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10 a 12 de novembro de 2021
Boa Vista, Roraima, Brasil
Resumen: Este estudio presenta la propuesta de una actividad para la clase de música
en Educación Básica, teniendo como objeto de estudio la manifestación indígena de
Parixara. La metodología es cualitativa, con los métodos de observación y
recopilación de datos, en un informe de experiencia vivido en la Comunidad Raposa
1, del grupo étnico Makuxi, en el estado de Roraima. Esta iniciativa se basa en la
aplicación de la Ley nº 13.278 / 2016, y de la Ley nº 10.639 / 2003 que establece la
inclusión en el currículo de la red educativa, el tema obligatorio "Historia y cultura
afrobrasileña e indígena", ya que El Estado de Roraima alberga el 86.5% de las
comunidades indígenas en Brasil, donde la cultura indígena es una realidad viva y su
enfoque es relevante en el entorno escolar.
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Anais do Simpósio Internacional de Música na Amazônia
ISSN 2447-9810
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IBGE, tinha uma média de 500 mil habitantes abrigando 86,5% da população com descendência
ou declarados indígenas, sendo um estado com 11 etnias, em 32 Terras Indígenas demarcadas.
O desconhecimento das tradições indígenas por grande parte da população
brasileira cria uma visão equivocada das atividades e ações dos povos tradicionais, o que leva
a visão congelada nos tempos do descobrimento, fazendo com que a cultura indígena
permaneça na invisibilidade. “Desde a época de Cabral, os povos indígenas sofreram um
declínio populacional por diversos fatores. Inúmeras tradições se perderam e no âmbito musical
não foi diferente, contudo, há muitas descobertas a serem feitas, estudadas e compreendidas”
(SANTOS; FIOROTTI, 2015 p. 1650).
Essa percepção da tradição e dos valores indígenas é bastante forte em estados da
Região Norte com uma grande concentração dos povos tradicionais brasileiros. O marco dos
indígenas vive na nossa cultura, nas músicas, nas artes visuais, nos artesanatos e na culinária.
É algo pulsante e vivo para o povo de Roraima, mas que acaba por não ser valorizado da forma
necessária como preservação do que é ser índio dentro do ambiente escolar.
Com este olhar iniciou a construção deste estudo de pesquisa na disciplina
“Pesquisa em Música I”, do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de
Roraima (UFRR), levando também para a disciplina de Estágio Supervisionado. Por ser cantora
e roraimense a autora principal deste artigo vivencia as práticas e trocas das culturas indígenas,
buscando nelas inspirações para suas músicas e cantos (FIGURA 1). Essa troca de vivências
permitiu um olhar mais atento sobre experiências ocorridas na Comunidade Raposa 1, da etnia
Makuxi1, em 2017. Quando questionada sobre o que gostaria de fazer dentro da disciplina
“Pesquisa em Música”, logo vêm essa experiência e como transformá-la numa prática para o
ensino de música na educação básica.
Das muitas experiências vivenciadas neste encontro de 2017 na Comunidade
Raposa 1 está a partilha de emoções através da dança, canto e manifestação do Parixara2, do
1
Makuxi é a designação corrente para os grupos Pemon, que habitam o sul da área circum Roraima, nas vertentes
meridionais do Monte Roraima e nos campos que se estendem pelas cabeceiras dos rios Branco e Rupununi,
território politicamente partilhado entre Brasil e Guiana. Dentre as terras indígenas nas quais residem populações
Makuxi, a que abriga a maior população é a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que compreende uma extensão
territorial de 1,7 milhões de hectares, comportando aproximadamente 21 mil pessoas. (Fernandes, 2015, p. 6). Para
esse estudo foi normatizada a grafia da palavra utilizada com “k”, forma mais recorrente utilizada nas fontes
consultadas para esse estudo, sendo que em outras fontes também encontra-se grafada com “c”.
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Segundo Grünberg, Parixara é uma dança ritualística tradicional indígena para a caçada do javali.
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povo indígena Macuxi, uma população de filiação linguística Karib, que habita os vales dos
rios Branco e Rupununi, região partilhada entre o Brasil e a Guiana onde está localizada a Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, abrigando a maior parte dos Macuxi, entre suas populações.
Essas emoções e a participação ativa dentro daquele Parixara nos traz à tona a importância da
aplicabilidade desta tradição no ensino de música na educação básica, como poderão ver mais
a frente.
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Caxiri é uma bebida fermentada à base de macaxeira, utilizada em comemorações nas tribos indígenas da
Amazônia.
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bailador lleva el largo palo con la hilera de maraca hecha con placas zoomórficas de
adorno y que son disfrazados con hojas de palmas; la representación de esta danza
trae rica presa de cuadrúpedos así como la danza colibri “tukui” acompañada de
estridentes pitos, proporciona aves y peces; pues el primer bailador es el “padre de los
peces” el pajarito Sekei, el brujo Wazamaíme. (Grünberg, 1922, p. 366).
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Quadro Dança do Parixara da pintora indígena Carmézia Emiliano, foto tirada na Exposição Cosmologias –
Mundos Makuxi realizada pelo Sesc Roraima. O traje utilizado na dança do Parixara, representado na Figura 2,
poderá ser aprofundado em um próximo estudo, sendo este focado na letra e música.
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2. Relato de Experiência
A música indígena em Roraima continua sendo desconhecida por grande parte dos
estudantes em vários níveis de educação. Para Santos, “Apesar de parte da população indígena
ter reinventado sua arte, sua voz continua inaudível para grande parte da sociedade brasileira”
(SANTOS; FIOROTTI, 2015 p. 1650). Em meio ao cenário da disputa de terras, alguns
repertórios indígenas que estavam em desuso podem ser relembrados no contexto escolar.
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Para a aplicação desse estudo, foi escolhido o Colégio de Aplicação (CAp), que
criado em 2003 na UFRR, como uma unidade administrativa e acadêmica vinculada ao ensino
de educação básica. Segundo informações disponíveis no site do CAp, o Colégio tem por
objetivo assegurar um ensino de qualidade, formar cidadãos críticos, participativos e dinâmicos
diante das transformações do novo milênio; intensificar a integração escola-comunidade;
contribuir para a melhoria das condições educacionais do Estado, visando a busca constante do
aperfeiçoamento de suas práticas pedagógicas, sendo uma escola reconhecida pela qualidade
de seu ensino.
A música faz parte do currículo escolar no Ensino Fundamental e Médio. O Colégio
possui sala de música, professora com formação específica na área, quadro pautado,
instrumentos musicais como teclado, flautas e violão e equipamento de sonorização básico para
apresentações de voz e violão. Além das aulas de música formais, a instituição também oferece
Oficinas de músicas como parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID), com atuação de estudantes do Curso de Licenciatura em Música da UFRR.
Como instituição de ensino de educação básica federal o CAp deve seguir as normas
e diretrizes curriculares vigentes no Brasil, sendo uma delas a Base Nacional Curricular Comum
(BNCC), um documento que define como deve se desenvolver a aplicação dos conteúdos na
Educação Básica, de modo que os estudantes tenham assegurados o desenvolvimento de sua
aprendizagem, em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE). Segundo a BNCC,
“a música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que ganham forma,
sentido e significado, no âmbito tanto da sensibilidade subjetiva quanto das interações sociais,
como resultado de saberes e valores diversos estabelecidos no domínio de cada cultura” (Brasil,
2018, p. 196).
Tendo como base os preceitos teóricos da BNCC, no que diz respeito ao “domínio
de cada cultura” e as aplicações da Lei 13.278/2016, que inclui as artes visuais, a dança, a
música e o teatro como linguagens que constituirão o componente curricular obrigatório da
educação básica; e da Lei nº 10.639/2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
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2.1. Metodologia
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The Giant Steps: Evento realizado em 2017, entre o indígena Jaider Esbell e o artista suíço Viliam Mauritz. O
propósito do artista suíço é encontrar nas mais diversas partes do mundo, condições específicas para realizar a
passagem de seu “gigante”.
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Devair Fiorotti foi professor universitário, pesquisador, escritor e produtor cultural que dedicou parte de sua vida
na divulgação da cultura indígena, é autor do livro Panton Pia.
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dessa atividade com o canto de Parixara Taua’ke, é uma possibilidade a ser desenvolvida em
uma disciplina de educação musical.
A experiência vivida na Comunidade Raposa 1, envolveu outros aspectos
pedagógicos que não foram abordados nesse relato, como a observação da presença desse
repertório nas escolas da própria Comunidade, e a ressignificação dos costumes, da língua, e da
própria música para as novas gerações de Macuxi, abordagens que poderão ser utilizadas em
outras práticas escolares.
Trazer repertórios indígenas tradicionais para a sala de aula colabora na promoção
da igualdade racial, fazendo com que os estudantes de um modo geral, em especial o indígena,
sinta que seus costumes e tradições são partes integrantes da construção social, combatendo o
preconceito racial, levantando a sua autoestima e conscientizando toda a comunidade escolar
para importância da preservação de sua cultura.
3. Considerações Iniciais
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etnográficos de Grünberg para nosso estado. Sua morte aconteceu em Vista Alegre, atual
Caracaraí em Roraima, em 1924. A lápide está exposta no Museu Integrado do parque Anauá,
em Boa Vista, que se encontra em situação de abandono.
A presença indígena em Roraima também está fortemente inserida no contexto
urbano, no cenário da cidade de Boa Vista como podemos observar nos versos do rap Tudo
índio, Tudo Parente, do compositor e poeta Eliakin Rufino, que retrata a dura realidade de
desamparo vivida pelos povos indígenas na cidade. Pretendo também continuar meu processo
investigativo utilizando a metodologia qualitativa, através dos métodos de observação e coleta
de dados, ampliando a abordagem do repertório de música tradicional indígena no âmbito
escolar, dando continuidade a esse estudo, e voltando a sua aplicação para a Educação Básica.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Berenice; PUCCI, Magda Dourado. (2015). Outras terras, outros sons. 3. ed. São
Paulo: Callis, 2015.
AMÓDIO, Emanuele; PIRA, Vicente. Makusi Maimu - Língua Makuxi: guia para
aprendizagem e dicionário makuxi. 3. ed. Manaus: Valer, 2007.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. BNCC. Ministério da Educação. MEC. 2019.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 20 nov. 2019.
_____. Lei nº 13.278, de 2 de maio de 2016. Brasília, DF, 195º da Independência e 128º da
República.
_____. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Brasília , DF, 182º da Independência e 115º da
República.
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FIOROTTI, Devair Antônio. Panton Pia’, vol. IV: cantos tradicionais taurepang e macuxi.
Intérpretes: Manaaka e Yauyo. Trad.: Terêncio Luiz Silva e Devair Antônio Fiorotti, 2015.
GRÜNBERG, Théodor-Koch. Del Roraima Al Orinoco. Tomo III. Caracas: Ediciones Del
Banco Central de Venezuela.
MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis: Vozes, 1994.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria do Socorro. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez,
2004. (Saberes Pedagógicos). Revisão técnica José Serchi Fusari.
SANTOS, Jucicleide Pereira Mendonça dos; FIOROTTI, Devair Antônio. Os cantos indígenas
Macuxi e Taurepang: Possibilidades. Philologus, Rio de Janeiro, v. 63, p. 1650-1660,
set./dez.2015.
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