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Região Acadêmica I

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Escola Superior Pedagógica do Bengo
DEPARTAMENTO DE ENSINO, INVESTIGAÇÃO EM LETRAS MODERNAS

RELAÇÃO DA SEMÂNTICA COM OS OUTROS DOMÍNIOS DA


LINGUÍSTICA: PRAGMÁTICA

Trabalho apresentado à disciplina de Semântica da


Língua Portuguesa no curso de Ensino da Língua
Portuguesa, orientado pelo Docente Gaudêncio
Kimuenho.

Caxito / 2022
Escola Superior Pedagógica do Bengo
DEPARTAMENTO DE ENSINO, INVESTIGAÇÃO EM LETRAS MODERNAS

RELAÇÃO DA SEMÂNTICA COM OS OUTROS DOMÍNIOS DA


LINGUÍSTICA: PRAGMÁTICA

INTEGRANTES DO GRUPO

Nº Nome Completo Classificação

1 Analdina de Oliveira da Conceição


2 Emília Ngola Manuel
3 Laurindo Octávio Chipande
4 Manuel Salvador Pascoal
5 Marcelino Eduardo Narciso
6 Ndilipangue Penovanu Chungo

Grupo nº 04
Trabalho apresentado à disciplina de Semântica da
Sala nº 08 Língua Portuguesa no curso de Ensino da Língua
Portuguesa, orientado pelo Docente Gaudêncio
Período: Pós-Laboral
Kimuenho.
Ano Académico 3º

Caxito / 2022
ÍNDICE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................4

SEMÂNTICA E PRAGMÂTICA.....................................................................................5

1.1. Definição: Semântica e Pragmática............................................................................5

1.2. Conceituando semântica e a pragmática....................................................................5

1.2.1. Semântica................................................................................................................5

1.2.2. Pragmática...............................................................................................................5

RELAÇÃO DA SEMÂNTICA COM A PRAGMÁTICA................................................6

CONCLUSÃO.................................................................................................................10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................11

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INTRODUÇÃO

Sempre foi preocupação do homem entender a linguagem. Desde a Grécia


antiga, filósofos buscavam desvendar o seguinte mistério: as palavras espelham a
realidade? Existe uma relação natural entre as palavras e os seres que elas nomeiam?
Como a linguagem se organiza?

Estes questionamentos atravessaram os tempos, até que, no século XX, a


linguística se firma como ciência, apresentando um objeto de estudo bem-definido,
objetivo, e um método de investigação. Foi neste século que o grande mestre genebrino
Ferdinand de Saussure propôs a língua como o objeto de estudo da Linguística,
conceituando-a como um SISTEMA DE SIGNOS.

A Linguística caminhou numa curva ascendente ao longo do século XX,


dividindo-se em áreas de interesse. Cagliari (1990, p.42), por exemplo, apresenta a
seguinte divisão da Linguística: “Podemos dividir a Linguística em Fonética, Fonologia,
Morfologia, Sintaxe, Semântica, Análise do Discurso, Pragmática, Sociolinguística,
Psicolinguística, etc.”. Nosso objetivo geral com este trabalho é apresentar a Relação da
Semântica com outros domínios da linguística, concretamente a Pragmática.

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SEMÂNTICA E PRAGMÂTICA

1.1. Definição: Semântica e Pragmática


Sempre que estudamos uma disciplina, desejamos logo alguma definição
precisa. Trata-se de um desejo natural, pois é a partir dessa definição que nos situamos
em nossa caminhada pela pesquisa. Sendo a pesquisa uma viagem, a definição chega a
ser um roteiro da viagem, chega a ser até mesmo as “lentes” por meio das quais
observaremos um determinado conjunto de factos.

Semântica é o estudo do significado das línguas e a pragmática estuda a


maneira pela qual a gramática, como um todo, pode ser usada em situações
comunicativas concretas. (Cançado, 2008)

1.2. Conceituando semântica e a pragmática


1.2.1. Semântica

A Semântica, segundo ( Oliveira, Basso, Souza, Taveira, & Gritti, 2012), é área
da Linguística que estuda o significado das línguas naturais, subdivide-se em vários
tipos, de acordo com as variadas visões dos especialistas nessa área. Desta forma, há a
semântica textual, formal, lexical, discursiva, cognitiva, dentre outras, ligadas por um
ponto comum: em todas elas o objeto de estudo é o significado.

Deve-se ao filólogo francês Michel Bréal (1832-1915) o termo semântica.


Embora não houvesse um termo que denominasse o estudo dos sentidos até então, isso
não era impedimento para que estudos anteriores, desde a época de Aristóteles, fossem
desenvolvidos. Na perspectiva de ( Oliveira, Basso, Souza, Taveira, & Gritti, 2012) de
Bréal até nossos dias, houve uma evolução no campo desses estudos, o autores afirmam
que primeiramente procurou-se estudar o sentido das palavras numa perspectiva
histórica e mecanicista, calcada nas mudanças lexicais. No entanto, percebeu-se que,
mais do que a palavra em si, o homem carrega uma carga cultural: interage com outros
homens, percebe o mundo a sua volta de maneira diferente e é capaz de significar o
mundo de forma diferenciada. ( Oliveira, Basso, Souza, Taveira, & Gritti, 2012)

1.2.2. Pragmática

No seculo XX, apos a publicação do Curso de linguística geral, de Ferdinand


de Saussure, você pode ver uma clara divisão das pesquisas linguísticas em dois grandes
polos: o polo formalista e o polo funcionalista. O primeiro enfatizava a forma linguística
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e considerava a língua como sistema ou estrutura, de forma a desconsiderar a fala, que
seria somente sua contraparte individual e concreta.

Um dos exemplos de vertentes formalistas seria o Gerativismo de Chomsky,


que propõe uma visão homogénea da língua ao estudar a competência linguística. Já o
segundo polo considerava a língua numa perspectiva sociointeracionista e funcional,
destacando o estudo do uso da língua em situações reais de comunicação. Aqui entra em
cena a competência comunicativa ou pragmática, que considera fenómenos de variação
e mudança linguísticas, com a noção de falante/ouvinte ideal dando lugar a noção de
falante/ ouvinte real. A Pragmática, então, faria parte do segundo polo, distinguindo
radicalmente do polo formalista ao propor teorias do uso linguístico considerando sua
dimensão social (WILSON, 2011) citado por (Salgado & Marques, 2017)

A Pragmática segundo vários autores tem como objecto de estudo o uso


concreto da linguagem pelos falantes da língua em seus variados contextos,
conforme afirma a (Perez, 2022):

“[[…] a pragmática extrapola a significação dada às palavras


pela semântica  observando o contexto extralinguístico em que estão
inscritas, ou seja, ocupa-se da observação dos atos de fala e suas
implicações culturais e sociais”.

O que realmente importa para a Pragmática é a comunicação e o


funcionamento da linguagem entre os usuários, concentrando-se nos processos de
inferência pelos quais compreendemos o que está implícito.

RELAÇÃO DA SEMÂNTICA COM A PRAGMÁTICA

Para Saussure, o objeto de estudo da Linguística é o signo linguístico. O signo


linguístico é uma associação de um conceito, chamado significado, a uma imagem
acústica (ou ótica), chamada significante. (McCleary & Viotti, 2009)

SIGNIFICADO

SIGNIFICANTE

1
Extraído de Mc Cleary L. &Viotti E. (2009). Semântica e Pragmática (pp.4)

6
Segundo os mesmos autores, afirma que tanto o significado, quanto o
significante são entidades abstratas que existem na mente dos falantes de uma
determinada língua. Significado e significante são, portanto, entidades mentais. Para
eles, usamos os signos para falar sobre coisas no mundo (entre outras coisas!). e trazem
como exemplo a palavra (signo) ‘mesa’ para falar sobre uma mesa à qual sentamos para
escrever um texto ou fazer uma refeição. Mas isso não quer dizer que o significado do
signo ‘mesa’ deve ser identificado com esta mesa no mundo sobre a qual falamos. E
nem que o significante de ‘mesa’ deve ser identificado com os sons (ou gestos) que
usamos para pronunciar a palavra. (McCleary & Viotti, 2009)

O significado não é a mesa (o objeto físico) em si, mas a representação mental


que temos do objeto. Do mesmo modo, o significante desse signo não é o som [meza],
mas a representação mental que os falantes de português fazem desses sons, que os
ajuda a reconhecer o signo ‘mesa’ quando ele é pronunciado, e a saber como o signo
deve ser pronunciado.

(McCleary & Viotti, 2009) enfatizam que o importante é que o signo estabelece
uma relação simbólica entre um significado e um significante. Ou seja, quando
pronunciamos a sequência fonológica /meza/, necessariamente designamos o conceito
[MESA]. O signo é isso: uma relação simbólica inseparável entre significado e
significante. E já que a língua é um sistema de signos, isso significa que a língua é
simbólica. Cada vez que pronunciamos ou sinalizamos palavras, sentenças ou discursos
inteiros, estamos designando conceitos.

Segundo (McCleary & Viotti, 2009), a Fonologia é a área da Linguística que


estuda o significante. E quais áreas da Linguística estudam o significado? São
justamente a Semântica e a Pragmática. Ou seja, a Semântica e a Pragmática, para estes
autores, estudam os conceitos que construímos em nossas mentes quando estamos
diante de um signo linguístico, seja ele uma palavra, uma sentença, ou um texto. Trazem
como exemplo, a palavras ‘calvo’ e ‘careca’, pois, sabemos que o conceito associado a
palavras como ‘calvo’ e ‘careca’, nas sentenças (1) e (2), são iguais:

(1) O João começou a ficar calvo aos 30 anos.


(2) O João começou a ficar careca aos 30 anos.

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Dada estas duas sentenças, podemos depreender que tanto o uso da palavra
‘calvo’, quanto o uso da palavra ‘careca’, nas sentenças acima, nos levam ao conceito
relativo à propriedade que alguém tem de não ter cabelo.

Vamos considerar, agora, uma sentença como a seguinte:

(3) A porta está aberta.

Qual é o conceito que formamos quando ouvimos uma sentença como essa,
fora de contexto? Em termos bem intuitivos, formamos o conceito de um Objeto físico
que serve para marcar o ponto de entrada ou saída de uma sala, e o de que esse objeto
físico não está obstruindo nem a entrada, nem a saída de ninguém dessa sala. (McCleary
& Viotti, 2009)

(McCleary & Viotti, 2009) trazem outra situação onde um professor está dando
aula e um grupo de alunos está fazendo a maior bagunça, conversando sem parar, e não
prestando atenção à matéria que está sendo ensinada. O professor dá uma bronca nos
alunos e pede para eles ficarem quietos. Entretanto, depois de alguns minutos, eles
continuam a conversar e a perturbar a aula. Desta vez, o professor para a aula, chama o
nome dos alunos que estão fazendo bagunça e diz: ‘A porta está aberta!’ Qual é o
significado dessa sentença nesse contexto? Parece ser bem diferente daquele conceito
que formamos sobre a sentença (3), não é? Os autores concluem que nesse contexto, a
sentença ‘A porta está aberta’ é entendida como um pedido aos alunos para que se
retirem da sala.

Vamos pensar agora em um outro contexto. O professor está dando aula, a


porta da sala está aberta, e alguém pára do lado de fora da sala, com ar de curiosidade e
interesse. O professor, em uma atitude bem simpática, se dirige a essa pessoa e diz: ‘A
porta está aberta’ (provavelmente acompanhado de um gesto). Será que o significado
dessa sentença se mantém igual ao significado formado no contexto anterior?
Certamente não! Desta vez, o professor não está pedindo à pessoa que se retire de lá.
Desta vez, o professor está convidando a pessoa a entrar e a assistir à sua aula.

Podemos multiplicar esses exemplos. Imaginemos o mesmo professor estando


a dar aula, com muito barulho vindo do lado de fora. Muita gente no corredor está
falando alto. Ele vira para uma aluna sentada do lado da porta e diz, baixo: ‘A porta está

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aberta.’ Nesse caso, qual é o significado da sentença? Podemos perceber qual é, quando
a aluna levanta e fecha a porta! Foi um pedido de fechar a porta.

Algumas correntes teóricas fazem uma separação entre o estudo do significado


das expressões linguísticas analisado fora de contextos de uso (como fizemos quando
apresentamos a sentença (3)), e o estudo do significado das expressões em situações de
uso (como fizemos quando apresentamos os três contextos de sala de aula, acima). As
teorias que fazem essa divisão consideram que o estudo do significado linguístico com
base apenas no sistema da língua -- fora de contexto de uso -- é o objeto específico de
estudo da Semântica. Diferentemente, o estudo do significado das expressões
linguísticas em contextos de fala é o objeto específico da Pragmática. Para essas teorias,
segundo (McCleary & Viotti, 2009), a análise da sentença A porta está aberta que
descreve seu significado como sendo o de um objeto físico que não está obstruindo a
entrada ou saída de uma sala é parte da Semântica. Já a análise da conceitualização
formada pelo uso dessa sentença nos contextos de sala de aula descritos acima é parte
da Pragmática. (McCleary & Viotti, 2009)

Entretanto, algumas outras correntes teóricas não aceitam a divisão tão rígida
entre o âmbito de estudo da Semântica, de um lado, e da Pragmática, de outro. Para
essas outras correntes, a construção de todas as conceitualizações 2 que fazemos está
associada à nossa experiência no mundo, e sempre depende, em maior ou menor grau,
do contexto de fala. A divisão entre estudos semânticos e estudos pragmáticos, para
essas teorias, é apenas uma divisão didática. (McCleary & Viotti, 2009) afirmam que
essas correntes que consideram que o objeto de estudo da Semântica e da Pragmática é
o mesmo.

2
processo de construção de significado

9
CONCLUSÃO

Depois de muitas leituras realizadas conseguimos compreender a relação que


semântica tem com a Pragmática, percebemos, pois, que a sua relação gira em torno do
signo linguístico. Como vimos o signo linguístico e o resultado da associação do
significado e o significante, ou seja, o processo de construção de significado depende,
em maior ou menor grau, do contexto de fala.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Oliveira, R. P., Basso, R. M., Souza, L. M., Taveira, R., & Gritti, L. L. (2012).
Semântica : 6º período. Florianópolis : LLV/CCE/UFSC.

Cançado, M. (2008). Manual de Semantica: Noções Básicos e exercícios . Belo


Horizonte: UFMG.

McCleary, L., & Viotti, E. (2009). Semântica e Pragmática. Florianópolis: CCC e


UFSC.

Neto, M. M. (s.d.). Semantica e Pragmática . Letras Libras.

Perez, L. C. (09 de 05 de 2022). Pragmática. Obtido de Portugues :


https://www.portugues.com.br/redacao/pragmatica.html

Pinto, D. C. (2016). Semântica e Pragmática: divisão ou relação? Em D. C. Pinto, F. A.


Coelho, M. P. Cabral, & R. M. Ribeiro, Introdução à semântica (pp. 34 - 52). Rio de
Janeiro: Fundação Cecierj.

Salgado, B. d., & Marques, P. (2017). Introdução aos Estudos Linguísticos. Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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