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CENTRO DE HUMANIDADES
LETRAS - PORTUGUÊS & FRANCÊS
FORMALISMO
RESUMO DA OBRA:
CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL
DE
FERDINAND SAUSSURE
CAP. I AO V (P.7 A 32)
FORTALEZA
2023
Ferdinand Saussure no primeiro capítulo, oferece uma visão da evolução da linguística em
três fases: A primeira, a ênfase estava na "Gramática" normativa, que visava unicamente
formular regras para se distinguir o certo do errado, seguida pela "Filologia", iniciada
Friedrich August Wolf em 1777, ela ampliava para aspectos literários e culturais, não se
limitando apenas ao estudo da língua em si. A terceira fase começou quando se descobriu a
possibilidade de comparar diferentes línguas, dando origem à Filologia comparativa ou
"Gramática comparada". Franz Bopp, em 1816, estudou as relações entre o sânscrito,
germânico, grego e latim, estabelecendo que todos pertencem a uma única família linguística,
que embora não tenha sido o primeiro a examinar essas camadas, Bopp compreendeu que as
relações entre línguas afins poderiam formar uma ciência autônoma. O sânscrito
desempenhou um papel crucial nesse desenvolvimento, fornecendo uma base mais ampla e
sólida para o estudo comparativo.
Além disso, é abordado nos textos a matéria da linguística e suas principais tarefas, então,
quando se fala em “matéria” inclui-se todas as manifestações da linguagem humana, desde as
de povos selvagens até nações civilizadas, considerando diferentes períodos históricos. Dado
que a linguagem muitas vezes escapa à observação direta, o linguista deve recorrer a textos
escritos para estudar línguas passadas ou distantes. Comentando agora sobre as tarefas da
linguística, são essencialmente: 1) fazer a descrição e a história de todas as línguas possíveis,
incluindo a história das famílias de línguas e a reconstituição das línguas-mães; 2) identificar
as forças permanentes e universais no jogo em todas as línguas e deduzir leis gerais que se
aplicam a todos os específicos linguísticos; 3) delimitar e definir a própria disciplina.
O texto também tenta encontrar qual a utilidade da linguística, buscando sua relação com
outras ciências, como Etnografia, Pré-História, Antropologia e Sociologia, que apesar de ser
distinta delas, levanta questões sobre seus limites e interações. Suas relações com a Psicologia
social são mencionadas como uma questão a ser explorada posteriormente. As relações com a
Fisiologia são unilaterais, pois o estudo das línguas busca esclarecimentos da Fisiologia dos
filhos, mas não fornece informações em troca. Já a Filologia é distinta da Linguística, apesar
dos pontos de contato e dos serviços mútuos. Quanto à utilidade da Linguística, destaca-se
sua importância para historiadores, filólogos e aqueles que lidam com textos ou não,
ressaltando seu papel na cultura geral, considerando a linguagem como um fator fundamental
na vida dos indivíduos e das sociedades. No entanto, é ressaltado que, paradoxalmente, o
estudo da linguagem é frequentemente marcado por ideias absurdas e preconceitos,
enfatizando a necessidade do linguista em denunciá-los e dissipá-los.
A seguir, se explora o circuito da fala como um ato individual que envolve pelo menos dois
indivíduos. Descreve o processo desde a associação de conceitos no cérebro até a transmissão
física das ondas sonoras da boca de um falante para o ouvido do interlocutor. O circuito se
completa quando o interlocutor responde, seguindo o mesmo caminho inverso. A análise
destacou diferentes partes do circuito, como a parte física (vibração dos sons), a parte
psíquica (imagens verbais e conceitos) e as partes ativas e passivas. Introduz a distinção entre
língua e fala, enfatizando que a língua é um objeto social, enquanto a fala é um ato individual
de vontade e inteligência. É investigado, juntamente , a formação da língua como um produto
social entre falantes. Destaca-se que a língua é um tesouro depositado pela prática da fala em
todos os membros de uma comunidade, sendo um sistema gramatical virtualmente presente
em cada cérebro individual, mas apenas completo na massa coletiva. A língua, diferenciada
da fala, é considerada como um objeto bem definido, localizado em um circuito específico da
linguagem. É descrita como um elemento social, existindo fora do indivíduo e exigindo
aprendizado. É fluida, constituindo um sistema de signos psíquicos e tangíveis, representáveis
na escrita.
Isso nos faz descobrir uma outra coisa importante, o lugar da língua nos fatos humanos e a
apresentação do conceito de Semiologia, uma ciência que estuda a vida dos signos no
contexto da vida social, com a língua sendo um sistema de signos que expressa ideias.
Destaca-se que a língua, como sistema de signos, é elaborada a outros sistemas, como a
escrita, o alfabeto de surdos-mudos, ritos simbólicos, entre outros. A Semiologia, para mais, é
proposta como parte da psicologia geral e social, sendo destacado pelo autor a necessidade
de compreender os signos e suas leis, enfatizando que a Linguística é apenas uma parte dessa
ciência mais ampla. Ele sugere que, até agora, a língua foi abordada em relação a outras
coisas e sob diferentes perspectivas, mas defende a importância de estudá-la como parte
integrante de sistemas semiológicos.
Além de tudo, é destacado as diferenças entre a linguística da língua e a linguística da fala,
onde linguística da língua concentra-se na língua como um componente social e psíquico,
independente do indivíduo, enquanto a linguística da fala abrange a parte individual da
linguagem, incluindo a fala e a fonação. A língua é vista como uma entidade coletiva, já a fala
é caracterizada por manifestações individuais e momentâneas, as duas sendo entidades
distintas apesar da interdependência histórica entre elas. O autor destaca a necessidade de
separar esses dois domínios na teoria da linguagem, defendendo a escolha entre uma
abordagem específica para cada um, sem confundi-los. O foco principal do autor é na
linguística da língua, confirmando a interdependência, mas também a distinção fundamental
entre língua e fala.
Por fim, é retratado os elementos externos e internos da língua, na qual essa primeira, a
linguística externa, embora relevante, é a restauração da definição da língua, que se concentra
no organismo e sistema linguístico. Os elementos externos incluem relações com etnologia,
história política, instituições, literatura e geografia. Apesar de serem importantes,
argumenta-se que esses elementos não afetam o ente interno da língua, Saussure defende a
separação dessas questões do estudo interno da língua e explica que, mesmo sem considerar
os fatores externos, é possível compreender o organismo linguístico interno. Ele destaca que a
Linguística Interna segue um método mais rigoroso e enfatiza a importância de distinguir
entre o interno e o externo na análise linguística.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SAUSSURE, F. de. Curso de Lingüística Geral. Tradução Antônio Chelini, José Paulo Paes,
Isidoro Blikstein. 25.