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Peculiaridades do falar amazonense:

um dicionário e algumas reflexões pedagógicas

Sérgio Augusto Freire de Souza


Universidade Federal do Amazonas
Doutor em Lingüística UNICAMP
sergio_freire@uol.com.br
Introdução

Um dos índices de identidade mais forte que conhecemos é a língua. É como d


iz Labov (1972), a questão sociolingüística fundamental vem da necessidade de se compre
ender por que alguém diz algo . Dizer algo passa por usar a língua. No entanto, a deno
minação língua apaga que dentro de uma língua há várias línguas e variações que por vezes
usas as bordas e fronteiras. Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe
sempre variações (Alkimim 2001, p. 33).
É nesse pressuposto sociolingüístico que esse trabalho se constrói. O texto
que aqui apresentamos é resultado de mais de dois anos de análise de situações de lingua
gem oral em Manaus, no Amazonas. Em nossa coleta de registros, tentamos o máximo f
ugir do Paradoxo do Observador (Labov, op.cit., p. 181), criando situações que desviav
am o foco da fala, permitindo com isso que o falante se expressasse sem saber qu
e era ela, a fala, que estava no centro do estudo.
Buscamos, como produto da análise, reunir em um dicionário signos do fal
ar que identifica o manauara e que, por outro lado, o desidentifica em relação ao po
rtuguês falado em outras regiões do país. Na costura do trabalho, como dito, enfatizam
os o discurso da oralidade (Gallo 1995) por ser esse discurso menos sujeito às nor
matividades da língua padrão[1]. Buscamos ainda considerar alguns aspectos na feitur
a do texto, e deixamos de fora, por uma questão de recorte, o aspecto fonético e sin
tático, que merecem um estudo à parte, ainda que o reconheçamos necessários dentro da in
ter-relação constitutiva das partes da linguagem.
O trabalho constou das seguintes fases: definição do escopo do trabalho,
definição do corpus, análise das enunciações, classificação e elaboração do dicionário.

1 O escopo do trabalho, a definição do corpus e as resultantes


Como em toda pesquisa, é necessário recortar o objeto para melhor trabal
há-lo teoricamente. Nosso recorte teve uma dupla característica: foi um recorte disc
ursivo e um recorte lingüístico ao mesmo tempo. No aspecto discursivo, privilegiaram
-se a oralidade, tomada do ponto de vista discursivo (Gallo op.cit), e registros
dessa oralidade em situações concretas de enunciação, a fim de evitar procedimentos que
envolvam dados inventados , como os que normalmente vemos em algumas teorias, nota
damente aquelas fundamentadas nos trabalhos de Chomsky.
Esse duplo recorte nos possibilitou coletar dados nas seis zonas geo
gráficas de Manaus[2], conforme Decreto n.º 2.924 de 07/08/96. É interessante notar, e
desenvolveremos essa consideração mais à frente nas conclusões, a predominância dos traços
que identificam a linguagem utilizada como amazonense nas áreas de menor poder aquis
itivo e de menor acesso aos bens sociais. Essa forte correlação tem, a nosso ver, um
a importância fundamental na compreensão do próprio processo identitário do manauara e d
e sua relação com a língua trabalhada na escolarização.
O tratamento analítico do corpus apresentou duas resultantes: uma refe
rencial e uma pedagógica. A resultante referencial é a compilação de um dicionário básico d
regionalismos amazonenses falados na cidade de Manaus. A resultante pedagógica é um
a reflexão das implicações desse falar para o ensino de língua portuguesa nas escolas da
rede pública da cidade.

2 O tratamento do corpus
A língua é uma entidade caleidoscópica que simula para o falante uma falac
iosa homogeneidade. Nessa simulação, entram dois níveis: o nível lingüístico e o nível disc
ivo.
No nível lingüístico, o falante vê-se iludido na imagem circulante de que a língua que fal
a é igual para todos os outros falantes. Nessa visão, basta que o processo de comuni
cação como proposto por Jakobson (1988, p. 123) se efetive para que haja comunicação: um
emissor emite uma mensagem num código inteligível pelo receptor através de um canal l
impo. Se o caminho estiver perfeito a compreensão acontece. O esquema proposto por
Jakobson, no entanto, desconsidera um aspecto fundamental da linguagem, que é o d
iscurso[3].
No nível discursivo, cada dizer não é dito sem motivação ideológica, revelando processos qu
localizam o sujeito enunciador em um lugar sócio-histórico que dará sentido ao seu di
zer. No entanto, a teoria do discurso afirma que o sujeito esquece essa filiação históri
co-ideológica, sendo esse esquecimento constitutivo da natureza da linguagem (Pêcheu
x e Fuchs, 1975). Esse apagamento de filiação discursiva leva o sujeito à idéia de que a
língua é transparente, ou seja, de que à coisa dita corresponde sempre o significado
pretendido.
Nossa análise passa, assim, pelo exame dessa dupla perspectiva: a da roupagem lingüíst
ica e a do caráter discursivo da linguagem.

2.1 A roupagem lingüística


O discurso não está em correlação direta com a roupagem lingüística. Por roupag
m lingüística referimo-nos ao registro lingüístico utilizado pelo falante. Assim, o disc
urso x, entendido como uma prática social, se manifesta tanto no registro padrão da
língua quanto em um não-padrão.
No entanto, tendo em vista que uma comunidade de fala se define por
ser uma entidade sociolingüística e uma unidade fundamental de análise (Gumperz 1968),
normalmente um falar é associado a um comportamento social, numa homogeneização que l
eva aos estereótipos sociais no imaginário de uma coletividade. Uma comunidade de fa
la é extremamente complexa e heterogênea e é extremamente arriscado definir correlações bi
unívocas entre fala e comportamento social sem uma análise mais profunda dessa compl
exidade. Como critica Romaine (1982): É preciso reconhecer. Às vezes nós [lingüistas] mal
sabemos quão heterogêneas algumas comunidades de fala são (p. 15).
Por outro lado, não há como negar que existem correlações entre as variações li
güísticas e um amplo leque de características sociológicas dos falantes, como tem sido d
ocumentado pelos inúmeros trabalhos sob a influência laboviana.
O que estamos querendo dizer é que mesmo reconhecendo as correlações socia
is entre a variante utilizada e grupo social que a utiliza, essas correlações se dão d
e forma heterogênea e não são garantias de homogeneidade discursiva. Mais do que ident
idade discursiva, o que há é certa garantia de identidade lingüística. Resumindo: a iden
tidade lingüística não garante a identidade discursiva.
Por que levantamos essa questão? Porque em nosso trabalho percebemos i
dentidade lingüística onde não havia identidade discursiva e vice-versa. Assim, querem
os de antemão evidenciar que o estudo lingüístico aqui descrito não se inscreve na press
uposição da relação um-para-um língua-grupo social.

2.2 O caráter discursivo da linguagem

Todo grupo social que utiliza a linguagem se organiza. Em sua organi


zação, relações de poder (Foucault 1979) se estabelecem juntamente com o estabelecimento
de formações imaginárias em relação aos demais grupos que se inter-relacionam. Na composiç
dessas relações imaginárias sociais entram como elementos fundamentais a movimentação e a
composição do tecido social através das organizações sócio-geo-políticas, ou seja, entram n
a equação as relações de classe, as relações de organização no espaço da cidade e as relaçõ
no sentido grego da polis, da relação de cidadania.
No aspecto discursivo, podemos afirmar que existem duas principais a
titudes em relação ao falar amazonense: uma atitude de identificação positiva e uma de i
dentificação negativa. É interessante notar que a identificação positiva aparece muito mai
s nos falantes localizados em uma faixa econômica mais privilegiada economicamente
e que menos está sujeita a marcações da linguagem regionalizada em sua fala. A identi
ficação com o que é nosso , no caso a linguagem, funciona como uma espécie de marcação de
uanto ao que não é: a linguagem padrão produto de investimento dos meios de comunicação de
massa e da mídia em geral. Por outro lado, a identificação negativa se mostrou muito
mais comum nos falantes das zonas mais pobres da cidade, notadamente Norte e Les
te. Apesar de fazer uso da linguagem local com mais freqüência, ser identificado com
o caboco [4] traz imediatamente uma sensação de negação identitária, como se essa identida
uim deve-se ser apagada ou dissociada de si. O recado, na linguagem padrão, é: não é bom
alar como eu falo porque isso lembra que eu sou o que eu sou, morador da perifer
ia sem acesso aos bens sociais .
Retomaremos a questão discursiva em nossas conclusões. Por agora, aprese
ntaremos alguns excertos de nossa pesquisa com respectivos comentários.

2.3 O falar caboco: a roupagem


O que caracteriza o falar caboco? Qual a margem que o localiza como
pertencente a um sujeito diferente? Definir essas margens é um dos grandes desafio
s dos lingüistas. Até que ponto isso é um termo do falar amazonense e não mais uma herança
do falar nordestino incorporada ao patrimônio lingüístico local pela diacronia lingüístic
a, que apagou o traço da história?
Na análise de nosso corpus, são duas as grandes influências que compõe o fal
ar amazonense: a influência nordestina e a influência indígena. É preciso um breve históri
co dessa influência.
Segundo Freire (2004), o Português é língua hegemônica na Amazônia há apenas 15
anos. Até então a presença lingüística da Língua Geral (Nheengatu) era preponderante, bem
omo as demais línguas das nações indígenas existentes.
Com o início do Ciclo da Borracha (1879-1912), a presença de migrantes n
ordestinos foi acentuada e seu falar passou a compor o cenário lingüístico da região. Os
migrantes, principalmente cearenses, fugiam da seca e da miséria que avassalava a
região então.
Sob a base do português geral, essas duas variáveis passaram a desenhar
os traços do linguajar amazônico. Quando falamos da dificuldade de definir bordas é e
xatamente a esses limites opacos que nos referimos. Nordestinos reconhecem em te
rmos cabocos sua filiação nordestina. Indígenas vêem a presença de seus termos de forma fo
rte no português amazônico. Termos e expressões como arrudear, bucho, caga-raiva e des
conforme trazem uma cor nordestina, da mesma forma que carapanã, mangarataia, empa
chado, jururu, pitiú apontam para uma indigeniedade marcante.
Se o reconhecimento é um critério de identificação, o desconhecimento também p
ode sê-lo. Uma vez feito o levantamento do vocabulário, passamos a testar suas bordas
com pessoas não pertencentes ao universo discursivo amazonense. Expusemos os vocábul
os a paulistas, mineiros, gaúchos, baianos, cearenses, fluminenses e catarinenses.
Alguns termos foram reconhecidos na acepção utilizada pelo amazonense, mas a maiori
a dos termos era desconhecida. Sabendo da impossibilidade de um recorte preciso,
porque a língua é volátil, tentamos ajustar o máximo possível as fronteiras que definiam
o que ficava dentro e fora do dicionário.

2.4 O falar caboco: o discurso

Afinal, é bom ou ruim ser caboco? Como nos diz Derrida (1997), todos o
s signos são phármakon. Podem ser bons ou ruins, dependendo da dosagem e do paciente
. Não seria diferente com a imagem de ser caboco. Encontramos nas falas índices de i
dentificação e de contra-identificação (Pêcheux 1988).
Algumas falas de identificação: ... é muito bom falar de coisas nossas, ama
zonenses. A nossa linguagem é única e fantástica , ...ouvir essas palavras de novo me faz
voltar o que de mais feliz eu tive: a minha infância , ... é (sic) muito chibata essas
expressões , gente, como é bom falar e ser entendida. Odeio quando falo as coisas aqui
no Rio e ninguém me entende .
Algumas falas de contra-identificação: ... é muita caboquice falar assim, c
oisa de gente pobre, do bodozal , ... triste esse jeito de falar. Só cabocão fala assim
... , ... é uma pena que muita gente fala esse português errado... .
Aqui voltamos à tese de que não há coincidência entre identidade lingüística e
dentidade discursiva. Por um lado, muitas frases de identificação vêm de falantes que
não utilizam os termos cabocos com freqüência. Algumas frases traduzem o preconceito l
ingüístico (Bagno 1999) da associação biunívoca entre norma padrão e língua portuguesa, sen
todos os outros registros considerados português errado ou de pior qualidade. Por
outro lado, essa mesma associação habita o imaginário das classes mais pobres que poss
uem acesso restrito à língua padrão, quando associam o registro que usam a uma língua in
ferior. Mesmo utilizando o registro, não o aceitam como de valor na economia das t
rocas simbólicas (Bourdieu 1999), mimetizando em sua própria auto-imagem da identida
de social esse não-valor.
Ainda como exemplo de que a transversalidade valorativa perpassa as
várias classes sociais, citamos dois exemplos recentes. A rede de drogarias PagueM
enos chegou a Manaus oferecendo descontos de 60% nos medicamentos por ela vendid
os. Os dois grupos que dominam o mercado farmacêutico em Manaus começaram uma propag
anda maciça fazendo um chamamento à amazonidade, utilizando o slogan Amazonense como
você , utilizando frases como quem não lhe conhece não pode inspirar confiança e coisas d
ero. O Banco HSBC decidiu fazer propagandas regionalizadas e utilizou várias expre
ssões, como Cortar a curica , por exemplo. A repercussão foi extremamente positiva na c
idade e o comercial bastante comentado. Vale ressaltar que a atitude positiva ve
io de um público que é cliente de banco e que tem acesso aos meios de comunicação.

3 As implicações pedagógicas à guisa de conclusão

Em todo processo de coleta de registros, análise e compilação do dicionário,


um objetivo corolário nos acompanhou. O que pode esse percurso levantar de questões
para o ensino de língua portuguesa na escola? Que reflexões podem ser levantadas pa
ra o tratamento sistemático da linguagem em ambiente escolar?
Partimos da premissa de que ao aluno deve ser proporcionado o acesso
à língua padrão e cabe à escola essa experiência. É pela língua padrão que ele acessa bens
urais que ampliam seu espaço de cidadania. A escola não deve se furtar a tal tarefa
sob pena de ser uma escola excludente.
Com essa premissa definida, cremos que a abordagem à língua padrão pode se
r feita de forma mais proveitosa através da exploração de processos de identificação lingüí
cos. Assim, o professor deve levar em conta toda a bagagem lingüística trazida pelo
aluno, incluindo a oralidade, e fazer a ponte dessa bagagem com a língua padrão. A t
ransposição da oralidade não-padrão para a escrita padrão, como procedimento metodológico,
encontra bastante suporte na literatura lingüística (cf. Marcuschi 2001a, 2001b).
Para isso, é necessário que o professor de língua portuguesa transite por
conceitos sociolingüísticos que lhe permitam um deslocamento do lugar de sujeito nor
mativista. É preciso que não caia em nenhuma das falácias abordadas por Soares (1997),
como a teoria do déficit cognitivo, cultural ou lingüístico, já desconstruídas há algum te
po no campo.
O professor que souber aproveitar a capacidade do aluno de ser polig
lota em sua própria língua atingirá dois objetivos desejáveis para a escola de hoje: res
peitará a diversidade constitutiva do social, ampliando no aluno a consciência de su
a identidade lingüística e, portanto, de ser sujeito no mundo e proporcionará momentos
de acesso real do aluno à chamada norma padrão, a norma de investimento nacional, p
ossibilitando igualmente a inserção desse aluno num universo social cuja barreira, a
lém de econômica, se faz muito forte e marcadamente pela linguagem.
É, sem dúvida, necessária a ampliação de visão metodológica para o trabalho com
linguagem. Essa ampliação passa pelo trabalho com os diversos gêneros orais e escritos
(cf. Bentes & Fernandes 2005), de vários registros, para que se evidencie ao alun
o o caráter complexo da linguagem, produto e prática social.
Esse deslocamento nas posturas teórica e metodológica é hoje o maior desaf
io de todos nós que trabalhamos na formação de professores. Conseguir deslocar imaginári
o faz parte do compromisso político do pesquisador que se diz educador. É na conjunção d
a teoria e da prática que a mudança política se possibilita.
Terminamos onde começamos, com Labov (1972): a questão sociolingüística funda
mental vem da necessidade de se compreender por que alguém diz algo . Conhecer a his
toricidade desse dizer nos ajuda a compreender nossa própria identidade e nosso pa
pel na teia social, pois sociedade e linguagem se constituem mutuamente.

Referências Bibliográficas
Alkimim, T. Sociolingüística . In: Mussalim, F.; Bentes, A. C (orgs) . Introdução à lingüí
domínios e fronteiras. Vol 1. São Paulo: Cortez, 2001.
Bagno, M. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
Bourdieu, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1999.
Bentes, A. C.; Fernandes, F. A. A poesia oral nas periferias do mundo: hip-hop e
rap . In: Fernandes, F. A. (org). Oralidade e literatura. V. 2. Londrina, 2005.
Derrida, J. A farmácia de Platão. São Paulo: Editora Iluminuras, 1997.
Foucault, M. Microfísica do poder. 15 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
Freire, J. R. B. Rio Babel: a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: Atlântic
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Gallo, S. L. Discurso da escrita e ensino. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1
995.
Gumperz, J. The speech community . In: International encyclopedia of social science
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Jakobson, R. Lingüística e comunicação. 13 ed. São Paulo: Cultrix, 1988.
Labov, W. The study of language in its social context . In: Pride, J. & Holmes, J.
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Marcuschi, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cor
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ico de português: múltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
Pêcheux, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Un
mp, 1988.
Pecheux, M.; Fuchs, C. "Mises au point et perspectives à propos de l analyse automat
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Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas:
Editora Unicamp, 1990.
Romaine, S. What is a speech community . In: Romaine, S. (ed.). Sociolinguistics va
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Soares, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1997.

[1] Em seu trabalho, Solange Gallo afirma que o Discurso da Oralidade pode ser t
anto falado quanto escrito, não sendo, portanto, o meio de produção um determinante na
caracterização do discurso, mas a relação do enunciador com a institucionalização de seu d
zer.
[2] São elas: Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro-Oeste, Centro-Sul.
[3] O termo discurso é um termo portmanteau que agrega vários entendimentos conceitu
ais. Neste trabalho nos referimos a discurso sempre dentro do campo teórico da Análi
se de Discurso oriunda dos trabalhos de Michel Pêcheux, que entende discurso como
seu objeto teórico (objeto histórico-ideológico), que se produz socialmente através de s
ua materialidade específica (a língua), uma prática social cuja regularidade só pode ser
apreendida a partir da análise dos processos de sua produção, não dos seus produtos.
[4] Utilizamos o termo caboco e não caboclo para diferenciar a identidade do falante u
rbano manauara da identidade do amazônida que faz da subsistência seu meio de vida n
o interior do Estado.
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A

ABAFAR v. Apropriar-se do alheio. O advogado abafou a herança do cliente .


ABANCAR-SE v. Sentar. Espere um pouco que ela já vem. Abanque-se, homem!
ABESTADO adj. - Apalermado, imbecil, idiota, estúpido. Pessoa que não entende de nad
a. Em notória alusão ao animal besta. Não gosto dele, não. Ele é muito abestado .
ABESTALHADO adj. O mesmo que abestado.
ABACATADA s.f. Vitamina de abacate.
ABISCOITAR v. O mesmo que abafar.
ACHAR GRAÇA loc. v. - Rir, sorrir. "Ele contou a piada e todo mundo achou graça".
AÇO s.m. Bebida. Ele só aparece aqui quando ta cheio do aço .
ACOCHAR v. Agarrar alguém com intenções sexuais. O Dangliney tá acochando a mulher do Wa
ter .
A COMO? loc. adv. quanto custa?. A como tá o tucunaré? R$ 10 a enfiada.
AÇU el. comp. Sufixo de composição com o significado de grande . Jacaré-açu, cupuaçu.
ACUAR v. Recolher-se sem chance de defesa. Quando chegaram todos para tirar a co
isa a limpo, ele ficou acuado na sala .
ADUBAR v. Bajular com alguma intenção. Eu não desisto da Rosinha. Continuo adubando .
AJUNTAR v. Apanhar o que está no chão. Ajunta teus brinquedos e vambora, menino .
AJUNTAR-SE v. Amasiar-se, viver junto.
ALTEAR /altiar/ v. Aumentar o volume. Altea aí que não está dando pra ouvir nada .
AGORINHA adv. Diferentemente do uso no sudeste, agorinha quer dizer há alguns segun
dos , referindo-se ao passado e não ao futuro. Ela estava aqui agorinha, mas sumiu .
ALMENO loc. adv. Pelo menos. Tu tens cinco aí. Me dá almeno uma .
ALOPRADO adj. Exagerado.
AMANCEBADO s.m. - Pessoa solteira que vive maritalmente com outra. "Ela não casou,
não. Tá amancebada só".
ANDAR NA PINDAÍBA loc. v. Andar liso, duro, sem dinheiro.
ANEL DE COURO s.m. - O ânus. "Ele é gay. Dá o anel de couro para quem quiser".
APARAR v. Cortar. Vou aparar meu cabelo hoje .
A PERIGO loc. - 1. sem dinheiro; 2. muito tempo sem manter relações sexuais. "O Amar
o tá a perigo. Tá pegando até velha".
A PULSO loc. Obrigado, na marra. Comendo sem gosto... parece que ta comendo a pul
so .
APERREAR v. Ver aporrinhar.
APERREADO adj. - Apressado, muito nervoso, sem saber o que fazer diante de uma s
ituação difícil. "Rapaz, tô aperreado com aquele negócio da dívida".
APOFIAR v. Apostar. Vamos apofiar uma corrida até a igreja?
APORRINHAR v. - Encher o saco. "Pára de me aporrinhar e vai dormir!"
APRESENTADO adj. Enxerido, metido a besta. Deixa de ser apresentado. Quem te deu
o direito de me abraçar?
A PRÓPRIA loc.adj.. A tal, a boa, a melhor. A Ana Paula comprou um perfume francês e
chegou aqui se sentindo a própria .
ARRANCA-TOCO adj. Valentão.
ARREDAR v. - Deslocar-se: "Arreda pra lá, maninha!"
ARRIAR v. Descansar sobre o solo uma carga pesada. Arria as caixas aí mesmo .
ARRUDEAR v. Dar a volta. Ninguém entra pela sala. Quem quiser entrar em casa vai te
r que arrudear. D. Zefa, posso entrar? Não, arrudeia
ASSANHAR v. - Bagunçar, despentear o cabelo. "Pára de assanhar mais meu cabelo. Ele
já tá todo assanhado!"
ASSEAR v. Limpar, tomar banho. Vou me assear pra dormir .
ATÉ O TUCUPI, ATÉ O TALO, ATÉ O TOCO (ou a variação ATÉ O TCHOCO) exp. id. Até o máximo p
apá, tô até o toco de trabalho .
ATÉ PARECE... exp.id. Indica dúvida, incredulidade. A Priscila vem dormir aqui? Até par
ece... Ela não dorme fora de casa.
ATENTADO adj. Muito danado, inquieto. Esse menino é atentado!
ATENTAR v. Perturbar, aperrear.
ATOCHAR v. Fazer entrar à força, encher demais. O barco tinha que virar: atocharam ma
is gente do que cabia .
ATOLADO adj. Metido num atoleito, em dificuldades. Estou atolado de trabalho pra
fazer .
ATULEIMADO adj. - abestado.
AVALI(E) exp. Quanto mais. Se ele namora até mulher feia, avali(e) menina bonita .
AVIAR v. Apressar. Avia! Senão tu vais te atrasar!

BABA-OVO s.m. - puxa-saco. "Esse Mota é o maior baba-ovo que eu conheço!".


BABAU s.m. - 1. O mesmo que SABACU. Punição que um grupo confere a alguém por um malfe
ito. Todos batem com as mãos, ao mesmo tempo, na cabeça do indivíduo. Fez besteira. Vai
levar um babau por isso! 2. Prejuízo total, perda irrecuperável de alguma coisa."Pag
ou serviço adiantado pra marceneiro? Babau, é dinheiro perdido!"
BABITA s.f. Dinheiro, grana. "E aí? Pegou a babita lá?"
BACABA s.f. Mentira. O Paulinho Kokay tava lá contando a maior bacaba.
BACABEIRO s.m. Mentiroso. O Dudu é um tremendo abacabeiro! Disse que o pai dele é don
o da Microsoft .
BAGACEIRA s.f. Noitada. Ontem eu fui pra bagaceira e cheguei de madrugada .
BAIXA-DA-ÉGUA s.f. - lugar hipotético lugar pra onde se manda pessoas que estão nos ch
ateando. "Deixe de me encher o saco, mano, vá pra baixa da égua".
BAIXAR O SARRAFO - Açoitar violentamente, surrar. "Mexeram com a irmã dele, ele foi
lá e baixou o sarrafo".
BALA s.f. bombom. Guloseima de confeitaria, em geral de chocolate, contendo, às ve
zes, recheio de cupuaçu ou castanha. Quando eu viajo, eu levo bala de cupuaçu pra Zul
eica .
BALA (DA VIDA) adj. fulo, muito chateada. Sumiu dinheiro da bolsa da mamãe e ela tá b
ala da vida .
BALDEAR v. 1. lavar algo usando um balde para transportar a água. "Hélio, vai baldea
r o pátio antes que teu pai chegue e te dê uma pisa" 2. Vomitar. Corre, doutor, que o
rapaz ta baldeando toda a recepção .
BANHO s.m. Balneário. Domingo nós vamos pro banho do Raimundão na rodovia Manaus-Itacoa
tiara .
BANHO-DE-CUIA s.m. Gíria futebolística: lençol, situação em que o jogador com um leve toq
e passa a bola sobre o corpo do adversário e pega do outro lado. 2. Banho com o au
xílio de uma cuia feita de cabaça-do-mato (árvore que produz cabaças).
BANZEIRO s.m. Formações semelhantes às ondas do mar que se formam nos rios amazônicos po
r causa do movimento dos barcos. Tive muito medo na travessia para Benjamin Const
ant; o banzeiro quase virou a voadeira
BARCA s.f. O povo, todo mundo. Vai a barca pro show do Reginaldo Rossi hoje
BARGUILHA s.f. Alteração de braguilha.
BATE-BOCA s.f. Discussão acalorada. Tava a Maria e Marta no maior bate-boca em fren
te à casa do seu Gumercindo .
BATELÃO s.m. Barco que navega a remo.
BATER CAIXINHA loc. v. Ajudar alguém a conquistar uma pessoa. Será que tu podes bater
caixinha pra tua irmã? Estou afinzão dela .
BATER FOFO loc. v. - Faltar a um encontro, descumprir algum acordo."Marquei um e
ncontro com a menina e ela bateu fofo. Esperei e nada".
BATORÉ adj. 2 gen. Baixinho. Procura por ele lá. O Mauro é um batoré moreno de perna cur
a .
BEIJU s.m. Biscoito chato, leve e fino feito com a massa da mandioca.
BEM-MANDADO adj. Obediente, submisso, disciplinado. O Zeca é bem-mandado pela mulhe
r dele .
BENZEDURA s.f. Modo de curar quebranto ou mau-olhados através de orações.
BERADEIRO s.m. - Beiradão, gente do interior.
BIBOCA s.f. Lugar esquisito, de difícil acesso.
BICHEIRA s.f. Ferida causada pelo parasitismo de insetos.
BICHEIRENTO adj. Sujeito a bicheiras.
BICHO 1. Animal em geral. A onça é um bicho traiçoeiro . 2. Adj. Muito bom. Essa música
cho!
BICUDO adj. Amuado, zangado.
BILOTO s.m. Saliência carnosa, verruga.
BRECHA s.f. - Chance. "Será que tem brecha de eu entrar na festa?"
BRECHAR v. - O mesmo que espiar, olhar disfarçadamente."Esse curumim gosta muito d
e brechar as garotas trocando de roupa".
BRECHEIRO s.m. - Quem gosta de brechar. Voyeur.
BREGUEÇO s.m. - Objeto imprestável ou de uso duvidoso.
BIQUEIRA s.f. - Próximo, perto de. "De tanta besteira que fez, ela tá na biqueira de
ser demitida".
BOBÓ s.m. pulmão.
BOCÓ s.m. Bobo, abestado. Deixa de ser bocó e presta mais atenção!
BODADO /ó/ s.m. 1. Com muito sono; cansado. Cara, vou dormir. Tô bodado! ; 2. Bêbado.
a ele pra casa que ele bebeu todas e ta muito bodado ; 3. Chateado. Nem vai falar c
om ele porque ele tá bodado desde de ontem.
BODOZAL s.m. Bairro pobre, periferia. Lá no bodozal onde ela mora não tem nem água .
BOI s.m. Festa realizada em Parintins em que enfrentam-se dois bois, o Garantido
(Vermelho) e o Caprichoso (Azul). Em Manaus, nos meses que antecedem o Festival
, que acontece em junho, há os ensaios conhecidos como curral do boi.
BOLA s.f. Rotatória. Vai direto e, depois da bola, pega a rua do posto .
BOMBOM s.m. - Pequena guloseima de consistência firme, feita com calda de açúcar aroma
tizada e acrescida de corantes, ou de ingredientes com sabores diversos. Aceita o
troco de bombom, moço?
BONITO PRA TUA CARA! exp. - Usado no sentido de "Tu não tens vergonha do que tu fi
zeste, não?"
BORA... /ó/ - Vamos. Bora pra casa? . Bora dar uma volta?
BORA VER... loc. v. Seja o que Deus quiser. Rapaz, a gente fez o possível. Bora ver
...
BORIMBORA interj. Vamos embora. A gente não tem mais nada a fazer aqui. Borimbora!
BOTIJA s.f. Botijão de gás. Pega a outra botija pra mim que essa aqui acabou .
BRECHAR v. Olhar pela brecha, espionar. Quando eu era pequeno, eu costumava brech
ar as empregadas lá de casa tomando banho .
BREAR v. Colar. Quebrou o vaso... agora tem que brear antes da mamãe chegar .
BRIBA s.f. - Pequena lagartixa caseira. Provavelmente corruptela de víbora.
BROCADO adj. - Pessoa com fome. Mano, tô brocado! Vamos comer um x-caboquinho?
BRONHA s.m. Masturbação masculina. "Esse moleque só vive trancado no banheiro batendo
bronha".
BUBUIA s.m. ver FICAR DE BUBUIA.
BUCHO s.m. 1. Vísceras de peixe, mamíferos e répteis. Tem de tirar o bucho pra comer o
peixe ; 2. mulher feia. Cara, como é que pode?! Tu ficaste com aquele bucho, mano?
BUCHUDA adj. Grávida.
BUFA s.f. Peido que escapa sem ruído.
BUFUNFA s.f. - Dinheiro, grana. "Aqui está a farinha. Cadê a bufunfa?"
BULIADO adj. Arredondado

CABA s.f. Vespa.


CABAÇO s.m. - O hímem. "Essa aí tem cara de que já perdeu o cabaço".
CABAÇUDA adj. Virgem.
CABOCÃO s.m. Alguém que não se comporta direito.
CABOCO s.m. Pessoa, cara, sujeito. Aí o caboco chegou lá e falou um monte de coisa .
CABROCHA s.f. Mulher de raça cruzada e cabelos lisos.
CACETE (ê) s.m. e adj. Maçante, importuno.
CADÊ adv. Onde está? Existe a variação QUEDE.
CADILHO s.m. Tigela que recebe a seiva da seringueira.
CAGADO adj. Sortudo. O cara é cagado! Ganhou duas vezes na loteria .
CAGA-RAIVA adj. Neurastênico, estourado.
CAGAR O PAU exp. - fazer uma coisa muito mal feita. Colocar alguma coisa a perde
r. Dar mancada. "Tava tudo dando certo. Aí o Junior gritou e cagou pau!"
CACHULETA s.f. ou PLETS s.m. Peteleco dado com o dedo na orelha de alguém. Vai lá, ap
roveita que ele está distraído e dá uma cachuleta nele! . Olha que orelhão! Deve ser gosto
o pra dar plets, né?
CALDO DE CARIDADE s.m. - Caldo feito com farinha para dar sustança.
CALUNDU s.m. Mau-humor, zanga.
CAMBOTA adj. Pessoa que tem os pés para dentro ou as pernas arqueadas.
CANGOTE s.m. Parte posterior do pescoço. Me dá um cheiro no cangote?
CANGULA adj. Desengonçado.
CANTO s.m. Esquina. Eu moro na Av. João Queiroz canto com a Rua H .
CAPAR O GATO loc. v. - Ir embora, sair. "Essa festa não tá com nada. Acho que vou ca
par o gato".
CAPINA! LAVA! SACA! interj. Sai fora! Quando eu olhei, tinha um monte de moleque
roubando goiaba. Cheguei lá e gritei: Capina! Lava! Lava daqui! Saca, molecada!
CAQUEADO s.m. - Um jeito especial de fazer alguma coisa, know-how. "Pô! O cara é che
io de caqueado para trocar o pneu".
CARÃO s.m. - Esporro, ralho. "Quebrei a lâmpada e meu pai me deu o maior carão".
CARAPANÃ s .m. Pernilongo. Aqui tá cheio de carapanã!
CARNE DE TETÉU 1. Usado para descrever qualquer alimento não macio, que foi pouco co
zido. "Essa galinha tá mais dura do que carne de tetéu. Nem a besta-fera consegue co
mer isso". 2. Pessoa difícil, travosa. "A diretora da escola onde eu estudo é a maio
r carne de tetéu".
CARNE MAGOADA s. Músculo dolorido. Joguei futebol ontem e fiquei com a carne magoad
a .
CARTAZ s.m. Renome, fama, notoriedade. Eu nem ligo pro que ela diz. Acha que eu v
ou dar cartaz para ela?
CARTEIRA s.f. Mesa escolar. Aline, vai sentar na tua carteira para gente começar a
prova .
CASA DO SEM JEITO loc. adv. Caso perdido. Teu caso, filho, tá na casa do sem jeito .
CASCALHO s.m. - Beiju. "Se o cascalheiro passar, chama que eu quero cascalho".
CASCUDO s.m. - Forte pancada na cabeça de alguém (quase sempre em crianças), com o ded
o médio dobrado. O cascudo tem uma intenção de, no mínimo, provocar dor.
CATARACA s.f. meleca. "Vai lavar essa cara imunda, seu nojento. Tua venta tá cheia
de cataraca".
CATINGA s.f. Cheiro forte. Daqui a gente sente a catinga do igarapé poluído .
CATINGAR v. Feder.
CAUXI /ch/ s.m. Planta esponjosa que causa coceira. Vou nada aqui não. Tá cheio de ca
uxi .
CEMITÉRIO s.m. Jogo de queimada. Vamos jogar cemitério?
CEROTO s.m. Acúmulo de sujeira na pele por falta de banho. Vai tomar banho, menino
. Passou o dia jogando bola e tá com dois cordões de ceroto no pescoço.
CHAPADO adj. 1. Com cecê. Pô, Armstrong! Não passou desodorante hoje não? Tá chapado, me
2. De porre, bêbado. Chegou quatro da manhã, chapadaço .
CHEIO DE CAQUEADO exp.id. Cheio de invenção, cheio de presepada desnecessária. O cara c
hegou aqui cheio de caqueado dizendo que fazia e acontecia e não fez foi nada .
CHIBATA adj. Adjetivo para expressar uma coisa muito boa. Rapá, o filme é chibata!
CHIBÉ s.m. Mistura de farinha, água e açúcar. "Mãe, posso fazer chibé pra merendar?"
CHILIQUE s.m. Desmaio. Come direito... depois fica dando chilique aí .
CIPOADA s.f. Chibatada com cipó. Ele fez besteira e a mãe largou a cipoada nele .
COBRINHA s.m. Fila. "A tia Yá disse que a cobrinha lá no hospital tava dobrando o q
uarteirão".
COÇA s. f. Pisa, peia, cipoada. Se fizer isso vai levar uma coça de mim .
COCOROTE s.m. - O mesmo que CASCUDO.
COCORUTO s.f. O alto da cabeça.
COQUE s.m. - O mesmo que CASCUDO.
COLHER (ô) v. recolher a linha quando se está empinando papagaio. "Colhe rápido antes
que a chuva chegue".
COM BORRA (E TUDO) exp.id. Com tudo. Expressão de alopro. A Luciana estava aprenden
do a dirigir. Foi entrar na garagem e pisou no acelerador ao invés de pisar no fre
io. Aí entrou com borra e tudo na garagem, arrebentando o carro todo .
COMER COQUINHO loc. v. Ficar burro. Tu é lesa, é? Parece que comeu coquinho .
COMO JÁ ENTÃO?! exp. id. Expressão de espanto. Pegou fogo na casa da vizinha. . Como já
! Do nada?
COROCA s.f. De avançada idade. Eu moro com minha sogra, que já ta meio coroca . Do tupi
curóca, caduco.
CORONEL-DE-BARRANCO s.m. Homem que manda na região. Pra resolver as coisas mesmo te
m de falar lá com o coronel-de-barranco da área .
CORTAR v. Falar mal de alguém. Vocês ficam aí só me cortando, né?
CORTAR E APARAR exp. - Humilhar ou diminuir de certa forma completamente. "Queri
a sair hoje, mas meu pai cortou e aparou minha curica".
CORTAR A CURICA exp. - matar a intenção no nascedouro. "Ela queria pular carnaval, m
as eu como um bom marido cortei a curica dela".
COTÔCO s.m. Xingamento que envolve fechar a mão e esticar o dedo médio.
COURO DE PICA exp. - Expressão que indica alguma coisa que não se resolve, não ata nem
desata. "O noivado desses dois é igual a couro de pica, acaba e volta, volta e ac
aba".
CRUZETA s.f. 1. Cabide. Tô precisando de umas cruzetas pra guardar essas blusas ; 2.
Falcatrua. A polícia descobriu uma cruzeta do governador com o narcotráfico .
CU DOCE s.m. - Pessoa que se faz de muito difícil, gente besta, pedante. "Quer e d
iz que não quer. É o maior cu doce que eu conheço".
CUIA s.f. Fruta cuja casca dura, limpa da polpa, serve de recipiente para líquidos
, como por exemplo o TACACÁ.
CUIDAR v. Apressar-se. Bora! Cuida, senão a gente vai chegar atrasado .
CUNHANTÃ s.f. Garota. Quem essa é essa cunhantã já?
CURERA s.f. A massa de mandioca mole que, ao sair do espremedor (tipiti), por se
r dura e embolada, não foi coada. Imprópria para a fabricação da farinha. Alguns aprovei
tam para fazer mingau.
CURIAR v. Bisbilhotar, xeretar. O que tu tá curiando aí, mulher?
CURIBOCA s.m. Mestiço de branco com índio.
CURICA s.f. Espécie de papagaio (pipa) pequeno e sem tala. Levantei uma curica hoje
só pra brincar .
CURUBA s.f. Ferida. Rapá, to com uma curuba coçando pra burro!
CURUMIM s.m. Garoto. Cheguei lá na festa, cheio de curumim...
CURUPIRA s.m. Gênio malfeitor da floresta.
CUSPIR v. Espanar a rosca, o parafuso. "Acho que essa porca tá cuspida".
CUTUCAR v. Bater, tocar com a ponta de qualquer objeto.

D
DANADO adj. - Endiabrado. "Esse menino não sossega. Égua do menino danado".
DANÇA DE RATO E SAPATEADO DE CATITA enrolar, postergar algo. "Deixa de dança de rato
e sapateado de catita e vai logo tomar banho que é melhor".
DAR BOLO EM CATITA exp.id. Ser esperto. Cuidado com o Jurimar. O cara dá bolo em ca
tita. Fica esperto!
DAR DE ... loc, v. Começar a.... Agora ele deu de sair tarde todo dia .
DAR DE COM FORÇA loc. v. Atacar. Olha lá o Jaime! Tá dando de com força no bolo!
DAR DE MIL exp. Id. Ser muito superior. O meu carro dá de mil no teu .
DAR UM CHAGÃO exp. esquivar-se. "Fui correr atrás do Rato, mas ele me deu um chagão qu
e eu caí de bunda".
DEBOCHAR v. Escarnecer, zombar. Essa aí adora debochar das desgraças dos outros .
DE BODE loc.adj. Menstruada. A associação vem do fato desse caprino, que não gosta de
banho, exalar um mau cheiro muito forte, semelhante ao cheiro do sangue de orig
em uterina que ciclicamente a mulher expele. "Todo mês essa mulher diz que está doen
te, mas está mesmo é de bode!".
DEDADA s.m. - ato de cutucar a bunda de alguém com o dedo. "Tava na fila, o filha
da mãe chegou e me deu uma dedada".
DE LASCAR loc. adv. Indica intensidade. O calor tá de lascar . A prova foi de lascar.
DE LAVADA loc. adv. Com grande vantagem. O São Raimundo ganhou de lavada do Flameng
o ontem: 5 x 0!
DE MUTUCA loc. adv. - Ligado em alguma conversa, de ouvidos bem atentos "É bom fic
ar de mutuca na conversa dessa menina...".
DENGO s.m. Faceirice. Não fala assim manso com ela que ela fica cheia de dengo .
DE PIRUADA exp. - Distribuir alguma coisa jogando para o alto. Quem pegar, pegou
. "Ele jogou os bombons de piruada".
DE PRIMEIRO loc. adv. - Antigamente. "De primeiro ela falava comigo. Agora nem o
lha".
DERRADEIRO o último. "Essa cobrinha tá tão grande que não dá nem para saber quem é o derr
iro".
DE REPENTE loc. adv. Usado como locução adverbial de tempo para indicar um curto esp
aço de tempo. Vou aqui de repente e volto já já .
DE ROCHA loc. adv. com certeza. Eu vou aparecer lá, de rocha, pode acreditar .
DESCABAÇAR v. Desvirginar. Tirar o cabaço de uma mulher virgem.
DESCAIR v. soltar a linha quando se está empinando papagaio. "Discai se não ele vai
ter cortar na mão. Esse teu cerol é do colhe ou do descai?"
DESCANSAR v. Ter neném. A Rudervânia descansou ontem. É uma menina .
DESMENTIR v. Deslocar, luxar, desconjuntar. Acho que desmenti meu dedo jogando bo
la ontem. Preciso puxar o dedo .
DESMILINGÜIDO adj. - Sem graça, desarrumado, desajeitado. "O Cara ficou todo desminl
ingüido quando eu falei que sabia de tudo".
DESPLANAVIADO adj. Desatento, desmotivado. Eu não sei mais o que faço. Todos os meus
alunos andam tão desplanaviados .
DINDIN s.m. É o "sacolé" carioca. Possui variações dentro do Estado. Em alguns municípios
conhecido como Flau (Parintins), Totó (Coari), Vip (Ipixuna), Miau (Itacoatiara)
DISCONFORME adj. Demais, em excesso. A chuva de ontem à noite foi disconforme .
DISQUE Contação de diz-se que. Consta-se, ao que parece. A tua irmã já fez a comida? Dis
ue já .
DISTIORADO adj. Deteriorado, acabado. Tem uma casa lá no banho, mas tá toda distiorad
a...
DJÚCU adj. caboco. "Os dois irmãos que chegaram são djúco, djúco".
DOS VERA loc. adj. - De verdade. "Eu não estou brincando, não. É dos vera".
DRAGA s. 2 gen. Comilão. Meu cunhado come demais, rapaz. O homem é uma draga...

...E MEIA! exp.id. Mais do que... Se ela é chata, tu és chata e meia .


É FOGO! exp. Id. Muito bom ou muito ruim. Cuidado com esse menino que ele é fogo! , Pro
a essa pimenta. Ela é fogo. Melhor que qualquer uma .
E OLHE OLHE! exp. Id. E olhe lá. Ele só faz dois abdominais e olhe olhe .
ÉGUA! interj. Égua pode ser usado em várias situações. Tomou um susto: égua! Alguém faz
você não entendeu: égua... . Uma situação estapafúrdia? Éééguaa, maninho... . A entonaçã
ido, portanto cuidado ao usar.
EMBANANADO adj. - Atrapalhado. "Ajuda ele lá que ele tá todo embananado".
EMBIOCAR v. Descer. Embioca aí senão ela vai te ver aqui .
EMBORCAR v. Virar de ponta a cabeça. Aí o barco emborcou com o acidente .
EMPACHADO adj. - Cheio, estufado. "Fui comer muito agora estou empachado".
EMPERIQUITADO adj. Enfeitado, arrumado. Ela foi pra festa toda emperiquitada .
EMPINAR v. Fazer subir. Vamos ver se a gente consegue empinar o papagaio hoje?
EMPINGE s.f. Micose.
ENCANGADO adj. - Pessoa que anda agarrada com outra o tempo todo. "A mulher dele
não deixa ele sair só mermo. Só vive encangada nele".
ENGÜIAR v. - Ter ânsia de vômito. "Quando eu vi o rato morto, eu engüei na hora".
ENGILHADO adj. Enrugado. Quando a gente fica muito tempo na piscina, o dedo fica
todo engilhado .
ENTOJO s. m. Enjôo, nojo. Não vou nem falar com ela que hoje ela está um entojo só .
ENXERIDO adj. - Metido onde não é chamado. "Eu te perguntei alguma coisa? Então deixa
de ser enxerida!"
ENXERIR v. 1. Meter-se. Não vem se enxerir nisso que não é da tua conta! 2. Aparecer.
comprou um carro novo só para se enxerir .
ERAS... interj. Usado para momentos de perplexidade. Eras...deixei meu carro aqui
...cadê ele?
ÉRASTE, MANINHO! interj. Expressão de surpresa. Votou no José Serra? Éraste maninho...
ESBANDALHAR v. Quebrar. Deixei minhas ferramentas com ele e ele esbandalhou tudo!
ESCALDADO adj. Esperto. Ele não me engana, não. Sou escaldado .
ESCABREADO adj. Desconfiado.
ESCAMBAU s.m. E o resto. Ele trouxe pra festa a mulher, os filhos, o cachorro e o
escambau! .
ESCANGALHADO adj. Quebrado, sem funcionamento. Essa televisão está escangalhada. Tem
de mandar consertar .
ESCULHAMBADO adj. - O mesmo que ESCANGALHADO.
ESCROTO adj. 2 gen. 1. Malvado, chato. Aquela professora é muito escrota. Não dá mole .
2. Quando falada arrastada, a palavra tem sentido positivo, de elogio. Doutora e
scrooooooota! Deu remédio e curou o menino...
ESPIAR v. Olhar. Vou espiar a Mariazinha tomando banho .
ESPIA SÓ... interj. Interjeição que antecede algum comunicado. Usada para chamar a ate
nção do interlocutor. Espia só...eu vou precisar da tua ajuda .
ESPOCAR /ó/ v. Estourar, arrebentar com ruído, estalar. Pára de comer, Yara! Tu vais es
pocar, mulher!
ESPOCAR DE RIR exp. id. Rir até não agüentar. Rir muito. Contei aquela piada e aí ela se
espocou de rir .
ESPORA s. 2. gen. pessoa ruim, malvada ou insensível. Poxa, maninha, deixa de ser e
spora...me empresta tua caneta rapidinho .
ESTAQUEADO adj. Cabelo repicado. "O Xororó, pai da Sandy e do Junior, tem o cabelo
estaqueado".
ESTE UM exp.- Modo de se referir a alguém cujo nome é desconhecido ou que se quer de
notar desprezo. Olha já este um...Cheio de coisa.
ESTICADO ou ESPAÇOSO s.m. Confiado, enxerido, atrevido, petulante, pessoa invasiva
. A Ermelinda quer saber de tudo. Ela é muito esticada pro meu gosto .
ESTOFADO s.m. Sofá.
ESTREPAR v. Ferir, se dar mal. Ele foi pular o muro alto e se estrepou todo .
EU FIZ FOI É... loc. v. Utilizado para explicar que fez algo inesperado. Ele queria
que eu agradecesse as flores, mas eu fiz foi é jogar no lixo .

F
FACADA s.f. Pedido de dinheiro. O cara não trabalha e vive de dar facada nos outros .

FACULTÁRIO adj. Quem faz faculdade.


FARINHA-D ÁGUA Tipo de farinha fina.
FANTA adj. Sem graça, fraco. Esse filme é muito fanta. Me arrependi de ter vindo .
FARDA s.f. - uniforme escolar. "Não vai sujar tua farda, Gilvaney! Só tem essa!"
FAZER MEUÃ exp.id. Fazer careta, cara feia, geralmente para intimidar. E não adianta
fazer meuã pra mim que eu não tenho medo de cara feia .
FAZER PEZINHO v. fazer embaixada. "Vamos ver quem faz mais pezinho?"
FÊMEA s.f. vulgar (típico de Parintins) Designação genérica para as mulheres, especialmen
e as disponíveis para o sexo (que, em princípio, são todas, exceto as ascendentes, des
cendentes e irmãs; há alguma restrição -- não absoluta -- para as muito feias ou idosas).
Gerfran se deu bem em todas as noites do festival; cada noite pegou uma fêmea dif
erente .
FRESCAR v. - Encher a paciência, encher o saco. Não fresque não que hoje eu não tô pra bri
cadeira!
FICAR DE BUBUIA exp. id. Ficar sem fazer nada, ficar flutuando na água. E aí, Zé, nadan
do um pouco? Não. To só aqui de bubuia um pouquinho .
FILÉ adj. - Pessoa bonita/desejável. Essa menina é muito filé!
FILHO DE UMA ÉGUA exp. - gradação mais leve de Filho da Puta.
FOFOBIRA s.f. Coceira na vagina. Que diabo que ela não tira a mão dali! Tá com uma fofo
bira federal!
FOI? intej. Pergunta que pede confirmação por causa de certa incredulidade. Aí ele sent
ou a porrada nela . Foi? . Foi. E ela gostou .
FOLÓ ou FOLOTE adj. Frouxo. O parafuso não cabe nessa rosca. Ela é muito grande. Fica f
olote .
FOMINHA adj. - Pessoa egoista, que quer tudo para si. "Deixa de ser fominha, meu
. Divide essa coca-cola com a gente".
FONAS! interj. - Interjeição usada no jogo de bolinha de gude. Quando o sujeito quer
ser o último a jogar, ele grita: FONAS !!!
FORROBODÓ s.m. Encontro para dançar.
FRESCAR v. Perturbar, encher o saco. Pára de frescar comigo senão te cubro de porrada
!
FORA À PARTE loc. adv. A mais, em separado. Pode fechar a conta. Mas a coca-cola aq
ui é fora à parte .
FORMAR v. reflexivo - Menstruar pela primeira vez. "Minha filha se formou ontem"
.
FULEIRAGEM s. f. Porcaria, coisa ruim. O filme é a maior fuleiragem .
FULEIRO adj. - Ordinário, ruim. Mas pode ser também pessoa muito irreverente, brinca
lhão, depende do sentido da frase. "O cara é muito fuleiro, só falta matar a gente de
rir".
FUTRICAR v. - Mexer, investigar, fazer confusão. "Essa mulher vive futricando a mi
nha vida".

G
GABULICE s.m. orgulho besta. Só porque ele passou no vestibular agora virou o diabo
das gabulices .
GALA s.m. - Esperma.
GALALAU s.m. - Menino ou rapaz muito alto. "O cara já é um galalau e quer jogar com
a gente".
GAMBITO s.m. - Perna fina. "Aquela mulher é muito feia. Ólha os gambitinhos dela".
GAMBÃO s.m. Soldado, militar, meganha. A briga acabou quando chegou um bando de gam
bão botando moral .
GAMBIARRA s.f. Remendo, gatilho. Como a corda quebrou, ele fez lá uma gambiarra pra
puxar o carro .
GASGUITA adj. Esganiçado. A voz da minha cunhada Andréa é muito gasguita. Irrita qualqu
er um! .
GATIADO adj. Diz-se do olho puxado. Ontem saí com uma morena dos olhos gatiados .
GRAFITE sm. Lapiseira. Me empresta o teu grafite que meu lápis quebrou a ponto .
GUEGUETE s.f,. Mulher, moça, garota. Vou deixar aquela gueguete em casa depois volt
o pro futebol, falou?
GUARAMIRANGA s.m. Demorado. Demou muito! Veio no Guaramiranga?
GUARIBAR v. Dar uma melhorada disfarçando os defeitos de alguma coisa, principalme
nte de carros. "Vou dar uma guaribada no carro antes de vender".
GUGUENTO adj. Pessoa feridenta, nojenta, cheia de marcas na pele. Eu nunca namora
ria com a Waldemarina. Ela é toda guguenta, cheia de espinha .
GUISAR v. destruir, destroçar (um papagaio). "Vou dá uma porrada no merda que guisou
o papagaio do meu irmão".
GURUPEMA s.f. Peneira.
I

IGAPÓ s.m. Floresta pantanosa, encharcada e sombreada pelo mato.


IGARAPÉ s.m. Pequeno rio, riacho, arroio.
IGARITÉ s.m. Barco a vela de um só mastro.
IGUALZINHO adj. - Muito semelhante. "Ele é igualzinho ao pai dele".
ILHARGA s.f. Ao lado. Fica logo ali, na ilharga da igreja .
INCANDIADO adj. Ofuscado pelo brilho. Quando aquela menina bonita entrou, eu fiqu
ei incandiado .
INVOCADO adj. Difícil de entender, de fazer, etc. Esse brinquedo é invocado, né? . Égua
saiu com uma e voltou com outra? Invocado...
IPADU s.m. Mingau feito com pouca água, consistente e grosso.
IR PRAS BARCAS exp.id. Sair para curtir. Hoje é sexta. Dia de esquecer o trabalho e
ir pras barcas!
IXE! ou EXE! interj. Expressão de estranhamento, tédio ou repugnância. Eu adoro feijão n
pão . Ixe!

JABÁ s.m. Charque.


JACINTA s.f. Libélula. Meu irmão gostava de pegar jacintas, amarrar uma linha nelas e
deixar voar de novo .
JACUMÃ s.m. Direção da canoa com o remo de mão numa das extremidades. Nós vamos é no jac
ui até lá .
JIQUITAIA s.f. Pequena formiga de picada dolorosa.
JITINHO adj. Pequeno. Contrário de maceta. É um professor assim jitinho, de óculos .
JURURU adj. - Cabisbaixo, tristonho, abatido.

KAMIRANGA s.m. Urubú.


KETCHBACK s.m. Um lance amoroso, rolo. Tive uns ketchbacks com ela no passado .
KIKÃO s.m. - cachorro-quente.

LÁBIA s.f. - papo, conversa. "Ele levou a menina na lábia".


LAMBANÇA s.f. Gabolice, basófia.
LANCHE s.m. - Lanchonete. "Tô brocado. Vou ali no lanche pegar um x-caboquinho".
LAPA s.f. Grande, imenso, desproporcional. O Ângelo tem uma lapa de pé, meu amigo! Ca
lça 45! . Sabe a orelha do Abraão? É uma lapa, meu!
LAVAR A ÉGUA ou LAVAR A BURRINHA loc. verb. - Levar vantagem. Gozar um momento de
felicidade. Ganhar com sorte alguma coisa, algum prêmio. "Ele ganhou na loteria e
lavou a burrinha. Comprou tudo que tinha direito".
LAVAR URUBU exp. id. Estar desempregado. Pois é. Faz seis meses que ele tá lavando ur
ubu. Serviço que é bom: nada .
LAVOURA s.f. Ganhar tudo na bolinha de gude.
LEGUELHÉ s.m. João-ninguém.
LEPROSO s.m. - pessoa que de alguma forma desagrada. "O juiz não marcou esse pênalti
!!! Ah, leproso!!!"
LESO /é/ adj., LESEIRA s.f. Um leso é alguém que sofre de leseira. Leseira é um abestalh
amento momentâneo que acomete o leso. Se a leseira for uma característica contínua, di
zemos que o leso sofre de leseira baré. A leseira baré ocorre entre os amazonenses d
evido ao sol quente na moleira, que frita o cérebro e queima alguns neurônios. Temos
ainda as expressões derivadas: Deixa de ser leso! e Pára de leseira! . Dizem que todos
, amazonenses, temos nossos três minutos de leseira por dia. Mas como tudo tem seu
s dois lados, dizem que o sol também causa nos amazonense algo chamado tesão de morm
aço, um aumento na capacidade sexual do amazonense devido ao sol quente.
LISO adj. - Sem dinheiro. "Eu não vou poder ir pro cinema porque hoje eu tô liso".
LOMBRA s.m. Algo sem definição, coisa. Mas que lombra é essa agora, meu irmão?
LOMBRADO adj. Bêbado, fora de si. Esse cara só pode tá lombrado pra fazer isso...

MACACA s.f. Amerelinha. Vamos jogar macaca?


MACACHEIRA s.f. A mandioca doce, não venenosa.
MACETA /ê/ adj. 2 gen. Grande, imenso, de proporções anormais. Eu disse que ia lá brigar
com ele e quando eu olhei o cara era macetão. Saí fora...
MAIOR PALHA loc. adj. Muito ruim. Esse cantor é a maior palha .
MALINAR v. Reinar, fazer malvadeza gratuita, como por exemplo beliscar um bebê por
que ele é muito fofo. Ele é tão fofinho que dá vontade de malinar com ele .
MALOCA s.f. Aldeamento de índios.
MALUVIDO s.m. Mal comportado. Que menino maluvido!
MAMADA s.f. - Mamadeira de leite. "Eu tenho que preparar a mamada do Clauzionor
Junior".
MANCHETE s.f. Na vista. Disfarça e não dá manchete que a gente ta aqui .
MANDIOCA s.f. A grossa raiz comestível da maniva.
MANDUQUINHA s.f. Camburão de polícia. Maior porrada rolando, aí chegou a manduqinha e l
evou um bocado .
MANEIRO adj. 1. Leve, fácil de manobrar; 2. Muito legal.
MANGAR v. - Fazer pouco de alguém. "Eu bati nela porque eu caí e ela ficou mangando
de mim".
MANGARATAIA s.f. Nome tupi para o gengibre.
MANJA s.f. - brincadeira de criança. Há a manja-esconde, manja-pega, manja-trepa.
MANO /ã/ voc. Tratamento carinhoso entre conhecidos ou não. Muito usado para fazer p
erguntas e pedidos. Mana, faz um favor pra mim . E aí, tudo bem, mano? . Variações no dim
tivo: MANINHO, MANINHA.
MANTEIGA-DERRETIDA s.f. Pessoa chorona.
MÃOZADA s.f. Tapa. Vem de novo aqui que tu vais levar uma mãozada! .
MÁRRAPÁ! exp. id. O mesmo que Olha já! . Me empresta teu carro? Márrapá! Claro que nã
MAS! - Pronuncia-se "Mách". Interjeição de ênfase. Tem muita mulher aqui? "Mách! Só tem!"
MASSA FINA s. Pão de leite. Eu gosto de pão leve, de massa fina .
MASSA GROSSA s. Pão francês. Compra dois pães de massa grossa .
MAS QUANDO? interj. Ver Tem mil!
MATEIRO adj. Habituado a meter-se no mato ou lá passar parte do dia.
MEGANHA s.m. - Forma depreciativa de se referir a um soldado de polícia. "Esse car
a não passa de um meganha!".
MENINO BARRIGUDO exp. id. Um leso, que só faz besteira. Pára de meter o dedo no bolo,
Nelson! Tamanho paideguão e parece um menino barrigudo!
MERENDA s.f. Lanche. Vou bem ali comprar uma merenda que estou brocado .
MERMO adj. Corruptela de "mesmo". Pode ser usado para exprimir dúvida ou confirmação. E
le vai sair hoje, vai? . É o que vai mermo... Não, ele vai mermo .
MERUÍM s.m. Inseto de picada dolorosa. Transmite a filariose.
MERRECA s.m. - Alguma coisa muito pouca, sobretudo dinheiro, mixaria. "O salário mín
imo desse governo é uma merreca!".
METER O PAU loc. v. - Falar mal de alguém. "A vizinha meteu o pau na sogra .
METIDO adj. Boçal. Não gosto dela não. É muito metidinha pro meu gosto .
MEU GRANDE voc. Tratamento para desconhecidos. Pode ser utilizado intercambiavel
mente com mano . E aí, meu grande. Tudo bom? . Fica de olho aí no meu carro, falou, meu
nde?
MEXER v. 1. Chamar alguém que vai passando. Olha a Maria do Céu ali! Vou mexer com el
a: Cééééééééééu! 2. Manter relações sexuais. O Félix mexeu com a moça, agora vai ter de c
MILHITO s.m. Salgadinho de saquinho. Seu uso foi estendido a partir do salgadinh
o MILHITOS JACK S.
MOFINEZA s.f. Fraqueza, indisposição, mal-estar.
MOFINO adj Fraco, indisposto, que não oferece resistência.
MONDRONGO s.m. - Inchação, tumor subcutâneo, calombo. 2. Alguma coisa grande e esquisi
ta. "Que coisa é esta? Que mondrongo é esse na tua cabeça?".
MOTOR /moto/ s.m. Barco. Que horas sai o mortor pra Coari? Depende. O Capitão Sérgio S
uza ou o Comandante Mauro Biba?
MUCURA s.f. Espécie de gambá que come frango.
MURA s.f. Pessoa invocada, fechada. Vê se conversa com as pessoas! Parece uma mura!
MUTUCA s.f. Observação. Tu pensas que não, mas ele fica ali só de mutuca pra ver se te p
ga no flagra .

NÃO BATER BEM loc. v. - Ser meio LESO, abilolado. "Essa menina não bate bem. Tomar c
afé com feijão?!"
NÃO É PÃO! exp. - Claro que sim! "O barco já chegou?" "Massssh... não é pão!"
NÉ NÃO! exp.id. Não é não. É a Leila ali, é? Né não .
NÃO FAZER NEM AMARRADO PELO CHINELO PRETO exp. - Não fazer de jeito nenhum. Nem que
a vaca tussa.
NEM COM NOJO! exp.id. Expressão equivalente ao Tem mil! . Vai ali e pega água pra mim .
com nojo!
NEM COM O PITIU (DO BODÓ) exp.id. ver NEM COM NOJO!
NHACA PURA! exp.id. Fedorento. Rapá, a mulher chegou e tava nhaca pura. Não dava pra
agüentar .
NO BALDE, NO MUNDO loc. adv.. Ver QUE SÓ
NO CABRESTO loc. adv. - na linha dura, sem folga, preso. "O pai da minha namorad
a é ciumento. A coitada só vive no cabresto."
NÓ CEGO s.m. Uma pessoa que é esperta, finge que faz, mas não faz e sempre se sai bem.
Não cai na do Jorge, não. Esse cara é um maior nó cego .
NO OLHO loc. adv. Expressão utilizada para indicar que alguém recebeu uma resposta c
erteira. Tu já chegaste, Manoel? . Não, Creuza! To lá em casa . Toma, Creuza! No olho!

O QUE ERA MAIS? exp. id. Expressão usada por vendedores no sentido de Mais alguma c
oisa? . O que era mais, mano?
OLHA JÁ (ENTÃO)! interj. Interjeição de indignação correspondente a Mas que abuso! . E a
dá um beijo? Mas, olha já então esse aí...Te manca!
OSGA s.f. Lagartixa branca com os olhos pretos, que anda pelas paredes da casa.
Briba. Quando olhei, tinha uma osga nojenta no teto .
OVADA adj. Grávida, prenhe. A filha do Joca tá ovada .

PACOVÃ s.f. Nome indígena da banana. Hoje designa a banana comprida.


PAGAR SAPO exp. id. Humilhar. O chefe entrou aqui e pagou o maior sapo no Walter .
PAGÉ s.m. Curandeiro que cura tanto com os remédios da terra como com feitiços e benze
duras.
PAGELA s.f. Diário de classe. Ainda não lancei as freqüências na pagela nova .
PAID ÉGUA adj. Algo ou alguém muito bom, muito legal. O filme é paid égua . O teu pai é
id égua!
PAID EGUÃO s.m. Adulto, marmanjo. Pode ser usado de forma exclamativa precedido de t
amanho. Tamanho paid eguão brincando no balanço das crianças...
PALHA s.f. A palma das palmeiras.
PAMONHA s.m. - Pessoa lesa que todo mundo faz de trouxa. "Aquele cara é um pamonha
".
PANELÃO s.m. Dente que tem um buraco grande. Amanhã minha dentista, Dra. Eliana, vai
tirar meu panelão .
PANEMA adj. Infeliz, leso.
PAPAGAIADO s.m. - Alguém ou alguma coisa extravagantemente colorido, lembrando um
papagaio. "Esta roupa está muito papagaiada!".
PAPEIRA s.f. Caxumba.
PAPELIM adj. Essa é típica de Manacapuru e ainda pouco difundida. Se uma mulher é "pap
elim", ela ainda tem hímen, é virgem.
PAPOCO s.m. - Confusão, barulho. "Tava todo mundo em paz e de repente só se ouviu o
papoco vindo lá da cozinha".
PARA O MÊS (ANO, etc) exp. Mês (ano) que vem. "Para o mês, vou ver se compro uma gelad
eira nova".
PARADA s.f. - Ponto de ônibus. "Se eu não descer agora, só na próxima parada".
PARDIOSO adj. - Sujeito com características do caboclo do interior, desconfiado. Di
fícil vai ser convencer ele a mudar de idéia. Sabe como ele é pardioso...
PARENTE voc. Forma de tratamento usado para se falar com alguém. Equivale a mano. P
arente, me dá uma ajudinha aqui?
PARRUDO adj. - Forte, musculoso. "Acho bom você não desafiar esse cara porque ele é mu
ito parrudo!"
PARTINHA s.f. Franja. "Tu tá igual ao Aritana com essa partinha".
PASSAR FERRO loc. v. Passar roupa. Vou pra casa que tenho que passar ferro .
PAVULAGEM, PAVOLAGEM, PAVOLICE ou PAVULICE s.f. Empáfia, abestalhamento, orgulho b
esta. Ah, eu não pego em peixe, não . Caboco pávulo! Deixa de pavulagem e ajuda logo, vai
PEBADO adj. Lascado, ferrado. O Jones sofreu um acidente e ficou todo pebado .
PEDI, PEDI, PEDI (repetição) Repetição rápida do verbo para enfatizar. Qualquer verbo. M
, falei, falei, falei e não adiantou nada... . Corri, corri, corri, mas o ônibus foi em
bora .
PEDIR PENICO loc. v. - Desistir de alguma coisa por falta de coragem ou força. "O
cara não agüenta mais. Já está pedindo penico..."
PEGAR O BECO loc. v. Ir embora. Tá na hora de eu pegar o beco. Tá tarde .
PEIA s.f. - Sova, surra. "Quem não fizer o que eu mando entra na peia".
PELA MADRUGADA! inter - Expressão de espanto. Gíria leve, usada entre pessoas mais c
omportadas."Pela Madrugada! Você ainda não fez o que te pedi". Na realidade, o que s
e pretende dizer mesmo é: "Puta que pariu, rapaz, você ainda não fez o meu serviço?
PELEJAR v. - Batalhar, tentar muito. "Eu pelejei pra ver se ela voltava atrás e na
da".
PENOSO adj. - Aquele que tem pena do que tem. Divide os bom-bons com a gente! De
ixa de ser penoso! .
PENSEIRA Compensador para balancear um papagaio penso. "Põe uma penseira nesse pap
agaio que ele sobe".
PENSO adj Torto, pendendo para o lado. "Esse papagaio não vai subir não. Tá muito pens
o".
PERAINDA loc.v. - Forma sintetizada de "Espere ainda um pouco". Pode ser acompan
hado de ênfase LÁ ENTÃO. Perainda lá então! Não me apressa!
PEREBA s.m. Ferida. Leva esse menino no médico, Berna! Tá cheio de pereba na perna
PERREXÉ s. 2. gen. - Ver pardioso.
PÉSSIMO adj. Pessoa pouco confiável. Mala-sem-alça, nó-cego. Essa péssima da Maria ainda
cumpriu minha ordem . É naquele bar que se reúnem os péssimos do bairro.
PETECA s.f. bola de gude. "Tá afim de jogar peteca agora?"
PICADINHO s.m. - Carne moída. "Hoje a gente vai comer picadinho com batata".
PICUINHA s.f. Questiúncula irritante com que se azucrina os outros. Isso é muito pequ
eno, menina. Deixa de picuinha e vai fazer algo de útil .
PIMBADA s.f. - Ter relações sexuais. Dar uma pimbada. "Faz tempo que eu não dou uma pi
mbada".
PINDAÍBA s.f. - Miséria, pobreza. "Sabe aquele ricão lá da rua? Hoje tá na maior pindaíba".
PINCHA s.f. Tampinha de refrigerante. Mas só as de metal. Já meio raras. Cadê a pincha
do guaraná? É que eu faço coleção .
PINGUELO s.m. vulgar 1. Órgão sexual feminino. Menino nasce por onde entra: pelo ping
uelo . 2. Clitóris.
PINICAR v. Beliscar, dar bicadas. Essa roupa felpuda ta me pinicando .
PIPO s.m. - chupeta
PIRA s.f. Ferida. Ela tá com uma pira enorme no braço .
PIRACUÍ s.m. Farinha de peixe.
PIRENTINHA s.f. vulgar Menina com quem só se quer ter envolvimento sexual. Rapaz, c
asar que é bom nada...estou só nas pirentinhas .
PIRIGUETE s.f. Mulher fácil. Piranha com gueguete.
PIROCAR v. Perder ou cortar o cabelo. Rapaz, olha o cara aí...pirocou o cabelo todi
nho .
PIRUADA s.f. Jogar para cima alguma coisa para ser pego pelos demais. Minha tia j
ogou os bom-bons de piruada na festa
PISA s.f. - Peia, surra. "Menino, te aquieta! Se não sossegar, vou te dar uma pisa
".
PITIÚ s.m. Cheiro. Geralmente associado a peixe. Tá sentindo um pitiú danando aqui? Tom
ou banho, Creuza?
PIXÉ s.m. - O mesmo que pitiú.
POMBA-LESA adj. 2 gen. lento, lerdo, mole. Esse sujeito não dá conta de tanto serviço: é
m pomba-lesa . Sossega, menina! Toda pomba-lesa aí vai acabar quebrando o vaso!
PORRETA /ô/ adj. O mesmo que chibata ou maceta.
PORRUDO /ô/ adj. O mesmo que maceta.
PRA PORRA loc. adv. Muito. Hoje tá quente pra porra!
PRESEPADA s.f. - Palhaçada. Confusão. "Deixa de presepada e sossega aí".
PROCURAÇÃO s.f. - Ato de procurar. Dile, cadê a tesoura? Não sei, mas vou fazer uma proc
PROVOCAR v. - vomitar.
PROVOCO (ô) - vômito.
PURO adv. com cheiro de, cheirando a. Vai lavar tua mão que tá puro cocô"
PUTATEBA exp. id. Expressão de insatisfação. Putateba! Deixa eu ver tv em paz!
PUTIREBA ex. id. Expressão de insatisfação. Putireba! Acabou a água!
PUTITANGA exp. id. Expressão de insatisfação. Putitanga! Esqueci minha carteira em cas
a!
PUXAR O DEDO exp.id Puxa-se o dedo quando alguém dismente o próprio. Tem de ir ali na
D. Cora puxar esse dedo, menino!

QUE NEM - Expressão de comparação. "Ela pensa que nem eu".


QUE SÓ! loc. adv. Locução adverbial de intensidade, similar a para caramba . Hoje está
e que só! . Ela é lesa que só! . A sala estava lotada que só!
QUEBRA-QUEIXO s.m. Guloseima dura daí o nome - feita com amendoim. Vendida na port
a das escolas. Quanto tá o quebra-queixo, seu Durval?
QUEBRANTAR v. Jogar mau-olhado. Por quebranto.
QUÊDE...? Cadê? Que é de? Onde está? Quêde a mamãe?
QUEIMOSO adj. com muita pimenta. "Puta-merda, esse tacacá tá queimoso que só".
QUEIXAR v. Ganhar no grito, ficar com algo de outra pessoa. Ela me queixou a cane
ta .
QUER NÃO, NÉ? Usa-se para oferecer algo. Sempre na negativa e com o né no final.
QUERIDA voc. Cuidado! Esse é um falso cognato. O uso da palavra querida aqui no Amazo
nas denota um certo sarcasmo ou uma certa ironia. Escuta aqui, minha querida. Eu
sou a mulher dele, entendeu? Você não está entendo, querido. (= você é um burro!) . Mulhe
ia, segundo comentário do meu primo Amaro.
QUERO CESSO / NÃO DOU CESSO exp.id. Expressões que garantem acesso à comida que alguém e
stá comendo. Se alguém chegar e disser quero cesso , quem está comendo tem de dar. Mas se
o comedor se antecipar e disser Não dou cesso , aí morreu. Sem chances de beliscar.
QUERO NÃO. Inversão sintática que deixa os interlocutores na dúvida. Vai lá com a gente
biblioteca? Vou não .
QUIRIRI adj. Deserto, silencioso, calmo. O lago hoje tava quiriri: nem peixe nem
pássaros .

RALA-RALA s.m. Gelo ralado colocado num copo e acrescido de xarope de vários sabor
es. Quero um rala-rala de groselha .
RALHAR v. Esculhambar, brigar. Fiz merda aí minha mãe ralhou comigo .
RALHO s.m. Esculhambação, sermão ou briga de alguém que tem autoridade. Ontem cheguei ta
de e levei o maior ralho da minha mãe .
RANCHO s.m. Cesta básica, compras do supermercado. Tem que fazer o rancho hoje .
RAPAZ s. 2g. Vocativo, usado para os dois gêneros: Calma, Rapaz! Que mulher afobada
!
RATADA s.f. Mancada, pisada de bola. Eu ia fazer uma festa surpresa, mas o João aca
bou contando antes. Deu a maior ratada! .
REBOLAR NO MATO exp. id. Jogar fora no lixo.
RECREIO s.m. Barco. Que horas sai o recreio para Eirunepé?
REGATÃO s.m. Mercador ambulante que em barco ou canoa percorre o interior parando
de lugar em lugar.
REIMOSO adj. Comida que faz mal. Mãe, já posso comer pirarucu? Tá doido, menino. Pirar
é reimoso.
REINAR v. Ver MALINAR.
RELAR v. - Tocar de leve em outra pessoa, na maioria das vezes com segundas e se
nsuais intenções.
RENDIDO adj. 1. Impossibilitado de fazer algo. Não posso sair hoje que estou rendid
o com uma diarréia . 2. Com hérnia de escroto. meu filho levou uma bolada e fixou rendi
do, doutor .
REPARAR v. Tomar conta. Não posso sair porque tenho que reparar o bebê . Quer que eu re
are o carro, tio?
REQUENGUELO adj. Meio destruído, decadente, mal-vestido, sujo. Ele tinha um carrinh
o vermelho, todo requenguelo . Tu viste aquela mulher, toda requenguela passando pe
la praia!?
RESPEITE! - Expressão de admiração por alguma coisa. "Respeite o carro novo que o meu
amigo aqui comprou!".
RÓDO s.m. Porto. Aportuguesamento de roadway. Meu irmão vai pegar o motor lá no ródo .
ROER UMA PUPUNHA exp. Passar por dificuldades. Depois que ele se separou da mulhe
r, ficou quebrado. Roeu uma pupunha o coitado .
ROLOS (ó) s.m. Muitos. Ela saiu e trouxe rolos de mangas .
RÓSEO(A) adj. Cor de rosa. "De quem é essa camisa rósea aqui?"
ROTA s.m. - Ônibus de transporte de empresa. "Ontem acordei tarde e perdi o rota".

SABACU s.m. O mesmo que BABAU. Punição que um grupo confere a alguém por um malfeito.
Todos batem com as mãos, ao mesmo tempo, na cabeça do coitado. Fez merda. Vai levar s
abacu por isso!
SACOPEMBA pessoa gorda. "Tu viu a mulher do Curica? Tá mesmo que uma sacopemba"
SALIENTE adj - Pessoa enxerida, intrometida, metida a conquistadora. "Minha filh
a não vai sair com esse rapaz porque ele é muito saliente!".
SANDUBA s.m. - sanduíche.
SAPECAR v. Dar, bater. Ela frescou aí eu sapequei a porrada nela!
SARNAMBI s.m. originalmete pequena sobra de borracha que se forma durante o proc
esso de defumação do látex, usado para descrever um bife difícil de cortar. "Esse bife tá
mais duro que sarnambi, nem o cachorro quer".
SE AGARRA loc. v. Namorar, ficar, principalmente quando há contato físico. Ela passou
a noite toda se agarrando .
SE ENXERIR loc. v. Se meter onde não é chamada. Querer aparecer. Ela comprou uma calça
de marca só pra se enxerir .
SE MENTIR loc. v. Aparecer, gabar-se. Ele comprou uma blusa de marca só pra se ment
ir .
SE MANCAR loc. v. Se tocar. Tu achas que eu vou querer namora contigo?! Se manque
!
SECO adj. - Vazio. Claudemir, vai jogar o saco de lixo fora . Não precisa, mô. O saco es
tá seco .
SERRINHA DE UNHA s.f. lixa de unha.
SINCERA s.f. Menina, moça, garota. Será que aquela sincera ali topa dançar?
SONSO adj. - Aquele que sabe o que faz e disfarça. "Foi tu que pegou minha coca-co
la, não foi? Olha essa cara de sonso!"
SOSSEGAR O FACHO exp. id. - Baixar a bola, se aquietar. "Pode sossegar o facho q
ue não vai sair hoje não"
SUA ALMA SUA PALMA SEU CORAÇÃO SUA PINDOBA - Expressão antiga que o autor ouve muito d
a mãe quando alguém teima em fazer alguma coisa que ela reprova. "Então meu filho, sua
alma sua palma seu coração sua pindoba". Significava que o teimoso estava entregue à
sua própria sorte.
SUSTANÇA s.f. Força, energia. Tem que comer farinha desde cedo que é pra pegar sustança

T
TÁ PRA QUANTO? exp. id. Maneira de perguntar o preço de alguma coisa. Tá pra quanto o q
uilo da goiaba, moço?
TABEFE s.m. - Tapa. "Vem que eu te dou uns tabefes que tu vai parar longe!"
TABERNA s.f. - Vendinha. "Menino, vai lá na taberna do seu Nóbrega e traz dois pães".
TACACÁ s.m. Mingau quase líquido de goma de tapioca temperado com tucupi, jambu, cam
arão e pimenta. Vou tomar um tacacá bem grande hoje .
TAPIOCA s.f. Iguaria que se faz de mandioca. Pode ser de manteiga ou de coco. Que
ro duas tapiocas de coco, parente .
TÁ BESTA! exp. id. Deixa de inventar, deixa de leseira. Ei, essa coca e minha. Dá pra
cá. Tá besta!
TÁ, CHEIROSO! exp.id. Não, mesmo! Vou pegar teu carro esse fim-de-semana, tá bom? Tá, ch
oso! Esquece!
TÁ PORRE exp. Estar bêbado. Leva ele que ele tá porre .
TAL DE Expressão de desdém usada antes de nome próprio. Foi embora com uma tal de Marlu
ce .
TALA s.f. Fina varinha da parte externa do tronco das palmeiras. Usada na confecção
de papagaios.
TAREFA s.f. Exercício caseiro da escola. Vou logo fazer a tarefa de matemática .
TECA /ê/ s.f. vulgar Órgão sexual masculino. Aí ele levou uma bolada de cheio na teca de
e .
TE MANCA! interj. Te toca, cai na real, vê como tu estás sendo abestalhado e abusado
. Deixa eu dormir na tua casa hoje? Te manca, menino!
TE MANDA! interj. O mesmo que capina.
TE METE! Exp.id.. Humilhou! Olha o anel de ouro com brilhante dela! Te mete!
TEM MIL! interj. Expressão que significa indignação. O chefe disse pra tu fazeres o rel
atório sozinho . O quê? Sozinho? Tem mil pra eu fazer! . Há a variante TEM CEM! , mais fr
ha.
TER UM PASSAMENTO desmaiar, ter/dar uma bilora
TER/DAR UMA BILORA desmaiar. "A Terezinha saiu de manhã cedo sem tomar café e teve/d
eu uma bilora no colégio".
TERÇADO s.m. - facão grande de cortar mato. "O galeroso matou o cara lá a terçadada".
TICAR v. 1. Cortar o peixe para quebrar as espinhas; 2. Furar alguém com faca.
TIJIBU s.f. Mulher baixinha e gorda. Olha que gata ali do lado daquela tijibu .
TIRAR AS BRONCAS disfarçar, fingir que nada aconteceu. "Depois que peidou no elave
dor, o Wandemberg começou a assoviar pra tirar as brocas".
TODO ERRADO - Situação em que a pessoa está muito envergonhada e sem saber o que fazer
. "Quando provaram que ele pegou o dinheiro, ele ficou todo errado".
TODO MOCINHA! exp. id. Usado pelos homens quando alguém não quer fazer o que é esperad
o dele. Atravessa aí pela lama, rapaz! . Eu não . Ih, ó, todo mocinha .
TOLICE s.f. Relativo a tolo. "O Felipe só faz tolice. Tamanho paid'eguão"
TOLO adj bobo, leso. "O Felipe já tem 8 anos mas é tolo, tolo, tolo".
TOMAR DE CONTA loc. v. Tomar conta. Ele deixou o sítio dele pra eu tomar de conta .
TOMAR TENÊNCIA loc. v. Tomar jeito. Tu já faltaste aula três vezes essa semana! Vê se to
a tenência .
TOPAR v. Encontrar. Quando menos esperava topei com ela na esquina .
TORAR v. 1. Cortar rente à base. Esse cabelo ta muito grande. Acho que vou torar el
e ; 2. Transar com alguém. Sabe quem eu torei ontem? A Sheila .
TRAVESSA s.f. Tiara de cabelo.
TRAVOSO adj. 1. que tem cica, igual caju verde. "Êta caju travoso do cacete". 2. P
essoa difícil. "Aquele professor é travoso que só"
TRISCAR v. - O mesmo que RELAR.
TRONCHO adj. - Pessoa torta do juízo ou fisicamente, mutilado. "O cara anda todo t
roncho depois da surra que levou!".
TU JURA? exp. id. Verdade? Ela vem pra festa hoje . Tu jura?
TURÍTI s.m. Acertar duas bolinhas em uma só jogada no jogo de bolinha de gude.
TUXINA s.f. Verme branco que aparece nas fezes e dá uma coceira danada.

UMENO loc. Pelo menos. Vai lá e pega umeno uma .


URUBUSERVAR v. Olhar atentamente. "Para de ficar urubuservando o papo dos outros
!"

V
VAI TE LASCAR! intej. Expressão de raiva ou de decepção. Vai casar de novo? Ah, vai te
lascar!
VALÊNCIA s.f. O que serve para livrar de um perigo. Ficou cara a cara coma onça. A su
a valência foi que o filho chegou e atirou na bicha .
VARADO (DE FOME) adj. com muita fome. Sacanagem. O almoço não tá pronto e eu tô varado d
fome.
VAZADO adj. 1. Faminto. Vamos comer alguma coisa? Tô vazado... 2. adv. Rapidamente. T
o super atrasado. Vou ter que sair vazado daqui!
VEXADO adj. - apressado, envergonhado. "Fique vexado não. Venha cá conversar comigo"
.
VISAGEM s.f. Alma de outro mundo, assombração, fantasma.
VITAMINADA s.f. vitamina, alimento preparado no liquidificador com leite, açúcar e u
ma(s) fruta(s), normalmente banana. "De quem é essa vitaminada aqui na geladeira?
Se não tiver dono, vou tomar".
VOADEIRA s.f. Canoa motorizada utilizada para transporte rápido. Saindo de Parintin
s, levamos uma hora e meia para chegar a Nhamundá de voadeira .
VOU-TE! exp. id. Expressão de indignação. Ele ficou com todos os brindes. Êta menininha
goísta! Vou-te!

X-CABOQUINHO s.m. Sanduíche de pão com queijo e tucumã, fruta regional de carne alaran
jada.

ZAMBETA adj. Tonto.


ZIMPADO adv. - rapidamente. "Quando ele viu o pai da moça atrás dele, ele saiu daqui
zimpado".
ZOADA /zuada/ s.f. Barulho. O caminhão de som passou aqui fazendo a maior zuada .

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