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Linguística, Fonética e
Fonologia
A Linguística é a área de estudo da linguagem!
Linguagem → sistema complexo através do qual o ser humano consegue transmitir as suas ideias e
sentimentos. Pode ser oral (através da fala) ou escrita. Em todo o sítio que existe comunicação existe
linguagem, logo se existe linguagem existe homem.
Palavra → menor partícula de uma língua, é um conjunto de letras ou sons de uma língua. Esta pode ser
dividida em sílabas.
˃ De um momento para o outro, nós conseguimos construir várias frases através de diferentes palavras
˃ A partir de “pedaços” de diferentes palavras, conseguimos criar uma palavra nova, aumentando o
campo lexical e o vocabulário
˃ Processo de inserir frases pequenas umas nas outras, formando ainda uma frase maior
˃ Línguas muito distantes podem ter/têm regras gramaticais semelhantes, o que revela que existe
universalidade gramatical
˃ Independentemente das várias línguas, numa frase podemos determinar quem é o sujeito e o objeto
direto
• Diferentes formas de escrever uma palavra, não significa que essa mesma tenha significados
diferentes
Ex.: (em português) Mesa = table (em inglês)
˃ Forma de escrever diferente, mas com o mesmo significado, e a forma fonética também é
diferente
• Não há nenhuma lei/regra que estabelecida entre a forma e o significado
Linguagem, língua e gramática –
norma e variação
Linguagem e línguas
A linguagem humana é uma característica biológica da espécie humana caracterizável através de um
conjunto de propriedades universais → semelhança
As línguas naturais são manifestações concretas da linguagem humana → diversidade
Família de línguas
Os traços linguísticos tanto podem ser universais como particulares.
Ex. de línguas faladas em Portugal → mirandês, português e língua gestual
portuguesa
Criatividade e produtividade
o Qualquer falante pode em princípio construir um número infinito de frases
Ex.: Ele está a cantar
O rapaz de branco está a cantar
Eu vi que ele está a cantar.
A maria percebeu que eu vi que ele está a cantar.
o Os falantes sabem (um número finito de) regras
Modificando a ordem das palavras ou omitindo algumas delas, as frases tornam-se estranhas.
Como é que os seres humanos, que são criaturas finitas, têm conhecimento de um número infinito de frases? → porque sabem
REGRAS que se podem aplicar repetidamente para formar qualquer número de novas frases.
Conhecimento linguístico
Conhecimento da língua = conhecimento de matemática
Se F é uma frase → “eu disse F é uma frase” – esta frase pode ser repetida várias vezes para produzir um número arbitrário de
vezes
Linguística
o Linguística histórica (ou filologia)
o Linguística descritiva (ou etnolinguística)
o Linguística teórica
o Psicolinguística
o Sociolinguística
Também é um “estudo abrangente, sistemático, objetivo e preciso dos sistemas e do uso de uma lingua ou
dialeto específicos num dado momento. A gramática descritiva não prescreve normas para o uso da lingua”
- Procuram dar conta de um modelo de capacidade linguística dos falantes
- O objetivo não é dizer como se deve falar, mas dizer como se fala, na realidade
- Procura-se formalizar (com base na teoria) e sistematizar a gramática dos falantes
- Nesta abordagem, todas as gramáticas de todas as línguas, são igualmente complexas e lógicas
- Em Portugal há várias gramáticas descritivas:
o Cunha e Sintra (1984, 1996), para uma abordagem da gramática no modelo tradicional
o Mateus et al. (2003), para uma abordagem da gramática no modelo generativo
o Raposo, E. B. P., Nascimento, M. F. B. do, Mota, M. A. C. da, Segura, L., & Mendes, A. (Eds.). (2013). Gramática do
português (3 volumes)
o Gramáticas escolares…
Normas
A norma é uma variedade linguística escolhida por uma sociedade enquanto modelo de comunicação. É um
modelo, um padrão supradialetal, que se pode realizar em duas vertentes: oral e escrita.
Norma-padrão → sistema linguístico ideal
Norma culta → sistema linguístico real (via escolarização)
Há uma relação estreita entre a Norma e Ensino e Estado (cf, Acordo ortográfico).
Gramática
GRAMÁTICA GENERATIVA – CHOMSKY (1957, 1986)
o Modelo teórico desenvolvido a partir do final dos anos 50, cujos pressupostos eram os de que o
nosso conhecimento (implícito) da lingua é uma espécie de ‘gramática’. A partir desse conhecimento
da lingua ‘geramos’ as estruturas possíveis na nossa lingua.
o ‘Proposta teórica de gramática explícita que compreende um conjunto de regras formais, de
princípios e de parâmetros universais subjacentes ao conjunto infinito de enunciados (in Xavier e
Mateus, 1989. Dicionário de termos linguísticos)
o O objetivo do programa teórico generativista é:
˃ Simular/formalizar, por meio de regras transformacionais, a geração de estruturas possíveis
numa lingua;
˃ Construir os Princípios que regem a Gramática Universal e estabelecer os Parâmetros que são
fixados para a Gramática particular de cada lingua;
˃ Descobrir o conteúdo da GU
Gramática interiorizada/interna/implícita
“Sistema linguístico entendido como elemento mental de quem domina uma lingua e a usa como
falante/ouvinte”
Língua-I = competência
Gramática exteriorizada/externa/explícita
“Termo utilizado para referir o objetivo da linguística teórica, em particular da análise generativa, pelo qual
se visa construir uma gramática que dê conta, de um modo completo e preciso, das regras, condições e
princípios subjacentes aos enunciados”
Língua-E = Performance
Lingua (language) versus Fala (parole) – dictomia saussuriana
Língua → sistema de signos [linguísticos] partilhado por uma comunidade de falantes”
VS
Fala → “realização individual de enunciados em situação de comunicação”
A gramática da lingua (o conhecimento intuitivo da lingua) é modular, ou seja, há módulos essenciais
que podemos isolar no conhecimento da lingua com correspondente parte ou componente da
gramática – modelo de organização gramatical
O conhecimento da lingua envolve duas habilidades:
1. A capacidade de atribuir significados a sequências de sons
2. A capacidade de formatar significados em sequência de sons
Conhecimento linguístico
Sintaxe: é um sistema computacional, constituído por regras que usam categorias (como nome, verbo,
preposição, …) e que definem as condições de boa formação das combinações de palavras
Fonologia: é constituída por um conjunto de regras que definem as condições para a interpretação fonética
das palavras. Saber a fonologia da sua lingua implica – saber o conjunto de sons significativos das sua língua; saber as
condições de sons legítimas e as ilegítimas; dominar intuitivamente as regras gerais de atribuição de acento de palavra bem como
as estruturas silábicas legítimas da sua lingua
Semântica: é constituída por um conjunto de regras que definem as condições sobre a interpretação
semântica de combinações de palavras. Como se processa a interpretação semântica de combinações de
palavras
Pragmática: é o uso da lingua com significado contextual, adequação, informidade e relevância de um
enunciado num dado contexto; prevê a interação da gramática com outros módulos do sistema dos seres
humanos
Léxico
Sintaxe
Representação
sintática
Representação Representação
Fonética Semâtica
Variação linguística
Variedades
Variedade (designação mais ampla e neutra): “qualquer das modalidades em que uma lingua se pode
diferenciar em função de diferentes fatores, nomeadamente socioculturais e geográficos.” (Segura, 2013: 85)
Pode haver variedades sociais ou culturais (língua) → padrão ou uma língua popular; ou variedades
geográficas ou diatópicas
Dialeto
Dialeto (tradicionalmente): é “uma variedade geográfica ou diatópica de uma língua” e tem
“variedades de uso simultâneo na mesma língua, com as suas regularidades e os seus sistemas particulares,
as suas gramáticas próprias e com as suas normas-padrão próprias”. (Segura, 2013: 85)
A variedade e dialeto consideram-se sinónimos → a sociolinguística veio a substituir o termo dialeto por
variedade
Variação linguística
o Variação dialetal, geolinguística ou diatópica → dialeto
o Variação social ou diastrática
o Variação diafásica → estilo ou registo
o Variação histórica ou diacrónica
Variedades geográficas ou diatópicas → português brasileiro, português europeu, de Angola, …, dialeto do
barlavento, algarvio, dialetos nordestinos do Brasil…
- Variedades nacionais (PE, PB)
- Variedades dialetais, ou dialetos, que cada uma dessas variedades nacionais comporta
Português europeu
O português europeu relativa uniformidades se comparada com as suas congéneres românticas.
o Fronteiras portuguesas estabilizadas desde muito cedo (finais do sec. XIII)
o Reduzida diferenciação dialetal – qualquer português, seja qual for a sua região de origem, não tem
dificuldade em compreender um outro (com exceção de alguns dialetos insulares da Madeira e
Açores para os dialetos continentais)
O PE tem uma variação a vários níveis:
• Fonético
• Fonológico (incluindo prosódico)
• Morfológico
• Sintático
• Semântico
• Lexical
NOS DIALETOS CONTINENTAIS …
o As diferenças dialetais foram desde sempre estabelecidas com base em diferenças
fonéticas/fonológicas
o Traços fonéticos diferenciadores dos dialetos do Norte e Sul (gerais)
- A “troca do v pelo b”
- A “pronuncia do s com o x ou como j” (s beirão)
- A “pronuncia do ch com tx ou tch” (chaves → tchaves)
- A “pronuncia de ou como o-u ou à-u” (conservação do ditongo <ou>)
- A “passagem de ei a ê” (monotongação de ei)
Dialetos portugueses setentrionais: dialetos transmontanos e alto-minhotos; dialetos baixo-minhotos-
durienses-beirões
Dialetos portugueses centro-meridionais: dialetos do centro litoral; dialetos do centro interior e sul
Dialetos insulares (com características dos dialetos do sul e com traços próprios, alguns deles comuns aos
dois arquipélagos)
o Dialetos madeirenses: ei reduzido (madeirense → maderense); inserção de vogal; palatalização
de l precedido de i/j → lh (aquilo → aquilho/aqailho); i tónico → ai (fino → faino; farinha →
farainha)
o Macaelense: i → ê (milho → mêlho); o → u (senhor → senhur); u → iu/y (tudo → tiudo)
Português europeu e português brasileiro
O português europeu e o português brasileiro são, respetivamente, variantes europeia e sul-americana.
Cada uma delas divisível em variedades linguísticas menores, numericamente inferiores, que ocupam
zonas geográficas mais restritas.
No Brasil falam-se mais de 18 línguas indígenas, mas o português, nos seus vários dialetos, é a língua oficial
e unificadora. O Brasil vive uma extrema diglossia, coexistência de duas (ou mais) variedades ou registos de
língua – “formal” e “informal” – que são usados simultaneamente, misturados continuamente em proporções
variáveis dependendo do falante e da ocasião.
Escrita e Oralidade
Lingua falada
Primária: comum a todas as sociedades humanas pois decorre da capacidade biológica para a linguagem
específica da espécie humana
Dinâmica: muda ao longo dos tempos de forma não pré-determinada pelos falantes
Não regulamentável: não é passível de legislação que a altere
Lingua escrita
Secundária: não existe em todas as sociedades humanas – só algumas desenvolvem sistemas secundários de
representação da língua falada
Estática: perdura o tempo que for decidido pelas instituições relevantes de qualquer sociedade
Regulamentável: fixada por legislação (reformas ortográficas, revisões ortográficas, acordos ortográficos)
Alfabeto fonético
Surge da necessidade de referenciar e representar os sons da fala de modo inequívoco:
˃ Um símbolo para um som (relação de um para um ou biunívoca)
˃ O mesmo símbolo para o mesmo som em todas as línguas
A IPA (International Phonetic Alphabet) sofreu revisões decorrentes de:
. Evolução do conhecimento da teoria fonética
. Aumento do conhecimento das línguas naturais
O IPA tem as seguintes características:
o Alfabeto
o Sistematicidade
SAMPA
O SAMPA (Speech Assessment Methods Phonetic Alphabet):
o Alfabeto fonético utilizável por todas as língua informáticas
o Versão portuguesa (1993)
o Equivalente ao IPA
Transcrição fonética
Nenhuma transcrição fonética é suficientemente fina ou objetiva para construir uma completa
correspondência entre o que o ouvinte transcreve a partir da perceção mental do que ouve, e as variações do
som que podem ser captadas experimentalmente.
Uma transcrição fonética pressupõe sempre interpretação; o ouvinte/transcritor “distorce” o sinal acústico no
sentido de experiências anteriores ou expectativas de como foi ou deve ser produzido o som.
Fatores que influenciam a transcrição:
˃ Idade de quem fala
˃ Qualidade vocal
˃ Inteligibilidade
˃ Posição do som na palavra
Ainda que possa haver dificuldades na transcrição fonética, ela deve ser usada como ferramenta da prática
clínica e o rigor e fiabilidade fonética devem ser competências a desenvolver por um terapeuta da fala
Qualquer transcrição fonética deve servir o propósito para a qual é realizada – ou seja, descrever a produção
de fala com alterações (para definição de diagnóstico e terapêutica ou monitorização da intervenção em
contexto clínico).
A transcrição fonética usa o IPA como norma de transcrição internacional.
Tipos de transcrição fonética habitualmente considerados, relativos
ao grau de detalhe na transcrição:
o Transcrição larga: com menos informação relativamente à representação e diferenciação dos
segmentos da língua transcrita (menos símbolos diferentes)
o Transcrição estreita: com mais informação relativamente à representação e diferenciação dos
segmentos da língua transcrita (mais símbolos diferentes)
Essencial – consistência e coerência na transcrição!
Transcrição impressionística: não sistemática ou pouco sistemática (trabalho de campo, situação clínica de recolha de
dados em tempo real sem análise retrospetiva)
Transcrição sistemática: consistente e coerente, assente numa interpretação estabilizada dos dados da
língua, que não pretende (nem pode) representar a enorme variedade fonética presente nos usos linguísticos
particulares (dicionários, gramáticas e estudos descritivos, situação clínica de transcrição de dados da fala co recurso a registo sonoro)
A transcrição sistemática é de 4 tipos:
˃ Transcrição fonémica (~transcrição larga): representa aspetos mais fonológicos não dependentes
de contexto (uso de símbolos nucleares do APA para os fonemas, sem diacríticos)
˃ Transcrição alofónica (~transcrição estreita): representa aspetos da fonéticas sistemática da língua
que são previsíveis (logo, redundantes) em função do contexto fonotático, silábico ou prosódico
(processos fonológicos da oralidade, uso de diacríticos)
˃ Transcrição simples: limita o recurso a elementos extra (diacríticos e representações alofónicas)
(uso dos símbolos nucleares do IPA para os fonemas, sem diacríticos)
˃ Transcrição comparativa: representa alternâncias de qualidade dos segmentos que podem ou não
ser sistemáticas (processos fonológicos da oralidade; uso de diacríticos)
A transcrição é:
˃ Tanto mais larga quanto mais fonémica ou simples forem as convenções adotadas
˃ Tanto mais estreita quanto mais alofónicas ou comparativas forem as convenções adotadas
o As transcrições do português europeu são em geral largas, tendencialmente fonémicas, com
algumas soluções alofónicas (processos fonológicos), e tendencialmente simples, com
algumas soluções comparativas
o No contexto clínico, pode (e deve) ser diferente
Algumas soluções para o PE…
Variantes contextuais:
Variantes dialetais:
Fonética articulatória
Produção de fala – sons pulmónicos
A produção de fala faz-se por uma corrente de ar controlada ascendentes a partir dos pulmões (corrente de ar
egressiva). Este ar sobe pela traqueia e é expulso pela boca e/ou nariz. É no percurso da corrente de ar da
laringe aos lábios e/ou às narinas que se dá a modulação dos sons da fala.
Mas cf. Consoantes não pulmónicas (cliques, implosivas vozeadas e ejectivas)
Laringe
As cartilagens da laringe (cricóides e tiróide) formam um tubo pelo qual o ar passa. Dentro dessas mesmas
cartilagens estão duas pregas vocais (ou cordas vocais), que estão fixas adjacentes uma à outra na frente mas
juntas na parte de trás às cartilagens aritnóideias.
O espaço que se encontra entre as pregas vocais é a glote.
RESPIRAÇÃO VS FONAÇÃO
SUSSURRO
Vozeamento
O vozeamento é quando as pregas vocais estão juntas e o ar sob pressão vindo dos pulmões é empurrado
para elas, há vibração, que produz o que chamamos voz. Há rápida vibração das pregas vocais quando
produzimos um [i], por exemplo, ou [v] ou [m] ou [z], que são sons vozeados.
A variação de tom de uma vogal, quando cantada, é dada pela variação da velocidade de vibração das pregas
vocais. Os sons não vozeados com [f] e [s], não possuem nenhuma vibração das pregas vocais.
Como podemos observar a vibração das pregas vocais?
- Sentindo a vibração com a ponta dos dedos na laringe (exterior do pescoço)
- Laringoscopia, endoscopia da laringe usando um fibroscópio
- Laringógrafo (com eléctrodos posicionados no pescoço)
- Estroboscópio (luz para desacelerar ou congelar a aparência do movimento – 2 a 3 vibrações por 1/24 de segundo)
Todas as vogais são vozeadas, no entanto existem algumas consoantes que são vozeadas e outras não
vozeadas (algumas consoantes no PE diferem somente no vozeamento).
Algumas língua não fazem diferença sistemática entre consoantes vozeadas e não vozeadas, sendo o
vozeamento sensível ao contexto (proximidade de um som vozeado – vogal). Algumas crianças aplicam
vozeamento sensível ao contexto no processo de aquisição.
Vogais Consoantes
˃ Sem obstrução significativa no trato vocal ˃ Com obstrução significativa no trato vocal
˃ Sons abertos ˃ Sons constritivos
˃ A linha central sagital do trato vocal ˃ A constrição ocorre ao longo da linha
permanece aberta central sagital do trato vocal
˃ Vozeadas (com viração das cordas vocais) ˃ Vozeadas e não vozeadas (com ou sem
˃ Mais intensas acusticamente vibração das cordas vocais)
˃ Mais sonoras (=mais audíveis) ˃ Menos intensas acusticamente
˃ Menos sonoras (=menos audíveis)
Funcionam como núcleo de sílaba
Não funcionam tipicamente como núcleo de sílaba
Classificação articulatória
˃ Vozeamento
˃ Modo de articulação
˃ Ponto de articulação
Como observamos a articulação?
• Palatografia (palatogramas)
- Palatografia estática: substância colorida na língua ou palato mostra pontos de contacto dos articuladores
- Eletropalatografia: pseudo-palato em silicone, com elétrodos que captam os pontos de contacto dos articuladores
• Cine-radiografia (Rx em movimento)
• Ressonância magnética
Classificação articulatória
- Abertura da cavidade oral ou posição da língua relativamente ao palato
- Avanço/recuo da língua
- Arredondamento dos lábios
- Nasalidade
Fonética e fonologia
O que estuda a fonética?
A fonética estuda as propriedades (físicas) dos sons da fala (perceção e produção). Esta ainda estuda as
relações que se estabelecem entre as propriedades físicas dos sons da fala e outros módulos da Gramática
(sobretudo da fonologia).
A Fonética estuda também a performance da fala humana, ou seja, o plano concreto/físico/tangível/motor da
fala humana. Esta identifica, descreve e classifica os sons articulados da fala humana, sendo a sua unidade
mínima o fone [fɔnɨ].
[fones] [fonemas]
O modelo Ataque-Rima
O ataque pode ter número indeterminado de segmentos, a rima não. Os elementos do ataque, por um lado,
e da rima, por outro, mantêm coesão entre si.
A rima, por sua vez, pode, ainda, ramificar em núcleo e coda. O núcleo aloja as vogais (e ditongos) da
rima; a coda aloja as consoantes da rima.
A sílaba no PE
Ataque → Não ramificado – C
Ramificado – CC
Vazio
Rima → Não Ramificada – núcleo
Ramificada – Núcleo + Coda
Núcleo → Não Ramificado – V
Ramificado – VG
Coda → Vazia
Não ramificado - [ɫ ɾ ʒ ∫]
A teoria dos traços distintivos veio alterar o conceito de fonema como unidade mínima da fonologia.
• Fonema: segmento sonoro que constitui uma unidade mínima
• Traços distintivos: propriedades que identificam e distinguem os fonemas
Os fonemas são conjuntos de traços distintivos denominados segmentos (fonológicos).
Certos fonemas diferem entre si apenas num traço, outros diferem em vários. Em sala e saca os fonemas /l/
e /k/, elementos que distinguem o par, diferem entre si porque o /l/ é uma consoante [lateral9 e o /k/ não o é;
além disso, o /l/ é [anterior] e [coronal] e o /k/ não é [anterior] nem [coronal].
Nos quadros dos traços distintivos das consoantes, das vogais e das semivogais do PE, não figuram certos
traços por não serem pertinentes para a respetiva classificação. Só então indicados os traços cujo valor é
distintivo.
Ao identificar um fonema, o ouvinte não recorre a todos os traços distintivos da classe universal, visto que
alguns deles são redundantes em relação a outros. Do mesmo modo, ao classificar as vogais ou as
consoantes de um determinado sistema fonológico, não ´necessário indicar o valor de todos os traços porque
alguns desses valores são redundantes enquanto que outros são distintivos e, como tal, constituem traços
pertinentes do fonema.
Assim temos, uma matriz para as consoantes do PE e outra para as vogais e semivogais do PE – v.
classificação em traços distintivos em Mateus e alii (2005)
Processos fonológicos
o Processo do vocalismo átono
o Processo de nasalização
o Processos pós-lexicais
1. Há uma relação direta entre a raiz e os traços de modo de articulação que constituem as duas grades
classes de sons ([cons] e [soan]); é na raiz que deve estar especificada esta informação
2. Da raiz dependem imediatamente dois traços de modo de articulação ([lateral] e [nasal])
3. Da raiz dependem ainda dois traços nós calsse ligados ao vozeamento e ao ponto de articulação
(laríngeo e cavidade oral)
4. Os nós classe são escritos maiúsculas e os traços entre parênteses retos.
5. Do nó laríngeo depende os traços [vozeado]
6. Do nó cavidade oral depende os traços [contínuo] e os 3 nós classe do ponto de articulação: o labial
(c/ ou s/ [arredondado], dependendo se se trata de V ou C), o coronal (de que depende o traço
[anterior]) e o dorsal (de que depende o traço [recuado]).
7. Deve especificar-se ainda, entre o nó cavidade ora e os 3 traços de ponto de articulação se se trata de
uma V ou C (PAC ou PAV – ponto de articulação de V/C – nas vogais, existe, por cima do PAV um
nó Vocálico)
Esta configuração reflete a estrutura interna de um segmento e tem uma base fonética (articulatória). Os
traços redundantes não devem estar presentes na representação de um segmento.
Se apresentado em matriz, os nós classes presentes num segmento devem conter um ponto ( ) e os traços os
valores binários habituais (-/+).
ESCALA DE ROBUSTEZ
O modelo de geometria de traços suporta diversos modelos explicativos da aquisição dos sistemas
fonológicos em crianças com desenvolvimento típico e atípico com aplicabilidade na terapia fonológica,
como MICT ou o PAC.
Fonética percetiva
Cadeia da fala
Aparelho auditivo
Audição
As frequências captadas pelo ouvido humano são dos 30 – 20 00 Hz (abaixo infrassons; acima ultrassons).
Temos dois tipos de audição subjetiva:
o TOM (pitch) – frequência fundamental ouvida (tons mais graves; tons mais agudos)
o Intensidade
Perceção de fala
A identificação dos sons da fala, sílabas e palavras ocorre no córtex cerebral do ouvinte.
Que informação é relevante para ouvirmos e percebermos os enunciados de fala?
Para isso necessitamos:
• Pistas acústicas
• Pistas visuais
• Pistas linguísticas
• Pistas para-linguísticas (conhecimento e expectativas do ouvinte)
FONTES E SONS
Traços distintivos
Existem dois tipos de traços distintivos:
• Traços acústicos de classificação dos sons da fala
• Traços distintivos acústicos (Inglês)
PORTUGUÊS:
Traços de sonoridade
o Vocálico/não vocálico
o Consonântico/não consonântico
o Compacto/difuso
o Vozeado/não vozeado
o Nasal/oral
o Contínuo/não contínuo
o Estridente/não estridente
Traços de tonalidade
˃ Grave/agudo
Acústica e articulação
Há uma relação entre a classificação acústica e a classificação articulatória, na medida em que a segunda
condiciona a primeira. A posição dos articuladores determina a configuração do trato vocal como tubo
acústico de ressonância.
Vocálico/Não vocálico
Acusticamente: presença/ausência de uma estrutura formântica
Articulatoriamente: vibração/não vibração das cordas vocais, associada á livre passagem do ar pela
cavidade oral
Consonântico/Não consonântico
Acusticamente: energia global alta/baixa
Articulatoriamente: presença/ausência de obstrução ao nível da cavidade oral
Compacto/Difuso
Acusticamente: concentração de altas energias/baixas energias numa zona estreita e central/larga e
periférica do espetro
Articulatoriamente: posição da lingua adiantada/recuada, o que determina o volume da cavidade de
ressonância atrás e à frente da constrição
Vozeado/Não vozeado
Acusticamente: excitação/não excitação periódica de baixa frequência
Articulatoriamente: vibração/não vibração periódica das cordas vocais
VOZEAMENTO
Contínuo/Não contínuo
Acusticamente: silencio seguido de energia numa larga região de frequências; transição brusca entre som e
silêncio
Articulatoriamente: surgimento7desaparecimento da fonte (com oclusão/abertura do trato vocal)
OCLUSIVAS
Estridente/Não estridente
Acusticamente: presença/ausência da maior intensidade de ruído
Articulatoriamente: constrição em superfície irregular/regular
FRICATIVAS
Grave/Agudo
Acusticamente: concentração de energia numa zona muita baixa/alta de frequências do espectro
Articulatoriamente: cavidade de ressonância mais ampla/fechada; (traço grave – periferia do espectro;
agudo – zonas centrais do espectro)
Soantes
Estrutura formântica mais marcada (sobretudo nas vogais)
Nasal/Oral
Acusticamente: dispersão da energia por uma região de frequência mais larga (nasal)/estreita (oral),
redução da intensidade de certos formantes, introdução de formantes adicionais
Articulatoriamente: ressonância da cavidade nasal e/ou oral
NASAIS
Coarticulação
A fala não é uma sequência de sons bem definidos e isolados, com uma mudança brusca entre eles. É um
processo dinâmico: faz-se de um contínuo sonoro e de um contínuo articulatório
Existem então:
o Configurações-alvo (articulação)
o Valores-alvo (acústica)
A transição entre um par de segmentos fonéticos produz-se de forma gradual. O sinal sonoro exibe pequenas
variações das características de um som para as do som seguinte – efeito denominado COARTICULAÇÃO,
que pode ser:
o Coarticulação progressiva
o Coarticulação regressiva
Processos fonéticos
˃ Velarização de /l/ em coda
˃ Fricatização de oclusivas vozeadas intervocálicas
˃ Assimilação de <-s> em coda
˃ Redução vocálica
˃ Labialização de consoantes (seguidas de vogal arredondada)
˃ Arredondamento de vogais (antecedidas de consoante bilabial)
˃ Semivocalização de consoantes laterais
˃ Nasalização de vogais precedidas e/ou seguidas de consoante nasal
˃ Vozeamento de consoantes não vozeadas intervocálicas
Fonética Acústica
A fonética acústica é um ramo da linguística/física que se ocupa da geração, transmissão e receção de sinais
sonoros, de que a fala é um caso particular. A fonética acústica estuda:
o A natureza do som
o A sua forma de propagação
o Os fenómenos que o produzem
A produção de som
Potencial fonte vibratória e sonora
Ciclo → movimento da onda sinusoidal que parte da posição de repouso de um corpo em vibração, atinge
um ponto de compressão, volta a passar pela posição de repouso, atinge um ponto de rarefação e volta à
posição de repouso. Repete-se no tempo
Período → duração de tempo que decorre entre 2 pontos máximos de pressão da onda sinusoidal (B – B’).
Intervalo de tempo (segundo, centésimo de segundo, milésimo de segundo, etc) gasto na realização de um
ciclo (representa-se por T).
Frequência → número de oscilações da onda sonora (ciclos) por unidade de tempo; responsável pelo
carácter mais agudo e mais grave do som (dependendo se a onda vibra mais depressa ou mais devagar; a
velocidade depende das propriedades físicas do corpo). A unidade de medida é o Hertz. Cada corpo tem uma
frequência natural de vibração. Esta trata-se de uma propriedade à sensação da altura (numa escala de
grave/agudo) de um som.
Frequência + altas → tons agudos
Frequências + baixas → tons graves
FREQUÊNCIA E PERÍODO
A frequência é recíproca do período e vice-versa.
Intensidade → depende da quantidade de energia transmitida por unidade de tempo e por unidade de
superfície em relação com o quadrado do valor eficaz da pressão acústica. A unidade de medida é o Watt
por centímetro quadrado – W/cm2
Comprimento de onda
Comprimento de onda → periodicidade espacial que depende da distância entre dois pontos do espaço em
fase; espaço percorrido pela onda sonora durante um dado período (T). quanto maior for o período, maior
será o comprimento de onda
A frequência das ondas sonoras depende das características da fonte. O comprimento de onda depende
destas e das características do meio elástico (ar, água, etc).