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Aula 1.

Morfologia: É a parte da gramática que estuda as partes que compõem uma palavra ou um
vocábulo.

Linguagem: É toda forma que o ser humano usa para se comunicar; é qualquer forma de
expressão utilizada pelas pessoas para se comunicar; linguagem é todo sistema de sinais falados,
escritos, ou visuais que proporcionam omunicação entre os indivíduos, sendo mais genérica. A
linguagem pode ser verbal ou não verbal;

Através da faculdade da linguagem, o homem compreende e explica as relações do e com o


mundo.

A linguagem é elemento indispensável da comunicação social e de domínio individual. Ao usá-la, o


indivíduo se integra com os seus semelhantes.

Tipos de linguagem:

. Linguagem verbal: É feita através de palavras, podendo ser falada ou escrita;

. Linguagem não verbal: É todo tipo de comunicação realizada pelo ser humano sem o uso de
palavras. Ex.: Pintura, dança, sinais de trânsito etc;

Enfim, tudo isto é Linguagem: representação do pensamento por sinais e/ou por palavras.

A linguagem humana é expressa por meio de um sistema de som vocal chamado língua. Esta
possibilidade permite que o ser humano utilize um código linguístico, a língua, em sua
materialidade verbal, para se comunicar. Cada língua apresenta o seu código, com regras e
normas, sua maneira de arrumação das palavras na frase, sua própria estruturação.

Língua: É um código, sistema ou idioma universal dentro de uma determinada comunidade


linguística que é usada para estabelecer regras ou padrões. A língua é sempre verbal.

OBS.: Uma língua não possui o mesmo sistema que a outra.

O mesmo sistema linguístico de uma comunidade linguística é utilizado por todos, mas em estilos
diferentes. Um idoso utiliza o idioma em um estilo diferente do de uma criança, por exemplo.

O sistema da língua é social, porque é comum a todos os falantes de uma comunidade linguística,
logo podemos entender que a atividade linguística é sistematizada, ou seja, segue um conjunto de
elementos lexicais (palavras) e gramaticais (organização do código) que fazem parte de uma
língua, de uma organização interna desses elementos e de suas regras combinatórias (O sistema
linguístico é social porque é comum a todos os falantes de uma determinada comunidade
linguística; assim, chega-se a conclusão de que a língua é um sistema, ou seja, utiliza o mesmo
conjunto de palavras e segue a mesma gramática).

Contamos com uma característica fundamental da faculdade da linguagem humana, que permite
que o homem crie enunciados linguísticos infinitamente: a CRIATIVIDADE. As experiências de vida
de toda ordem (no cotidiano, nos grupos de amigos, no contato com culturas diferentes), a
convivência com textos de variadas espécies (poemas, lendas, crônicas), a possibilidade da fala e
da escrita contribuem significativamente para esta criatividade linguística.

Signo linguístico: É o instrumento através do qual a comunicação se realiza. Em uma ação de


comunicação, apresentamos nossos conceitos, ideias, pensamentos; enfim, nossa visão de mundo,
por meio de palavras que trazem o significado que queremos transmitir. Daí surgem os signos
linguísticos (sons da língua + significado).

A linguagem humana apresenta-se fundamentada no signo.

Imagem acústica (som) + Imagem acústica (som) = Significante;

Imagem mental (ideia) = Significado;

Significante (som) + Significado (ideia) = Signo linguístico.

Ex.: Para o conceito “livro”, o português utiliza o termo “livro”, o espanhol emprega “libro”, o
inglês usa “book”; já no francês, temos “livre”. Variaram os significantes, mas o significado é o
mesmo conceito.

A mudança da língua: Tanto o processo de aquisição de linguagem como a sistematização da


língua sofrem mudanças e são adaptadas às novas necessidades e crescimento de expressão de
uma comunidade. A língua não é estática, está em processo de mudança contínua. Observamos
signos que, ao longo do tempo, modificaram seu significante, mas que ainda permanecem em
nosso sistema linguístico nos dias de hoje, em seu conceito fundamental.

Sincronia e diacronia:

. Sincronia: Procura estudar o sistema de uma língua em uma determinada época ou período.
Estuda a língua e a linguagem a partir de sua composição interna, explicando as funções da
linguagem; (estuda o sistema linguístico focando apenas no seu período ou época atual)

. Diacronia: Mostra como as línguas se formaram, sua evolução natural. Estuda as origens e as
relações históricas da língua. (estuda a evolução da língua)

Entende-se, portanto, que os estudos lexicais envolvem, principalmente, uma abordagem


sincrônica, do momento atual, sem, contudo, perder de vista uma abordagem do passado, uma
abordagem diacrônica.

O uso da língua: A língua é social (pois é usada por todos); o uso da língua é individual (é usada de
diferentes formas por cada indivíduo). Porém, mesmo individual, esses atos são normalmente
realizados na e para a comunicação entre sujeitos ou indivíduos, que para compreender-se,
precisam estar “de acordo” sobre o que significam os sinais que usam. Este acordo refere-se à
dimensão social e histórica da língua. SOCIAL, porque pertence a todos e HISTÓRICA, pois é
transmitida de geração em geração, através dos tempos.

O fato de pertencer a todos os falantes exerce sobre o uso da língua uma pressão padronizada,
cujo efeito é a semelhança de uso entre os membros da mesma comunidade linguística, a que
denominamos norma (Pelo fato de a língua ser social, ela apresenta um padrão - chamado de
norma - que é utilizado pelos indivíduos de uma mesma comunidade linguística).

Os três conceitos fundamentais da língua:

1. O sistema: O conjunto que está presente em todos os usos da língua;

2. O uso: O ato concreto de falar/ouvir ou escrever/ler a língua (é, literalmente, você utilizando a
língua, seja falando, ouvindo, escrevendo ou lendo);

3. A norma: A soma dos usos histórica e socialmente consagrados numa comunidade e adotados
como um padrão que se repete;

Aula 2.

Critérios da língua: Há 3 níveis ou critérios: Nível fonológico (de som), nível morfossintático (de
forma e funcionalidade) e nível semântico (de significado).

. Semântico: É o significado de algo;

. Fonológico: Critério referente ao som;

. Sintaxe (critério sintático ou de funcionalidade): Estuda a estrutura das frases e orações. É a


ordem de organização e funcionamento da língua. Ex.: Verbo;

. Critério formal ou mórfico: É o critério que se baseia na caracterização da estrutura do vocábulo


(da palavra), aqui se verificando a aceitação ou não da combinação das formas.

Diferença entre palavra e vocábulo:


. Palavra: É um conjunto marcado por um só acento tônico: mármore, café, trânsito. É a menor
unidade significativa autônoma constituída de um ou mais elementos dispostos em uma ordem
estável.

. Vocábulo: Os vocábulos seriam também a constituição de fonemas e sílabas mesmo que


desprovidos de sentido ou de tonicidade, como os elementos "com" e "o" da expressão "Com o
chinelo".

Há linguistas que consideram palavra e vocábulo como a mesma coisa.

Dupla articulação da linguagem: Trata-se de dividir uma produção linguística em unidades


menores, as quais podem unir-se de diversas formas para produzir estruturas maiores.

. Primeira articulação (morfema): Consiste em dividir a língua na menor unidade possível de


significado, chamada de morfema.

OBS.: Morfema: Unidade mínima de sentido, não divisível. Ex.: Gat- (essa radical pode unir-se a
outros morfemas e dar origem a vocábulos, como Gato (Gat- + -o); é indicado utilizando-se hífen.

. Segunda articulação (fonema): Trata-se de dividir a língua na decomposição mínima da língua,


que é o som, estando desprovida de sentido.

OBS.: Fonema: Unidade mínima de som, desprovida de sentido. Possui valor distintivo. é indicado
utilizando-se barras.

Sobre a dupla articulação: Estas articulações são simultâneas. São pertinentes à linguagem
humana, distinguindo-se de quaisquer outras produções vocais não linguísticas; A articulação é o
método mais utilizado para entendermos como se constitui ou se estrutura uma língua.

Aula 3:

Morfema: Unidade mínima de sentido, não divisível. Em princípio, todo morfema se compõe de
um ou vários fonemas, e destes difere, fundamentalmente, pelo fato de apresentarem significado.
Como é fácil perceber, isoladamente os fonemas nada significam. Se pronunciamos /p/ ou /t/,
ninguém associa ao som emitido nenhuma ideia. Mas, de modo oposto, em geral, só existe o
morfema quando a unidade mínima apresenta um significado.

Uma palavra é constituída de morfemas.

Morfema cumulativo: É aquele que possui mais de uma noção gramatical; ele possui mais de um
valor acumulado, sendo por isso, chamado de cumulativo. Ele tem mais de um valor gramatical.
Ex.: Eu vendO, eu partO, eu estudO (Primeira pessoa, singular, presente do indicativo. Ex.2:
Fala-MOS (Primeira pessoa do plural, presente, pretérito perfeito do indicativo)

Segmentação: Isto consiste na substituição, na troca de morfemas a partir de uma base comum ou
radical.

Quando realizamos a operação de comutação (transformação), acabamos por descobrir quais são
os morfemas que constituem um vocábulo. Exemplo: A forma verbal ‘amava’ é formada por am +
a + va. Ao comutarmos, descobrimos também que alguns morfemas podem se repetir em
conjuntos de vocábulos. Por exemplo, em ‘ cantava’ temos a repetição de ‘a’ + ‘va’, ou seja, esses
morfemas se repetem. Esses morfemas usados na flexão do verbo são chamados de morfemas
gramaticais. Mas e o radical ‘cant-‘? Que tipo de morfema ele é? O radical é um exemplo de
morfema lexical.

Tipos de morfemas:

. Morfema gramatical: É aquele que expressa um aspecto gramatical da língua. São exemplos de
morfemas gramaticais: as desinências modo temporais (VA), e número-pessoais dos verbos (S) e
as desinências de gênero (A e O) e de número dos nomes. os morfemas gramaticais pertencem a
um paradigma numericamente restrito e estável, isto é, a um inventário fechado.

. Morfema lexical: É a parte da palavra em que temos o significado básico, é o núcleo semântico da
palavra. Esses morfemas fazem parte do inventário aberto da língua, já que novas palavras podem
surgir. CANT-, GAT-

. Morfema derivacional: São aqueles que possibilitam a criação de novas palavras. São exemplos
de morfemas derivacionais os prefixos, os infixos e os sufixos. Exemplos: cas [inha]; cas [eiro].

. Morfema categórico: São morfemas flexionais, ou seja, são as desinências nominais e verbais,
representando, assim, morfemas gramaticais. A função dos morfemas categóricos é indicar as
flexões que as formas assumem. Exemplos: casa[s]; menin[a].

Formas de morfemas:

. Formas livres: São morfemas que podem aparecer sozinhos em um enunciado. Exemplo: " Quem
chegou mais cedo? Ele."

. Formas presas: São morfemas que não aparecem isoladamente como, por exemplo, os sufixos, as
desinências etc. Exemplo: caseiro.

. Formas dependentes: Não são formas livres porque não constituem enunciados, e não são
formas presas porque existem como vocábulos. são exemplos dessas formas dependentes:
artigos, preposições, algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos. Exemplo: Café com leite.

Morfes e morfemas:

. Morfe: É a realização de um morfema. Elemento que representa, graficamente, o morfema. O


morfe é a concretização de um morfema, ou seja, uma sequência fonêmica mínima a que se pode
atribuir um significado;

. Fone: É a realização de um fonema.

Tipos de morfes:

. Morfes alternantes: Morfes expressos pela mudança da estrutura fônica da raiz. Temos morfes
alternantes quando o morfema se realiza mediante a permuta entre dois fones: Ex. Pude ≠ pôde -
fiz ≠ fez - pus ≠ pôs.

Há 3 grupos de alternância do timbre da vogal tônica com função de indicações gramaticais:

a) |ê| - |é|; |ô| - |ó|; esse / essa novo /novos ovo / ovos

Nos verbos da 2ª. Conjugação, é marcada, no pres. do indicativo, a oposição entre a 1ª. pessoa
e as outras rizotônicas: devo / deves -deve, devem - Torço / torces, torce, torcem

b) |ê| - |i|; |ô| - |u|: este, esse / isso


aquele/aquilo todo / tudo

c) |i| - |ê|; |u| - |ô|; |i| - |é|; |u| - |ó| Em verbos da 3ª conjugação, o morfe alternante marca, no
presente do indicativo, a oposição entre a 1ª pessoa e as outras rizotônicas : minto / mentes;
sinto / sentes; sumo / somes; firo /feres; durmo / dormes.

Exemplos de alternância consonantal: Trag - o ≠ traz - es [dig ] - o ≠ [diz] - es.

Exemplos de alternância acentual: Nesse caso, temos um morfema suprassegmental, ou seja,


temos a variação de intensidade e altura com significado gramatical. Em português, só a
intensidade tem valor gramatical, ainda que a variação de altura traga significado e possibilite
a distinção entre asserção e interrogação (Ele já viajou. /Ele já viajou?).

Exemplos de alternância acentual: fábrica/fabrica – a incidência de maior tonicidade numa ou


noutra sílaba é o elemento diferenciador do comportamento gramatical de cada uma dessas
palavras (nome ou verbo). Exército/exercito Retífica/retifica História/historia

. Morfe cumulativo: É um morfe que expressa mais de um significado (não há correspondência


ideal entre morfe e morfema). Ex.: [mos] em viajamos – desinência número-pessoal (1a. pessoa/
plural). GN considera que [o] em lindo é morfe cumulativo (VT + desinência de gênero).

. Morfe redundante: Ocorre quando mais de um traço opõe duas formas.

Ex.: Na flexão de número, temos avô/ avós (abertura da vogal + morfema [s] como marcas de
plural). Na flexão de número, temos avô/ avós (abertura da vogal + morfema [s] como marcas de
plural). Outros exemplos - (BECHARA, 2000, p. 123): Caroço, choco, corpo, corvo, destroço,
esforço, fogo, forno, fosso, imposto, jogo, miolo, olho, osso, porco, reforço, socorro, tijolo, torto,
troco, troço, entre outras. Na flexão de gênero: Nos pares esse / essa e novo / nova, temos, além
da inserção da desinência que indica a flexão, a abertura da vogal.

. Morfe homônimo: Ocorre quando um único morfe corresponde a morfemas distintos. Ex.: [s] A[s]
casa[s] – marca plural (tu) ama [s] – desinência número-pessoal.

Aula 4:

Alomorfe: Diz respeito às configurações que um morfema pode tomar. Variação de um morfe para
um morfema. Indica a realização de um morfema por dois ou mais morfes diferentes. Quer dizer, é
quando um morfema é representado por dois morfes. Ex.: No verbo levas, o morfema –s
caracteriza a 2ª pessoa do singular, que também pode ser caracterizado por –ste em levaste ou –es
em levares. O segmento / - s / marca plural, e / -es / tem a mesma função: casas x mares.

Quando ocorre a alomorfia, a forma de mais alta frequência deve ser considerada a forma-base; a
outra é uma variante, seu alomorfe.

Ex.: Vida e Vital tem a mesma base: Vid- e Vit. Ainda que estejam diferentes, possuem a mesma
base, mas com um morfe diferente. O ALOMORFE NÃO OCORRE SÓ NA BASE.
Assim, no imperfeito do indicativo, primeira conjugação, a forma-base é –va-; a variante é –ve-
(cantáveis). No futuro do pretérito, -rie- (cantaríeis) é alomorfe de –ria-.

Alomorfe vem do grego (állos = a outro + morphé = forma).

Exemplos de alomorfia:

Alomorfia na raiz: Os morfemas lexicais. / ordem /, / orden-/ /ordin-/ têm a mesma significação em
ordem, ordenar e ordinário.

Alomorfia no prefixo: O prefixo / in / passa a / i / em inapto / ilegal.

Alomorfia no sufixo: No par bananal / cafezal o sufixo / al / passa a / zal / e no par relator / falador
o sufixo / or /passa a / dor /.

Alomorfia na vogal temática: Em pão / pães, a vogal temática /o /transforma-se em/ e /.

Alomorfia na desinência de gênero: No par, avô ≠ avó, os traços distintivos / ô / e / ó / podem ser
considerados alomorfes das desinências Ø (masculino) e / a / (feminino).

Alomorfia na desinência modo-temporal: Em cantáramos / cantáreis, a desinência modo-temporal


/ ra / passa a/ re /.

A alomorfia pode ou não ser fonologicamente condicionada:

. Não condicionada: Implica variações livres que independem de causas fonéticas. Exemplo:
alternâncias vocálicas em faz, fez, fiz.

. Condicionada: Aglutinação de fonemas nas partes finais e iniciais de constituintes, acarretando


mudança fonética. É uma mudança morfofonêmica = opera entre fonemas e altera o plano mórfico
da língua. Exemplo: redução de / in- / a / i- / diante de consoante nasal: incapaz, imutável

Morfema zero: O morfema zero ou morfe zero caracteriza-se pela ausência de segmento fônico
que representaria determinada noção. Essa oposição entre presença e ausência é importante –
ambos são realidades morfêmicas, cada um deles só existe graças à existência do outro. A
categoria gramatical de número só existe porque um par opositivo a instaura: singular e plural.
Temos, nesse caso, o que se chama de ausência significativa. Ex.: O contraste singular/plural: bar –
bares (o morfema –s), em que a ausência do plural, morfema –s, designaria o singular, por
inexistência de morfema marcador.

Marca de gênero: A flexão de gênero em português acontece pelo acréscimo do morfema flexional
[a] à forma masculina: o feminino é a forma marcada pela presença do morfema / a /. Sua
ausência é significativa como característica de masculino – morfema zero para o masculino em
português. Exemplos: marca de gênero: mestre / mestra; leitor / leitora; professor / professora;
marquês/ marquesa; menino/menina. Dessa forma, vimos que o acréscimo do morfema [a] marca
a flexão de gênero. A regra para a composição do feminino estabelece que, morfologicamente,
temos o processo de flexão se adicionamos a desinência [a], retirando-se a vogal temática, se ela
estiver presente no masculino

Marca de número: Exemplos: 1. Mar – mares. A ausência da marca de plural / -es / no morfema
lexical mar indica singular. 2. Ourives, lápis, pires. O / -s / não é marca de plural: o plural dessas
palavras é marcado sintaticamente. Em muitas formas verbais encontramos o morfema zero em
oposição a outros morfemas. Exemplo: (tu) estud + a + va + s (ele) estud + a + va + ø (ele) estud + a
+ø+ø

Morfe zero para conjugação verbal: A constituição da forma verbal portuguesa é T ( R + VT) + D
(DMT + DNP), ou seja, o tema é formado pela raiz e pela vogal temática e a esse tema podem ser
acrescidas as desinências (desinência modo_temporal e desinência número-pessoal).

Nem todas as formas verbais possuem VT.

A DMT é Ø (morfema zero) para o indicativo no presente, para o pretérito perfeito (até a 2ª pessoa
do plural e –ra para a 3ª pessoa do plural.

Cant – Ø - o Cante – Ø – i canta- ra – m

A DPN é Ø: 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (exceto quando aparece –o); 3ª pessoa
do pretérito perfeito do indicativo.

a) Por que em uma palavra como ‘lápis’, que tem a mesma forma para singular e plural, não
se deve considerar a existência de morfema zero na desinência de número? O morfema s
existe tanto no singular quanto no plural: O lápis ø / Os lápis O plural desse tipo de palavra
não é morfológico, é sintático: será o determinante (artigo, pronome demonstrativo etc.)
quem marcará o número

b) b) Por que substantivos comum de dois gêneros como estudante e dentista não têm
morfema zero para desinência de gênero? O feminino em português é marcado pelo
morfema [a]. Nesses substantivos, tem-se a mesma forma para os dois gêneros. O gênero
desses substantivos não é morfológico, é sintático: sabe-se o gênero pelos morfemas
categóricos dos termos a que eles se referem: meu dentista/ bela estudante. Assim, em
bela estudante, o feminino é marcado por dois traços: um mórfico e outro sintático. O
traço mórfico é a desinência a e o traço sintático é a presença do determinante esta.

Casos de alomorfia na raíz: Em exemplos como rei/rainha, abade/abadessa, entre outros, temos,
além da desinência [a], o acréscimo de um sufixo derivacional para formar o feminino. Segundo o
autor, sincronicamente não se percebe, por exemplo, [inh] como um sufixo e, assim, [rainh] e
[abadess] seriam alomorfes de [re] e [abad].

Aula 5:

Flexão: A flexão é a formação de novos modos de dizer a mesma palavra. É a


modificação que a palavra sofre para concordar com outras. A flexão é formar modos
de dizer a mesma palavra. Corresponde à derivatio naturallis. É sistemática, fechada e
obrigatória. Consiste na associação regular à base de afixos que manifestam valores obrigatórios
para determinadas classes de palavras da língua. A associação dos afixos são obrigatórios para
determinadas classes de palavras da língua.

Flexão vem do alemão e quer dizer curvatura e desdobramento.

A flexão ocorre por meio de acréscimo de segmento fônico ao radical chamado sufixo flexional (ou
desinência).

Derivação: A derivação é um processo de formação de novas palavras através do


acréscimo de afixos a uma base. E esta nova palavra tem um significado novo e nos
remete a um outro ser diferente daquele que a ela deu origem. Corresponde à derivatio
voluntaris. É assistemática, aberta e optativa. Ex.: No vocábulo ferreiro podemos
observar claramente a formação de uma nova palavra a partir de ferro através do
processo de derivação. O mesmo ocorre em garota em que temos uma nova palavra a
partir de garoto através da derivação. Café – cafezal Oliva– oliveira Mesa– mesário
Sal– salário Elefante– elefanta Profeta– profetisa Aluno– aluna.

Há também casos de derivação cuja palavra léxica é a mesma, porém como podemos
perceber os significados são distintos: O cabeça– líder A cabeça– uma das grandes
divisões do corpo humano constituída por crânio e pela face. O grama– unidade de
peso A grama– gramínea O capital– todo bem econômico aplicável a produção A
capital – principal cidade de um país ou estado.
Por que a derivação é um processo assistemático? Porque não há regras para o
surgimento de novas palavras. Há palavras que sofrem a derivação e outras não,
de cantar, por exemplo, deriva-se cantarolar, mas não derivações análogas
para falar e gritar.

A flexão consiste fundamentalmente no morfema aditivo sufixal acrescido de radical,


enquanto a derivação consiste no acréscimo ao radical de um sufixo lexical ou
derivacional: casa+ s: casas (flexão de plural); casa+ inha: casinha (derivação)

Na flexão, por conta de sua sistematicidade, o falante não consegue criar: se o –s é a marca do
plural em português, o falante não poderá expressá-lo, trocando o –s por –i, por exemplo, de
“carros” dizer “carroi”, etc. Na derivação, devido à sua assistematicidade e imprevisibilidade, a
língua pode ser recriada e enriquecida por conta da atuação e das necessidades de comunicação
de seus usuários. Em outras palavras, a flexão é obrigatória, pois não há outra opção no sistema da
língua. A derivação é voluntária, em razão de sua possibilidade criadora. É obrigatória devido à
concordância que antecederá a palavra. O processo de flexão apresenta duas características
essenciais: regularidade e obrigatoriedade.

Derivatio voluntaria: Derivação. Cria novas palavras; caráter fortuito e desconexo do processo.
Com efeito, as palavras derivadas não obedecem a uma pauta sistemática e obrigatória para uma
classe homogênea do léxico. Ex.: cantar-cantarolar, mas para falar ou gritar não existem as formas
falarolar ou gritarolar.
Derivatio naturallis: Flexão. Indica modalidades específicas de uma dada palavra. A flexão indica
que um dado vocábulo se dobra a novos empregos, havendo obrigatoriedade e sistematização
coerente.

Tipos de flexão:

. Flexão nominal: Ocorre nas palavras variáveis, principalmente no que concerne aos substantivos e
adjetivos.

No âmbito formal, substantivo e adjetivo, via de regra, apresentam diferenças muito pequenas.
Tanto um quanto outro são marcados por vogais temáticas (podemos ter, para os nomes, -a, -e,
ou –o, como em: criançA, mestrE e medO, respectivamente) , desinências de gênero (a ou o)
e de número (S).

Ex.: Mestre (E = vogal temática); Menina (desinência de gênero + morfema 0 apontando o


singular); meninas (s = desinência de número)

"Tal flexão ( a de gênero) opera através do acréscimo do morfema flexional –a átono final à forma
masculina. Quando a forma masculina é atemática, há simplesmente o acréscimo mencionado:
peru – perua autor – autora; mas, quando tal forma termina em vogal temática como pombo,
parente, essa vogal é suprimida, através de uma mudança morfofonêmica, decorrente do
acréscimo do morfema –a: pombo –o + a = pomba; parente –e + a = parenta.”"
A partir dessa explicação, podemos afirmar que o masculino seria a forma não marcada, uma vez
que a desinência nominal de gênero seria somente –a, o que nos dá um morfema zero na forma
masculina. Além disso, trata-se de um fator de economia linguística e há outras maneiras de se
apresentar o masculino, como em PROFESSOR. O masculino só é verificado pela ausência da
desinência nominal de gênero – a, presente em PROFESSORA.

Há, ainda, as palavras cujo gênero só pode ser marcado pelo uso de um determinante, uma vez
que a vogal final marca somente a classe gramatical da palavra, como criança, mestre, bico etc.
Não há oposição entre masculino e feminino, como em MENINO e MENINA. Dessa forma,
ratificamos que a vogal –o de MENINO e de BICO, o –a de CRIANÇA e o –e de MESTRE são vogais
temáticas, e não desinências de gênero.

. Flexão verbal: TEMA (RADICAL + VOGAL TEMÁTICA) + DESINÊNCIAS FLEXIONAIS (DMT (Desinência
de modo temporal + DNP (desinência de número pessoal)

Ex.: Fal (Raíz – Elemento que é a base do significado) + a (vogal temática – Elemento que enquadra
o radical em uma classe, como verbo ou substantivo) + va (desinência de modo temporal –
Elemento que indica o modo e o tempo do verbo) + m (desinência de número pessoal – Elemento
que indica o número – plural – e a pessoa (terceira) do verbo.

Diferença entre gênero e sexo: O gênero abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer
se refiram a seres animados, providos de sexo, quer designem apenas “coisas”, como: mesa, ponte,
tribo, que são femininos (precedidos do artigo a) ou sofá, pente, prego, que são masculinos
(precedidos pelo o) O conceito de sexo não está necessariamente ligado ao de gênero: mesmo em
substantivos referentes a animais e pessoas há algumas vezes discrepância entre gênero e sexo.
Assim, a testemunha, a cobra são sempre femininos e o cônjuge, o tigre, sempre masculinos, quer
se refiram a seres do sexo masculino ou feminino.

Classificação de substantivos no que se refere ao gênero:

. Epiceno: Designam certos animais e têm um só gênero, quer se refiram ao macho ou à fêmea.
Quando se quer indicar precisamente o sexo, usam-se as palavras macho ou fêmea. Ex.: a onça
macho X a onça fêmea. Sempre vai ter o mesmo artigo.

. Sobrecomuns: Designam pessoas e têm um só gênero, quer se refiram a homem ou a mulher. Ex.:
a criança – o neném. Sempre vai ter o mesmo artigo.

. Comuns de dois gêneros: Sob uma só forma, designam os indivíduos dos dois sexos. São
masculinos ou femininos, a depender do determinante que os acompanha. Ex. – o colega X a
colega; o fã X a fã. Muda o artigo.

Gênero heteronímico: Em razão da ausência de distinção entre processo flexional e processo


lexical, é comum ler-se em gramáticas do português que mulher é feminino de homem, que cabra
é o feminino de bode. Trata-se de casos de heteronímia dos radicais, isto é, de vocábulos
lexicalmente distintos, que, tradicionalmente, têm sido utilizados para indicar a categoria de
gênero. A descrição exata é dizer que o substantivo mulher é sempre feminino, ao passo que outro
substantivo, a ele semanticamente relacionado, é sempre do gênero masculino.

Nomes de gênero único: Não podem ser morficamente considerados masculinos ou femininos
porque lhes falta o traço desinencial contrastivo. A inexistência de oposição na estrutura mórfica é
compensada por oposições na estrutura sintática. Exemplos: abelha ferrugem cônjuge onça pulga
mesa indivíduo pessoa soprano personagem ferrugem: a abelha, a onça, a pulga, o cônjuge.
Soprano no dicionário é comum de dois gêneros: o soprano / a soprano.

Nomes de dois gêneros sem flexão: Exemplos: aprendiz, colega, personagem, solista: o aprendiz/ a
aprendiz; o colega / a colega; o solista / a solista; o personagem / a personagem

Nomes de dois gêneros com flexão redundante: Exemplos: chefe, saco, chinelo, aluno, mestre,
pavão, professor: o chefe / a chefa; o aluno / a aluna; o mestre / a mestra; o pavão/ a pavoa; o
chinelo / a chinela. (‘Chinela’ veio primeiro: ‘cianela’, italiano)

Significados de nomes no feminino:

. Embaixadora e imperatriz: Embaixadora = representante diplomática; Embaixatriz = esposa do


embaixador.

. Trabalhadora e trabalhadeira: Trabalhadora = aquela que trabalha como empregada de alguém;


Trabalhadeira = mulher que gosta de trabalhar, cuidadosa.
. Imperadora e imperatriz: Imperadora = esposa do imperador; Imperatriz = aquela que governa

Nomes que mudam de significado quando se muda o gênero: A cabeça (parte do corpo) x o cabeça
(líder); A rádio (a estação ) x o rádio (aparelho); A capital (cidade) x o capital (dinheiro).

A flexão de número: Constata-se com facilidade que o reconhecimento do plural será feito através
do acréscimo de um morfema. A partir disso, podemos afirmar que a marca de singular em nossa
língua é a ausência (morfema zero) e que só no plural haverá a representação gráfica propriamente
dita.

Grau: Aumentativo e diminutivo.

Verbos irregulares: São aqueles que não obedecem ao paradigma dos chamados verbos regulares:

. Verbos terminados em -EAR: Os verbos terminados em -ear, como passear, recear, cear, etc.
viram: PASSEAR -> passeIE;

. Verbo CABER:

Presente do indicativo: Eu caibo, tu cabes, ele cabe, nós cabemos, vós cabeis e eles cabem.

Pretérito perfeito indicativo: Coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes e couberam;

Pretérito mais-que-perfeito indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,


couberam;

Presente subjuntivo: Caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam.

Pretérito imperfeito subjuntivo: Coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,


coubessem.

Futuro subjuntivo: Couber, couberes, couber, couberdes, couberem. Gerúndio: Cabendo;


Particípio: Cabido. Este verbo não possui a forma no imperativo.

. Verbo ABOLIR: Presente indicativo: Eu -; Tu aboles, abole, abolimos, vós abolis, eles abolem;

Imperativo afirmativo: Eu -; Tu abole; Vós aboli.

Assim também são conjugados os verbos: banir, brandir, carpir, colorir, comedir-se, delir, demolir,
extorquir, esculpir, delinquir etc.

OBS.: OS afixos podem ser prefixos ou sufixos.

COMPOSIÇÃO: Consiste em produzir palavras compostas a partir de palavras simples. Palavras


simples são aquelas em que existe um único radical como AMOR e PERFEITO. Já a palavra
composta seria AMOR-PERFEITO (nome de uma flor) ou AMOR PERFEITO (um sentimento
amoroso).
Para produzir uma palavra composta, é necessário estabelecer o significado das palavras
formadoras isoladamente e desvinculá-lo das palavras simples da nova palavra formada para surgir
um novo significado. A noção de palavra composta surge do fato de termos mais de uma base, ou
seja, mais de um radical na formação da nova palavra.

Isso é observável, segundo a autora, quando a palavra composta é formada por dois substantivos
ou por um verbo + substantivo. No primeiro caso, o segundo substantivo será um modificador do
primeiro, cabendo a ele uma função adjetiva. Já no caso verbo + substantivo, a classe nominal
parece funcionar como objeto direto do verbo. Vejamos: 1 Sofá-cama (cama é a função do sofá,
sua característica) 2 Mata-mosquito (mosquito é o complemento do verbo matar, que é transitivo
direto).

Características gramaticais: “Uma palavra composta é vista como uma estrutura fixa, um sintagma
bloqueado gramaticalmente reinterpretado como uma unidade lexical nova. Seus componentes
não sofrem elipse.”

Características semânticas: “Uma palavra composta é interpretada como uma nova unidade de
significado. Este significado novo pode ser entendido, muitas vezes, como a soma dos significados
particulares dos lexemas componentes.”

Tipos de composição:

. Composição por justaposição: consiste em formar palavras compostas que ficam lado a lado, ou
seja, juntam-se dois ou mais radicais, justapostos, sem perda de letras ou sons. Em outras palavras,
não há redução alguma dos morfemas que formam a nova palavra. Ex.: mandachuva, passatempo,
guarda-pó, pé-de-galinha, cachorro-quente.

. Composição por aglutinação: Consiste em formar palavras compostas nas quais pelo menos uma
das palavras (radical/base) perde a sua integridade sonora, ou seja, pelo menos um dos vocábulos
formadores sofre alterações de ordem fonética ou fonológica. Observe os exemplos abaixo:
planalto = plano + alto. Vinagre = Vinho + Acre.

Palavras primitivas: Aquelas que na língua portuguesa não provém de outras palavras: Pedra, flor;

Palavras derivadas: Aquelas que na língua portuguesa provém de outras palavras: Pedreiro,
pedraria, pedregulho, florido, florescer, aflorado.

Supercomposição: Ocorre supercomposição “quando se reúne num único vocábulo formal um


verdadeiro conglomerado de radicais, como vemos em três substantivos que servem de nome para
uma ave da Amazônia (adivinhe_quem-vem-hoje, gente-de-fora-já-chegou, gente-de-fora-vem), no
nome da planta “comigo-ninguém-pode” ou em neologismos ocasionais (…)”

Tipos de derivação:

. Prefixação ou derivação prefixal: Quando a palavra nova é formada pelo acréscimo de um prefixo
ao radical. In + comum= incomum Des + leal = desleal
. Sufixação ou derivação sufixal: Quando a palavra nova é formada pelo acréscimo de um sufixo ao
radical. Feliz + mente = felizmente. Leal + dade = lealdade

. Derivação prefixal e sufixal (prefixação e sufixação): Quando a palavra é formada por acréscimo
de prefixo e sufixo à palavra base, com a possibilidade de retirar esses afixos e, ainda assim,
teremos uma palavra. Ex.: In + feliz + mente. Note que, nesse caso, ainda que os afixos fossem
retirados, a base ainda formaria uma palavra completa.

. Parassíntese (ou derivação parassintética): A palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de
prefixo e sufixo, que não podem ser retirados, pois a palavra perderia o seu significado. Por
parassíntese geralmente formam-se verbos. Ex.: em + tris + tecer.

. Derivação regressiva: A palavra nova é obtida pela redução da palavra primitiva, ou seja, consiste
na subtração de elementos. Geralmente, esse processo forma nomes oriundos de verbos. Ex.:
Atrasar – atraso; Embarcar – embarque.

. Derivação imprópria: A palavra nova é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
primitiva. Não ocorre alteração da forma, só da classe gramatical. Trata-se de um caso especial de
derivação, uma vez que não há acréscimo ou supressão de morfemas. Ex.: Homem-aranha → o
adjetivo aranha deriva do substantivo aranha. • substantivo comum a próprio: Figueira, Ribeiro,
Fontes; • de substantivo/adjetivo/verbo a interjeição: Silêncio! Bravo! Viva! • de adjetivo a
substantivo: circular - ouvinte.

Aula 7:

A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) propõe 10 classes de palavras: substantivo, artigo,


adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

A NGB é um resumo dos conteúdos gramaticais referentes ao português do Brasil e funciona como
uma espécie de guia.

A NGB foi criada em 1958 por um grupo de estudiosos e gramáticos de muito prestígio, como
Antenor Nascentes, Rocha Lima e Celso Cunha. No ano seguinte, foi transformada em lei por uma
portaria do presidente Juscelino Kubitscheck e passou a ser utilizada obrigatoriamente nas escolas
de todo o Brasil. Antes da existência dessa lei, o estudo da gramática não era unificado e havia
muita confusão com o uso de diversas terminologias.

Os substantivos, os adjetivos, os verbos e os advérbios representam a classe aberta do português,


pois novos adjetivos, novos verbos e novos advérbios são criados constantemente na língua pelos
mecanismos de que esta dispõe para formar novas palavras.

Substantivos: Os substantivos podem ser definidos a partir de critérios diferentes:

. Critério semântico ou nocional (significado): É a palavra com que designamos os seres em geral.
São substantivos nomes de noções, ações, estados e qualidades tomados como seres. Baseia-se no
modo de significação, extralinguístico e intralinguístico, do vocábulo.
Todavia, há problemáticas nessa definição: 1. O que é um ser? 2. Justiça, fé, doença, ideia são
substantivos e não são seres. 3. Qualquer vocábulo assume a função de substantivo quando
antecedido por um determinante: o sim, o viver, o aqui e agora.

Esse critério se refere às características da estrutura do vocábulo. Assim, por esse critério,
substantivo é o vocábulo formado por base lexical mais morfemas gramaticais: vogal temática
nominal; desinências (gênero e número) e sufixo (nominal).

. Critério formal ou mórfico: Esse critério se refere às características da estrutura do vocábulo.


Assim, por esse critério, substantivo é o vocábulo formado por base lexical mais morfemas
gramaticais: vogal temática nominal; desinências (gênero e número) e sufixo (nominal).

. Critério mórfico ou de natureza formal: Que se baseia em propriedades de forma gramatical que
podem apresentar. Margarida Basílio, em Teoria Lexical, afirma que “[...] substantivo é definido
como uma palavra que apresenta as categorias de gênero é número com as flexões
correspondentes.” Problemas: Segundo essa explicação, substantivos e adjetivos possuem as
mesmas flexões.

. Critério funcional: Esse critério baseia-se na função ou papel que o vocábulo desempenha na
oração. Desse modo, substantivo é o vocábulo que funciona como núcleo de uma expressão ou
como termo determinado. Em termos funcionais, o substantivo pode ser, núcleo do sujeito, do
objeto ou do agente da passiva.

Classificação dos substantivos:

. Substantivos concretos: Os subst. concretos possuem existência independente. Por exemplo,


quando pensamos em ‘sol’ temos um substantivo concreto porque o sol não precisa de outros
seres para existir;

. Substantivos abstratos: Os abstratos possuem existência dependente. Ex.: Quando pensamos em


‘concentração’ ou ‘felicidade’ temos um substantivo abstrato: para que ‘concentração’ ou
‘felicidade’ se manifestem é preciso que haja alguém ou alguma coisa acontecendo.

. Substantivos simples: Apresentam apenas um radical. Ex.: Flor;

. Substantivos compostos: Apresentam mais de um radical. Ex.: Flor-de-lis;

. Substantivos coletivos: Nomeia um conjunto de seres de uma mesma espécie, como é o caso de
‘assembleia’, coletivo que nomeia um grupo de pessoas reunidas.

. Substantivo próprio: Um substantivo próprio designa um indivíduo em particular de uma espécie


como ‘Fusca’ ou ‘Mariana’.

. Substantivo comum: Um substantivo comum designa todos os indivíduos de uma espécie como
‘carro’ e ‘criança’.
. Substantivo primitivo: Substantivos primitivos são aqueles que não vêm de outra palavra na
língua, como é o caso de ‘flor’;

. Substantivo derivado: Substantivos derivados são aqueles formados a partir de outras palavras na
língua pelo processo de derivação, como em ‘florista’.

É possível que palavras que não sejam substantivos funcionem como tal, pois uma palavra de outra
classe gramatical pode ocupar uma função sintática típica do substantivo. Observe os exemplos a
seguir: O não é uma característica de todos os chefes. Vamos aos finalmentes! O andar dele é
muito esquisito. Seu falar me irrita. Nas quatro, verbos e advérbios encontram-se antecedidos por
um item gramatical chamado de forma. Assim, muitas palavras pertencentes a outras classes
podem se tornar substantivos quando antecedidas por determinantes.

Adjetivo: Adjetivos são palavras que indicam qualidade, defeito, característica (aspecto ou estado)
ou origem de um substantivo, podendo ser simples (branco) ou compostos (branco-gelo). Em
língua portuguesa, há diferentes recursos com a função de apresentar atributos e características
dos seres, ou seja, tem-se a classe de palavra chamada de ‘adjetivo’ e outras formas para que se
exerça a função de adjetivar. Ex.: Adoro livros novos (Substantivo + Adjetivo); adoro o carro de
João (Essa locução adjetiva indica posse); Livros usados são mais baratos (Substantivo + Particípio
passado de verbo); comprei livros de história (Subst. + locução adjetiva); Comprei meu carro (O
pronome possessivo “meu” é chamado de pronome adjetivo, ele também indica posse) + Livros
que são usados são mais baratos (Subst. + Oração subordinada adjetiva).

Conforme dito, nem sempre utilizamos o adjetivo para caracterizar o substantivo. Esse processo de
adjetivação pode ser feito através de um conjunto de palavras que tem valor de adjetivo: são as
locuções adjetivas, normalmente formadas por uma preposição e um substantivo ou por uma
preposição e um advérbio. Muitas dessas locuções possuem adjetivos equivalentes, como a
locução ‘de mãe’ equivalente ao adjetivo ‘materno’.

para sabermos o que é um adjetivo, precisamos relacioná-lo ao substantivo ao qual se refere.


Como substantivos e adjetivos compartilham características, frequentemente a distinção entre eles
depende de elementos fornecidos pelo contexto.

Ao estudarmos os substantivos, discutimos a possibilidade de outras classes gramaticais


tornarem-se substantivos pela presença do determinante. Essa possibilidade também existe em
relação ao adjetivo: é possível substantivá-lo utilizando essa mesma estratégia. Na Bíblia, em
Mateus 5, temos: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” A palavra ‘manso’,
originariamente um adjetivo, tornou-se nesse contexto um substantivo.

Há muitos adjetivos que podem ser substantivados, quando precedidos por determinantes. Ex.:
Este doce (substantivo) está uma delícia!

Apesar de haver casos de adjetivos que podem atuar como substantivos, adjetivos como bonito,
satisfeito, emocionante, dentre outros, são usados exclusivamente como adjetivos.
há palavras e frases que, embora não sejam originariamente adjetivos, acabam por funcionar
como tal. Ex.: Os autores apresentam os casos a seguir: Ela sempre usa roupas muito cheguei. Ele é
um cara muito família. Ele é um banana!

O grau dos adjetivos e os efeitos de sentido: Quando estudamos o substantivo, vimos que há
diferença de sentido nas duas formas previstas pela gramática para se fazer o aumentativo,
fenômeno que se repete em relação ao adjetivo. O superlativo do adjetivo, ou seja, a expressão de
intensidade em uma qualidade expressa pelo adjetivo, pode ser feito com o sufixo –íssimo ou
construído com muito. Dizer que “João é muito inteligente” não acarreta o mesmo significado que
temos ao dizermos que “João é inteligentíssimo”. Além disso, cabe comentar o uso de ‘super’ para
indicar uma qualidade positiva.

"[...] é usada a composição de super + adjetivo ou substantivo: superescola, superluxo, supertroca,


superinteligente. A composição com super tem como acepção primária a expressão do grau de
intensidade. Dessa noção passa-se à noção de intensificação positiva. É de se observar que
composições com super via de regra não funcionam com base de valor negativo: super-riqueza,
*superpobreza, superinteligente/*superburro.”

O adjetivo especifica o substantivo.

OBS.: Quando colocamos o adjetivo após o substantivo ele conserva seu sentido de forma mais
objetiva; quando o posicionamos antes do substantivo, ele passa a ter um valor mais sentimental.
Essas diferentes colocações do adjetivo são usadas pelos autores para demonstrar suas intenções e
seus pensamentos acerca do mundo que os cercam.

O uso da palavra “meio” como adjetivo e como advérbio: A palavra “meio” pode funcionar como
numeral e atuar como adjetivo, quanto como advérbio de intensidade.

Quando usamos meio e ele significa “um pouco”, ele funciona como advérbio e é invariável, ou
seja, não concordará com a palavra na qual se refere. Um advérbio pode atuar como modificador
de um verbo, de um adjetivo e de um outro advérbio. Mas, como saber se a palavra meio
corresponde ao adjetivo ou ao advérbio? Simples: quando meio for adjetivo ele significa metade.
Daí, dizemos “É meio dia e meia”, significando “é meio dia e meia hora”.

Numerais: A visão tradicional considera que os numerais são uma classe de palavras “[...] de
função quantificadora que denota valor definido.” No entanto, há aqueles que consideram que
numerais fazem parte da classe dos nomes e assim exercem função de adjetivo e de substantivo.
Ex.: Dois é par (Substantivo); dois pares de sapato (Adjetivo).

Pronomes: Pronome é a palavra que denota os seres ou se refere a eles, considerando-os como
pessoas do discurso ou relacionando-os. Desse modo, pronomes fixam o campo mostrativo da
linguagem e valem sempre como sinais, ou seja, pronomes indicam ‘dêixis’ (“o apontar para”).
Temos seis tipos de pronomes:

. Pronomes pessoais: Indicam diretamente a pessoa do discurso e apresentam três grupos de


funções:

- Pronomes retos: eu, tu, ele/ela, nós, vós eles/elas.

Embora não listados pela Gramática Normativa, os pronomes de tratamento como você/vocês,
senhores/senhoras, prezado cliente, dentre outros, podem funcionar como pronomes retos.

Os pronomes de tratamento são chamados de ‘segunda pessoa indireta’, porque, embora


estejamos falando com alguém que está conosco, usamos o verbo na 3ª pessoa. Segundo Infante,
“Ao tratarmos um deputado por ‘Vossa Excelência’, por exemplo, estamos nos endereçando à
excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- Pronomes oblíquos átonos (aparecem sem preposição) – me, te, lhe, o/a, se, nos, vos, lhes, os/as,
se;

- Pronomes oblíquos tônicos (aparecem com preposição) – mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas,
si, comigo, contigo, consigo, conosco.

. Pronomes possessivos: São pronomes que estabelecem uma relação de posse, de propriedade
entre algo e as pessoas do discurso.

- SINGULAR, 1ª pessoa: meu, minha, meus, minhas; 2ª pessoa: teu, tua, teus, tuas; 3ª pessoa: seu,
sua, seus, suas;

- PLURAL, 1ª pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas 2ª pessoa: vosso, vossa, vossos, vossa 3ª pessoa:
seu, sua, seus suas;

. Pronomes demonstrativos: Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso.
Essa localização pode ser no tempo, no espaço ou no discurso: 1ª pessoa: este, estes, esta, estas;
isto 2ª pessoa: esse, esses, essa, essas, isso 3ª pessoa: aquele, aqueles, aquelas, aquelas, aquilo

. Pronomes indefinidos: Aplicam-se à 3ª pessoa com sentido vago ou para indicar quantidade
indeterminada. São exemplos de pronomes indefinidos: alguém, ninguém, tudo, nada, algo,
outrem, nenhum, outro e um quando aparecem isolados, qualquer, cada, muito, mais, menos,
diverso etc.

. Pronomes relativos: Os pronomes relativos “são os que normalmente se referem a um termo


anterior chamado antecedente.” São pronomes relativos em Língua Portuguesa, acompanhados ou
não de artigos: que, o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quem, onde, quanto,
quanta, quantos, quantas, quando, como.

. Pronomes interrogativos: São os pronomes indefinidos quem, que, qual e quanto que se
empregam nas perguntas, diretas ou indiretas.

Artigo: Artigo é uma palavra que acompanha um substantivo, particularizando-o (artigo definido)
ou generalizando-o (artigo indefinido).
O artigo definido assinala que se trata de ‘ser’ devidamente situado e é considerado pronome
demonstrativo quando antecede a preposição “de” ou o pronome relativo “que”. Ex.: A (artigo)
blusa azul é minha e a (pronome, somente pela ausência da palavra blusa) amarela é dela

O artigo indefinido: Artigos indefinidos representam emprego especial da generalização do


numeral um. ‘Um, uma’ (singular) = artigos; ‘Uns, umas’ (plural) = pronomes. Um = algum,
qualquer (pronomes indefinidos).

Aula 8:

Verbo: Indica uma ação.

Em latim, verbo significa “Palavra”. Os romanos quiseram dizer que o verbo é a palavra por
excelência, a mais rica, a de morfologia mais farta. O verbo continua sendo em português a classe
de palavras que assume o maior número de formas flexionadas.

O substantivo é o núcleo do sintagma nominal. Esse sintagma nominal pode funcionar


sintaticamente, como sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito etc. No entanto, o verbo é o
núcleo do sintagma verbal. O sintagma verbal sempre exerce a função sintática de predicado. Vale
lembrar que substantivos e verbos são variáveis; a diferença está no fato de os verbos
apresentarem flexão de tempo (+aspecto), modo e pessoa (+número), enquanto os substantivos
apresentam flexão de gênero e número.

Embora saibamos que verbos variam em tempo, número, modo e pessoa, é importante ressaltar
que a separação entre as classes de palavras não é fixa. O verbo pode funcionar como nome ao
ocupar o núcleo do sintagma nominal, antecedido ou não por um determinante, processo muito
produtivo na língua. Ex.: Viver em uma grande cidade é muito perigoso.

Modos verbais (3):

. Modo indicativo: Marca a realidade do fato expresso: há certeza na afirmação. Esse tempo é
usado quando consideramos como certo, real ou verdadeiro o conteúdo daquilo que é dito ou está
escrito. Exemplo: Caminho pela manhã para emagrecer.

. Modo subjuntivo: Marca a incerteza do fato expresso: não se sabe se o fato expresso pelo verbo
ocorre, ocorreu ou ocorrerá. Esse modo é usado quando se dá como possível, duvidoso ou
hipotético o conteúdo daquilo que está escrito ou é dito. Exemplo: Se eu caminhasse pela manhã,
talvez emagrecesse.

. Modo imperativo: Marca pedido, ordem, súplica, conselho. Exemplo: Caminhe pela manhã e
emagrecerá. Para lembrar: “Vem pra Caixa você também”. O slogan da propaganda da Caixa
Econômica causou certa polêmica. Isso porque a forma verbal ‘vem’ é uma forma da segunda
pessoa do singular (tu) do imperativo afirmativo do verbo ‘vir’. Por isso, ela conflita com o
pronome de tratamento ‘você’, que pertence à terceira pessoa. Deixando de lado a discussão sobre
‘pra’ e ‘para a’, de acordo com a prescrição da gramática normativa, a frase deveria assumir uma
das duas formas: Vem pra Caixa tu também. / Venha pra Caixa você também.

Tempos verbais (6):

. Presente do indicativo: O tempo presente do indicativo é usado para indicar: um fato atual. Ex.:
Estamos na praia; sempre tomo café depois do almoço; é usado para indicar um fato habitual (que
você tem o costume de fazer).

OBS.: O presente histórico serve para narrar um fato passado para realçar o acontecimento. Ex.:
Em 22 de abril de 1500, chega ao Brasil Pedro Álvares Cabral.

. Pretérito perfeito: Serve para estabelecer limites na duração da fala. Representa um fato
concluído. Chama-se ‘perfeito’ porque, ao usá-lo, acredita-se que a ação tenha sido levada ao fim;

. Pretérito imperfeito: Caracteriza-se por expressar uma ação prolongada. Não sendo possível
esclarecer sobre a ocasião em que ela começou ou terminou, esse tempo verbal também é
conhecido como ‘tempo das fábulas’: ao dizer Era uma vez, a pessoa permite que o leitor passe do
mundo real à fantasia. O uso mais frequente do pretérito imperfeito é para indicar algo habitual do
passado, ex.: Eu caminhava na beira da praia quando morava em Copacabana.

É comum crianças, brincando de casinha, utilizarem o pretérito imperfeito como uma forma de
marcar a irrealidade usando sentenças do tipo “Vamos brincar de casinha? Eu era a mãe, você era
a filha e ela era a prima que vinha fazer uma visita.”

Diferença entre pretérito perfeito e imperfeito: O pretérito perfeito indica um fato que aconteceu
em um determinado momento no passado, enquanto o pretérito imperfeito é usado para indicar
uma ação que não foi terminada e que é prolongada. Pretérito perfeito: Eu tomei; pretérito

imperfeito: Eu tomava.

VA ou VAM no final = imperfeito.

Aspecto verbal: Distinção entre os tempos do passado.

. Pretérito mais-que-perfeito: Embora seja também um tempo indicativo de passado, seu uso
mostra que o processo em questão, ainda que tenha ocorrido no passado, o fez de forma anterior
ao que é indicado pelo pretérito perfeito. Além disso, esse pretérito indica desejo ou esperança.

Atualmente, o uso desse tempo verbal está vinculado a ambientes de uso formal da língua. Em
textos escritos com menor formalidade e na fala, é mais comum o emprego da forma composta:
‘eu tinha viajado’ em lugar de ‘viajara’.

Ex.: Ele trabalhara mais do que devia; Ex.: Quem me dera eu ganhasse na loto!

. Futuro do presente: Representa o fato como não concluído e o situa em um tempo posterior ao
presente. Esse tempo indicativo de futuro atua, basicamente, para mostrar um fato provável de
ocorrer. (Ou seja, o fato ainda não aconteceu e acontecerá no futuro). Ex.: Amanhã, irei à praia.

Embora não seja comum o uso desse tempo verbal com esse significado, o futuro do presente
também pode ser usado em lugar do imperativo, para atenuar uma ordem, fazer um pedido,
sugerir algo. Ex.: “Honrarás pai e mãe”.

Com frequência, substituímos o futuro do presente pela locução verbal formada pelo verbo ir +
verbo no infinitivo, como em “Vou sair cedo amanhã”.

. Futuro do pretérito: Representa o fato como não concluído e o situa em um intervalo de tempo
no passado. Exprime um fato futuro tomado em relação ao passado, sendo também usado para
indicar dúvida em relação a algo. Usar o futuro do pretérito demonstra o grau de
comprometimento de quem fala diante do tema tratado. (O fato ainda não foi concluído e está
num período dentro do passado). Ex.: Segundo me disseram, ele depositaria quase trinta mil no
banco.

Ao usar ‘depositaria’, tem-se uma hipótese, um fato passível de ter ocorrido, mas, ainda assim,
apenas uma possibilidade.

OBS.: O presente do indicativo indica um fato habitual presente, enquanto o pretérito imperfeito
indica um fato habitual passado. Exemplos: • Eu compro pão todo dia. • Eu comprava pão todo dia
quando morava naquela rua.

OBS.: Em Língua Portuguesa, usa-se o presente do indicativo do verbo estar mais o gerúndio do
verbo para indicar que algo ocorre concomitante ao momento da fala. Exemplo: • Ele sempre
come bem, mas hoje não está comendo nada.

Formas nominais do verbo (3):

. Infinitivo: Amar, comer, dormir, pôr, ler;

. Particípio: Amado, comido, posto, lido;

. Gerúndio: Amando, comendo, dormindo, lendo.

É comum a substantivação do infinitivo através da presença de um determinante como em ‘seu


falar’, assim como o uso do particípio como adjetivo (‘Ele é malfalado no lugar em que mora).
Assim, vale salientar quer o infinitivo pode assumir o valor de um substantivo, bem como o
particípio pode assumir o valor de um adjetivo e, por isso, são conhecidos como formas nominais.

Gerundismo: É o uso inadequado do gerúndio. O problema em relação ao gerúndio reside no uso


de sua forma composta: frequentemente o verbo ir conjugado + o verbo estar no infinitivo + o
gerúndio. Dizer Vou estar dormindo na hora da novela está correto sob o ponto de vista da
gramática normativa, já que o verbo indica uma ação que ocorre no momento de outra. Pode-se
também usar essa estrutura quando dizemos: Amanhã, vou estar trabalhando o dia todo, na qual
essa estrutura indica um processo duradouro e contínuo. Representa um problema quando não
queremos comunicar a ideia de eventos ou ações simultâneas, mas falar de uma ação específica,
pontual, em que a duração não é a preocupação dominante. Nesse caso, o correto é usar ‘vou
falar’, pois, assim, indicamos algo que vai acontecer a partir de agora, do nosso momento de fala: o
uso do infinitivo representa garantia do cumprimento da ação. O uso de ‘Vou estar falando’ em
uma situação desse tipo é inadequado porque se perde a referência na ação em si, tornando um
evento que deveria ser preciso, enfocando a ação, em uma situação em curso.

Esse uso do ‘gerundismo’ ocorre, com frequência, em situações de interação por motivos
comerciais e é considerado um problema, tendo em vista o grande número de ocorrências.

Verbos e esvaziamento semântico: A questão do vocabulário:

Todo ser humano normal aprende a falar a língua do grupo social ao qual pertence. É preciso, no
entanto que essa fala seja refinada pela escola; não devemos alimentar a ideia de que a fala é um
‘vale-tudo’. A escola faz com que nos preocupemos muito mais com nossa escrita do que com
nossa fala. Sabemos que aprender a modalidade escrita da língua depende, em um primeiro
momento, de uma instrução adequada. Aprimorá-la passa por processos como o de organização
sintática, de planejamento e de seleção vocabular. Se falarmos em um ambiente de maior
formalidade, faz-se necessário o monitoramento e isso também ocorre na escolha de palavras que
consideramos mais adequadas ao ambiente. Discutiremos a seguir a questão da escolha de verbos
para compor um texto:

Alguns verbos também se comportam assim. Analisemos os vários significados do verbo pôr nas
sentenças a seguir:

a) O funcionário pôs o aviso na parede. (= pendurou, colou)

b) O diretor pôs o dinheiro no banco. (= depositou)

c) Os pais sempre põem a culpa nos filhos. (= culpam os filhos)

d) O médico pôs a luva para a cirurgia. (= vestiu)

e) A bibliotecária pôs os livros na estante. (= guardou)

Há outros casos como os dos verbos ver, ter, fazer, dentre outros, cujos empregos são mais amplos
que outros mais específicos. Por exemplo:

O verbo ver pode ser substituído por observar, contemplar, distinguir, espiar, fitar etc. O verbo
dizer utilizado frequentemente em lugar de afirmar, revelar, declarar, anunciar, publicar. O verbo
fazer substituindo os verbos realizar, promover, determinar, estabelecer, fixar, aprovar, provocar,
integrar, inaugurar etc.

Neologismos: É um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão


nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. NEOLOGIA é o processo de
formação de novas unidades lexicais, ou seja, as palavras podem ser oriundas ou não de outras já
existentes ou, ainda, serem atribuídas de um novo significado que não o dicionarizado, obtendo
como produto o NEOLOGISMO. O neologismo pode originar-se de outra língua e pode se adaptar
ao nosso sistema morfofonêmico, como exemplificado em: Neodemocratas. Os neologismos
podem ser apresentados sob algumas formas e classificações:

. Advérbio: Funciona como modificadora do processo verbal.

. Conjunção: São palavras invariáveis que unem termos de uma oração ou orações. Une as orações
coordenadas. Conjunções: Aditivas – e, nem, mas também; Adversativa: Mas, porém, todavia,
contudo, entretanto; Alternativa: Ou... ou; ora... ora; quer... quer; Conclusiva: Portanto, logo, por
isso, pois (anteposto verbo); Explicativa: Porque, que, pois (proposto ao verbo)
. Preposição: Palavras invariáveis que funcionam como conectivos entre palavras ou orações,
estabelecendo sempre uma relação de subordinação. Preposições: A, ante, até, após, com, contra,
de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Outros processos de formação de palavras:

. Onomatopeia: Trata-se de palavra formada por meio de uma tentativa de reproduzir sons e vozes.
Vejam os exemplos: bangue-bangue; piu-piu etc.

. Hibridismo: É a palavra formada devido à combinação de palavras ou morfemas que pertencem a


idiomas diferentes. Ex.: Reportagem (inglês + latim); televisão (grego + latim); surfista (inglês +
grego); Sociologia (latim + grego); Sambódromo (africano + grego).

. Reduplicação: Consiste na repetição de sílabas semelhantes ou iguais, com o intuito de formar


palavra onomatopaica (imitativa) ou hipocorística (afetiva). Ex.: Reco-reco, tique-taque, cricri, vovô,
teteia e Bebeto.

Nem toda onomatopeia e nem todo hipocorístico, assim como nem sempre a coincidência total ou
parcial de sílabas são casos de reduplicação. Podem ser simples ocorrências de palavras primitivas
(crás, brum; Filé, Tico), de abreviação (Bete»Elizabeth, Zé » José), de aglutinação (Joca » João
Carlos; Marilu »Maria Lúcia), de justaposição (pegue-pague; bem-te-vi). E podem, também servir
de base para derivação (zigue-zague + ar = ziguezaguear) ou composições (mamãe + sacode =
mamãe-sacode, sinônimo de “cachaça”)”
. Sigla e abreviação: Sigla é a palavra formada pela combinação das letras iniciais das palavras que
compõem um nome. PIB – Produto interno bruto. PT – Partido dos trabalhadores. IBGE – Instituto
brasileiro de geografia e estatística. Abreviação: Ocorre quando optamos por não utilizar a palavra
completa, como em endereços, quando usamos R. = Rua; TV. =Travessa; AV. = Avenida, e assim por
diante.

. Estrangeirismos: Palavras que provém de outra língua. Ex.: Shopping, show. Só precisamos ter
cuidados: Verificar se há um correspondente aceito pela maioria dos falantes em nossa língua.
Perceber se houve mudanças na grafia quando da passagem para o Português, como é o caso de
ESLIDE (do inglês, SLIDE).

Classificações dos neologismos:

. Neologismo lexical ou vocabular: Consiste na criação de novos significantes ou palavras para


compor a língua. Ex.: A bola pererecou na área e ninguém chutou; O salário do trabalhador
é imexível. Ex.: situação inconvivível da economia. Os três exemplos grifados nos
enunciados mostram claramente a possibilidade de criação de novas palavras para
atender à necessidade de comunicação, a partir da estruturação de prefixos e sufixos. No
exemplo 1, a palavra pererecou originou-se do substantivo perereca e transformou-se em
verbo por uma necessidade de comparar o movimento de pulo do animal ao movimento
da bola feita na área. Nos exemplos 2 e 3, os enunciadores fizeram uso da parassíntese
para criar estas palavras, que à época, foram propagadas na mídia, com destaque para a
possibilidade de ambas comunicarem.

. Neologismo semântico ou de sentido: Consiste na apropriação de significados novos para


significantes já existentes, atribuindo a este vocábulo um conteúdo que ele não tinha até então.
Ex.: Meu vizinho foi multado por fazer um gato na rede elétrica. Deletar; (A palavra não é
modificada)

. Neologismos sintáticos ou locucionais: Caracterizam-se por serem expressões cujos


componentes, separadamente, estão dicionarizados, mas que, juntos, têm um valor semântico
novo. São resultantes de uma combinatória de elementos mórficos já existentes no léxico, ou até
emprestados. Ex.: oão Paulo II reinventa a igreja papalizando com êxito. Nas últimas eleições não
admitiram boca de urna. Os exemplos apresentados tomam como parâmetro a ideia da derivação,
como em papalizando, em que à palavra papa é acrescida de sufixo. No caso de boca de urna, o
efeito é de composição por justaposição, em que os elementos mórficos se juntam para dar um
único sentido à ideia apresentada.

. Neologismo fonológico: Caracteriza-se pela combinação inédita de fonemas, não procedente de


nenhuma palavra já existente na língua. Ex.:Não gostei deste vestido! É meio chinfrim! Os
formandos bebemoravam a data. Os exemplos apresentados são claros no que tange à
combinação de fonemas. O primeiro exemplo trabalha com uma junção de sons/fonemas que
aludem à idéia de coisa sem graça, sem estilo, sem vida, enquanto o segundo exemplo apresenta
uma junção dos verbos beber + comemorar, em uma união de sons, que efetivam um novo
significado.
Há mais de 5 mil neologismos na nova edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da
Academia Brasileira de Letras.

Aula 10:

O novo acordo ortográfico: é fruto de um documento assinado por representantes dos países
falantes de Língua Portuguesa, com o intuito de unificar a ORTOGRAFIA da língua. Em outras
palavras, os responsáveis por essa reforma pretendiam construir um sistema ortográfico comum,
mas não houve alterações na gramática da língua.

ORTOGRAFIA: Tem a ver com a escrita das palavras. Z ou S? X ou CH? Acento agudo ou
circunflexo? Isso é ortografia! Dessa forma, estima-se que somente 0,5% das palavras vigentes
seria afetado.

OS MOTIVOS DO NOVO ACORDO: O motivo principal deste acordo é promover a unificação


ortográfica dos países que têm o português como língua oficial, os quais são: Brasil, Portugal,
Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Segundo os
organizadores, o Acordo ortográfico representa um passo importante para a defesa da unidade
essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional.

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passa a valer a partir de 2009 no Brasil. O
período de transição para que a população se adapte às mudanças vai até o fim de 2012 - a partir
de 1º de janeiro de 2013, a nova ortografia será a única considerada correta.

O que dizem os favoráveis ao acordo: Os favoráveis ao acordo defendem que ele facilitaria o
processo de intercâmbio cultural e científico entre os países que falam Português; ampliaria a
divulgação do idioma e da literatura de língua portuguesa, além de reduzir custos de produção e
adaptação de livros. Poderia, ainda, facilitar a aprendizagem da língua pelos estrangeiros, o que
nos parece grande falácia, pois se aprende uma língua pela oralidade, em primeiro lugar.

O que dizem os que são contrários ao acordo: Os contrários ao Novo Acordo, por sua vez,
advogam que todos que já possuem interiorizadas as normas gramaticais terão de aprender novas
regras e isso seria motivação para o surgimento de dúvidas. Há também o alto custo de adaptação
de documentos e publicações. As editoras, principalmente as de livros escolares, agradecem! Em
última análise, outros aspectos que mereciam mudanças não foram contemplados a fim de,
verdadeiramente, facilitar a compreensão.

As principais mudanças:

. Acentuação: No que concerne aos acentos, as mudanças ocorreram nas paroxítonas, palavras
cuja sílaba tônica é a penúltima. Vejamos as principais mudanças:

- Nos ditongos abertos éi e ói das paroxítonas o acento caiu. Assim, termos como: colméia, estréia,
geléia, idéia, jibóia, heróico, platéia, jóia, apóio (de apoiar), dentre outras, ficam: colmeia, estreia,
geleia, ideia, jiboia, heroico, plateia, joia, apoio.
- O acento no i e u tônicos não existe mais quando vierem depois de ditongos nas paroxítonas.
Dessa forma, vocábulos como: feiúra, baiúca, bocaiúva e cauíla, ficam: feiura, baiuca, bocaiuva e
cauila.

- Nas formas verbais paroxítonas que possuem o e tônico fechado em hiato (sons vocálicos
adjacentes que ficam em sílabas separadas) com a terminação – na terceira pessoa do plural do
presente do indicativo ou do subjuntivo.

-Na vogal tônica fechada (^) em o nas paroxítonas, precedidas ou não de “s”: abençoo, doo (do
verbo doar), enjoo, voo, povoo, perdoo etc. Com exceção dessas duas situações o restante
continua igual!

- U tônico A letra u não será mais acentuada nas sílabas que, qui, gue, gui dos verbos como arguir,
redarguir, apaziguar, averiguar, obliquar. Assim, temos apazigue (em vez de apazigúe), argui (em
vez de ele argúi), averigue, oblique.

- Acento diferencial: O acento diferencial é utilizado para auxiliar na identificação de palavras


homófonas (que possuem a mesma pronúncia). Com o acordo ortográfico, ele deixará de existir
nos seguintes casos: Exemplos: pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e
pêra/pera. OBS.: Entretanto, existem duas palavras que continuarão recebendo acento diferencial:
pôr (verbo) - > para não ser confundido com a preposição por. pôde (verbo poder conjugado no
passado) - > para que não seja confundido com pode (forma conjugada no presente). OBS.:
Torna-se facultativo o acento de fôrma, para diferenciar de forma substantivo ou terceira pessoa
do singular do verbo FORMAR no presente do indicativo.

. Hífen:

- Usa-se hífen: Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo:
auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperialista, micro-ondas, mini-hote;

- Não se usa hífen: Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise,


autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma,
ultrassom. Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico. Em todos os demais casos:
subsecretário, subeditor. Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão

. Trema: O trema não existe mais na Língua Portuguesa. Todavia, será mantido em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros e nos nomes de origem estrangeira: hübneriano, Müller
etc. Vale salientar que, apesar da queda do trema, a pronúncia das palavras não muda!

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