Como linguagem, língua e fala se opõem e se completam
Ferdinand de Saussure estabeleceu que não existe um objeto definido
para análise da linguística, mas sim um fenômeno extremamente complexo que entrelaça processos físicos e psicológicos. Sua preocupação inicial era de criar um modelo rígido para a teoria da linguagem, porém com o problema da fala humana que tem seu aprendizado apoiado na singularidade das suas experiências, Saussure sentiu que deveria separar os aspectos do fenômeno para maior profundidade da teoria. Para isso, isolamos a linguística em língua, linguagem e fala para melhor delimitação dos métodos. Mesmo sabendo que a relação entre os três conceitos se baseia em um modelo pendular, onde ora natureza, ora concretização se diferenciam entre si, podemos definir a linguagem como capacidade psíquica do homem que lhe permite comunicação, língua como um produto social essencial para a linguagem e a fala como ato do indivíduo, expressado pela vontade e pela inteligência. Especificando linguagem e língua, definimos que a linguagem é multiforme, utilizada de várias maneiras e canais diferentes, enquanto a língua é restrita à uma região ou tribo, como um tesouro herdado pela pratica da fala de seus antecessores. Paralelamente, a fala complementa a compreensão dos conceitos anteriores sistematizando a língua através de um estreito vinculo social, somando a experiencia singular do individuo com o seu uso combinado da língua. Voltando ao modelo pendular, entendemos que ao mesmo tempo que as três definições se completam, também acontece uma oposição quando analisamos a dicotomia social – individual, pois a língua não existiria perfeitamente se não fosse pelo coletivo, que se baseia na aglomeração de várias individualidades, com modelos únicos de pensamento. Colocando linguagem / língua / fala em um eixo temporal, temos a primeira perene, a segunda, constante e a terceira, momentânea. Assim, estruturamos o estudo da linguagem em duas partes. Uma essencial, que aborda a língua, psíquica e social, e uma secundária, que tem objeto na parte individual e na fala, com a fonação e a psicofísica.