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ISBN 978-85-7934-019-2
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24 APALAVRA
EASENTENÇA Ronaldo de Oliveira Batista
partir do momento em que os morfemas se integram também e formam
as diferentes palavras que constituem o conjunto lexical das línguas.
Também não nos comunicamos, na maioria dos casos, por meio de
morfemas ou palavras isoladas. É necessário que essas unidades mais
uma vez se integrem, formando uma unidade pertencente a um nível
hierarquicamente superior de análise: o NÍVEL SINTÁTICO.A este nível
pertencemos sintagmas (constituintesdas sentenças)e as sentenças
propriamente ditas.
Prosseguindo na constituição de níveis hierárquicos, chegamos ao
NÍVELTEXTUAL, resultado de diferentes combinações, com diferentes ex-
tensões, que determinam a presença dos TEXTOS das línguas.
Associada a essas unidades dos níveis hierárquicos, em permanen-
te relação (observem a noção de sistema, já que um nível não se define
a não ser em relação a outro), temos a dimensão semântica, responsá-
vel pelos diferentes significados que morfemas, palavras, sintagmas,
sentenças e textos assumem na língua. Tem-se assim, em diferentes
graus, o aspecto SEMÂNTICO das línguas.
língua em uso:
n A
formas e funções produzindo efeitos de sentido
forrnais
Colocar uma língua e seu sistema (conjuntode unidades
que leva
em permanente relação) em uma perspectiva de observação
comunicativa, de
em conta o uso, em meio a processos efetivos de troca
leva o ana-
expressão de valores e posicionamentoshistórico-sociais,
lista da linguagem a considerar,em suas abordagens, elementos que
são de natureza extralinguística @usituacionais, como o contexto, os
objetivos da interação e os papéis sociais assumidos pelos falantes),
fundamentais para o real contato entre as pessoas no momento em que
da língua surgem os mais diferentes tipos de significação, em meio a
diversos contratos sociais que instauram a interação verbal.
Nessa perspectiva, a forma está condicionada pelas diferentes fun-
ções que os usuários da língua atribuem a ela mediante as necessida-
des comunicativas,o que implica considerar que a escolha de unida-
des linguísticas e das várias possibilidades de combinação depende da
intencionalidade discursiva. Essas diferentes funções têm sido, tradi-
cionalmente, consideradas como funções da linguagem: referencial (pre-
dominantemente em 3a pessoa, destaca a relação entre a linguagem e
o mundo, no sentido de que o mais importante é transmitir informa-
ções);expressiva (em 1a pessoa e com a presença de elementos linguís-
ticos como os adjetivos —, que destacam o posicionamento pessoal
do falante em relação a determinado estado de coisas); conativa (coloca
o foco no[sl receptor [esl da linguagem, em meio aos valores da persua-
são, a partir dos quais, por meio de elementos linguísticos especifica-
mente selecionados para tal fim, procura-se convencer o interlocut0r
26 A PALAVRAE A SENTENÇA
Ronaldo de Oliveira Batista
dos mais variados efeitos de sentido, por isso também chamada de
apelativa);metalinguística (a linguagem é o foco principal, fala-se do
próprio código em utilização na interação); poética (oque se observam
são os recursos linguísticos empregados para a obtenção de efeitos de
sentido);fática (ocontato entre os falantes é o principal, sendo que essa
função utiliza diferentes meios para instaurar o processo comunicati-
vo, verificar seu andamento e também encerrá-lo).
Assim, os componentes formais de uma língua (as unidades sono-
ras, morfológicas, sintáticas, textuais) são elaborados e organizados
pelos falantes, em suas modalidades (língua escrita ou língua oral), a
partir de intenções comunicativas e também de posicionamentoshis-
tórico-sociaisque os usuários estabelecem tendo em vista os diferentes
contextos de uso do sistema linguístico.
Usar uma lingua é se posicionar discursivamente, criando diferen-
tes espaços de atuação social, intermediados pelos valores ideológicos,
produzindo, consequentemente, diferentes efeitos de sentido, que aca-
bam por tornar a linguagem verbal tão variada e fascinante, uma vez
que o sentido produzido em determinado momento, veiculado por um
arranjo formal resultante das escolhas feitas no sistema linguístico, não
será necessariamente o mesmo obtido em outra configuração de uma
interaçãoverbal, sendo que falantes diferentes,contextosdiferentes,
intençõescomunicativas diferentes, papéis sociais diferentes podem
levar a diferentes formas de contato linguístico,gerando, assim, os
mais variados efeitos de sentido, colocando,portanto, a lingua numa
dimensãodiscursiva.
A título de breve conclusão desses posicionamentos iniciais, as-
sumimos o caráter introdutório deste livro, o que nos permite tra-
çar um caminho didático que mescla diferentes propostas teóricas e
metodológicas,constituídas ao longo da história dos estudos sobre
línguas e linguagem. Muitas das posições assumidas divergem en-
tre si. No entanto, todas elas possibilitamao inicianteo acessoao
universo da atividade de descrição e análise linguística.Partimos,
assim, do princípio de que, mesmo tendo bases filosóficasdiferentes
e até mesmo divergentes, as diretrizes utilizadas são as que ficaram
27
O QUE É UMA LÍNGUA?
consagradas ao longo do estabelecimento dos estudos linguísticos
contemporâneos, possibilitando ao olhar iniciante trilhar um cami-
nho seguro, já com um lastro histórico considerável. A delimitação
de divergências,de questionamentosde conceitos e métodos deve
ser tarefa de estudos mais avançados.