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ensino superior
Apresentação
Nesta unidade refletiremos sobre a importância de se estudar a Língua Portuguesa no ensino
superior, concebendo-a como um suporte para o aprendizado de demais disciplinas. Além disso,
discutiremos sobre as principais concepções de gramática e contemplaremos o estudo gramatical
como subsidiário da construção e aprimoramento das competências linguística e textual.
Bons estudos.
O mundo está cada vez mais veloz e as informações devem fluir de forma clara e objetiva, assim
erros gramaticais ou ortográficos podem depor contra a imagem de um profissional. Dessa forma,
melhorar a utilização do português na forma falada ou escrita tem sido o foco de muitas empresas,
que chegam até mesmo a fornecer cursos de reciclagem aos seus funcionários, que apesar de
graduados, apresentam dificuldades de adequar sua modalidade de uso da língua portuguesa ao
local de trabalho e às necessidades do ambiente corporativo. Consideram que a língua portuguesa é
essencial ao exercício de qualquer profissão e que, além disso, é cabal para o aprendizado de
demais disciplinas e consolidação de competências e habilidades, como o desenvolvimento do
raciocínio lógico e argumentativo.
Agora, elabore um texto, de até 20 linhas, descrevendo uma situação de erro de português (falado
ou escrito) de um profissional recém-formado. Ao redigir seu texto, considere também:
a) descrição do ambiente de trabalho e atividades nele desenvolvidas;
b) detalhamento do erro cometido pelo funcionário e as consequências desse erro;
c) o desenrolar dos acontecimentos após o erro de português do funcionário.
O melhor conteúdo
para cada disciplina
de graduação
ROBERTA AZEVEDO
A993p Azevedo, Roberta.
Português básico [recurso eletrônico] / Roberta
Azevedo. – Porto Alegre : Penso, 2015.
e-PUB
Editado como livro impresso em 2015.
ISBN 978-85-8429-055-0
1. Português - Fundamentos. I. Título.
CDU 811.134.3
Convém destacar ainda que o estudo de uma língua e de seus mecanismos de funcio-
namento nunca se esgota, pois, como um organismo em constante transformação,
requer estudos frequentes que sejam capazes de propiciar ao educando instrumen-
tos para análise e reflexão contínua. Dessa forma, estará apto a desenvolver novas
habilidades, tornando-se um falante/leitor/escritor cada vez mais competente na uti-
lização de sua língua em diversas situações de comunicação orais ou escritas.
APOIO ESTRATÉGICO
É o que está ocorrendo com o nosso ensino. Ainda é ruim em muitos níveis e áreas? É.
Mas está piorando menos. Há vários indicadores dessas melhoras e uma delas é que
agora temos uma universidade, a USP, entre as 70 mais importantes do mundo. É
pouco ter uma única universidade brasileira entre as cem mais? É. Mas está piorando
menos.
Ainda temos sérias deficiências, apesar de passos decisivos dados nas direções corre-
tas, tanto no setor público como no privado. Boa parte dos médicos mais qualificados
dos hospitais referenciais do Brasil estudou em escolas públicas, o mesmo acontece nos
concursos para ocupação de carreiras de Estado e nos postos gerenciais de empresas.
Deonísio da Silva é escritor, doutor em letras pela USP, professor e vice-reitor de Cul-
tura e Extensão da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, membro da Acade-
mia Brasileira de Filologia.
Fonte: Revista Língua Portuguesa (2012).
CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA
Por termos a gramática como objeto de estudo em nosso livro, devemos refletir
sobre o que se entende por gramática e como as suas concepções influenciam a
forma de concebermos a nossa língua. Além disso, é preciso aproveitar a oportu-
A LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR 7
nidade para estabelecer o que é saber gramática, bem como identificar o que é
considerado gramatical dentro dos parâmetros de cada concepção de gramática
que se adota.
▶ Gramática normativa
Essa primeira concepção de gramática é pautada no mito de que somente fala ou
escreve bem aquele que domina com maestria as normas e regras de bom uso da
língua. Para os adeptos dessa concepção, a gramática é, portanto, um manual no qual
se encontram regras de bem falar e escrever que devem ser dominadas para que se
possa expressar o pensamento de forma proficiente.
▶ Gramática descritiva
A gramática descritiva analisa a forma, a
estrutura e o funcionamento da língua, com
destaque para sua utilização em situações
reais de comunicação. Logo, a gramática
descritiva não está preocupada com a uti-
lização da língua dentro dos padrões for-
mais, pois, antes de tudo, é considerado
gramatical aquilo que atende à comunica-
ção em determinada situação de interação
comunicativa. Fonte: joingate/iStock/Thinkstock.
Logo, a gramática descritiva é alvo de estudo de diversos linguistas que veem nela a
oportunidade de análise de estruturas gramaticais presentes nas variedades linguís-
ticas, como afirma Perini (2003, p. 31):
▶ Gramática internalizada
A gramática internalizada se refere a um conjunto de regras que o falante domina
tacitamente e que regula a utilização de sua língua, em quaisquer variedades, nas
mais diversas situações comunicativas. Portanto, é possível afirmar que a gramática
internalizada é intrínseca a todo ser humano e se desenvolve com e por meio dos
contextos sociais nos quais o indivíduo se relaciona com seus pares.
Não existe, portanto, um livro “gramática internalizada”, pois ela se refere às regras
lexicais e sintático-semânticas que todos os falantes de uma determinada língua do-
A LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR 9
Saber da existência de mais de uma concepção de gramática nos possibilita uma aná-
lise e uma reflexão mais eficazes acerca dos fenômenos que permeiam nossa língua.
Além, é claro, de evidenciar a relação entre nível de formalidade e contexto de uso,
deixando claro que, no âmbito acadêmico, é importante nos dedicarmos ao estudo da
norma culta do idioma. Como futuros profissionais graduados, é preciso que saiba-
mos utilizar com proficiência o nível formal da língua, já que no ambiente de trabalho
ele faz-se essencial.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
A seguir, você verá um vídeo que possui como finalidade consolidar o aprendizado sobre a
necessidade de estudo da Língua Portuguesa no ensino superior.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios
Com a globalização, o mercado torna-se, cada vez mais exigente e apenas absorve aqueles
que forem qualificados em vários sentidos. Agora o que se pretende é um profissional que
saiba planejar, executar e divulgar o seu trabalho. Para isso, o profissional de hoje deve
saber, além de exercer bem seu ofício, uma ou duas línguas estrangeiras - sendo uma, com
certeza, o inglês e a outra que diga respeito à sua especialidade, como por exemplo: um
filósofo deve aprender alemão; um literato, francês e um economista, espanhol.
Ao contrário do que se pensa, não se pode deixar de lado a língua portuguesa, a não ser que
o profissional não trabalhe no Brasil, pois o que se vê é uma desvalorização de nossa língua
e, sobretudo, a banalização da modalidade escrita. Hoje há uma preferência por gráficos e
fotos, valorizam-se os números por não saberem organizar as letras.
B) O português é um idioma muito complexo e por isso não sabemos utilizá-lo de maneira
correta.
C) Ter um bom desempenho na utilização da língua inglesa é mais importante do que dominar a
utilização da norma culta da língua portuguesa.
D) A linguagem escrita não faz parte da vida cotidiana dos profissionais recém-graduados,
portanto para obter sucesso profissional não é preciso dominá-la.
E) A utilização equivocada da língua portuguesa na modalidade falada não causa transtornos no
ambiente profissional.
B) Falar em público.
C) Expressar o pensamento.
D) Escrever artigos.
Pai, o professor baixou a nota da minha redação porque usei "mormente" em vez de
"sobretudo".
- Bem feito! Eu lhe disse para não sair desprotegido nesse tempo frio!
Levei esse diálogo para a classe porque um aluno tinha usado "mormente" numa redação.
Foi nesta passagem: "As manifestações que tomaram conta do Brasil deviam interessar
mormente aos excluídos."
"Mormente" é o mesmo que "sobretudo", de modo que o estudante não falhou quanto à
semântica; apenas se mostrou um tanto pedante. A palavra que ele escolheu tem um ranço
formal, bacharelesco, que afasta ou desorienta o leitor comum. Uma prova disso é a resposta
que o pai deu ao filho.
O diálogo acima é uma anedota. Como geralmente ocorre nos textos de humor, o riso
decorre de uma confusão de sentidos - no caso, a confusão que o pai faz entre dois
homônimos: "sobretudo" é advérbio e também substantivo (neste caso, significa "casaco que
serve de proteção contra o frio e a chuva").
Mas não bastou isso para gerar a ambiguidade que levou ao efeito humorístico. A
homonímia seria insuficiente caso não houvesse a polissemia do verbo "usar", que significa
tanto "empregar" quanto "vestir" (além de outros sentidos que o dicionário registra). Se o
menino tivesse dito ao pai que o professor baixou a nota porque ele escrevera (e não
"usara") "mormente", o pai não teria feito a confusão. Não lhe ocorreria considerar
"mormente" um tipo de casaco, mas o velho continuaria ignorando o que esse vocábulo quer
dizer.
Se alguma coisa a anedota ensina, é que é melhor evitar palavras difíceis, pouco usuais. Além
do ar pernóstico que dão ao texto, elas deixam o leitor no ar ou o levam a deduzir sentidos
absurdos, a partir de falsas aproximações. Isso em nada favorece a leitura.
Ao comentar a redação, perguntei à turma o que queria dizer "mormente". Quase ninguém
sabia. O autor da frase era então uma ave rara. Louvei seu hábito de consultar o dicionário,
que é fundamental para ler e escrever bem; esse hábito o colocava à frente dos outros. Mas
o adverti de que a boa erudição é a que não transparece de forma ostensiva. O primeiro
dever de quem escreve é se comunicar, por isso o texto deve estar ao alcance de todos. Até
de um pai que não sabe distinguir um advérbio de uma peça do vestuário. (VIANA, [s.d])
No texto acima fica claro que além de dominar o padrão culto de nossa língua devemos
também:
A) Que Joãozinho não faz uso da norma culta da Língua Portuguesa e isso interfere e na nota de
prova dele.
B) Que Joãozinho não faz uso da norma culta da Língua Portuguesa em uma situação de
comunicação informal e a professora o repreender de forma preconceituosa e tradicionalista.
C) Que Joãozinho é da roça e por isso não sabe utilizar a norma culta da Língua Portuguesa.
D) Que a professora, ciente de seu papel como educadora mostra ao Joãozinho que devemos
adequar o nível de formalidade da língua ao contexto comunicativo.