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Apresentação
Os conceitos de língua e linguagem são, frequentemente, entendidos como sinônimos. No entanto,
a linguagem é muito mais ampla do que a língua. Nesse sentido, os estudos de Ferdinand de
Saussure e da instituição da linguística moderna contribuem para a distinção desses conceitos. Por
outro lado, surgem diversas outras concepções acerca da noção de língua e, juntamente com elas,
alguns mitos em torno daquilo que se compreende por língua.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os conceitos de língua e de linguagem, tendo
contato com diferentes entendimentos sobre a língua. Dessa forma, você será capaz de identificar e
refletir acerca de alguns mitos referentes à língua.
Bons estudos.
Neste Infográfico, você vai ver os elementos que compõem essa teoria geral, bem como
compreender de que forma a semântica se constitui como outro viés de análise da língua.
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Conteúdo do livro
Conceitos essenciais nos estudos linguísticos, a linguagem e a língua são, constantemente,
confundidas como se fossem um mesmo conceito. No entanto, saber distinguir essas noções é
essencial para a compreensão dos fenômenos linguísticos. Isso passa por compreender que a
linguagem não abarca somente o que é do âmbito linguístico, como a língua, mas também outras
formas de expressão não verbais, como o teatro, a dança, a fotografia e os diferentes símbolos e
sinais.
No capítulo Língua e linguagem, da obra Introdução à Linguística, você vai compreender melhor a
distinção desses conceitos, bem como conhecer diferentes concepções de língua, que apontam
também para alguns mitos acerca desse conceito.
Boa leitura.
INTRODUÇÃO À
LINGUÍSTICA
Introdução
O conceito de linguagem não é igual ao de língua. A linguagem é mais
ampla que a língua, uma vez que abarca outras possibilidades para além
do campo linguístico. Pode ser verbal — escrita ou oral — e não verbal
— dança, imagem, gesto. No âmbito linguístico, os estudos da linguagem
inauguram a linguística moderna com Ferdinand de Saussure. Com base
nos estudos desse autor, a língua passa a ser observada como um objeto
sistematizado. Desta ideia, partem diversas outras concepções de língua.
Neste capítulo, você vai estudar a língua conhecendo as diferenças
entre língua e linguagem, algumas visões sobre o que é língua para a
linguística e os mitos mais comuns a respeito desse conceito.
O que é linguagem?
É comum que se pense que linguagem e língua são a mesma coisa. Com essa
confusão, a linguagem é reduzida ao âmbito da língua, como se só existisse
uma forma de linguagem, que geralmente é aquela associada à forma verbal.
No entanto, a linguagem é muito mais ampla que a língua.
Segundo Pinheiro (2011, documento on-line), linguagem abrangeria, além
de todas as línguas, “[…] todos os sistemas simbólicos humanos e não huma-
nos, inclusive a comunicação artificial, a linguagem das abelhas a linguagem
informática ou ainda a linguagem da arte, da moda etc”.
2 Língua e linguagem
No cotidiano, a linguagem não verbal foi, por muito tempo, menos valori-
zada que a verbal. Isso ocorre porque a cultura ocidental sempre esteve muito
ligada ao verbal, com a escrita e a oralidade, não havendo tanta valorização
das formas não verbais de expressão. No entanto, com um olhar um pouco
mais atento ao seu dia a dia, você pode perceber a importância desse tipo de
linguagem. Atualmente, a comunicação não verbal vem adquirindo outro
espaço em virtude das redes sociais e da comunicação pelos emojis, gifs e
outras formas de imagem que têm dominado a internet.
Língua e linguagem 5
Quando nos referimos à linguagem verbal não estamos nos referindo à língua. Como
mencionado anteriormente, os conceitos de língua e linguagem são distintos, embora
intrinsecamente relacionados.
O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma
imagem acústica. Esta não é o som material, coisa puramente física, mas a
impressão (empreinte) psíquica desse som, a representação que dele nos dá
o testemunho de nossos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a
chamá-la “material”, é somente nesse sentido, e por oposição ao outro termo
da associação, o conceito, geralmente mais abstrato. O caráter psíquico de
nossas imagens acústicas aparece claramente quando observamos nossa
própria linguagem. Sem movermos os lábios ou a língua, podemos falar
conosco ou recitar mentalmente um poema (SAUSSURE, 2006, p. 106,
grifo nosso).
8 Língua e linguagem
https://qrgo.page.link/o7u1R
https://qrgo.page.link/MJTih
Para que você compreenda melhor essa questão, pense na língua portuguesa. Não
existe apenas uma forma de falar português. O português falado no Brasil não é igual
ao falado em Angola ou em Portugal. Em cada região do País, há diferentes formas
de se referir a mesma coisa. Por exemplo, a macaxeira, no Nordeste, e o aipim, no Rio
Grande do Sul. Expressões e gírias também são exemplos de variações que podem
ocorrer de acordo com a região, como é o caso das interjeições “Oxe!”, no Nordeste,
e “Bah!”, no Rio Grande do Sul.
Saiba mais a respeito da concepção de Marcos Bagno sobre a língua no livro Preconceito
Linguístico, publicado em 1999. Para complementar a sua leitura, confira o link a seguir:
https://qrgo.page.link/DXKVq
Língua e linguagem 13
ALVAREZ, J. In: PIXABAY. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/
gestos-colagem-linguagem-n%C3%A3o-verbal-2158259/. Acesso em: 16 dez. 2019.
ARMANDINHO. [S. l.: s. n.], 2019. Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/.
Acesso em: 16 dez. 2019.
BAGNO, M. Variação linguística: glossário Ceale. Brasília: UNB, [200-?]. Disponível em:
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/variacao-linguistica.
Acesso em: 16 dez. 2019.
BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes, 1991.
BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral II. Campinas: Pontes, 1989.
CERCA de 40 placas de trânsito são trocadas por mês em Paranágua. Folha do Litoral,
abr. 2018. Disponível em: https://folhadolitoral.com.br/transito/cerca-de-40-placas-de-
transito-sao-trocadas-por-mes-em-paranagua/#.Xfgs7NJKhdg. Acesso em: 16 dez. 2019.
FERREIRA, M. C. Análise do discurso e suas interfaces: o lugar do sujeito na trama do
discurso. Organon, v. 24, n. 42, 2010. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/organon/article/
view/28636/17316. Acesso em: 16 dez. 2019.
LYONS, J. Língua(gem) e lingüística. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
ORLANDI, E. Texto e discurso. Organon, Porto Alegre, v. 9, n. 23, 1995.
ORLANDI, E. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2012.
PETTER. M. M. T. Línguas africanas no Brasil. Portal de Revistas da USP, São Paulo, 2007.
PINHEIRO, L. S. Concepções de língua: uma breve análise. Revista Travessias, v. 5, n. 3,
2011. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/5824.
Acesso em: 16 dez. 2019.
ROMANEN. In: PIXABAY. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/
bal%C3%A9-dan%C3%A7a-bailarina-cena-1376250/. Acesso em: 16 dez. 2019.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
Leitura recomendada
BENVENISTE ON-LINE. Porto Alegre: UFRGS, 2019. Disponível em: http://www.ufrgs.br/
benvenisteonline/. Acesso em: 16 dez. 2019.
PRECONCEITO linguístico — 20 anos depois. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (57 min). Publicado
pelo canal Parábola Editorial. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UN_-
nPdQfm8. Acesso em: 16 dez. 2019.
SAUSSURE: biografia e livros de Ferdinand de Saussure. In: COLUNAS TORTAS. [S. l.: s.
n.], 2019. Disponível em: https://colunastortas.com.br/ferdinand-de-saussure. Acesso
em: 16 dez. 2019.
14 Língua e linguagem
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Segundo Benveniste (1991), a linguagem é uma entidade de dupla face: de um lado, é um fato
físico; de outro, uma estrutura imaterial, comunicação de significados, transmissão de
acontecimentos e experiências. A linguagem humana se distingue de qualquer outra forma de
linguagem pela capacidade de simbolização.
Diante desse fato, Benveniste analisa um estudo realizado em 1959 pelo cientista Karl von Frisch
sobre um sistema de comunicação das abelhas.
Veja, nesta Dica do Professor, a análise realizada por Benveniste sobre esse interessante estudo da
comunicação animal.
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Exercícios
1) É muito comum, quando se fala em linguagem, confundir esse conceito com o conceito de
língua, e são muitos os estudiosos que elaboram o conceito de linguagem.
Nesse sentido, assinale a alternativa que está correta em relação ao conceito de linguagem:
B) Conforme Eni Orlandi, a linguagem é o meio pelo qual o homem compreende e se relaciona
com a sociedade.
E) A linguagem é entendida por Lyons como puramente biológica, sendo determinada pelas
faculdades cognitivas da mente.
2) O conceito de linguagem abarca tanto a linguagem verbal quanto as suas manifestações não
verbais. Sobre a linguagem verbal e não verbal, qual das seguintes alternativas está correta?
A) A linguagem não verbal sempre foi muito mais valorizada na sociedade ocidental do que a
verbal.
C) A linguagem mista designa a utilização de mais de uma forma de expressão não verbal ao
mesmo tempo, como a pintura e a fotografia.
E) É possível afirmar que língua e linguagem verbal são denominações diferentes para um
mesmo conceito.
3) Atualmente, uma nova forma de linguagem, que se vale de emojis e das "figurinhas", está
sendo muito utilizada como forma de comunicação na Internet. Nesse sentido, Petter (2007,
p. 11) compreende que "tudo o que se produz como linguagem ocorre em sociedade, para
ser comunicado".
Assinale a alternativa que representa a linguagem mista presente nas seguintes figurinhas:
A)
Descrição de imagem: uma princesa de cabelos longos e castanhos com sua coroa dourada. Está
vestindo um vestido longo na cor lilás cobrindo os seus pés. O fundo da imagem é na cor roxa.
B)
Descrição de imagem: uma xícara vermelha de um café quente. Nela consta o desenho de um rosto
furioso. Está saindo do café uma fumaça e também raios vermelhos. O fundo da imagem é na cor
amarela.
C)
Descrição de imagem: um lápis amarelo sem ponta. A ponta está caída ao lado do lápis. Para
complementar a imagem consta a frase "estou desapontado" escrita em caixa alta e na cor branca. O
fundo da imagem é na cor verde água.
D)
Descrição de imagem: uma frase escrita em caixa alta na cor preta, em um fundo amarelo. A frase da
imagem é: "É um absurdo, mas faz sentido".
E)
Descrição de imagem: uma xícara branca de café em cima de café derramado. Nela consta o
desenho de um rosto dormindo. Ao lado da xícara tem várias letras "z" indicando que ela está
dormindo. Em cima consta uma pilha indicando pouca carga. O fundo da imagem é na cor roxa.
4)
A ciência que estuda a língua e a linguagem é denominada Linguística. Desde o fundamento
da Linguística moderna, com Ferdinand de Saussure, diferentes concepções de língua
surgiram.
A) Uma das definições de língua comuns a todas as concepções é que língua e linguagem são
sinônimos.
C) A língua é eleita como objeto de estudo saussuriano por ser o lado individual, executável da
linguagem.
D) A língua seria entendida como um sistema que, por ser constante e social, seria passível de
análise.
E) A linguagem, em todas as suas dimensões, era pensada como uma estrutura analisável.
5) Pensar a língua enquanto conceito teórico é pensar em uma abstração, uma maneira de
observar seus funcionamentos por meio do modo como os falantes a empregam nas mais
variadas situações.
D) A concepção discursiva de língua é oposta aos estudos de Benveniste, pois concebe a língua
apartada do sujeito.
Segundo Ingles e Godoy (2013), é necessário que o professor realize práticas pedagógicas
diferenciadas, que auxiliem na reconstrução das "práticas de leitura que os alunos trazem das
diversas linguagens a que estão expostos".
Refletindo sobre a predominância do verbal sobre o não verbal, Ana, professora das disciplinas de
Língua Portuguesa e Literatura, no ensino médio, desafiou os alunos dela a elaborarem uma
esquematização visual do conteúdo trabalhado naquele trimestre como forma de avaliação.
Os alunos foram divididos em grupos e deveriam utilizar as linguagens verbal e não verbal de forma
mista e equilibrada, ou seja, não poderia haver predomínio de uma sobre a outra para elaborar a
sistematização do movimento literário Romantismo.
Outro tópico avaliado pela professora foi a ligação do conteúdo com as imagens escolhidas,
devendo abordar, ainda, os principais autores, as obras, as características e o contexto histórico do
movimento literário.
Veja a análise, realizada pela professora, dos esquemas elaborados pelos grupos de Joana e Pedro.
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