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A importância da Língua Portuguesa no

ensino superior

Apresentação
Nesta unidade refletiremos sobre a importância de se estudar a Língua Portuguesa no ensino
superior, concebendo-a como um suporte para o aprendizado de demais disciplinas. Além disso,
discutiremos sobre as principais concepções de gramática e contemplaremos o estudo gramatical
como subsidiário da construção e aprimoramento das competências linguística e textual.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar a importância de se estudar português nos cursos superiores;


• Analisar as concepções de gramática;
• Entender as concepções de gramática como forma de integrar o ensino de gramática ao
ensino de produção de texto e ao ensino do vocabulário.
Desafio
Estudo realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), de janeiro a maio deste ano, mostra que
40% dos candidatos a uma vaga de estágio foram reprovados nos testes de redação e no ditado. Os
erros mais comuns são as trocas do x pelo z, do s pela cedilha e acentuação errada. Alguns dos
candidatos cometem vários erros em uma só palavra. (JORNAL HOJE, 2012).

O mundo está cada vez mais veloz e as informações devem fluir de forma clara e objetiva, assim
erros gramaticais ou ortográficos podem depor contra a imagem de um profissional. Dessa forma,
melhorar a utilização do português na forma falada ou escrita tem sido o foco de muitas empresas,
que chegam até mesmo a fornecer cursos de reciclagem aos seus funcionários, que apesar de
graduados, apresentam dificuldades de adequar sua modalidade de uso da língua portuguesa ao
local de trabalho e às necessidades do ambiente corporativo. Consideram que a língua portuguesa é
essencial ao exercício de qualquer profissão e que, além disso, é cabal para o aprendizado de
demais disciplinas e consolidação de competências e habilidades, como o desenvolvimento do
raciocínio lógico e argumentativo.

Agora, elabore um texto, de até 20 linhas, descrevendo uma situação de erro de português (falado
ou escrito) de um profissional recém-formado. Ao redigir seu texto, considere também:
a) descrição do ambiente de trabalho e atividades nele desenvolvidas;
b) detalhamento do erro cometido pelo funcionário e as consequências desse erro;
c) o desenrolar dos acontecimentos após o erro de português do funcionário.

Faça uso do padrão formal da língua portuguesa e correção ortográfica.


Infográfico
No infográfico a seguir, você poderá observar de forma dinâmica e sintética por que o estudo da
Língua Portuguesa no ensino superior faz-se necessário.
Conteúdo do livro
O estudo da Língua Portuguesa no ensino superior deve funcionar como subsidiário à aquisição de
novos conhecimentos, devendo ser entendido pois, como uma ferramenta que é capaz tanto de
sanar determinadas lacunas que o aluno ainda possua com relação à utilização da língua, bem como
proporcionar suporte para o aprendizado de novas disciplinas.

Para nos apropriarmos do conhecimento relativo a esta Unidade de Aprendizagem, estude


atentamente a seção do livro Fundamentos de Português.
utores consagrados >> presentação didática >> bordagem sucinta >> Chancela Grupo

O melhor conteúdo
para cada disciplina
de graduação

ROBERTA AZEVEDO
A993p Azevedo, Roberta.
Português básico [recurso eletrônico] / Roberta
Azevedo. – Porto Alegre : Penso, 2015.
e-PUB
Editado como livro impresso em 2015.
ISBN 978-85-8429-055-0
1. Português - Fundamentos. I. Título.

CDU 811.134.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


1
A língua portuguesa
no ensino superior
1
>> A INFLUÊNCIA do estudo da língua portuguesa em outras disciplinas.
>> As DIFERENÇAS entre as concepções de gramática: normativa, des-
critiva e internalizada.
A LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR 5

POR QUE ESTUDAR PORTUGUÊS NO ENSINO SUPERIOR


O estudo da língua portuguesa no ensino superior tem se mostrado cada vez mais
importante, pois nem sempre ao ingressar em um curso de graduação o aluno apre-
senta domínio das competências e habilidades necessárias para ler, interpretar e
produzir textos dos mais diferentes gêneros, com os quais irá se deparar durante a
vida acadêmica. Assim, a adoção desta disciplina cumpre a função de suprir algumas
lacunas de aprendizado que o aluno não adquiriu no ensino médio. Assim, esta disci-
plina tem como objetivo retomar os conteúdos que deveriam ter sido aprendidos no
ensino médio, preenchendo, assim, possíveis lacunas no aprendizado.

Convém destacar ainda que o estudo de uma língua e de seus mecanismos de funcio-
namento nunca se esgota, pois, como um organismo em constante transformação,
requer estudos frequentes que sejam capazes de propiciar ao educando instrumen-
tos para análise e reflexão contínua. Dessa forma, estará apto a desenvolver novas
habilidades, tornando-se um falante/leitor/escritor cada vez mais competente na uti-
lização de sua língua em diversas situações de comunicação orais ou escritas.

O estudo da língua portuguesa no ensino superior fun-


ciona como suporte para o aprendizado de outras disci-
plinas. E para compreender melhor esse assunto, vale a
pena ler a matéria reproduzida a seguir que foi publicada
na Revista Língua Portuguesa, em abril de 2012.

APOIO ESTRATÉGICO

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA É VITAL AO DE-


SENVOLVIMENTO DE OUTRAS DISCIPLINAS
– Deonísio da Silva

Na década de 1980, o então presidente do Brasil


José Sarney lançou o Plano Cruzado, com o objetivo
de combater a inflação e estabilizar a economia. Um
cidadão de Curitiba, à pergunta se a situação tinha
melhorado, vacilou, tremeu os lábios, gaguejou um
pouco e disse: “está piorando menos”.
Fonte: VLADGRIN/iStock/Thinkstock.
6 português básico

É o que está ocorrendo com o nosso ensino. Ainda é ruim em muitos níveis e áreas? É.
Mas está piorando menos. Há vários indicadores dessas melhoras e uma delas é que
agora temos uma universidade, a USP, entre as 70 mais importantes do mundo. É
pouco ter uma única universidade brasileira entre as cem mais? É. Mas está piorando
menos.

Ainda temos sérias deficiências, apesar de passos decisivos dados nas direções corre-
tas, tanto no setor público como no privado. Boa parte dos médicos mais qualificados
dos hospitais referenciais do Brasil estudou em escolas públicas, o mesmo acontece nos
concursos para ocupação de carreiras de Estado e nos postos gerenciais de empresas.

Nessas mudanças, o ensino da disciplina de língua portuguesa cumpre função es-


tratégica. Os professores de qualquer outra matéria alcançam mais facilmente os
objetivos traçados nos projetos pedagógicos se, além deles próprios, os alunos são
bons em português!

É comum que haja prejuízos mútuos no processo de ensino e aprendizagem quando


proliferam erros constantes de ortografia e sintaxe. Na Medicina e no Direito, tais
equívocos podem matar o paciente ou levar o cliente para a cadeia, por exemplo. A
diferença entre veneno e remédio pode ser apenas uma letra. Por isso, o enfermeiro
que lê mal uma instrução do médico pode matar aquele que ambos querem salvar.

Apesar de erros ortográficos serem os mais fáceis de se perceber, os prejuízos da


falta de clareza e de lógica, tanto na fala como na escrita, se não são decisivos como
na Medicina e no Direito, são igualmente deploráveis. E por quê? Porque quem fala e
escreve sem clareza dá indícios de que ouve e lê pouco, e essa deficiência é caminho
para muitas outras.

Deonísio da Silva é escritor, doutor em letras pela USP, professor e vice-reitor de Cul-
tura e Extensão da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, membro da Acade-
mia Brasileira de Filologia.
Fonte: Revista Língua Portuguesa (2012).

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA
Por termos a gramática como objeto de estudo em nosso livro, devemos refletir
sobre o que se entende por gramática e como as suas concepções influenciam a
forma de concebermos a nossa língua. Além disso, é preciso aproveitar a oportu-
A LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR 7

nidade para estabelecer o que é saber gramática, bem como identificar o que é
considerado gramatical dentro dos parâmetros de cada concepção de gramática
que se adota.

Basicamente falando, segundo Travaglia (2002), é possível, nos estudos da língua,


identificar a presença de três concepções de gramática: normativa, descritiva e in-
ternalizada.

▶ Gramática normativa
Essa primeira concepção de gramática é pautada no mito de que somente fala ou
escreve bem aquele que domina com maestria as normas e regras de bom uso da
língua. Para os adeptos dessa concepção, a gramática é, portanto, um manual no qual
se encontram regras de bem falar e escrever que devem ser dominadas para que se
possa expressar o pensamento de forma proficiente.

Logo, somente serão considerados gramaticais, ou “corretos”, textos orais ou escri-


tos que estejam formulados de acordo com as regras prescritas nesse manual, que
tem como critério de elaboração a forma como especialistas e escritores consagra-
dos utilizam a língua.

Desse modo, é preciso ressaltar que essa concepção de gramática considera a


língua como um objeto invariável, imune às transformações da sociedade na qual
se desenvolve, pois reconhece como língua somente a variedade padrão. Assim,
as diversas variedades linguísticas existentes em nossa língua, como as variantes
regionais, históricas, sociais, etárias, entre outras, são consideradas “erradas” e
devem ser evitadas, o que colabora para que o preconceito linguístico se dissemine
em nossa sociedade.

Para os seguidores da corrente normativista, a gramática é vista como algo defini-


tivo, absoluto e, portanto, rígido, não aceitando construções comumente utilizadas
em algumas variedades da língua, como “Eu vi ele ontem” ou “Me empresta seu
caderno”.
8 português básico

▶ Gramática descritiva
A gramática descritiva analisa a forma, a
estrutura e o funcionamento da língua, com
destaque para sua utilização em situações
reais de comunicação. Logo, a gramática
descritiva não está preocupada com a uti-
lização da língua dentro dos padrões for-
mais, pois, antes de tudo, é considerado
gramatical aquilo que atende à comunica-
ção em determinada situação de interação
comunicativa. Fonte: joingate/iStock/Thinkstock.

Podemos afirmar, adotando a concepção descritiva de gramática, que frases como as


citadas anteriormente (“Eu vi ele ontem” e “Me empresta seu caderno”) podem ser
consideradas gramaticais em determinadas variedades e situações comunicativas de
nossa língua, já que na gramática descritiva as regras derivam do uso da língua e sua
função não é apontar erros, mas descrever como e por que certas estruturas utiliza-
das em determinadas situações comunicativas se formam.

Logo, a gramática descritiva é alvo de estudo de diversos linguistas que veem nela a
oportunidade de análise de estruturas gramaticais presentes nas variedades linguís-
ticas, como afirma Perini (2003, p. 31):

o estudo da gramática pode ser um instrumento para exercitar o raciocínio e a observa-


ção; pode dar a oportunidade de formular e testar hipóteses; e pode levar à descoberta de
fatias dessa admirável e complexa estrutura que é a língua natural.

▶ Gramática internalizada
A gramática internalizada se refere a um conjunto de regras que o falante domina
tacitamente e que regula a utilização de sua língua, em quaisquer variedades, nas
mais diversas situações comunicativas. Portanto, é possível afirmar que a gramática
internalizada é intrínseca a todo ser humano e se desenvolve com e por meio dos
contextos sociais nos quais o indivíduo se relaciona com seus pares.

Não existe, portanto, um livro “gramática internalizada”, pois ela se refere às regras
lexicais e sintático-semânticas que todos os falantes de uma determinada língua do-
A LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR 9

minam tanto conscientemente quanto operacionalmente e lançam mão durante o


processo comunicativo. Dessa forma, o erro linguístico deve ser substituído pela no-
ção de inadequação à situação comunicativa.

Observe que o exemplo a seguir, apesar de apresentar estrutura sintática e lexical


dentro dos padrões formais, não pode ser considerado gramaticalmente adequado
quando se tem em mente a gramática internalizada, já que fazendo uso do critério
semântico tal gramática invalida a oração abaixo.

O GATO BOTOU UM OVO ROSA.

Fonte: yael weiss/iStock/Thinkstock

A existência da gramática internalizada fica clara quando observamos que ne-


nhum falante proficiente da língua portuguesa brasileira, em uma situação formal
de comunicação, formularia enunciados como este. Sua competência comunica-
tiva regula a produção dos enunciados, possibilitando que se utilize a língua de
forma eficiente, de acordo com uma dada intenção comunicativa em determinado
contexto de uso.

Saber da existência de mais de uma concepção de gramática nos possibilita uma aná-
lise e uma reflexão mais eficazes acerca dos fenômenos que permeiam nossa língua.
Além, é claro, de evidenciar a relação entre nível de formalidade e contexto de uso,
deixando claro que, no âmbito acadêmico, é importante nos dedicarmos ao estudo da
norma culta do idioma. Como futuros profissionais graduados, é preciso que saiba-
mos utilizar com proficiência o nível formal da língua, já que no ambiente de trabalho
ele faz-se essencial.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
A seguir, você verá um vídeo que possui como finalidade consolidar o aprendizado sobre a
necessidade de estudo da Língua Portuguesa no ensino superior.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) A língua portuguesa no exercício profissional

Com a globalização, o mercado torna-se, cada vez mais exigente e apenas absorve aqueles
que forem qualificados em vários sentidos. Agora o que se pretende é um profissional que
saiba planejar, executar e divulgar o seu trabalho. Para isso, o profissional de hoje deve
saber, além de exercer bem seu ofício, uma ou duas línguas estrangeiras - sendo uma, com
certeza, o inglês e a outra que diga respeito à sua especialidade, como por exemplo: um
filósofo deve aprender alemão; um literato, francês e um economista, espanhol.

Ao contrário do que se pensa, não se pode deixar de lado a língua portuguesa, a não ser que
o profissional não trabalhe no Brasil, pois o que se vê é uma desvalorização de nossa língua
e, sobretudo, a banalização da modalidade escrita. Hoje há uma preferência por gráficos e
fotos, valorizam-se os números por não saberem organizar as letras.

No entanto, determinados profissionais utilizam-se da modalidade escrita para discriminar


tarefas, para expor ideias, divulgar pesquisas, propor negócios, etc. Nesse momento, o
domínio da língua padrão se faz necessário no mercado de trabalho.

É possível que um professor, um médico, um biólogo, um engenheiro ou um físico, entre


outros, sejam chamados a fazer um seminário, uma palestra, ou mesmo dar um curso;
também na área tecnológica, um webdesigner, ou um programador, pode ser solicitado à
elaboração de relatórios mensais, principalmente se esses trabalham para um cliente que,
eventualmente, procura saber o andamento de seu investimento, como no caso de um site
de uma empresa de grande porte. (BARRETO, [s.d])

Assinale a alternativa que se relaciona com o conteúdo do texto acima:

A) Dominar a norma culta da língua portuguesa é muito importante para o sucesso de


profissionais de todas as áreas.

B) O português é um idioma muito complexo e por isso não sabemos utilizá-lo de maneira
correta.

C) Ter um bom desempenho na utilização da língua inglesa é mais importante do que dominar a
utilização da norma culta da língua portuguesa.

D) A linguagem escrita não faz parte da vida cotidiana dos profissionais recém-graduados,
portanto para obter sucesso profissional não é preciso dominá-la.
E) A utilização equivocada da língua portuguesa na modalidade falada não causa transtornos no
ambiente profissional.

2) Sabendo da importância de se estudar a Língua Portuguesa no ensino superior, assinale a


alternativa que elenca os objetivos de se estudá-la no cursos de graduação:

A) Aprender a ler e a escrever.

B) Ampliar competências e habilidades linguísticas, textuais e gramaticais.

C) Desenvolver a modalidade falada da língua portuguesa.

D) Ampliar habilidades de construção de textos incoerentes.

E) Desenvolver a competência de correção ortográfica, a fim de se tornar um revisor de textos.

3) Juliana foi convocada para uma entrevista de emprego.


Como já havia afirmado na entrega do currículo, Juliana volta a ponderar que fala
fluentemente a língua inglesa, espanhola, russa e italiana.
O funcionário encarregado da entrevista se surpreende com as habilidades linguísticas de
Juliana, chegando até mesmo a desconfiar delas. Pede, então que ela comente sobre suas
habilidades de escrita na Língua Portuguesa, ao passo que Juliana responde:
- Aí, vareia!!
A história relatada anteriormente refere-se a uma dificuldade presente em grande parte dos
estudantes de um curso superior. Essa dificuldade é:

A) Domínio de vários idiomas.

B) Falar em público.

C) Expressar o pensamento.

D) Escrever artigos.

E) Domínio da norma culta da língua portuguesa.

4) Para responder à questão, leia o texto a seguir:

Escrever é sobretudo comunicar

Pai, o professor baixou a nota da minha redação porque usei "mormente" em vez de
"sobretudo".
- Bem feito! Eu lhe disse para não sair desprotegido nesse tempo frio!

Levei esse diálogo para a classe porque um aluno tinha usado "mormente" numa redação.
Foi nesta passagem: "As manifestações que tomaram conta do Brasil deviam interessar
mormente aos excluídos."

"Mormente" é o mesmo que "sobretudo", de modo que o estudante não falhou quanto à
semântica; apenas se mostrou um tanto pedante. A palavra que ele escolheu tem um ranço
formal, bacharelesco, que afasta ou desorienta o leitor comum. Uma prova disso é a resposta
que o pai deu ao filho.

O diálogo acima é uma anedota. Como geralmente ocorre nos textos de humor, o riso
decorre de uma confusão de sentidos - no caso, a confusão que o pai faz entre dois
homônimos: "sobretudo" é advérbio e também substantivo (neste caso, significa "casaco que
serve de proteção contra o frio e a chuva").

Mas não bastou isso para gerar a ambiguidade que levou ao efeito humorístico. A
homonímia seria insuficiente caso não houvesse a polissemia do verbo "usar", que significa
tanto "empregar" quanto "vestir" (além de outros sentidos que o dicionário registra). Se o
menino tivesse dito ao pai que o professor baixou a nota porque ele escrevera (e não
"usara") "mormente", o pai não teria feito a confusão. Não lhe ocorreria considerar
"mormente" um tipo de casaco, mas o velho continuaria ignorando o que esse vocábulo quer
dizer.

Se alguma coisa a anedota ensina, é que é melhor evitar palavras difíceis, pouco usuais. Além
do ar pernóstico que dão ao texto, elas deixam o leitor no ar ou o levam a deduzir sentidos
absurdos, a partir de falsas aproximações. Isso em nada favorece a leitura.
Ao comentar a redação, perguntei à turma o que queria dizer "mormente". Quase ninguém
sabia. O autor da frase era então uma ave rara. Louvei seu hábito de consultar o dicionário,
que é fundamental para ler e escrever bem; esse hábito o colocava à frente dos outros. Mas
o adverti de que a boa erudição é a que não transparece de forma ostensiva. O primeiro
dever de quem escreve é se comunicar, por isso o texto deve estar ao alcance de todos. Até
de um pai que não sabe distinguir um advérbio de uma peça do vestuário. (VIANA, [s.d])

No texto acima fica claro que além de dominar o padrão culto de nossa língua devemos
também:

A) Adequar a linguagem ao contexto de uso e aos interlocutores.

B) Evitar o preconceito linguístico.

C) Produzir textos tendo como base sempre o padrão culto/formal da língua.

D) Produzir textos sem a preocupação da utilização do padrão culto da língua.


E) Ser um falante proficiente em nossa língua.

5) Joãozinho se dirige à professora de português e pergunta:


- Intão fessora, quais é minha nota?
A professora, se exalta:
- Como?
- Quais é minha nota?- repete Joãozinho.
- Quais são as minhas notas, Joãozinho. – repreende a professora.
- Eu qui vô sabe? Ocê tamém feiz a prova?

Nessa pequena história é possível observar:

A) Que Joãozinho não faz uso da norma culta da Língua Portuguesa e isso interfere e na nota de
prova dele.

B) Que Joãozinho não faz uso da norma culta da Língua Portuguesa em uma situação de
comunicação informal e a professora o repreender de forma preconceituosa e tradicionalista.

C) Que Joãozinho é da roça e por isso não sabe utilizar a norma culta da Língua Portuguesa.

D) Que a professora, ciente de seu papel como educadora mostra ao Joãozinho que devemos
adequar o nível de formalidade da língua ao contexto comunicativo.

E) Que Joãozinho tem dificuldades em falar português.


Na prática
A partir dos conhecimentos adquiridos veja uma situação onde ele se faz presente em nosso dia a
dia.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

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