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Marcadores de coerência e coesão

discursiva

Apresentação
O texto é uma unidade linguística e semântica voltada para a comunicação (GARCIA, 2011). Sua
conceituação é derivada do latim textum, cuja origem é a mesma do vocábulo “tecido”. Entendido,
então, como uma tessitura de palavras e ideias integradas em um todo, resultado da seleção lexical
que o falante faz ao construir uma unidade textual (KOCH, 2010), o texto é essa bela edificação de
sentidos a serviço da boa comunicação.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar um pouco mais sobre os marcadores discursivos,
que garantem os processos de coesão e coerência, sendo responsáveis não só por operar a
conexão sintática dos termos, mas também, muito mais que isso, por alinhavar semanticamente as
partes do texto.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar a importância dos marcadores de coerência e coesão discursiva para a construção e


interpretação textual.
• Descrever os marcadores discursivos e sua função no desenvolvimento da coerência textual.
• Definir os marcadores discursivos relacionados à construção da coesão textual.
Infográfico
A língua é um código verbal característico. Trata-se de um conjunto de palavras e combinações
específicas compartilhado por determinado grupo. O ato comunicativo é essencialmente
comprometido com a compreensão. Quando você é compreendido por alguém, é possível afirmar
que há comunicação.

Neste Infográfico, você vai estudar um pouco mais sobre os marcadores discursivos, grupo de
palavras responsável pela coesão dos enunciados e pela comunicação efetiva entre os falantes.
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Conteúdo do livro
A palavra "texto" vem do latim textum, que quer dizer tessitura. Para que todos os fios dessa
tessitura estejam bem unidos e belamente emaranhados, formando um todo harmônico que atenda
às exigências da boa comunicação, é necessário que as ideias estejam bem entrelaçadas. Estas se
encaixariam, ainda, analogamente às peças de um grande quebra-cabeça, cujas partes se
constituem em cadeias textuais (KOCH, 2010), com termos que funcionam como elos, denominados
marcadores discursivos, conectores, elementos coesivos, operadores argumentativos, responsáveis
por prender uma peça à outra, adicionando, para além da função sintática, carga semântica decisiva
para a construção da enunciação.

No capítulo Marcadores de coerência e coesão discursiva, da obra Morfossintaxe II, você vai
estudar um pouco mais sobre os marcadores discursivos, suas funções e seu papel na construção
dos textos.
MORFOSSINTAXE II

Francisco De Souza Gonçalves


Marcadores de coerência
e coesão discursiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar a importância dos marcadores de coerência e coesão discur-


siva para a construção e interpretação textual.
„„ Descrever os marcadores discursivos e sua função no desenvolvimento
da coerência textual.
„„ Definir os marcadores discursivos relacionados à construção da coesão
textual.

Introdução
O repertório dos marcadores discursivos é vasto, composto por elementos
correntes em nosso dia a dia. Trata-se de uma classe funcional heterogênea
formada por elementos provindos de classes morfológicas diversas. Os
marcadores do discurso têm como missão vincular fragmentos textuais,
garantindo a transição entre eles e, consequentemente, a coesão textual.
Os marcadores discursivos são, além disso, responsáveis por manifestar
a relação semântico-pragmática que se estabelece entre os elementos
que ligam.

Caracterização dos marcadores discursivos


A pragmática é o campo dos estudos linguísticos que busca abordar a linguagem
sob a perspectiva de sua práxis, isto é, debruça-se sobre a instrumentalização
concreta desta pelos falantes, levando em conta os seus diversos contextos.
Ela investiga as relações entre a significação das palavras, a atuação dos
interlocutores e o contexto.
2 Marcadores de coerência e coesão discursiva

Os elementos que entram em conexão através de um marcador discursivo


são diversos, ele pode estabelecer uma relação entre frases, entre conjuntos
de sentenças dentro de um parágrafo e até entre parágrafos inteiros. Também
é possível que o marcador discursivo introduza um elemento linguístico que
se conecte a um evento extralinguístico (LOUREIRO; CARAPINHA; PLAG,
2017).
Todavia, a função dos marcadores discursivos não é só integrar estruturas
sintaticamente, como fazem as conjunções, mas tornar explícitas as relações
semânticas e pragmáticas que são estabelecidas entre as unidades textuais que
elas colocam em relação. A tradição linguística considerava que os elementos
que compunham a classe funcional dos marcadores discursivos eram explícitos,
isto é, eram tratados como elementos gramaticais sem qualquer função.
Modernamente, entretanto, os estudos sobre análise do discurso, linguística
textual e pragmática têm destacado que os marcadores discursivos desempe-
nham diferentes funções, tendendo a explicitar: a relação entre afirmações
ou pares de afirmações e até as relações entre orador e ouvinte (KOCH, 1990,
2010).
O termo marcador discursivo parece prevalecer na bibliografia contem-
porânea; entretanto, essas partículas receberam nomenclaturas diferentes ao
longo do tempo. Assim, até o início do século XXI, eles foram denominados
em termos gerais: expressões de preenchimento, inclinações lexicais. Mas
também aplicaram nomes que se referiam ao seu funcionamento extraoracional:
partículas extradiscursivas, ordenadores discursivos, operadores conjuntivos,
operadores textuais, suportes de conversação, links temáticos, conectores de
parágrafo, conectores extrafala, operadores pragmáticos, operadores discur-
sivos, partículas discursivas.
Os marcadores discursivos são elementos com um significado processual.
Ou seja, codificam uma instrução destinada a orientar a interpretação do texto
em que aparecem, funcionam como elementos coesivos, sem função sintática:
constituem elos supravocais especializados em coesão textual e favorecem a
interpretação de enunciados (OLIVEIRA, 2012). Do ponto de vista morfológico,
os marcadores discursivos são caracterizados por serem unidades linguísticas
invariáveis, pertencentes a diversas categorias gramaticais (FÁVERO, 1991).
Não há unanimidade ao estabelecer uma classificação e categorização para
os marcadores discursivos. Em grande medida, a dificuldade se dá por tentar
definir, como classe categorial, o que é uma classe funcional.
Marcadores de coerência e coesão discursiva 3

Os elementos que funcionam como marcadores discursivos provêm de


diferentes classes de palavras, nem sempre bem estabelecidas nas taxonomias
gramaticais existentes. O que eles compartilham é uma função. Formando,
assim, uma classe funcional, não categorial, ou seja, o que os une não é a
categoria gramatical à qual pertencem, mas a função que desempenham
(FÁVERO, 1991).
As classificações existentes dos marcadores discursivos são frequentemente
baseadas em listas muito exaustivas que tentam capturar todas as nuances
significativas expressas pelos marcadores discursivos. Outros, no entanto,
tentam fazer agrupamentos gerais, como Loureiro, Carapinha e Plag (2017).
Então eles distinguem entre: estruturas da informação, conectores, reformu-
ladores, operadores, marcadores de conversação.

Classificação dos marcadores discursivos


„„ Estruturadores da informação: elementos que permitem organizar a
informação dentro do texto.
■■ Comentadores: bem.
■■ Computadores: primeiro/segundo; por um lado/por outro lado;
de um lado/de outro lado.
■■ Digressores: a propósito, para tudo isso, a propósito disso.

„„ Conectores: aparecem ligando um elemento de enunciação a outro,


anterior, jungido a uma suposição contextual.
■■ Aditivos: também, acima, aparte, par.
■■ Consecutiva: portanto, consequentemente, de lá, então, bem, assim.
■■ Contra-argumentativo: pelo contrário, porém, no entanto, contudo.

„„ Reformuladores: especializados em introduzir uma nova formulação


do que foi dito no discurso anterior.
■■ Explicativos: isto é, ou seja.
■■ De retificação: melhor dito, melhor ainda, sim.
■■ Distanciamento: em qualquer caso, de qualquer maneira.
■■ Recapitulativos: em suma, em conclusão, enfim, afinal.
4 Marcadores de coerência e coesão discursiva

„„ Operadores: marcadores que não conectam duas unidades e que determi-


nam as possibilidades discursivas do segmento em que estão incluídos.
■■ Operadores de reforço argumentativo: na verdade, basicamente,
de fato.
■■ Operadores de realização: por exemplo, em particular.

„„ Marcadores de conversação: típicos da linguagem de conversação.


■■ De modalidade epistêmica: claro, óbvio, aparentemente.
■■ De modalidade deôntica: bom, mau, valor.
■■ Enfocadores da alteridade: homem, olhar, ouvir.
■■ Metadiscursivos de conversação: bom, eh, isso.

Há, ainda, outras categorizações, que baseiam sua tipificação nos elemen-
tos que intervêm na fala, ou seja, falante, ouvinte e discurso (LOUREIRO;
CARAPINHA; PLAG, 2017).
A posição dos conectores dentro dos marcadores discursivos ainda é de-
batida (OLIVEIRA, 2012). Para alguns autores, os conectores são um sub-
conjunto dos marcadores de discurso, mas outros circunscrevem-nos ao nome
do marcador de discurso que é chamado marcador de conversação, ou seja,
elementos vazios de conteúdo, muitas vezes monossilábicos (eh, bom, sim),
que funcionam na interação conversacional.
Também não é fácil estabelecer limites claros entre os elementos que
compõem a classe de marcadores discursivos. Nem entre estes e outros tipos
de palavras, como, por exemplo, conjunções. Assim, por exemplo, a diferença
entre conjunções e conectores é estabelecida pelo escopo de ambos. As con-
junções têm o escopo das sentenças. Os conectores, por outro lado, vinculam
sentenças ou parágrafos. Mas na prática não é fácil manter essa distinção.
Assim, as conjunções e/ou, admitem usos que as colocam no campo dos
marcadores discursivos, vejamos os exemplos:

1. — Ontem Lola me disse que queria separar.


— O que você disse?
2. Diga de uma vez. Ou é que você tem medo dele?

Em (1), o que marca a continuidade em relação à primeira afirmação,


propriedade característica dos marcadores discursivos, e em (2), ou introduz
uma justificativa argumentativa. Assim, as conjunções podem ter um funcio-
namento discursivo que as liga aos marcadores do discurso.
Marcadores de coerência e coesão discursiva 5

O esquema que se segue, baseado em Castilho (2010) e em Fávero (1991),


ilustra a questão com clareza.

„„ Marcadores de estruturação da informação: com função de ordenar a


informação: por um lado, por outro lado, em primeiro lugar, após, antes,
depois, em seguida, seguidamente, até que, por último, para concluir.

„„ Marcadores reformuladores: reformular o discurso, explicando-o ou


retificando-o: ou seja, isto é, quer dizer, por outras palavras, quer
dizer, ou melhor, dizendo melhor, ou antes, como se pode ver, é o
caso de, como vimos, quer isto dizer, significa isto que, não se pense
que, pelo que referi anteriormente.

„„ Operadores discursivos: servem para reforçar e concretizar ideias: de


fato, na verdade, na realidade, com efeito, por exemplo, efetivamente,
note-se que, atente-se em, repare-se, veja-se, mais concretamente, é
evidente que, a meu ver, creio que, em nosso entender, certamente,
decerto, com toda a certeza, naturalmente, evidentemente, pretende-
mos, em outras palavras, ou melhor, ou seja, em resumo, em suma.

„„ Marcadores conversacionais ou fáticos: prestam-se a gerir a relação


entre os interlocutores: ouve, olha, presta atenção.

O segundo tipo que Castilho (2010) enumera são os conectores ou articu-


ladores, que têm como função articular, conectar, ligar grupos de palavras;
unir frases simples, formando frases complexas; estabelecer nexos lógicos
entre períodos e parágrafos, de modo a construir textos coesos e coerentes.
Os conectores podem ser classificados com funcionalidades lógicas distintas,
de acordo com o contexto de uso.

„„ Aditivos: agrupar, adicionar ideias, segmentos, sequências, informação:


e, nem (negativa), bem como, não só… mas também, além disso, mais
ainda, igualmente, ainda.
„„ Alternativos/exclusão: apresentar opções, alternativas: ou, ou…
ou, ora… ora, seja… seja, alternativamente, em alternativa,
opcionalmente.
„„ Contrastivos: indicar uma oposição, um contraste: mas, porém, todavia,
contudo, no entanto, contrariamente, pelo contrário.
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„„ Concessivos: negar o efeito, a conclusão; exprimir uma concessão:


embora, ainda que, mesmo que, conquanto, apesar de, malgrado,
não obstante, mesmo assim, ainda assim.
„„ Temporais: exprimir relações de tempo entre os segmentos do texto/
discurso: quando, mal, assim que, logo que, enquanto, entretanto,
depois que, desde que, antes de, mais tarde, ao mesmo tempo.
„„ Finais: traduzir o fim, a intenção, o objetivo: para (que), a fim de, a
fim de que, de modo/forma a, com o objetivo de.
„„ Comparativos: exprimir uma comparação: como, tal como, assim como,
bem como, também, mais/menos do que.
„„ Causais: exprimir a causa, a razão: porque, visto que, dado que, como,
uma vez que, já que.
„„ Condicionais: introduzir hipóteses ou condições: se, caso, desde que,
a não ser que, contanto que.
„„ Consecutivos: exprimir a ideia de consequência, resultado, efeito: por
isso, daí que, de tal forma… que, tanto… que, tal… que, tão… que.
„„ Conclusivas: expressar uma conclusão, uma inferência (dedução lógica
a partir do já exposto): portanto, assim, logo, por conseguinte, con-
cluindo, para concluir, em conclusão, em consequência, daí, então,
deste modo, por isso, por este motivo.
„„ Completivos: completar o sentido do núcleo do grupo verbal: que, se,
para.
„„ Confirmativos ou exemplificativos: documentar, exemplificar:
por exemplo, ilustrativamente, documentando, exemplificando.

Pelos exemplos apresentados, não só preposições, conjunções, advérbios e


expressões que lhes sejam equivalentes, desempenham a função de conectores
do discurso. De fato, também os adjetivos, numerais (primeiro, segundo,
terceiro) e as formas verbais impessoais (também chamadas de não finitas/
gerundivas, como sintetizando, prosseguindo, concluindo, recapitulando)
ou infinitivas antecedidas de preposição (para começar, para concluir, a
seguir, a encerrar), também podem funcionar como tal.
Finalmente, é possível concluir que um texto não é uma soma arbitrária
de palavras ou frases, mas um todo coeso, coerente e estruturado, isto é, um
conjunto de elementos interligados de acordo com uma sequência e com as
regras gramaticais da língua portuguesa.
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Marcadores discursivos e coesão textual


Os marcadores discursivos contribuem para a coesão de um texto (oral ou
escrito), englobando diversos elementos linguísticos. Eles não desempenham
qualquer função sintática na frase, mas permitem estabelecer conexões entre
enunciados, de modo a construir um discurso coeso e coerente. Fazem parte
dos marcadores discursivos os conectores, que englobam elementos linguís-
ticos pertencentes a diferentes classes de palavras (conjunções, advérbios,
interjeições, palavras denotativas).
A coesão integra um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e
qualquer texto. Os marcadores discursivos são estes elementos com o objetivo
de promover a materialização da mensagem do emissor de forma clara e precisa
para o receptor: eles funcionam como os principais operadores coesivos no ato
comunicativo, decisivos para a atribuição de coesão e coerência às edificações
textuais. Atuando, ativamente, no processo de construção de enunciados que
facultam a comunicação entre os falantes. Exemplo:

“Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir,
também não deixa olhos para chorar (…)” (ASSIS, 1994, documento
on-line)

Esta, que e também são marcadores discursivos, através deste exemplo


podemos avaliar o quão importantes são para estabelecer a coesão na enun-
ciação, dado que marcam uma sequência de ideias. Vejamos:

1. Esta é a grande vantagem da morte.


2. [A morte] Que não deixa boca para rir, não deixa olhos para chorar.
3. [a morte, que, se não deixa boca para rir] também não deixa olhos
para chorar.

Constatamos que os marcadores discursivos, em (1), (2) e (3), provêm de


classes gramaticais diversas. Além de estabelecer ligação entre os termos,
o valor destes operadores agrega peso semântico decisivo para a enunciação.
As ideias veiculadas no enunciado se organizam estabelecendo relações
que atuam na construção do sentido. A seleção dos marcadores discursivos
corretos, na costura dos significados, é essencial para a construção de textos
mais coesos e coerentes, sendo estes operadores discursivos instrumentos
imprescindíveis para a fluidez dos enunciados uma vez que além de os ligarem
atribuem logicidade, coesão e, por conseguinte, coerência, aos textos.
8 Marcadores de coerência e coesão discursiva

ASSIS, M. de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: http://
www.machadodeassis.ufsc.br/obras/romances/ROMANCE,%20Memorias%20Postu­
mas%20de%20Bras%20Cubas,%201880.htm. Acesso em: 19 mar. 2019.
CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11. ed. São Paulo: Ática, 1991.
KOCH, I. G. V. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1990.
KOCH, I. G. V. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
LOUREIRO, A. P.; CARAPINHA, C.; PLAG, C. (org.). Marcadores discursivos e(m) tradução.
Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. Disponível em: https://digitalis-
dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/43261/1/Marcadores.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
OLIVEIRA, I. G. O uso de marcadores discursivos em textos redacionais. 2012. Dissertação
(Mestrado em Linguística) — Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. Disponível
em: http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/8374/1/Ilana%20Gomes%20
Oliveira.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.

Leituras recomendadas
ATALIA, M. Nossa vida. Época, São Paulo, 23 mar. 2009.
CAMARA JÚNIOR, J. M. Estrutura da língua portuguesa. 36. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
CEGALLA, D. P. Nova minigramática da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 2004.
CUNHA, A.; ALTGOTT, M. A. A. Para compreender Mattoso Câmara. Petrópolis: Vozes, 2004.
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a
pensar. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
Dica do professor
Os marcadores discursivos aparecem providos de roupagens muito diversas nas criações escritas e
têm como função primordial atrelar diferentes partes de um texto, a fim de garantir que a transição
entre estas se dê de forma clara e que os sentidos se mantenham da forma como deseja o emissor.
São eles que se responsabilizam por manifestar a relação semântico-pragmática que deve ser
estabelecida entre os elementos que ligam.

Na Dica do Professor, você vai aprender algumas técnicas para reconhecer e isolar esses elementos
provindos de classes morfológicas tão diversas com menos dificuldade e, por conseguinte, vai ser
capaz de analisar os enunciados de maneira mais prática.

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Exercícios

1) Os marcadores discursivos são decisivos para a atribuição de coesão e coerência às


edificações textuais, atuando ativamente no processo de construção de enunciados que
facultam a comunicação entre os falantes. Leia a sentença com atenção e assinale a
alternativa que completa a lacuna, mantendo as exigências de coesão e coerência:

“Todos querem _______ nós estejamos prontos em breve para o trabalho.”

A) pois

B) desde

C) que

D) maior que

E) quando

2) Vários termos provindos de classes gramaticais diversas exercem função de marcadores


discursivos. Além de estabelecer ligação entre os termos, o valor semântico desses
operadores agrega peso de significação decisivo para a enunciação. Em O mundo é grande,
Drummond lançou mão de alguns recursos estilísticos, como a sistemática reiteração de
sintagmas, expressões linguísticas e, especialmente, do marcador "e".

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe


Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.

(Carlos Drummond de Andrade)

Levando isso em conta, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta para a
seguinte pergunta: Que relação seria expressa se a conjunção "e" fosse substituída pelo
marcador discursivo "mas"?
A) Oposição.

B) Alternância.

C) Finalidade.

D) Comparação.

E) Conclusão.

3) As ideias veiculadas no enunciado se organizam estabelecendo relações que atuam na


construção do sentido. A seleção dos marcadores discursivos corretos, a fim de costurar os
significados, é essencial para a construção de textos mais coesos e coerentes. Leia o texto
abaixo:

Ariana Grande utilizou seu perfil no Twitter para fazer um desabafo sobre a objetificação
feminina. A cantora revelou que estava com seu namorado, o rapper Mac Miller, quando foram
abordados por um fã que fez comentários bastante desagradáveis.

Grande disse que o fã se aproximou do carro em que o casal estava e disse que gostava do rapper.
“Ele estava muito empolgado e eu estava achando fofo até que ele falou: ‘A Ariana é muito sexy,
consigo ver você pegando ela’”, afirmou.

Além disso, a artista declarou que se sentiu muito ofendida e objetificada e que são momentos
como esse que fazem as mulheres se sentirem inadequadas: “Não sou um pedaço de carne que um
homem utiliza para seu prazer. Eu sou um ser humano adulto em um relacionamento com um
homem que me trata com amor e respeito. [...] Nós não somos objetos ou prêmios. Nós somos
rainhas”.

(João Pinheiro)

O que pode ser identificado no fragmento? Marque a alternativa correta.

A) A expressão “além disso” marca uma sequenciação de ideias.

B) O conectivo “quando” inicia oração que exprime ideia de contraste.

C) A locução “em que” retoma coesivamente o substantivo "fã”.

D) A locução “e que”, em “se sentiu muito ofendida e objetificada e que são momentos como
esses que fazem as mulheres se sentirem inadequadas”, introduz uma generalização.

E) O termo “e”, em "ele estava muito empolgado e eu estava achando fofo", exprime oposição.
4) Os marcadores discursivos são instrumentos imprescindíveis para a fluidez dos enunciados.
Além de ligarem os enunciados, são importantes para atribuir coesão e coerência aos textos.
A partir da leitura do texto abaixo, assinale a opção que preenche as lacunas de forma coesa
e coerente.

A rapper Cardi B saiu consagrada da 61.a edição do Grammy Awards.

______________ perdido a oportunidade de levar quatro dos cinco gramofones dourados para os
quais foi indicada, ela fez história para a Academia. Isso porque a rapper levou para casa o
prêmio de Melhor Álbum de Rap, graças ao seu Invasion of Privacy.

Ao ganhar de quatro homens, Cardi se consagrou como a primeira artista solo mulher a ganhar a
categoria. Diz-se artista solo, pois, em 1997, o grupo The Fugees, trio formado por dois homens e
uma mulher, ganhou a estatueta da mesma categoria, sem que a cantora Lauryn Hill levasse todo
o destaque. A cerimônia de 2019 marcou, assim, a primeira vez que a visibilidade se voltou
totalmente a uma mulher.

Emocionada, ao ser anunciada como vencedora durante a cerimônia, Cardi B subiu ao palco junto
ao seu marido Offset, _____________ esteve de mãos dadas. Ao alcançar o microfone, ela
comentou sobre o período de sua gravidez, que interferiu na produção do álbum.

(Pedro Henrique Pinheiro)

A) Portanto – de que

B) Não obstante – com quem

C) De maneira que – a que

D) Quando – de que

E) Porquanto – ao que

5) Os marcadores discursivos, também denominados operadores discursivos, são elementos de


extrema importância para a coerência e a coesão do parágrafo. A coerência organiza a
sequência de ideias, de modo que o leitor perceba facilmente qual a importância delas
dentro do parágrafo: ser coerente é ser organizado. A coesão, por sua vez, se relaciona à
adequação entre ideias e vocábulos.

Assinale a alternativa em que os marcadores discursivos encontram-se corretamente


empregados.

A) As meninas de rua estarão mais seguras e saudáveis num internato suíço, logo mais tristes.
B) Se Deus quiser, a abadessa tomará a melhor decisão, mas Deus a inspirará.

C) O princípio da insensatez é a falta de cuidado com os detalhes; entretanto, o detalhista nunca


é visto como sensato, porém como chato.

D) Oxalá os homens tivessem bom senso, embora soubessem silenciar!

E) Francisco desfez-se de todos os seus despojos, todavia desejava abraçar a pobreza.


Na prática
Os marcadores discursivos, também conhecidos como marcadores argumentativos, articuladores
textuais, elementos coesivos, entre outros, são certos elementos da língua, explícitos na própria
estrutura gramatical da frase, cuja finalidade é indicar a argumentatividade dos enunciados. Eles
introduzem variados tipos de argumentos. As palavras que funcionam como marcadores discursivos
são os conectivos, os advérbios e outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram
em nenhuma das dez categorias gramaticais. Por sua apresentação multiforme, muitas vezes são de
difícil detecção.

A seguir, você vai compreender um pouco mais como a atuação dos marcadores discursivos se
operacionaliza na prática.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Coerência, coesão e texto na sala de aula: o essencial é invisível


aos olhos?
A tese de doutorado de Osvaldo Oliveira Júnior traz uma análise sobre coerência e coesão e como
estas se encontram implicadas nas atividades de leitura e de escrita desenvolvidas em sala de aula.

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Coesão textual - Língua portuguesa


Neste vídeo, o professor Sidney Martins aprofunda as discussões sobre coesão e coerência,
focando no modo como o bom uso desses elementos promove uma melhor comunicação.

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