UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO ◻ “E no mundo havia apenas uma língua e um modo de falar. E aconteceu que eles viajaram do leste e encontraram uma planície na terra de Sinear, e ali se instalaram. ◻ E disseram uns para os outros, vamos fazer tijolos, e queimá-los bem.E os tijolos serviram com pedras, o bolo serviu como argamassa. ◻ E eles disseram, vamos construir uma cidade e uma torre cujo ponto mais alto possa alcançar o céu; e vamos nos dar um nome, para que não sejamos dispersos pelo mundo inteiro. ◻ E o senhor desceu para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens construíram. ◻ E o senhor disse, o povo é um só, todo falam a mesma língua; eles começaram isso, e agora não há restrição a qualquer coisa que queriam fazer. ◻ Vamos descer e confundir sua língua, para que um não entenda o que o outro diz. ◻ E o senhor espalhou-os por toda a face da terra, e eles deixaram de construir a cidade. ◻ Por isso, o nome é Babel, por ali o senhor confundiu a língua de todas as pessoas no mundo; e daí por diante o senhor dispersou-os por toda a face “ A natureza da Linguagem ◻ A linguagem é Simbólica: As palavras são símbolos arbitrários, sem qualquer significado em sim mesmas.A palavra cinco, por exemplo, é uma espécie de código, que só representa o número de dedos de uma mão porque concordamos que assim é. Até mesmo a linguagem de sinais, conforme é “falada” pela maioria dos surdos, é simbólica em sua natureza, e não a pantonimia que pode parecer. Apesar dos fatos de os símbolos serem arbitrários, as pessoas co freqüência agem como se eles tivessem algum significado em si mesmos. ◻ A linguagem é subjetiva: Mostre a uma dúzia de pessoas o mesmo símbolo e pergunte-lhes o significado. É provável que você obtenha várias respostas diferentes.As palavras podem ser interpretadas de muitas maneiras diferentes.E, como não podia deixar de ser, essa é a base para muitos mal-entendidos.A necessidade de negociar significado destaca as deficiências e os pontos fortes da linguagem. ◻ A linguagem é regida por regras: A única razão pela qual as linguagens simbólicas funcionem é o fato de que as pessoas concordem sobre a maneira de usá-las.Os acordos lingüísticos que tornam a comunicação possível podem ser codificados por regras.Os idiomas contêm vários tipos de regras. 1- As regras fonológicas: Determinam como os sons de uma língua são combinados para formarem uma palavra.
2- As regras sintáticas: regem a maneira como os símbolos
podem ser dispostos.Embora a maioria das pessoas não seja capaz de descrever as regras sintáticas que regem a própria língua, é fácil reconhecer a sua existência, notando como parece estranha uma frase que as transgrida. 3- As regras semânticas: Também regem o nosso uso da linguagem. Mas, enquanto a sintaxe lida com a estrutura, a semântica trata do significado das palavras.As regras semânticas refletem as maneiras como os falantes de uma língua reagem a um símbolo específico.
4- As regras pragmáticas: Aprendemos a dar um sentindo a
atos de fala, através de regras pragmáticas, que nos ajudam a decidir qual é a interpretação adequada de uma determinada mensagem em um determinado contexto. Considerações sobre signo Linguístico
◻ Signo: Unidade básica da linguagem constituída
pela articulação do significante com o significado.Algumas teorias da linguagem entendem o signo como composto de uma estrutura triádica.Além de significante e significado, o signo portaria também um referencial ou a imagem da coisa ou daquilo que está sendo representado; ◻ Significado: é a idéia ou conceito veiculado pelo significante.Trata-se de um fenômeno psicológico, posto que o significado não é o referente ou o objeto real, mas a idéia formada sobre ele e que o representa na mente do sujeito, ◻ Significante: No uso corrente, refere-se ao substrato material do signo, isto é, designa tudo aquilo que transporta o significado: Sons, imagens visuais, impressões táteis, olfativas, gustativas, sinestésicas, etc. Entretanto, é preciso considerar que tal substrato material é, antes de tudo, um fenômeno psicológico, ou seja, não é o som em sim, mas a impressão ou imagem acústica gerada pelo psiquismo. Linguagem, Língua, Fala e Discurso.
◻ A língua
A língua, desde o curso de Ferdinand Saussure (1916), tem sido concebida
como um sistema de signos, em que cada signo é constituído de um significante e de um significado e da relação arbitrária entre dois elementos.A língua constitui ainda uma teia de relações entre esses elementos linguísticos formado assim um sistema, um conjunto compartilhado em que cada um dos elementos constitutivos só pode ser definido em relação aos demais.Sendo um fato puramente social, sua existência fundamenta-se nas necessidades de comunicação. A língua, para Saussure, é um fato social porque pertence a todos os membros de uma determinada comunidade, é exterior ao indivíduo, e esse não pode nem criá-la nem modificá-la.Parece ser um patrimônio bastante extenso e ninguém a possui em sua totalidade.Cada falante, retém uma parte do sistema, que não existe perfeito em nenhum indivíduo. Acredito ser interessante nesse momento tecer algumas considerações sobre a ciência da língua, ou melhor, sobre a linguística enquanto disciplina científica. A linguística é o estudo científico das línguas individuais, das leis da linguagem em geral e dos processos do uso da linguagem na comunicação cotidiana.Saussure foi o responsável pela grande revolução na lingüística, ao introduzir nessa disciplina uma abordagem preocupada com o estudo das estruturas e leis das línguas, sem levar em consideração a evolução histórica dessas leis. É interessante chamar a atenção para as críticas feitas ao trabalho de Saussure, principalmente aquelas amparadas numa perspectiva interacionista.De acordo com esta última, a elaboração do conceito de língua na lingüística, com a expulsão do sujeito e da fala, é atribuída a Saussure, seu fundador. Língua é entendida como sistema de regras, uma estrutura regida por leis próprias.A tarefa dessa ciência consiste em fazer operar esse sistema, essas regras.Sem dúvida alguma, a linguística tem se empenhado em dar conta dessa missão. Embora tenha reconhecido o caráter dual da linguagem, constituída de uma instância subjetiva (a fala) e de outra instância objetiva (a língua) Saussure priorizou a língua, deixando a fala à marginalidade. A noção de língua, tomada separadamente da de sujeito e da fala, tem sido o “objeto clássico”, ou melhor, dizendo, o objeto ideal da lingüística. A Fala
A fala é concebida por Saussure como ato lingüístico individual, material,
concreto, psicofísico, dependente da vontade e da inteligência do indivíduo (portanto, subjetivo), um impulso expressivo, ato inovador (lugar de liberdade), acessório e mais ou menos acidental.Com essas qualidades, a fala não é passível de sistematização ou de se constituir num objeto de ciência. A prática discursiva das ciências e disciplinas de século XX sempre rejeitou objetos subjetivos e individuais.A própria lingüística somente se organizou como ciência graças à marginalização da fala e de todos os fatores subjetivos e individuais da linguagem.(revolução concebida por Saussure).Embora reconhecendo a necessidade de uma “lingüística da fala”, ao lado de uma “lingüística da língua”.A fala, tal como foi concebida por Saussure, jamais saiu da marginalidade.Não se pode dizer que o discurso seja a reabilitação da fala, pois ele constitui um terceiro elemento: nem a língua nem a fala. O Discurso
Não se pode dizer que o discurso se confunde com a fala.Concebido fora da
dicotomia saussureana, como um terceiro elemento (nem a língua nem a fala), o discurso é o fruto do reconhecimento de que a linguagem tem uma dualidade constitutiva e que a compreensão do fenômeno da linguagem não deve ser buscada apenas na língua, sistema ideologicamente neutro, mas num nível situado fora do pólo da dicotomia língua /fala. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que a linguagem é uma entidade formal, constituindo um sistema, é também atravessada por entradas subjetivas e sociais.O discurso é, pois, um lugar de investimentos sociais, históricos, ideológicos, psíquicos, por meio de sujeito interagido em situações concretas. Em outras palavras, pode-se dizer que, como forma, a língua constitui uma estrutura, mas como funcionamento, a língua se transforma em discurso, que é o fenômeno temporal da troca, do estabelecimento do diálogo, é a manifestação interindividual -não individual -da enunciação, é o seu produto. O discurso, segundo Foucault, é atravessado não pela unidade do sujeito, mas pela a dispersão.Diferentes indivíduos podem ocupar o lugar de sujeito no discurso, que não é, pois um Ego todo poderoso, senhor do seu discurso, fonte poderosa de sua palavra; é um sujeito descentrado, que cinde e muitos porque é partícula de um corpo histórico-social. O discurso, tal como concebido por Foucault, torna-se objeto da Análise do discurso de linha francesa (AD), disciplina que nasceu o final de década de 60, no século passado, sob a liderança de Michel Pêcheux, como uma proposta interdisciplinar, unindo três áreas do conhecimento: a Lingüística, o Materialismo Histórico e a Psicanálise. Propondo-se ir além da distinção saussureana-lingua (sistema abstrato) e fala (realização individual)-.a AD tem como grande meta os processos discursivos inscritos em relações ideológicas, ou seja,o ponto em que se articula um funcionamento discursivo e sua inscrição histórica.Pode-se dizer, pois, que os conceitos nucleares da AD são discurso – “uma dispersão de textos cujo modo de inscrição histórica permite defini-lo como um espaço de regularização enunciativo”. Em outras palavras, a AD se preocupa com as condições de “enunciabilidade” do discurso, ou fato de que tenha sido objeto de atos de enunciação por um conjunto de indivíduos.A com que se considere o discurso ao mesmo tempo como enunciado e enunciação, como dito e dizer. A Linguagem
De alguma maneira, todas as abordagens teóricas preocupadas no
estudo da linguagem, parecem conservar de alguma forma o gesto de Saussure ao considerar a linguagem uma dualidade fundamental: língua / fala, código/ competência língua/discurso.Se contesta, o objetivo da Linguística tradicional ,nunca o fazem de uma maneira radical.Mesmo quando buscam no objeto da lingüística, à parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo núcleo duro da língua (o sistema abstrato das formas) e uma outra da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes. Essa dualidade fundamental da linguagem, que nasce da Oposição sassureana língua/fala, foi radicalmente criticada pelo filósofo soviético Bakhtin (1929).A ENUNCIAÇÃO, a verdadeira substância da língua, é, para Bakhitin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para entender os processos lingüísticos.Sendo a realidade essencial da linguagem seu caráter dialogo, a categoria básica da concepção de linguagem em Bakhtin é a interação.Toda enunciação é um diálogo; faz parte de um processo de comunicação ininterrupto.