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Kahashi: Fotos Tatewaki Nio
Kahashi: Fotos Tatewaki Nio
f o t o s TATEWAKI NIO
A COR DO SABOR
a c u l i n á r i a a f e t i v a de Shin Koike
JO TAKAHA5HI
f o t o s T A T Ê W A K I NIO
MELHDR/llVIErMaS
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS 6
PREFÁCIO 9
GASTRONOMIA É ARTE? 11
A arte do sabor 13
Cozinha e t r a d i ç ã o 17
Osechi ryôri Z2
C o n s o l i d a ç ã o de u m a cultura alimentar 45
Níguirizustii no m o r i a w a s e 57
Palavras-chave na culinária j a p o n e s a 61
OS MANTRAS DO SABOR 75
Filho de peixeiro 89
Al, o c o m e ç o de t u d o 99
A fase á u r e a do A i z o m ê 104
UMA E X P E D I Ç Ã O G A S T R O N Ó M I C A 167
Gniguiri: O c o m f o r t f o o d do J a p ã o 187
S á b a d o : O dia f l u t u a n t e 191
D o m i n g o de luz 201
RECEITAS 209
AGRADECIMENTOS
Cozinhar é um ato de amor. O ingrediente universal, que não deve faltar em
nenhuma receita, é o afeto. De todas as artes, a culinária é, certamente, a
expressão mais amorosa e aquela que mais aproxima o artista e o apreciador
de forma Intensa e completa, convocando todos os sentidos do nosso corpo.
Por isso, a nossa reverência, em primeiro lugar, ao chef Shin Koike. Pela sua
cozinha criativa e cheia de surpresas, que encanta paladares e olhares. Pela
densidade de seus conceitos e filosofia que aplica diariamente na preparação
de seus pratos. Seu ato é um caldo de afeto, e sua paciência em abrir seu
mundo para a realização deste livro, um ato de generosidade quase intangível.
Felizmente, cada vez mais chefs v ê m descobrindo nos últimos tempos o que
Koike demonstra e Jo descreve de form.a categórica: o sabor tem cor, tem
aroma e tem textura. E ninguém melhor do que os japoneses e sua culinária
para nos revelar isso.
Breno Lerner
GASTRONOMIA É ARTE?
f
A ARTE DO SABOR
Se as artes visuais introduzem pelo olhar os paradigmas que com-
põem a estética das formas; se a música insinua nas sensações
auditivas os acordes da expressão acústica e dela se apreendem
as notas e melodias que encantam nossas almas; se a literatura
nos revela, através das letras, o mundo, exterior e interior, e é "uma
extensão da memória e da imaginação", como dizia o poeta Jorge
Luis Borges; e, se a culinária, através da elaboração dos insumos
apropriados, é capaz de alimentar corpo, alma e intelecto através
das experiências gustativas, então, por dedução, podemos qualifi-
car a gastronomia como arte.
ser consiOGíano arte, Deio iii •tiui 1,1 fie artes tradicionais, assim
como a caligrafia shodò, a pintura sumié ou a composição de poemas
tanka. O charme, no caso do chá, está e x a t a m e n t e no processo de apreciar
a evanescência do t e m p o , que se completa mais ainda se houver u m
e n t o r n o de natureza trabalhada, como u m jardim japonês, o microcosmo
mais adequado para a ambientação dessa prática.
20
OSECHI RYÔRI
Um banquete para começar o ano
0 Japão não tem tradição cristã. As comemorações d e Natal são mer(Ds pretextos
comerciais, promovidos por alguns restaurantes para c ferecer, digamos, um evento
exótico. F no Ano Novo que o Japão capricha, E, no quesitc3 culinária, destacc3 - s e 0 osechi
ryòri. Como o Ano-Novo e feriado, quase todos os rest aurantes fecham suas portas.
0 osectii ryôri é essencialmente uma culinária doméstic 3, preparada trad cionalmentG
pelas donas de casa, para oferecer às visitas de parentes
0 chef Sfiin Koike preparou um típico osechii ryòri pc ra esta publicaç 30, 0 prato,
entretanto, não está disponível em seu cardápiotradiciorlal.
0 osechi lyóri tem uma conotação religiosa, de oferenda3 aos deuses, des ejando uma
colheita farta, paz e ttaíiquilidade para a família e prosperic adeaosfilhosedeascendentes.
Todos os alimentos que compõem o osechi ryôri são ac ondicionados em finas caixas
laqueadas, chamadas júbako (caixas empilhadas). São trê B caixas justapost as, cheias de
iguarias.
As caixas, como ficam à disposição das visitas durant e alguns dias, não recebem
ingredientes crus.
Na primeira caixa, o Ichi-no-Jú, vão pequenos aperitivos, que são saboread os com uma
dose de sakè. Os mais comuns são o kazunoko (ovas de arenque, que aqc i receberam
folhas de ouro, para dar uma conotação de celebração , 0 kuromame (s oja preta), o
kamaboko (pasta de peixe, semelhante ao gefiltefish], a omelete doce. os tazukuris
(filhotes de peixe caramelizado com açúcar, shoyu e mirir
A segunda caixa, o Ni-no-Jú, recebe as iguarias grelhada s. Peixe pargo e c amarão sáo
as estrelas dessa caixa. No entanto, o chef Shin Koike se :)ermitiu uma recr ação, já que
este osechi ryôri foi feito no Brasil. Ele introduziu um file^ de pirarucu grei "lado e finas
fatias de picanha, enrolando aspargos ao molho de miss ô com maracujá, ntroduzindo
assim elementos da culinária brasileira numa tradição tip camente japonês 3.
Para a terceira caixa, o 5an-no-Jú, são reservados os leg umes cozidos, err caldo dashi
e shoyu. Entram kabotcha (abóbora japonesa), inhame. cenoura, enorme D cogumelos
shiitake, gobô (bardana), renkon (raiz d e lótus), konnyakij (uma gelatina ti -me feita de
batata) e gengibre.
1
CULINÁRIA, DIPLOMACIA, CIÊNCIAS E ECOLOGIA
No Japáo, a cerimónia do chá tem também um caráter receptivo. Muitas autoridades
estrangeiras, especialmente as que visitam o país em missões diplomáticas, s ã o
convidadas a experimentar o chanoyu. Por essa peculiaridade, o chá tem também um
forte apelo de promoção da diplomacia e do conhecimento de cultura nipônica. Neste
quesito, a gastronomia também cumpre sua finalidade diplomática, pois é impensável
uma reunião de chanceleres sem um jantar de confraternização, Kazuaki Obe, cônsul-
-geral do Japão em São Paulo até junho de 2012, fechou uma parceria com o premiado
chef Shin Koike, praticante de uma nova culinária japonesa que une elementos de
outras identidades, como a francesa, adota ingredientes brasileiros, como o pirarucu,
e exercita uma culinária japonesa de precisão com toques autorais. O chef foi sempre
convocado para preparar os banquetes na residência oficial do cônsul para as
personalidades convidadas. Essas ocasiões pedem um protocolo de qualidade que
reúna o prazer da boa comida com o discurso das identidades, bem ao gosto da
diplomacia. E o chef Shin Koike é consciente de seu papel, a serviço da imagem de
uma nação.
JÉ
4
Segundo o teórico do siow food, o italiano Carlo Petrini, a gastronomia é uma ciência
aglutinadora de outras ciências, como a química (especialmente na culinária molecular
isso se torna evidente} e a física, assim como a biologia, a ecologia, a sociologia, a
economia e a psicologia. E por que não incluir a geografia e a política? E, extrapolando
todas as ciências e talvez até ingressando no território da filosofia, por que não entender
a gastronomia como uma ciência da felicidade? Afinal, comemos desde que nascemos.
O leite materno é o primeiro banquete de nossas vidas e já vem carregado de umami,
o quinto sabor, o gosto da densidade, O segundo é a comida da mãe, e desta ninguém
esquece. Por trás das aventuras gastronómicas, há uma busca incessante pela felicidade.
A filosofia do slow food segue os caminhos da ecogastronomia, unindo o prazer com
uma alimentação responsável, que está atenta à economia do planeta, à biodiversidade
e à ética com a natureza.
Além de ter potencial para pertencer às artes, exercendo a excelência do fazer artesanal
e poder ser uma ferramenta para uso diplomático, a gastronomia ainda ensaia um
namoro com a ciência, propondo a culinária molecular de laboratório. Atualmente,
mais uma vocação da gastronomia está sendo descoberta, e esta vem dos campos da
ecologia.
A despeito de toda essa tendência de ampliar o campo de ação da gastronomia, é
preciso retornar mais uma vez aos conceitos da culinária japonesa e perceber que todas
essas extensões da culinária já estavam nitidamente desenhadas no Japão tradicional.
Essa ordem da natureza é explicada também pelo taoismo, que diz que o homem só
consegue se organizar de forma correta se integrado à natureza, pelo caminho do Tao.
Os peregrinos taoistas se retiravam da sociedade para poder contemplar a natureza e
assim compreendê-la através da intuição e da observação. Esses conceitos chineses
moldaram a filosofia zen-budista, e hoje percebemos que os conceitos que regem a
ecologia estão muito sintonizados com esses pensamentos orientais.
C O N S O L I D A Ç Ã O DE U M A C U L T U R A A U M E N T A R
Êm todas as culturas, o sistema alimentar constitui a plataforma
de sua existência. É o mesmo sistema que rege a preservação das
espécies animais. Quando uma etapa do ciclo alimentar é quebrada,
há o risco de uma espécie desaparecer ou provocar migrações, de-
sestruturando todo o ecossistema. A garantia do sistema alimentar
das espécies constitui a base e a condição para a existência delas.
Quando os hominídeos da espécie homo sapiens se dispersaram
pela Terra, tentaram encontrar alimentos dentro do seu sistema
ecológico e geográfico. Aqueles que não conseguiram, tentaram
migrações e diásporas.
A fase primitiva da humanidade, calcada na colheita de raízes e
pequenos animais, deu lugar, há mais de 10 mil anos, ao controle
rudimentar de sua cadeia alimentar com a adoçáo da agricultura e
da pecuária.
Os povos que se assentaram em terras férteis desenvolveram a
agricultura, especialmente de cereais, e basearam sua existência
no trigo e no arroz. Já os povos que vagavam pelo norte da Eurásia
aprenderam a domar carneiros e renas, criando a pecuária nómade
e extraindo dela a carne para a sua sobrevivência.
44 I 45
A ocupação do arquipélago japonês aconteceu por volta de 14 mil anos antes de Cristo, no
final da quarta glaciação. O povo j ò m o n descendia da tradição coletora, mas foi surpreen-
dido com a riqueza das terras japonesas. Com a abundância da água e dos produtos m a r i -
nhos, supriu as necessidades de proteínas. Já no final da era Jômon, teve início o cultivo do
arroz, que passou a integrar a dieta j u n t o com as avelas. Foi então que começou a surgir a
base f u n d a m e n t a l da dieta dos japoneses, que não m u d o u muito no decorrer dos milénios
seguintes: arroz, produtos do mar e grãos essenciais para a obtenção das proteínas. Dos
produtos marinhos, destacavam-se a sardinha da costa marítima e o bagre dos rios. Já
nessa era existem registros de produtos feitos à base de soja.
em 5aL E r a m e m p r e g a d o s o p e i x e , a c a r n e , v e r d u r a s e c e r e a i s , e
diferenciados.
Há m e n ç õ e s s o b r e o Inishio n a l i t e r a t ij r a c h i n e s a clássica, e s p e c i a l -
ro d e s d e a q u e l e p e r í o d o , e m e s p e c i a l 0 5 t e m p e r o s à b a s e d e p e i x e .
q u e s e a l a s t r o u p e l o S u d e s t e Asiático1 , o n d e se p o p u l a r i z o u c o m o
V i e t n á , d a Tailândia e m e s m o d a Chins}, n a r e g i ã o a d j a c e n t e a e s s e s
países.
p a r a a p r o d u ç ã o d e s s e c o n d i m e n t o (J G s d e a e r a J ò m o n . í v l a s s o -
m e n t e n a e r a Y a m a t o ( 6 1 6 - 8 9 4 ) é g u f? a p r o d u ç ã o e m l a r g a e s c a l a
uma r e p a r t i ç ã o pública p a r a a d m i n i s t r a r a p r o d u ç ã o d o h i s h i o , e
n a e r a H e i a n (794-1185), no a p o g e u c u l t u r a l , 0 h i s h i o p a s s o u a s e r
de c o n d i m e n t o , e r a u s a d o p a r a m a ii t e r o s a l i m e n t o s p o r l o n g o
p e r í o d o e m c o n s e r v a . Já na era A z uc h i - M o m o y a m a , e r a c o m u m
d e s e n v o l v e r o s h ô j i n r y ò r i , a culinária v e g e t a r i a n a z e n - b u d i s t a .
v a r i a ç õ e s d e tipo e g o s t o . Foi g u a n d 0 as d i f e r e n ç a s d e t e m p e r o s
um p r o d u t o querido e venerado.
5'
o império da KikJcoman, que ainda preserva procedimentos de
fabricação adotados liá mais de 350 anos. Por isso, é o único
sf^oyu que tem autorização para ser servido na Casa Imperial. Uma
vez por ano, o excedente dessa produção é vendido no varejo,
mas é preciso encomendar com antecedência, e a fila de espera
é grande. Todos querem provar a iguaria que encanta a Família
Imperial há quatro séculos.
S2 I 53
tl.
NIGUIRIZUSHI NO MORIAWASE
PALAVRAS-CHAVE NA CULINÁRIA JAPONESA
Kahuki. o Nc
SHÔJiN RYÔRI (iflíif^íi)
A culinária shôjin, originariamente criada pelos monges no século
XIII, é basicamente vegetariana, portanto, não inclui peixes e frutos
do mar. Entram no cardápio somente os ingredientes da estação,
colhidos das matas: raízes, tubérculos, grãos, nozes e folhas, em
apresentações visuais requintadas. Hoje, o shôjin ryôri é preparado
com técnicas sofisticadas.
64 I 65
Às vésperas de completar sete anos, quando Shin ingressou na escola primária,
tinha início a Olimpíada de Tóquio, e m 1954, outro marco i m p o r t a n t e na história do
Japão m o d e r n o . Era a primeira Olimpíada e m solo asiático e marcava a reintegração
do Japão no cenário internacional após a derrota na Segunda Guerra Mundial.
A pira inaugural foi acesa por u m j o v e m atleta de d e z e n o v e anos, Yoshinori Sakai,
que nasceu e m Hiroshima, no exato dia da explosão da b o m b a atómica. Nada mais
simbólico para u m ritual de renascimento.
1»
j aconteceu u m a das passagens mais misteriosas de sua vida. Certo conhecido (que
epois, s o u b e m o s , desapareceu do nada) fez a Shin uma proposta. Ele desejava
investir e m gastronomia no Brasil e pediu a Shin que fosse conhecer o país, para
•esquisar suas demandas, avaliar seu mercado potencial. O misterioso investidor lhe
•agou a passagem, as despesas e aiguns meses de trabalho. Foi o suficiente para
hin se encantar com o Brasil. Isso foi no início de 1990, uma fase conturbada da
•conomja brasileira, que ainda lutava para domar a inflação.
aura ntes c
' e m presa
le nertení
lorque me
i t e r e s s e dí
A Shin não agradava essa vizinhança. Não a vizinJ-ianca e Mas estar dentro de
um universo de diversidade, no qual nem sempre o importante seria a apreciação
da comida, e cuja frequência estaria no simples aplacamento da fome. Nos meses de
preparação de mudança, Shin começou a arquitetar a construção de um restaurante
seu, definitivo. Não mais um pequeno bistrô, para a1 ler nove ou cez comensais,
um lugar onde pudesse colocar em prática, de fato, a sua culinária de criação, com as
ousadias que as experimentações lhe permitiram consolidar.
No silêncio, como é de praxe aos japoneses quando se preparam para um pulo maior,
contou com a adesão de novos sócios, que lhe deram carta branca para compor um
ousado cardápio, em que o forte era o "menu confiance". O Al foi entregue a seu chef
assistente, Daiske Takao, que, por mais algum tempo, atendeu os clientes que tinham
ficado hipnotizados com o mantra do Al, enquanto Shin preparava o sequndo mantra.
A FASE ÁUREA DO AIZOMÊ
Estava tudo pronto para a inauguração do segundo
Koike. O Aizomê foi inaugurado no dia 3 de maio de 2C
o recado do seu autor foi dado no sistema proposto do cardápio, A cada dia, u m a nova
I combinação de pratos, u m m e n u confiance rotativo. Assim, o cliente assídua poderia vir
todos os dias da semana e dificilmente veria o m e s m o cardápio repetido. Esse m e n u
confiance, disponível e m sua plenitude nos jantares, recebeu uma versáo abreviada no
almoço, para refeições executivas mais rápidas, p o r é m diferenciadas. O que chama a
atenção nas criações do chef Shin no seu Aizomê são m e s m o os pratos com referências
da autêntica e tradicional culinária japonesa, mas reinventada, ora pelas influências
francesas adquiridas no Escoffier de Ginza, ora pela introdução de ingredientes b e m
brasileiros, como é o caso do t s u k e m o n o de ctiuchu, uma inesquecível conserva da
hortaliça-fruto tão característica de nossa terra, preparada e m salmoura com cachaça,
; outra bebida tipicamente brasileira, resultando, p o r é m , e m uma das mais marcantes
entradinhas do cardápio do Aizomê.
I
Aliando essas duas propostas, Shin Koike harmoniza sua culinária afetiva com a co-
zinha autoral num único lugar. Esse é o grande diferencial que se torna o desafio da
maturidade de Shin.
lijima bm matéria de cutelaria, a marca alemã Solingen e imbatível no mundo todo. As
facas japonesas também são excelentes, e sua técnica de produção vem de uma tradí(;ào
de mais de quatro séculos de história. Os artesãos de espadas, que foram proibidos de
fabricá-las no novo regime após a Restauração Meiji, tiveram que migrar para a confecção
de facas, mas sofreram imposições legais de controle de produção anual. Afinai, as facas
também são armas poderosas, e o governo limitou a sua produção para ter esse controle
de segurança. Só que, com essa imposição, os artesãos cuteleiros não puderam sobreviver.
Passaram então a produzir também tesouras. Eu diria que mais da metade das tesouras
japonesas são produzidas por esses artesãos que herdaram técnicas de cutelaria de
espadas. Mas tesouras e facas, em sua essência, têm conceitos de corte diferentes. Por
isso, essas tesouras japonesas não se alinham muito com a minha teoria de corte. Da
mesma forma, acredito que exista um universo de facas que eu não conheço. Outro dia,
fiquei sabendo que existem facas diferentes para o corte do sashimi, A faca de Kansai
(reqião de Osaka) é aquela chamada yanagiba, comprida e com ponta fina. Já a faca de
Kantô (região de Tóquio) é retangular, mais própria para descascar e cortar legumes.
lijima - Pois é, eu acredito que os chefs querem possuir um arsenal de boas facas.
Koike - Quando resolvi fincar o pé no Brasil, eu me propus a não me apegar muito aos
velhos costumes. Isso não significava o abandono das tradições, mas é fato que não queria
icar me nreocuoando com o nue não exisi a foi a condição aue e
mesmo para viver no Brasil. Para operar uma cozinha, por exemplo, eu nao tinha condições
de oferecer a todos os jovens cozinheiros uma faca japonesa, que exige uma formação
muito específica para o seu manuseio. Meu desafio então passou a ser até onde podemos
chegar utilizando exclusivamente as facas disponíveis no mercado brasileiro. Já no meu
caso, nunca deixei de usar as facas com as quais sempre me identifiquei. Essa é a única
maneira que o meu corpo conhece de obter um resultado satisfatório.
A Taca laoonesa oe .e corte oreciso por causa a ;eu fio, chamado de kataba,
e é especialmente adequada para o bom acabamento do corte de peixes. Já as facas
ocidentais têm fio duplo, que deformam o corte.
a o u 'inoG
auodei 9ujie
U3
a p r e n d e r a f a z e r• C(: r t e •s e x u b e r a n t e s . Eu p r o c u r o s e m p r e m o s t r a r - l h e s q u e 0 c a m i n h10 d a
f o r m a ç ã o é u m a G' scoí a p a r a a v i d a i n t e i r a , q u e t r a n s c e! n d e o s m o d i s m o s . 1s s o e n v o I v e a
l i m p e z a . A h u m i ll d £ i d e d 0 c a b e l e i r G i r o d o l i m p a r o S G U .Sa l ã o . Eu v a r r o m e u q u a r t e i r ã 10 h á
d e z e s s G t e a n o s , t o d a s a s m a n h ã s . H o j e , a l g u n s v i z i n h o si s e i n t e g r a r a m a e s :Ba p r á t i c a . N ó s
t e m o s u m d o s q u a r t e i rc)e5 m a i s l i m p o s d a c i d a d e , i s s o é c o n s t r u i r u m a m b i e n t e .
v e n d o e m m e u r e s t a u r c i n t e , 0 A i z o m ê , o O m a k a s s è , u mla r e f e i ç ã o c o m p l e t a q u e é s e r v i d a
c l i e n t e a s s í d u o . 1Mc I S é t: o m t a m b é m p a r a o s c o z i n h e i r o s , p o i s e l e s n ã o t ê•m u m a ro t i n a
m o n ó t o n a e s ã o o{ 3rig;3Cj o s a p e n s a r s e m p r e n a t e m p e r a t u r a d o d i a , n a l u z ida e s t a c a 0 . Eu
s e m p r e f a ç o corr^ ci u e rr l e u s c o z i n h e i r o s s e s i n t a m r e s p o n s á v e i s , c a d a u m cl e l e s , p o r e s s e
p r o c e s s o c o l e t i v c) d e t r a i D a l h o .
e s c o l h i a e s t á e m m ostt a r 0 q u e p o s s o d e i x a r a q u i p a r a cDS b r a s i l e i r o s .
a s t e n d ê n c i a s . V OCiê t r al D a i h a v a n a l i n h a d e f r e n t e , n o s m e l h o r e s r e s t a u r a ri t e s d o Jc3pão.
D i f e r e n t e m e n t e d o S 0 1j t r o s i m i g r a n t e s , n ã o v i e m o s p a r i3 c á p o r f a l t a d e o p ç ã o o u f u c3Índo
d a p o b r e z a . B u s caim o ^ i 1n o B r a s i l n o v o s h o r i z o n t e s . P o r i s s o é n a t u r a l q u e t e n h a m o !5 u m
e n t u s i a s m o m u i t 0 1m a i i Of • e m d e i x a r r e g i s t r a d a s a q u i as rl o s s a s p e g a d a s . Os i m i g r a n t e s q u e
vieram a n t e r i o r rn e n t e c r i t i c a m a n o s s a p o s t u r a , d i z e n cj o q u e f o m o s a q u i a c o l h i d o s pGlO
b e r ç o e s p l ê n d i d c> q UG e l e s c o n s t r u í r a m . N ã o t e n h o a m e n o r i n t e n ç ã o d e ne' g a r q u e 1n a v i a
c o n s c i e n t i z a ç ã o id o m e 'ic) a m b i e n t e . V e j a o c a s o d o t e r r e m o t o e d o t s u n a m i iq u e assoLa r a m
se r e e r g u e r e s e rc í c u p ) G •rar, p o r q u e h a v i a u m a e d u c a ç ã íD d e b a s e , u m a a d r rl i r á v e l étic: a d e
só e s t á c o m e ç a ri d c ).
Koik9 - Como assim? Você já consolidou sua vida...
lijima - Não. Enquanto você cozinlna o que sabe fazer, certamente atingirá um resultado ideal. Mas
e depois? Quando você deixar de cozinhar, o que terá a dizer para as futuras gerações? O mesmo
vale para o meu caso. Enquanto eu segurava a tesoura, tinha convicção no meu trabalho. Mas agora
chegou o momento de transmitir os ensinamentos para quem vai prosseguir. Por isso nosso trabalho
só está começando.
E como é comer corretamente? Não banhar o sushi no molho de shoyu, para começar. Molhar
somente o lado do peixe. Pegar o sushi com a mão, com os três dedos. Mas ele tinha fama de
E, por falar em mestres, Ed perguntou se alguém já havia provado o Sukiyabashi Jiro, perto do
Mercado de Tsukiji, em Tóquio. Esse que até virou filme, depois que recebeu 3 estrelas do Guia
Michelin.
- Não, infelizmente, não tivemos ainda o orazer.
Faz sentido. E Ed sabe de tudo. Achávamos que Hino Terumasa vivia em Nova Yorl<.
- É um disco que tem o Monumento às Bandeiras, em São Paulo, na capa, 1966: Sadao Watanabe,
Hermeto Pascoal...
- E aquele cantor, o Kosaka Chu. Ele canta tremulando, uma loucura... Bom pra caramba, O David
Bowie fica imitando isso, O Jacques Morelenbaum me convidou para participar do CD Casa, com
Ryuichi Sakamoto.
É verdade, Ed canta com Paula Morelenbaum a faixa "Imagina", de Tom Jobim. Shin Koike
considera este o melhor CD que ele tem. E arremata:
Mas o dueto com Paula é para ficar registrado na história, de tão lindo.
- Mas sabe qual é o meu sonho? - Ed até levanta o corpo para revelar. - É gravar um disco com
músicos japoneses. Eu escalaria o Fumio Itabashi no piano, Takeo Moriyama na bateria, Isao
Suzuki no baixo. - E acrescenta: - O Hozan Yamamoto, no shakuhachi (flauta de bambu),
- Masabumi Kikuchi, o piano dele é fantástico. Tem um disco dele, com o shakuhachi de Hozan
Yamamoto, que é um negócio.
Fomo5 pesquisar. E um disco dedicado ao jardim Ryoanji, que fica em Kyoto. Um jardim de pedras
que tem uma beleza metafísica. E a música deles também.
- E o que dizer de Yosuke Yamashita? Ele é um génio. Sim, ele se apresentou aqui no Brasil,
nos anos 1980. Foi um sucesso. Era conhecido como um pianista radical, tocava até com os
cotovelos. Mas ultimamente converteu-se a um jazz piano mais suave, até buscando o básico
Yosuke Yamashita também se apresentou no Brasil nos anos 1990, com um percussionista de taiko
(tambor japonês) chamado Eitetsu Hayashi, Vieram junto alguns músicos de jazz, como Shigeharu
Mukai, Ed Motta se espantou.
Nisso veio um arenque cozido fantástico, servido com suas ovas. Ed se divertiu com o estalar das
ovas. Muito musical, por sinal.
- Shigeharu Mukai, Masahiko Togashi, Toku, Maaya Sakamoto, Mizuhashi Takashi, Hideo Shiraki,
George Otsuka Trio...
A lista de Ed Motta parece não ter fim. Mas por que essa curiosidade sobre jazz japonês?
- Curiosidade, não. É fato. O Japão é o país onde se toca o melhor jazz do mundo. E a Momoe
Yamaguchi, a cantora pop? Pois é, ela teve fases horríveis, parecia cantora de karaokê. Mas, com
"Dancing Starshine", ela provou ser uma ótima cantora.
Shin serviu uma sequência de ótimos sushis. Mas Ed Motta ficou no uni (ouriço-do-mar)
fresquíssimo, servido sobre uma fatia de limão e polvilhado com flor de saí.
- Adoro uni. No Japão levava caixinhas de uni para ficar comendo no quarto do hotel.
- A propósito, quantos discos de música japonesa você tem, Ed? perguntou curiosamente o chel
Shin Koike,
Pena que tem o show daqui a pouco, senão eu ficava a tarde toda aqui.
"Kimi se inspira em formas naturais para criar", interpreta Shin. Kimi concorda.
Ela observa as formas encontradas na natureza e, pela sua perfeição, só lhe
resta reverenciar. Mas Kimi vai um pouco além. Como uma homenagem, ela
reinterpreta essas formas da natureza.
Shin também, por vezes, inspira-se na natureza para criar suas receitas. Introduz
folhas, flores para compor os pratos, como se eles fossem um pequeno jardim.
E Kimi, vendo as receitas preparadas ser acondicionadas em seus recipientes, como se sente?
Tentar imaginar qual foi o raciocínio de Shin, quando ele faz a leitura dos recipientes dela para acomodar
a receita mais apropriada, é uma diversão para a autora das cerâmicas. Uma nova interpretação em
cima da reinterpretação do chef. Vamos dizer que, no caso desses dois artistas, a reinterpretação
deve ser entendida, sempre, como uma reinvenção.
Quando se dirige ao ateíiê de Kimi, Shin nunca vai com a intenção de abastecer sua cozinha com novos
pratos. Certo espírito de curiosidade e de aventura o motiva a ir até o ateliê onde Kimi reinventa a
natureza. Shin sabe que a ceramista certamente pensou em alguma função para suas peças, mesmo
que não muito definidas. Se o fossem, seriam utilitárias, e as cerâmicas de Kimi não são para esse fim.
Mas é nesse teor, aberto e provocativo, que Shin encontra o espaço para eie mesmo propor um modo
de trabalhar com essas cerâmicas, Por exemplo, Kimi se surpreendeu quando Shin escolheu vasos que
eram apropriados para acolher, no máximo, arranjos florais, o ikebana. Eram peças chamadas cestas
e foram concebidas como esculturas, ou seja, sem fins utilitários, Shin as transportou para o projeto
gastronómico Êatrip, em Ilha Grande, e íé, orgulhosamente, serviu nelas arroz branco, compondo-o
com folhas de banana nativa,
- Surpreendente, é um ikebana comestível - admitiu uma Kimi sorridente quando soube. Na verdade,
antes de Kimi, todos os integrantes do projeto gastronómico se surpreenderam com a ousadia.
- Gosto de surpreender os clientes - conta Shin. Para eie, servir comida é um ato cénico. Sua cozinha
é seu estúdio de ensaio e também o camarim. O balcão ou as mesas da saia de tatame de seu
restaurante são os palcos onde se desenrolam suas criações gastronómicas, que parecem mesmo
dançar sobre eles.
- Quero, um dia, usar a cesta com mizuhiki (um laço ornamental para acondicionar presentes), para
clientes muito especiais. Seria uma embalagem sobre outra embalagem envolvendo a comida. Abrir
cada camada desse presente é um ato que gera surpresas. Os japoneses chamam isso de "odoshi".
Trata-se de uma estratégia de criar espanto nos clientes, Shin se emociona com esses novos projetos,
Kimi passou a admirar SInin por eie sempre querer provocar surpresas assim
nos seus clientes,
Mas existem artistas que não gostam que suas peças sejam manuseadas,
manipuladas e inseridas em contextos diferentes daquilo a que foram em
princípio designadas. Kimi só faz restrições a que pessoas sem gosto estético
manipuíem suas peças. Mas, se o usuário tiver um senso criativo que
potencialize o valor intrínseco de suas obras, ela não vê problemas,
E a comida nessas peças? Há uma tendência internacional, cada vez mais valorizada, a reconhecer
que a comida deve ser apresentada de maneira muito simples, visualmente falando. Um recipiente de
impacto, com uma pequena porção de comida. Uma proposta bem apropriada à arte de hoje.
Mas Shin pensa diferente: "Comida é refeição. É preciso transmitir calor humano na composição do
prato, e acho que uma pequena e única porção não é suficiente para transmitir esse calor humano."
Há, de fato, uma tendência a usar o prato como moldura. Alguns chefs até preferem trabalhar com
pratos quadrados ou retangulares, para facilitar a composição. Sobre eles, uma pequena porção de
comida e uma pincelada magistral e caljgráftca de molho. "Uma composição minimalista, arte visual
pura, mas não uma refeição", contesta Shin.
Shin explica melhor sua predileção peias cerâmicas de Kimi. Elas são absorvidas pela sensibilidade
de Shin para se tornar receptáculo de sua culinária afetiva. Uma mão terna que acolhe a paixão. Uma
mão em que ele possa confiar absolutamente, para depositar ali o seu afeto.
Mas, antigamente, os chefs se preocupavam tanto com os pratos? Essa relação entre receitas e
recipientes ou entre conteúdo e continente é antiga no Japão e remonta aos preceitos do primeiro
gastrônomo da história japonesa, Kitaoji Rosanjin {1883-1959), Rosanjin era um calígrafo, ceramista
e restauranteur. Fundou o Bishoku Kurabu (Gourmet Club), um restaurante exclusivo para sócios
gourmands. Ali, o próprio Rosanjin preparava a comida e apresentava-a em cerâmicas de sua autoria.
Talvez a relação comida-recipiente tenha começado nesse circuito fechado e acabou virando uma
referência.
Hoje, os clientes de Shin têm curiosidade de perguntar de quem
é a cerâmica. O perfil dos clientes está mudando, é certo, mas,
convenhamos, são pessoas que v ê m procurar a culinária afetiva do
chef Shin, pessoas com sensibilidade para notar onde esse afeto
está repousando.
A travessia até ilha Grande é feita por uma escuna, providenciada pela própria Pousada Nautilus,
e leva uma hora, tempo suficiente para alimentar as nossas expectativas mais remotas de
como será esta expedição,
O chef Shin Koike nos aguardava no deck, onde a escuna iria aoortar junto à pousada. Ele havia
Fácil de preparar, o oniguiri pode ser considerado o primeiro fasf food da humanidade e sobrevive
até os dias de hoje sem muitas alterações. Para atender à demanda, os japoneses inventaram até
máquinas de fazer oniguiris e são eles que abastecem as lojas de conveniência e os supermercados
de todo o Japão,
O oniguiri não é um tipo de sushi, embora muitas vezes seja confundido com ele. Enquanto o oniguiri
é preparado com arroz branco sem tempero e salgado no momento em que é moldado com as mãos,
o bolinho do sushi requer que o arroz seja temperado com vinagre apropriado. O oniguiri foi uma
invenção dos japoneses para tornar o arroz transportável, enquanto o sushi foi criado como uma
maneira de conservar o peixe.
O chef Shin Koike surpreendeu a tripulação do projeto Eatrip, na chegada em Ilha Grande, preparando
uma seleção de oniguiris como boas-vindas. Muitos lã nunca haviam experimentado essa iguaria,
até porque não é um item comum em restaurantes, por ser considerado de consumo doméstico.
A recepção na Ilha e o início dessa expedição gastronómica não poderiam ter sido mais afetuosos.
SÁBADO: O DIA FLUTUANTE
Hiroko acorda às 4 horas da manhã para começar a preparar o café da
manhã. Para os participantes do Gatrip, ela preparou vários tipos de
pães, destacando-SG os de escarola e os de linguiça, bem como seus
levíssimos croissants.
204 I 20S
CALDO BÁSICO DASHi
Deixe o caldo repousar por alguns minutos, ou seja, até que o katsuobushi
desça para o fundo da panela. Coe antes de utilizar.
S O P A DE C A R Á C O M Q U I A B O
os aias ae verão.
SOPA DE CARÁ COM QUIABO
PARA SERVIR
60 g de cogumelo nameko em conserva
25 g de cebolinha
100 g de ova de ouriço-do-mar
Folha de ouro para decoração (opcional)
PREPARO
Prepare o caldo dashi conforme a receita e reserve-o.
Descasque o cará, corte e m tiras de a p r o x i m a d a m e n t e de 0,5 cm e reserve.
Polvilhe os quiabos com sal e e s f r e g u e - o s com as mãos. Dessa forma,
você os higieniza e elimina os pelos.
Aqueça água n u m a panela e, q u a n d o l e v a n t a r f e r v u r a , adicione os quiabos-
Deixe ferver por cerca de 1 minuto e retire do fogo, pois a fervura deve ser
rápida para não amolecer o vegetal. Escorra n u m a peneira e, e m seguida,
dè u m choque térmico com á g u a fria. Assim você m a n t é m a cor verde.
Corte os quiabos ao meio e retire todas as.sementes.
Rale o gengibre e reserve.
APRESENTAÇÃO
Sirva e m taças individuais e decore com cogumelo nameko, ovas de
ouriço-do-mar, cebolinha picada e folha de ouro (se for usá-la).
OSTRA E MARISCO BRANCO GRELHADOS
MARISCO GRELHADO
PARA SERVIR
Sal
V.' c l a r a de ovo
Rodelas de limão-siciliano
PREPARO DA OSTRA
PREPARO DO MARISCO
Descongele os mariscos e m t e m p e r a t u r a ambiente. Em seguida, grelhe-oí
APRESENTAÇÃO
Misture 150 g de sal e a clara de ovo, para obter u m a pasta de consistência
firme, que vai servir de apoio para as ostras e os mariscos.
Enfileire porções dessa pasta n u m a bandeja ou prato e, por cima, a r r u m e as
ostras e os mariscos preparados. Acrescente u m a rodela de limão-siciliano
ao lado de cada u m e, se quiser, c o m p l e m e n t e com fatias de t o m a t e cereja
e u m t o q u e de folha de nanten (folhagem japonesa, conhecida t a m b é m
como nandina).
CARRÊ DE CORDEIRO COM BARDANA COZIDA E PIMENTA GRELHADA
Este carrê de cordeiro é de fácil preparo e t e m t e m p e r o suave. A ele o chef Shin adiciona
a bardaria (gobô), ingrediente típico da culinária tradicional japonesa, adaptando-a ao
sabor ocidental.
PREPARO DA CARNE
Tempere o carrê com saí. Amasse g r ã o s de pimenta a gosto e espalíne-a sobre a carne.
A q u e ç a u m a frigideira e adicione u m fio de óleo. Em fogo alto, d o u r e os dois lados
do carrê. O chef recomenda malpassado. Depois, passe-o para u m a f o r m a retrataria e
leve-a ao forno preaquecido (200 °C). Asse-o por uns 3 minutos, ate dourar, e retire-o
do forno. Para finalizar, regue o carrê com o saque e f l a m b e - o ,
PREPARO DA BARDANA
PREPARO DA PIMENTA-VERDE
APRESENTAÇÃO
Para servir, a r r u m e n u m prato o carrê, a bardana e as pimentas grelhadas.
ARROZ J A P O N Ê S COM GENGIBRE E M1550SHIRU ESPECIAL
5HÕGA GOHAN TO AKADA5HÍ MI5505HIRU
or e e estimulante,
ARROZ JAPONÊS COM GENGIBRE E MISSOSHIRU ESPECIAL
5HÕGA GOHAN TO AKADA5HI MISSOSHIRU
3 cm de alga konbu
MISSOSHIRU ESPECIAL
500 ml de Caldo Básico Dashi [receita na página 212)
100 g de akadashi missò (pasta de soja)
200 g de nameko (cogumelo) e m conserva
20 g de t o f u
i
1
\
RABADA À MODA JAPONESA
INGREDIENTES PARA 6 P O R Ç Õ E S
1 kg de rabo de boi
100 ml de c a c h a ç a
2 cebolas
10 g de p i m e n t a - d o - r e i n o
P U R É DE C A R Á
2 carás
COMPLEMENTOS
1 m a ç o de espinafre
nabo
1 pimenta d e d o - d e - m o ç a
m a ç o de cebolinha picada
MOLHO PONZU
6 laranjas-peras
4 limóes
INGREDIENTES PARA 5 P O R Ç Õ E S
1 filé (200 g) de pargo, com pele
PARA SERVIR
C a m a r ã o seco da A m a z ó n i a
Karasumi (ovas de tainha defumada)
SHARl
3 x í c a r a s (chá) de á g u a mineral
Vz x í c a r a (café) de vinagre de arroz
3 colheres (sobremesa) de a ç ú c a r
PREPARO DO SHARl
242 I,
CARPACCIO DE WAGYÚ À MODA JAPONESA
MOLHO
1 colher (sopa) de tahine (pasta de semente de gergelim)
2 colheres (sopa) de leite
2 colheres (sopa) de molho ponzu
1 dente de alho ralado
1 colher (café) de gengibre ralado
PR
TOFU DE GERGELIM
GOMADOFU
CALDO DE SOBA
\
ovo PERFEITO
ONSEN TAMAGO
PREPARO
Deixe o ovo descansar em temperatura ambiente, em água salgada (proporção
de 10% de sal em relação à medida de água) por 10 minutos.
N u m a p a n e l a , a q u e ç a á g u a suficiente para cobrir o ovo. Q u a n d o levantar
pletamente. Reserve.
E n q u a n t o o o v o esfria, p r e p a r e o s a s h i m i d e lula.
tiras d e 2 m m de e s p e s s u r a .
APRESENTAÇÃO
o s a s h i m i d e lula, o n a m e k o , p e p i n o f a t i a d o e o w a k a m e . D e c o r e com
gergelim ralado.
S u g e s t ã o d o chef: c a s o n ã o t e n h a lula f r e s c a , v o c ê p o d e s u b s t i t u í - l a p e l o
macarrão somen.
SUFLÊ DE CHOCOLATE COM TIRAMISU DE TOFU E PASTEL DE SOBA
TIRAMI5U
100 g de queijo mascarpone
125 g de açúcar
1 t o f u (400 g) do tipo kinugoshi
250 g de creme de leite fresco
10 g de gelatina e m pó, incolor e sem sabor
PASTEL DE SOBA
80 g de trigo sarraceno
80 g de farinha de trigo
PREPARO DO SUELÊ
f
CHEESECAKE DE TOFU C O M C A L D A DE FRUTAS V E R M E L H A S :
INGREDIENTES P A R A 10 PORÇÕES
CHEESECAKE
10 g d e g e l a t i n a e m p ó , i n c o l o r e s e m s a b o r
1 t o f u ( 4 0 0 g) kinugoshi
125 g d e c r e a m c h e e s e
2S0 m l d e c r e m e d e leite f r e s c o
125 Q d e a ç ú c a r
CALDA DE FRUTAS V E R M E L H A S
25 g d e a m o r a
50 g de frainboesa
100 o d e açúcar
100 m l d e á g u a m i n e r a l o u f i l t r a d a
20 m l de r u m
D a e miiii'.
PREPARO DO CHEESECAKE
o
SORVETE DE RAPADURA COM GELATINA DE CAFÉ
262I263
i.
APRESENTAÇÃO
264 I 255
^l ^^^l
LEGENDAS EXPLICATIVAS
GASTRONOMIA É ARTE?
p, 48-49
Pargo e c a m a r ã o grelhado. Uma pi-
Merluza negra, com molho yuzu- tada de flor de sal e aspargo, cogu- Tirashizushi: são peixes e frutos do
misso [pasta de missõ com suco de melo shimeji, cebolinha, nabo ralado mar sobre uma cama de arroz de
laranja yuzu), cogumelo eringue, es- e limão-siciliano. sushi. Aqui, o chef Shin preparou o
pinafre hôrensò, flor de abóbora ka- tirashi com vieira crua do Canadá,
Facas Aritsugu, confeccionadas botcha e gengibre curtido, ovas de ounço-do-mar, ovas de sal-
artesanalmente com técnica que mão, ovas de capelim laranja, impor-
remonta a mais de 400 anos, Shin tado dos Estados Unidos, Acompanha
Koike herdou a faca de baixo do pai, nabo ralado levemente apimentado,
e ela e s t á menor de tanto já ter sido p. 52-53 ciboulette e folhas de ouro.
amolada. Ilustrações: cortesia da Kikkoman.
p. 28
Filé Mignon grelhado com molho
de t a r ê e vinho tinto seco, berinjela
grelhada e foie-gras com pimenta-
-rosa.
O pai de Shin, Shoji (à direita), em seu p. 62
p. 10 balcão de sushi. A mais frugal das refeições: arroz
Yakigani [King crab do Alasca grelha- branco, missoshiru, tsukemono (no
do) - apoiado em uma cama de sal caso, chuchu), s a l m ã o grelhado e
com clara de ovo e limão-siciliano. uma pimenta americana.
yi
em caldo agridoce com leve toque
de ó l e o de gergelim, com fios de
omelete doce, tomate, naruto (mas-
sa de peixe) e p i m e n t ã o .
Um prato festivo, que o chef Shin Koi-
ke chama de Kaisen Jú: uma farta se-
leção de frutos do mar sobre arroz de WÊÊÊÊÊÊÊÊ P-58
sushi. Entram: sashimi de pargo com Um niguirizushi de atum (maguro),
pimenta de yuzu, olhete (buri), atum com brotos de nabo (kaiware), deco-
com nabo e broto de nabo, tartare de •l^^^H p. 66
rado com a b ó b o r a em tiras.
peixe carapau com gelatina de ponzu, Pargo (tai) com gengibre ralado, ca- Foto: Japan National Tourism Orga-
robalo com pimenta yuzu, polvo com marão, cenoura e espinafre hôrensò. nization.
V
pasta de pimenta kanzuri, caviar e
ovas de salmão, lula, ovas de ouriço-
-do-mar, enguia, folha de shiso, broto
de rabanete, broto de nabo, pepino,
casca de laranja yuzu em fatias.
^^^m p.58
p. 44 Niguirizushi de peixe serra (katsuo),
Moqueca Japonesa (Burajiru-fu Yo-
^^^^H p. 70
grelhado, com uma pitada de pasta
Refinamento visual no arranjo para
senabe). Camarão, peixe tamboril de yuzu, pimenta vermelha seca cor-
o osechi ryôri.
(ankò), patas de king crab do Alasca, tada em tiras bem finas e gari (gen-
marisco branco, tomate, cogumelo, gibre curtido).
cebolinha japonesa, acelga chinesa, OS MANTRAS DO SABOR
pimenta americana verde com caldo
• H H ^ H p. 20 de tucupi (caldo de mandioca típico da
Sashimi de Camarão com Robalo: ro- Amazónia),
balo, camarão, cabeça de c a m a r ã o
frito, nabo, cebolinha e pepino, com Niguirizushi de atum (maguro), com
p. 74-75
uma folha de capuchinho e tomate ovas de ouriço-do-mar, acompanha-
No Empório Luso-Brasileiro Rei do
cereja para enfeitar e uma fatia de do de pepinos prensados no sal.
Bacalhau, Mercado Municipal de São
limão-siciliano. Tudo imerso no molho
Paulo, sendo atendido por seu pro-
ponzu. ^ p.47
prietário, Marcelo Nunes,
Fatias de sashimi de atum s ã o envol-
tas em alga marinha frita (maguro no
isobeyaki) e depois imersas no molho
ponzu, com nabo ralado levemente • ^ ^ H p.59
apimentado, uma semente de guin- Niguirizushi de robalo (suzuki), com
-nan (gingko biloba), tiras de alho- karasumi (ovas defumadas de tai-
Visual festivo para começar o ano: -poró, cebolinha japonesa G pimenta nha), nabo ralado e cebolinha, com Observando sabores subliminares no
osechi ryóri. americana, tudo grelhado. gengibre curtido. Mercado Municipal de São Paulo,
p. 78-79
Provando sabores brasileiros: suco
de açaí do Banana Juice, no Mercado
Municipal de São Paulo,
p. 95
Siri-mole frito, ao estilo karaague,
O siri-mole é envolto em amido de
milho antes de ser frito. Decorado
com semente de guin-nan (gingko bi-
a p.l03
Niguirizushi de vieira (hotate)
A vieira é canadense, maior e mais
carnuda que a brasileira. Aqui ela
recebe um toque de pasta de yuzu
p.118
Trocando impressões com o chef
Adriano Kanashiro,
p, 96 p. 106
Tofu frito (aguedashidófu) e uma Sashimi de atum com molho de kimi-
seleçêo de legumes, também fritos zu (maguro no kimizuzoe) - aqui as
. a p. 83 com caldo de soba, acompanhado de fatias de atum recebem um molho à
Provando sabores brasileiros, servido cogumelo nameko, nabo ralado com base de gema de ovo, um pouco de
p. 121
por Marcos Rogério Coelho Martins, gengibre e mizuna, uma hortaliça saque e vinagre. Para acompanhar,
Carne wagyú, berinjela fatiada e co-
Em O Empório das Frutas, Mercado também conhecida como mostarda espinafre, nabo, cenoura e broto de
gumelo shimeji grelhado sobre um
Municipal de São Paulo. japonesa. Na seleçào de legumes nabo. Flocos de katsuobushi, peixe
molho à base de missó.
entram: aspargo, berinjela, abóbora seco, e gergelim ralado, para dar o
japonesa, broto de bambu. perfume.
:1 p. 87
Shin com a mãe, Nori Koike, p. 122
p. 110 Carpacdo de polvo com ovas de tai-
p. 97 Espetinho de picanha com cebolinha nha defumada (karasumi), decorado
Um bolinho de soba (trigo sarraceno), japonesa e pimenta americana verde com uma fina fatia de pimenta bi-
KJ
frito. Envolto com kinako {farinha de com nabo ralado. quinho e uma tira de limão-siciliano.
soja torrada) e servido com sorvete Decoração complementar: tiras de
de chá verde com chips de chocolate. gengibre-mioga, tomate cereja, tiras
p. 88
de cebola roxa e folha de capuchinho.
Avaliando o peixe do dia. Em Pesca-
dos Crescente,
p. 112
O chef em entrevista para a editora
Marta Barbosa, da Revista Prazeres
da Mesa.
p. 98
p, 90 p.123
O chef Shin Koike não é um barman,
Segurando um peixe-sapo. Em Pes- Pirarucu e moti à moda akedashi
mas desenvolveu esta receita para
cados Crescente, Mercado Municipal Peixe com uma pitada de sal, envolto
os dias quentes de verão. Balizado
de São Paulo. com amido e frito,
de Sunset Romã, vai champanhe com
O moti (bolinho de arroz glutinoso)
gelatina kanten feito de vinagre de p.116 é decorado com tiras de alho-poró
romã e pêssego (produto da Kikko- Uma montagem de sashimi de atum e pimenta vermelha. Caldo leve para
man), com sementes de romã.
S
e pargo. macarrão soba.
Entram cará fatiado com broto de
nabo (kaiware) envolto no sashimi
p. 92
de atum, nabo com ameixa japone-
Um owan ryõri, caldo servido em t i -
sa em conserva {umeboshi}, pepino,
gela de madeira laqueada (ow/an).
abóbora japonesa kabotcha e nabo
Aqui o chef Shin propõe um de ca-
em tiras, com wasabi.
marão e pargo ensopado com legu-
mes. Entram também ervilha torta, p. 102 p. 124
cogumelo nameko, macarrão sòmen, O sushi prensado é chamado de bat- Ensopado de camarão com vieira e
um umeboshi - ameixa japonesa em terazushi. Aqui o chef Shin preparou legumes
conserva - , gengibre e minicenoura, o battera com o carapau (aji), em sal- Sômen (macarrão fino), vieira, ca-
em caldo de peixe extraído com alga moura, e envolve com shiroita konbu, p. 117 marão, cebolinha japonesa, ervilha
konbu, gengibre, saque e temperado uma alga própria para este tipo de Com o jovem Sasaki, braço direito do torta, gengibre-mioga com limão-si-
sushi. No topp/ng, gergelim branco. chef Shin Koike, no Aizomê, ciliano em caldo dashi com gengibre.
UMA EXPEDIÇÃO GASTRONÓMICA
p. 199
p. 125 p. 193 Sashimi de pargo.
Tatakl de filé-mignon, molho ponzu Um ritual: orar pelos seres abatidos
com nabo ralado, pimenta americana que serão preparados como alimen-
p. 178
verde, com tiras fininhas de alho-poró to. Gratidão e reverência pela vida.
Shin colhe tenros brotos de bambu.
e pimenta vermelha.
Molho ponzu; laranja-pera, limão,
shoyu, katsuobushi (lascas de peixe iHk'' p. 202
p. 195
p.178
Colhendo vieiras.
Tripulação do primeiro projeto Eatrip.
p. 203
Sashimi de salmão, atum, polvo e o
p.iza beijupirá pescado na Ilha,
ÍLU. p. 195
Ambientação retro marca a identi-
1^:- p. 180 Preparando a decoração do flutuan-
dade visual do novo templo gastro- RECEITAS
Tripulaç. ip chegando em Ilha te, cenário do jantar inesquecível.
nómico de Shin Koike.
Grande.
p.164
p,185
Konnyaku, feito a base de tubérculo,
Salmão ao molho de maracujá, um hit p.198
com molho de shoyu e gergelim.
que o restaurante Rangetsu oferece A cerâmica de Kimi Nii adornando re-
ainda hoje em seu cardápio. ceitas simples e afetivas.
Tsukemono de Chuchu
Shin e os sabores brasileiros. Para
temperar a conserva de chuchu, Shin
empregou sal e cachaça, em substi-
tuição ao tradicional missô. Por este
p. 165 p. 192 p. 199 espírito de brasilidade, escolhemos
Frutos da época preenchem o reci- Dona Tsuruco preparando o tofu: re- Enfim, o tofu de dona Tsuruco. Aqui, este prato, tão singelo e tâo sincero,
piente produzido por Kimi Nii. ceita tradicionat. combinado com quiabos. para ilustrar a última capa deste livro.
Editora Melhoramentos
Takahashi, Jo
A cor do sabor: a culinária afetiva de Shin Koike / Jo Takahashi; fotos de
Tatewaki Nio, São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012. (Arte Culinária Especial}
ISBN 978-85-06-01146-1
© 2012 Jo Takahashi
Atendimento ao Consumidor:
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Tel,: {11} 3874-08 8 0
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