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ESTUDO DE MORFOSSINTAXE II

Jaqueline Pedro da Silva e Samara Cavalcanti da Silva

TEXTO I: O que é uma língua? Como ela pode ser analisada?


BATISTA, R. de O. A palavra e a sentença: estudo introdutório. São Paulo: Parábola, 2011, p.
17-28.

O que é língua? Uma língua natural é definida como um sistema complexo de elementos sonoros,
de signos e de formas de combinação de unidades (fonemas e morfemas). Língua é um conjunto de
unidades, em permanente relação em torno de uma estrutura e funciona como meio de expressão e
comunicação.

SIGNO LINGUÍSTICO
O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o significado e o significante.

Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses sons se
identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança constitui uma real imagem sonora,
armazenada em nosso cérebro que é o significante do signo cachorro.

Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas,
etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em
nossa memória.
Fonte: Só Português.

● Dupla articulação: Segmentação de em torno das unidades básicas que a organizam: Sons e
morfemas. É uma das características essenciais que ajudam a definir uma língua natural
como uma complexa organização.
● Caráter discreto: É possível segmentar os elementos de uma palavra ou frase - cada palavra
é um conjunto de diferentes processos combinatórios.
● Caráter distintivo: Permite a diferenciação entre um som e outro. Ex.: Pato e Bato, sons
parecidos, mas a troca atribui um significado diferente.
● Um elemento sonoro não possui significação própria, apenas combinado com outros
elementos sonoros, formando palavras com significados e significantes. P, por exemplo, não
tem significado, mas juntamente com os elementos A, T e O pode formar uma palavra, um
significado próprio (um animal aquático). O elemento de comparação seriam duas palavras
muito parecidas, como pato e pata, que embora apresentem o mesmo radical- pat, o último
elemento sonoro se difere um do outro por causa do traço distintivo, que vai diferenciar o
gênero - o (masculino); a (feminino) - Característica das línguas naturais.
● 1° Articulação da linguagem é significativa: forma a palavra - morfemas.
● 2º Articulação não é mais significativa, mas distintiva - fonemas.
● Essa divisão das línguas naturais em dois componentes: o fonológico e o morfológico,
permite evidenciar que a língua pode ser tratada como objeto de observação analitica, a
partir da decomposição de suas unidades, até chegar a um limite máximo de reconhecimento
de unidades que pertencem a uma organização linguística.
● Segmentar (decompor unidades) uma língua é um dos princípios básicos da atividade
de análise linguística.
● O paradigma e o sintagma são dois eixos centrais de observação de uma língua.

SINTAGMA E PARADIGMA

Paradigma: Diz respeito às escolhas feitas pelos falantes em meio a unidades disponíveis para o uso, de acordo com
os inventários e as regras do sistema linguístico. Paradigma: eixo vertical - eixo seletivo - está na mente do falante.

Sintagma: Diz respeito às formas de combinação, de diferentes dimensões, das unidades selecionadas pelos falantes
em diferentes paradigmas que formam o inventário disponível para o uso linguístico. Sintagma: eixo horizontal -
eixo combinatório - parte mais formal.

CARACTERÍSTICA DAS LÍNGUA NATURAIS


a. Arbitrariedade: Estabelece que não há uma relação de implicação imediata entre a forma e
o sentido dos signos. Ou seja, não há nada na estrutura sonora que nos leve imediatamente
ao significado. Os elementos que organizam a línguas naturais são arbitrários e
convencionais, resultado de um acordo que se estabeleceu coletivamente. Ex.: Pato (PT) e
Duck (EN) e o realismo nominal.

Realismo nominal: Realismo Nominal é uma característica do pensamento infantil em função do


qual a criança expressa dificuldades em dissociar o signo da coisa significada. (Piaget, 1962).
Ex.: Formiga, palavra escrita com poucas letras por ser um animal pequeno e leão, palavra escrita
com muitas letras por ser um animal grande.

b. Independência em relação ao espaço e tempo: Podemos falar e escrever sobre algo que
não está no tempo presente (algo ausente), como o passado ou o futuro, ou fisicamente em
nossa frente. Exemplo no caso de línguas não naturais: Braille e algumas comunidades
indígenas que não possuem verbos no futuro.

c. Produtividade e abertura: Caráter criativo das línguas. Podemos fazer diferentes e


praticamente infinitas combinações desde que estas respeitem as regras de combinação das
unidades linguísticas. Consoante, vogal e consoante; consoante e vogal; consoante,
consoante e vogal; vogal, vogal e consoante.

d. Gramaticalidade: Formas possíveis. Todos os sistemas linguísticos se organizam em torno


de regras de seleção e combinação. A obediência a essas regras é fundamental para que se
produzam unidades que serão aceitas e reconhecidas pelos membros de uma comunidade
linguística. O saber que nos permite reconhecer a gramaticalidade das unidades é
denominado competência linguística.

e. Divisão analítica em componentes (ou níveis de análise): Nas línguas naturais, é possível
decompor as palavras para analisá-la. Os níveis são um construto teórico, no sentido de é um
trabalho científico de análise que estipula sua existência e modos de observação. O trabalho
de análise, da linguística e da gramática, é conceber que a língua é uma estrutura, um
sistema, organizado em diferentes camadas, cada uma delas com suas particularidades e
unidades próprias de análise.

OS NÍVEIS DE DESCRIÇÃO E ANÁLISE LINGUÍSTICA


Texto: Unidade formal máxima, constituído de porções menores. Unidade mais complexa,
hierarquicamente superior.

Fonemas: Grau máximo de segmentação. Texto - sentenças - palavras - morfemas - fonemas.

● Nível fonológico: O nível mais básico de descrição e análise é o nível fonológico. Suas
unidades são os sons distintivos, isto é, os fonemas.
● Nível morfológico e lexical: O primeiro diz respeito aos morfemas que compõem a língua,
e o segundo se estabelece a partir do momento em que os morfemas se integram também e
formam as diferentes palavras que constituem o conjunto lexical das línguas.
● Nível sintático: A este nível pertencem os sintagmas (constituintes das sentenças) as
sentenças propriamente ditas.
● Nível textual: Resultado de diferentes combinações com diferentes extensões, que
determinam a presença dos textos nas línguas.
Dimensão semântica: Responsável pelos diferentes significados que morfemas, palavras,
sintagmas, sentenças e textos assumem na língua. Tem-se assim, em diferentes graus, o aspecto
semântico das línguas.
Dimensão de análise e pragmática: Uso da língua em diferentes contextos comunicacionais.
Gramática: É vista como as regras de combinação presentes nos diferentes níveis que organizam e
estruturam uma língua natural.

TEXTO II - PARTE 1: O conhecimento da língua e a sintaxe


BATISTA, R. de O. A palavra e a sentença: estudo introdutório. São Paulo: Parábola, 2011, p.
77-95.

● A Competência Linguística dos falantes é um saber internalizado da língua, como se fosse


uma gramática própria do indivíduo. O que significa dizer que o que conhecemos sobre a
estrutura gramatical da língua vem da gramática interna, ou seja, é resultado do
desenvolvimento de uma faculdade da linguagem inata à espécie humana. Esta, portanto,
nos dá informações sobre o que é possível ou não em língua portuguesa, em termos de
estrutura sintática. E de relações que os constituintes das sentenças estabelecem entre si.
● O aspecto criativo da linguagem permite que o ser humano possa criar sentenças infinitas
por meio de um conjunto finito de elementos. Característica singular dos seres humanos.
● Apenas as pessoas com distúrbios neurológicos graves não possuem o aspecto criativo da
linguagem.
● As línguas naturais são um dote do ser humano, apenas dele.

O INVENTÁRIO DE UNIDADES DO COMPONENTE SINTÁTICO


● A sintaxe não é um inventário fechado, isto é, na aquisição da linguagem não tivemos
acesso a uma lista de todas as combinações possíveis e não possíveis de nossa língua.
● Os sons fazem parte de um inventário fechado, pois são finitos; também com a palavras algo
semelhante ocorre em relação às unidades pertencentes a classes fechadas.
● O inventário sintático nos dá evidência da capacidade criativa do ser humano em relação à
linguagem, uma vez que possui falta de limitação quantitativa. Não há limites para o número
de sentenças que uma língua pode apresentar, também não há um limite (em termos de
organização sintática) para a extensão das sentenças que compõem uma língua natural. Com
isso queremos dizer que a abertura do inventário sintático também se reproduz na extensão
das sentenças.
● A Recursividade é universalmente encontrada nas línguas do mundo, e sua presença é a
principal razão pela qual somos capazes de produzir uma variedade ilimitada de sentenças
de comprimento indeterminado, apenas pela combinação de poucas peças que são sempre as
mesmas.
● Quanto mais acrescentamos dados à sentença original, mais difícil de ser compreendida ela
fica.

COMPETÊNCIA GRAMATICAL E COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA

Competência gramatical é o conhecimento que têm os falantes/ouvintes da língua e da linguagem,


independentemente de qualquer informação extralinguística.

A Competência pragmática ultrapassa o nível da informação sobre a forma e o significado das línguas
[...], diz respeito, portanto, ao uso da língua em situações reais de comunicação.

2. GRAMATICALIDADE
● Essa característica indica que determinada unidade é possível em determinada língua em
exame.
● A noção de gramaticalidade nada tem a ver com as regras semânticas. Por isso, é possível,
em termos gramaticais, a seguinte sentença: Ele é viúvo, mas a mulher não morreu.
● Por isso não é viável aprender somente a gramática, mas a semântica também.

A ESTRUTURA DAS SENTENÇAS: OS CONSTITUINTES

● Os sintagmas são unidades independentes que constituem as sentenças, são organizados a


partir de um núcleo que é uma categoria lexical como nome (substantivo, verbo, adjetivo,
advérbio, e a preposição).
● Determinantes: Artigos, demonstrativos e possessivos.
● Sintagma nominal (SN): Organizada a partir de um nome (substantivo) como núcleo, e pode
ser acompanhada de determinantes (artigo, determinados pronomes em função adjetiva),
quantificadores (numerais e palavras como todos, ambos) e de modificadores (adjetivos,
locuções adjetivas e preposicionais).

● Sintagma verbal (SV): organizado principalmente a partir de um verbo nacional como


núcleo.
● Sintagma adjetival (SADJ): É organizado a partir de um adjetivo e pode atuar como
modificador de um sintagma nominal (SN) ou como elemento que atuará com uma cópula
(verbo de ligação).

● Sintagma adverbial (SADV): Constituído basicamente por um advérbio.

● Sintagma preposicionado (SP): Tem como núcleo a preposição (acompanhado por um SN) e
pode atuar como complemento (verbal e nominal), indicador de circunstâncias verbais e
modificador.

● O que a análise sintática faz é oferecer evidências que confirmem nossas intuições a respeito
da estrutura das sentenças de nossa língua.

● Os sintagmas nominais podem ser substituídos por um elemento pronominal, como ele.
● Os sintagmas verbais podem ser substituídos por uma forma verbal, como fez isso.

OS TESTES DE CONSTITUINTES

● Sentenças e sintagmas não são apenas sequências lineares de palavras, ou seja, não precisam
seguir necessariamente a ordem direta das palavras, mas podem seguir uma ordem indireta.

Apenas constituintes inteiros podem passar pelos seguintes processos:


Substituição: é a troca de uma sequência por uma pró-forma adequada sem romper com a
gramaticalidade.
Ex.: O menino comeu o doce na festa.
Ele comeu o doce na festa. Ou seja, o menino é um constituinte.

Movimento: Se você mover uma sentença X, e a sentença não ficar agramatical, então X é
um constituinte.
Ex.: O menino comeu doce na festa.
Na festa, o menino comeu o doce.
*Festa, o menino comeu doce na.

Fragmentos de sentenças: Se uma sentença X for resposta suficiente para uma questão, e o
resultado não for agramatical, então X é um constituinte.
Ex.: O menino comeu o doce na festa.
Quem comeu o doce? [O menino].
Onde o menino comeu o doce? [Na festa].

Elipse: Se uma sequência X puder estar ausente numa sentença, e essa ausência não gerar
agramaticalidade, então X é um constituinte. Apenas constituintes inteiros podem ser
eliminados sem prejuízo da gramaticalidade.
Ex.: O menino comeu o doce.
O sintagma Na festa foi eliminado e a frase continuou gramatical.

Formação clivadas: Ocorre quando o constituinte é colocado entre uma forma do verbo ser
e a partícula que.
Ex.: [O menino]comeu o doce na festa.
Foi [o menino] que comeu o doce na festa.

Coordenação: Se uma sequência X puder ser coordenada em uma nova sentença com uma
sequência similar Y, e o resultado não for agramatical, então X é provavelmente um
constituinte (do mesmo tipo que Y).
Ex.: [O menino] comeu o doce na festa.
[O menino] e a [a menina] comeram doce na festa.
* [O menino] e extremamente feliz comeu o doce na festa.
OS TESTES DE CONSTITUINTES E A EXPLICAÇÃO SINTÁTICA PARA A
AMBIGUIDADE

Ambiguidade lexical: Uso de unidades com mais de um significado possível (homonímia e


polissemia).
Ex.: Ele proferiu aquele canto.
Canto música ou espaço físico?

Ambiguidade no uso da preposição: Ex.: O desenho da Maria é bonito. O desenho


representa Maria ou Maria fez o desenho?

Ambiguidade de escopo: Não se pode determinar de imediato sobre qual elemento da


sentença determinada unidade incide ou ainda se a leitura a ser feita e distribuição coletiva
ou individual.
Ex.: Todos os alunos falam duas línguas.

Ambiguidade semântica: Ocasionada pela possibilidade do pronome se relacionar com


mais de um elemento.
Ex.: Paulo falou com seu irmão.
O irmão é do Paulo ou de outra entidade envolvida no processo?

Ambiguidade na atribuição de funções semânticas: Mais de um sentido pode surgir pela


dificuldade na delimitação dessas funções.
Ex.: Pedro cortou o cabelo.
Nesse caso, Pedro é o agente ou o paciente.
No caso do verbo de ligação, o núcleo articulado ao SN com função de sujeito é o elemento
que exerce a função de predicativo do sujeito, além de ser predicativo nominal. Podendo ser
representado por um SN, SADJ e SP.

Complemento Nominal: Substantivos, adjetivos e alguns advérbios.

TEXTO III: O QUE É SINTAXE?


PERINI, M. A. Sintaxe. São Paulo: Parábola, 2019, p. 21-27.

● Uma língua é um sistema que relaciona sequências de sons (ou letras, na escrita) e
estruturas de significado.
● Conseguimos nos comunicarmos porque adquirimos um grande número dessas
associações; um conjuntos completo dessas associações se chama Língua Portuguesa.
● Essas associações som/significado podem variar das mais simples até as mais
complexas.
● Transmitir essa informação depende de uma associação convencional entre forma e
significado.
● A ordem dos termos pertence à sintaxe.
● A Sintaxe se resume à exposição dos arranjos formais possíveis em uma língua sem
referência a seu significado, ou seja, o significado não vai ser levado em conta.
● A SEMÂNTICA DEPENDE DA SINTAXE, MAS A SINTAXE NÃO DEPENDE DA
SEMÂNTICA?
● TEMPO VERBAL É SEMÂNTICO OU SINTÁTICO?
● Em Português, a terminação do verbo pode exprimir o momento do tempo em que uma
afirmação é válida; a terminação também exprime outros traços semânticos, que vamos
deixar de lado por ora.

CRÍTICA DA ANÁLISE TRADICIONAL


● As gramáticas confundem os planos formal e semântico, como por exemplo quando se
referem ao sujeito “o elemento que pratica a ação", ou “do qual se fala” (semântica), e
também com “o elemento com o qual o verbo concorda” (sintaxe). - Definição mista de
sujeito.
● Nem sempre o sujeito é aquele que pratica a ação, pois pode ser expresso por outros
elementos.
● Nem sempre o sujeito vem anteposto ao verbo.
● Agente é uma função semântica. Sujeito é uma função sintática.
● Pessoa gramatical (formal - sintaxe) e pessoa do discurso (semântica).
● É possível distinguir o futuro morfológico e o futuro semântico. Ex.: Amanhã eu te chamo.
Há futuro semântico, mas a forma do verbo é no presente.
● A terminação verbal é formal (morfológica).

TEXTO IV: O que é morfossintaxe?


SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São
Paulo: Manole, 2010, p. 1-13.

O estudo da gramática de uma língua costuma ser feito, pedagogicamente, sob quatro aspectos,
conforme as unidades linguísticas em estudo: fonemas, morfemas e palavras, sintagmas e frases, e
unidades semânticas em geral.

● Fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.

Se estivermos apenas nos limites dos morfemas (as menores unidades significativas da língua) e/ou
das palavras, poderemos estudar, por exemplo, como se realizam processos de derivação (papel:
papelote, papelada, papelão, papelaria) ou flexão (papel/papéis)

Relações entre palavras formando sintagmas, e estes formando frases (ou orações), remetem-nos
aos estudos comandados pela sintaxe, seja ela de colocação, concordância, regência, coordenação
ou subordinação.
● MORFEMAS SÃO SÍLABAS?

● A língua, porém, tomada como um código composto de unidades e de leis que as ordenam e
regulamentam, realiza-se mediante a interação e a perfeita harmonia entre todos esses aspectos
e não compartimentada por eles.
● Todo usuário da língua concretiza seus atos de fala e exerce sua competência comunicativa,
produzindo textos orais ou escritos, a partir dessas unidades e orientado pela força intrínseca
das leis fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas que as organizam ou que as
autorizam.
● Fonologia, morfologia, sintaxe - sistemáticas.
● Semântica - Extralinguística.
● É o conhecimento dessa "gramática internalizada" que comporta as regras essenciais
constitutivas de sua identidade, possibilita que todo falante de uma língua "saiba" construir
frases e, com elas, expressar seus pensamentos.
● Assim, a menor unidade significativa da língua é o MORFEMA, que se combina a outros
morfemas para formar a unidade imediatamente superior, o VOCÁBULO (ou PALAVRA5 ),
que, por sua vez, combina-se a outros vocábulos para formar o SINTAGMA. À unidade
linguística denominada sintagma cabe o papel de representar os constituintes imediatos da
unidade imediatamente superior - a FRASE (ou ORAÇÃ06 ). Finalmente, para ocupar o status
de maior' unidade significativa e comunicativa da língua, elegemos o TEXTOS, unidade pela
qual todo falante exerce efetivamente sua capacidade de "pôr uma mensagem em comum".

● Por que Morfossintaxe?


● Há um princípio linguístico universal que afirma: "nada na língua funciona sozinho". Para que
todas essas unidades linguísticas a que nos referimos passem efetivamente a exercer qualquer
função significativa ou comunicativa, é necessário sempre que se organizem ao menos em duas
unidades.
● Quando o falante da língua produz qualquer enunciado, está sempre articulando duas atividades
linguísticas básicas: a de escolha de uma forma e a de relação dessa forma com outra.
● É por isso que se diz que o campo de atuação da SINTAXE é o eixo sintagmático e o da
MORFOLOGIA é o eixo paradigmático.

TEXTO V - PARTE I: Estudo da sintaxe.


SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São
Paulo: Manole, 2010, p. 43-71.

As palavras existentes em qualquer língua são agrupadas em várias classes, conforme a semelhança
de formas que apresentam paradigmaticamente. A existência dessas classes gramaticais é justificada
tanto pela necessidade de se organizar um repertório tão grande de palavras.

A FORMA define-se segundo os elementos estruturais que vierem a compor ou decompor


paradigmaticamente as palavras; a FUNÇÃO, conforme a posição ocupada no eixo sintagmático; e
o SENTIDO depreende-se da relação de ambas as coisas, quase sempre associado a fatores de
ordem também extralinguística

Assim, é muito difícil dizer que uma determinada palavra será sempre um substantivo ou um
adjetivo. ) que existe são características peculiares (de natureza mórfica e/ou sintática) a
determinadas classes de palavras que permitem, em um determinado contexto, assegurar-nos de que
se trata deste ou daquele tipo de palavra: a língua não funciona em relação a um único eixo
(paradigmático e sintagmático).

Substantivo
A linguística considera como DETERMINANTE todo o conjunto de morfemas gramaticais
independentes que servem não para acrescentar um conteúdo semântico ao substantivo ou para
modificar seu sentido, mas para identificar sua referência por meio da situação espaço temporal ou
delimitar seu número. Por isso, são determinantes simples a classe fechada dos artigos
(definidos/indefinidos), dos pronomes possessivos e demonstrativos e dos numerais cardinais e
ordinais".

Verbo
Realmente, somente os verbos admitem as desinências próprias de número, pessoa, tempo e modo
(por exemplo, número -mos; pessoa -eí; tempo -ra; modo -va).

Somente os verbos se articulam com os pronomes pessoais do caso reto. Por isso, os aprendizes
costumam "conjugar" palavras para se certificar de que rias são ou não verbos.
Etimologicamente, a sintaxe vem do grego syntaxis e significa ordem, combinação, relação. A
SINTAXE é a parte ela gramática que se preocupa com os padrões estruturais elos enunciados e
com as relações recíprocas dos termos nas frases e das frases no discurso, enfim, com todas as
relações que ocorrem entre as unidades linguísticas no eixo sintagmático (aquela linha horizontal
imaginária).

As LEIS SINTÁTICAS de uma língua funcionam como uma espécie de guardiã da inteligibilidade
da superfície linguística de um texto, pois são o elemento gerador e disciplinador das unidades
linguísticas que compõem suas frases. A sintaxe, sem dúvida, é o princípio construtivo e
mantenedor da identidade da língua e, como tal, tem sua importância alçada à de assegurar a própria
capacidade comunicativa dos textos.

Os objetos de estudo da sintaxe são, portanto, todas as relações que ocorrem no eixo sintagmático
da língua.

FRASE
Logo, consideremos ORAÇÃO como uma frase que se presta a uma análise sintática de seus
constituintes, liberta de seu contexto, e que deve exibir, de maneira clara ou oculta, um núcleo
verbal. Dessa forma, a oração reúne, na maioria das vezes, duas unidades significativas, chamadas
sujeito e predicado:

Logo, consideremos ORAÇÃO como uma frase que se presta a uma análise sintática de seus
constituintes, liberta de seu contexto, e que deve exibir, de maneira clara ou oculta, um núcleo
verbal. Dessa forma, a oração reúne, na maioria das vezes, duas unidades significativas, chamadas
sujeito e predicado:

Percebe-se, então, que toda oração pode ser frase, mas nem toda frase pode ser oração.

Quando nos referimos à hierarquia gramatical de unidades linguísticas (morfema ~ palavra ~


sintagma ~ frase/oração ~ texto),

Em sentido amplo, todo SINTAGMA é a construção que resulta da articulação de pelo menos duas
unidades linguísticas, em qualquer nível de análise.
Isso ocorre porque o falante da língua "sabe" que os verdadeiros constituintes da oração são os
sintagmas.

Isso significa que existem "arranjos" sintagmáticos mais próximos ou distantes de certo padrão
linguístico em uso, o que resulta em uma maior familiaridade para o falante. É isso que chamamos
de força das leis sintáticas em uma língua.

Por isso, dizemos que o sol de verão é um sintagma nominal, pois tem como base uma palavra
substantiva, e que muito fraco é um sintagma adjetival, pois sua base nuclear é um adjetivo. Já
()sintagma em certos dias enevoados

em certos dias enevoados, ou seja, é formado por uma preposição e um sintagma nominal. Esse é o
caso dos sintagmas preposicionados, que poderiam ser representados pela seguinte fórmula: SP =
preposição + SN.

O SINTAGMA NOMINAL (SN) é uma unidade significativa da oração que sempre terá como
núcleo uma palavra de natureza (ou base) morfológica substantiva, podendo esse núcleo vir
circundado por determinantes e/ou modificadores nominais". As possibilidades de combinações são
infinitas:

Com o núcleo substantivo anel, poderíamos construir, por exemplo, os seguintes sintagmas
nominais:
este meu anel de ouro branco
aquele dourado anel caro demais
nenhum anel com gravação dourada
este meu anel com gravação dourado.

Observe como os modificadores do núcleo substantivo de um sintagma nominal podem ser, eles
mesmos, um sintagma adjetiva caro demais) ou um sintagma preposicionado (de ouro branco, com
gravação dourada.

O SINTAGMA ADJETIVAL (SA)tem como núcleo um adjetivo que, da mesma forma que ocorre
com o sintagma nominal, pode ser constituído apenas por esse adjetivo ou circundado por outros
elementos, como advérbios intensificadores (46), modificadores adverbiais (47) ou sintagmas
preposicionados (48)
O SINTAGMA PREPOSICIONADO (SP), como já dito, constitui-se de preposição + sintagma
nominal.

Consideramos SINTAGMAS AUTÔNOMOS aqueles que se movimentam sozinhos no eixo


sintagmático, nele ocupando diferentes posições e constituindo-se, até mesmo, de outros
SINTAGMAS INTERNOS. Estes, por sua vez, estão contidos nos sintagmas autônomos, não tendo
liberdade de se movimentar além do limite do sintagma que os contém, pois estão presos a algum
elemento desse sintagma.

Há ainda outra possibilidade de identificar um sintagma autônomo, em oposição a um interno: os


sintagmas autônomos, ou seja, os que se movimentam no eixo sintagmático, p

Um SINTAGMA ADVERBIAL, por sua vez, é aquele cujo núcleo é um advérbio, ainda que essa
nomenclatura geralmente não seja usada. Sintagmas com advérbio nuclear podem sozinhos
Constituir o sintagma (cedo; lentamente) ou vir acompanhados por intensificador (muito cedo) ou
modificador (dolorosamente cedo). Formam-se, portanto, semelhantemente aos sintagmas
adjetivais.

SINTAGMA VERBAL, que é um dos elementos básicos da oração. Esse tipo de sintagma tem o
verbo ou a locução verbal como núcleo, podendo constituir-se apenas por esse núcleo ou apresentar
diversas configurações, quando acompanhado de outros tipos de sintagmas.

Apenas o sintagma adverbial, com núcleo advérbio, terá também uma função sintática fixa: a de
adjunto adverbial.

DECOMPONDO OS SINTAGMAS

O passo inicial de uma estratégia bem prática para a decomposição de sintagmas é tomar o núcleo
verbal da oração como ponto de referência ou de apoio.

TEXTO VII - O TEMPO NOS VERBOS


CORÔA, M. L. M. S. O tempo nos verbos do Português. São Paulo: Parábola, 2005, p. 33-60.
A questão temporal do verbo está presente em muitas línguas, de modo a situar no tempo o processo
de comunicação. No entanto, não apenas o verbo possui a temporalidade, mas também, os
advérbios, conjunções, numerais e adjetivos.

Verbo: Palavra que exprime um fato (ação, estado ou fenômeno), representado no tempo. - Cunha
Tempus: É a variação que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo.
- Os verbos sempre vão estar associados à noção temporal.

Tempus: Uma categoria obrigatória para a interpretação frasal.

Os três elementos temporais, que servem de base para a distinção das formas verbais.
● Momento do evento: É o intervalo de tempo do ato verbal , ou seja, o intervalo de tempo que
se atribui ao referente de um verbo.
● Momento da referência: É um intervalo de tempo da contemplação do ato verbal pelo falante
que transmite esta perspectiva ao ouvinte.
● Momento da fala: É o intervalo de tempo de cada oração no ato da comunicação.

● Os verbos, tanto nas gramáticas quanto na consciência do falante, aparecem com a tarefa de
situar o processo de comunicação.
● Em qualquer definição, dentro de uma ou outra teoria linguística, enfatizado no seu caráter
dinâmico ou não, os verbos estão sempre associados à noção temporal.
● São os verbos os elementos linguísticos que, meio de imediato, situam a ação, estado,
evento ou processo na relação temporal com a enunciação e o falante/ouvinte.

❖ Foi, portanto, Reichenbrach (1947) o primeiro lógico a formalizar uma interpretação temporal
das línguas naturais, determinando uma linha do tempo
❖ O tempo presente é o limite entre o passado e o futuro.
❖ O presente só se manifesta linguisticamente por meio de analíticos, ou seja, não é a forma de
presente do verbo que localiza a ação com respeito ao sistema de referência, mas elementos como o
“agora”, “hoje”.
❖ O presente, como forma não marcada, pode servir para expressar também passado e futuro. O
presente gramatical não se reduz, portanto, ao momento da fala, mas a uma fração de tempo que
inclui o momento da fala. Daí o presente poder, às vezes, ser associado ao passado, às vezes ao
futuro: identifica-se mais ora com a parte da fração de tempo que veio antes do MF, ora com a parte
da fração de tempo que veio depois do MF propriamente dito.
Do ponto de vista sintático, o verbo organiza as orações; do ponto de vista morfológico, possui
flexões para indicar pessoa, número, tempo, modo, voz e aspecto.

Na língua, do ponto de vista semântico, o verbo é a palavra que expressa ação, estado, mudança de
estado e fenômeno da natureza.

Dominar as várias possibilidades de utilização do verbo é essencial nas situações formais de uso da
língua.

Os verbos, tanto nas gramáticas quanto na consciência do falante, aparecem com a tarefa de situar
o processo de comunicação.

Em qualquer definição, dentro de uma ou outra teoria linguística, enfatizado no seu caráter
dinâmico ou não, os verbos estão sempre associados à noção temporal.

São os verbos os elementos linguísticos que, meio de imediato, situam a ação, estado, evento ou
processo na relação temporal com a enunciação e o falante/ouvinte.

Segundo Corôa (2005), a partir de Reichenbrach, os estudos sobre os tempora verbais têm girado
sempre em torno de três “pontos” temporais: o MOMENTO DO EVENTO (ME), MOMENTO DA
FALA (MF) E MOMENTO DE REFERÊNCIA (MR).

Foi, portanto, Reichenbrach (1947) o primeiro lógico a formalizar uma interpretação temporal das
línguas naturais, determinando uma linha do tempo.

Linha do tempo dos verbos


O tempo presente é o limite entre o passado e o futuro.
O presente só se manifesta linguisticamente por meio de analíticos, ou seja, não é a forma de
presente do verbo que localiza a ação com respeito ao sistema de referência, mas elementos como o
“agora”, “hoje”.
O presente, como forma não marcada, pode servir para expressar também passado e futuro. O
presente gramatical não se reduz, portanto, ao momento da fala, mas a uma fração de tempo que
inclui o momento da fala. Daí o presente poder, às vezes, ser associado ao passado, às vezes ao
futuro: identifica-se mais ora com a parte da fração de tempo que veio antes do MF, ora com a parte
da fração de tempo que veio depois do MF propriamente dito.
Ex.: Amanhã eu compro a batedeira.

Presente do indicativo

ME, MF e MR são simultâneos.

1.Carlinhos trabalha no IBC.


2.Do lugar onde está, ele não me vê.

Aspecto verbal
CORÔA, M. L. M. S. O tempo nos verbos do Português. São Paulo: Paráboa, 2005, p. 61-76.

O aspecto verbal indica a duração ou o percurso do processo verbal. Esse assunto é estudado sob
três pontos de vista:

Quanto ao completamento do processo:

Aspecto perfectivo: O processo é apresentado em sua totalidade, com começo, meio e fim. Pode
ser durativo ou pontual.
Maria leu o texto em 25 minutos. (durativo)

Maria caminhou ontem no parque. (pontual)

Aspecto imperfectivo: O processo verbal é incompleto, prolongando-se por tempo não


determinado. Não há enfoque do processo todo.

João cantava desde criança.

Continua a indisciplina naquela classe.

Quanto ao desenvolvimento do processo

Aspecto inceptivo: o processo é apresentado no seu início.

Ao tocar o sino, os fiéis foram se aproximando.

O dia vem surgindo.

Aspecto cursivo: o processo é apresentado durante o seu desenvolvimento.

Durante o sermão, a avó dividia a atenção entre o padre e o neto que ocupava o banco dianteiro.

Aspecto cessativo: o processo é apresentado no seu término.

Enfim, o que os alunos mais esperavam: o fim das aulas e o começo das férias.

O bolo acabou de sair do forno.


O que é linearidade na língua portuguesa?
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa 4 Ling Característica da linguagem humana pela qual
todos os elementos linguísticos sempre se sucedem num ato de comunicação, sem possibilidade de
superposições ou globalizações.

O que significa a linearidade e arbitrariedade do signo?


A linguística de Saussure funciona a partir de dois princípios fundamentais na análise do signo: 1)
um princípio de arbitrariedade, pois a ligação que une significante e significado não é determinada
de um local externo à língua e não há nenhuma necessidade da união de um dado significante com
um dado significado.

REFERÊNCIAS

Texto 1: O que é uma língua? Como ela pode ser analisada?


BATISTA, R. de O. A palavra e a sentença: estudo introdutório. São Paulo: Parábola, 2011, p.
17-28.

Texto 2: O conhecimento da língua e a sintaxe.


BATISTA, R. de O. A palavra e a sentença: estudo introdutório. São Paulo: Parábola, 2011, p.
77-95.

Texto 3: O que é sintaxe?


PERINI, M. A. Sintaxe. São Paulo: Parábola, 2019, p. 21-27.

Texto 4: O que é morfossintaxe?


SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São
Paulo: Manole, 2010, p. 1-13.

Texto 5: Estudo da sintaxe.


SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São
Paulo: Manole, 2010, p. 43-71.

Texto 7: O tempo dos verbos.


CORÔA, M. L. M. S. O tempo nos verbos do Português. São Paulo: Parábola, 2005, p. 33-60.

Texto 8: O aspecto.
CORÔA, M. L. M. S. O tempo nos verbos do Português. São Paulo: Paráboa, 2005, p. 61-76.

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