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Complementação Pedagógica

Coordenação Pedagógica – IBRA

DISCIPLINA

LINGUÍSTICA
DA LÍNGUA
PORTUGUESA

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................... ……………....... 03

1 LINGUÍSTICA ......................................................................................……………….... 05

2 FONOLOGIA ..........................................................................……...………….............. 07

3 SINTAXE ............................................................................................…….……...….... 13

4 MORFOLOGIA .........................................................................……….. …....………….….. 15

5 LEXICOLOGIA .............................................................................................................. 26

6 TERMINOLOGIA .........……….……..…………...................................................................….. 28

7 A ESTILÍSTICA ............................…………………………………………….……………......… 34

8 PRAGMÁTICA ......................…………………………………………….…….………....… 35

9 SEMÂNTICA .........................….………………………………………….……………....… 37

REFERÊNCIAS CONSULTADAS …………….................................................................... 41


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INTRODUÇÃO

Prezados alunos,

Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação e


consequente capacitação daqueles que se candidataram à está Pós-Graduação, procurando
referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.

As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal,
opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais,
mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente,
estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos
pesquisadores.

Apesar de o curso possuir objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos


abertos para críticas e para opiniões, pois somos conscientes que nada está pronto e
acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho.

Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, você é livre


para estudar do melhor modo que possa. Este arranjo preserva a sua individualidade
impondo, uma responsabilidade imperativa. Organize-se, lembrando que: aprender sempre,
refletir sobre a própria experiência se somam, e que a educação é demasiado importante
para nossa formação e para o bem-estar dos pacientes.

A presente apostila tem como proposito oferecer um conteúdo abrangente de


linguística da língua portuguesa investigando seu funcionamento, estudando várias da sua
manifestações.

Neste intuito apresentamos um compendio de conhecimento necessários à


compreensão da língua portuguesa, tais como: fonologia, sintaxe, morfologia, lexicologia,
terminologia estilística pragmática e semântica. Oferecemos, ainda, ferramentas para o
desenvolvimento de procedimentos que propiciarão o estudo e o ensino da língua
portuguesa falada e escrita.
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A apostila agrupa de maneira ordenada a síntese do pensamento de vários autores


cuja obra que entendemos serem as mais importantes para a disciplina. Sendo fruto de
exaustiva pesquisa bibliográfica, cujas fontes são colocadas ao fim da apostila possibilitando
ao aluno, conforme sua necessidade e disposição, o amplio de seus conhecimentos.
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1. LINGUÍSTICA

A Linguística é uma ciência recente, inaugurou-se no início do século XX. Mas muito
antes disso a humanidade já demonstrava grande interesse pelas questões da linguagem e
da mente humana. A Linguística como conhecimento sistematizado teve que demonstrar
suas metodologias e delimitar precisamente seu objeto de estudo.
Pode-se definir a linguística como o estudo científico que visa descrever ou explicar
a linguagem verbal humana. Alguns destacados precursores da Lingüística situam-se
historicamente nos séculos XVII e XIX, sendo o primeiro conhecido como “o século das
gramáticas gerais” e o segundo tendo como ponto relevante as “suas gramáticas
comparadas”.
O estudo da linguagem é distinto do estudo da gramática tradicional normativa. A
Linguística não tem como objetivo transcrever normas ou ditar regras de correção para uso
da linguagem, mas sim, analisar e estudar o que faz parte da língua em si. Essa ciência se
interessa e tem como matéria de reflexão os estudos da linguagem concentrados na parte
oral, verbal e também na modalidade escrita.
Os sinais que o homem produz quando fala ou escreve são denominados signos.
Além de possibilitar uma dimensão simbólica, eles também servem como elemento
comunicador e de expressão existencial. Existem outros signos além dos possibilitados pela
linguagem verbal, como por exemplo a pintura, a mímica e o sinal de trânsito. Os signos, de
modo geral, são objetos de estudo de uma outra ciência, denominada Semiologia. Já os
signos da linguagem verbal especificamente são objetos de estudo da Linguística.
A Linguística como é conhecida hoje teve início com o Curso de Linguística Geral,
do suíço Ferdinand de Saussure, mestre da Universidade de Genebra e pai da Linguística
Moderna. Com Saussure a Linguística ganha um objeto específico: a língua conceituada por
ele como “um sistema de signos” (um conjunto de unidades que estão organizadas formando
um todo). Define-se o signo como a associação entre significante (imagem acústica) e
significado (conceito). A imagem acústica não se confunde com o som, pois ela é, como o
conceito, psíquica e não física.
Na década de 1950, Noam Chomsky oferece outras possibilidades teóricas para a
Linguística: a gramática gerativa. Para ele a tarefa do linguista é descrever a competência
do falante de produzir e compreender todas as frases de sua língua. Os estudos do norte
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americano são baseados na sintaxe e trazem contribuições da matemática e da biologia


para a área.
A Linguística é construída a partir de uma divisão, já que ela é conhecida como
ciência da língua (enquanto sistema de signos e conjuntos lógicos) e das línguas (idiomas
históricos falados por outros povos). Assim sendo, na história da linguística, nenhuma
questão é definitivamente respondida e nem posta de lado. Após ficar certo tempo
deslocada, volta à cena.
O laço que une o significante ao significado é arbitrário, convencional e imotivado,
sendo a língua um sistema formado de unidades abstratas e convencionais. Para Saussure,
duas distinções são importantes dentro dos estudos lingüísticos: a primeira é entre língua
(um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual) e fala (a realização concreta da língua
pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável, assistemática). Também a distinção
entre sincronia (o estado atual do sistema da língua) e diacronia (sucessão, no tempo, de
diferentes estados da língua em evolução) merece destaque na Lingüística, que teve nos
conceitos de língua, valor e sincronia a sua base institucional como ciência.
Existem inúmeras tendências e abordagens no campo da Linguística atualmente.
Abordagens como a Linguística Cognitiva e a Sociolingüística oferecem uma gama
diversificada de estudos e possibilidades de se pensar a língua.
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2. FONOLOGIA

A Fonologia (proveniente do grego phonos = voz/som; logos = palavra/estudo) é o


ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. É a área de estudo que se
preocupa com a maneira pela qual os sons da fala (os fones) se organizam dentro de uma
língua, classificando-os em unidades capazes de distinguir significados: os denominados
fonemas. A Fonologia também estuda outros assuntos, como a estrutura silábica, o acento
e a entonação.
A fonologia é o estudo dos sons das palavras, um estudo voltado para a pronúncia
e gramática de um idioma específico. Todo idioma tem a sua fonologia própria e diferente
das demais. A fonologia tem como foco de estudo a forma como os sons de uma palavra se
organizam para produzir significados diferentes. Na fonologia, essa unidade de som mínima
é chamada de fonema, e é a partir dela que todo o estudo é desenvolvido, desde as sílabas
à acentuação das palavras. Sem a fonologia haveriam muito mais palavras com mais de um
significado, pois não seria possível diferenciá-las pela sua sonoridade.

Fonética e Fonologia

A fonética também estuda os sons, porém em uma linha diferente da fonologia.


Enquanto a fonologia é mais voltada para os sons das palavras e em como a diferenciação
desses sons interfere nos significados, a fonética concentra-se nos aspectos físicos dos
sons da fala humana: a pronúncia, como ele é escutado ou como é falado, quais os órgãos
envolvidos e quais suas funções na produção do som. Podemos dizer que, a grosso modo,
o fonética volta-se para o que é falado e escutado, enquanto a fonologia concentra-se no
estudo do que será escrito, na representação gráfica dos sons.

Elementos da Fonologia

O estudo dos sons das palavras engloba alguns aspectos importantes para a
compreensão da fonologia. São eles:

Fonemas – Unidades mínimas de som usadas na Fonologia.

Sílabas – Conjunto de um ou mais fonemas que produz um som completo.

Encontros Vocálicos – Agrupamento de duas ou três vogais e/ou semivogais.


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Encontro Consonantais – Agrupamento de duas ou mais consoantes.

Dígrafos – Agrupamento de duas letras que formam o mesmo fonema.

Tonicidade e prosódia – Estudo dos tons mais intensos presentes nas sílabas fortes.

Fonema

Fonema é o menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma diferença de


significado entre as palavras. Cada segmento sonoro se refere a imagem acústica que nós,
falantes de português, guardamos de cada um deles. O fonema é constituído por essa
imagem acústica. Os fonemas compõem os significantes dos signos linguísticos (que são
formados pelo significado e o significante) e aparecem, geralmente, representados entre
barras.

Sílaba

Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que são pronunciados por uma única
emissão de voz. A base das sílabas na Língua Portuguesa são as vogais (a - e - i - o - u).
Sem vogais, não há sílaba.
Leia a palavra PIPOCA. Como podemos observar, para pronunciarmos essa
palavra, emitimos três consecutivos grupos de fonemas, os quais estão sempre ligados às
vogais: PI - PO - CA.
Nem sempre as sílabas que constituem as palavras da Língua Portuguesa são
pronunciadas com a mesma entonação vocálica. Por isso, de acordo com a maior ou menor
intensidade na pronúncia, classificamos as sílabas em átonas ou tônicas.

→ Sílabas átonas (SA)

As sílabas átonas são aquelas cuja pronúncia é realizada com baixa intensidade.

→ Sílabas tônicas (ST)

As sílabas tônicas são aquelas cuja pronúncia é realizada com maior intensidade.

Vejamos os exemplos das palavras:

Borboleta: bor – bo – le – ta
(SA) (SA) (ST) (SA)
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Compostura: com – pos – tu – ra


(SA) (SA) (ST) (SA)

Primavera: pri – ma – ve – ra
(SA) (SA) (ST) (SA)

Fogueira: fo – guei – ra
(SA) (ST) (SA)

Sabonete: sa – bo – ne – te
(SA) (SA) (ST) (SA)

Como você pôde observar, o núcleo das sílabas é sempre uma das cinco vogais.
Não existe sílaba sem vogal e não há mais do que uma vogal em cada sílaba. É possível
haver uma vogal e uma semivogal ou duas semivogais juntas, mas não duas vogais. Assim,
é fácil sabermos o número de sílabas de cada palavra: basta contarmos quantas vogais há
nessa palavra.

Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes


intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato.
Ditongo

É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba.
Pode ser:

a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. Por exemplo:


sé-rie (i = semivogal, e = vogal)

b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal. Por exemplo:


pai (a = vogal, i = semivogal)

c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca. Exemplos:


pai, série

d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais. Por exemplo:
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mãe

Tritongo

É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre
nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal. Exemplos:
Paraguai - Tritongo oral
quão - Tritongo nasal

Hiato

É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas


diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba. Por exemplo:
 saída (sa-í-da)
 poesia (po-e-si-a)

Na terminação “em” em palavras como ninguém, também, porém e na terminação


“am” em palavras como amaram, falaram ocorrem ditongos nasais decrescentes. É
tradicional considerar hiato o encontro entre uma semivogal e uma vogal ou entre uma vogal
e uma semivogal que pertencem a sílabas diferentes, como em ge-lei-a, io-iô.

Dígrafo

Dígrafo é o encontro de duas letras que representam um único fonema. Também


chamado de digrama, há dois tipos de dígrafos: dígrafo consonantal e dígrafo vocálico.
Dígrafo vem de “di”, que é o mesmo que dois e grafo, que é o mesmo que escrever. Assim,
escreve-se duas letras, mas o som é apenas de uma.

Dígrafo Consonantal

Encontro de duas letras que representam um fonema consonantal. Os principais


são: ch, lh, nh, rr, ss, sc, sç, xc, gu e qu.

Exemplos:
chave, chefe, olho, ilha, unha, dinheiro, arranhar, arrumação, ossos, assadeira,
descer, crescer, desço, cresça, exceder, excelência, gueixa, guirlanda queijo, quilômetro
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É importante frisar que gu e qu são dígrafos se seguidos de e ou i. Se todavia, o u


for pronunciado deixa de ser dígrafo. Em aguentar e linguiça, por exemplo, tal como em
guaraná, o u é pronunciado.

Dígrafos e Encontros Consonantais

Dígrafo e Encontro Consonantal são encontros de letras, mas como vimos, no


dígrafo essas letras são pronunciadas uma única vez, ao contrário do encontro consonantal.
Essa é a diferença.

Exemplos de Encontros Consonantais:

brinde, claridade, flor, sopro, refrão.

Saiba mais em Encontros Consonantais.

Dígrafo Vocálico

Encontro de uma vogal seguida das letras m ou n, que resulta num fonema vocálico.
Eles são: am, an; em, en; im, in; om, on e um, un.

Classificação das palavras segundo a posição da sílaba tônica:

Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última sílaba da palavra. Exemplos: chapéu,


maracujá, Corumbá.
Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra. Exemplos:
secretária, biquíni, táxi.
Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.
Exemplos: exército, míope, plástico.
* Definição da grafia e acentuação das palavras:
Ortografia / Emprego de X e Ch;
Emprego das letras G e J;
Emprego das letras S e Z;
Emprego do Z;
Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs;
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Emprego das letras O e U/ Emprego da letra H;


Acento prosódico: aparece em todas as palavras que possuem duas ou mais
sílabas;
Acento gráfico: marca a sílaba tônica de algumas palavras.
* Definição das regras de divisão silábica:
A divisão silábica deve ser feita a partir da soletração, apresentando o som total das
letras que compõem uma sílaba. O hífen é utilizado para fazer a separação. Abaixo, algumas
regras empregadas na divisão silábica:
Nunca se separam os ditongos, tritongos, dígrafos (lh, nh, ch, qu, gu), os encontros
consonantais constituídos de consoante + r e consoante + l (claridade, cofre) e as
consoantes não seguidas de vogal (ca-rac-te-rís-ti-ca);
Separam-se os hiatos, os dígrafos (rr, ss, sc, sç, xc), encontros consonantais (cc,
cç) e os prefixos bis, dis, cis, trans e ex quando seguidos de vogal. Se seguidos de
consoante, não formarão uma nova sílaba.
* Classificação dos encontros fonéticos:
Encontros vocálicos: ditongo, hiato e tritongo.
Encontros consonantais (podem ocorrer na mesma sílaba ou em sílabas diferentes).
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3. SINTAXE

A Sintaxe é uma das partes da Gramática na qual são estudadas as disposições


das palavras nas orações, nos períodos, bem como a relação lógica estabelecida entre elas.
Sintaxe (pronúncia no AFI: [sí'tasɨ]) (do grego clássico σύνταξις "estrutura", de σύν, transl.
syn, "mais", e τάξις, transl. táxis, "classe") é o estudo das regras que regem a construção de
frases nas línguas naturais.
Podemos considerar a Gramática como sendo o conjunto das regras que
determinam as diferentes possibilidades de associação das palavras de uma língua para a
formação de enunciados concretos. A Sintaxe própria de cada língua impede que sejam
realizadas combinações aleatórias entre as palavras.
Embora sejam bem distintas entre si, todas as línguas, além de possuírem um léxico
composto por milhares de palavras, possuem também um conjunto de regras as quais
determinam a forma como as palavras podem se relacionar para formar enunciados
concretos. A sintaxe é importante pois a unidade falada é a oração, não a palavra ou o som.
Em termos práticos, o falante fala e o ouvinte ouve orações. Salvo o caso quando uma única
palavra é portadora de sentido completo.
A Sintaxe organiza a estrutura das unidades linguísticas, os sintagmas, que se
combinam em sentenças. Para que o falante de uma língua possa interagir verbalmente
com outros, ele organiza as sentenças linguísticas para que possa transmitir um significado
completo e, assim, ser compreendido.
Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados pelos
antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o primeiro a dividir a frase em sujeitos
e predicados. Um segundo contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise
aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento. Deste trabalho
fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea, bem como a sintaxe formal. No século
XIX a filologia dedicou-se sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não
tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do século XX foi
verdadeiramente apreciado.

Funções e Relações Sintáticas

O enunciado se encaixa em uma organização/estruturação específica prevista na


língua. Essa organização é sempre regulada pela Sintaxe, a qual define as sequências
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possíveis no interior dessas estruturas.

Funções sintáticas

Consiste na função específica de cada elemento na sentença ao se relacionar com


outros elementos que também compõem o enunciado.
Por exemplo:
João vendeu um baú antigo ano passado.
- João: sujeito do verbo 'vender'.
- Um: adjunto adnominal.
- Um baú antigo: objeto direto de 'vendeu'.

Relações sintáticas

Consiste nas relações estabelecidas entre as palavras que definem as estruturas


possíveis na Sintaxe das línguas.
Por exemplo:
João vendeu um baú antigo ano passado.
- João: agente da ação expressa pelo verbo 'vender';
- Ano passado: quando a ação foi realizada.
Para realizar a análise sintática dos enunciados da língua é necessário explicitar as
estruturas, as relações e as funções dos elementos que os constituem.
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4. MORFOLOGIA

Morfologia seria, no sentido exato, o estudo da forma. Em português por exemplo, a


parte de morfologia estuda a estrutura das palavras. Estuda também as classes gramaticais
sem se preocupar com o sentido das palavras quando inseridas no contexto da frase
(sintaxe).
Sendo o estudo da forma, pode ser realizada em tudo que se refira a esta atividade
(não só em português) em todas as áreas do conhecimento, como estudo da forma de
minerais, etc… A Morfologia é o estudo da palavra dentro da nossa língua. Numa linguagem
bem simples pode-se dizer que a Morfologia tem por objeto ou objetivo de estudo, as
palavras dentro da nossa Língua, as quais são agrupadas em classes gramaticais ou classes
de palavras.
Elas são agrupadas em dez classes, denominadas classe de palavras ou classes
gramaticais:
Substantivo
Artigo
Adjetivo
Numeral
Pronome
Verbo
Advérbio
Preposição
Conjunção
Interjeição.
A palavra morfologia tem origem no termo grego Morphê = figura + logias = estudo,
que trata das palavras:
a) quanto à sua estrutura e formação;
b) Quanto às suas flexões;
c) Quanto à sua classificação.

Estrutura das Palavras

Morfologia significa, com base nos seus elementos de origem, o estudo da forma. O
termo forma pode ser tomado, num sentido amplo, como sinônimo de plano da expressão,
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em oposição a plano do conteúdo. Nesse caso, a forma compreende dois níveis de


realização: os sons, destituídos de significado, mas que se combinam e formam unidades
com significado; e as palavras, as quais por sua vez, têm regras próprias de combinação
para a composição de unidades maiores.
Mas a palavra não precisa ser interpretada, necessariamente, como a unidade
fundamental para representar a correlação entre o plano da expressão e o do conteúdo.
Podemos atribuir esse papel ao morfema. Temos aqui, por conseguinte, duas unidades
distintas como possíveis centros de interesse de nossos estudos de morfologia. A diferença
no tocante à unidade em que centra o estudo morfológico o morfema ou a palavra redunda
de maneiras também diferentes de focalizar a morfologia.
Pode-se dizer que a noção de morfema está relacionada com o estudo das técnicas
de segmentação de palavras em suas unidades constitutivas mínimas, ao passo que os
estudos que privilegiam a noção de palavra preocupam-se com o modo pelo qual estrutura
das palavras reflete suas relação com outras palavras em construções maiores, como a
sentença, e com o vocabulário total da língua (Anderson, 1992: 7; 1988: 146).
Um segundo problema com relação à definição tomada do étimo, e mesmo com
relação a definições que possamos extrair de dicionários, é serem elas vagas. Ao definirmos
morfologia como o ramo da gramática que estuda a estrutura das palavras, por exemplo, não
fazemos referência ao tipo de interesse que temos nos dados, tampouco ao tipo de dados
que nos interessam.
Morfologia é um termo que não tem a mesma realidade de uma pedra ou de uma
árvore: pressupõe determinado modo de se conceber o que sejam linguagem e língua, e
somente como parte desse quadro mais amplo isto é, de uma teoria é que podemos
compreender que tipo de estudo está sendo levado em conta. Até mesmo se precisamos de
ter na gramática algo que chamemos morfologia.
Um indivíduo que sabe sua língua é aquele que alcançou o estágio (relativamente)
estável da faculdade da linguagem. Esse estágio estável é também chamado conhecimento
linguístico. Ao se focalizar uma língua como conhecimento linguístico, passa-se também a
concebê-la como um fenômeno individual e não social.
A competência gramatical, ou conhecimento da gramática, ou sistema
computacional, ou língua-I é exclusivamente humano. É ele que permite ao indivíduo criar e
compreender um número infinito de frases de sua língua. Uma parte do conhecimento que
temos acerca das palavras de nossa língua está representada sob o rótulo morfologia: é o
que pode ser captado como generalizações acerca da estrutura das palavras. O que é
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imprevisível será tratado sob o rótulo léxico.


A Morfologia é o ponto de maior controvérsia no estudo de linguagem natural.
Especialistas se debatem tomando posições que vão desde aquelas que consideram a
Morfologia como o principal componente do estudo gramatical, até aquelas que
desconsideram totalmente o nível morfológico na construção de uma teoria da gramática.
A Morfologia é frequentemente definida como o componente da Gramática que trata
da estrutura interna das palavras, nos conduz à interrogação: o que é uma palavra?. A
existência de palavras é assumida como uma realidade pela maioria de nós, lingüistas ou
não. No entanto, não é simples definir o que é uma palavra. Na linguística, como em qualquer
ciência, um dos problemas básicos é identificar critérios para definirmos as unidades básicas
de estudo.
Palavra é a unidade mínima que pode ocorrer livremente. Uma vez assumida essa
definição de palavra, podemos distinguir vários elementos que carregam exatamente o
mesmo significado, mas que não têm o mesmo status gramatical. Assim, um pronome clítico,
como lhe, embora possa carregar o mesmo significado que um pronome, não pode ser
caracterizado como uma palavra, uma vez que não atinge os critérios sintáticos
anteriormente definidos. Por exemplo, o pronome clítico o terceira pessoa singular masculino
(Maria o viu na feira) não pode ocorrer como resposta a uma pergunta e não pode servir
como sujeito de uma sentença. Não é, portanto, uma palavra.
Mas o pronome ele, embora carregue o mesmo significado, isto é, terceira pessoa
singular masculino, qualifica-se como uma palavra, pois pode ocorrer isoladamente e em
várias posições sintáticas. No português brasileiro vernáculo, ele ocorre em qualquer posição
argumental (Ele me viu, Eu vi ele, José deu um livro para ele).
Uma vez definido o que é uma palavra, temos definida a unidade máxima da
morfologia. O que seria a unidade mínima deste componente da Gramática? As unidades
mínimas da Morfologia são os elementos que compõem uma palavra. A Morfologia tem seus
próprios elementos mínimos. O conhecimento desses elementos é o que nos permite
entender o significado de palavras que nunca ouvimos antes.
Ao nos depararmos com uma palavra como nacionalização, mesmo sem nunca
termos ouvido esta palavra, podemos descobrir o que ela significa se soubermos o
significado de nação, “pátria”, e o significado dos elementos que derivam novas palavras em
português: al, “elemento que transforma um substantivo em adjetivo”, izar, “elemento que
transforma um adjetivo em verbo” e ção, “elemento que transforma verbo em substantivo”.
Assim, ao adicionarmos nação e al, criamos o adjetivo nacional e, ao adicionarmos
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izar, temos o verbo nacionalizar. Finalmente, ao somarmos ção com nacionalizar, formamos
o nome (ou substantivo, segundo a terminologia da gramática tradicional) nacionalização.
A palavra nacionalização significa ato de nacionalizar. Seu significado é derivado do
significado das partes que compõem esta palavra. Os elementos que carregam significado
dentro de uma palavra são rotulados de morfemas e são estes a unidade mínima da
morfologia. Apesar de muitas pessoas afirmarem que a palavra é a unidade mínima que
carrega significado, o morfema que o é.
Para o estruturalismo, uma das preocupações da Linguística é tentar explicar como
reconhecemos palavras que nunca ouvimos antes e como podemos criar palavras que nunca
foram proferidas antes. A resposta é que nosso conhecimento dos morfemas da língua é o
que nos dá esta capacidade. Assim, o problema central da Linguística para o quadro teórico
estruturalista é identificar os morfemas que compõem cada língua falada no mundo; a
Morfologia, portanto, é de crucial importância para o estruturalismo.
A palavra havia sido o fundamento da gramática tradicional. Mas como definir essa
unidade? Despojada da representação escrita - vista como “meramente um dispositivo
externo” (Bloomfield, 1933:294) que reproduziria imperfeitamente a fala de uma comunidade
(id.: 293) -, a delimitação da palavra tornava-se difícil.
Não coincidia, na maioria das vezes, com um elemento mínimo de som e significado,
e sua característica distintiva passava a ser a possibilidade de ser enunciada em isolado.
Nada de muito interessante.
Os problemas com a noção de palavra apontada pelos estruturalistas decorriam, em
grande parte, de a definirem como uma forma, i.e., como “um traço vocal recorrente que tem
significado” (Bloomfield, 1926: 27). Isto implicava haver a necessidade da utilização de
critérios fonológicos indissociados de critérios gramaticais para a sua depreensão.
Fonologicamente uma sequência como deixei-me, por exemplo, é uma palavra, uma vez que
me equivale a uma sílaba átona em relação ao verbo e não pode, sozinho, funcionar como
enunciado.
Gramaticalmente, porém, deixe-me equivale a duas palavras: me é um pronome em
função de objeto e pode ser mudado de posição para antes do verbo, o que não acontece
com simples sílabas.
Para evitar que enunciados diferentes pudessem ser segmentados de maneiras
diversas e que noções oriundas dos estudos tradicionais fossem associadas à análise
gramática, a linguística do século XX retirou da noção de palavra, em favor da noção de
morfema, a ênfase que tinha nos séculos anteriores. O morfema tornou-se a unidade básica
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da gramática e, por conseguinte, da morfologia - agora transformada em morfologia baseada


em morfemas. Desse modo, a morfologia da maior parte do século XX passou a ser a análise
sintagmática dos vocábulos.
Tal mudança correspondeu à adoção de um modelo de análise gramatical diferente
daquele herdado da tradição greco-latina. O estruturalismo norte-americano estabeleceu um
método para identificar que partes específicas do material fonológico de uma forma complexa
expressavam as diferentes partes de um significado também complexo. As unidades som e
significado, assim depreendidas, eram os elementos mínimos ou itens da análise.
Cada morfema é um átomo de som e significado, isto é, um signo mínimo. Segundo
tal perspectiva, a morfologia é o estudo desses átomos (a alomorfia) e das combinações em
que podem ocorrer (a morfotática) - i.e., a morfologia é o estudo dos morfemas e de seus
arranjos.

Os elementos da morfologia

O radical é a forma mínima que indica o sentido básico de uma palavra. Alguns
vocábulos são constituídos apenas por radical (lápis, mar, hoje). Os radicais permitem a
formação de famílias de palavras: menin-o, menin-a; menin-ada, menin-inho, menin-ona.
A vogal temática é a vogal que, em alguns casos, une-se ao radical, preparando-o
para receber as desinências: com-e-r. O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical,
pois na língua portuguesa é impossível a ligação do radical com, com a desinência r, por isso
é necessário o uso do tema e. As desinências estão apoiadas ao radical para marcar as
flexões gramaticais.

Podem ser nominais ou verbais:

As nominais indicam flexões de gênero e número dos nomes (gat-a e gato-s).

Já as verbais indicam tempo e modo (modo-temporais / fal-á-sse-mos) ou pessoa e


número (número-pessoais / fal-á-sse-mos) dos verbos.

Os afixos são morfemas derivacionais (gramaticais) agregados ao radical para


formar palavras novas. Os afixos da língua portuguesa são o prefixo, colocado antes do
radical (infeliz) e o sufixo, colocado depois do radical (felizmente).
A vogal e consoante de ligação são elementos mórficos insignificativos que surgem
para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-
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inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via)


Já os alomorfes são as variações que os morfemas sofrem (amaria – amaríeis; feliz
– felicidade).

Morfologia – Gramática

Morfologia é a parte da Gramática que estuda a estrutura das palavras, sua formação
e classificação.

 A ESTRUTURA diz respeito aos elementos que constituem a palavra: o radical


ou raiz, afixos, desinências…

 A FORMAÇÃO engloba as “formas” como podemos criar palavras: derivando,


prefixando, reduzindo…

 A CLASSIFICAÇÃO das Palavras é importante para diferenciarmos as diversas


possibilidades de descrever nossas as ideias, traduzidas em coisas
(Substantivos), características (Adjetivos), ações (Verbo)…

A MORFOLOGIA estuda as palavras isoladamente (Análise Primária), e não em sua


participação na frase ou período (Análise Referencial), como na Sintaxe.
Iniciaremos nosso curso de Morfologia pela “Estrutura da Palavras”, estudando seus
elementos essenciais, seus adereços e demais “pedacinhos” que comporão a palavra.
A Estrutura das Palavras
Imaginemos o seguinte:
Uma “casa”.
Para “ser” uma casa, deve conter: fundação, paredes, piso, teto.
Ou seja: A Estrutura da “casa” são seus elementos essenciais: fundação, paredes
etc. Assim também, as PALAVRAS possuem elementos que compõem sua ESTRUTURA.
Cada “elementozinho” da palavra é chamado de MORFEMA ou menores unidades
formadoras de cada palavra.
Observe:
GATINHAS
Vamos desmembrar a palavra em seus elementos ou Morfemas:
“Gat” inh a s
Gat – Este Morfema nos indica o “que é” a palavra, ou seja, a palavra nasce deste
21

elemento: falmos de um ser que é da família dos gatos, como: gato, gata, gatão, gatinha,
gatinhos…
Perceba que esta “parte” da palavra é sua origem, sua estrutura primária, como a
“fundação” da casa, que determinará “como” será esta casa, pois em cima da “fundação” ou
RAIZ é que será edificada a CASA ou PALAVRA.
Chamamos este este Morfema, que é essencial a todas as palavras, de RADICAL
ou RAIZ.
Vejamos outro elemento:
Gat “inh” a s
inh – Esta parte da palavra nos indica que se trata de um diminutivo, que temos uma
“coisa” em seu estado “menor”, “pequeno”, como em: padr”inh”o, amig”inh”as…
Este é um Morfema de diminutivo.
Outro Morfema: Gat inh “a” s
a – O Morfema “a” determina o gênero da “coisa”, neste caso indica que o GAT é
feminino: GAT”A”.
Os termos que determinam gênero, número, entre outras características são
chamados de DESINÊNCIAS.
Temos então: “a” – Desinência de Gênero (feminino). Como a palavra “gatinhas” é
um NOME ou SUBSTANTIVO, chamamos a desinência “a” de: Desinência “Nominal” de
Gênero.
Observe: Gat inh a “s”
s – O termo “s” indica que se trata de “mais de uma coisa”, ou seja, descreve o
número desta “coisa”, no caso: plural.
Temos então: “s” = Desinência Nominal de Número.
Melhor explicando:

Gat inh a s
| | | |
RAIZ DIMINUTIVO GÊNERO NÚMERO
| | | |
A coisa em si Tamanho Feminino Plural
| | | |
GATO GATINHO GATINHA GATINHAS
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Perceba que a Formação da palavra obedece uma sequência lógica em que vamos
“criando a palavra”, modificando-a, e a transformando naquilo que desejamos expressar.
Uma única palavra pode trazer muitas informações como: a coisa em si, seu tamanho, seu
gênero, seu número, seu modo, seu tempo… O emprego da “palavra certa” indica o domínio
da língua por parte do escritor, cabendo a ele escolher as palavras que comporão seu texto,
dando a ele a qualidade, a precisão, ou o estilo que deseje mostrar ao seu leitor.
Observe: “O Doutor usou uma aparelinho esquisito, com dois fios que saim do seu
ouvido e se juntavam e viravam um único fio que terminava com uma espécie de disco de
metal, que colocou em meu peito para ouvir por dentro de mim.” (Texto excessivamente
descritivo, para compensar um vocabulário reduzido.)
ou:
“O doutor auscultou meu peito com um estetoscópio.” (Texto sintético, diz tudo em
poucas palavras.)
Cada um dos textos não é “certo”, nem errado. Cape ao escritor conhecer as
possibilidades e aplicá-las em situações específicas. Num grupo de médicos, o Texto 1 seria
desapropriado.
Estruturas das Palavras:
Radical (ou Raiz)
É o elemento estrutural “primeiro” de qualquer palavra, seu alicerce. Uma mesma
RAIZ ou RADICAL, por ser o “elemento primeiro”, gera várias palavras, criando assim, sua
Família de Palavras, todas elas apresentando a mesma origem, a mesma “fundação”, o
mesmo RADICAL.
Casa – Radical: CAS
Família: CASa, CASebres, CASarão, CASinha…
Afixos (ou Não-Fixos…) Afixos são elementos secundários que se unem ao radical,
acrescentando-lhe uma característica. Um afixo traz uma ideia que se insere ao radical
criando uma noção mais ampla.
Um “Afixo” que conhecemos bastante, “MENTE”, adere-se a um Radical, dando-lhe
uma característica de MODO.
Calmo – Calmamente.
O Afixo “mente” se uniu ao Radical “calm” transformando-o em um Advérbio de
Modo.
Quando colocamos um AFIXO antes do radical, chamamos PREFIXO.
Quando colocamos um AFIXO depois do radical, chamamos SUFIXO.
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Brut
Em brut ecer
Afixo: Prefixo Radical Afixo: Sufixo

Desinências

Desinências são os “elementos” que indicam, nas estruturas da palavra algumas


flexões.
Temos dois tipos de desinências:

Desinências Nominais:

Elementos que constituem os nomes: substantivos, adjetivos, pronomes,


numerais… indicando as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e
plural).
Exemplos:

gat-o (masculino) gato-s (plural)

gat-a (feminino) gata-s (plural)

Somente se pode falar em “desinências nominais” de “gêneros” e de “números” em


palavras que permitem as duas flexões, como nos exemplos observados acima. Algumas
palavras como caderno, tribo, gado etc, não admitem desinência nominal de gênero.
Já em pires, pêsames, ônibus não temos desinência nominal de número pois não
admitem as duas flexões: singular e plural. Desinências Verbais: indicam as flexões do verbo:
número e pessoa e de modo e tempo.
Exemplos:
am-o ama-s ama-mos ama-is ama-m – pessoa e número
ama-va ama-va-s – tempo e modo
A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número-pessoal, pois
indica que o verbo está na primeira pessoa do singular.
“-va”, de “ama-va”, é desinência modo-temporal: indica uma forma verbal do “tempo”
pretérito imperfeito do “modo” indicativo, na 1ª conjugação (verbos terminados em “ar”: amar,
cantar, nadar…
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Vogal Temática

Vogal Temática é a vogal que se une ao radical, preparando-o para receber as


desinências. A vogal temática modula a pronúcia, deixando a palavra facilmente
“pronunciável”.
Nos verbos, temos três vogais temáticas:

Vogal temática “A”

Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: cantar, nadar, morar…

Vogal temática

“E” Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: morrer, doer, comer…

Vogal Temática “I” Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: partir, dormir, sumir…

Outro “elemento” que encontramos nas palavras são os TEMAS. “Tema” – É a união
entre um RADICAL + VOGAL TEMÁTICA.
Exemplo: Comprar

Compr a R
Radical (Vogal Tem.) (“r” dos Infinitivos)
Compra
(Radical + Vogal Temática = TEMA)

Vogais e Consoantes de Ligação

Na Língua Portuguesa, podemos precisar de algumas vogais e consoantes que se


fazem necessários para pronunciarmos algumas palavras, são elementos de ligação, ou
seja: são morfemas que aparecem por motivos “eufônicos” – sonoros, para facilitar a
pronúncia de uma determinada palavra.
Exemplo:
parisiense (paris= radical, ense= sufixo, vogal de ligação= i)

Outros exemplos:
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alv-i-negro, tecn-o-crata, pau-l-eira, cafe-t-eira, inset-i-cida etc.

Bem, estudamos então os “pedacinhos”, “elementos” ou “morfemas” que compõem


a estrutura das palavras. Sabemos, portanto criar palavras novas (neologismo), obedecendo
um padrão linguístico.

Vamos criar então uma nova palavra da família dos “pregos”, como: prego, pregão,
pregado…

Radical: preg

Vamos inserir um prefixo que indica algo em conjunto – “co” (Como em “co”ligado,
“co”-prprietário, etc…)

Prefixo: co

Temos: copreg

Vamos acrescenar uma Vogal Temática e um morfema de infinitivo (“r”) – (já


indicando que queremos criar um “VERBO”) .

Vogal temática: a

Morfema de Infinitivo: r

Temos: copregar Nós “copregamos” o quadro. Ou seja: Nós pregamos o quadro


conjuntamente.

Agora podemos já sair criando palavras e enriquecendo ainda mais a nossa Língua.
Alguns Neologismos “pegam”, outros não, em grande parte pela facilidade, clareza e beleza
da pronúncia.
26

5. LEXICOLOGIA

Lexicologia pode ser definida como o estudo dos elementos de formação das
palavras, ou parte da Gramática que trata do valor etimológico e das diversas acepções das
palavras.
Quanto ao valor etimológico pode-se afirmar estar este atrelado à origem da palavra.
A constituição desse repertório de palavras da Língua Portuguesa teve em sua fase primitiva
como características ser pobre e rude e a partir da arte provençal e o início da literatura o
vocabulário amplia-se pela incorporação de vocábulos latinos (Império Romano) e do contato
internacional com outros idiomas a partir do séc. XVI. De acordo com a Gramática Histórica
usa-se o termo Lexiologia e a Linguística adota Lexicologia.
As novas palavras podem formar-se por derivação: processo pelo qual uma nova
palavra é formada adicionando-se a uma palavra já existente, um sufixo; ou ainda
suprimindo-se ou transferindo-se para outra classe de palavras. A derivação pode ser:

Derivação Própria

Formação de um novo vocábulo com o auxílio de sufixo, que podem ser nominais e
verbais; o único sufixo adverbial que há é "-mente."

a- Os sufixos nominais podem ser de origem:

LATINA: –aço/-aça que pode exprimir ideia de coleção, capacidade, tendência,


grandeza ou em sentido pejorativo, pequenez. Serve para formar tanto substantivos
quanto adjetivos. Exemplos: barcaça; mulheraça; ricaço, etc.

-acho/-echo/-icho/-ocho/-ucho transmitem ideia depreciativa e entram na formação


de substantivos e adjetivos. Exemplos: riacho; pouquecho; rabicho; gorducho;
depreciativos: populacho.

-alha; indica coleção, quantidade podendo ter sentido pejorativo. Exemplos: muralha;
batalha; canalha; gentalha; Pode vir combinado com –ão, formando o sufixo –alhão.
Exemplo: bobalhão.

-ão associado a temas verbais designa agente: brigão, fujão; a temas nominais
designa grandeza: salão;casacão, etc.
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-dade/-dão: forma substantivos. Exemplos: verdade, lealdade, certidão, etc.

-ês/-ense: os adjetivos a partir desses sufixos designam origem, naturalidade e


qualidade. Exemplos: português, cearense, etc.

-inho/-im/-ino: ideia de diminuição, relação, origem. Exemplo: bolinha, folhetim,


matutino, etc.

-mento/a: forma substantivos e indica ordem, coleção, instrumento. Exemplo:


casamento, ferramenta, etc.

-oso: forma adjetivos e expressa abundância, quantidade. Exemplo: invejoso,


formoso, etc
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6. TERMINOLOGIA

Terminologia, em sentido amplo, refere-se simplesmente ao uso e estudo de termos,


ou seja, especificar as palavras simples e compostas que são geralmente usadas em
contextos específicos. Sendo em outras palavras, o estudo dos termos técnicos usados por
exemplo em ciências especificas ou artes em geral. Por vezes esta ciência é confundida com
a Lexicologia; contudo, a Terminologia se apropria tão somente dos termos técnicos, não
aceitando dubiedade na semântica.
Terminologia também se refere a uma disciplina mais formal que estuda
sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos particulares a um ou vários
assuntos ou campos de atividade humana, por meio de pesquisa e análise dos termos em
contexto, com a finalidade de documentar e promover seu uso correto. Este estudo pode ser
limitado a uma língua ou pode cobrir mais de uma língua ao mesmo tempo (terminologia
multilíngue, bilíngue, trilíngue etc).
Na tradução, a gestão da terminologia é um elemento central de uma boa legibilidade
e correção técnica de textos traduzidos. Os tradutores profissionais administram a
terminologia na forma de glossários bilíngues, usando ferramentas de controle de qualidade
que fazem com que o mesmo termo técnico seja traduzido uniformemente em todo o texto
A terminologia, não pode ser identificada apenas como nomenclatura técnico-
científica, pois integra a descrição também da prática tecnológica, isto é, da ação sobre as
coisas. Não se trata, portanto, de um aspecto puramente lingüístico C do signo isolado do
referente, no aspecto histórico-conceitual, nem do conceito isolado do signo. A significação
integra o processo de comunicação e supõe, segundo Schat, três elementos:

1 – Dois interlocutores;

2 – O objeto, nomeado pelo signo;

3 – O signo, transmissor de informações.

Por este esquema, aplicado à terminologia, os interlocutores são os especialistas, o


objeto faz parte do domínio do conhecimento, e o signo é uma referência direta. O
procedimento de predicação transforma-se sempre em um sintagma, onde o determinante
especifica o tipo e a qualidade do determinado: trem-bala; navegação-aérea.
Na forma de locução, ela é produto de uma relação predicativa, em que o sintagma
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é fruto de uma forma transformada da sintaxe do discurso: avião-a-jato; ogiva-nuclear. A


unidade-terminológica apresenta traços comuns com o vocabulário geral, com a predicação
nominal e a verbal.
A homonímia ou a polissemia da unidade terminológica é desfeita pela predicação.
A fonte (palavra do vocabulário geral), conforme a predicação, pertence a áreas diversas.
Por exemplo, fonte em “fonte-energética”.
Segundo Guilbert, o termo especializado neológico procede de um discurso que
apresenta e descreve o objeto novo. Ex: aparelho de ar condicionado, ilha energética, avião
a jato.
As normas de uso de descrição asseguram a melhor utilização possível dos termos
para evitar qualquer ambigüidade na comunicação. A sinonímia, através de perífrases e de
paráfrases, é parte integrante do discurso técnico ou científico que utiliza descrições e
aproximações sucessivas, antes de explicar a denominação.
Esse procedimento é a prática corrente enciclopédica dos dicionários técnicos. O
objeto ou a experiência serve de proposição de base, e a noção é transmitida de descritores,
isto é, segmentos lingüísticos que a transmitem a nós. Quando o termo técnico a ser
nomeado é importado de outra língua e cultura, surgem os problemas de tradução. Se o
termo técnico corresponde, de uma maneira unívoca, a um referente conceptual ou real,
pode haver dois tipos de solução:

 o termo da língua-fonte passa a ser indissociavelmente ligado ao objeto, ou seja,


é intraduzível: vídeo-tape, hardware, software;

 a tradução é feita na língua com termos equivalentes em vista do princípio de


univocidade. Ex: airplane / aeroplano; sleeper / dormentes; espaçonave / space
ship.

Nem sempre, contudo, essa tradução resulta ideal e, por isso, não têm êxito no uso,
uma vez que cada denominação é estreitamente ligada ao tipo de estrutura sintática da
língua. Ex: decibilímetro.

Aspectos neológicos

Embora se pense que a ciência e a técnica são os domínios da objetividade, isto


nem sempre é verdade. Ambas podem ter, em sua raiz, um viés ideológico. Pesquisas são
feitas sempre visando ao interesse dos países dominantes e, assim, os campos técnicos
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desenvolvidos são os que possam favorecer estes interesses. O levantamento das diversas
funções da terminologia permitem a sua dimensão social. A terminologia, denominando o
objeto, segundo Guilbert desempenha as seguintes funções:

enumerativa – classificação e nomenclatura;

cognitiva – designação e comunicação;

documentária – enquadramento do termo em determinado domínio;

neológica – realização técnica e científica nova;

jurídica – apropriações e contratos;

publicitária – conquista de clientela;

comunitária – expressão coletiva de acordo com o sistema.

A terminologia, assim, não pode estar dissociada das forças produtivas associadas
e, dessa forma, não é neutra, pois é elaborada por uma parte menor das forças produtivas:
a classe social dominante, os tecnocratas.
O signo, isto é, o significante e a sua sintaxe, apoia-se em um conhecimento anterior
do conteúdo a ser expresso. Os termos são formados pelos teóricos, utilizando raízes gregas
e latinas já conhecidas e divulgadas no ramo do saber. O lingüista, geralmente, apenas
analisa e aprova/desaprova a escolha, examinando as suas repercussões no sistema
lingüístico.
Assim a terminologia entra no domínio da política das línguas nacionais, para definir
o limite de tolerância do sistema lingüístico e cultural, afim de que se adotem medidas
regulamentares e que se evitem atitudes descabidas. A terminologia torna-se, assim, o
campo da rivalidade e da dominação política e econômica.
Os grandes aliados da dominação são os executivos, pois, para eles, facilita bastante
a adoção rápida de novos termos-empréstimos. O uso generalizado de raízes greco-latinas
corresponde ao desejo da universalidade na terminologia técnico-científica, porém há
sempre a necessidade de tradução e de adaptação na língua-alvo, por mínima que seja.

Aspectos lexicográficos

A análise das unidades terminológicas tem um carácter binário, isto é, ela se efetua
31

do ponto de vista do significante (forma) e do significado (conceito), por isso inclui as relações
palavras/frase/enunciado, língua/pensamento, língua/realidade extra-lingüística. Assim a
terminologia está ligada às seguinte ramificações da lingüística:

lexicografia e lexicologia;

semântica;

sociolingüística;

lingüística aplicada.

Como a terminologia é baseada essencialmente no léxico, criando o léxico


especializado – a sua base é a lexicografia. O termo técnico mantém uma ligação real e
unívoca com o objeto e, por essa razão, não pode ser descrito e estudado da mesma forma
que um termo da língua comum. Assim, a terminologia técnica faz parte do domínio da
lexicografia, porém de uma lexicografia diferenciada – “técnica”, por assim dizer.
O termo dicionarizado constitui uma unidade léxica extraída do enunciado, podendo
ser submetida a uma análise sintática e semântica no discurso onde é usada. Essa análise
indica o nível sociolingüístico do eventual emprego. O termo técnico é o suporte da noção
que descreve e define na sua totalidade, e tal princípio acarreta conseqüências, por diferir
da descrição do termo comum.
A classificação alfabética, usada na lexicografia da língua comum, não pode ser
utilizada, pois não tem coerência e não favorece a aproximação de domínios específicos. A
entrada não deve se basear no termo, mas no domínio de conhecimento.
A descrição do léxico terminológico não visa ao estudo da língua em si, ele é, por
definição, especializado num domínio delimitado, cujos termos não podem ser polisêmicos e
remeter a vários domínios. A entidade lexical terminológica pode ser constituída por um
sintagma mais ou menos desenvolvido e não somente por um termo.
O termo técnico-científico – como signo – é acompanhado de uma descrição que
tem o duplo aspecto de uma proposição ligada a um termo de compreensão mais ampla e
de descrição do objeto com o uso da linguagem comum. Assim, até no tratamento
lexicográfico, o termo técnico científico exige uma técnica específica.

Aspectos metodológicos
32

Os métodos da terminologia e da lexocografia diferem em alguns pontos, sobretudo


no objetivo e na óptica. Enquanto a lexicografia é descritiva, a terminologia é normativa. Na
lexicografia terminológica, a tendência é de normatização em todos os aspectos do trabalho,
havendo dois tipos de pesquisa: a temática e a pontual.
A terminologia pontual tem por fim fornecer respostas de qualidade a questão
específicas. A terminologia temática estabelece, de forma exaustiva, o conjunto de termos,
noções ou denominações ligadas a um domínio.

Na pesquisa terminológica, temos como fases definidas a coleta, o tratamento de


dados e a difusão dos termos. Na metodologia da terminologia pontual, cumprem-se as
seguintes etapas, fundadas numa terminologia bilíngüe.

1 – estabelecimento de um macro-contexto;

2 – estabelecimento de um micro-contexto;

3 – consulta a um banco de termos;

4 – delimitação mais precisa da noção por meio de análise documentária e


consulta especialistas;

5 – estabelecimento de uma equivalência nacional na língua alvo;

6 – estabelecimento de uma equivalência de denominação.

Na metodologia da terminologia temática, há dois tipos de ação:

a onomasiológica – que cria novas nomenclaturas;

a semasiológica – que utiliza métodos lexicográficos e lexicológicos.

As etapas do trabalho terminológico temático são as seguintes:

escolha do domínio da língua do trabalho

consulta aos especialistas;

coleta de informação;

expansão da representação do domínio escolhido;


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estabelecimento dos limites da pesquisa;

coleta e classificação de termos;

verificação e classificação das duplas – noção/denominação;

trabalhos de apresentação dos dados comprados.

A terminologia é uma ciência de bases lingüísticas, com características próprias, com


finalidades imediatas e práticas. Portanto, constitui um ramo da Lingüística que, ligado à
política da língua, só pode ser desenvolvida e aplicada com o apoio de organismos públicos
que lhe concedem recursos financeiros às pesquisas e trabalhos terminológicos, respaldem
e ratifiquem o uso, a implantação e a adoção dos termos levantados.
34

7. ESTILÍSTICA

A Estilística se relaciona com a função expressiva, que pretende conferir emoção ao


discurso através de recursos como as figuras de linguagem. A Estilística é a parte dos
estudos da linguagem que, como o próprio nome denota, preocupa-se com o estilo. Nela, a
linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, conferindo à palavra dados emotivos.
A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso, no qual podemos
observar os processos de manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a mera
função de informar. Na Estilística há um interessante contraste entre o emocional e o
intelectivo, estabelecendo uma relação de complementaridade entre seu estudo e o estudo
da Gramática, que aborda a linguagem de uma maneira mais normativa e sistematizada.
Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma
linguística, o que não é necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande
diferença entre traço estilístico e erro gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma
intenção estético-expressiva que justifique o desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical
não apresenta uma intenção estética, pois configura-se apenas como um desconhecimento
das regras.
Existem, pois, os seguintes campos da Estilística:

Estilística fônica;

Estilística morfológica;

Estilística sintática;

Estilística semântica.

Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na


linguagem oral, a Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando
assim a conceitualização e os diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem. A
partir da leitura de nossos artigos, você poderá entender quão importante é a Estilística, um
recurso amplamente utilizado em diversos gêneros, especialmente na linguagem poética e
na linguagem publicitária.
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8. PRAGMÁTICA

Pragmática é parte do ramo da linguística que analisa o uso concreto da linguagem


pelos falantes da língua em seus variados contextos. A Pragmática extrapola a significação
dada às palavras pela semântica e pela sintaxe, observando o contexto extralinguístico em
que estão inscritas; ou seja, ocupa-se da observação dos atos de fala e suas implicações
culturais e sociais.
Segundo a Pragmática, o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático que os
atos de fala podem gerar. Para ela, o que realmente importa é a comunicação e o
funcionamento da linguagem entre os usuários, concentrando-se nos processos de
inferência pelos quais compreendemos o que está implícito. Observe alguns exemplos:

Ex.: 1

Falante 1: - Nossa, as janelas estão todas abertas! Como está frio aqui!

Falante 2: - Só um momento, irei fechá-las.

Embora o falante 1 não tenha solicitado expressamente que as janelas fossem


fechadas, o falante 2 inferiu, através da análise do que foi dito por seu interlocutor, que, para
eliminar o frio, deveria fechar as janelas, intenção implícita no discurso do falante 1.

Ex.: 2

Falante 1: - O ambiente ficou muito escuro depois que as persianas foram fechadas.

Falante 2: - Vou abri-las novamente.

Conforme você viu, mesmo que o falante 1 não tenha expressado formalmente que
gostaria que as persianas fossem abertas, o falante 2 inferiu, através da análise do contexto
comunicacional, que, para eliminar a escuridão do ambiente, as persianas deveriam ser
abertas, intenção pretendida implicitamente pelo falante 1.
Segundo a Pragmática, o contexto no qual a comunicação está inscrita é essencial
para a compreensão do enunciado emitido. Claro que, quanto maior o domínio da linguagem,
maior será a capacidade do falante de compreender enunciados implícitos. Nos exemplos
utilizados acima, houve pedidos por parte de dois dos falantes, e, como regra constitutiva,
36

os ouvintes disponibilizaram-se a executar aquilo que foi solicitado.


A palavra pragmática, linguisticamente diz respeito ao estudo da linguagem do ponto
de vista de seus usuários, analisando as escolhas lexicais feitas, as restrições encontradas
no uso da linguagem em determinadas interações sociais e, principalmente, os efeitos que o
uso da linguagem tem sobre os outros participantes no ato da comunicação.
A Pragmática pode, então, ser considerada o ponto de convergência entre o uso
linguístico e o uso comunicativo, comprovando a intrínseca relação entre a linguagem e a
situação comunicativa em que ela está sendo empregada.
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9. SEMÂNTICA

Semântica (do grego σημαντικός, sēmantiká, plural neutro de sēmantikós, derivado


de sema, sinal) é o estudo do significado e da interpretação do significado de uma palavra,
de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse
campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas
linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.
A semântica é o estudo dos significados, não só da palavra, mas das orações,
frases, símbolos e imagens, entre outros significantes. Esse estudo da gramática está muito
associado com a sintaxe.
A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se
ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões
formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, as relações entre predicados e
seus argumentos).
Caso seja feita alguma alteração na base sintática, uma alteração de pontuação ou
de palavras, o significado de toda a frase muda, mas também pode acontecer de o
significado de apenas uma palavra mudar. Dependendo da concepção de significado que
se tenha, têm-se diferentes semânticas.
A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica
cognitiva, descrevem o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.
Pode-se exemplificar isso pelo desenho de uma cadeira. A sintaxe seria o desenho
em si, a semântica é o significado que aquele desenho traz: uma cadeira. Se fizermos
qualquer alteração no desenho, o significado da cadeira pode mudar. Se apagamos o
encosto do desenho da cadeira o significado muda, aquilo não é mais uma cadeira, e sim
um banco.
O processo de significação é o que possibilita a comunicação. Não adianta apenas
ter a forma e a estrutura das palavras e frases, é preciso saber os significados delas para
que o receptor da mensagem a compreenda com perfeição.
A sintaxe e a semântica são usadas em níveis mais específicos para a criação
artística e publicitária. O autor pensa nos significados que quer transmitir, depois busca a
melhor maneira e quais ou melhores elementos para fazer com que essa mensagem seja
entendida. No estudo da gramática relacionado ao significado das palavras e frases, é
preciso levar em consideração três aspectos: sinonímia, antonímia e homonímia.
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Sinônimos e Antônimos

Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em consideração a sinonímia


e a antonímia. Sinonímia e a antonímia são aspectos muito importantes na hora de se
estudar os significados de uma palavra ou frase.

Sinônímia é a relação entre dois ou mais significantes que possuem o mesmo


significado, ou seja, sinônimos são palavras diferentes que possuem o mesmo sentido.

Antônia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam
significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos: Exemplos. Economizar - gastar /
Bem - mal / Bom – ruim. Sinônimos são dois significantes que possuem significados opostos.
Palavras que se contradizem são antônimas entre si.

Exemplos: “Morto” e “falecido” são sinônimos, pois ambos os termos têm o mesmo
significado. “Bondoso” e “malvado” são antônimos, pois seus significados se opõem.

Homônimos e Polissemia

A homonímia é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem


significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos. A
homonímia é um aspecto muito importante e variado na gramática portuguesa, pois além de
contemplar a escrita, também traz aspectos da sonoridade das palavras.
Os homônimos são significantes parecidos que possuem significados diferentes, ou
seja, palavras parecidas ou iguais na pronúncia, escrita ou nas duas coisas, mas com
significados divergentes.
Normalmente os homônimos são generalizados como polissêmicos, mas a
polissemia tem leves diferenças dos homônimos. A lista abaixo traz os definições e
exemplos de tipos homônimos e de polissemia.

Homógrafas: São palavras homônimas que possuem a escrita igual, mas são
diferentes na pronúncia. Exemplo: Em “eu almoço tarde” e “o almoço está pronto”, a palavra
“almoço” (verbo) e “almoço” (substantivo) tem a mesma grafia, mas não é pronunciada da
mesma maneira.

Homófonas: São palavras homônimas que possuem a pronúncia igual, mas


distinguem-se na grafia. Exemplo: “Cinto” (substantivo) e “sinto” (verbo) possuem a mesma
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oralidade, mas a escrita é diferente.

Perfeitas: São palavras homônimas que tanto são homógrafas quanto homófonas.
Exemplo: “cedo”(do verbo ceder) e “cedo”(advérbio de tempo) são escritas e pronunciadas
igualmente, mas não têm o mesmo significado.

Paronímia: Palavras com grafia diferente, mas pronúncia muito parecida. Exemplo:
“descriminar” e “discriminar” têm pronúncias muito próximas, mas a primeira palavra significa
“tirar a culpa”, a segunda quer dizer “diferenciar”.

Polissemia: Ocorre quando uma mesma palavra tem mais de um significado.


Exemplo: A palavra “graça” em “fez uma graça” e em “é de graça” tem significados diferentes
em cada uma dessas frases. Na primeira remete a algo engraçado; na segunda, a algo que
não tem custo, que é gratuito.

Hiperônimo e Hipônimo

Os hiperônimos e hipônimos são como um conjunto e seus elementos da


matemática. Os hiperônimos são palavras que têm sentindo mais abrangente, como um
conjunto que agrupa os seus elementos. Os hipônimos, por outro lado, são como os
elementos que estão dentro deste conjunto, são palavras com um significado mais
específicos.
Ambos são termos da semântica moderna, e são importantes, por exemplo, para
que evitemos repetições excessivas num texto ou mesmo na fala. Exemplo: A palavra
“automóvel” é o hiperônimo de “carro”, “moto” e “caminhão”. As palavras “barata”, “mosca”
e “besouro” são hipônimos de “inseto”.

Conotação e Denotação:

Conotação: é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo


contexto. Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado) quando apresenta
diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto frásico
em que aparece. Quando se refere a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido
original da palavra, ampliando sua significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
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A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da mensagem,


através da expressividade e afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras
de música, em anúncios publicitários, entre outros.

Exemplos:

Você é o meu sol!

Minha vida é um mar de tristezas.

Denotação: é o uso da palavra com o seu sentido original. Uma palavra é usada no
sentido denotativo (próprio ou literal) quando apresenta seu significado original,
independentemente do contexto frásico em que aparece. Quando se refere ao seu
significado mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes
associado ao primeiro significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais
literal da palavra.

A denotação tem como finalidade informar o receptor da mensagem de forma clara


e objetiva, assumindo assim um caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos,
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos
científicos, entre outros.

Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. A construção


de um muro de pedras.
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