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A LÍNGUA PORTUGUESA E SUA INFLUÊNCIA NA

ETNIA XUKURU DO ORORUBÁ.

José Karl Mirko Galvão Leite – Graduando ISEP. Orientando da


Professora Mestra Magda Eartha Galvão de Souza.

O objetivo primordial deste trabalho investigativo, ainda em sua fase embrionária,

é o de levantar dados de causas e efeitos na cultura lingüística da Etnia Xukuru do

Orubá, hoje Ororubá, como tentativa de preservar sua língua, revelando tanto a

influência etnocêntrica da língua do colonizador português, quanto os termos

próprios da linguagem Xukuru, ainda hoje conservados em seu cotidiano.

METODOLOGIA.

Em um primeiro momento, a nossa pesquisa buscará consultas a documentos

factuais, históricos e teóricos (estudo diacrônico) para logo em seguida fazer uma

abordagem direta no seio do povo Xukuru, em suas escolas, com seus

professores e anciões, no que diz respeito aos vocábulos e construções utilizadas

em seu cotidiano (estudo sincrônico), fundamentando-nos nos estudos de

Saussure (1999).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

Segundo Maria Tereza Camargo Biderman, em “As Ciências do Léxico”, 1998,

Campo Grande / MS, editora UFMS, o léxico relaciona-se com o processo de


nomeação e com a cognação da realidade de um povo, que por meio da

lexicologia e de outras ciências como a Dialetologia e a Etnolinguistica realiza

estudos sobre Palavras-Coisas, isto é, as relações entre língua e cultura. Também

segundo a mesma, podemos utilizar a Lexicografia, surgida nos séculos XVI e

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XVII com os primeiros dicionários monolíngues e bilíngües. É bastante comum,

ainda nos dias atuais ouvir leigos falarem sobre línguas primitivas, repetindo até o

mito já desacreditado de que há certos povos cujas línguas consistem apenas em

umas poucas palavras complementadas por gestos. A verdade é que todas as

línguas até hoje estudadas, não importa o quanto primitiva ou incivilizadas as

sociedades que as utilizavam nos possam parecer sob outros aspectos, provaram

ser, quando investigadas, um sistema de comunicação complexo e altamente

desenvolvido. Embora os sistemas lingüísticos, de uma forma bastante ampla,

sejam independentes do meio em que se manifestam, o meio natural primeiro da

linguagem humana é o som. Por isto, o estudo do som tem uma importância maior

no estudo da lingüística do que o estudo da escrita, dos gestos ou de qualquer

outro meio, real ou potencial, em que se desenvolve a língua. É o estudo da

fonética. Porém, não podemos confundir fonética com fonologia. O meio fonético

pode ser estudado sob três aspectos: o articulatório, o acústico e o auditivo. A

fonética articulatória estuda , investiga e classifica os sons da fala em termos da

maneira como são produzidos pelo órgão da fala; a acústica, em termos das

propriedades físicas das ondas sonoras criadas pela atividade do aparelho

fonador e que se transferem no ar de falante para ouvinte; a auditiva (de suma

importância à nossa pesquisa), em termos da maneira como os sons da fala são


percebidos e identificados pelo ouvido e celebro do ouvinte. A integração dos três

ramos da fonética não é simples. Uma depende da outra e as três se completam.

Toda língua dispões de um vocabulário, ou léxico, que é complementar à

gramática na medida em que o vocabulário não sé lista os lexemas da língua

(indexados pelas formas de citação, ou radicais ou, em principio, qualquer outra

forma capaz de distinguir um lexema do outro), como também associa a cada

lexema todas as informações necessárias às regras da gramática . Estas

informações são de dois tipos: sintáticas ou morfológicas, conforme Lyons (1987).

Sem a linguagem a cultura humana seria totalmente impossível. Todos os animais

que sentem se comunicam e alguns, como as abelhas e as doninhas, fazem-no

muitíssimo bem. Mas somente os seres humanos são capazes de generalizar, de

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dar explicações e, assim, constituir o corpo de tradições que pode ser identificado

como cultura humana. O que não é claro a respeito dos animais que não são

seres humanos é até que ponto seus padrões de comunicação são aprendidos.

Os seres humanos aprendem uma língua do mesmo modo que aprendem uma

cultura; não nascem com a linguagem. Assim, a linguagem é “um sistema

distintamente humano de comportamento, baseados em símbolos orais” que são

“usados para descrever, classificar e catalogar experiências, conceitos e objetos”.

Portanto, a linguagem é um sistema especial de comunicação, que é

especialmente oral e simbólico. E é um aprendizado. As línguas em si mesmas

são isoláveis, únicas, e idiossincráticas, mas ao mesmo tempo, a língua é língua

– em si mesma, em fenômeno humano comum. Assim, uma percepção totalmente


relativista das línguas pode ser errônea. As línguas podem diferir

acentuadamente uma das outras, mas a diferença é de grau e não de espécie.

Todas as línguas empregam sons, todas atribuem significados a expressões

vocais simbólicas. Som e símbolo é verdade, podem diferir muito de grupo para

grupo e de área para área; entretanto, os indivíduos falam, e isto é universalmente

verdade. Os sistemas de escrita são invenções que remontam às idades do

Bronze e do Ferro e o termo língua “primitiva” é usado, geralmente como

sinônimo de “não-letrado”, o que não quer dizer que esta língua não tenha um

valor, pelo contrário. O método mais rápido para se descobrir se duas línguas

estão relacionadas é comparar seus vocabulários ou suas formas lexicais (método

comparativo), onde podemos encontrar algumas palavras em comum, onde deve

haver uma ocorrência de palavras em número significativo e suas significações

devem ser ou estar associadas, de acordo com Hoebel e Frost (1976).

A língua de um povo tem como característica principal o fato de propiciar a

interação social, sendo toda a sua dinâmica evidenciada no léxico. O português

brasileiro, variante lingüística do português europeu introduzido no Brasil nos

séculos XVI e XVII não é homogêneo, regionaliza-se recebendo até influências de

outros povos europeus, segundo Oliveira (1998).

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Também sobre este tema podemos citar Mônica Rector em “A Linguagem da

Juventude: uma pesquisa geo-sociolinguística” (1975, 33): “A língua é um sistema

de intercâmbio humano, produto de um grupo social que tem a cultura como base

de sua comunidade. Quando as raças alcançam uma comunidade de cultura,


formam uma comunidade lingüística.”

As línguas estão envolvidas num complexo fluxo temporal de mutações e

substituições, de aparecimentos e desaparecimentos, de conservação e inovação.

Vale dizer, as línguas têm historia, constituem uma realidade em constante

transformação no tempo. É com essa realidade e com o material empírico que o

estudioso de lingüística histórica se ocupa. Reconhecido o fato de que as línguas

mudam no eixo do tempo, busca-se, então, dar a esse fato um tratamento

cientifico, o que significa realizar, dentro de quadros teóricos definidos, descrições

dos diferentes processos de mudanças ocorrentes na história de uma língua ou de

uma família de línguas; e, ao mesmo tempo, construir uma hipótese de caráter

explicativo para os fenômenos descritos, com base em pressupostos mais gerais

a respeito da mudança lingüística como um todo. A lingüística histórica ocupa-se,

então, fundamentalmente com as transformações das línguas no tempo; e os

lingüistas que nela trabalham procuram surpreender, apresentar e compreender

essas transformações, orientando-se, na execução dessas tarefas, por diferentes

sistemas teóricos, segundo Faraco (1998).

Em alguns momentos estaremos fazendo uma contextualizarão entre a lingüística

histórica e a história da lingüística, já que se faz necessário, em certos momentos

de resgatar, recuperar as origens e o seu desenvolvimento no tempo (história da

lingüística) e em outros, seguir em direção ao estudo das mudanças que ocorrem

na língua humana – no caso da Etnia XuKuru – à medida que o tempo passa

(lingüística histórica).

O conservadorismo da língua escrita deu-se pelo fato de que o meio utilizado para
sua realização é uma substância mais duradoura (papiro, seda, papel, couro etc)

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do que o som tem uma dimensão de permanência mais eficiente que o som e

adquire um controle social mais intenso sobre ela que sobre a parola (fala) daí

vem o padrão mais conservador da linguagem, (FARACO, 1998).

Aí esta, no nosso entendimento, o motivo principal da morte de toda a cultura

lingüística das tribos – ou de sua maioria – do Brasil, a oralidade de sua língua,

que fez com que a cultura lingüística do dominante, escrita, subjugasse de uma

maneira antropófaga as demais línguas existentes.

A escrita propicia uma memória muito mais duradoura que a fala, pois esta possui

uma memória mais curta. Não são pouco os exemplos de civilizações que foram

castradas em sua cultura lingüística por meio da violência (caso do império

romano que adotava o latim em todos os seus domínios como forma de

manutenção do poder e, que fez com que várias línguas e dialetos

desaparecessem definitivamente).

As mudanças dentro de uma determinada língua podem ocorrer de varias

maneiras ou todas de uma só vez e podem ser de caráter fonético-fonológico,

morfológico, sintático, semântico, pragmático e lexical. Do mesmo modo as

mudanças possuem características que são atualmente mais ou menos

consensuais entre os estudiosos da língua e podemos definir algumas de suas

características:

A mudança é continua: ela passa por transformações no decorrer do


tempo, mutabilidade que se da de forma continua, ininterrupta e ocorre com

todas as línguas, ocorrendo como resultado de um processo histórico

longo e continuo.

A mudança não ocorre de um momento para o outro, ocorre sim de uma

forma lenta e gradual, de uma língua para outra, de um estagio para outro,

nunca é global e integral. A mudança é discreta, dentro de um período de

coexistência e concorrência entre duas línguas, quando ocorre a vitória de

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uma sobre a outra. Como exemplo temos o que ocorreu com o latim em

Portugal – e por que não dizer na península Ibérica – que foi substituído

não de uma hora para outra pelo português, mas ao cabo de vários

séculos. Assim também, presumimos, ocorreu com a língua do povo

Xukuru, que sofreu a interferência do língua lusitana por vários séculos e o

resultado hoje se apresenta de uma maneira muito caótica.

A mudança e (relativamente) regular: não ocorre de forma fortuitas, sem

rumo, ou a esmo. Ocorre de forma bastante sistemática, pela regularidade

e generalidade dentro de um processo.

A mudança emerge da heterogeneidade, onde a língua é realidade

essencialmente social, recebendo influencias tanto interna quanto externa

(ver em Lass, 1982; Martinez, 1955; Weinreich, Labov e Herzog, 1968 e

Saussure, 1970). As mudanças sociais e a heterogeneidade lingüística

criam condições para a emersão de mudanças lingüísticas e que no


começo do século XX foi utilizado termos específicos para caracterizar

estas mudanças por meio de diferentes situações de contacto:

a) Substrato: designa a língua que uma população utilizava e que por

uma razão ou outra ou por varias razões (invasão, conquista por

outra população) é abandonada e substituída por outra (a língua dos

celtas que foi substituída pela dos romanos – Latim).

b) Superestrato: é quando uma determinada língua é introduzida na

área de outra, sem porém substituí-la, podendo vir com o tempo a

desaparecer. Exemplo disto são as línguas dos povos bárbaros ou

germânicos que invadiram o Império romano e adotou com o passar

do tempo o latim como língua.

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c) Adstrato: é uma língua falada num território contíguo àquele em que

se fala a língua tomada como referencia. Exemplo temos o espanhol

como adstrato do português na fronteira do Brasil com o Uruguai.

Ainda sobre o fato de uma língua sobrepor-se a outra, no caso do começo da

colonização brasileira pelos portugueses que adotaram a língua da Etnia Tupi

marcou muito até hoje a nossa língua portuguesa falada no Brasil atualmente

onde encontramos muitos vocábulos saídos do Tupi e adotados pelos jesuítas,

segundo MARROQUIM, 1996, onde ele nos mostra que todo o Nordeste e,
principalmente Pernambuco e Alagoas sofreram muito a influência desta língua

através dos ensinamentos dos padres.

Os povos que habitavam o litoral do Brasil eram em sua maior parte falantes de

línguas do tronco Tupi. A maioria foi dizimada, dominada ou refugiou-se em terras

interioranas para evitar o contato com o homem branco. Atualmente, só os Fulni-ô

(PE), os Maxakali (MG) e os Xokleng (SC) conservam suas línguas, migraram do

Oeste em direção ao litoral em anos relativamente recentes. As demais Etnias

indígenas que habitam no Nordeste e Sudeste do Brasil só falam a língua

Portuguesa, mantendo, em alguns casos, vocábulos espessos, usados em rituais

e outras expressões culturais. Presumimos haver hoje no Brasil pelo menos 180 a

200 línguas faladas por tribos ou segmentos da população em todo o território

nacional.

Na classificação genética, reúnem-se numa mesma classe as línguas que tenham

tido origem comum numa outra língua mais antiga, já extinta, de forma que, as

línguas faladas pelos diversos povos da Terra são agrupados em famílias

lingüísticas, e estas famílias são reunidas em troncos lingüísticos, sempre

buscando uma origem comum numa língua comum. No Brasil, as línguas são

agrupadas em famílias, classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-

Jé e Aruák. Porém, há famílias, entretanto, que não puderam ser identificadas e

relacionadas a nenhuma dessas famílias ou troncos, entre elas, Karib, Pano,

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Maku, Yanoama, Mura, Tukano, katukima, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru.

Outras línguas não puderam também ser classificadas até o presente momento,
por nenhum lingüista, em dentro de nenhuma família, permanecendo como não-

classificadas ou isoladas, dentre elas a língua dos Tukúna , dos Trumái, dos

Irântxe, dos Xukuru etc.

Ainda existem as línguas que se subdividem em diferentes dialetos, como a dos

Krikati, Ramkokametrá (Canela), Apinayé, Krahó, Gavião (PA), Pukobyê e

Apaniekrá (canela), que são, todos, dialetos diferentes da língua Timbira.

Toda língua apresenta heterogeneidade e, por tratar-se de um intercâmbio

humano, quando ocorre a interação entre a língua do colonizador português e a

língua nativa dos Xukuru, há um predomínio da língua do mais forte, que influencia

de forma acentuada e decisiva a cultura do mais fraco.

RESUMO HISTÓRICO DA PESQUISA

1654 – Segundo documentos da época, neste ano, ocorre o primeiro contato

entre os índios da Tribo Xukuru e os colonizadores portugueses que haviam

recebido títulos de proprietários de terras no interior da Capitania de Pernambuco

do Rei de Portugal, entre eles João Fernandes Vieira.

1661 – Chegada dos Padres Oratorianos à Serra do Orubá, chefiados pelo Padre

João Duarte do Sacramento, onde fundam a Missão do Orubá e dedicam-se

principalmente à catequese dos indígenas e à educação infantil para os herdeiros

dos colonizadores.
Durante esse período, a língua portuguesa e a língua Xukuru foram utilizadas

paralelamente e em conjunto pelo que se denominou de “línguas gerais” (uma

mistura da língua nativa e do português, em todas as capitanias hereditárias).

1757 – Entre 1750 e 1777, no governo de D.José I, assume como primeiro

ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal), que acaba

com o regime de capitanias hereditárias e, implementou alterações principalmente

no campo político – administrativo e da Educação, pelas chamadas “Leis

Pombalinas” que entre outras coisas dizia: a) todos os povoados e vilas

receberiam o nome de povoados portugueses e foi neste momento que a Missão

do Orubá, que era então conhecida como Monte Alegre, passou a ser chamada de

Cimbres; b) Estava proibido o uso das “Línguas gerais”, tornando a Língua

portuguesa como única a ser falada e ensinada na colônia e, punição severa para

os que desrespeitassem esta determinação.

1759 – Expulsão dos Padres do território brasileiro, principalmente os Jesuítas que

estavam no Brasil desde 1549 e a adoção das Aulas Régias em substituição do

Ratio Studiorum adotado pelos Jesuítas.

Atualmente a Etnia Xukuru encontra-se distribuída por 23 aldeias em uma

Reserva Federal, localizada no município de Pesqueira, Estado de Pernambuco,

seu habitat natural muito antes do “descobrimento” do Brasil e tem

aproximadamente nove mil componentes.


ANÁLISE DO CORPUS

A
Ambroar, s.f (barrigada) – abdômen.

Aruano, s.m (cavalo) – mamífero eqüídeo, animal de tiro ou de montaria.

Abaré, s.m ((silêncio) – ausência de ruído, sossego, calma, segredo.

B
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Bremen, s.m (bom dia) – saudação à alguém na primeira hora do dia.


Bione, V.Int. (calar) – estar em silêncio, fazer calar.
Batesacar, s.m (feijão) – semente do feijoeiro, feijoeiro.

C
Creamun, s.f (abóbora) – fruto da aboboreira, jirimum.
Caramochar, s.f (arma de fogo) – instrumento de ataque e defesa dos
colonizadores portugueses (garrucha).
Cobâ, s.f (banana) – fruto da bananeira, pacova.
Clarigugo, s.m (bispo) – prelado que exerce o governo espiritual de uma diocese.
Coer, s.m (bolso) – saco de pano cozido à roupa, algibeira.
Capixego, s.m (cadáver) – corpo morto.
Criacugokleca, s.m (chapéu) – peça de feltro ou de palha para cobrir a cabeça.
Camambago, adj.2g. (covardia) – medroso, desleal, traiçoeiro.
Curumen, s.m (carneiro) – mamífero bovídeo, ovelhum, gado lanígero.
Carvio, adj.2g. (doce) – que tem sabor agradável, mel, açúcar.
Clarin, s.m (dia) – claridade, intervalo entre duas noites.
Cupum,
Clarimen, s.f (estrela) – nome comum dos astros luminosos.
Curiaxar, s.f (fava) – planta leguminosa, vagem.
Crexer, s.m (lenha) – madeira, pau.
Clareci, s.f (lua) – satélite natural da Terra.
Creamum, s.f (noite) – escuridão, trevas.
Chabatana, s.f (onça) – Jaguar.
Cureco, s.f (pedra) – matéria mineral dura e sólida, rocha, rochedo.

Caruxar, s.f (rapadura) – açúcar mascavo como pequenos tabletes, raspado e

comido junto com farinha, em toda a região Nordeste do Brasil.

Clarismom, s.m (sol) – estrela em torno da qual a Terra brilha.

Ca-caêgo, s.f (sujeira) – imundice, porcaria, sujo.

E
Eniye, adj.2g (azul) – da cor do céu, safira.

F
Fonfon, s.m (café) – fruto do cafeeiro, bebida.

G
Gonegomigo, adj. (bonito) – formoso, belo, beleza.

Girimataia, s.f (cobra) – ofídeo venenoso ou não.

H
Hododogu, s.f (cintura) – parte média do tronco humano, cinta.

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I
12 Ien, adj. (bêbado) – atordoado, zonzo, embriagado.

Inxa, s.f (carne) – tecido muscular animal ou humano, comestível.


Iebo, s.m (coelho) – mamífero leporídeo cavador herbívoro.
Intuco, adj. (curto) – de pouco comprimento, pequeno, rápido. Intaia, s.m (dinheiro) –
moeda, cédula.
J
Jucricrecar, s.m (cabelo) – pelos do corpo humano e de alguns animais,
principalmente na cabeça.
Jupago, s.m (cacete) – pedaço de pau com uma ponta mais grossa que a outra.
Jojé, s.f (cintura) – parte média do tronco humano, cinta.
Jurur, V.T.D (defecar) – expelir excrementos, obrar.
Jucrede, s.m (dente) – estruturas dura localizadas na boca, ossos.
Jetir, s.m (espírito) – alma, sobrenatural.
Jibago, adj. (feio) – desagradável, indecoroso.

K
Kixô, V.T.D (amaldiçoar) – dizer mal de, arrenegar.
Krikri, adj. (boa) – bondosa, misericordiosa, sadia.
Konengo, adj. (bom) – bondoso, misericordioso, sadio, cortês.
Kuró, s.f (brasa) – carvão incandescente, ardor.
Krecar, s.f (cabeça) – extremidade superior do corpo humano.
Kringó, s.f (comida) – próprio para comer, ação de comer.

Kricru, s.f (escuridão) – falta de luz, escuro.

Keijá, s.f (madeira) – lenha, árvore morta, pedaço de pau.

Karatshitshii / Kashishi, s.f (pedra) – rocha, rochedo. Karuza,

s.f (rapadura) – açúcar mascavo como pequenos tijolos.


L
Limolaigo, s.f (terra) – solo.

Lambromão, s.m (trabalho) – serviço, emprego, atividade, labuta.

Liopipom, s.f (bisavó) – mãe de avó ou de avô.


M
Memengo, s.m (bode) – cabrão, macho da cabra, caprino.

Marim, s.m (gado/boi) – animal usado como alimento e tração na lavoura, bovídeo

domestico com chifres ocos. Maruano, s.m

(burro) – jumento, asno.


N
Nantu, s.m (tatu) – nome comum dado aos dasipodídeos.

Noiem, V.Int. (falar) – conversar, dialogar.

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O
14 Okor, adjet. (branco) – alvo, com cor mais clara, pálida.

Ombrian, subs.2g. (camarada) – amigo, companheiro, colega.


Ombrera, V.Int. (correr) – deslocar-se com velocidade, rapidez.
Opip, s.m (filho) – pessoa do sexo masculino em relação aos pais.

P
Piracir, pronome de tratamento (você)
Pipiu, s.m (rato) – nome comum a vários roedores.
Pingomar, V.T.D (ouvir) – escutar, entender, perceber sons.
Póia, s.m (pé) – membro inferior do corpo humano, extremidade.
Pujú, s.m (porco) – suíno.
Pirara, adj. (muito) – abundante, intenso, demasia.
Pajuru, s.m (cacique) – morubixaba, chefe indígena.
Proxiquimer, Interj. (com licença) – pedido gentil, chamamento de atenção.
Pitingo, s.m (carro) – veículo com rodas para transporte de pessoas ou de carga.

Q
Quirigo, adj. (comedor) – pessoa que come muito, apetite voraz.
Quiá do limo laigo, s.f (matas) – florestas, selvas, mato.
Quibunge, s.f (panelas) – vasilhas de barro ou de metal usadas para o cozimento
de alimentos.
Quite, s.m (sem dinheiro) – falta de moeda, grana, jabá.

S
15 Suacar, s.f (arapuca) – armadilha para passarinhos. Sanzará, s.f (cabra) –
fêmea do bode.
T
Toipe, s.m (velho) – pessoa muito idosa, antiga.
Tupã, s.m (Deus) – ser onipotente, infinito, perfeito.
Tataramem, s.f (boa noite) – saudação após as dezoito horas.
Tamain, s.f (Nossa Senhora das Montanhas) – natureza, terra.

U
Ucrin, V.T.D (comer) – alimentar-se, mastigar alimento.
Uriaxar, adj.2g. (verde) – cor mais comum nas plantas.
Urinca, s.f (cachaça) – aguardente de cana, birita, pinga, caninha.
Urinir, s.m (desgostoso) – descontente, desagradável.
Uatacaca, s.f (menstruação) – fluxo sanguíneo da mulher que ocorre uma vez por
mês.
Uegwe, s.f (mentira) – ato ou efeito de mentir.
Urika Zogu, s.f (aguardente) – bebida alcoólica fermentada (40/60%).
Urinka, V.T.D (fazer beber) – abrigar outro ou alguém a beber.

V
16 Vuge, s.m (feitiço) – bruxaria, magia, mágica.
X
Xuar, s.f (água) – liquido incolor essencial à vida humana na Terra.
Xeium, V.Intra. (assoviar) – sibilar, dar assobio(s).
Xoxógo, s.m (beiju) – bolinho achatado de massa de mandioca.
Xanduré, s.m (cachimbo) – aparelho para fumar, pito.

Y
Yoagó, adj. (comprido) – longo, extenso, alto.
Z
Zetona, s.m (gato) – mamífero felídeo domestico.
Zezé, s.m (joelho) – região da articulação da coxa com a perna.

CONSIDERAÇÕES .

Dentro do nosso trabalho, observando o pouco que até agora foi apurado com

referência à pesquisa, alguns fatos nos chamaram a atenção:

1) Nos vocábulos Clarici (lua), Clarin (dia) e Clarismom (sol), ocorre a

manutenção radical CLARI, o que nos leva a lembrar de vocábulos portugueses

como Claro, Claridade, Clarificar, etc. Não seria indício de uma influência latina?

2) O vocábulo Xuar nos faz lembrar a onomatopéia portuguesa Chuá, que indica o

som da água.

3) A pesquisa segue na busca do conhecimento da estrutura da língua do povo

XuKuru, da análise morfológica, sintaxe, bem como de todo o corpo lingüístico

que forma a mesma. Porém, queremos dar muito mais ênfase ao fato da

dominação da língua portuguesa na língua Xukuru e, qual o real teor de influência

de uma sobre a outra.


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BIBLIOGRAFIA

- Centro Luiz Freire. Xukuru Filhos da Mãe Natureza. Uma História de Resistência

e Luta. Olinda – PE. 2000.

- FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica. São Paulo: Àtica, 1998.

- FIGUEIRA, Divalte Garcia. História – Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática,

2002.

- HOEBEL, E. Adamson, FROST. Everett L. Antropologia Cultural e Social. São

Paulo: Cultrix, 1976.


- LYONS, John. Linguagem e Lingüística – Uma Introdução. Rio de Janeiro:

Livros Técnicos e Científicos Ltda – LTD, 1987.

- MARROQUIM, Mário. A Língua do Nordeste. Curitiba: HD Livros Editora, 1996.

- OLIVEIRA, Ana Maria Pinto & ISQUERDO, Aparecida Negri (Org). As Ciências

do Léxico: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia. Campo Grande/MS: Ed. UFMS,

1998.

- SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 1999.

- TURAZZA, Jeni Silva. Léxico e Criatividade. São Paulo: Plêiade, 1996.

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