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LIVRO - Muito além da gramática, Irandé Antunes

C A P Í T U L O 1 - Gramática, uma área de muitos conflitos


Introdução - e o resultado é que se sai da escola muito mais confuso, com uma visão de
língua deturpada, reduzida e falseada, terreno muito propício à gestação de preconceitos e
de simplismos inacabáveis.
A língua assegura a identidade cultura e política de uma comunidade. (p.20)
A relação entre a gramática e conquista colonial é estrita (p.20)
O uso de determinada língua é um ato humano, social, cultural, político, histórico e
ideológico e que tem consequências na vida de todos. (p.21)
Perini 2006“Cada língua é um retrato do mundo, tomado de um ponto de vista diferente, e
que revela algo não tanto sobre o próprio mundo, mas sobre a mente do ser humano. Cada
língua ilustra uma das infinitas maneiras que o homem pode encontrar de entender a :
realidade”. (p.21)
É neste quadro que a autora tenta enxergar a ótica pela qual a escola e a sociedade tem
visto a língua.
Há uma visão reduzida sobre os efeitos dos fatos linguísticos (p.21)
Os equívocos são: a crença de que para garantir eficiência no ato da fala leitura e escritura
basta estudar gramática. A mídia reforça a ideia de que as dificuldades verbais das pessoas
vem das dificuldades com a gramática.
O caráter da gramática é grandes conflitos.

CAPÍTULO 2
Quais gramáticas existem?
1- gramática como conjunto de regras de uma língua
2 - conjunto de normas que regulam o uso da norma culta
3 - uma perspectiva de estudo de fatos da linguagem
4 - uma disciplina de estudo
5 - um compêndio descritivo-normativo sobre a língua

CAPÍTULO3
- A urgência de explorar a gramática sem equívocos

Fatos linguísticos estão sempre atrelados às histórias dos povos e seus esforços de
expansão territorial e política.
Com o tempo, foi-se atribuindo um papel de instrumento controlador da língua aos
compêndios da gramática.
Alguns equívocos que a autora aponta são:
- língua e gramática são a mesma coisa
- basta saber gramática para falar, ler e escrever com sucesso
- explorar nomenclaturas e classificações é estudar gramática
- a norma prestigiada é a única linguísticamente válida
- toda atuação verbal tem que se pautar pela norma prestigiada
- o respaldo para aceitação de um novo padrão gramatical está prioritariamente nos
manuais de gramática
CAPÍTULO 4
Língua e Gramática não são a mesma coisa

É comum pensar que ao se dominar a gramática, se domina a língua.


E que se alguém não domina a gramática segundo “a suposta norma culta” da língua, esse
alguém “não sabe falar”.

Por isso, se entende língua por gramática e gramática por língua.

Para a autora, a língua é uma entidade complexa, um conjunto de subsistemas que se


integram e interdependem. A língua, por sua vez, é constituída de dois componentes: um
léxico e uma gramática. O léxico constitui um conjunto de palavras, ou, vocabulário. E a
gramática inclui regras para construir palavras e setenças da língua.

A língua também oferece a composição de textos e uma situação de interação.


Língua e gramática:
A gramática da língua tem funções. Uma das funções é regularizadora. Ela regula muito
mas não regula tudo. Porém, ela é limitada quanto à sua capacidade de auxiliar na
comunicação. Não basta dominar a gramática para se comunicar e interagir bem.
Não existe apenas uma gramática para toda a língua, mas uma para cada tipo de discurso e
situação, visto que a língua é sociointerativa.
Língua e léxico:
Para a autora, o léxico é mais que uma lista de palavras a disposição dos falantes,
depositário dos recortes com que cada comunidade vê o mundo, o sentido de tudo”.
O léxico é um elemento que confere identidade aos falantes.

Implicações para o ensino:


Atividades para expandir o vocabulário são necessárias, mas devem ser feitas de modo a
praticar o léxico. “O fundamental é explorar o espírito do processo de formação de
palavras”.
A sensação de desconexão com a língua, de estranheza à língua ensinada deve ser evitada
pois devemos sentir que a língua aprendida nos é pertencente.

“É preciso saber que tipos de sequências textuais devem ser adotadas” : narrativas,
descritivas, expositivas, argumentativas. É importante também saber que gênero de texto é
mais adequado à situação de interpretação em foco. Nas atividades é improtante destacar
previamente que tipo de texto se espera: uma carta, um e-mail, uma justificativa, um
comentário… “o fato de indicar que gênero se trata já implica a consciência de uma
diferenciação formal e funcional”.

Por isso, os alunos devem saber como cada tipo de gênero funciona e se estrutura, “que
grau de flexibilidade essa composição aceita, quais são as partes obrigatórias e as partes
opcionais”.

É necessário fazer conhecer também:

- os interlocutores, a modalidade verbal (oral ou escrita)


- o que dizer (promover leituras, debates discussões sobre temas diferentes)
- saber se o registro deve ser formal ou informal
- saber os objetivos ou propósitos que se pretende alcançar com a atividade verbal
- saber também quais pontos deve focalizar e selecionar
- saber que postura deve-se adotar mediante ao que é dito
- saber que recursos de coesão empregar (aqui é bom explorar os tipos de relações
semânticas e que partes do texto elas põem em junção)
- saber recorrer à intertextualidade

Por fim, a autora pontua que o maior problema nos cursos de língua (materna ou
estrangeira) é o fato de ensinar apenas a gramática, tendo em vista que ensinar uma língua
é mais do que ensinar gramática. “A língua excede a gramática” (Ilari e Basso, 2006)

“A gramática, sozinha, é incapaz de preencher as necessidades interacionais de quem fala,


escuta, lê ou escreve textos”.

CAPÍTULO 5

“Não basta saber gramática para falar, ler e escrever com sucesso.”

Pois a gramática e a língua são distintas. Logo, pensar que para saber uma língua é
necessário conhecer a gramática, somente, é um erro, uma concepção simplista.

O léxico de uma língua, as regras de uso e contexto, entre outros, ressaltam que a
gramática não é exclusiva. Ainda que ninguém fale, leia ou escreva sem a gramática. Mas
ela é insuficiente pois a interação verbal requer
- o conhecimento do mundo ou do real
- o conhecimento das normas de textualização
- o conhecimentos das normas sociais de uso da língua

● o conhecimento do real ou do mundo

a linguagem é um objeto para conhecermos a existência de todas as coisas!


em resumo, nossa competência é o que confere sentido aos textos que lemos.

● o conhecimento dos recursos de textualização

Regras como: que tipo de texto, que estratégias de interação com o interlocutor queremos
adotar, quais precauções que devemos adotar para evitar mal entendidos, o que vamos
explicitar e o que vamos deixar implícito; se vamos parafrasear, fazer alusão ou citar outro
texto.
o implícito tem a ver com o conhecimento que o interlocutor já possui e que dá sentido para
o texto
● o conhecimentos das normas sociais de uso da língua
Sobre normas sociais que regulam o comportamento: é necessário reconhecer quando e
como se pode falar.
Portanto, ser comunicativamente bem-sucedido é muito mais que uma questão de saber
gramática , de saber analisar frases e reconhecer as funções sintáticas de seus termos.
Por isso tudo a autora defende que apenas o conhecimento linguístico não basta, para o
sucesso da interação verbal.

Implicações para o Ensino


- não é para ensinar apenas gramática
- para ir além da gramática, a escola deve ensinar também o léxico, o vocabulário da
língua, relações de sinonímia, antonímia, hiperonímia, partonímia, inter-relações
internas e externas.
- neologismos e estrangeirismos que ocorrem a partir da interculturalidade
- o destaque do léxico na perspectiva da composição do texto
- avançar além da gramática, a partir dos interesses: explorar a oralidade em conjunto
com a escrita e leitura; ampliar o repertório de informações dos alunos sobre
diversos assuntos em leituras, debates e reflexões
- estudar os estudos de outras disciplinas (interdisciplinaridade)
- regras de textualização, incluindo recursos da textualidade, coesão e coerência
(removendo as frases soltas)
- comportamento linguístico diante de diferentes relações sociais

CAPÍT U LO6

Estudar nomenclaturas e classificações não é estudar regras de gramática.

- terceiro equívoco: não diferenciar regra gramatical de nomenclatura gramatical.


- desenvolvimento das competências comunicativas
- é preciso saber distinguir o que são regras gramaticas de elementos da gramática,
ou seja, rótulos e nomes das unidades gramaticais
- a gramática aprendida não chega a ser relevante para o exercício em texto da
linguagem.
- Regras gramaticais são princípios, normas.
- As regras são naturalmente prescritivas, estabelecendo como deve ser ou não o uso
das diferentes unidades linguísticas.
- questões como verbo, pessoa, singular, plural, presente do indicativo, flexão de
gênero e números, pronomes indefinidos, substantivos, demonstrativos, etc. são
regras linguísticas.
- o uso das línguas são submetidos as regras.
- línguas são sistemas complexos, com componentes fixos e flexíveis que variam
entre si.
- regras compulsórias: opções preferenciais (as mais escolhidas entre todas as
aceitáveis)
- opções típicas (aquelas mais frequentes entre várias aceitáveis)
- opções alternativas (Aquelas mais escolhidas com o mesmo grau da aceitabilidade e
de frequência)
- opções restritas (aquelas aceitáveis apenas por uma parte dos membros de uma
comunidade)
- nenhuma língua tem padrões absolutamente fixos e invariáveis

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