registo de linguagem

O falante, segundo as circunstâncias, pode e deve escolher o nível de discurso que convém à
situação de cada acto de comunicação. Ao se dirigir a um companheiro de trabalho, a um superior
ou a um desconhecido o falante não se exprime da mesma maneira, portanto, variamos o que
dizemos, segundo as situações em que as dizemos, isto é, de relação de conhecimento mútuo, de
confiança, de poder, da temática tratada, etc..

A essa adequação da nossa expressão à situação de comunicação dá-se o nome de “registo” ou


“variedades funcionais”. Estes registos são:

1. Língua familiar: é a linguagem do dia-a-dia, com o emprego de vocabulário e estruturas


sintácticas muito simples e usuais. O nível familiar compreende a linguagem despreocupada e
relaxada.

2. Língua popular: registo de língua caracterizada pelo vocabulário simples e desvio da norma
nos domínios fonético, morfológico e sintáctico.

É uma linguagem marcada pelo uso de expressões de carácter e proverbial que lhe confere
uma certa expressividade. Baseada na oralidade, as palavras e as construções sintácticas
evidenciam a tendência pa a simplificação, através, por exemplo, de troca de sons ou omissão
de sílabas. É mais espontânea que a linguagem familiar. Dentro deste registo de língua
encontramos: o calão – utilização de expressões grosseiras, e até obscenas. Exemplo: cagaço,
gajo, seu urso. A gíria – linguagen própria de certos grupos sociais, de certas profissões.
Exemplo: gramar, furo, bófia, bué. O regionalismo – registos de língua próprios da população
que habita as aldeias afastadas dos centros urbanos, distinguindo-se pelo léxico, pela pronúncia,
9
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

pela sintaxe e até pela semântica. Exemplo: molete, papo-seco, troca do b e do v, característica
do grande Porto.

3. Língua corrente: registo de língua caracterizada pelo vocabulário comum, simples, padrão,
entendido por todos os indivíduos de uma mesma comunidade (Norma) e a construção
frásica normal e concrecta. Ela serve os meios de comunicação social de massas e é utilizado
pela maioria dos falantes, usada nas aulas, nas relações profissionais, independentemente do
estatuto sociocultural. O vocabulário e a construção sintáctica seguem a norma, isto é, não
apresentam marcas individuais ou específicas de outros níveis de língua. É a linguagem
simples, sem adornos, mais usadas nas nossas conversas ou correspondências habituais.
Exemplo: fala educadamente; não devias comer tanto.

4. Língua Cuidada: é um tipo de língua caracterizada pelo vocabulário rico, mais seleccionado
e construções básicais mais elaboradas. Registo de língua presente em conferências ou em
artigos literários e científicos. Exemplo: modere a sua linguagem; devias comer com
moderação.

5. Linguagem técnica-científica: corresponde a termos técnicos ou cintífico, que é a


terminologia especializada, exacta e rigorosa, que não é do conhecimento de muitos falantes.
Esta linguagem é própria de dicionários, glossários e enciclopédias especializados, assim como
de livros técnicos.

Quadro-síntese dos níveis de língua

Características Exemplos

Nível  Vocabulario rico, mais seleccionado  Modere a sua


linguagem.
Cuidado
 Construção frásicas mais cuidadas
 Devias comer com
moderação
 Implica um grande esmero na pronúncia, na
sintaxe, no léxico mobilizado, nas formúlas de
cortesia, etc.

Nível
 Vocabulário comum, simples, padrão,  Fala educadamente
corrente
entendido por todos os indivíduos de uma  Não devias comer
mesma comunidade (norma). tanto

10
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Construção frásica normal e correcta. (ex: nas


aulas nas relações interpessoais correntes,
profissionais; uso dominante, sentido como
“refência”)

Nível  Vocabulário simples  Você


familiar
 Tom coloquial  Não sejas lambão

 Frases e expessões próximas da linguagem oral

Nível Vocabulário simples Calão (utilizações de Cagaço, gajo, seu urso


popular expressões grosseiras,
Desvio da norma nos
insultuoso, obsenas etc.)
domínios fonéticos,
Gramar, furo, bófia, bué,
morfológicos e Gíria (linguagem de certos
amarar a matemática,
sinatácticos. grupos sociais, de certas
profissões)

Regionalismo (registo de
língua própria da população
que habita as aldeias mais Molete, papo-seco, troca
de b e do v, característica
afastadas dos centros do grande porto
urbanos, distinguindo-se
pelo léxico, pela
pronúncia, pela sintaxe e
até pela semântica.

Exercitando….

1. Leia os textos que se seguem e indique a que nível de língua pertencem, tendo em conta o
levantamento de expressões nas quais a linguagem assuma funções diversas, justificando a
tua resposta.

2. Que função de linguagem predomina nestes texto.

11
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Texto 1.

Aqui a semanas perdi o emprego, e aqui há dias a minha mulher, a Amélia, disse-me: «vai
ao Vitinha, homem, ele sempre há-de arranjar qualquer coisa.» Boa ideia. À noite disse aos
amigos: «Amanhã vou ver o Vitinha. Vou falar com ele…» Todos ficaram alegres. «Dá lá
recomendações, pá, disse o Nataliano. «Não te esqueças», avisou o Necas.10

Texto 2.

São velhas, pode dizer-se, todas as cidades da Europa, e são velhíssimas todas as grandes
cidades. Só na América se improvisam os grandes centros de população, fazendo-se, desde
os fundamentos, toda uma cidade com a rapidez como na Europa se faz um bairro. Não
entrando e o ar mal circulando nas suas ruas estreitas e tortuosas. As praças e jardins, que
são uma espécie de pulmões, orgão sem aptidão para o papel que lhes destinavam.11

B. Camalho, in Questões Nacionais

Texto 3.

Quando de tal me apercebi, saltei por cima do regedor, torto de borracho, rapei do estadulho
dum carro que ali estava e depois de varrer o campo com dois molinetes, pernas para que
vos quero! Em menos tempo do que se pisca um olho, estava de largo.

Foram sobre mim, mas podem eles lá pilhar-me, lesto como era, lesto como ia com o vinho
orçado para me acender o ânimo, e na alma um aguilhão: avante!12

Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas

TIPOLOGIAS TEXTUAIS

Texto Literário e não Literário

Características

Texto literário Texto não literário13

10
Texto 1 R: l.f
11
Texto 2R: l.cdd
12
Texto 3R: l.pp
12
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 É não informativo. O discurso literário  É informativo, sendo a lingua não mais


não é em primeira instancia um discurso que um suporte para transmitir
utilitário, como o da imprensa; conteúdos.

 Tem um intenção estética (desperta  Tem intenção imediata, utilitária;


emoções, o prazer, através da
«elegância» da linguagem; pretende
provocar no leitor ou ouvinte
determinadas impressões ou provocar
sentimentos. Para isso recorre a
processos técnicos-estilísticos que
refectem uma maneira original de ver e
falar do mundo (figuras de estilos,
associações de expressivas de palavras,
…)

 Através da maneira como se organiza,


procura dar uma visão sujectiva do  Procura transmitir objectivamente,
mundo (interior e exterior). Dá grande procura revelar a coerência, clareza e
importância a forma. Por isso é que se ordenação lógica. Por isso é que se diz
diz que é um texto subjectivo. que é um texto objectivo;

 Desvia-se da norma ou até mesmo do  Usa a norma;


próprio sistema que serve do veículo;

 O problema da veracidade da mensagem


ocupa quase sempre um lugar  A veracidade da mensagem é muito
secundário; importante;

 Tendencialmente ambíguo e
plurissignificativo, polissémico  Evita a ambiguidade, porque o seu
(podendo suscitar diversas objectivo é transmitir uma determinada
interpretações…); mensagem com o máximo de
objectividade (unissignificativo);

 Usa com maior ou menor predominância


a linguagem conotativa;  Linguagem predominantemente

Segundo Miguel e Alves, 2016:177, chamam este tipos de de textos de “transaccionais ou normativos, dado que, têm
13

como objectivo satisfazer algumas necessidades de comunicação burrocrática e administrativa e que se utilizam
geralmente em serviços. Ex: carta, curricular, ofício, requerimento, declaração, relatório, contracto, comunicado, aviso,
convocatória e acta, curriculum vitae e memorando.
13
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

denotativa;

 Predomina a função poética da


linguagem  Predomina a função informativa da
linguagem.

 É quase exclusivamente em prosa.


 Pode ser em versos ou em prosa;

A carta

A carta é um texto escrito a que recorremos entre outros meios, como, por exemplo, o
telefone, o fax, o email…) quando queremos contactar alguém.

A forma como nos dirigimos ao destinátario depende do grau de conhecimento ou


intimidade que com ele temos, mas também, da posição social ou funções profissionais por ele
desempenhadas.

Há, fundamentalmente, dois tipos de carta:

Carta pessoal ou informal – para comunicar com os amigos e familaiares, exprimir


sentimentos, dar notícias, etc.

Carta formal – visa objectivos profissionais ou oficiais: dar ou pedir informações,


estabeleccer relações comerciais ou profissionais, reclamar junto de uma empresa, etc.

A carta familiar é simples e, sendo informal, as regras não são rígidas:

 A linguagem adequa-se ao grau de intimidade entre remetente e destinatário. Cabe ao


remetente saber se pode usar termos coloquiais ou mesmo gíria;

 A assinatura pode ser apenas o primeiro nome ou apelido, dependendo da situação;

 Caso se esqueça de dizer algo importante e já tenha assinado a carta, poderá acrescentar
um PS, abreviatura latina da expressão post scriptum, que significa “escrito depois”. No PS
pode escrever o que quiser;

14
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 As cartas informais são sempre manuscritas.

Carta formal

As cartas formais podem ser de diferentes tipos e dependem das diferentes circunstâncias
que motivam a sua redação. Existem cartas comerciais, de reclamação, de pedido de emprego, de
resposta a um anúncio, de cortesia, etc.

Para este tipo de carta o tratamento é sempre formal, devendo usar-se uma linguagem clara e
cuidada. Frases curtas e bem estruturadas.

Conforme se trata de uma carta familiar ou formal, há que ter em conta certas regras:

Na parte superior da folha de uma carta devem ser registados, em primeiro lugar, o local e
a data. Se a carta é formal, normalmente surge a identificação de quem a envia na parte
superior esquerda e a identificação do destinatário na parte superior direita a que se segue
então o local e a data.

Em seguida, numa carta formal é usual aparecer do lado esquerdo uma brevissíma
referência ao assunto.

Só então, antes do início do texto, o emissor deve dirigir-se ao destinatário através de uma
formula de tratamento adequada.

Para finalizar, na carta deve ser ser inserida uma expressão de agradecimento pela atenção
dispensada, referindo as expectativas de uma resposta ou enviando cumprimentos. É claro
numa carta familiar, os cumprimentos serão substituidos por expressões afectivas.

Por última, normalmente do lado direito, umas linhas abaixos, registar-se-á o nome /
assinatura do autor (opção a fazer em função do grau de familiaridade / formalidade da
carta).

É claro que também podemos recorrer à carta para nos candidatarmos a um emprego.

Numa carta forma, começariamos, de acordo com os diferentes destinatário, com as seguintes
formúlas de tratamento:

15
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Luanda, 15 de Janeiro de 2017

 Ex.mos Senhores

 Ex.mo Senhor

António Ferreira

 Ex.mo Senhor

Eng.o Fernando Sá

 Ex.mo Senhor

Dr, Joaquim Antunes

 Ex.ma Senhora

Dr.a D. Francisaca Melo

 Ex.ma Senhora

D. Naria Teresa

e terminaríamos com as seguintes formúlas de despedida:

 Atentamente,

 Subscrevo-me atentamente;

 Agradecendo desde já a disponibilidade que queiram demonstrar-me, subscrevo-me


atentamente,

 Antecipadamente grato pela atenção dispensada, subscrevo-me com os melhores


cumprimentos,

 Atenciosamente,

 Com os melhores cumprimentos, João Ferreira.

16
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Carta informal 14

Maria Texeira
Avenida da Boavista, 250, 6.º B
4700-240 Porto
Norquímica
Pç. Mouzinho de Alburquerque,
123, 1.º
4000-312 porto
Assunto: Candidatura ao emprego

Ex.mos Senhores
Conclui em 20 de Junho de 2008 uma licenciatura em Ebgenharia Química, área que
sempre me motivou e que hoje se revela da maior importância, dados os problemas ambientais que
a todos hpje nos preocupam.
Visto ter tido do prestigioso trabalho desenvolvido pela v/ empresa nessa área, venho, por
este meio, candidatar-me a lugar onde possa desenvolver uma actividade compatível com a minha
preparação e interesses.
Possuo bons conhecimentos de informática – na óptica do utilizador – e de línguas – Inglês,
Espanhol e Francês.
Antecipadamente grata pela atenção que queiram dispensar-me, fico a agaurdar uma
resposta e subscrevo-me,
Atenciosamente
Maria Texeira
Anexo: Curriculum Vitae

Carta informal15

Évora, 16 de janeiro de 2003

Queridos Pais,
Só agora lhes escrevo porque tenho andado muito atarefada com a mudança de casa. Há
muitas coisas a fazer e o tempo é sempre pouco. Enquanto o Zé vai dando uns

14
Cf. Azeveredo et al (2013:446-448) ”Da comunicação à expressão…”
15
Cf. Rodrigues (2004:100-101) “evolução da comunicação linguística…. Didáctica da gramática”

17
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Ultimos retoques aqui e ali, eu trato dos cortinados, dos tapetes e das disposição dos móveis.
Andando muito cansados, mas vai ser uma alegria quando inagurarmos a casa, no dia dos anos da
Martita. Espero que possam vir para verem a casa nova e matarmos saudades.
Escrevam e mandem notícias.
Beijos de miúdos, que estão cheios de saudades. Um abraço do Ze.
Muitos beijos da filha muito amiga, Mariana.
P.S digam ao Rui que também está convidado para a festa.

EXERCITANDO….

1. Elabore uma carta, dirigida a uma personalidade conhecida, a agradecer uma


generosidade comparticipação em dinheiro para a Associação de Beneficiência de que é
Presidente.

2. Escreva uma carta de reclamação, por maus serviços prestados, a Direcção de um hotel
onde se hospedou num fim-de-semana.

MEMORANDO

Memorando é o meio de comunicação muito utilizado entre os funcionários de uma


instituição ou dependências da instituição. Visa resumir e sintetizar informações. É breve, com três
parates fundamentais:

Estrutura

 Intrudução:

 O cabeçalho deve conter a palavra memorando, ao centro.


 Escrever o nome do receptor (nome, função e sector), precedidos da palavra Para;
 Emissor (nome, função, sector), precedidos da palavra De;
 Escrever a palavra Data seguida de dia, mês e ano
 Escrever Assunto e de forma concissa; referir o conteúdo do documento.
 Desenvolvimento
 Seja claro e conciso e use frases curtas.
 Use a terceira pessoa, nunca a primeira.
 Seja directo não use redundância.

18
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Conculusão

Ao contrário da carta, o memorando não é, nunca, assinado; no final escrevem-se, apenas as


iniciais, em maiúsculas, do autor.

Exemplo de memorando:

(Nome da instituição)

Memorando

PARA: Todos os trabalhadores da Academia Strong.

DE: A. Alves Neves, Director Recursos Humanos

DATA: 28 de Outubro de 2015

ASSUNTO: Trabalho ao sábado de manhã.

A direcção da Academia Strong decidiu aumentar o período laboral dos seus serviços, no
sentido de alargar a clientela, abragendo assim um público com um nível etário mais jovem.
Deste modo criar-se-ão duas novas turmas de ginástica rítmica, uma juvenil outra infantil a
funcionar aos sábados entre as 9 e as 12 horas.

Um documento pormenorizado com os turnos de cada um será em breve divulgado.

Espera-se da parte de todos os professores e pessoal auxiliar a melhor receptividade.

A.A.N.

EXERCITANDO……

Escolha uma das seguintes opções para redigir um memorando:

a) A escola de dança onde está inscrito promovéra um aumento nas quotas dos sócios.
Explique as razões desse incremento e a data a partir da qual se concretizará.

b) A sua empresa, ao celebrar mais um aniversário, vai promover um sorteio de dez portáteis
pelos trabalhadores. Redija o memorando e inclua dois procedimentos de sorteio.

19
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

FORMAS DE TRATAMENTO

As formas de tratamento são um recurso de língua de natureza formal, com a função


discursiva de evitar obstáculos ou ruturas na comunicação. A opção por uma forma de tratamento
em detrimento de outra é determinada pela distância psicossocial (familiaridade/proximidade). Quer
o locutor, quer o interlocutor contam com a ativação de formas adequadas à situação interativa.

Todavia, cada falante dispõe de várias formas de tratamento para se comunicar e essas
formas refletem as relações existentes entre os falantes: as relações podem ser muito formais,
formas e informais16.

 Tratamento informal: (tu) – os verbos e os pronomes ficam na 2ª pessoa do singular.

Ex: trouxeste os teus apontamentos, para me emprestar? Pedi-te, ontem que mos
trouxesses.

 Tratamento formal: Senhor (a/s), Doutor (a/s), Enginheiro (a/s)… – o verbo e os pronomes
ficam na terceira pessoa do singular.

Ex: Por favor, Sr. Professor, pode emprestar-me o livro sobre Génetica molecular?

 Tratamento muito formal: Excelência, Eminência… – o verbo e os pronomes ficam na


terceira pessoa do singular.

Ex:Vossa Excelência permite que lhe ofereça um café?

Outra classificação da forma de tratamento17:

 Familiar: tu, amigo;

 Formal: o Senhor, a Senhora;

 Honoríco: Senhor Presidente, Senhora Ministra;

 Nobiliárquico: Vossa Majestade, Sua Alteza;

 Eclesiástico: Monsenhor, sua Eminência;….

16
Cf. Miguel e Alves, (2016) “Saber + Manual de Língua Portuguesa para o ensino universitário”, p. 297

17
Gramática moderna da língua portuguesa, (2013) 2ª Edição.

20
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Académico: Senhor doutor, Professor Doutor, Mestre, … etc.

A pessoa a quem se dirige no discurso pode ser expressa pelos pronomes de segunda pessoa
(tu, vós) ou pelos pronomes de tratamento (você/s) que concordam com o verbo na terceira pessoa.

A forma de tratamento que se usa a segunda pessoa do plural (vós), expressa ou subdendida,
é rara. Utiliza-se nos discursos litúrgicos ou muito formais.

A forma de tratamento que se usa a segunda pessoa do singular (tu), expressa ou


subdendida, é normalmente reservada ao tratamento familiar, entre amigos ou no tratamento de uma
pessoa mais nova.

O pronome você quando está explícito numa frase usa-se a nível familiar ou informal por
pessoas que não se tratam por tu – vizinhos ou colegas de trabalho – mas mantêm uma relação de
igualdade, ou numa relação de um superior para um inferior, (por exemplo; “você ouviu?”).

No tratamento formal ou de um inferior para um superior, o pronome você é evitado; pode


ser considerado desreipeito. Assim, utilizam-se formas em que o pronome é omitido ou outras
expressões de tratamento, como o senhor/a (por exemplo; “o senhor ouviu?”) ou expressões que
identificam a função ou dignidade do interlocutor («o senhor doutor ouviu?»).

Ao adoptarmos uma forma de tratamento para com uma pessoa, devemos manter essa forma.
É incorrecto taratar uma mesma pessoa ora por tu, ora por você.

Nas formas de tratamento, há que ter em conta os pronomes pessoas de sujeito, os de


complemento, os reflexos e os possessivos.

Pronomes Pronome Pronome Pronome Pronome Pronome Pronome


pessoas de pessoal de pessoal de pessoal pessoal pessoal possessiv
sujeito/ complement complement reflexo com com a o
Formas e o directo o indirecto preposicã preposição
tratamento o (a, para, com
de,
contra,...)

Te Te Te Ti Contigo Teu/tua

Eu vi-te na Depois Magoaste- Isto é para Fico Esta é a


Tu
Mutamba telefono-te te ti. contigo tua sala

o/a Lhe Se Si Consigo Seu/sua

21
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Você eu vi-o na Depois Magoou-se Isto é para Fico Esta é a


mutamba telefono-lhe si consigo sua sala
Senhor/a
Vos Vos Se Vocês Convosco Vosso/a/s

Vocês Eu vi-vos na Depois Magoaram Isto é para Fico Esta é a


Mutamba telefono-vos -se vocês. convosco vossa
Senhores/a
s Fico com Sala.
Os/as Lhes vocês
Fico com
Eu vi-os na Depois os/as
Mutamba telefono-lhes senhores/a
s

NOTA: na escrita só se admitem abreviaturas das formas de tratamento quando seguidos do


respectivo nome. Caso contrário escreve-se por extenso.

Assim:

O Sr. Gomes quer o café? Ou O Senhor quer o café

O Dr. Marques já saiu. O doutor já saiu

A Prof.ª Alzira vai viajar. A professora vai viajar.

Tratamento reverente em abreviaturas

Dom, Dona D., D.ª


Doutor, doutora Dr. , Dr.ª
Com doutoramento (grau) Doutor
Enginheiro/a Eng.º / Eng.ª
Excelência Exa. ou Ex.ª
Excelentíssimo/a Exmo. / Exma. ou Ex.mo / Ex.ma
Frei Fr.
Ilustríssimo/a Il.mo/a ou Il.mo/a ou Ilmo./a.
Magnífico Magº
Meritíssimo MM. / M.mo

22
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Mestre M.e
Monsenhor Mons.
Professor Catedrático Professor
Professor/a Prof., Prof.ª
Reverendíssimo Revd.mo
Reverendo Padre Rev. P.e
Senhor/a/s Sr. / Srs. / Sra. ou Sr.ª / Sr.ªs
Senhorita Sr.ta
Sua Eminência S. Em.ª
Sua excelência S. Ex.ª / S. Exa.
Vossa Excelência V. Ex.ª / V. Exa.

Exemplos:

(Você) quer que lhe sirva alguma coisa?


(Tu) queres que te sirva alguma coisa?
O Senhor quer que sirva alguma coisa
A V.Excia. quer que lhe sirva alguma coisa?

EXERCITANDO…

Transforme a forma de tratamento dos seguintes texto para o tratamento mais formais.

Texto A

Peça-lhe que me conceda a honra de o convidar para o meu padrinho de casamento como
você se deve lembrar, esse foi sempre o desejo do meu pai e, da minha parte, sentir-me-ei
particularmente feliz por tê-lo assim como padrinho. Então, o você aceita o meu pedido?

Texto B

Verá você, que tudo se passará à dos seus desejos. Não receie incumprimentos, nem
subestime a a lealdade dos seus amigos. Eles estão todos prontos a ajudá-lo a sair deste impasse.

Transforme o texto, alterando a forma de tratamento. Comece por sublinhar, em cada


frase, as partes que vão ser modificadas.

23
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Eu queria escrever-te uma carta / Amor, / Uma carta que dissesse / Deste anseio / De te ver /
deste receio / De te perder / Deste mais que bem querer que sinto / Deste mal indefinido que me
persegue / Desta saudade a que vivo todo entregue / Eu queria escrever-te uma carta / Amor, …

Frase Tu Você Senhor / Senhora

Eu ir convidar/te/o/a
para a festa

Lembrar-se do
combinado?

Trabalharei com…

Esta ecomenda é
para…

Escrever-te/lhe-ei

O requerimento

O requerimento é um texto em que um cidadão se dirige à autoridade solicitando a


satisfação de um seu interesse.

A base do deferimento ou indeferimento decorre da conformidade, ou não, com a lei e


com os requisitos exigido em cada caso.

Estrutura do requerimento

É habitual as instituições terem expostos ao público os formulários dos vários


requerimentos – que bastará copiar (os funcionários, por vezes, não aceitam os que não obedecem
estritamente ao modelo).

São componentes do requerimento:

1. Identificação do cargo da entidade (Presidente, Ministro, Governador, Chefe, Director…) e


da instituição a que se dirige;

2. Identificação do requerente (que será específica, consoante as circunstâncias e requisitos –


os processos de identificação podem diferir, por exemplo, se nos dirigimos a uma
24
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Repartição de Finanças ou a uma escola): nome, número do bilhete de identidade, morada,


profissão, estado civil, número de contribuinte, naturalidade, ….;

3. Pedido e fundamentação do que é requerido, de modo a que o destinatário possa avaliar e


pronunciar-se: deferir ou indeferir;

4. Formúla de fechamento. “pede deferimento,”;

5. Local e data;

6. Assinatura.

O relatório

25
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

LEXICOLOGIA

A lexicologia – é a parte da grámatica que estuda o vocabulário na sua origem e as suas


transformações fonéticas, morfológicas, sintácticas e semânticas

Léxico - conjunto de todas as palavras possíveis numa língua , incluindo as que deixaram
de estar em uso e as novas palavras que se venham a formar.

FAMÍLIA DE PALAVRAS

Família de palavras – é o conjunto de todas a palavras formadas, por derivação ou


composição, a partir da mesma palavra primitiva ou radical. Também se lhes chamam palavras
cognatas.

Palavra primitiva: terra


Família: terra, terraço, terrada, terramoto, terrão, térreo, terráqueo, terrestre, terricola,
terraplanagem, aterrar, aterro, aterragem, enterrar, enterro, desenterrar, etc.

CAMPO LEXICAL

Campo lexical – é o campo constituido por um conjunto de palavras que têm o mesmo
radical e, por isso, uma significação basicamente comum (que é o radical) em todas essas palavras.

Assim, as famílias de palavras constotuem o campos lexicais.

Exemplo: o campo lexical da palavra folha: folha, folhagem, enfolhar, desfolhar,


desfolhagem, etc.

ALARGAMENTO E RENOVAÇÃO DO LÉXICO OU PROCESSOS IRREGULARES DE


FORMAÇÃO DE PALAVRAS – NEOLOGISMO

Neologismo – é a palvra ou expressão nova que resulta de processos de criação da língua, ao nível
da forma e/ou do significado

Neologia – são os processos de criação ou de recuperação de palavras ou expressões ou ainda a


atribuição de novos sentidos as já existentes, muitas vezes motivadas pela necessidade da língua se
adaptar as novas situações e contextos culturais.
26
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

PROCESSO DEFINIÇÃO
Extensão semântica A palvra ganha novo significado. Ex. rato, portal, janela (da
informática).
Amágama Junção da primeira parte de uma palavra com a última de outra.
Ex: informática (informação automática
Empréstmo ou estrangeirismo Palavras estrangeiras adoptadas para uma língua. Ex. site, email,
raking, football.
Acronímo Junção de letras ou sílabas de uma palavra, que se pronunciam
como uma palavra. Ex. PALOP, UNICEF, INEJ, CEFOJOR.
Sigla Redução de um grupo de palavras as suas iniciais, que se
pronunciam por soletração: MPLA, OMS, OIT, etc.
Onomatopeia Imitaçção de um som natural. Ex. trrimm, tic-tac, pipilar, etc.
Truncação Apagamento de uma parte da palavra. Ex: pneumática,
hipermecardo, póliomietite

OBS: as palavras que caem em desuso são denominadas arcaísmos. Ex: soer, leda, jazer,
açougue, nojo (luto), etc.

EXERCÍCIO…

1. EUA é:
a) Uma sigla, b) um empréstimo, c) um acrónimo d) uma truncação.
2. “O rato do computador” é um exemplo de:
a) Extensão semãtica b) amálgama c) truncação d) onomatopeia
3. Assinale com o S para as siglas e um A para os acrónimos.
a) AMI
b) AVC
c) DST
d) FBI
e) FIFA
f) FMI
g) IRT
h) IVA
i) MPLA
j) UVA
k) VIP
l) WWW

27
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

PROCESSOS MORFOLÓGICOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

O enriquecimento do texto léxico de uma língua pode fazer-se através de dois processos
morfológicos de formação de palavras.

 Derivação, em que existe um radical e um ou mais afixos:

Chuv oso re nov ar


radical sufixo prefixo radical
sufixo

 Composição, em que existe mais de uma radical ou palavra:

Amor – perfeito tele comunicação


nome adjectivo radical nome

O radical contém uma significação comum a todas as palavras q possuem esse radical:

Ex. novo, noviço, novidade, inovação, renovação, renovar

Palavras primitivas e palavras derivadas

Se observamos algumas palavras actuais e o respectivo étimo:

Aqua ˃ água

Facere ˃ fazer,

Facilmente chegamos à conclusão de que, a partir destas palavras, é possível formar outras:

Água – aguadeiro, aguar, desaguar …

28
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Fazer – desfazer, refazer …

Chamam-se primitivas – As palavras que não são formadas a partir de nenhuma outra:

Ex.: água, fazer, …

Chamam-se Derivadas – Aqueles palavras que se formam a partir de outras – água, fazer, - à qual
se juntou um ou vários prefixos ou sufixos:

Ex.: Aguadeiro, aguar, desaguar, desfazer, refazer, …

Derivação:

Existem três processos de derivação propriamente dita:

 Derivação por prefixação

 Derivação por sufixação

 Derivação regressiva

Afixo – São os morfemas derivativos (prefixos e sufixos) que se juntam à palavra primitiva,
acrescentando uma nova tonalidade à significação primitiva.

Prefixo – É o afixo que se junta antes:

Ex.: Desfazer (des + fazer)

Sufixo – É o afixo que se junta depois:

Ex.: Aguar (água + ar)

A palavra conter, ao mesmo tempo, prefixos e sufixos;

Ex.: desaguar (des + água + ar)

Derivação por sufixação

Os sufixos podem ser:


29
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Sufixos nominais – Servem para formar nomes ou adjectivos. Por exemplo, em palavra
como:

Ex.: lavagem, arvoredo, cosinha (nomes)

Ex.: Interesseiro, sofrível, rigoroso, (adjectivo)

Sufixos verbais – Servem para formar verbos. Por Exemplo:

Telefonar, escurecer, saltitar,

Existe um sufixo adverbial, - mente, que serve para formar, sobretudo, advérbios de modo:
Ex.: Alegremente, rapidamente, (modo)

Ex.: Actualmente, presentemente (tempo).

Derivação parassíntese – (ou derivação parassíntese) quando o prefixo e o sufixo se


aglutinam ao mesmo tempo ao radical, sem se poder conectar conceber uma palavra intermédia:

Ex.: repatriar

Com efeito, não existem, nem nunca existiram, as palavras repatria ou pátria.

A parassíntese acontece sobretudo em verbos: Amanhecer (a + manhã + ecer), embainhar (em +


bainha + ar),

Por vezes, entre a palavra primitiva e o sufixo desenvolve-se uma vogal ou uma consoante
de ligação, para facilitar a pronúncia ou torná-la mais agradável ao ouvido:

Ex.:

 aguadeiro (água + d + eiro),

 cafezinho (café + z + inho)

 cafeteira (café + t + eira)

 chaleira (chá + l + eira)

 gasómetro (gás + o + metro)

Deviração regressiva

30
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Consiste na formação de nomes a partir de verbos por redução da palavra primitiva. É


um fenómeno de certo modo contrário à prefixação e à sufixação, pois nestas vrifica-se o
acrescentamento de elementos.

Caçar Caça Atacar Ataque Apelar Apelo

Censurar Censura Cortar Corte Chorar Choro

Demorar Demora Debater Debate Errar Erro

Pescar Pesca Embarcar Embarque Espantar Espanto

Trocar Troca Tocar Toque Sustentar Sustento

Às vezes é difícil saber se é o nome que deriva do verbo ou o verbo do nome. Nesses casos,
quando for necessário, poderá consultar-se um dicionário etimológico para esclarecer a dúvida.

Derivação regressiva

A derivação regressiva é um processo de derivação que consiste na mudança d uma classe


ou subclasse de uma palavra, sem que se verifique o acrescentamento de qualquer prefixo ou sufixo.

 De nome próprio para comum:

Bebi um cálice de vinho do Porto

Bebi um porto

 De nome comum para nome próprio:

A silva feriu-me num dedo.

Vou falar amanha com o Silva.

 De nome para adjectivo:

O burro não é um animal estúpido.

Como sabia pouco do assunto, chamaram-lhe burro.

31
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

A rosa tem espinhos.

A camisa tem um tom rosa.

 De adjectivo para nome:

Ele é um homem pobre

O pobre estava com frio.

 De forma verbal para nome:

Gosto de jantar cedo.

O jantar estava saboroso.

 De palavra invariável para nome:

Vai já embora, senão arrependes-te.

Isso que estás a dizer-me tem um senão.

Sou contra esta decisão.

A sua proposta tem um contra.

 De adjectivo para advérbio:

O caminho era largo.

O navio passou ao largo.

Este pinheiro é alto.

O Pedro falou alto.

 De forma verbal para conjunção:

A Luísa quer ir ao cinema.

Precisas de sorte, queres vás, queres fiques.

 De nome, adjectivo e forma verbal para interjeição:

Silencio! Estejam calados.

32
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Alto! Não me digas mais nada.

Viva! St que enfim apareceste.

Palavras simples e palvras compostas

Palavras simples – São aquelas que possuem apenas um radical, quer ser trate de palavras
primitivas ou derivadas.

Ex.: Amor, amoroso, água, aguadeiro, pé, guarda, aguardar, …

Palavras compostas – São aquelas que têm mais de um radical ou palavra:

Ex.: amor-perfito, guarda-nocturno, planalto (plano + alto), malmequer (mal + me + quer)

Neste exemplos de palavras compostas, notamos certas diferenças, logo à primeira vista. Assim
concluiremos que há espécies de composição:

 Composição por justaposição: Ex.: amor-perfeito, guarda-nocturno

 Composição por aglutinação: Ex.: Planalto, malmequer

Composição por justaposição

Quando os elementos constituintes mantêm uma independência de acentuação, mas o


significado da nova palavra já é diferente dos seus constituintes:

Ex.: Amor-perfeitos, couve-flor, mestre-escolar, porco-espinho, belas-artes guarda-roupa, limpa-


chaminés, saca-rolhas, treme-treme, trinca-espinhas, água-de-colónia, estrela-do-mar, ssempre-em-
pé, rainha-dos-prados.

Por exemplo, as palavras amor e perfeito perderam o seu significado de origem e, em conjunto,
adquiriram um novo significado, o de uma planta chamada amor-perfeito.

Composição por aglutinação

Quando não só o significado é diferente, mas os próprios elementos ficam subordinados a


um único acento, o do último:

33
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Ex.: abrolho (abre olho)

Aguardente (água ardente)

Bancarrota (banco rota)

bonfim (bom fim)

fidalgo (filho de algo)

girassol (gira sol)

malmequer (mal me quer)

passatempo (passa tempo)

pernalta (perna alta)

planalto (plano alto)

rodapé (roda pé)

vaivém (vai vem)

varapau (vara pau)

vinagre(vinho agre)

34
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

SEMÂTICA

RELAÇÃO FONÉTICA E GRÁFICA ENTRE AS PALAVRAS

Homonímia: são as que se escrevem e pronunciam da mesma maneira, mas que têm
significado e origem diferente. Exemplo: amo (susbtantivo) e amo (verbo amar); canto (nome:
aresta, ângulo) e canto (verbo cantar); são (nome ou adjectivo – o que tem saúde) e são (verbo ser).

Homografia: são as que têm idêntica grafia, mas pronúncia e significado diferentes.
Exemplo: bola (nome: bola de jogar) e bola (bola nome: comida); colher (nome: utensílio) e colher
(verbo, infinitivo); cópia (nome: reprodução gráfica) e cópia (verbo copiar) etc.

Homofonia: são as que se pronunciam da mesma maneira, mas se escrevem de modo


diferente e o seu significado é também diferente. Exemplo: coser (costurar) e cozer (cozinhar);
acento (sinal ortográfico) e assento (lugar par se sentar, verbo); apreçar (preço) e apressar ( pressa);
chá (planta e bebida) e Xá (soberano da Pérsia) etc.

Paronímia: são as que têm significado diferente, mas que são muito parecidas tanto na
escrita como na grafia. Exemplo: comprimento (extensão, medida) cumprimento (obediência,
execução); descrição (acto de descrever) discrição (acto de ser discreto); emigrante (o que sai de
uma região) imigrante (o que entra noutra região).

RELAÇÕES SEMÂNTICAS ENTRE AS PALAVRAS

Sinonímia e antonímia

35
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Sinónimos – são as palavras que têm significados semelhantes: bonito – lindo, fiel –
leal, pensar – refletir, casa – habitação etc.

Antónimos – são as palavras que têm significados contrários: bonito –feio, quente –
frio, dar –tirar, achar – perder, aquecer – arrefecer.

Hoponímia e hiperonímia

Hipónimos – são as palavras de sentido mais especifico, relativamente a outras de


sentido mais geral. Por exemplo: gato e hipónimo de mamífero.

Hipónimos

Gato - mamífero

Atum - peixe

Rosa - flor

Coragem - qualidade

Segredar - falar

Hiperónimos – são as palavras de sentido mais geral, relativamente a outras de sentido


mais específico. Por exemplo: mamífero é hiperónimo de gato, cão, leão, homem.

Hiperónimo

Mamífero - gato, cão, leão, homem

Peixe - atum, sardinha, carapau

Flor - rosa, violeta, cravo

Virtude - coragem leadade, franqueza

Falar - segregar, murmurar, gritar

MORFOLOGIA

Morfologia: é a parte da grámatica que estuda as palavras na sua formação e flexão,


dentro das classes gramaticais a que pertecem.
36
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Palavras variáveis e palavras invariáveis

Palavras variáveis: são palavras que variam em género (masculino e feminino) ou


número (singular e plural). Exemplo: o/a aluno/a/s, a professsora/ os professores.

Fazem parte da classe de palavras variáveis as seguintes classes: substantivos, adjectivos,


determinantes, pronomes, numerias e verbos.

Palavras invariáveis: são palavras que não variam em género e número. Exemplo: com,
para, muito, oh!, porque, não, etc.

Fazem parte das classes das palavras invariáveis as seguintes classes: advérbios, preposições,
conjunções e interjeições.

Classe dos nomes ou substantivos

Nomes ou Substantivos: são palavras com que designamos os seres em geral.

Subclasses dos nomes

Nomes próprios e nomes comuns

Nomes próprios: individualizam os seres como pessoas, animais ou coisas; distinguindo-os


de todos os outros da sua espécie. Escrevem-se sempre com a letra maiúscula inicial. Exemplos:
Joana, Roma, Júpiter, América etc.

Nomes comuns: não individualizam os seres. Exemplo: menina, chapéu, cidade etc.

Nomes comuns concretos e nomes abstractos

Os nomes concrectos: designam pessoas, animais ou coisas pertencentes ao mundo físico.


Exemplo: Rui, praia, tia, cesto, gato, rato, abelha, cerejas etc.

Nomes abstractos: designam acções, qualidades ou estados. Exemplo: conversa, alegria,


tristeja, amor, beleza, ódio etc.

Nomes colectivos

São nomes comuns que, embora tendo a forma no singular, designam um conjunto de seres
vivos ou de coisas da mesma espécie. Exemplo: Alcateia (lobo; animais ferozes), armada (navios de

37
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

guerra ou de transporte), cardume (peixe), bando (aves; pessoas, por vezes perjorativa), manada
(rebanho de bois, vacas ou cavalos), vara (porcos) etc.

Classe dos adjectivos

Adjectivos: são palavras que especificam ou qualificam os nomes. Exemplo: a Joana é


alegre. Tu és simpático. Outros exemplos: baixo, alto, gordo, surdo, pobre, rico, magro,feliz,
inteligente, grande, pequeno etc.

Grau dos adjectivos

Além da flexão em género e número, os adjectivos variam também em grau. Os graus dos
adjectivos são três: normal, comparativo e superlativo. O grau comparativo e superlativo
apresentam várias subdivisões.

Grau normal: indica a simples atribuição da caracteristica. Exemplo: o João é forte.

Grau comparativo: estabelece a comparação entre dois seres quanto à característica


expressa pelo adjectivo:

Grau comparativo de superioridade: (mais… do que ou mais… que). Exemplo: o João


é mais forte do que o António.

Forma-se o grau comparativo de superioridade antepondo o advérbio mais ao adjectivo e


colocando depois o termo comparativo do que.

Grau comparativo de igualdade: (tão… como ou tão… quanto). Exemplo: o João é tão
forte como o António.

Forma-se grau comparativo de igualdade antepondo o advérbio tão ao adjectivo, e


colocando depois a conjunção comparativa como.

Grau comparativo de inferioridade: (menos… do que ou menos… que). Exemplo: o


João é menos forte do que o António.

Forma-se grau comparativo de inferioridade antepondo o advérbio menos ao adjectivo, e


colocando depois a conjunção comparativa do que.

38
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Grau superlativo: indica o grau mais elevado da cracterística expressa pelo adjectivo.
Apresenta duas formas: absoluto e relativo.

Grau superlativo absoluto: exprime um elevado grau da cracterística sem estabelecer


qualquer relação.

No superlativo absoluto temos ainda a considerar:

Grau superlativo absoluto sintético: é formado, na maioria dos casos, com a junção do
sufixo –íssimo ao grau normal do adjecrtivo. Exemplo: o João é fortíssimo.

Grau superlativo absoluto analítico: é formado pela junção do advérbio muito ao grau
normal do adjectivo. Exemplo: o João é muito forte.

Grau superlativo relativo: exprime a característica de um ser ou de um objecto no grau


mais elevado ou mais menos elevado, em relação a todos outros seres ou objectos de determinado
conjunto. O superlativo relativo pode ser:

Superlativo relativo de superioridade: forma-se antepondo o artigo ao comparativo de


superioriddade (o… mais forte) , e o termo de comparação é iniciado pela preposição de (da
escola). Exemplo: o João é o rapaz mais forte da escola.

Superlativo relativo de inferioridade: forma-se antepondo o artigo ao comparativo de


superioriddade (o… menos forte) , e o termo de comparação é iniciado pela preposição de (da
escola). Exemplo: o João é o rapaz menos forte da escola.

Casos especiais de comparativos e superlativos

Grau normal Comparativo Superlativo

Irregular Regular

bom melhor óptimo boníssimo


mau pior péssimo malíssimo
grande maior máximo grnadíssimo
pequeno menor mínimo pequeníssimo
alto superior supremo, sumo altíssimo
baixo inferior ínfimo baixíssimo

Superlativo absoluto sintético


39
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Há casos em que se dá uma ligeira variação, pois o superlativo mantém-se próximo da


forma que tinha no latim

1) Adjectivos terminados em –vel, provenientes dos latinos terminados em –bilis, formam o


superlativo absoluto sintético em -bilíssimo, seguindo o modelo latino. Exemplos:
agradável – agradabilíssimo, amável – amabilíssimo, horrível – horribilíssimo etc.
2) Adjectivos terminados em –z, -iz e –oz, formam em –císsimo. Exemplo: audaz –
audacíssimo, capaz – capacíssimo, feliz – felicíssimo, atroz – atrocíssimo, veloz –
velocíssimo etc.
3) Adjectivos terminados em em vogal nasal ou ditongo nasal formam em –níssimo.
Exemplo: comum – comuníssimo, cristão – cristianíssimo, pagão – paganíssimo, vão –
vaníssimo.
4) Adjectivos que no latim terminavam em -ficus e –volus seguem como modelo o superlativo
latino, formado em –entíssimo. Exemplo: benéfico – beneficentíssimo, magnífico –
magnificentíssimo, maléfico – maleficentíssimo, benévolo – benevolentíssimo, malévolo –
malevolentíssimo.
5) Também se aproximam das formas latinas para formarem o superlativo. Exemplo: amargo –
amaríssimo (amrguíssimo); amigo – amicísssimo; antigo – antiquíssimo, nobre –
nobilíssimo; sábio – sacratíssimo etc.
6) Superlativo em –érrimo. Acontece com os adjectivos que no latim, no grau norma, tinham
o nominativo a terminar em –er (em latim: pauper – pauperrimus; em português; pobre .
paupérimo). Exemplo: acre – acérrimo; áspero – aspérrimo; integro – integérrimo; miséro –
misérrimo etc.
7) Superlativo em –ílimo. Um pequeno número de adjectivos forma o superlativo absoluto
sintético em –ílimo, também à semelhança do que acontecia em latim. Exemplo: dificil –
dificílimo; dócil – docílimo; fácil – facílimo; grácil – gracílimo; humilde – humílimo.

Classes dos determinantes

Os determinantes são palavras que precedem os nomes e que algum modo os referenciam e
especificam indicando, por exemplo, o número, o género, a quantidade.

Exemplo: Li o livro que me ofereceste.

Li um livro.

40
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

A situação de cada um dos livros:

O livro – refere-se a determinado livro, por nós reconhecido

Um livro – é uma referência vaga, indefinida.

Artigos

Definidos Indefinidos
Singular Plural Singular Plural
Masculino o os um uns
Feminino a as uma umas

O artigo definido empregam-se para designar seres que são conhecidos e o indefinido
para seres que não são conhecidos. Exemplo:

O rapaz viu o filme.

O rapaz viu um filme.

Determinantes possessivos

Pessoa Singular Plural


Masculino Feminin Masculino Feminino
o
Um só 1ª meu minha meus minhas
possuidor 2ª teu tua teus tuas
3ª seu sua seus suas
Vários
1ª nosso nossa nossos nossas
possuidores

2ª vosso vossa vossos vossas

3ª seu sua seus suas

O determinante possessivo exprime um ideia de posse. Exemplo:

Cedi-lhe o meu guarda-chuva para não molhar.

Cedi-lhe o seu carro para viajar?

41
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Determinantes demonstrativos

Singular Plural

Masculino singular Masculino Singular

este esta estes estas


esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o outro a outa os outros as outas
tal tal tais tais

Os determinantes demonstrativos servem para indicar um indivíduo ou uma coisa, no espaço


ou no tempo.

Este – indica o que está mais próximo da pessoa que fala – o locutor; exemplo:

Podes ver este retrato.

Este ano, vou brilhar no exame.

Esse - indica o que está mais próximo a pessoa a quem se fala – o destinatário. Exemplo:
repara nesse retrato.

Aquele – indica um afastamento em relação à pessoa que fala e àquela a quem se fala.
Exemplo: vou oferecer-te aquele retrato.

Determinantes indefinidos

SINGULAR PLURAL
Masculino Feminino Masculino Feminino
Variáveis
algun alguma alguns algumas
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
Invariável cada

42
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Os determinantes indefinidos exprimem uma ideia de indefinição, referindo-se de modo


impreciso às pessoas ou coisas. Exemplo:

Qualquer pessoa teria resolvido o problema.

Tantas janela porque nesta casa?

Determinantes interrogativos

Variável Invariável
SINGLAR PLURAL
Masculino Feminino Masculino Feminino
Qualidade qual? qual? quais? quais? quê
Quantidade quanto? quanta? quantos quantas

Os Determinantes interrogativos introduzem as frases interrogativas, quer seja directamente, quer


indirectas. Exemplo:

Que disco escolheste?

Qual o bolo escolhido

Classe dos pronomes

Os ponomes são palavras que substituem ou remetem para um nome, adjectivo, grupo ou
frase. Dividem-se em várias subclasses.

O emprego dos pronomes permite evitar a repetição de uma palavra ou até de uma frase. Exemplos:

 Um grupo nominal.

A tua amiga passou aqui com o irmão. Ela estava com pressa. (ela = a tua amiga).

 Uma frase.

A Helena está muito zangada. O João sabe-o muito bem. (o = a Helena está muito zangada).

 Um adjectivo.

O Manuel era simpático, mas já não o é. (o = simpático).

 Um grupo preposicional.
43
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Deu a chave a vizinha. (ou deu-lhe a chave). (lhe = a vizinha).

Pronomes pessoas

Os pronomes pessoas indicam as pessoas que são refereiciadas na fala:

1ª, a que fala – o locutor: eu, nós

2ª, a quem se fala – o destinatário: tu, vós

3ª, de quem se fala – ela (a), eles (as).

E podem exercer na frase a função de sujeito, complemento directo, complemento indirecto ou


complemento circunstancial.

Pronomes pessoas
Número Pessoa Sujeito C.D Compl. Ind Compl.
Circunstanc
ial

Sem Com
preposição preposição
Singular 1ª eu me me mim mim, -migo
2ª tu te te ti ti, -tigo
3ª ele (a) se, o, a lhe si, ele, ela si, -sigo,
ele,ela
Plural
1ª nós nos nos nós nós, -nosco

2ª vós vos vos vós vós, -vosco

3ª eles (as) se, os, as lhe si, eles, elas si, -sigo, eles,
elas

Pronomes possessivos

Pessoa Singular Plural


Masculino Feminin Masculino Feminino
o
Um só 1ª meu minha meus minhas
possuidor 2ª teu tua teus tuas
3ª seu sua seus suas
44
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Vários 1ª nosso nossa nossos nossas


possuidores 2ª vosso vossa vossos vossas
3ª seu sua seus suas

Os pronomes possessivos indicam o possuidor ou os vários possuidores do objecto ou dos


objectos designados pelo nome que substituem. Exemplos:

Podes contar coma minha amizade. Eu contarei com a tua.

A Ana elogiou os teus desenhos, mas também gostou dos meus.

Pronomes demonstrativos

Singular Plural
Masculino singular Masculino Singular
este esta estes estas
esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o outro a outa os outros as outas
tal tal tais tais

Os pronomes demonstrativos servem para indicar um indivíduo ou uma coisa, no espaço ou


no tempo.

Este – indica o que está mais próximo da pessoa que fala – o locutor; exemplo:

Podes ver este retrato.

Este ano, vou brilhar no exame.

Esse - indica o que está mais próximo a pessoa a quem se fala – o destinatário. Exemplo:
repara nesse retrato.

Aquele – indica um afastamento em relação à pessoa que fala e àquela a quem se fala.
Exemplo: vou oferecer-te aquele retrato.

Pronomes indefinidos

SINGULAR PLURAL
Masculino Feminino Masculino Feminino
Variáveis
algun alguma alguns algumas
45
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

nenhum nenhuma nenhuns nenhumas


todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
Invariável Alguém, algo, ninguém, tudo, outrem, cada e nada

Os pronomes indefinidos exprimem uma ideia de indefinição, referindo-se de modo

Pronomes interrogativos

Variável Invariável
SINGLAR PLURAL
Masculino Feminino Masculino Feminino
Qualidade qual? qual? quais? quais? que? quê
Quantidade quanto? quanta? quantos quantas quem?
onde?

Pronomes relativos

VÁRIAVEIS INVARIÁVEIS
SINGULAR PLURAL
Masculino Feminino Masculino Feminino
o qual a qual os quais as quais que
cujo cuja cujos cujas quem
quanto quanta quantos quantas onde

Classe dos numerais

Os numerais são quantificadores que indicam uma quantidade de indivíduos ou coisas. Os


numerais podem ser:

 Numerais cardinais indica simplesmente o número de pessoas, animais ou coisas.


Exemplo: Sete crianças.
 Numerais ordinais indicam a ordem que as pessoas, animais ou coisas ocupam numa série:
este atleta foi o sétimo a cortar a meta
 Numerais multiplicativos indicam o aumento proporcional, a sua multiplicaçao: a tua casa
custou o triplo da minha.
46
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Numerais fraccionários indicam a diminuição proporcional, a sua divisão: comi um terço


da maça.
 Numerais colectivos são ao que mesmo no singular, indicam um grupo de sere. Equivalem
a nomes: eles formam um trio notável.

Tarefa
Consultar a grámatica:
a) Numeração árabe
b) Numeração romana
c) Numerais cardinais, ordinais, multiplicativos, fraccionários, e colectivos.

Classe das conjunções

As conjunções: são palavras invariáveis que servem para relacionar orações ou elementos
semelhantes da mesma oração.

As conjunções coordenativas ligam orações da mesma natureza, ou palavras que, na


oração, desempenham iguais funções:

Não segui o teu conselho, mas arrependi-me.

Os professores e os alunos deram uma festa

As Conjunções subordinativas estabelecem uma relação de dependência entre orações:

Irei de férias a Paris, se passar nos exames.

Não vou a Paris, porque não passei no exame.

Conjunções e locuções coordenativas

CONJUNÇÕES
LOCUÇÕES
Copulativas: indicam uma E, nem, tambémNão só…, mas também, não
adição só… como também…, tanto…
como
Adversativais: indicam uma Mas, porém, todavia, contudo, Apesar disso, no entanto, ainda
oposição entretanto, assim, não obstante, de outra
sorte
Disjuntivas: indicam ou ou Ou… ou, já… já, ora… ora,

47
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

alternativa nem… nem, quer… quer,


seja… seja, … ou
Conclusivais: indicam uma Logo, pois, portanto Por conseguinte, por
conclusão conseqquência
Explicativas: indicam uma Pois, porquanto, que
explicação

Conjunções e locuções coordenativas

CONJUNÇÕES
LOCUÇÕES
Condicionais: exprimem Se A não se que, contanto que,
uma condição desde que, a menos que, salvo
se, no caso que
Comparativas Como, conforme, segundo, Assim como… assim, assim
que, qual assim como… assim também,
Bem como, como… assim
Causais: exprimem uma Porque, pois, porquanto, Visto que, pois que, já que, por
causa ou motivo Como (=porque) isso que, por isso mesmo que
Que (=porque)
Temporais: exprimem Quando, enquanto,mal, apenas, Antes que, a medida que,
tempo, época que (=desde que) depois que, até que, antes que,
logo que, assim que, primeiro
que,
Concessivas: indicam um Embora, conquanto, que Ainda que, mesmo que, posto
facto contrário a outra, mas que, ainda quando, se bem que,
que não se opõe a sua sem que, apesar de que, sem
realização que
Consecutivas: indicam uma Que (=ainda que) De maneira que,
consequência da oração De modo que, de forma que
anterior De sorte que
Finais: indicam fim Que (=para que) Para que, a fim de que, por que
Integrantes: introduzem Que, se
uma oração que pode servir
de sujeito, nome predicativo
ou do complemento directo
da oração anterior.

48
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

FRASE SIMPLES E FRASES COMPLEXAS COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

A frase simples é constituida por uma só oração, sem conexão, isto é, sem ligação. Pode
ser constituida por:

 Uma só palavra: saí!


 Várias palavras, sem verbo: que férias maravilhosas!
 Várias palavras com verbos: estas flores flores são belas

A frase complexa é constituida por duas ou mais orações que estabelecem relação entre si.

O bruno caiu nas escadas e magoou o joelho

Ele estava a chorar porque o joelho doía

A frase simples

Elementos fundamentais da oração

49
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Sujeito e predicado

Tipos de sujeito

a) Sujeito simples e sujeito composto


O sujeito simples é constituído por um só elemento (núcleo): um nome ou um pronome:
O Pedro é um grande desportista.
Ele pratica atletismo

O sujeito composto é constituído por mais do que um núcleo:

O Rui e a mãe vão ao cinema

b) Sujeito subentendido: é aquele que não está expresso na oração, pode ser identificado.
O Carlos levantou-se e abriu a porta
c) Sujeito indeterminado: é aquele que por muitas vezes não se refere a uma pessoa
determinada, desconhecendo-se quem executa acção.
Batem a porta.
Ainda se vive sem agua canalizada…
Diz-se que os telemóveis já provocaram mais acidentes do que o álcool.
d) Sujeito inexistente: com verbos impessoais, as orações não têm sujeito.
Anoiteceu
Havia três livros na prateleira
Fazia calor naquele dia

Elementos do predicado

O predicado pode ser constituído apenas por um verbo ou locução verbal:

O meu primo adoeceu

Ele está a sofrer

a) Complemento directo: refere-se o ser sobre o qual recai a acção expressa pelo verbo.
Ele comprou estas revistas
Nunca pensei isso.
Tem tartes de maça? Quero duas, por favor.
Ela pediu que viesses cedo.

b) Complemento indirecto: refere-se o ser sobre o qual recai indirectamente a acção expressa
pelo verbo.
Empresta o teu livro ao Paulo
c) Predicativo do sujeito: palavra ou expressão que se junta ao verbo para lhe completar o
sentido caracterizar o sujeito.
50
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Ele parecia feliz


A Gabriela continua doente
d) Predicativo do complemento directo: palavra ou expressão qu completa o sentido do verbo
e caracteriza o complemento directo.
Os alunos consideram aquele professor como simpático.
Compl. Directo predicativo do compl. directo

O Daniel tornou aquela viagem um inferno

Compl. Directo predicativo do compl. directo

e) Agente da passiva: indica o ser que pratica acção sofrida pelo sujeito. Só xiste este
complemento nas frases que estão na voz passiva.

O assaltante foi preso pela polícia.

Outros elementos da oração

 Atributo: é o adjectivo que se junta ao nome para o caracterizar ou qualificar, especificando


ou delimitando o significado do nome.
Aquele rapaz magro é o terrível
 Complemento determinativo: expressão constituída por de + nome que acrescenta uma
informação ao nome com o qual se relaciona. Tal como o atributo, o compl. determinativo
tem um valor adjectivo.
 Origem: os habitantes de Luanda;
 Parentesco: a mãe do Filipe;
 Posse: o livro do Miguel;
 Matéria: uma mala de cartão;
 Tempo: um intervalo de cinco minutos.
 Aposto: o nome ou expressão nominal que se junta ao outro nome ou a um pronome, a
titulo de explicação ou de apreciação. Coloca-se separado por vírgulas.
 Vocativo: palavra ou expressão que, uma frase, indica a pessoa, animal ou coisa
personificada, a quem nos dirigimos directamente. O vocativo pode ser precedido da
interjeição ó e separa-se por vírgula dos outros elementos da frase.
Marta, chega-me esse livro
Ouve lá, Rita, por acaso viste o meu irmão?
Nm penses numa coisa dessas, ó Tiago!
 Complementos circunstânciais:

51
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Tempo:
Não fizeram nada durante todo o dia.
 Lugar:
Ficou em casa
 Causa:
O Afonso teve um scidente devido a velocidade.
 Modo:
Ele conduzia sem respeitar os limites de velocidade.
 Fim:
Tomei um chá quente para aquecer.
 Meio:
Saiu de carro.
 Companhia:
Saiu com os amigos.
 Dúvida:
Talvés vá ao Brasil no Verão.

A frase complexa - coordenação e subordinação

As orações coordenadas podem ser:

 Orações coordenadas assindéticas: são orações colocadas umas ao lado das outras
sem qualquer conjunção a uni-las.

O velho aproximou-se da porta, abriu-a, espreitou cautelosamente.

 Orações coordenadas sindéticas: orações que estão ligadas por uma conjunção
coordenativa.

O telefone tocou, mas ninguém atendeu.

As orações coordenadas

As orações coordenadas são autónomas, não dependem umas das outras, isto é, cada uma
tem sentido próprio.

De acordo com o sentido das conjunções ou locuções coordenativas que as unem, as orações
coordenadas recebem nomes diferente;

52
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Orações coordenadas copulativas:


O ricardo pinta e a Maria faz teatro
O mecânica não veio, nem telefonou.
 Orações coordenadas advertivas:
Avisei-o várias vezes, mas não me ouvia
Prometeu pontualidade, no entanto, atrasou-se.
 Orações coordenadas disjuntivais:
Vais ao cinema ou ficas em casa?
Vou sair, quer chova quer faça sol.
 Orações coordenadas conclusivas:
Tiraste fracas notas, portanto, não vás à festa.
Aquele rapaz deita-se tardíssimo, por isso anda sempre ensonado.
 Orações coordenadas explicativas:
Corre, que estou com pressa.
Estiveste a chorar, Rui, pois os teus olhos

Orações subordinadas

Ao contrário das orações coordenadas, as orações subordinadas estão dependentes uma outra
(a oração subordinante ou principa), com a qual estabelecem uma relação determinada relação. A
ligação entre as oração subordinada a oração subordinate pode ser estabelecida por uma
conjunção ou locução subordinativa, por um pronome relativo ou por um pronome ou advérbio
interrogativo.

Classificação das orações subordinadas

Distinguem-se três grandes grupos de orações subordinadas:

 Orações subordinadas substantivas:


 Orações subordinadas adjectivas:
 Orações subordinadas adverbiais ou circunstanciais:

Orações subordinadas substantivas

As orações subordinadas substantivas podem se relativais, integrantes ou completivas, e


interrogativas indirectas.

 Orações subordinadas relativas substantivas: são aquelas introduzidas pelos pronomes


relativos quem, quanto:
Quem paritiu o vodro acusou-se imediatamente.
Eu não sou quem tu imaginas.
Ama quem te ama.
Comeu quanto quis.

53
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Orações subordinadas integrantes ou completivais: são introooduzidas pela conjunção


integrante que:
O que ele quer é que tu lhe faças tudo.

 Orações subordinada interrogativas indirectas: são aquelas introduzidas por conjunções


subordinativas, pronomes interrogativos e advérbios interrogativos, sem o ponto de
interrogação.
Perguntaram se tu querias ir ao cinema.
Não sei quem era o actor principal.
Conta como foi o filme.

Orações subordinadas adjectivas

As orações subordinadas adjectivas podem dividir-se em:

 Orações relativas adjectivas restritivas e explicativais


Orações relativas adjectivas restritivas: é a oração que restringe, isto é, limitando o sentido
da oração a que se refere. É uma oração indispensável ao sentido da frase. Não se separam, na
escrita, por vírgula:
As crianças que estavam doentes perderam o apetite
(=doentes)
Orações relativas adjectivas explicativas: estas orações acrescentam ao antecedente uma
informação acessória, podendo, portanto ser suprimidas. Separam-se obrigatoriamente por
vírgula:
O meu pai, que é um bom nadador , ensinou-me a nadar.

Orações subordinadas adverbiais ou circunstanciais

As orações subordinadas adverbiais podem ser:


Causais
A oração subordinada causal desempenha na frase uma função equivalente a um
complemento circunstancial de causa.
Não saio porque está a chuver. (=por causa da chuva)

Temporais

54
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

A oração subordinada temporal desempenha na frasee uma função equivalente a um


complemento circunstancial de tempo.
Ficarei cá enquanto estiveres doente. (=durante a tua doença)
Quando vou as compras, demoro imenso tempo.
Finais
A oração subordinada final desempenha na frase uma função equivalente a um
complemento circunstancial de fim.
Ela faz tudo para que sejas feliz. (=para a tua felicidade)
Concessivas
A oração subordinada concessiva exprime uma concessão. A acção enunciada na oração
subordinante realiza-se, embora haja uma contrariedade. Ou seja, exprime uma relação de
oposição com a acção enunciada na oração subordinante.
Ela sorria, embora estivesse triste (=apesar da sua tristeza)

Condicionais
A oração subordinada condicional exprime uma condição que tornará realizável a acção
expressa na oração subordinante.
Eu repetirei o exercício se for necessári.

Comparativas
A oração subordinada comparativa exprime uma comparação no plano de quantidade ou da
qualidade.
Ele dirige a casa como o faria a sua mãe.

Consecutivas
A oração subordinada consecutiva exprime um facto que é consequência de outro.
Ela insistiu tanto que eu não deixarei de estar presente.

Orações reduzidas:
Orações subordinadas infinitivas, gerundivas e partcipiais

As orações reduzidas são orações subordinadas que não se iniciam por conjunção
subordinativa nem por pronome relativo, e que apresentam o verbo numa das formas nominais:
infinitivo, gerúndio e particípio.
Orações infinitivas

55
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Estas orações que têm o verbo no infinitivo, podem exprimir circuntância várias.
Antes de partirmos, irei visitar-te. (temporal)
Para o distrair, fomos ao cinema. (final)

Orações gerundivas
Estas orações, que têm o verbo no gerúndio, podem igualmente exprimir circunstâncias
várias.
Tendo terminado o concerto, o pubico aplaudiu vibrantemente. (temporal)
Aproximando-se a partida, ele ficou triste. (causal/temporal)
Orações participiais
As orações participiais têm o verbo no particípio e, geralmente, exprimem uma
circunstância de tempo.
Feitas as apresentações, sentaram-se à mesa. (temporal)
Atravessada a fronteira, a vigem será mais rápida. (temporal)

PRONOMINALIZAÇÃO

Ponominalizar: é substituir o complemento directo ou inderecto, numa oração pelo pronome


correspondente.

Complemento directo

O complemento directo é um tipo de complemento que se segue ao verbo. Exemplo:

Preparei um jantar delicioso. Vamos levar o Joazinho à Escola

C. Directo C. Directo

As formas de pronomes que substituem o complemento directo de 3ª pessoa são:

o, a, os, as pronomes de complento directo.

Exemplos: Preparei um jantar delicioso = preparei-o

Vamos levar o Joazinho à Escola vamos levá-lo à escola

A. Os pronomes o, a, os, as transformam-se em lo, la, los, las, quando a terminação verbal for
-r, -s ou -z sendo estas letras suprimidas.
Exemplo: vou visitar a Carla = vou visitá-la. Bebes o leite fresco? = bebe-lo fresco?. Traz
os livros para cá = trá-los para cá.
56
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

B. Depois dos ditongos nasais (-am, -em, -õe, -ão) os pronomes o, a, os, as toma a forma de
no, na, nos, nas.
Exemplos: entreguem os documentos à Tereza = entreguem-nos à Teresa. Eles dão os
documentos ao pai = eles dão-nos ao pai.

Complemento inderecto

Pronomes de complemento indirecto: lhe e lhes

Exemplos: vou telefonar ao Pedro = vou telefonar-lhe.

Eles dão os documentos ao pai = eles dão-lhes os documentos.

Posição do pronome

O pronome, na frase, dependendo das circunstâncias frásicas, pode aparecer:

 Antes do verbo. Exemplo: não me interessa.


 Depois mdo verbo. Exemplo: empresta-nos a tua gramática.
 No meio do verbo. Exemplo: vou estar com o Jocas e dir-lhe-ei.

O pronome aparece:

1. Depois do verbo:
Em frase declarativas afirmativas. Exemplo: chamo-me Yano. Pede-lhe o jornal.
2. Antes do verbo:
a) Em frase negativas. Exemplo: não me chamo Yano. Nunca te enganaste?
b) Em frases interrogativas iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos.
Exemplo: como te chamas? O que lhe aconteceu? Porque nos preocupamos com isso?
Quanto te custou esta casa? quem me telefonou?
c) Depois das conjunções ou locuções subordinativas. Exemplo: ele quer que lhe digas a
verdade. Como te esqueceste dos documentos? Se o veres, chama-o. Quando te
levantares, fecha a janela.
d) Depois dos advérbios. Exemplo: sempre me esqueço disso. Ainda nos vamos
arrepender.

57
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

e) Depois das preposições. Exemplo: isto é para te lembrares de mim. Cansei-me de te


ver.
f) Depois dos indefinidos. Exemplo: todos se esqueceram de tomar o medicamento. Tudo
se transforma. Nada se perde.
3. A meio do verbo
a) Quando o verbo se apresenta no futuro. Exemplo: comprei o livro que sugeriste.
Levá-lo-ei depois do almoço. Dir-lhe-ei a verdade. Pagá-la-ei com cheque.
b) Quando o verbo se apresenta no condicional. Exemplo: compra-lo-ia se tivesse
dinheiro. Dir-te-íamos se soubéssemos.
Mas: não o compraria se tivesse dinheiro. Também o compraria.

Com os pronomes o, a, os, as, no futuro e no condicional, considerando que os


pronomes se seguem ao R, este cai e os pronomes tomam a forma de lo, la,los, las.
Exemplos:
Cantarei o hino ------ cantarei + o ------ canta-lo-ei.
Ouviriamos a música --------- ouviríamos + a --------- ouví-la-íamos.

Havendo condições que obriguem à colocação do pronome antes do verbo, o pronome passa para
essa posição:

Exemplo: oferecer-lhe-ia uma caneta // não lhe oferecerei uma caneta.

Oferecê-la-ei à Joana // também a oferecerei à Joana.

Cantar-lhe-ia a anedota // nunca lhe cantaria a anedota.

Cantá-la-ia ao Mário // jamais a contaria ao Mário.

NOTA: Existindo dois complementos (directo e indirecto) podem ambos serem pronominalizados:

Exemplo: eu entrego-te as cartas; = eu entrego-ta; não ta entrego agora; (te+a).

Diz-me o resultado agora; = diz-mo agora; Não mo diga agora (me+o).

Já entreguei o livro ao Nelsom; = já lho entreguei, (lhe+o).

Exercicios de pronominalização

58
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Faça um X na coluna correspondente ao complemento (em negriti) e, a seguir, reescreva a frase,


substituindo o complemento pela forma correcta do pronome.

Frase CD CI Frases pronominalizadas


Ex: 1. a obra está pronta. Terminaram X … terminaram-na ontem
a obra ontem.
2. O marido pediu a verdade e ela
jurou ao marido que não sabia de
nada.
3. Compraram um espelho
novo, mas a mulher a dias
partiu o espelho.
4. A relva está seca, podes regar
a relva logo a tarde
5. Esta zona vai ter dois novos
hotéis. Diz-se que vão
construir os dois hotéis
aqui.
6. O enfermeiro perguntará o
que aconteceu e ela contará
tudo ao enfermeiro
7. O café está pronto. Vou
trazer o café imediatamente

TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO

Diferença entre o texto literário e o texto não literário

Texto literário Texto não literário

É subjectivo É objectivo

Predominio da ambiguidade e a Evita a ambiguidade, porque o seu objectivo é


plurissignificação transmitir uma determinada mensagem com o
máximo de objectividade.

Assume frequentemente a intensão estética: Tem uma intensão utilitária.


procura provocar surpresa e o prazer.

O problema da veracidade da mensagem ocupa A veracidade da informação é muito importante.


sempre um lugar secundário

Predomina a função poética Predomina a função informativa

Utiliza predominantemente uma linguagem Utiliza a linguagem denotativa


conotativa

Pode ser em verso ou em prosa É quase exclusivamente em prosa

59
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

A relação significante/significado é O significa é valorizado em detrimento do


frequentemente conotativa significante.

Textos utilitários

Com grande predomínio da função informativa da linguagem, este tipo de texto consta de
textos objectivos, impessoais, que têm exclusivamente o propósito de levar informações “puras” ao
conhecimento dos destinatários. Estes textos são as notícias, actas, a carta formal e informal,
requerimentos, regulamentos, contractos, declarações, relatórios, resumos, certidões atestados,
convocatórias, curriculum vitae, ficha de leitura, a biografia, o cartaz, o anúncio publicitário, etc.

Os textos informativos constam de: a) – Discursos de imprensa. Seu representante é o


jornal, como meio de comunicação de massas. Neste tipo de discursos incluem-se:

1. Noticia: texto essencialmente informativo de um acontecimento actual com interesse comum.


Sua estrutura obedece a regras fixas, e contam dos seguintes elementos:

Estrutura da notícia

A notícia consta de três partes fundamentais:

Colisão de barcos no Reno Título

Vários barcos colidiram, ontem, no rio Reno, na zona da Quem? Lead ou


Colónia, oeste da Alemanha, obrigando ao enceramente do cabeça da
tráfico fluvial durante várias horas O quê notícia
Quando? Ou
paragráfo-
Onde?
guia

O acidente deveu-se ao intenso nevoeiro que cobria aquela Porque? Corpo ou


região. desenvolvi
Como? mento da
Apesar do aparato, o acidente que envolveu inicialmente uma notícia
chalupa belga e um conjunto de barcos alemâs, não fez vítimas.
A embarcação belga, carregada de colza, mudou de direcção
com a força da colisão e embateu num barco de dragagem, antes

60
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

de chocar com uma lancha de bombeiros e um barco de recrei


suíço.
In jornas de Notícias, 11-11-01 (adapatado)

Na elaboração de uma notícia, devem ser respeitadas algumas regras:

a) O mais importante escreve-se logo no princípio. Os factos naram-se por ordem de


importância.

b) O título encabeça a notícia. Um bom título deve reunir as seguintes qualidades

 Conter a informação básica, para orientar o leotor;

 Ser atractivo, para despertar o interesse;

 Ser breve.

c) O “Lead” deve conter as respostas ás quatros perguntas básicas:

Quem? – o sujeito

O quê? – a acção ou o acontecimento

Quando? – o momento da ocorrência

Onde? – o local da ocrrência

TEXTO LITERÁRIO

Texto literário (mais amplamente conhecido como género literário) é geralmente dividido,
desde a antiguidade, em três grupos: narrativo ou épico, lírico e dramático. Essa divisão partiu
dos filósofos, da Grécia antiga, Platão e Aristóteles, quando iniciaram estudos para o
questionamento daquilo que representaria o literário e como essa representação seria produzida.
Essas três classificações básicas fixadas pela tradição englobam inúmeras categorias menores,
geralmente denominadas subgéneros.

Muitos estudantes têm a tentação de dividir a literatura em poesia e prosa. Apesar da lógica inerente
a esta divisão, Aristóteles seguiu uma outra lógica da literatura, muito mais complexa e abrangente.
Em vez de dividir a literatura de acordo com a sua forma aspecto gráfico, Aristóteles preocupou-se
61
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

com: a forma como o texto transmite a visão do mundo envolvente, a pessoa em terno da qual o
texto é formulado e a função do texto. Portanto, textos que apresentam um mundo interior, ou
subjectivo (o mundo exterior é apresentado pelos olhos do poeta), centram-se em torno do “eu” e
têm uma função emotiva, pertencem à categoria da lírica.

Os textos que apresentam um mundo exterior e subjectivo, centram-se em torno de “ele”,


“ela”, “eles”, e “elas” e têm uma função referencial ou informativa, pertencem à categoria da
Épica, o nome originariamente atribuído por Aristóteles, mas que é comummente denominada por
Narrativa.

Os textos que apresentam um mundo exterior e objectivo, centram-se em torno do “tu” e têm uma
função apelativa, pertencem à categoria do Drama.

Assim, a literatura pode ser dividida em três categorias universais: modo lírico, modo
narrativo e modo dramático. Cada um dos três modos é divisível numa outra categoria, os géneros
(romance, soneto, tragédia…).

O género lírico se faz, na maioria das vezes, em versos e explora a musicalidade das palavras.
Entretanto, os outros dois géneros, o narrativo e o dramático, também podem ser escritos nessa
forma, embora modernamente prefira-se a prosa.

Todas as modalidades literárias são influenciadas pelas personagens, pelo espaço e pelo
tempo. Todos os géneros podem ser não-ficcionais ou ficcionais. Os não-ficcionais baseam-se na
realidade, e os ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem coerentemente
com o que se passa no enredo da história.

TEXTO LÍRICO

O texto lírico é um tipo de texto que permite exprimir as emoções os sentimentos ou os


pensamentos mais intimo do sujeito poético. Por este motivo nele predomina a primeira pessoa
gramatical “eu lírico”.

CARACTERISTICAS

01 Centrado na 1ª pessoa
gramatical (eu);
02 Predomínio das funções
poética e emotiva da
62
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

linguagem;
03 Exprime os estado da
alma, sentimento e
emoções;
04 Linguagem
plurisignificativa
(conotativa)
05 Escrita em versos
06 Predomínio do ritmo,
rima e musicalidade;
07 Geralmente não tem
narrador. É a voz do
sujeito poético que fala;

Tipos de análise no texto lírico

No texto lírico faz-se dois tipos de análises:

 Análise da estrutura externa

 Classificação do poema quanto possível;

 Classificação das estrofes quanto ao número de versos;

 Esquema rimático e classificação de rimas;

 Escansão (contagem das sílabas métricas) e a classificação de dos versos quanto ao


número de sílabas.

 Análise da estrutura interna

 Tema: ideia mais importante que o texto contém. É uma espécie de título bastante
sugestivo. Deve ser curto e dar a ideia principal que contém o texto.

 Assunto: desenvolvimento do tema (uma espécie de resumo onde se interpreta a


mensagem que o texto dá, por vezes, de forma objectiva. Clarifica e desenvolve a
mensagem contida no poema).

Nota: há poemas que não apresentam título. Quando isso acontece, os poemas são
conhecidos pelo primeiro verso da primeira estrofe.
63
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Elementos que compõe o texto lírico

 Ode: É um texto de cunho entusiástico e melódico, em geral uma música.

 Hino: É um texto de cunho glorificador ou até santificador. Os hinos de países e as músicas


religiosas são exemplos de hino.

 Soneto: É um texto em poesia com 14 de versos dividido em dois quartetos e dois tercetos
com rima geralmente em A-B A-B A-B B-A C-D C-D C-D.

Classificação das estrofes

Monóstico Estrofe de um verso

Dístico Estrofe de dois versos


Terceto Estrofe de um trêsversos
Quadra Estrofe de quatro versos
Quintiha Estrofe de cinco versos
Sextilha Estrofe de seis versos
Sétima Estrofe de sete versos
Oitava Estrofe de oito versos
Nona Estrofe de nove versos
Décima Estrofe de dez versos
Irregular Estrofe com mais de dez versos

Verso: cada uma das linhas do poema que pode ter sentido completo ou não.

Estrofe: conjunto de versos; as estrofes encontram-se por um espaço em branco.

Rima: Consiste na semelhança de sons normalmente na sílabas finais dos versos atribui-se
uma letra a cada rima pela ordem das letras do alfabeto. Esquema rimática.

Escansão métrica

Escansão métrica: é proceder a contagem das sílabas métricas.

64
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

As métricas correspondem aos sons da fala, e nem sempre coincidem com as sílabas
gramaticais. Exemplo: “e não sabia ainda o que era a vida

O verso
tem 15 E não sa bi a a in da o que e ra a vi da
sílabas
gramaticais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

… 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
sílabas
métricas

E não sa bi à in do qué ra vi

Na escansão, só se contam as sílabas métricas


até a sílaba tónica da últuma palavra.

Os versos podem ser:

Isométricos: quando, no poema, têm a mesma medida, isto é, o mesmo número de sílabas
métricas.

Heterométricos: quando o número de sílabas métricas, recebendo os seguintes nomes:

Números de sílabas Designação do verso


1 Monossílabos
2 Dissílabos
3 Trissílabos
4 Tetrassílabos
5 Pentassílabos (rendondilha menor)
6 Hexassílabos
7 Heptassílabos
(rendondilha maior)
8 Octossílabos
9 Eneassílabos
10 Decassílabos
11 Dodecassíabos ou
alexandrinos
Com mais de 12 sílabas Versos irregulares
65
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Estrutura rimática

Tradicionalmente as rimas são classificada quanto: riqueza e disposição.

Quanto a riqueza as riqueza as rimas podem ser:

a) Rimas ricas: As palavras que rimam pertencem as categorias gramáticas diferentes.


Ex.: Pobre dos pobres são pobrezinhos Adjectivo
Ex.: Almas sem lares, aves sem ninhos Substantivo
b) Rimas pobres: as palavras que rimam pertencem a mesma classe gramática.
Ex.: A cena é muda e breve Adjectivo
Ex.: Num lameiro Substantivo
Ex.: Um cordeiro Substantivo
Ex.: A bastar ao de leve Adjectivo
Miguel Torga

Quanto a disposição as rimas podem serem:

a) Rima emparelhada: Os versos rimam dois a dois.


b) Rima cruzada: Os versos rimam alternadamente, verso sim, verso não.
c) Rima Interpolada: Os versos que rima estão separados por dois ou mais versos de rima
diferente.
d) Rima encadeada: Quando há um som que rima com o meio do verso seguinte.
Exemplo:
O teu vulto seja
Sonora fanfarra
Rima
Zimbório de Igreja cruzada
Que logo te veja Rima
Rima
Quem entra na barra emparelhad interpolada
a
Carlos Queirós

Fez-lhe um aceno a chamá-la

Veio achá-la já dormindo Rima


encadeada
66
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Um poema que contenha rimas com regularidade pode fazer-se o esquema rimático,
procedendo-se da seguinte forma: a partir do 1º verso atribui-se uma letra a cada verso, a começar
da 1ª letra do alfabeto. A, B, C, D…

Exemplo:

Quem dera A

Que sofras B

As dores C

De Amores C

Que louco D

Sofri E

Quem dera A

Que sofras B

Não negues F

Não mintas G

Eu vi! E

Casimiro de Abreu

Portanto, o esquema rimatico deste poema é; ABCCDE / ABFGE

O ACRÓSTICO

É um, tipo de poema em as primeiras letras de cada verso são de alguém ou de alguma coisa.
Exemplo.

Luanda linda, Luanda loira

Urdida de sol, urdida de mar

Acalentas os sonho de alegria perene,


67
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

Namoras a brisa de momo soprar

De dia, o sol tórrido apenas te apraz

Aliado ao murmúrio das ondas do mar.

Maria Helena Miguel

GÉNERO NARRATIVO OU ÉPICO

O seu papel é relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar
determinados, envolvendo um ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas
utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a
gestual (por meio de gestos), além de outras.

Quanto à estrutura, ao contudo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em


romances, contos, poemas épicos, crónicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, as narrativas
podem ser históricas policiais, de amor, de ficções, etc. Todo o texto que traz foco narrativo,
enredo, personagens, tempo, e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo.
Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao género narrativo.

 Romance: É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de


carácter verosímil.
 Fábula: É um texto de carácter fantástico que busca ser inverosímil (não tem nenhuma
semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objectos, e a
finalidade é transmitir alguma lição de moral.
 Epopeia ou épico: É uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos
de um herói ou as aventuras de um povo. Três belos exemplos são: os lusíadas, de Luís de
Camões, Ilibada e Odisseia de Homero.
 Novela: É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a
brevidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações.
Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras: O Alienismo, de Machado de
Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
 Conto: É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações
rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens
previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral, e Boccaccio foi
primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
68
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

 Crónicas: É uma narrativa informal breve, ligada à vida quotidiana, com linguagem
coloquial, breve com um toque de humor e crítica.
 Ensaio: É um texto literário breve, situado entre o poético e o didáctico, expondo ideias,
crítica e reflexões morais e filosóficas a respeito do certo tema. É menos formal e mais
flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjectivo
sobre um tema (humanístico, filosófico, politico, social, cultura, moral, comportamental,
literário, etc.) sem que se paute m formalidades como documento ou provas empíricas ou
dedutivas de carácter científico.

Em qualquer texto narrativo existe um conjunto de elementos (ou categorias) que irás
recordar:

Narrador e narratário

O narrador é aquele que relata os acontecimentos e não deve ser confundido com o
autor; o narratário é o destinatário da história narrada. Por vezes, o narratário é mencionado
pelo próprio narrador. Exemplo:

Quando comecei a pôr vulto no mundo, meus fidalgos, era a porca da vida outra droga.

Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas

O narrador está aqui identificado com uma personagem – o Malhadinhas – que vai
narrar episódios da sua vida (história) a um narratório que ele designa por meus fidalgos.

Autodiegético – mais do que ser


uma personagem da narrativa
que narra, constitui-se como o
protagonista da mesma. A
narração é feita na primeira
pessoa.

Homodiegético ou
Participante – como
Narrador personagemou como mera
testemunha

Heterodiegético ou não

69
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

participante (ou ausente)

Presença na acção

Focalização é omnisciente –
quando o narrador se mostra ter
conhecimento ilimitado das
personagens, ao tempo, a
acção…, conhecimento que
ultrapassa a mera observação.
Este narrador sabe, por exemplo
o que se passa no imtimo das
personagens.

Focalização externa – apenas


refere o que é observável,
diremos que se trata de um
Quanto ciência narrador observador.

Focalização interna – aqui o


relato é feito segundo o ponto de
vista de uma personagem.

Relevância dos acontecimentos Principal ou central

Secundária (s) acontecimentos


de menor relevo em relação a
acção principal

Estrutura da sequência narrativa Introdução – corresponde a


situação inicial (informação
sobre o tempo e o espaço,
apresentação das
personagens…)

Desenvolvimento – sucessão
das peripécias e o ponto

70
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

culminante

Conclusão ou deselance

Organização das sequências Encadeamento – ordenação


Acção narrativas e/ou das acções cronológica dos acontecimentos

Alternância – sequência e/ou as


acções vão ocorrendo
alternadamente, chegando a
entrelaçar-se

Encaixe – uma acção e/ou


sequência e introduzida noutra.

delimitação Fechada – a acção é totalmente


solucionada

Aberta – não se apresnta a


solução definitiva

papel/relevo Principais, centrais ou


protagonistas: indiduais,
Personagens colectivas

Secundárias

figurante

processo de caracterização Directa – através de palavras da


personagem acerca de si própria,
de palavras de outras
personagens, de afirmações do

71
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

narrador

Indirecta – deduções do leitor


acerca da personagem, a partir
das suas atitudes, do seu
comportamnento.

Mista – coexistência da
caracterização directa e indirecta

concepção ou composição Plana ou tipos – são estáticas,


sem vida interior; muitas vezes
representam um grupo social ou
profissional

Modeladas ou redondas – são


dinâmicas, com vida interior

Espaço Físico – lugar (es) onde decorre a acção

Social – corresponde ao ambiente social, económico, cultural e moral


em que vivem as personagens

Psicológico – diz respeito a vivência íntima das personagens. É o


espaço dos pensamentos, dos sonhos, dos desejos das personagens

Tempo Cronológico (diegético) – corresponde ao decurso e duração dos


acontecimentos, marcados cronológicamente por anos, meses,
semanas, dias, horas, etc.

Discurso – corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo


da história, alongando, resumindo, alterando ou omitindo os dados do
72
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

tempo cronológico

Histórico – é o contexto histórico (época, período) em que se situa a


narrativa

73
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com
Língua Portuguesa – I Ano: 2017 ISPK

BIBLIOGRAFIA

ACADEMIAS DE CIÊNCIAS DE LISBOA (2001), “Dicionário da Língua Portuguesa


Contemporânea”. Lisboa, Editorial Verbo.

ÁLVARES, Carlos (2001), “Uma introdução ao Estudo do Texto Literário – Noções de


Linguística e Literariedade”, 1ª Ed., Lisboa, Plátano Editora.

AZEVEREDO, M. Olga, et al (2013) “Gramática Prática de Português – Da comunicação


da Expressão”, Lisboa, Raiz Editora.

CUNHA, Celso e CINTRA, E Lindley, (2002) “Nova Gramática do Português


Contemporâneo”, 16ª Ed., Lisboa, Edições João Sá da Costa.

GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA, (2013) 2ª Edição.

MATEUS, M. H. M et al (2003), “Gramática da Língua Portuguesa”, 6ª Ed., Lisboa, Edtorial


Caminho.

MIGUEL, Helena, (2007), “ Língua Portuguesa – Funcionamento da Língua. Exercícios com


soluções”, Luanda, Editorial Nzila.

MIGUEL, Helena e ALVES M. António (2016) “Saber + Manual de Língua Portuguesa


para o ensino universitário”.

NASCIMENTO, Zacarias e PINTO, J. M. de Castro, (2001), “A Dinâmica da Escrita – Como


Escrever com Êxito”, 1ª Ed., Lisboa.

RODRIGUES, Amélia et al, (2004), “Evolução da Comunicação Linguística – Língua


Portuguesa: estrutura e comunicação – Didáctica da Gramática”, Stória Editores.

74
Sistematizado por: Martins Kamulengo Siluqui Laurindo / Docente da Cadeira / Lí ngua Portuguesa – I / Ano: 2017 / ISPK / Email:
martinslaurindokamulengo@gmail.com

Você também pode gostar