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sumário

ficha técnica
Apresentação 5
Povo e Língua 8
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Localização e demografia 9
FACULDADE DE LETRAS - UFMG Atividades econômicas e organização social e política 9
Aspectos culturais 11
O tronco Tupí e a família Tupí-Guaraní 12
LABORATÓRIO DE LÍNGUAS INDÍGENAS | LALIAFRO Fonologia e Ortografia Guajajára 16
Tentehar wyrahu imemyr kury 22
Coordenador:
Professor Doutor Fábio Bonfim Duarte Amume’u putar zawaruhu rehe ma’e mume’u haw ihe kury 28
Pytun hyru ika awer ku’em heta wàm kury 31
Organizadores: Ka’a rehe ma’e imume’uhaw 35
Fábio Bonfim Duarte Oho zu’i apitaw ipynikaw pe 39
Cíntia Maria Santana da Silva Pytun hyru ika awer (2) 42
Quesler Fagundes Camargo Tata pyhyk awer rehe 45
Ricardo Campos Castro Tupàn uzapo zahy a’e 47
Zàwàruhu a’y rehe wà 49
Projeto Gráfico e diagramação: Àkàgwer 51
Sília Moan da Silva Kuzà izapo awer 55
Ma’e zehu izypy mehe arer imume’u haw 57
1º EDIÇÃO – Dezembro de 2017
Tupàn kanu zapo awer 59
Amo kuzà rehe ma’e imume’u haw tapi’ir rehe wà 61
Belo Horizonte
Zahytata rehe ma’e imume’u haw zahy rehe wà 65
2017 Amo ma’e imume’uhaw Tupàn rehe, kwaharer rehe kury 67
Mair kyhaw iapo awer 69
Tyràm heta àwàm Tentehar wanupe 71
Tupàn àmàn herur mehe awer 73
apresentação
linguística que desenvolvemos na Terra Indígena e Africanas da Faculdade de Letras da UFMG
Arariboia, aldeia Hamy’yete. Ele contou com a (Laliafro). Esta é ainda uma edição experimental,
supervisão das professoras Cíntia Guajajára e de sorte que pretendemos expandi-la em etapas
Tuíra Guajajara e com a participação coletiva futuras de nossa cooperação linguística com os
dos professores indígenas envolvidos com as povos tenetehára.
atividades dos ‘saberes indígenas’.
Ademais, acreditamos que este tipo de lite-
A s narrativas que disponibilizamos nesta co-
letânea são o resultado de um esforço con-
junto de buscar estratégias para contribuir com a
Os Tenetehára habitam atualmente duas
regiões distintas. Os Tembé residem na região
correspondente ao alto do Rio Gurupi, divisa
Este material tem por objetivo permitir que
os professores obtenham acesso a instrumentos
ratura pode contribuir com o letramento e com
o aprimoramento linguístico dos professores e
culturais que lhes permitam dominar a moda- dos alunos nas escolas tenetehára. Em grande
documentação cultural e preservação linguística entre os estados do Pará e do Maranhão, en- lidade escrita de sua língua nativa. Além disso, medida, as narrativas tratam de temas relaciona-
da língua Tenetehára Guajajára, tendo em vista quanto os Guajajára estão localizados no interior espera-se que este volume estimule o gosto dos ao imaginário cultural dos Tenetehára. Tais
que essa é uma língua falada por apenas cerca do estado do Maranhão, mais precisamente, na pela leitura e escrita, de modo a desenvolverem narrativas constituem-se de estórias colhidas
de 25.000 índios e que está fortemente ameaça- região correspondente ao vale do Rio Pindaré, o apreço pela língua nativa; cubra aspectos da e transcritas durante os cursos de formação de
da, tendo em conta a pressão que o contato com nas proximidades da cidade de Santa Inês, e ortografia da língua Guajajara para serem traba- língua tenetehára, ministrados por nós durante
a língua portuguesa impõe a seus falantes. Como nos municípios de Amarante, Arame, Barra do lhados em sala de aula; sirva como material de as várias idas às aldeias.
resultado, muitos indígenas vêm abandonando a Corda e Grajaú, dentre outras áreas. Os índios leitura a ser utilizado no ensino intensivo da es-
sua língua nativa, situação que não é desejável, Tenetehára constituíam no passado uma grande crita e da leitura de crianças, jovens e adultos. Em Prof. Fábio Bonfim Duarte
pois uma língua, para manter-se viva, precisa ser nação tupí-guaraní que habitava os rios Pindaré suma, esperamos que essa publicação contribua Professor Doutor da Faculdade de Letras da UFMG
repassada para as gerações mais jovens, do con- e Caru, no Estado do Maranhão. Segundo registro com que alunos e professores encontrem suporte Profa. Cíntia Maria Santana da Silva
trário corre risco de desaparecer. Dessa maneira, de cronistas e colonizadores nos séculos XVII e adicional para as atividades de alfabetização e Professora indígena/Lagoa Quieta/TI Araribóia
acreditamos que esta iniciativa pode permitir que XVIII, o território original dos Tenetehara (Tembé leitura em sua língua materna. De modo geral, as Prof. Doutor Quesler Fagundes Camargos
os Tenetehára tenham maior controle social das e Guajajara) deve ter sido a região do vale do rio narrativas foram produzidas com a coordenação Professor Doutor do Departamento de Educação
relações linguísticas, interculturais, econômicas Pindaré. da professora Cíntia Guajajára, Tuíra Guaja- Intercultural da UNIR
e políticas, e possam ter acesso a instrumentos jara, Moisés Guajajara e Zezico Guajajara, Prof. Doutor Ricardo Campos Castro
culturais que lhes permitam dominar a modalida- O material que apresentamos neste livro foi residentes da Terra Indígena Arariboia, dentre Pós-doutorando em Linguística. UNICAMP/FAPESP
de escrita de sua língua nativa. produzido durante as oficinas de revitalização vários outros professores indígenas. Este mate- (Proc. 2017/09615-9)
rial contou com a coordenação e supervisão do
Laboratório de Pesquisas em Línguas Indígenas Belo Horizonte, dezembro de 2017

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povo e língua Localização e demografia

O s Guajajára e os Tembé são povos que par-


tilham praticamente a mesma língua e a
mesma tradição cultural. Além disso, também se
Esses povos ainda se autodenominam como
wazay-zar ‘Guajajára’ e ti-m(b)ew ‘Tembé’,
conforme mostram a interpretação das estru-
T odas as terras indígenas habitadas pelos Gua-
jajára estão localizadas na região central do
estado do Maranhão, mais precisamente nas
consideram um só povo, autodenominando-se turas morfológicas dos itens léxicos ‘guajaja- regiões dos rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Zutiwa.
Tenetehára. Conforme Boudin (1978, p. 260), ra’ e ‘tembé’, a seguir: As terras são cobertas pelas florestas altas da
Tenetehára, que significa “a gente, os índios em Amazônia e também pelas matas de cerradão, que
geral e mais especificamente os índios Tembé e são matas de transição entre as florestas amazôni-
Guajajára”, tem a seguinte derivação morfológia: GUAJAJÁRA TEMBÉ cas e os cerrados. Os Tembé, por sua vez, habitam
Wazay ø-zar ti i-mew principalmente as florestas de mata alta do leste do
cocar C-dono nariz 3-achatado Pará, fronteira com o Maranhão. No entanto, uma
TENETEHÁRA parte do povo Tembé vive na margem direita do rio
“Os donos do cocar” “Nariz achatado”
t-en-ete-har → t-en-te-har
Gurupi, no estado do Maranhão.
G-ser-ENF-NOML
“A gente verdadeira” (i.e. Guajajára ou Tembé)
As atuais terras indígenas registradas e ho-
mologadas são: Araribóia (413.288 ha), Bacurizi-
nho (82.432 ha), Canabrava (137.329 ha), Caru
(172.667 ha), Governador (41.644 ha), Krikatí
(146.000 ha), Lagoa Comprida (13.198 ha), Mor-
ro Branco (49 ha), Pindaré (15.002 ha), Rodeador
(2.319 ha) e Urucu-Juruá (12.697 ha).

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aspectos culturais
Atividades econômicas
e organização social e política

A principal atividade econômica atualmen-


te é a agricultura familiar, a qual utiliza
A pesca é muito praticada pelas aldeias
ribeirinhas, principalmente para a prática de
As aldeias atualmente não possuem
uma forma típica, às vezes são redondas A s crenças Tenetehára, as quais são tradi-
cionalmente compartilhadas pelos povos
Tupí-Guaraní, distinguem-se em quatro cate-
mente, os Tenetehára, antes de adentrarem
a floresta para caçar, pediam permissão
ao Ka’a’izar e ao Miar’izar, para que não
cabeça roladora”, os Tenetehára pensaram
que a cabeça roladora, depois de desapa-
recer dentro do buraco onde havia caído,
como mão de obra essencialmente o núcleo subsistência. Nos últimos anos, foram cons- (aldeia ka’ate, TI Araribóia) ou compridas
familiar. Os Guajajára cultivam principalmen- truídos pequenos açudes e lagos artificiais (aldeia Juçaral, TI Araribóia). Elas se loca- gorias sobrenaturais. Estes seres possuem a se perdessem pelo caminho e para que havia se transformado em um Àzàg, o qual
te a mandioca (mandioca-brava), macaxei- em algumas aldeias com o intuito de permi- lizam normalmente à beira de rios, lagos designação genérica de Karuwara. tivessem uma boa caçada. Por exemplo, assustava os Tenetehára.
ra (mandioca-mansa), milho, arroz, feijão, tir a atividade de pesca. Na aldeia Juçaral e principalmente pequenas estradas. As no conto Àkàgwer “A cabeça roladora”, o
batata-doce, abóbora, melancia, feijão, fava, (TI Araribóia), por exemplo, construiu-se um aldeias geralmente são pequenas, entre 70 A primeira categoria sobrenatural com- Ka’a’izar matou todos os caçadores porque A quarta categoria, por fim, engloba
inhame, cará, gergelim e amendoim. Na esta- médio açude, cuja finalidade é a criação de a 300 indivíduos, e permanentes. Elas são preende os criadores do mundo. Os mais eles mataram muitas caças. os Tupiwara, os quais são os espíritos dos
ção seca, são realizadas queimadas, derruba- tilápia para fins de subsistência. formadas por uma ou várias famílias ligadas importantes são (i) o Maíra e (ii) os gême- animais da mata. Na festa do moqueado,
das e limpezas da terra de cultivo, e, durante Devido às novas limitações de terra, ao por relações de parentesco, sejam matrimo- os Maíra-ira e Mucura-ira. O Zurupari, um Eram tantas que estragaram. Outro por exemplo, deve-se apaziguar os espíritos
os demais períodos, são feitos os plantios e constante desmatamento, à forte invasão de niais ou rituais, entre as comunidades. espírito temido, é o causador de todo o mal. bom exemplo era o respeito que se tinha dos macacos, caititus, guaribas e porcos do
as capinas. Outra atividade é a lavoura para terras e às queimadas, houve, nos últimos O grupo familiar e as formas de casamento É ele quem criou as pragas, os insetos, as pelos rios, o qual era considerado um mato. Se as crianças pequenas comerem
a comercialização, cuja função é incrementar anos, um descrescimo significativo de caça não são rígidas, de forma que as relações cobras peçonhentas e as aranhas. local sagrado. Uma mulher mestruada, por essas caças, podem se sentir mal e adoecer.
a economia da comunidade. Esta atividade disponível. O resultado foi que esta ativi- são estabelecidas e reaproveitadas constan- exemplo, não podia se banhar no rio para Atualmente, essas crenças já não são tão
geralmente ocorre em projetos comunitários dade coletora se tornou uma prática muito temente. A família extensa, a qual consiste A segunda categoria se refere aos “do- que não provocasse a ira do Y’izar. mantidas por muitos Tenetehára por causa
preparados essencialmente para o plantio de pouco produtiva. Atualmente, essa prática de um grupo de núcleos familiares unidos nos”, a saber: (i) Ka’a’izar: o dono da mata, do grande contato com a cultura dos não
mandioca, feijão, milho e arroz. Vale ressaltar acontece mais significativamente nos dias geralmente por laços de parentesco, é o (II) Y’izar: o dono da água, (iii) Miar’izar: A terceira categoria compreende os indígenas e da forte presença missioná-
que a lavoura para comercialização não é tão de festas. Os Tenetehára tradicionalmente principal estrato das comunidades. o dono das caças e (iv) Wira’izar: o dono Àzàg, os quais são geralmente espíritos ria, que causa alterações indesejáveis às
frequente entre os Guajajára. caçavam mais de 50 espécies de animais, das árvores. Estes seres sobrenaturais são errantes dos mortos. Eles também são manifestações religiosas tradicionais dos
dentre elas, destacam-se o caititu, o veado, poderosos e, por isso, são temidos. Antiga- muito temidos. Na narrativa Àkwàgwer “A tentehára.
a guariba, a cutia, o jacamim, o jacú, a quei-
xada e muitas espécies de macacos e tatus.

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O tronco Tupí e a família Tupí-Guaraní
ORGANOGRAMA 1:
Famílias linguísticas do Tronco Tupí
A s línguas indígenas do Brasil, por apre-
sentarem semelhanças nas suas origens,
tornam-se parte de grupos linguísticos que
são denominados como famílias linguísticas.
Essas famílias, por sua vez, fazem parte de poruborá-
grupos maiores que são designados como
ramarama

O tronco Tupí e a família Tupí-Guaraní


troncos linguísticos.

No Brasil, os troncos mais conhecidos e mondé


com uma quantidade maior de línguas são o Ramo ocidental
Tupí e o Macro-Jê. Além desses dois troncos, tupari
há também mais 19 famílias que, por não Rodrigues (1986) afirma que a
possuírem taxas suficientes de semelhanças, língua Tenetehára (dialetos: Guajajára

proto-tupí
não são agrupadas em troncos. E, por fim, há arikém e Tembé) pertence à família Tupí-Gua-
também línguas isoladas, que por não terem raní. O Tenetehára apresenta muitas
uma quantidade satisfatória de similarida- semelhanças linguísticas com o Asu-
des entre si e com outras línguas indígenas juruna riní do Tocantins, o Avá-Canoeiro, o
brasileiras, não são agrupadas em famílias Parakanã, o Suruí do Tocantins e o
linguísticas. munduruku Tapirapé (Ramo IV).

O tronco Tupí subdivide-se nos ramos


ramo oriental O organograma 2, a seguir, foi
ocidental e oriental, que, por sua vez, subdi- mawé-aweti também formulado a partir de Ro-
videm-se em famílias linguísticas. O Organo- drigues (1986), Rodrigues & Cabral
grama 1, a seguir, foi formulado tendo por (2002) e Dietrich (2010) e tem por
base a proposta de Rodrigues (1986), Rodri- tupi-guarani objetivo fornecer a lista dos principais
izoceno
gues & Cabral (2002) e Dietrich (2010). sub-ramos.
Fonte: adaptado de Rodrigues (1986), Rodrigues & Cabral (2002) e Dietrich (2010) Fonte: adaptado de Rodrigues (1985; 1986), e Dietrich (2010)

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Fonologia e Ortografia Guajajára Fonemas consonantais e vocálicos

quadro 1: segmentos consonantais O fonema fricativo alveolar /s/ apresenta


três realizações [s] ~ [ts] ~ [t]. Os dois
primeiros, [s] ~ [ts], ocorrem em variação
Em distribuição complementar, temos o alofone
[], que só ocorre em adjacência a outra conso-
ante ou em fronteira de palavra. Em fronteira
O s quadros 1 e 2 a seguir trazem as ocor-
rências fonéticas dos segmentos conso-
nantais e vocálicos. Ao todo, verifica-se um
bilabial alveolar pós-alveolar velar lábio-velar glotal livre, conforme os exemplos abaixo:
[aesak] ~ [aetsak] ‘eu vi’
de palavra, temos:
[tpu] ‘casa’
oclusiva p t
d
kw
K
 [s] ~ [ts] ‘aqui’ [m] ‘cobra’
total de 28 segmentos, entre consoantes e
vogais. [wa] ‘lado’
fricativa s z  
h O alofone [t], por sua vez, tem realização so- Os exemplos a seguir mostram sua ocorrência

mente quando vem antes de vogal anterior alta em adjacência a outra consoante:
d [i] e, em alguns casos, antes da anterior média
africada fechada [e], conforme os exemplos abaixo: [tpu me] ‘na casa’
[umuhj pyrm] ‘aquilo que vai ser espalhado’
vibrante r
[utini] ‘ele(a) seca’ Os demais fonemas consonantais não apresen-
[ti] ‘branco’
w tam maiores restrições de ocorrências fonéticas.
n N [ruzuti] ‘nós o amarramos’
nasal m Estes são os seguintes:
 [timee] ‘nós olhamos’
[uɾ ujtʃ ej] ‘nós entramos’ /p/ oclusivo bilabial surdo
glide w /k/ oclusivo velar surdo
O som oclusivo alveolar /d/ apresenta cinco /kw/ oclusivo labiovelar surdo
// oclusivo glotal
alofones. Dentre eles, quatro se encontram em
variação livre, e um, em distribuição comple- /m/ nasal bilabial
quadro 2: segmentos vocálicos mentar. Em variação livre, temos [d] ~ [z] ~ [] /n/ nasal alveolar
~ [d], conforme os exemplos seguintes: // nasal velar
anterior central posterior /w/ nasal labiovelar
[aduka] ~ [azuka] ~ [aduka] ‘eu mato’ /w/ glide bilabial
alta i  u
[izupe] ~ [idupe] ‘para ele’ /h/ glide glotal fricativo
e  [marakada] ~ [marakaa] ‘gato do mato’
média o [kud] ~ [kuz] ‘mulher’ Dos nove segmentos fonéticos da tabela 2 acima,
 sete são fonemas vocálicos na língua, a saber: /i/,

baixa a //, /u/, /o/, //, /e/, /a/.

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Fonologia e Ortografia Guajajára

Quadro geral dos fonemas Ortografia usada nas narrativas

quadro 3: fonemas consonantais

E xcluindo os segmentos que ocorrem como


variantes de fonemas, chegamos ao se-
bilabial alveolar velar lábio-velar glotal C om base nos fonemas da língua, tem-se adotado
uma ortografia, cujo objetivo principal é facilitar
o trabalho de alfabetização realizado pelos profes-
guinte quadro geral dos fonemas da língua sores indígenas nas comunidades indígenas e o de
Guajajára. O quadro 3 ilustra o sistema fonê- oclusiva p 

t K
kw elaboração de textos da literatura oral. Os grafemas
mico consonantal e o quadro 4, o vocálico. utilizados são os seguintes:
Vê-se um total de 21 fonemas da língua, sen-
fricativa z h (i) consoantes: p, t, k, ’, m, n, g, gw, k, kw, z, x, h, r, w
do 14 fonemas consonantais e sete fonemas
vocálicos. (ii) vogais: a, e, i, o, u, y, à
vibrante r
Os grafemas que diferem dos símbolos fonológicos
usados nos quadros 3 e 4 acima são os seguin-
nasal m n  w w tes: (i) g e gw correspondem, respectivamente, ao
fonema velar // e ao labiovelar sonoro /w/; (ii) z
glide w é correspondente ao fonema oclusivo alveolar /z/
e todos os seus variantes fonéticos; (iii) x equivale
ao fonema fricativo alveolar /s/ e todos os seus
variantes; e, por fim, (iv) os grafemas vocálicos y e
à representam, respectivamente, o fonema vocálico
quadro 4: fonemas vocálicos central alto // e ao central médio //.

anterior central posterior


alta i  u

média e
 o


baixa a

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1. REGRA DA ALESSANDRA: O fonema /s/ é grafado pela letra x. Este
grafema possui, pelo menos, duas realizações fonéticas, a
saber: um som alveolar /s/ diante de /a, e, o, u/, uma africada
Ortografia e resumo alveopalatal /t/ diante do /i, e/ e //.
de algumas regras xapinaw: tesoura 2. Regra do Sebastião: O fonema /z/ muda para o glide /j/ em 3. Regra do edilson: Em alguns dialetos da região do Bacurizinho,
fonológicas propostas kuxà: forma carinhosa de se referir a uma adolescente; fronteira de palavra e diante de outra consoante. Todavia, o fonema /z/ varia como /s/, quando este fonema ocorre em
tuwixaw/tuwitaw/tuwihaw: chefe mantém-se /z/ quando este ocorre diante de outra vogal. início de palavra.
até o momento durante z j em fronteira de palavra e diante de outra consoante:
pixàna’i gatinho
o curso de formação xikwaw nós sabemos
línguística na terra ixi nariz do fulano moj# zukyr > sukyr ~ zukyr
Indígena Bacurizinho xiroahy muito engraçado, muito brincalhão, provocar, judiar moj kwer zuwàir > suwàir
xigwer bico do tucano mozuhu zuàir > suàir
xixi’u : muriçoca zu’í > su’i
xig branco tàpuj# zapukaz > sapukaz
xigahu pássaro que tem rabo bem grandão tàpuj kwer py zorozorok > py sorosorok pé rachado
0. ALFABETO GUAJAJARA uxi’u mordeu ele tàpuzuhu zapepo > sapepo
ximor: fumaça zurar > surar polícia
A, À, E, G, GW, H, I, K, KW, xiàro [terra indígena bacurizinho] ~ xioro [variação dialetal aldeia mangueira] zanu > sanu aranha
’, M, N, O, P, R, T, U, X, W, Y, Z pitxán: gato tàmuj# zawxi pekwer > sawxi pekwer outro nome para polícia
erexe você entra tàmuj pihun zuwiri > suwiri sereno
uxe ele entra tàmuzuhu zoromoapyw > soromoapyw melância
= ’ Chama-se na língua de ka’i ruwaz xe::::
xepe ~ xape
Exclamação!!!
deixa pra lá, não importa!!!
tàmuza’i zoromopyw melância [variação livre nas aldeias]
zoromokawok > soromokawok [arariboia]
mixumixu sanguessuga zoromokaok > soromokaok > [bacurizinho]
xa sal tapoj # surumukaok [Cana Brava]
xehar aquele ou aquilo que é daqui heropoj#
xu espinho tapoj pyahu zuraw > suraw jiral
xe aqui tapoj ràm zape’ok: sape’ok → descarregar
xehar wà aqueles que são daqui tapoj izukwer zutywar → sutywar
xeàràmo que vai ficar aqui tapozuhu zozok: soluço, arrotar não há variação
oxoxok ele pila tapozete mozozokar: fazer / causar o soluço, arrotar → não há variação
moxoxok carrapicho tapodiaikwer – “regra do kali”
paxok paçoca
xo a’e só ele hesaj#
oxororom lugar em que a água não acaba nunca = cachoeira hesazuhu
uxorok rachar
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4. Regra do kali: O som /z/ se realiza como [d] diante de todas 4.4. Diante de /u/
as vogais, na Terra Bacurizinho, conforme exemplos a seguir: 4.6. Diante de /i/
izupe ~ idupe ~ idupe
zezu ~ zuzu ~ [dudu] izikahy ~ idikahy
4.1. Diante de /a/ 4.2. Diante de // zurumu ~ xurumu [terra Cana brava] ~ zoromo [na fala de arariboia e bacuriz- izi’itahy ~ idi’itahy
nho, Pindaré e Morro Branco]: abóbora ezimumik pa/ty/ma/kyn ~ edimumik pa [estar triste]
d(e)ap ‘transformar, fazer algo , algo que se transforma d’k ~ z’k: ‘despregar, arrancar, colher’ duruwewez: lavar a boca [fala de bacurizinho] izikahy ~ idikahy
zapo ~ dap ‘fazer’ dmog: ‘colado’ zuruhehez: lavar a boca [fala de ararimoz] izi’itahy ~ idi’itahy
dazuwr ~ zazuwr ‘maduro’ dommr ~ zomomor: ‘pular, se jogar’ ezimumik pa/ty/ma/kyn ~ edimumik pa [estar triste]
api’adk: ‘capar, castrar’ ereduka
dapw ~ zapw: zapew ‘baixo’ d’~ z’: ‘represar algo, obstruir algo’ zezu ~ zuzu ~ dudu peixe da família da [= tari’yr] Ocorrências diatopicamente determinada:
d’~ zai’ ‘chorar’ zuri > duri: vem [adiwyr]: aldeia bacurizinho
dapewa’i ~ iapewa’i zapewa’i baixinho madu’a ~ mazo’a ~ mad’a: ‘mamona’ [forma de Grajaú] zu’i > du’i sapinho [azewyr]: aldeia hamy’yete
màkàzàn: ‘mamona’ [forma de Ararimoz] zuru > duru boca [azuwyr]: ocorre nas aldeias que se situam na beira da rodovia
dapkwr ~ zapkwr: zapekwer ‘casca’ di’k~ zi’: ‘desgrudar, soltar, desatar’ mozuhu > moduhu [aiwyr]: Pindaré
dapakwar ‘algo (pode ser a cobra) que está enrolada’ uzuka > uduka [adiwyr]: Tembé
dapiakwar ‘ouvido’ 4.3. Diante de /à/ akazu > akadu
edar ~ ezar ‘deixar’ idàkàg ~ ijàkàg zuzu > dudu grude ziazuahy ~ diazuahy
idar ~ izar ‘dono’ dàwàwàn ~ zàwàwàn: ‘se embrulhar em algo’. uzuk > uduk velho
udàn ‘correr’ dàkym ~ jàkym : ‘molhado’ 4.7. Diante de /e/
kàdà’ ‘mulher’ dàkwen ~ dàkwen: ‘algo rápido’ zekaipo ~dikaipo ~dekaipo
idaw ‘algo que cabe, serve’ dànàg ~ jànàg: ‘algo volumoso’ 4.5. Diante de /y/ zemu’e ~ dimu’e ~demu’e
hmidaz’ ‘pessoa que ri direto’ [região de grajaú] idànàm ~ jànàm: ‘parente dele’ Itazy > itady zemu’e (fala da região do bacurinho) ~ zemu’ (fala da região do arariboia)
hminaz’ ‘pessoa que ri direto’ [região de ararimoz] izànàm - idjànàm ukazym > ukadym falecer, desaparecer pezepyaka ~ pedepyaka : escute
zàpin ~ dàpin: ‘raspar cabeça’ itazyr > itadyr filha dele ezemumyk pa/ty/ma/kyn ~ edemumyk pa [fechar alguma coisa]
dàrukàg ~ jàrukàg: ‘costela’ zywyr > dywyr retornar ou beirada
udàmi: ‘espremer-se’ tazy machado
dàyw ‘desmantelado’ [itady]: é mais falado na terra bacurizinho, morro branco, barra do corda,
dà ’yw ‘pé de algo’ jenipapo.
izywyr ~ idywyr

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5. Regra do Ivan: O segmento /k/ do sufixo {-katu} realiza-se
como {-gatu} sempre que ocorrer após a consoante oclusiva
velar vozeada [g] e após o glide [y]. Em outros contextos,
mantém-se a forma {-katu}.
pytàg katu > pytàgatu ‘quase maduro, bem vermelho’
piràg katu > piràgatu
herupehyz+ katu > herupehyzgatu

hetekatu ‘coisa muito gostosa’


hemai’uhezkatu
ma’ekatu
upyhy katu

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22 23
Tentehar wyrahu imemyr kury
inácio soares guajajara

xe ra’e ‘y, i’i izupe. Nememyr iputar haw pe taiho izupe. Wezyw tywyr wà wyràhu’i kar wyràhu’i pe ri’i ‘y, i’i izupe. Ta’e rakwez
T yky’yr uzemi’i kar ma’e romo hekon.
Tywyr wàpuz me hekon a’e no. Tyky’yr
ka’a rupi hekon zemi’i kar mà kury.
ywate a’e. Tywyr upyta iwy pe. Uwyky’yr
hemiriko pyr. Tyky’yr hemiriko uze’eg izu-
pe: erur nekyw xe rihi ‘y, i’i izupe. Weraha
azur kwez xe, i’i izupe. Azeharomo’ete aipo
ma xe ipyr ‘y, i’i izupe. Emono hemi’u, ezuwà
romo a’e. A’e ’ar mehe uzegar tyky’yr iko
a’e. Pytun katu umumaw uzegar pà a’e.
hemu’em wà ihewe a’e ri’i ‘y. Uzewyr rakwez
herywyr wà a’e ri’i, i’i mua’u ihewe. Aruzar
izupe ‘y, i’i izupe. Omono miar ho’okwer Ukeuker ku’egwer pe. Uhem ihy katu pe. rakwez ize’eg ihe ri’i no. Hamete aipo ‘y a’e
Amo’ar mehe, wexak wyrahu a’yr zuta’yw izupe kury. Uker a’e Tyky’yr ume’e ywate imemyr pe. Te uhu wà kury. Wyrahu uza- Wexak wyràhu’i iapyk awer pe. Uze’eg izupe ihe. A’e rupi azur kwez xe newe zexak
hàkà rehe a’e. Waity pupe hin mehe. wi zuta’yw wi hehe. Eme’e ty, i’i tyky’yr po kar umemyr zàwe katete. Te uhu wà, umemyr pe. Wyràhu’i wapyk wà xe a’e, kar pà ihe kury. Aruzar neze’eg aipo ihe. Ta’e
Uzewyr wekohaw pe wàpuz me. Umu- izupe kury. Ezàpixipixi zuwà ne rihi no, i’i hawitu paw rupi katete wà kury. Te hawer i’i ihy izupe. Ema’e zo izupe nehe, i’i urexak kwez ihe kury ‘y, i’i ihy izupe. Aiko tuwe
me’u wyrahu a’yr hexak awer uwywyr pe tyky’yr izupe. Wezyw tyky’yr wà zuta’yw paw rupi wà kury no. Ipepopepo wà. Amo uhy pe. Tahan heru’yw ipiaromo rihi, i’i tuweharupi ihe. Nereraha putar urepyr nehe
kury. Tywyr uze’eg izupe: zaha ipiaromo wi. Uzeupir tywyr oho zuta’yw rupi. ’ar mehe pezeagaw nehe kury i’i ywyrahu uhy pe. Werur u’yw kury. Omomor u’yw kury. Weraha uhy uzepyr a’e pe wanekon wà
nehe ty, i’i wyky’yr pe. Uwazar tyky’yr Wezyw mehe tyky’yr omonohonohok wanupe. Uwewe oho wà. U’ar tàri oho wà. imono wyràhu’i rehe. Uzawy mokoz haw kury. Uzegar waiko tuweharupi wà:
ize’eg izupe: zaha nehe ty, pyhewe zaha ywypo ywyra’i izàpixipixi awer izuwi Na’ikàg katu kwaw wazywa wanupe rihi. na’iruz haw rehe. Wyràhu’i upynykwaw
nehe, i’i izupe. Oho ku’egwer pe wà kury. kury. Ume’e tywyr wakykwer rupi ywy wyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm
Uzewyr waity pupe wà. Umumaw wer pitài u’yw wà, upyhyk iàkàg rehe. Upepepe-
Uhem oho a’e pe wà. Zuta’yw py pe kutyr kury. Wexak ywypo imonohonohok zahy wà rihi, waity pupe wà. Zahy imumaw pek upir heraha ywate kury. Te wenuhem
wà. Xe ty, aw zuta’yw rehe ty, i’i izupe. mehe a’e. Uzai’o tywyr a’e kury. Uzeupir ahe he he he
ire, uhem wi oho waity wi wà no, Nuzewyr heraha ywate waiho hàpuz me. A’e
Wyràhu imemyr waity pupe hin xe ty. wi oho wyrahu a’yr tupaw pe. Uzeàmim kwaw zuwà wà kury. Ta’e ikàg, upuner pe u’u kar paw ho’okwer paw waiho
A’e mehe, ximonohonohok ywyra’i nehe oho wyrahu haity iwy pe wyrahu ihy uwyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm
tue a’e wà kury xe. Upuner miar zukahaw wanupe. Ikagwekagwer weityk muwà
kury. Ximonohok ywypo nehe no. Ne- wi ukyze pà. Ta’e ywyrahu uzemi’i kar rehe wà kury. Oho waiko ka’a rupi wà kury. taw myte pe. Wexak ihy ikagwekagwer.
zewe mehe zo xe xipytakwar zane nehe. oho a’e xe. Uma’ezuka a’e. Ka’i uzuka uhapukaz terez nà,
Tuweharupi oho waiko nezewe wà. Amo ’ar Heityk awer pe. A’e re, wezyw tywyr wà
He’e ximonohok ty, i’i tywyr izupe. Upaw umemyr pe herur pà. Ume’e wexak tur mehe, ima’enukwaw wyky’yr hemiapo kwer a’e pe uhy ipiaromo. Ume’e ihy hehe
omonohonohok wà. uzeupir Uzizàpixipixi mehe. Ukyze katu izuwi a’e. Wyrahu ur ahe he he he (2x)
rehe . Uzeupe, uzai’o tuwe a’e. Ta’e hahy uzàzuan agaw zepe a’e. Nan, i’i izupe.
pà wà kury. Tyky’yr ràgàpy uzàpixipixi oho hake. Uze’eg izupe: ma’e erexak zuwà katu tuwe tyky’yr hemiapo kwer izupe a’e Ta’e azur kwez nepiaromo xe. Ihy uze’eg uhapukaz terez nà
xe. Ne erekwaw neremiapo ràm izupe ne, i’i izupe: nezewe rakwez neràky’yr uzezuka
ahe he he he (3x)

24 25
Tenetehára e a filha da Gaviâo
inácio soares guajajara

Logo, a gavioa veio perto dele. Então, chorou. Doeu muito aquilo que o irmão tava jogado. Depois disso, o irmão mais
O irmão mais velho vivia como caçador,
enquanto o irmão mais novo vivia em
casa. Certo dia, o mais velho, que vivia na
mulher de seu irmão. Ela disse para o
irmão mais novo: traga sua cabeça aqui
para que eu cate piolho. Então ele foi até
ela disse: o que você veio fazer aqui?
Eu vim aqui para pegar seu filhote, mas
dele havia feito. Voce é quem sabe o que
fazer para ele, disse sua sogra, a gavioa.
novo desceu rapidamente para a mãe.
Sua mãe olhou para ele e iria abraçá-lo.
mata para caçar, viu um filhote de gavião meu irmão me deixou aqui, disse para Então, ele desceu como um gaviãozinho Não, disse para ela. Eu vim te buscar.
ela. Quando ele dormiu no colo dela, seu
na galha do pé de Jatobá. O filhote estava ela. Então venha aqui para ficar perto do pequeno. Nesse dia, o irmão mais ve- A mãe disse para ele: seu irmão fez um
irmão mais velho olhou do alto do pé do
sozinho no ninho. O irmão mais velho meu filhote, disse para ele. Dê comida e lho cantava. Passou a noite cantando. gaviãozinho matá-lo, porque ele veio
Jatobá para eles. Acorda rapaz, disse o
voltou para a morada, para a sua casa. venha ficar com ela, disse para ele. Ele Por isso, ficou cochilando no outro dia. mentir para mim. Ele tinha dito que você
mais velho para ele. Venha terminar de
Ele contou para o irmão mais novo que deu carne do macaco para o filhote dela Quando a mãe desses dois irmãos saiu tinha voltado. Eu acreditei na fala dele.
amarrar, disse o irmão mais velho. Assim,
viu um filhote de gavião. O irmão mais até o gaviãozinho ficar grande. Depois para fora, ela viu o gaviãozinho que Por isso, você veio aqui aparecer para
o irmão mais velho foi descendo do pé
novo respondeu para ele: vamos buscá disso, a gavioa mandou ele fazer igualzi- estava assentado na galha da árvore. mim. Eu acredito na sua palavra, porque
de Jatobá, enquanto o irmão mais novo
-lo? O irmão mais velho respondeu falan- nho a seu filhote até que ficasse gran- Então ela falou para o seu filho mais vi você, disse a mãe. Eu vivo sempre,
ia subindo no pé de jatobá. Quando o
do para ele: vamos, amanhã nós vamos. de e terminasse de crescer pelugem e velho: o gaviãozinho assentou ali. Não disse ele. Eu vou te levar conosco para o
irmão mais velho passou o irmão mais
Pela manhã, eles foram e logo chegaram muitas penas. Então, o irmão mais novo espante ele, disse para a mãe. Deixe-me céu. Assim, ele levou sua mãe consigo.
novo, ele começou a cortar o cipó que
debaixo do pé do Jatobá. Aqui, rapaz, nes- criou asas para voar. Um dia, vocês terão buscar as minhas flechas, disse para a Lá eles estão morando agora. E todos os
segurava as varas. Quando o irmão mais
te pé de Jatobá, disse para o irmão mais que voar, disse a gavião para eles. Então, sua mãe. Quando ele trouxe as flechas, dias eles cantam:
novo olhou para baixo, em direção ao
novo. O filhote da gavioa está aqui dentro eles foram voar. Só que quase que eles jogou-a no gaviãozinho. Ele errou duas
chão, e viu que ele ia cortando o cipó,
do ninho. Vamos cortar umas varas e uns caem, porque não tiveram forças nas vezes e três vezes. Quando jogou outra wyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm,
chorou. Então, ele continuou subindo
cipós. Assim, nós vamos amarrar as varas asas ainda. Assim, eles voltaram rapida- flecha, o gaviãozinho voou passando
até chegar ao lugar do ninho da ga-
com os cipós até chegar lá no ninho. Sim, mente para o ninho. Eles passaram ainda pela flecha. Então, o gaviãozinho pegou uwyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm ahe
vioa. Quando chegou lá em cima, ele se
vamos cortar, disse o irmão mais novo. um mês no ninho. Depois disso, eles o irmão mais velho pela cabeça. Ele
escondeu debaixo do ninho, com medo
Quando terminaram de cortar, eles come- sairam outra vez. Só que não voltaram bateu as asas e arribou-o para o alto. he he he (2x)
da mãe do gaviãozinho, que estava
çaram a amarrar as varas com o cipó. O mais, porque tinham força agora. Como Até que chegou com ele no céu, na casa
chegando, porque ela tinha ido caçar. A
irmão mais velho foi o primeiro a amarrar eles mesmos podiam matar e caçar, eles da sogra. Lá, ele deu seu irmão para sua uhapukaz terez nà, uhapukaz terez nà ahe
gavioa tinha matado um macaco para
até lá em cima. Enquanto isso, o irmão foram pela mata. Eles sempre foram sogra e seus familiares comê-lo. Depois,
seu filhote. Ele olhou e viu quando ela
mais novo ficou embaixo, vendo junto da assim. Um dia, ele se lembrou do que o eles jogaram os ossos no meio da aldeia. he he he (3x)
veio. Então ficou com muito medo dela.
irmao mais velho havia feito e então ele Sua mãe viu os seus ossos lá onde es-

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Amume’u putar zawaruhu rehe ma’e mume’u haw ihe kury Eu vou contar a estória a respeito da onça
Milton Bento de Souza Guajajara Milton Bento de Souza Guajajara

N ezewe zekaipo iko, ima’e ahy uwa’u


zekaipo zawaruhu a’e. Wixez oho
ywykwar pupe. Uzurupeka pà. Na’e
wa’un a’e wà no. Na’e zekaipo omono
kar uze’eg awara pe kury. Na’e zekaipo
awara oho hexak pà a’e no. Uhem oho
É assim que (a onça) vivia. Certo dia, ela
fingiu adoecer e, por isso, entrou num
buraco. Então ela mandou um convite
disse a onça, dentro buraco, para eles.
As caças entraram. Elas caíram na boca
da onça. Ela comeu todas as caças. Em
zekaipo omono kar uze’eg miar wanu- a’e pe a’e . Ume’egatu zekaipo awara para as outras caças: “Eu sou amigo de outra oportunidade, a onça mandou um
pe. “Pemyrypar romo aiko ihe. A’e rupi amogwer wapypor rehe, wexak xo wa- vocês. Por isso eu vos envio um convite”, convite para a raposa. A raposa então
heze’eg amono kar pe me”. I’i zekaipo neixez awer zo. Nuexak kwaw wazewyr a onça então disse para as outras caças também foi visitá-la. Ela, a raposa,
miar wanupe, ta’e amàno etea’i ihe xe. I’i awer. Kwa, màràzàwe tuwe aipo pa. I’i que ela estava morrendo. Mas esta era chegou lá também. A raposa olhou para
mu’a’u zekaipo wanupe. Zaha hexak pà zekaipo awara uzeupe zo. “Waneixez uma estratégia de esperteza que a onça o rastro das outras caças, só viu o rastro
nehe ty wà. I’i zekaipo miar upaw rupi awer wapypor zo heta. “Wazewir awer usou, de modo que ela estava na verdade da ida delas. E não viu o rastro da volta.
uzeupeupe wà no. Zawaruhu zekaipo naheta kwaw wapypor”. I’i zekaipo fingindo para atrair as outras caças até “Kwa, O que será que aconteceu?” Fa-
wàro in a’e wà. Ywykwar pupe uzuru- awara uzeupe. “Kwa, naheranaiwete o buraco onde ela estava. “Ora, então, lou a raposa consigo mesma. “Só tem o
peka pà a’e no. Na’e zekaipo hexakar pixik kwaw ihe”. “Naixez pixik kwaw vamos vê-la”. Disseram todos os ani- rastro da entrada”. “Não tem o rastro da
zawaruhu oho wà. Uhem ywykwar huake aha ihe”. I’i zekaipo zawaruhu pe. “Eixez mais uns para os outros. A onça estava volta”. Disse a raposa consigo mesma.
wà kury. “Zanekaruk ty”. I’i zekaipo izupe kutu ty”. “Nan aha putar ihe i’i izupe”. só esperando os animais no buraco com “Kwa, não sou besta, nem um pouqui-
wà. “Zanekaruk aipo, i’i zekaipo zawa- Oho zekaipo awara izuwi. “Okwa okwa a boca aberta. Então os seus visitantes nho”. “Eu não vou entrar aí”. Ela falou
ruhu wanupe a’e no”. “Peixez ty wà”. okwa”, i’i zekaipo zawaruhu. Te umàno chegaram lá perto do buraco. “Boa tarde, para a raposa. “Entre amigo”. “Não,
I’i mua’u zekaipo wanupe. Na’e wixez kury. Ta’e uzeputupyk awara iho awer amigo”. A onça disse para eles. “Boa tar- eu vou embora”, disse para ela. Ela, a
oho ywykwar pupe a’e wà no. Upaw rehe a’e xe. Upaw kury. Nezewe zekaipo de”, respondeu a onça para eles. “Entrem raposa, foi embora. “E agora, e agora, e
waxe izuru pupe wà. Upaw wa’un wà no. a’e mehe. amigos”. Disse, disfarçando para eles. agora?” Disse a onça até morrer. Então
Tuweharupi zekaipo uzapo nezewe miar Então eles entraram no buraco. E todos ela ficou muito atribulada, porque a
wanupe. Amo ’ar rehe zekaipo omono kar caíram na boca dela. Então todos foram raposa foi embora. Então acabou. Dizem
wi, uze’eg miar wanupe no. Oho hexak pà comidos. A onça sempre fazia isso com que foi assim: a raposa foi mais esperta
wà no. Peixez ty wà, i’i zekaipo zawaruhu as caças. Noutro dia, ela enviou o mes- que os outros animais.
in ywykwar pupe wanupe. Wixez miar oho mo convite para outros animais. Elas, as
a’e wà no. Wixez izuru pe a’e wà. Upaw caças, foram lá vê-la. “Entrem amigos”,

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Pytun hyru ika awer ku’em heta wàm kury criação da noite
Raimundo Alves de Lima Guajajara Raimundo Alves de Lima Guajajara

I zypy mehe nahetakwaw pytun a’e. Xo ’ar


zo heta. Teko uker ‘ar romo wà. Na’ikatu
kwaw zanekerhaw ’ar romo, i’i uzeupe
kury, i’i izupe wà. Uhem taw pe wà. A’e
‘ar mehe pytun upyk paw rupi kury. Wiko
pytun haw pe wà kury. Uker zekwehe
N o início, não existia a noite. Só havia
o dia. As pessoas dormiam durante o
dia. Não é bom nós dormirmos durante
correr porque eu vou quebrar o pote da
noite, disse um dos Maíras para eles.
Então o Maíra quebrou o pote da noite
com os outros. As pessoas falaram para
muitos animais: Vocês podem adivinhar
para nós se vai clarear o dia? As pessoas
wà. Amo teko ima’enukwaw Mair a’yr wa pyhaw wà, ume’e wi wà, uker wi wà o dia, disseram as pessoas. Alguém se e eles correram. Então os Maíras viram perguntaram para os animais. Todos os
nehe a’e. A’e zo ukwaw katu ma’e a’e wà, no. Naikatu kwaw zaneker haw pa, i’i lembrou dos filhos de Maíra. Alguém se o menino teimoso. Dizem que eles, os animais da cada espécie se apresenta-
i’i wanupe wà. Na’e wenoz wamuwà kury. uzeupeupe wà. Ta’e zaha pyhaw ko pe lembrou de que havia pessoas sábias que Maíras, disseram para o menino teimo- ram cantando. Mesmo assim não clareou
Uhem zuwà wà. A’e re upuranu wa nehe zane xe, i’i uzeupeupe wà. Xikar zane- poderiam resolver o problema. Só eles, so. Você ainda está por aqui? Disseram o dia para eles. Por que realmente o dia
wà. Ma’e peputar ure wi? i’i wanupe remi’uràm pyhaw no. i’i uzeupeupe wà. os Maíras, sabem bem as coisas, eles os Maíras para o teimoso. Vai embora, não clareou? Eles disseram entre si. Eles
wà. Na’ikatu kwaw urekerhaw ‘ar romo, Uze’eg miar tetea’u wanupe wà. Aipo disseram uns aos outros. Então pediram nós já dissemos isso para você, rapaz. se lembraram que tinha ainda outros
i’i wanupe wà. Urukwaw ywy ’y’a pytun pekwaw zekwawàm imume’u haw ure para trazê-los, os Maíras. Eles, os Maí- Disseram os Maíras para o teimoso. Eles animais. Esses animais eram os lambus
hyru ure. Aze peputar, uruzuka peme we pe, upuranu miar wanehe wà. Paw ras, chegaram. Depois disso, os Maíras foram deixando para trás o teimoso. Ele do pé roxo. Dizem que eles, o povo todo,
nehe. He’e, i’i izupe wà. Weraha kàpitàw rupi miar uzegar wexakar wà. Nezewe perguntaram para o povo. Digam o que correu, porém cansou e a noite chegou e pediram alguém para trazê-los. Quando
uzeupi wà. Mair ipureraha wer xo pitài rehe we na’izekwa kwaw wanupe. Màrà- vocês desejam de nós, os Maíras disseram pegou ele. Fique aí agora para ser aquele os lambus chegaram, eles falaram para
teko rehe a’e. Heta amo kwaharer uzauzar zàwe tuen aipo pa nuzekwa kwaw, i’i para o povo. Não é bom nós dormirmos que alegra a tarde, disseram os Maíras os lambus. Será que vocês podem fazer
ahy ma’e a’e. Wexak kar ywy’y’a henaw uzeupeupe wà. Na’e ima’enukwaw wà, durante o dia, eles disseram para os Ma- para ele. Os Maíras e o cacique chega- um cântico para nós também? Os lam-
wakàpitàw pe wà. Ipupe heta miar pyhaw heta we amo miar wà. Akwez miar wà íras. Nós sabemos de um pote da noite. ram à aldeia. Naquele mesmo instante, bus concordaram com eles. Os lambus
har wà. Mair uze’eg kàpitàw pe wà. tururiete a’e wà. Amo teko zekwehe we- Se vocês quiserem, nós iremos quebrá-lo a noite cobriu tudo então. Agora todos cantaram dizendo, nós estamos trazendo
Zazàn kury, ta’e azuka putar pytun hyru noz wamuwà wà. Wahem mehe uze’eg para vocês. Sim! Disseram para os Maíras. eles estão na noite. Dizem que todos o dia, disseram cantando. Então clareou
kury xe. Na’e Mair uzuka pytun hyru, uzàn wanupe wà. Aipo pepuner pe zegar haw Os Maíras levaram o cacique com eles. Os eles dormiam à noite, acordavam e dor- o dia para eles. Agora e para sempre o
wà kury. Mair wexak uzauzar ahy ma’e ure we pe rihi no. Tururiete oho wa àkàg Maíras queriam levar apenas uma pessoa. miam várias vezes. Não é boa a nossa povo tem o dia e a noite. Aqui termina o
wà. I’i zekaipo izupe wà. Aipo ereiko tuwe rupi wà. I’i uzegar pà wà, aiko urerur Teve um menino teimoso e curioso que dormida, sempre de noite, eles disseram conto de Maíra.
ko rupi rihi ty, i’i izupe wà. Eho nehe uru’e i’i uzegar pà wà. Na’e uzekwa wanupe foi junto. Os Maíras mostraram para o entre si. Porque vamos à noite à roça
kwez newe ty, i’i izupe wà. Wityk oho wà. kury. Te kutàri heta ’ar, heta pytun kury. cacique do povo onde fica o pote. Dentro reclamando, eles disseram uns com os
Uzàn zepe a’e, ikene’o, uhem, pytun kury. Xe upaw Mair mume’u haw. do pote, havia muitos animais da noite. outros. Nós caçamos a nossa comida
Epyta pepe kury karuk muàruàn har romo Os Maíras falaram para o cacique. Vamos à noite reclamando, eles disseram uns

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Ka’a rehe ma’e imume’uhaw história sobre a mata
Jesuito Guajajara Jesuito Guajajara

K wehe mehe Ararimoz ka’a rehe ika-


tuahy a’e. A’e rupi heta tetea’u ma’e
iputar pyr kakwez ka’a pe a’e no. Ywyra
ty wà, i’i karaiw tentehar wanupe no.
Amekuzar katu peme nehe, i’i mua’u
wanupe. Weruzar tentehar ize’eg a’e wà
pe no. Upyhyk mukuz umemyra’i. Omono
ipewok kupe pe a’e wà. Uzuka zàwàruhu
wahy wanuwi kury. Heta we amo imu-
A ntigamente, a terra Araribóia era boa.
Por isto, havia muita coisa que era
desejada na mata. A árvore tinha mui-
vendem óleo de copaíba para mim? O
branco disse para os Tenetehára: vou
pagar caro para vocês, disse mentindo
esposas também foram, porque elas
estavam felizes ao verem o metro/corte
de pano. Por isto, elas foram para o mato
kakwez heta tetea’u i’a kwer a’e no. Heta no. Umugaz ywyra kupa ’yw her ma’e me’uhaw wà no. Amo kuzà waza uker ta semente na época. Era muito bonito para eles. O Tenetehára acreditou na com seus maridos. Outro homem deixou
tetea’u ikatuahy kakwez ywyra iwyr romo a’e wà kury. Ityhukatu kupa ’yw wanupe. pà amo wamyter romo no. Kyhaw pupe. debaixo da árvore também. Havia muitas fala dos homens brancos. Então eles tomar a própria mulher pela onça. Até
no. Miar kakwez heta tetea’u a’e mehe Werur karaiw pe wà kury. Pemono’og Zàwàruhu oho a’e pe hexak pà. Uxi’u caças nesta época. Porque havia muitos cortaram madeira cujo nome é pé de outra mulher de novo a onça chegou
a’e wà no. Ta’e heta tetea’u wanemi’u tetea’u rihi, i’i karaiw wanupe no. Oho henugupy rehe. Uhaw hetymà izuwi a’e. alimentos para as caças nesta época. copaíba. A copaíba deu/tem muito óleo até ela. Pegou dois filhos pequenos e
wanupe a’e ’ar mehe a’e xe. Nahehaite wi tentehar ka’a rupi kupa ’yw imu- Nanykwaw nezewe zo. Heta we imu- As caças eram mansas, não eram bravas para eles. O Tenetehára trouxe o óleo colocou as crianças em cima da casinha.
kwaw kwakez miar a’e ’ar mehe a’e wà . gaz pà wà no. Werur wi izupe a’e wà . me’uhaw nehe. nesta época. Por isto, havia muita caça. de copaíba para o homem branco. Você A onça matou a mãe das crianças. Tem
Ta’e heta tetea’u miar a’e wà xe. Tentehar Hurywete karaiw kupa ’yw tykwer hexak E havia muitos índios Tenetehára tam- ajunta muito, disse o branco para eles. O mais estórias para contar. Outra moça
a’e wà no. Uzekaiw katu ka’a rehe a’e ’ar pà a’e kury. Uze’eg tentehar wanupe bém. Eles cuidavam muito bem da mata. índio Tenetehára foi novamente para a estava dormindo no meio dos outros.
mehe a’e wà no. Nuwapy kar kwaw ka’a kury. Tame’eg heraha heànàm wanupe Não deixavam queimar a mata também. mata para tirar o óleo de copaíba. Trouxe Dentro da rede, a onça grande foi lá para
wà . Aze uzatapy tata ka’a pe wà, upeir rihi, i’i wanupe kury. Ume’eg heraha Quando vai acender fogo na mata, eles novamente o óleo de copaíba para os vê-la (a moça). A onça mordeu na coxa.
a’e pe wà no. Izatapy àwàm wà . Aze oho uwànàm wanupe kury. Uzewyr tentehar limpam o lugar antes. Eles têm de limpar brancos. Ele se alegrou muito quando viu A onça quebrou a perna dela. Não é só
a’e wi wà no, umuew tata wà kury. Oho wanupe no. Pixika’i hekuzar rupi ame’eg o futuro lugar que acende o fogo. Quando o óleo de copaíba. O branco falou para assim. Há mais estória. Tem mais estórias
a’e wi wà Nezewe tentehar uzekaiw katu kwez pa, i’i mua’u wanupe. Werur pità’i eles vão embora do lugar, eles apagam o os Tenetehára: deixa-me vender e levar para contar.
ka’a rehe a’e ’a mehe wà rihi. Nuwapy pàm i’aikwer wanàwanàn katu wanupe fogo. É assim que os Tenetehára cuidavam para meus parentes, disse para eles. Ele
kar kwaw ka’a a’e wà . Na’e kakwez no. Hurywete wi tentehar wà no. Uzemo- da mata. Eles não deixavam queimar as foi vender para seus parentes. Ele voltou
oho amo karaiw iko tentehar wapyr a’e no’og pà wà kury. Oho tentehar tetea’u matas nesta época. O branco está vindo aos Tenetehára e disse: eu vendi por um
kury. Uzemyrypar oho iko tenteharer kupa ’yw imugaz pà ka’a rupi wà kury. em direção aos Tenetehára. E o amigo preço pequeno, mentiu para os Tene-
wanehe a’e .Wexak ma’e hekuzar katu Wanemireko wà no. Ta’e hurywete pàm deles estava vindo para eles. Eles viram tehára. Trouxe um corte de pano para
ma’e Ararimoz ka’a rehe a’e . Uzewyr oho ia’ikwer hexak pà wà xe. A’e rupi oho muita coisa cara na terra Araribóia. Eles cada um dos índios. Os Tenetehára fica-
wànàm wa nekohaw pe, upyrog wi oho ka’a rupi wanupi wà. Amo awa a’e upyro voltaram na cidade dos parentes de- ram felizes de novo. Então fizeram um
uzewyr pà tentehar wapyr no. Uze’eg wi kar wemireko zàwàruhu pe a’e. Amo les. Voltou de novo para os Tenetehára. multiram e foram cortar pé de copaíba
wanupe no. Peme’eg ywyra tykwer ihewe kuzà a’e pe no. Uhem zàwàruhu wà izu- Falou de novo para os Tenetehára: vocês para o homem branco. Para a mata, suas

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Oho zu’i apitaw ipynikaw pe
Joana Guajajara Alves
Milton Bento de Sousa Guajajara Agustinho Guajajara O Sapo foi na festa com o urubu lá no céu.
Maria José Alves da Silva Guajajara
Inara Silva Guajajara
Vanuíra Rodrigues Guajajara

A mo ’ar mehe zekaipo apitaw ipuru-


zapower mynykaw rehe miar uwewe
ma’e wanupe ywate a’e. Wezyw zekwehe
pupe rakwez azur ihe ri’i ty, i’i zu’i izupe.
Aze mo akwaw nezurhaw hewioràw
pupe ri’i ty. Nureruriwer mo ihe ra’a.
C erto dia, o urubu programou uma festa
para os pássaros que voam lá no céu.
O urubu desceu na terra. Então foi com-
festa lá no céu. Daí o sapo se entristeceu
e ficou pensativo. Como eu voltarei?
Então o sapo estava chorando. Outro
ywy rehe a’e. Ta’e ma’e i’upyràm ume’e Na’e zekaipo apitaw uzewyr oho izuwi prar alimento primeiro, como café, açúcar amigo chegou. Como você está? Disse
kar oho rihi. ’y pihun, ’y muhez haw, a’e kury. A’e mehe Zu’i uzemumykahy a’e e fumo de cigarro. Enquanto ele estava para ele, perguntando . Então o sapo
petym piar kury. Ywy pe hekon mehe kury. Uzepy’amugeta a’e kury. Màràzewe na terra, ele convidou todos os pássaros disse para ele. Porque meus amigos me
we. Umumuranu umurypar miar uwewe azewyr putar aha ihe kury pa? Na’e que voam para a festa lá no céu. Em certa deixaram aqui. Como vou fazer agora?
ma’e paw rupi a’e wà. Uzeàwàxi zekaipo zekaipo zu’i uzai’o win a’e kury. Uhem altura, o urubu se encontrou com sapo. Kwa!!! Num sei!! Porque eu nao sei
zu’i rehe wà kury. I’i zekaipo izupe a’e amo imyrypar wà izupe kury. Na’e zekai- O urubu disse para o sapo: você não vai voar. Então nós vamos te jogar daqui.
. Nereho kwaw hepynikaw pe ne nehe po. Màràzewe tuwe ereiko ne ty, i’i izupe para minha festa, porque você não sabe Então eles, os amigos, perguntaram para
ty. Ta’e nerekwaw kwaw newewehaw hehe upuranu pà. Na’e zu’i i’i izupe a’e voar. Como o sapo queria muito estar na o sapo. ‘Onde vamos te jogar?’, disseram
ne xe, i’i zekaipo apitaw izupe a’e. Zu’i no. Ta’e hemyrypar hereytyk kwez a’e wà festa, então, ele entrou escondido den- para ele. Então os amigos jogaram-no na
zekaipo hekowekatu mynykaw pe a’e no. xe. Màràzewe putar aipo aha nehe kury. tro do violão do urubu. O sapo levou o água.
Na’e zekaipo zu’i wexez apitaw hypyru Kwa!! Heruwà ty! Kwa!!! Ta’e nawewe seu violão também, pois ele sabia tocar
pupe a’e kury. azewixe zu’i wexez apitaw kwaw ihe xe. Nezewe mehe nereitykaw muito bem. Então o urubu voou. Então ele
wioràw pupe a’e kury. Weraha zekaipo putar aipo xe wi neà kury. Na’e zekaipo percebeu que o violão estava bem pesa-
uwioràw a’e no. Ta’e zekaipo ukwaw upuranu hehe wà kury. Upaw urema´e- do. Então, finalmente, o urubi chegou na
katete zema’emupuhaw a’e. Na’e zekaipo mume’uhaw kwez xe kury. festa. Para sua surpresa, o urubu viu que
apitaw uwewe oho a’e kury. Na’e zekaipo o sapo estava lá também. O sapo estava
ukwaw ipuhyz katuhaw wioràw rehe a’e . dançando. ‘Oi amigo, Como você veio?’,
Na’e zekaipo uhem oho mynykaw pe a’e o urubu então perguntou ao sapo. Então
kury. wexak zu’i a’e pe. Ipynyk mehe kury. o sapo respondeu a ele: ‘foi no seu violão
Màràzewe tuwe erezur ne ra’a no ty? que vim’. Se eu soubesse que você tinha
Hemyrypar! I’i zekaipo izupe. Hehe upu- vindo dentro do violão, você não teria
ranu pà. Na’e zu’i i’i izupe . Ne wioràw vindo comigo. Então o urubu retornou da

40 41
42 43
Pytun hyru ika awer como a noite surgiu

K wehe mehe zekaipo kwarahy uhyape


katu tuweharupi a’e Nahetakwaw
zekaipo pytun a’e ’ar mehe Tentehar
no, i’i zekaipo uzeupeupe wà. A’e mehe
oho wi a’e pe wà no. Wexak zekaipo
amo y’a pixika’i ma’e wà kury. Ta’e
Epyta heràro rihi no
Atywà A ntigamente, só existia luz do sol.
Não existia noite neste tempo para
os Tenteharer. Era muito difícil para eles
Depois que ele chegou lá, a noite sumiu.
Aconteceu novamente naquele dia para
os Tenetehára. Ele contou o que acon-
wanupe. Na’awyzeahykwaw waker haw zekaipo uputar pytun iaikwer haw wà Epyta heràro rihi no dormirem. Então existia uma velhinha que teceu para os seus amigos. Vamos lá
wanupe. Na’e zekaipo heta amo zaryz xe . i’i zekaipo màkwàni wanupe. Pezàn Atywà vivia no mato. Ela era a dona da noite. A novamente. Disseram uns aos outros. En-
ka’a pe hekon a’e. Pytun izar romo zekai- tetea’u y’a ika mehe nehe, i’i zekaipo velhinha estava com as cabaças dentro tão eles foram lá novamente neste dia...
po hekon a’e. Y’a pupe pytun wereko a’e. wanupe kury. Uka wi zekaipo a’e y’a Hà hà hà hà hà hà hà hà hà das quais a noite estava. Havia outra Eles viram outra cabaça maior. Por isto,
Heta zekaipo amo kwarer Pyryxài her wyràihàg uhu ma’e pupe wà no. Uzàn criança cujo nome é Pyryxài. Ele era mais ele queria a noite comprida. Màkwàni
ma’e. Irakatu zekaipo amogwer wa nuwi tetea’u zekaipo Màkwàni a’e kury. Na’e gordo que os outros. O nome indígena era disse para eles: corra bastante quando
a’e. Màkwàni her ma’e. Uzàn tetea’u a’e kwarer na’iàkwen kwaw a’e. Na’e Màkwàni. Este último corria mais que os quebrar a cabaça. Màkwàni disse para
zekaipo wapihar wa nuwi a’e. Oho zekai- uzeapo zekaipo uruwa romo a’e kury. Uhem zekaipo màkwàni pytun ’ym seus amigos. Màkwàni foi para a casa da eles. Então quebraram novamente a
po a’e zaryz hàpyz me. Pytun ipiaromo Pytun muàruwàn har romo. Uhapukaz mehe we a’e wà. Nezewe mehe zekaipo velhinha no intuito de buscar a noite da cabaça pequena com a borduna grande.
ipyhyk pà izuwi. Ta’e zekaipo amogwer zekaipo Màkwàni izupe tenteharer uker katu pytun rehe a’e wà velhinha. Porque tinha pessoas que tinha Màkwàni correu muito. Então a outra
ukyze izuwi a’e wà. Wexak màkwàni Nuwenu kwaw zekaipo a’e wà kury. . Upaw pytun imume’u haw kwez a’e medo da velhinha. Só Màkwàni que não criança não alcançou. Então ele virou
hàpuz a’e. Zaryz, i’i zekaipo izupe. Wenoz Oho izuwi wà. Hereraha pe no ty wà, i’i kury. tinha medo dela. Màkwàni viu a casa da um passarinho = mãe da lua. Outro que
pytun izupe wà. Na’e zaryz wexaexakar zekaipo wanupe. Uze’eg pà uruwa romo velhinha. Vovó, ele disse para ela: dá-me virou passarinho chamou o Makwàni
y’a izupe. Na’e zekaipo Màkwàni upyhyk kury. Uzepyhyk kar pyryxài her ma’e a noite. Então a vovó mandou-o escolher para eles (os Tenetehára).
y’a uhu ma’e a’e kury. Uka zekaipo y’a pytun pe a’e kury. Uzeapo wiramiri romo uma das cabaças para ele. A vovozinha
uhu ma’e wyràihàg pupe. Awyze uzàn oho a’e kury. Upyta zekaipo karuk imuruwà- cantou bastante para Màkwàni. Então
pytun wi a’e kury. Na’e uhem wàpuz me nar romo a’e kury. Uzemumikahy iha- Makwàni pegou a cabaça maior, mas ele
kury. Pytun uhu ma’e uhem hekohaw pe pukaz a’e: se enganou. Então o Màkwàni quebrou a
a’e no. A’e y’a ikapyrer wi. A’e pe ihemire, cabaça com a borduna. Então o Màkwàni
ukázym pytun no. Uzeapo wi ’ar a’e mehe quebrou a cabaça maior. Então ele correu
wanupe no. Umume’u uzeapo ma’e kwer da noite. E chegou em casa. A noite que
umurypar wanupe a’e. Zaha wi a’e pe rihi era grande chegou junto com o Màkwàni.

44 45
Tata pyhyk awer rehe como o fogo surgiu

K wehe mehe zekaipo naheta kwaw


tata tenteharer wanupe a’e. Kwarahy
hakukwer pupe ma’e ro’okwer umihir a’e
Mair omono tata uruku ’yw aka’u ’yw
ita rehe no. Nezewe zekaipo tata heta
àwàm tentehar wanupe kury. Aze awa H á muito tempo atrás, não havia fogo
para os Tenetehára. Com a quentura
acender o fogo, ele sabe o lugar onde
encontrar fogo. No pé de urucum, no pé
mehe wà rihi. Ta’e zekaipo ywy hakea’i uputar tata nehe ukwaw heta haw: do sol, eles assavam a carne naquele tem- de cacau e na pedra. Se quiser fazer o
kwarahy win a’e. Uruhu wiko tata izar uruku ’yw rehe, aka’u ’yw rehe, ita rehe po. Então o sol estava próximo da terra. O fogo, pega o pé do urucum seco e acen-
romo a’e mehe a’e wà. Umihir ma’e kury. Aze nepuruapower tata rehe nehe. urubu era o dono do fogo naquele tempo. de o fogo. Esfrega-se o pé do urucum
ro’okwer wemi’uràm tata rehe wà. A’e Epyhyk uruku ’yw xinigwer nehe. Ezata- Eles (os urubus) assavam a carne no fogo. neles mesmos. Se quiser fazer fogo na
mehe Mair imunar tata rehe wanuwi a’e. py tata nehe kury. A’e mehe ekytykytyk Neste dia, Maíra tomou o fogo deles. pedra, pega duas pedras. Então risca
Umàno wa’u wanupe arapuha mànogwer uzehe wà nehe. Aze nepuruapower tata Para conseguir este feito, Maíra se fez de uma na outra. Neste dia, o pé de urucum
romo wanupe. Omono’og kar apitaw rehe ita rehe nehe. Epyhyk mokoz ita pe- morto, como se fosse um veado. Quando ou cacau pega fogo para você. Terminou
uzehe wà, inegwer haw tata herur wà. gwer nehe. Ta’e haku putar ràgypy nehe. o urubu chegou próximo a ele, Maíra a minha estória do fogo.
Apitaw ma’e nem hake ihem mehe wà. A’e mehe upyhyk putar tata newe nehe. levantou ligeiro para tomar o fogo deles.
Upu’am Mair na’arewahy wanuwi, tata Upaw xe tata imume’u haw kwez kury. Maíra assustou os urubus e eles voaram.
rehe ipurupyhyk wer wanuwi. Umukuhem Maíra se transformou como uma anta
Mair apitaw wamuwewe kar pà. Weraha morta para eles. Quando sentiram o mal
tata wanuwi. Mair uzeapo wi tapi’ir cheiro, o urubu abaixou. Trazendo fogo
mànogwer romo wanupe. Ma’e nem para assar a carne. O urubu beliscou vá-
hexak mehe wezyw apitaw wata herur pà rias vezes Maíra para eles. Quando o fogo
ma’ero’okwer imihyr haw romo wà. Mair saiu do braço dele. Maíra pegou toda a
uzepihàpihàm kar apitaw wanupe a’e. brasa dele. Ele voou com o fogo dele. Ma-
Tata ihem mehe izywa rehe. Upyhyk Mair íra pulou no fogo do urubu para tomar o
tytypyzgwer izuwi. weruwewe apitaw fogo dele. Então Maíra correu com o fogo,
tata heraha izuwi. Opor Mair apitaw hata levando o fogo dos urubu. Então Maíra
rehe ipyhyk pà izuwi. Na’e Mair weruzàn colocou fogo no pé de urucum de cacau
tata heraha pà izuwi kury. Na’e zekaipo e na pedra. Foi desta maneira que o fogo
surgiu para os Tenetehár. Se homem quer

46 47
Tupàn uzapo zahy a’e deus criou a lua

T upàn uzapo zahy a’e. Kwehe mehe,


zekaipo pyhaw ipytun ahy a’e. Naheta
kwaw zekaipo zahy a’e mehe rihi. Ten-
A ntigamente era tudo escuro, só tinha
a noite. Não havia claridade nem lua.
Os Tenetehára pediram para Deus criar a
teharer zekaipo wenoz Tupàn pe wà. Zahy lua. Como a lua é boa, Deus fez a lua para
ikatu haw a’e. Uzapo zekaipo Tupàn zahy os Tentehára. Daí Deus perguntou para
wanupe a’e kury. Upuranu wanehe kury: eles: onde vocês querem que se coloque
ma’e pe peputar zahy izupir haw kury? a lua? Os Tenetehára pediram para Deus
Wenoz zekaipo Tenteharer Tupàn pe zahy colocar a lua em posição mais alta. Mes-
izupir haw ywy hakea’i imonohaw rehe mo assim, não se iluminava na terra para
a’e wà. Nuhyape katu kwaw zekaipo ywy os Tenetehára, como eles queriam. Então,
rehe wanupe a’e. Wenoz wi zekaipo Tupàn eles pediram novamente para Deus. E
pe wà no. Zahy izupir haw rehe ywak rehe Deus colocou a lua no céu, porém em um
a’e. Tupàn uzupir zahy iwate wera’u wa- lugar ainda mais alto. De lá a lua clareou
nupe a’e kury. Weraha ywak rehe wanupe. muito bem para os Tenetehára. Portanto,
A’e wi uhyape katu wanupe a’e kury. Ne- foi assim que surgiu a lua.
zewe zekaipo zahy heta àwàm tenteharer
wanupe a’e kury.

48 49
Àkàgwer

Zàwàruhu a’y rehe wà a preguiça e a onça T enteharer tetea’u zekaipo oho zemi’i
kar haw pe wà. Kwehe zekaipo oho
ka’a rupi wà. Uzuka tetea’u miar a’e
rupi wà. Uzewyr oho tezupaw pe wà.
Ume’e a’e pe wanehe wà. Nuexak kwaw
zekaipo teko a’e pe wà kury. Xo amo
àkàgwer i’aràwàm ywykwar pupe a’e.
Weraha wi àkàgwer ukupe pe no. I’i wi
izupe no: akakaruk putar ihe rihi. Wezar

A ’y zekaipo uzemaraz iko uzemomor


haw rehe a’e. Ywyra ’yw wi ywy
rehe a’e. Nuzerukwahy kwaw zekaipo
A preguiça brincava pulando de um pé
de árvore para o chão. Não se adoe-
cia. Ria muito. A onça se magoava com a
mehe wà kury. Umukyzym kar zekai-
po miar a’e wà. Nu’u kwaw zekaipo
ho’okwer a’e wà kury. Na’e zekaipo
akagwer wexak a’e pe wà kury. Uze’eg
wanupe a’e kury. Uzepyk zekaipo zemi’i
kar ma’e wanehe a’e. Ta’e zekaipo miar
pe rupi, uhapukaz wi izupe a’e no. Wazar
zekaipo awa ity a’e no. Wetyk awa wa-
kykwer rupi, oho izuwi kury. Na’e zekaipo
a’e. Upukapuka tetea’u zekaipo a’e no. preguiça, porque ela tinha inveja. A onça amo Tentehar nuzuka kwaw miar a’e uzuka tetea’u a’e wà, iara’iwahy wanehe àkàgwer opoopor wi oho hakykwer romo
Zàwàruhu zekaipo uzeputupykahy hehe foi vê-la. A onça perguntou para a pre- rihi. Wezar zekaipo wemiriko tezupaw wà no. A’e mehe uzapixi kar miar izar no. Nuexak kwaw ywykwar pe rupi. U’ar
a’e kury. Oho zekaipo a’e pe hexak pà guiça. Amigo, por que você vive rindo? A pe a’e. Oho zekaipo ka’a rupi zemi’i kar Tenteharer pypy, anyra wanupe a’e no, i’i zekaipo ywykwar pupe kury. Umàno a’e
a’e no. Upuranu hehe kury: màràzàwe preguiça falou para ela (a onça): Amigo, pà kury. A’e kuzà uzekyhawapo zekaipo zekaipo àkàgwer wanupe a’e. Uzeraha pe kury. Taw pe ihem mehe kury umume’u
erepukapuka iko ne ty. Umume’u zekaipo eu estou brincando. A preguiça disse para in tezupaw pe a’e. Na’e zekaipo uhem kar zekaipo àkàgwer wanupe mynyku taw pe har wanupe a’e kury. Na’e zekaipo
a’y izupe a’e no: azemaraz tekoko ihe a onça. A onça também queria pular. A amo awa a’e pe izupe kury. Ukwaw kuzà pupe a’e taw pe a’e kury. Na’e zekaipo amogwer ihower a’e pe ku’e mire àkà-
ty. I’i zekaipo izupe a’e kury. Zàwàruhu preguiça sabia que possivelmente a onça ka’a izar romo hekohaw hehe a’e no. I’i a’e awa ukyze zepe izuwi a’e no. Ukyze gwer hexak pà a’e wà no. Oho a’e pe wà.
zekaipo izemomor wer a’e no. Ukwaw podia sofrer um acidente ou adoecer. zekaipo izupe: aze nemen ur ka’a wi nehe, haw rupi weraha a’e kury. Pe rupi iata Wenu teiheihem a’e pe wà. Uzewyr a’e wi
zepe zekaipo uzerukwahy àwàm a’e. A onça não acreditou nos conselhos da peho xe wi na’arewahy pe nehe kury. mehe opor àkàgwer manyku wi ywy pe. wà. Ukyzehaw rupi wà. Tuweharupi zekai-
Nuweruzar kwaw zekaipo a’y ize’eg a’e. preguiça. Então, a onça subiu na árvore e Wezar zekaipo ka’a izar mokoz zoromo Uzeputupyk ahy awa hehe a’e. Wetyk po a’e àkàgwer heiheihem a’e zàpi. Amo
Uzepir zekaipo zàwàruhu ywyra rehe a’e se jogou do alto, sem prestar atenção nos tata rehe imuapyk pà wanupe a’e. Uhem zekaipo awa a’e akagwer pe rupi a’e ’ar mehe, nuenu kwaw zekaipo heiheihem
no. Uzemomor zekaipo ywate wi kury. conselhos da preguiça. A consequência foi zekaipo zemi’ikar pe har wà a’e wà kury. kury. Umuapyk wàmynyku pe iwyr a’e. wà kury. Ume’e zekaipo Tenteharer oho
U’ar itaita rehe a’e. Awyze umàno zekaipo que ela caiu nas pedras e lá mesmo ela Na’e umihir tuwe wemiar a’e wà kury. Uka’aw oho izaiw pe izuwi kury. Kwehe a’e ywykwar pe wà. Nuwexak kwaw
a’e kury. Ume’e zekaipo a’y zàwàruhu morreu. A preguiça olhou a onça morta e Umume’u a’e kuzà awa ize’eg awer zepe ire uhapukaz zekaipo àkàgwer awa pe zekaipo àkàgwer ywykwar pupe a’e wà
mànogwer rehe a’e. I’i zekaipo izupe a’e disse para ela. Eu te avisei, cara!!! Você wanupe. Nu’u kar kwaw zoromo imihir no. Awa hepuxi zekaipo uwazar àkàgwer kury. Ukyzym àkàgwer ywykwar wi a’e.
kury: a’e zepe kwez newe ihe ty, nereruzar não ouviu o meu conselho. pyrer wanupe a’e. Nuweruzar kwaw ize’eg izupe a’e no. Opoopor oho ikutyr Umua’u a’e àkàgwer azàg romo hekohaw
kwaw heze’eg kwez xe. Upaw hema’emu- zekaipo ize’eg a’e wà no. Oho zekaipo a’e. Ukwaw akagwer awa hemu’emawer romo a’e wà. Ikatu’igwer. Amo’ar mehe
me’uhaw kwez kury a’y rehe zàwàruhu umen rehe amogwer wanuwi a’e wà kury. izupe a’e. Oho wi zekaipo hexak pà no. oho wi zekaipo amo Tentehar zemi’i kar
rehe kury. A’e tezupaw pe, awakwer waker haw Opoopor oho awa ipypor rupi. Na’arewa- pà no. Ukyzym zekaipo ka’a rupi a’e. Oho
pe, ur tetea’u zekaipo pypy kawyre rehe. hy zekaipo awa uwykàz ywykwar pe zekaipo Tenteharer hekar pà wà. Wexak
Upaw zekaipo wa’un wà. Wenu zekaipo rupi a’e kury. Uzapo zekaipo ywykwar pe zekaipo amo àzàg ka’a pe wà. Uzuka
a’e kuzà umen rehe teiheihem wakykwer rupi. Omono ka’a ruwer i’aromo a’e kury, zekaipo Tentehar a’e àzàg u’yw pupe
izywyzywy pà wà kury.
50 51
a cabeça

M uitos Tenetehára foram para a caça-


da. Há muito tempo, eles foram para
a mata. Foi quando eles mataram muitas
rapidamente para o barraco. Foram lá
para vê-los, mas não viram ninguém. Eles
viram só uma cabeça sem corpo lá. Então
levando-a nas costas. O homem disse
para a cabeça: eu vou urinar. O homem
deixou a cabeça no caminho e a cabeça
caças. Eram tantas que as caças estraga- a cabeça falou com eles: eu me vinguei novamente chamou o homem. A urina do
ram. Por isso, eles não as comeram. Havia dos caçadores, porque mataram e destru- homem respondeu. O homem deixou a
um Tenetehára que nunca tinha matado íram muitas caças. Por isso que eu fiz as cabeça para trás e foi embora dela. Então
caça ainda. Então ele deixou sua própria corujas e os morcegos acabarem com os a cabeça foi pulando novamente atrás do
mulher no barraco e foi para a mata para caçadores, disse a cabeça para os dois. A homem. A cabeça não viu o buraco no
caçar. Enquanto isso, sua mulher ficou cabeça fez o homem, junto com sua espo- caminho e caiu dentro do buraco. Quando
fazendo rede no barraco. Outro homem sa, levá-la dentro do cesto para a aldeia. chegou à aldeia, ele contou o que acon-
chegou lá. Ela sabia que ele era o dono Então o homem teve medo da cabeça e, teceu para os moradores da aldeia. Então
da mata (Ka’a izar). Então, o dono da por isso, carregou a cabeça. Quando iam os outros moradores da aldeia queriam
mata disse para ela: quando o seu marido pelo caminho, a cabeça pulou para fora ir lá, no outro dia, para ver a cabeça. Eles
chegar da mata, vocês vão embora logo do cesto. O homem ficou muito assustado foram lá e ouviram gritos. Eles voltaram
daqui. O dono da mata deixou duas abó- e então deixou a cabeça pelo caminho. de lá porque ficaram com medo. Esta
boras no fogo para eles e foi embora. Os Ele colocou o seu cesto na beira do ca- cabeça sempre ficava gritando lá. Chegou
caçadores chegaram. Então eles assaram minho e foi para o mato para fazer suas um tempo em que não ouviam mais o gri-
as caças que tinham apanhado. A mulher necessidades fisiológicas. Logo depois, a to da cabeça. Então os Tenetehára foram
contou para eles o que o dono da mata cabeça gritou pelo homem. Então as fezes olhar no buraco, mas não viram mais a
havia dito. Ela não deixou que eles co- do homem responderam para a cabeça. A cabeça dentro do buraco. A cabeça desa-
messem as abóboras que foram assadas cabeça saiu pulando em direção às fezes. pareceu dentro do buraco. Eles pensaram
para eles. Só que eles não acreditaram Mas a cabeça sabia que o homem estava que a cabeça se tornou um espírito, um
nela. Foi então que ela foi embora com mentindo para ela, então ela saiu atrás espírito mal. Certo dia, outro Tenetehára
o seu marido para longe daquele lugar. dele novamente. Ela saiu pulando seguin- foi para a caçada também e desapareceu
Depois que os dois saíram, lá na barraca do o rastro do homem. Assim, o homem na mata. Os Tenetehára foram procurá-lo,
vieram muitas corujas. E todos foram fez rapidamente um buraco no caminho mas viram um espírito na mata. Os Tene-
comidos pelas corujas. A mulher e o seu e tampou o buraco com folhas para a tehára mataram este espírito com muitas
marido escutaram os gritos dos outros cabeça cair dentro do buraco. A cabeça flechadas.
que ficaram para trás. Os dois voltaram alcançou o homem e então ele continuou
52 53
Kuzà izapo awer
a feitura da mulher
I zypy mehearer Tentehar, naheta kwaw
zekaipo hemiriko izupe a’e. A’e rupi,
nupuner kwaw zekaipo ipurumuzàg heta A ntigamente, o Tenetehára não tinha
mulher para ele. Por isso, ele não po-
haw rehe a’e. Tupàn zekaipo uzapo hemi- dia ter filhos. Então Deus fez uma mulher
riko ràm izupe a’e. Ozo’ok zekaipo amo para ele. Deus tirou a costela dele. E en-
awa izàrukàgwer izuwi a’e. Uzuwàzuwàn rolou a costela na folha de banana brava
zekaipo pakoràn huwer rehe a’e kury. e colocou barro também. Então Deus
Omono zekaipo ywy zuwa hehe kury. aperfeiçoou com as mãos assim. Muitos
Imuhymuhym pà nezewe a’e. Wenu dias depois, o homem escutou o choro de
zekaipo amo kuzàtài izai’o ka’a wy wi uma criança debaixo de uma folha. Assim,
a’e kury. Tupàn uzapo amo kuzà ràgàpy Deus fez a primeira mulher. Deus disse
a’e. I’i zekaipo Tupàn awa pe a’e kury: - para o homem agora: banhe esta criança
Emuzahak ko kuzàtai nehe, ezekaiw hehe e cuide dela. A criança cresceu e se tornou
nehe no. Hya’u zekaipo a’e kuzà kury. uma mulher. Então ela se casou com este
Uzeapo kuzà romo a’e. Wereko zekaipo Tenetehára. Eles tiveram o primeiro filho
amo tentehar a’e kury. A’e imemyr ipy homem. Depois tiveram uma filha. Deus
zekaipo awa romo a’e. Nezewere imemyr fez eles se casarem. Assim tiveram mui-
wi wà no. Kuzà imemyr romo kury. Umu- tos filhos. Assim se multiplicou a geração
zereko kar zekaipo Tupàn a’e wà kury. Tenetehára.
Nezewere heta wapurumuzàmuzàg wà
kury. Waneta àwàm a’e wà kury.
54 55
Ma’e zehu izypy mehe arer imume’u haw A história da primeira produção de alimento

K o ywy rehe Mair heko mehe, noho


kwaw zekaipo tenteharer ko pe a’e
wà rihi. A’e ae zekaipo itazy, takihe rehe
mehe, wexak Mair amo kuzà pyahu katu
ma’e a’e. Omono kar wi Mair wemiriko
pyahu mani’ok itym pyrer ipiaromo a’e Q uando o Maíra estava na terra, os
Tenetehára não andavam na roça.
adoeceu e ele encontrou outra mais nova
e mais bonita. Assim, o Maíra fez sua
uma’ereko a’e wà. Naheta kwaw wa- no. Ku’em ire, ta’e zekaipo tuweharupi Eles mesmos, o facão e o machado, tra- nova mulher buscar mandioca que foi
nerahahar ko pe a’e mehe wà rihi. Ma- uzapo nezewe haw a’eà zàpi. Na’e zekai- balhavam sozinhos. Não tinha ninguém plantada no outro dia, porque ele sempre
ni’ywer zekaipo wata a’e ae ko piarupi a’e po hemiriko pyahu nuweruzar kwaw para levá-los para a roça. Várias manivas faz assim. A mulher mais nova não acredi-
wà. Utym kutàri, ku’em ire ikatu izo’ok mani’ok hapo haw a’e. Mair ipuzukaiw andavam por si só pela estrada da roça. tou que a mandioca tinha raiz. Por isso, o
haw romo a’e wà kury. Na’e zekwehe izupe ize’eg mehe: ereàro putar àmàm kyr Hoje se plantam. No outro dia, estão boas Maíra ficou bravo quando falou com ela:
Mair omono kar wemiriko mani’ok itym haw kwarahy katete mehe, mani’ok hapo para serem colhidas. Assim, o Maíra faz você vai esperar o inverno todo para ver
pyrer ipiaromo. Ku’em ire oho a’e kury. haw ne nehe kury. Nezewe tenteharer a mulher arrancar mandioca para, no muitas raízes de mandioca. Assim quando
Wexak tetea’u kuzà mani’ok a’e. Werur mani’ywer itym mehe, wàro àmàn kyrhaw outro dia, ela buscar. A mulher viu muita o Tenetehára planta maniva, ele sempre
tàpuz me tyràm romo. Ipyr har ima’e ahy kwahary mehe no. Nezewe Mair iho awer mandioca que ela trouxe para casa para vai esperar o inverno acabar. Por isso que
wanuwi a’e kury. fazer farinha. Só que a mulher do Maíra o Maíra foi embora.
56 57
Tupàn kanu zapo awer

K wehe mehe zekaipo Tenteharer


nukwaw pixik kwaw ma’e a’e wà rihi.
Tupàn zekaipo ur wamu’e har romo a’e.
Àmàn ikyr tetea’u mehe, nupuner kwaw
zekaipo Tenteharer ka’a rupi watahaw Quando Deus no princípio fez a canoa
rehe a’e wà. Aze zekaipo ima’iuhez
wà zàpi, na’iawyze kwaw a’e ’ar mehe
wanupe a’e. Tupàn zekaipo umu’e Ten-
teharer kanu iapohaw rehe a’e wà. Ne- H á muito tempo, quando o Tenetehára
não tinha conhecimento ainda, Deus
chegou para ensiná-los. Quando a chuva
zewe mehe zo upuner ’y iahawpaw rehe
wà. Wemi’uràm hekar haw romo a’e wà. caia muito, os índios não podiam andar
Oho zekaipo Tupàn ka’a rupi a’e. Weraha na mata. Por isso, quando tinham fome,
zekaipo itazy no. Wexak zekaipo zutaiwa não podiam comer porque não podiam
’yw hy’ygatete ma’e a’e. Uhaw zutaiwa caçar. Assim, Deus ensinou os Tenetehára
’yw wanupe kury. Umu’e zekaipo ipekwer a fazer a canoa. Só assim eles consegui-
ipe’ok pyrer rehe wà. Upaw ire Tupàn ram atravessar o rio para que pudessem
uzapo kar zuraw wanupe a’e. Uzatapy caçar. Deus foi para a mata e levou o
tata hehe wà kury. Tupàn ukanaw wyra machado. Ele viu uma árvore bem retinha
pekwer tata rakukwer pupe wanupe. Ipyw de jatobá. Derrubou-a e ensinou a tirar a
tuwe a’e zuraw i’aromo a’e kury. Uza- casca dessa árvore. Então tirou a casca.
po kanu wanupe kury. Nezewe zekaipo Depois de tudo, Deus ensinou a fazer o
Tenteharer uzemu’e kanu iapohaw rehe giral. Assim, eles acenderam o fogo. Deus
zutaiwa ’yw pekwer pupe a’e wà kury. enrolou a casca de jatobá na quentura do
Zemi’ikar haw romo pira ipyhykaw romo fogo que estava no giral. Então Deus fez a
wazekyty’ar haw romo wà no. Nukyze canoa para eles. Assim os índios aprende-
kwaw zekaipo ’y tyhu mehe a’e wà kury. ram a fazer a canoa a partir da casca do
Ta’e zekaipo heta kanu ’y i’yahaw har jatobá para pescarem, caçarem e passe-
romo wanupe a’e kury. Nezewe kanu heta arem. A partir de então, eles não tinham
wàm Tentehar wanupe a’e. Upaw he- medo quando o rio ficava cheio, porque
ma’emume’uhaw kwez ihe kury ma. tinham canoa para atravessar o rio.
58 59
A mulher se casou com a anta
há muito tempo atrás
Amo kuzà rehe ma’e imume’u haw tapi’ir rehe wà

K wehe mehe zekaipo amo Tentehar


kuzà waza ko pe wiko zoromo itym
U’u zekaipo tapi’ir zoromo memek izupe
a’e no. A’e mehe wexak ikywyr tapi’ir
Uzàn zekaipo tapi’ir ur a’e no. Ihem
mehewe, uzywà ikywyr tapi’ir a’e wà kury.
H á muito tempo, uma moça Tenetehára
estava na roça plantando abóbora.
Depois de muitos dias, ela foi à sua roça
A anta veio e comeu o mingau de abóbo-
ra. Quando os irmãos avistaram a anta,
ela se transformou em um homem bem
A anta veio correndo de lá. Quando che-
gou, os irmãos e os tios dela flecharam
a anta. Depois, eles arrancaram o pênis
a’e. Amo’ar mehe oho oko pe zoromo izeapo mehe awa puràgete ahy ma’e Ozo’ok zekaipo tapi’ir hemokwer izuwy para olhar as abóboras. Então, ela mesma bonito. Então, eles voltaram para casa. da anta. Eles moquearam e torraram
rehe me’e pà. Na’e wexak zoromo tapi’ir romo a’e kury. Uzewyr oho tàpyz me wà wà. Umuke’e wà. Oxoxok wà no. Weraha avistou a abobóra roída pela anta. Então Um dia, eles disseram para a irmã deles: (fizeram paçoca) com o pênis da anta.
hemi’ukwer. I’i zekaipo a’e kuzà uzeupe kury. Amo ’ar mehe, i’i zekaipo weinyr weinyr pe i’u kar pà kury. Na’e zekaipo ela falou para si mesma: se você fosse fique aqui em casa hoje e arrume o forno Então eles levaram a paçoca para sua
a’e kury: – aze mo teko romo ereiko ne, pe wà: epyta xe tàpyz me kuteri nehe waneinyr naipuru’u wer kwaw wanupe gente, você não teria comido a minha de barro. Nós vamos para a mata hoje irmã comer. No entanto, ela não queria
nere’uiwer romo hezoromo hewi ne. Na’e kury, ezapokatu zepehe ne nehe, ka’a a’e no. Uzemumikahy zekaipo a’e kuzà abóbora. Quando a anta escutou a moça ainda. Então eles mentiram para a irmã comer. A mulher ficou muito triste depois
tapi’ir wenu muite wi a’e no. A’e tapi’ir rupi oroho putar ure rihi. Na’e zekaipo iko a’e kury. Amo ’ar mehe uzepyk putar de longe, ela se transformou em um deles. Na verdade, eles levaram comida disso. Ela disse: um dia, o espirito da anta
uzeapo awa puràgete ahy ma’e romo hemu’em weinyr pe a’e wà. Oho zekaipo zekaipo wanehe a’e nehe no. Uhapukaz homem bem bonito na vista dela. A moça para que pudessem ver a anta. Eles che- se vingará de vocês. Depois disso, ela (a
kuzà huwa rupi a’e kury. Uzemyrypar tapi’ir hexak pà wà kury. Weraha iputaw zekaipo wàkà’i wanupe a’eà no: xizahak gostou muito dele e então eles namora- garam lá e então chamaram a anta: mulher) chamou as cunhadas dela: vamos
hehe kury. Uzamutar katu kuzà a’e no. izupe wà no. Uhem a’e pe. Uhapukaz zaha ’y pe hekà’i wà, i’i zekaipo wàkà’i ram. A mulher sempre levava comida para banhar na água, cunhadas, ela disse para
Uzemuxara wà kury. Tuweharupi zekaipo izupe wà kury: wanupe a’eà no. Weraha paw katete ele. Um dia, os irmãos e os tios da moça as cunhadas. Ela levou todas as cunhadas
weraha hemi’u izupe a’e kury. Amo ’ar zekaipo wàkà’ikà’i ’y pe a’e wà kury. olharam escondidos. Eles foram atrás Waxure, está aqui a sua comida. (3x) para água e ficaram só os homens em
mehe, wexak zàmizàmim zekaipo ikywyr Waxure, aiko neputaw wà. (3x) Upyta zekaipo xo awa kwer tàpyz me deles dois. Então, eles escutaram quando Eu não estou aqui, Pygwari. (3x) casa. Quando elas chegaram na água,
a’e wà kury, itutyr a’e wà kury. Oho zekai- Nahai ro ko, Pygwari. (3x) a’e wà kury. ’y pe wahem mehe upaw ela chamou pela anta. A mulher disse elas todas caíram dentro da água. Elas, as
po hakykwer romo wà kury. Uzepyaka ua’uar ’y pe wà. Uzegar paw rupi wàkà’i chamando pela anta: cunhadas, todas cantaram juntas e então
ihapukaz mehe tapi’ir pe wà. I’i zekaipo pyr wà. Uzepumi zekaipo ’ypyte pe a’e mergulharam no fundo do rio. Assim, elas
ihapukaz tapi’ir pe a’e: wà kury. Uzeapo ipira romo a’e wà kury. Waxure, está aqui a sua comida. (3x) se tornaram peixes. Os cachorros latiram
Heiheihem zekaipo zawar wanehe ’y pe Eu não estou aqui, Pygwari. (3x) para elas na água. Os irmãos da mulher
Waxure, aiko neputaw wà. (3x) a’e kury. A’e zutyka’i zekaipo ikywyr wiko ficaram sozinhos e sofreram sem ter suas
Nahai ro ko, Pygwari. (3x) a’e wà kury. Ipurahu kuzà’ym a’e wà kury. mulheres em casa.
60 61
Zahytata rehe ma’e imume’u haw zahy rehe wà A história da estrela com a lua

A mo zahytata zekaipo ipuruwerekower


zahy rehe a’e. Wenoz zekaipo zahy
ihy pe a’e. I’i zekaipo izupe: apohareko
U ma estrela quer se casar com a lua.
Para isso, a estrela pediu a lua para a
sua mãe (a mãe da lua). A estrela disse
katu zahy heko mehe, a’ezutyka’i heko para a mãe da lua: eu tenho muita pena
mehe pyhaw tuweharupi ywate ihe ma. da lua porque ela sempre está sozinha
I’i zekaipo zahy ihy zahytata pe a’e kury: todas as noites no céu. A mãe da lua
ezapo zahy hemi’u izupe nehe, aze ikatu respondeu: faça comida para a lua, se a
i’u pyr romo izupe nehe, umuwayze putar comida estiver boa, ela mesma aceitará
a’e nehe. Oho zekaipo zahy ihy izuwi a’e. ser sua companheira. Então, a mãe da
Wezar zekaipo umemyr hemiriko ràm ipyr lua foi embora. Assim, A mãe deixou sua
a’e kury. A’e rupi xiexak zahytata zahy filha junto da futura esposa. Por isso, nós
huake tuweharupi zane kury. sempre vemos uma estrela perto da lua.

62 63
Amo ma’e imume’uhaw Tupàn rehe,
kwaharer rehe kury
A estória sobre Deus e o menino
H eta zekaipo amo awa a’e, naiaka-
tuwaw kwaw wa’yr rehe a’e. Ta’e
zekaipo a’e kwaharer a’e. He’o a’e.
((Na’iàkàg ma’e kwaw kwaw zekaipo
a’e)). Hàmuz zekaipo uzekaiw hehe a’e.
D is que que um homem não gostava de seu
filho, porque a criança era doida. Dizem que
o avô da criança era quem cuidava dele. Nesse
Nukwaw kwaw zekaipo Tenteharer tyràm tempo, os Tenetehára não conheciam a farinha.
a’e mehe wà rihi. Tuweharupi Tupàn Sempre Deus trazia farinha para o avô do me-
werur tyràm hàmuz pe a’e. Aze zekaipo nino. Quando a criança morreu, ela foi ao lugar
a’e kwaharer umàno a’e kury. Oho zekai- onde vivem os espíritos. Lá Deus deu todas as
po karuwar wanekohaw pe a’e kury. A’e coisas boas para ele. O menino não se esqueceu
pe omono paw zekaipo Tupàn ma’e izupe do seu avô também. Todos os dias o menino
a’e kury. Naheharaz kwaw zekaipo a’e trazia farinha para o avô. Certo dia, o pai do
kwarer wàmuz wi a’eà no. Tuweharupi, menino viu grãos de farinha debaixo da rede
’ar nànànà’i werur tyràm wàmuz pe a’e. do avô do menino. O pai do menino perguntou
Amo ’ar mehe, wexak zekaipo kwaharer para o avô do menino: – De onde vieram aque-
itu tyràm kurekurer hàmuz ikyhaw iwyw les restos? O avô contou para o pai do menino.
pe a’e. Upuranu u rehe a’e: – ma’e wi a’e O pai desejava ir para junto de Deus também.
ma’e kurer ur a’e ty¿ Umume’u tu izupe O avô falou para o pai do menino. O pai falou
a’eà no. Ihower zepe Tupàn pyr a’e no. I’i para o pai do menino (o avô): – Você não pode
zekaipo kwaharer hàmuz wa’yr pe a’e: – ir lá ainda rapaz. Você só pode ir quando morrer.
Nerepuner kwaw a’e pe nehohaw rehe Lá o menino cresceu. Depois de grande, ele veio
ne rihi ty. Nemàno re zo ereho putar a’e buscar o avô e levou para junto de Deus. O avô
pe ne nehe no, i’i tu izupe. A’e pe itua’u se preparou e se arrumou para a viagem. Ele
zekaipo kwaharer a’e kury. Itua’u re ur subiu na ladeira. Lá teve muita fartura para eles.
zekaipo wàmuz ipiaromo a’e kury, Tupàn
ipyr heraha pà kury. Uzemy’gy’ym zekaipo
hàmuz a’e no. Uzàpir zekaipo ywytyrapyr
a’e wà kury. A’e pe heta tetea’u zekaipo
ma’ezehu wanupe a’e pe kury.

64 65
Mair kyhaw iapo awer

O mono’og tetea’u zekaipo Mair ama-


nezu i’yw wi a’e mehe a’e. Wàwizok,
omomor ywy pe, mihaw uhu’a’u ma’e
nerepurukwaw wer kwaw iapo haw rehe
ne. Erezapo putar nekyhaw neker haw
romo zawaiw katu haw rupi ne nehe kury.
romo, uzàpixi zekaipo mukoz kàhàhàm Nezewe tentehar kuzàgwer kyhaw iapo
ywypo iapo pyrer mihaw rehe. Umutyk àwàm ko’a rehe a’e wà kury. Zawaiw katu
mokoz kàhàhàm typàz parir rehe a’e. I’i haw rupi uzapo a’e wà. Upuàn ràgàpy
zekaipo amo tentehar pe: - e’aw ipupe amanezu wà rihi. Nezewere uzumàn
ty. A’e ukize u’ar haw wi a’e no. Nuzapo ywyra rehe wà no. Upyahahaw wà rihi
kwaw tentehar Mair hemimutar izupe no. Aze mo kwehe tentehar weruzar Mair
a’e. Ipuzukaiw Mair a’e mehe tentehar ize’egwer a’e mehe a’e wà, naizapohaw
pe a’e kury. - Ihe nemu’e wer zepe kwez wer romo kyhaw zawaiw katuhaw rupi
kyhaw neker haw romo iapo haw rehe, a’e. Nezewe, kyhaw izapohaw zawaiw O Maíra fez a rede
iawyzehaw rupi kwez ihe. A’e romo katuhaw rupi a’e.

H á muito tempo, o Maíra colheu muito


algodão no pé. Ele descaroçou se-
mente e jogou no chão. Há muito tempo
dia. – Eu quis te ensinar a fazer a rede de
dormir do jeito mais fácil. Como você não
quer aprender. Você vai fazer a sua rede
atrás, numa esteira feita de palha muito do jeito mais difícil, com muito trabalho.
grande ele amarrou duas cordas de cipó Assim, é dessa maneira que as mulheres
e fez a esteira se transformar. Ele puxou indígenas fazem as redes, hoje em dia.
duas cordas e amarrou na casa envarada Com muita dificuldade é feita a rede.
(feitas de varas, não de tijolo). Ele falou, Primeiro torce o algodão e depois enrola
há muito tempo, para o índio: – deita no tear (ferramenta de fazer rede). Até a
nela rapaz! Ele estava com medo de cair tecelagem. Se o índio tivesse obedecido
dela. O índio não fez a vontade do Maíra. aos ensinamentos do Maíra. Ele teria
O Maíra se zangou com o índio nesse aprendido da maneira mais fácil.
66 67
O surgimento da farinha para os Tenetehára
Tyràm heta àwàm Tentehar wanupe

K wehe mehe zekaipo nahetakwaw


tyràm tentehar wanupe, nukwaw
a’e. Ta’e Mair ima’eahy pà a’e mehe
a’e. Numa’i’u kwaw zekaipo Mair a’e.
a’e tyràm ikatuahy izupe i’u mehe izupe.
Wezar zekwehe mani’iwer Tupàn Mair pe.
A ntigamente, não existia fogo nem
mandioca para os Tenetehára. O
Maíra estava deitado na rede. Ele mandou
doente. O Maíra não comia nada. Ele não
queria comer a comida dele. Todo o dia o
filho (o pai) olhava ele e se escondia. Ele
para o Maíra. Então o Maíra mandou a sua
mulher plantar a maniva. No outro dia, o
Maíra mandou a sua mulher para buscar
kwaw mani’ok a’e mehe wà rihi no. Nuzuhez kwaw zekaipo ma’e wemi’u a’e Utym kar Mair mani’ywer herahar wemiri- o filho com a esposa colher canapum. A viu de novo o restinho de farinha debai- mandioca. Quando a mulher chegou onde
Mair u’aw pà kyhaw pupe. Omono kar no. Tuweharupi wexakzemizemim zekaipo ko pe. Ku’em ire, omono kar Mair mani’ok fruta que é do mato. Enquanto eles foram xo da rede. No outro dia (quando) eles plantou a maniva. Ela se espantou quando
wa´yr wemiriko rehe kamamu ipiaromo. ta’yr ikyhaw iwype a’e. Wexak wi tyràm itym pyrer ipiaromo a’e. Uhem kuzà ma- para o mato, Deus trouxe a farinha para voltaram imediatamente da mata. Porque viu a mandioca crescida rápido demais. Ela
Ma´ywa ka´a pe har. Wano ire, werur kurekurer kyhaw wype. Amo ’ar mehe ni’ywer itymawer pe. Uzemukuhem ma- o Maíra. Quando o filho voltou do mato, eles queriam ver aquelas pessoas que levou raiz de mandioca para a casa dela
Tupàn tyràm Mair hemi’u romo. Ka’a wi uzewyr narewahy ka’a wi wà kury. Ta’e ni’ywer itua’u haw rehe na’arewahy haw ele viu debaixo da rede o restinho de trazem farinha para o Maíra. Eles viram para fazer farinha. Foi assim que Deus trou-
ta´yr izewyr mehe, wexak u ikyhaw iwype ipurexak wer akwez tyràm herur har Mair a´e. Werahar mani’ok hapokwer tàpuz me farinha. Ele (o filho) mostrou para a mãe. Deus perto da rede do Maíra. Deus fugiu xe a mandioca, a batata, o inhame, dentre
tyràm kurekurer. Wexak kar uhy pe. U’u pe wà. Wexak Tupàn Mair ikyhaw hake tyràm romo. Nezewe zekaipo Tupàn werur Quando o filho de Maíra estava comen- deles. Ele (Deus) deixou uma vasilha cheia outros itens, aos Tenetehára.
zekwehe Mair ta’yr a’e tyràm kurekurer wà kury. Oho Tupàn wanuwi. Wezar amo mani’ok, zytyk, kara, wyzà’i ma’e zeihu do o restinho de farinha a mãe dele não de farinha. O menino comeu a farinha
a’e no. I’u mehe, ihy nuweruzar kwaw kawaw tenehem tyràm pupe. U’u kwarer tenteharer wanupe. acreditou. Porque o Maíra estava muito e achou muito boa. Ele deixou maniva
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Tupàn àmàn herur mehe awer
Quando Deus trouxe a chuva

A mo ’ar mehe zekaipo typaw yrykaw


Tentehar wa ipy mehe har wanuwi a’e.
Uzuka tetea’u zekaipo Tenteharer iziwez a’e U m dia, o riacho secou para os antigos
Tenetehára. A sede matou muitos
wà. Amo Tentehar wata oho iko ka’a rupi ’y Tenetehára. Um Tenetehára foi para a
hekar pà a’e. A’e Tentehar uzeàwaxi Tupàn mata buscar água. Este Tenetehára se
rehe a’e wà kury. Umume’u uziwez haw izu- encontrou com Deus. O Tenetehára contou
pe a’e. Amogwer iànàm taw pe har wà kury. a respeito da sede para Deus. E também
I’i zekaipo Tupàn wanupe a’e kury: – Ta’e da sede dos seus parentes da aldeia.
peze’eg ruahyahy herehe pe xe. A’e Tentehar Dissem que Deus disse para eles: por que
wenoz ’y Tupàn pe a’e kury. I’i zekaipo Tupàn vocês zombam de mim? Este Tenetehára
pe no: – Azapo putar neremimutar ihe nehe pediu água para Deus. Ele disse assim
kury, nazapo kwaw amogwer wazàwe ihe para Deus: eu farei a tua vontade, não
nehe kury. Tupàn upuhareko katu a’e no. farei como os outros fizeram. Deus teve
Umuzewyr kar a’e Tentehar hekohaw pe kury. compaixão deles. Pediu para o Tenetehá-
Aze zekaipo uhem wekohaw pe. Ukyr tetea’u ra voltar para a casa dele. Quando ele
àmàn a’e mehe a’e no. Heta wi zekaipo chegou a sua aldeia, logo choveu muito.
yrykaw wà no. Wi’u zekaipo awakwer wà Novamente houve rio. Então os homens
kury. Mani’ok xinig ma’ekwer, hurywete beberam. A mandioca que já havia secado
wi zekaipo a’e wà no. Upaw hema’emu- refloresceu novamente.
me’uhaw kury ma!

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Ma’e ke’e iapohaw Estória da Festa do moqueado
Mariazinha Guajajara Mariazinha Guajajara

O roho putar ka’a rupi no dia 5 mehe. Ma’e


ke’e iapoputar pà. Ta’e oroho putar ka’a
rupi. Ma’e ke’e iapoputar pà àg karu ka’a
N ós iremos para o mato no dia 5, para
buscar as caças da festa do moqueado.
Por isto iremos à mata na Terra indígena
rehe. Uruzur putar ka’a wi nehe. Ma’e ke’e Caru. Após esta etapa, trazemos a caça para
urerur putar pà nehe. Uzemono’og teko. o moqueado. Depois a gente se juntará e
Ta’e umupinim putar wà. Ze’egar haw kury. pintaremos as moças. Daí inicia a cantoria.
Upynyk putar kuzàta’i wà. Iku’em putar As mulheres dançam e cantam até o ama-
uze’egar pà wà. Uzemono’og putar izar wà. nhecer. Quando então o avô chega, chama as
Wenuz putar tumuz wà. Ur tamuz kury. A’e moças e retirará um pedaço de nambu. Em
tamuz o’ok putar namu zegwera’i wà. A’e seguida, o avô passará carne de nambu no
ukytykyty putar inamu ro’okwer kury. Iziwa braço das moças. As moças cantarão então.
rehe a’e wà. A’e izar uze’eg putar wà kury. O avô pergunta e diz a elas: vamos comer as
Tumuz upuranu putar wà rehe. I’i putar caças? As moças responderão ao avô: sim,
tamuz wanupe. Ma’e xi’u putar. Izar uze’eg vamos comer moqueado. Neste momento,
putar tumuz izupe kury. Izar uze’eg putar as moças se juntam e o avô tira a carne de
tumuz pe. Xi’u putar wyra tumuz. Omo- nambu da panela para elas. Em seguida, as
no’og putar izar wà kury. Ta’e ozo’ok putar avós socam carne de nambu dentro do pilão
inamu ro’okwer zapepo wi wà. Ozoxok putar para as moças. Depois, as moças irão dividir
inamu ro’okwer igu’a pupe izar wanupe wà. a carne de caça com todos os Tentehara pre-
Umuhàz putar izar ma’e ke’e ro’okwer wa- sentes. O nambu será então pisado dentro do
nupe wà. Inamu ixokpyr igu’a pupe. Uze’eg pilão. Quando a avó falar, elas então param a
putar wà kury. Ta’e upytu’u putar wà kury. festa. Ao final, as moças realizam a cantoria
Uxuyr putar wà kury. de despedida.

Festa do Moqueado,
aldeia Maçaranduba, TI Caru
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Aze’egtar karaiw wanupe xe pa Importância sobre a preservação
Antônio Guajajara da língua Tentehára
A ze’eg tar karaiw wanupe xe pa.
Ukwaw ràm heze’eghaw wà no xe. Antônio Guajajara
Pezepy’aka peà no. Pekwaw ràm ze’eg
ete haw pe’a no. Pezepy’aka xe amume’u
ma’e aiko xe iheà no. Nezewe pekwaw
V ou narrar aos brancos, para eles en-
tenderem nossa língua. Gente, vamos
escutar mais na língua, de modo que vo-
ràm ze’egete haw peko peà no. Nan kwez cês aprendam a falar na língua Tenetehár
papai hemu’e iko. Hetutyr kwez hemu’e também. Prestem atenção na estória que
heriko iheà no. Nan kwez mamai hemu’e vou contar aqui, agora. Assim vocês vão
no. Hetutyr kwez hemu’e iko. Peze peko aprender a falar a língua dos Tentehár.
peànàm wanupe peà no. Hema’ekwapaw Papai não me ensinou, mas foi meu tio
pezeràm peko peà no. Neànàm wanupe. quem me ensinou também. Não foi ma-
Peze’egràm peko. Pezeràm peiko karaiw mãe quem me ensinou. Foi meu tio quem
wanupe no xe. Nerewe teko aze’eg peme me ensinou. Vocês têm de aprender com
herehy no. Nezewe teko aze’eg peme he- os seus parentes. Toda minha sabedoria
rehy ihe rihi no. Aze’eg wewe teko peme. é para vocês. Vocês estão falando só na
Ihe rihi no. Herekwe mehe aiko. Heze’eg língua de branco também. Assim a gente
mà peme. Ihe rihi no. Nezewe peiko pà a’e está falando para vocês. Eu falo nova-
teko pe me. Na ximukyzym kwaw zane mente para as pessoas. Enquanto ainda
ze’eghaw zaiko zaneà no. Na ximukyzym estou vivo, falo a vocês: nós não podemos
kwaw zaneze’eghaw aipo zaneà no. Nako perder nossa língua. Nós não podemos
areko iheà no. Heze’eghaw wà. Kupeg perder a língua. Estou ensinando aqui na
ize’eg haw zo xiriko. Nanikwaw wà. minha fala. Hoje em dia nós só temos a
Naikatu paw aipo wà. Naikatuk waw aipo fala do branco. Mas a fala do branco não
wà. Ze’eg zanewe a’e. Zane ze’eg zo ikatu é boa para nós. Só a nossa língua é boa
zanewe a’e. Naheta kwaw zanekàgaw para nós. Ao só falarmos a língua de ka-
zane we a’e. Zeneze’eg zo heta ikàgaw raiw, perdemos a força de nossa cultura.
zanewe. Zaneze’eg rehe ximutyri’ym tar Só a nossa fala é mais forte para nós. Nós
karaiw àwà. Waze’eg rehe naheta kwaw vamos ter de brigar pela nossa língua,
ikàgaw zanewe. Uze’eg ahytar kwez se quisermos recuperá-la. Sem a nossa
newe. Aipo katu zane kàgaw a’e. A’e pa língua não temos força. A força verdadei-
rupiikatu ahy hema’e imume’uhaw pe me ra é a nossa língua. Minha estória é para
na’aw zaru xe. vocês, pois estamos aqui reunidos. Antônio Guajajara
76 77
Ma’e ahy ma’e wanehe zeka’iw har romo aiko
Ednalva Guajajara

Ihe aiko. Amuraky teko ima’eahy ma’e


wanehe. Azekaiw teko wanehe. Aha
teko wanàpyz me nehe ze’eg katuhaw
imume’u haw wanupe. Ma’eahy rehe
ze’egaw. Kwaharera’i wanehe zekaiw
haw . Araha ipir haw teko typyz nànàn
kwe rupi kury. Azekaiw ipuru’a ma’e wa-
nehe no. Araha ima’eahy ma’e zemuka-
tuhaw pe tauhu pe. Ma’e ahy ma’e wa-
nehe zeka’iw har romo aiko.

Estória sobre conselhos de saúde para os parentes


Ednalva Guajajara
E u trabalho na área de saúde para a co-
munidade. Cuido da comunidade. Para
tal, vou à casa dos parentes, para con-
selhá-los e para falar sobre as doenças.
Faço aconselhamento para as crianças
e levo balança para pesar as crianças.
E também para pesar as grávidas. Além
disto, acompanho os doentes ao hospital
na cidade.

78 79
80 81
Ko pape rehe miar zimunanete mehe arer
imumi’u haw kury.

Lauro Lopes Guajajara


(Aldeia Taymy)
Opor ma’u xi zekaipo oho a’e i’àg rehe. Zàwàruhu xiaxiaw hehehehe E tuwe..... amo aipo pa. Amo tuwe aipo
Zawxi......5 uze’eg zekaipo izupe. ’àg ain xiazkwer xiazkwer hemuzegarzegar iko a’e pa? I’i amo
xe ihe ty, i’i Zawxi izupe kury. Zawaruhu zàwàruhu henuz pà. Aexak tuwe putar
K wehe mehe zekaipo, oho zawxi iko
ka’a rupi. Uwemi’u ràm hekar pà a’e
kury. Uhem oho ka’i wanupe a’e kury.
kury. Uwezar weraha inaza 1hàwykàgwer
ipo’om 2 wà. Oho iziwi wà kury. Zawxi
ume’e hehe iwate hin mehe. Hewyzywer
xe iwate wi ty. I’i zàwàruhu pe. Kwa!!!!
Zàwàruhu xiaxiaw hehehehe
xiazkwer xiazkwer
aipo teko ihe pa! Zawaruhu xiaxiaw ire
xiaxiaw ire .... he’e’e ... xiaz kwer. I’i aipo
uwyzywer xi uwin ywate wi a’e kury. U’u 6 wer xi zekaipo zàwàruhu zawxi rehe teko iko xe. Aexak putar a’e teko ihe kury.
U’u inaza iko a’e pe wà. Zawxi, uwenuz Uzimukàtàkàtà, upuzapuzaz xi uwin a’e ty. E’ar ezur ty hemyrypar. Urupyhyk nezur Hàz5 gwer zeximàn iazu’yw romo Wàro oho henatar romo. Uhem zawxi oho
zekaipo inaza ka’i wanupe. Ka’i wà uwi- pe. A’e ar mehe katete zo zekaipo a’e no mehe nehe pa. I’i zàwàruhu zawxi pe. zàwàruhu pe. Ne te aipo hemuzegar iko
tyk inaza zapekwer izupe wà. Zawxi u’u xe. Uzemikar zàwàruhu oho iko a’e ikutyr Kwa!!!! Uruzuka mu hepuhuz wer pupe Hehehehe hehehehe hehehehe ty. I’i izupe. Zàwàruhu xiaxiaw ire xiaxiaw
inaza zapekwer kury. Heahy izupe. Zawxi no. Umua’u a’u katu oho iko, uzepyakaka ty, i’i izupe kury. E’ar ezur ty myrypar ire ereiko ty. I’i izupe a’e no. A’a teko ihà,
zekaipo xe hemyrypar wà, hemyrypar wà. 3
katu zekaipo a’e zawxi izapuype. Wexak i’i zàwàruhu izupe. Kwez aha nehe ty Hehehehe hehehehe hehehehe arapuha xiaxiaw ire xiaxiaw ire.
Hemyrypar (a)wà. Pemur we amo ihewe ma’e i’àg pupuzaihaw ywy4pe . myrypar. Uzeukakar Ezàpumi 7 zo napa i’i Kwa uwenu zekaipo ma’e zàwàruhu a’e.
ty wà, i’i wanupe. Ka’i wà, i’i izupe wà. zawxi zawaruhu pe. U’ar kwa pà, huwa- A’e umuzegazegar zawxi zàwàruhu oho Hehehehehehehe
Naheityk wi haw kwaw amo newe kury ty. xiawxiaw pà. zàwàruhu zawxi ipuhuz wer iko a’e kury. Zawàruhu xiaxiaw he’e’e
Aze erezuhez we xe, ezeupir ezur neà no pe. Aze’eg zepe kwez newe ty, i’i zawxi xiaikwer xiaikwer.
pa. Kwa!!!! Nakwaw kwaw zeupir haw zàwàruhu pe kury. Oho imyryparer iziwi Hehehehe hehehehe hehehehe
ihe pa, i’i zawxi umyrypar ka’i wanupe. I’i a’e kury. Umuzegarzegar ma’u te zekaipo
izupe wà. Aze erezeupir wer ezur iwate oho iko nezewe re a’e kury. Zawaruhu
xe. Nerupir haw nererur no pa. I’i ka’i xiawxiaw ire, xiawxiaw ire.
zawxi pe wà. Herupir pe ty wà. Hemyrypar
wà, i’i wanupe kury. Urupir zawxi weraha
a’e ’ar mehe iwate wà, inaza ’yw rehe wà

1 Hàwykàgwer: é o que segura as palhas; são os sustentáculos da palha; é o talo maior que fica no meio.
2 hiwykàgwer ipo’om: o pé de inaja não possui galhos e portanto os macacos deixaram o jabuti enganchado no meio do tronco. Ipo’om significa entre os galhos. Já hiwykàgwer significa as 6Há uma pausa aqui depois de zawxi.
3 palhas do pé de inaja. 7Existe uma variação dialetal em que ora temos i’u wer xi ora temos u’uwer xi.
4 uzipiaka [udipiaka] fala da aldeia de Ta’imi 8
Ezàpumi varia com edapumi!!
5 Iwipe varia com ywypw na aldeia Ta’ymy ~ ta’imi.
Hàzahy
hàzete
82 83
Hàz # ipuràgete
Esta é a estória do tempo em que
os animais conversavam entre si

Lauro Lopes Guajajara


(Aldeia Taymy)

A’a (=a’e) tekoko zegar romo ihe. Nere- iherinu ty, i’i záwàruhu zawxi pe. Nàn xe H á muito tempo atrás, o Jabuti estava
indo pela mata. Ele (o jabuti) estava
procurando a comida dele e se deparou
mas deixaram-no no meio do tronco (do
pé de inaja). Os macacos então foram
embora, ou seja, abandonaram-no lá em
pra onça: mas eu posso te machucar com
meu peso. Desça assim mesmo, amigo!!!
Disse a onça para o jabuti!!! Está certo
mu’em ne ty, i’i zawaruhu izupe. Uruzuka kwaw a’e ty, i’i zawxi zàwàruhu pe. Aipe
ta ihe kury ty. Zekàmehem a’e wà kury. pe ywytyr apyr zaha ty, i’i zawxi izupe com vários macacos. Eles (=os maca- cima covardemente. Como o jabuti queria então!!! Lá vou eu!! Amigo!! Feche os
Uxe oho ywykwar rupi izuwi. Upyhyk a’e kury. A’e pe zo katuahy. Eremur tuwe cos) estavam comendo inaja lá no topo descer lá de cima, sacudiu-se, movimen- olhos, disse o jabuti pra onça. Após o
hàtymà rehe. Kwa!! Ywyrapo rehe epyhyk hewe ty, i’i zàwàruhu zawxi pe. Opokok do pé de inaja. O jabuti pediu inaja aos tando com os braços e pernas. jabuti saltar, a onça quebrou o rosto dela
ty hemyrypar. Epyhyk kwez ty, I’i ma’u xi haikwar rehe. Tuwe ri ty!!! Zaha we macacos e, então, os macacos derruba- Naquele mesmo dia, uma onça estava todo. A onça então se machucou muito
zawxi izupe no. Upuwyr zawaruhu izuwi. ty! Tuwe xihem zaha pe katuahy hape ram as cascas de inaja para o jabuti. O indo caçar na mesma direção, onde o pelo peso do jabuti. O jabuti disse então
Uruzuka ta ihe ty. I’i zàwàruhu zawxi ri ty. Uhem oho a’e pe wà. Zawxi uxe jabuti, então, comeu a casca de inaja Jabuti estava. Ela estava desconfiada (ob- à onça: eu te avisei. Daí, depois de a onça
pe a’e. Naikatu kwaw hezukahaw ty. I’i oho ywykwar rupi izuwi a’e kury. Erexe que estava saborosa para ele (o jabuti). servando, atenta) demais. A onça chegou quebrar a cara e o nariz, o jabuti foi-se
izupe!! Aze hezuhez xe. Nezewe zo xiapo zepe ereho kwez. Uwàro xi uin ywykwar O jabuti disse: ôoo meus amigos, ôooo até o pé de inaja, onde estava o jabuti. Foi embora dela, cantarolando e debochando
aipo xe. Eremur nerekwar ihewe, i’i wà. ukem a’e kury. Uwàro tete a’u xi uin meus amigos, deem-me mais (casca de então que a onça viu a sombra de algo da onça.
Katu ty. I’i zawxi. Ihe ràgàpy nerehe ty. a’e kury. Uzuka zàwàruhu izypytupyk inaja). Os macacos, então, disseram para se mexendo no chão. A onça então pulou Hehehehe hehehehe hehehehe
Nan, I’i zàwàràhu zawxi pe. Ihe ràgàpy ty,
i’i zawxi zàwàruhu pe. Ta’e pixika’i ihe xe.
haw, umauhez haw, ziwez haw. Upaw he
ma’emume’u kury pa!!!
o jabuti. Não jogaremos outras (cascas)
para ti. No entanto, se você quiser comer
mais, suba aqui (na árvore) também!!
na sombra dele (do jabuti) achando que
podia pegá-lo. O jabuti falou para ele. Eu
estou aqui em cima (continuo no mesmo
Pôoooo ... uma outra onça ouviu
alguma coisa!!!! Ele, o jabuti,
estava indo cantarolando. Quebrei a cara
Omono zàwàruhu wazkwar zawxi pe, Aze
umumaw zawxi uma’erekohaw. Ihe aipo Pôoooo....mas como!!! Não sei subir não, lugar). A onça olhou para o jabuti lá em da onça.
o Jabuti disse para os macacos. Então os cima e viu ele lá. O Jabuti disse para a Hehehehe hehehehe hehehehe
macacos falaram para ele: caso queira onça: desejo descer daqui, amigo. Como Quem será que está me chateando, canta-
subir aqui em cima (no pé de inaja), nós a onça desejava comer o jabuti, ela diz: rolando? Disse a outra onça ouvindo. Eu
subimos você. O jabuti disse a eles: vocês, caia (aqui) embaixo meu amigo!! Venha quero ver logo (esta pessoa). Depois de
então, me conduzam. Os macacos então e caia aqui meu amigo nos meus braços!! ter quebrado o nariz da onça ... cortado
levaram o jabuti lá para cima, no pé de Eu te seguro quando você cair. A onça o nariz. Essa pessoa está falando desse
inaja. Eles levantaram o Jabuti até o topo, disse para o jabuti. Ah!!! O jabuti falou jeito. Quero ver esse moleque. A onça foi

84 85
esperar lá na frente. O jabuti chegou até primeiro, cara!!! Não, a onça disse para
a onça. Ah é você, engraçadinho, que está o jabuti. Eu primeiro, disse o jabuti para a
mangando de mim!!!! A onça falou pra onça. Porque eu sou menor do que você!!
ele. Você que está aí cantando: quebrei A onça, então, ficou convencida de dar as
a cara da onça!!! A onça falou pra ele. nádegas ao jabuti. Quando o jabuti ter-
Eu estou cantando outra coisa: quebrei a minou o serviço dele, é minha vez agora,
cara do veado!! disse a onça para o Jabuti. Não é aqui, dis-
Hehehehe hehehehe hehehehe se o Jabuti para a onça. Vamos lá em cima,
Eu estou cantando é assim ... Você está no morro, disse o jabuti para a onça. Só
mentindo, a onça disse pra ele. Vou te naquele lugar é bom!! (=limpo)!! Você me
matar, então. Correram um atrás do outro. dá logo, a onça disse para o jabuti. Tocou
(A onça) segurou na perna do jabuti. Ah ... nas nádegas do jabuti. Espera aí. Vamos
você segurou na raiz, amigo!! Peguei!!! andar um pouco mais! Deixa nós chegar-
O jabuti mentiu para ela!! A onça soltou mos no lugar bom, lá em cima. Chegaram
a perna dele. Agora eu te matarei. A onça lá. O jabuti entrou no buraco e fugiu da
falou para o jabuti. Me Matar não é bom. onça. Você pode até ter entrado, mas um
O jabuti falou para ela. Se você quiser me dia você vai sair. Ela ficou lá esperando na
comer. Só se nós fizermos assim. Você me entrada do buraco (por vários dias). Ela
dá nerekwar, disseram um pro outro. Tá esperou muito. Então, a onça morreu de
certo!! Disse o jabuti. Primeiro eu!!! Eu, agonia, de fome, de sede e de estresse.

86 87
88 89
90 91
92 93
94 95
96 97
Proposta de sistema de quantificação numeral
na língua Guajajara

Proposta de Taiwan
Aldeia Bacurizinho

98 99
01 - Pitài 70 - Pokoz pa
02 - Mokoz 80 - Po`iruz pa ou Poruz pa
03 - Na`iruz 90 - Porugtu pa
04 - Zeirugatu Proposta de Praxedes
05 - Po
06 - Potài 00 - Nahetaz
07 - Pukoz 01 - Pitài
08 - Po`iruz ou Puruz 02 - Mokoz
09 - Porugatu 03 - Na’iruz
10 - Pa 04 - Zeirugatu
11 - Patài 05 - Zeiruigatu
12 - Pakoz 06 - Na’irugatu
13 - Pa`iruz 07 - Na’iruzrugatu Músicas transcritas
14 - Parugatu 08 - Zeiruzhugatu
15 - Papo 09 - Na’iruzhugatu
nas Terras Indígenas
16 - Papotài 10 - Po paw Maçaranduba
17 - Papokoz 11 - Pitazgatu e Arariboia
18 – Papo’iruz ou Paporuz 12 - Po mokoz
19 - Paporugatu 13 - Po nairuiz Junho de 2015 a 2017
20 - Mokoz Pa 20 - Mokozgatu
21 - Mokoz patài 21 - Mokoz pitàz
22 - Mokoz pakoz 22 - Mokohugatu
23 - Mokoz pa’iruz ou Paruz 23 - Mokoz a’iruz
24 - Mokoz zeirugatu 24 - Mokoz zeirugatu
25 - Mokoz papo
26 - Mokoz papotài
27 - Mokoz papokoz
28 - Mokoz papo’iruz ou Paporuz
29 - Mokoz paporugatu
30 - Na`iruz pa
40 - Zeirugatu pa
50 - Po pa
60 - Potài pa
100 101
uzemunyz (o) azuru iko (ne)ku’em (a) pe zote
Produção de Sapula Guajajara
(Aldeia Maçaranduba)
(ne) ku’em ape zote III
uzemunyz (o) azuru iko
(ne) ku’em ape zote
Ahê hê hê hê hê hê hê Zawato
Ahê hê hê hê hê hê hê

I Ahê hê hê hê hê hê hê uzemunyz (o) pikahu iko neku’em (a)pe zo te


Ahê hê hê hê hê hê hê uzemunyz (o) pikahu iko neku’em (a)pe zo te (O) Zawato wyra
AZURU Zawato wyra hehehe
uzemunyz turu pezàg Ahê hê hê hê hê hê Ku’em (a) pe
(ne) ko’em ape zote hê (he)kon aipo
Ahê hê hê hê hê hê hê
uzemunyz turu pezàg hehehehehehe
(ne) ko’em ape zote
(O) ku’em(a) pe
Ahê hê hê hê hê hê hê Hekon aipo hehe
Ahê hê hê hê hê hê hê (zai)ko zaneà kury
zazemu’e zaiko kury
uzemunyz wyra kyky iko
(ne)iku’em(a) pe zote (O) Zawato wyra
Zawato wyra hehehe
uzemunyz wyra kyky iko Ku’em (a) pe
(ne)iku’em(a) pe zote am aipo
Hehehhehhehehhehh

Ahê hê hê hê hê hê hê Ku’em (a) pe


Ahê hê hê hê hê hê hê Zawato wyra hehehe

uzemunyz zawato iko


(ne)ku’em (a) pe zote

uzemunyz zawato iko


102 II 103
III
Arar IV
Zemur heihem arar iko wà APYTÀWÀ
Nekar rukape zote heheh Wyràkà rehe ne memyr (a) pytàwà

Zemur heihem arar iko wà heheheheheh


Nekar rukape zote hehehe
Wyràkà rehe ne memyr pytàwà
(Oooo) a’e wà
A’e pe hehehehehhehheheh

a’e wà (O) Wyràkà rehe ne memyr pytàwà


A’e pe
hehehhehehhehehe
ahehehehehehehhehe
Wyràkà rehe ne memyr pytàwà
Zemur heihem arar iko wà
Nekar rukape zote heheh ahehehehehhehehehehe
Zemur heihem arar iko wà
Nekar rukape zote heheh Wyràkà rehe ne memyr pytàwà
(Oooo) a’e wà Ahehehehehehehehe
A’e pe
Wyràkà rehe ne memyr pytàwà
ahehehehehehehhehe Ahehehehehehehehe

upàryrym ne maraka iko


nekaruk (a)pe zote

upàryrym ne maraka iko


nekaruk (a)pe zote
104 105
Produção de Toninho Guajajara
V (Aldeia Juçaral)
ZUTU
Zutu wyra
I
9
Zutu wyra
Turu pezàna’e
Oxo orire Iku’em kwaw katu wyra iko
Tururizu
Aheheheheheh Iku’em kwaw katu wyra iko
Tururizu a’e
Korokoro (w) a’e
Oxo orire ahehehe
ahehehe
Zutu wyra ahehehe
Zutu wyra ahehehe
Turu pezàna’e ahehehe
Oxo orire
Aheheheheheh

A’e hehehehehehehhehehe

9 Esta música é cantada da madrugada, durante a festa da menina moça.


106 107
II
10

Ipurahu Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko III


Wyrazu wyra Ipurahu Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko
ZAWXI KUZÀ
zawxi kuzà hahehehe

Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi hahehehe


Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi hahehehe
He wyrazu wyra hehehe hahehehe

hahehe Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko


hahehe Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko
hahehe
Hezawxi kuzà hahehehe
Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi
Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi hahehehe
He wyrazu wyra hehehe hahehehe
hahehehe
hahehe
hahehe Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko
hahehe Ipurahu katu iko zawxi kuzà iko

Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi Hezawxi kuzà hahehehe


Umuáruwàm katu tuwe karuk winu wi
He wyrazu wyra hehehe hahehehe
hahehehe
hahehehe
10
Primeira música cantada na abertura da festa da menina moça.
108 109
IV
ZEMUE MA’E WÀ V11

Wyrazu wyra
Oho putar waiko wà
Uzemu’e ma’e wà
Iwazay karuk wyra uwin nà ra’e
Iwazay karuk wyra uwin nà ra’e
Ohoputar wà
Uzemu’e ma’e wà
he ha he he ha he he he he
Mowek zaiko no
zanerukar ikaruk ke
ahehehe
he ha he he ha he he he he
ahehehe
ahehehe
zanerukar ikaruk ke
zemu’e ma’e wà zegar papar wa iko wà
oho putar wà

ahehehe
ahehehe
ahehehe

11 Abertura da festa da moça. Esta é a número um da festa da moça.


110 111
VI VII
Warizu Ahem tuwà xe

Umuàruwàn gatu karuk winu wi Aiko ahem tuwà xe


Umuàruwàn gatu karuk winu wi warizu Aiko ahem tuwà xe
Ahem tuwà xe
Ahe he he Wazegar haw pe
Ahe he he Wanupe
Ahe he he
hahehe
Umuàruwàn gatu karuk winu wi warizu hahehe
Umuàruwàn gatu karuk winu wi warizu Ahem tuwà xe
zemu’e haw pe
wanupe

hahehe
hahehe
hahehe

112 113
IX
ARAR
VIII
AZURU HUWAZWER

Wyzay piràpiràng iko ra’e


Wyzay piràpiràng iko ra’e
Ikatuahy tue ne àkàgetarà ra’e
Ikatuahy tue ne àkàgetarà ra’e Arar he he he he he
Azuru huwazwer iàkàgetarà Arar he he he he he

hahehehe Wyzay pukupuku iko ra’e


hahehehe Wyzay pukupuku iko ra’e
hahehehe
Arar he he he he he
Arar he he he he he

114 115
Léxico Guajajara colhido
durante curso
na Aldeia
Maçaranduba
Junho de 2015

karaiw remitym: pé de acerola/pé de fruta de karaiw amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i pyhaweteahy
wahu harywer: cacho do côco weaw ’yw: pé de goiaba
A chuva fez buraco no chão ante ontem de manhã
iaru pykwer: pele de côco i’a pihun pegwer: pedaço de vidro preto; caco de vidro;
peinu aipo? vocês estão me ouvindo
iàkàg: cabeça ywyxig: areia
urenu kwez: nós estamos ouvindo amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i akwez mehe
màg: manga ezur tentehar ze’eghaw zemu’ehaw pe kury: vamos continuar os estudos na língua
A chuva fez buraco no chão na semana passada
Àg: este/esta Tentehar;
kaw hàtàm kwez hekon mehe: casa de maibondo amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i pitàz zahy mehe
muhàg: remédio typyz ywy ’ok: casa feito de barro
ainu peze’eg aiko ihe: estou ouvindo vocês A chuva fez buraco no chão no mês passada
e’u muhàg: tome o remédio kawyrán hiru kwer: lata de cerveja já usada; seca;
urenu kwez: você me ouviu agora mesmo
pino: palha zawar repuxi: côco de cachorro;
urenu kwez: nós te ouvimos
pino kàg: talo da palha ywyrapwe: tábua;
urenu kwez ihe kury: eu ouço vocês arara piràgahy: arara vermelha;
ywyra: pau, madeira ywyrapewikwer: pedaço de tábua;
ipyhàhu: dedo do pé grande
ywyra ka’i: galho de pau yryrimaw: limão;
inemuràn ràxi: arame farpado; ipyhàhu hakehar: dedo do lado do dedão; segundo dedo;
apegwer: pano de enxugar louça; pano de limpar o chão do banheiro; yrimaw ’yw: pé de limão
inemo: fio de algodão; fio que faz rede ipyhà myter: dedo do pé do meio
typyz izita: pilar da casa; yrimaw ruwer: folha de limão
kyhaw inemo: fio de rede ipyhá miri hakehar: dedo do lado do dedo pequenininho
typyz ikita; o esteio da casa; pilar da casa; kupyz ’y kyr a’i: pé de cupu pequeno
inemoràn: fio de arame; ipyhá miri: dedo do lado do dedo pequeninim
ka’a pi’i: capim kupuz ’yw: pé de cupu
inemo ipiràg ma’e: fio que é vermelho
ka’a kyr: relva, mato pequeno;
inemo xig ma’e: fio que é branco; wyramiri hiru: gaiola de pássaro
Tahyw: formiga
inemo pihum ma’e: fio que é preto; màg: manga
tahyzu: formiga lava pé = vermelha pezemu’e ze’eg tehaw ze’eghaw rehe: vocês têm de aprender a falar na língua
kyhaw wapykwer: punho de rede; màg ’yw: pé de manga
tapi’izuhu: formigão
màg ’yw zipykwer: tronco de pé de manga;
ywyra zypykwer: tronco velho azemu’eputar tenetehar ze’eg rehe kury, aitykputar karaiw ze’eng ihe kury. Estou
amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i mág rapokwer: raiz;
ywyra ka’i: graveto falando na língua de Guajajara, vou parar de falar na língua de Karaiw.
A chuva fez buraco no chão ante ontem awaxapo: arroz;
weaw: Goiaba
awaxapo hariwer: caixinho de arroz;
herurywete aiko kury, ta’e ze’egete azupyhyk ze’egeteaw
amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i (karu mehe) ywyra kwer: pedaço de madeira;
Estou alegre, porque estou apresendendo a falar a minha própria língua
A chuva fez buraco no chão ontem à tarde ywyra izipykwer: tronco;

116 117
e-ho nehe ne-r-ekohaw pe
você vá FUT sua aldeia para
‘Vá para seu povoado.’

muite ereiko neà


longe você mora você
‘Você mora longe.’
yripaw wera’i: pocinho de água suja;
ezur pihawe
mehe no 8 ‘or mehe
tuzuk: lama; kwàhu: dedo grande da mão, polegar
volte amanhã tempo também às oito horas
zapukaz kuzà: galinha fêmea; kwàhu hakehar: dedo que está ao lado do polegar; segundo dedo da mão:
‘Retorne amanhã às oito horas.’
zahakaw: banheiro; kwà myter pe har: dedo que está no meio; dedo do meio:
aka’aw: eu defeco; kwà miri hakerar: dedo que está ao lado do dedinho, quarto dedo:
azurputar-i ihe nehe 8 ’or mehe no
akakaruk: eu mijo; kwà miri: dedo pequeno; dedinho:
eu voltarei-AFF eu FUT 8 horas quando DISC
ka’a pinem: mastruz;
pihewe nehe no.
ka’i a’yr: macaco novo; ---
manhã FUT
ka’i uhu ma’e: macaco velho; ikatuahy aipo kury!!!!!
‘Eu voltarei amanhã, quando for oito horas.’
ka’i hu: macaco cairara; Muito obrigado:
ka’i ete: macaco prego;
piraràn: tambaqui
tahyzu: formiga lava-pé
tapi’ak ka’yr: bezerro; Fala do homem:
wiko Sapula wàpyz me: Sapula está em casa.
wazahy: coca; Akerakerputar aha po ihe rihi kury pa.
hepirakor ihe à no: estou suado; Eu vou dormir agora (porque estou cansado).
i-maranugar aipo a’e kury
kuzàtà’i ima’uhez a’eà no. Moça está com fome;
3SG-estar com vergonha PART ela PART
aikuwez purumu’e ma’e oho a’eá. Fala da Mulher:
‘Ela está com vergonha.’
Wyàmon: frieira Akerakerputar aha po ihe rihi kury ma.
ipyzhá miri: dedo pequeninim Eu vou dormir agora (porque estou cansada).
Heta wer ru’u aipo.
Vou olhar se ainda há
Tepyhaw ràn a’i: folla pequena que é utilizada para varrer a casa.
Numerais:
Ta’e ihe uruputar a’e pe
pitai: um
Por isto vou precisar de você lá
mukuz: dois
nairuz: três
Peze’eg tetea’u tentehar ze’eghaw
zu’irugatu: quatro
zu’iruirugatu: cinco
Ta’e ihe apuputar xe.
nepopaw: dez
Por isto eu preciso de vocês.
nepopaw wak nepy rehe: vinte
118 119
5. Teko wazemono’og haw
Aenuràm aha putar rihi Espaço interativo
Vou ouvir
6. Ma”e temi”u itymar wanekohaw
Herekuhape kwehe mehe nehe no Espaço produtos e produtores
Vou para minha cidade
7. Awa zahakaw
Azywyrputar tuà xe nehe no Banheiro masculino
Voltarei aqui
8. kuzà zahakaw
Aenurám peze’egete mehe kury Banheiro feminino
Vou ouvir vocês falarem na língua de vocês agora.
xirur wyrmo har: cueca 9. Teixè haw
xirura’i: calcinha Entrada
hekàm riru: sutiã; o que segura o seio.
xiru puku: calça 10. Hem haw
herapi’a: ovos dos homem; testículos. saída
temo rerapi’a: testículos do pênis do homem; 11. Teko waze’eg haw wazegar haw
herekwar: bunda de alguém. Palco
Zamaw: sabão
12. Ma’e imekuzarhaw
Itens referentes à culinária Caixa
Traduzido por Moisés Guajajara
13. Kàwi ‘u haw
1. Tuihawer temi’u iapo kwapar wanekohaw Bar
Espaço chefs e restaurante
14. Temi’u temimutar hexakaw
2. Temi’u narewahy hetahaw cardápio
Espaço petiscos lanches e doces
15. Ma’e iapo pyr ràm hexakaw
3. Temi’u rehe zemu’e haw Guia de programação
Espaço aula
16. Temi’u ipupe imonopyr imume’u haw
4. Temi’u iapohaw zekwa haw pe har Receita
Espaço cozinha ao vivo

120 17. Pape pixika’i ime’eg haw 121


Bilhete

18. Narewahy hem haw


Saída de emergência

19. Teko wexakar wemi’apo oho iko wà


Expedição

20. Ma’e i’u pyr iapo katete’ahy har


Programação gastronômica

21. Ma’e imu’ete haw


Festival (festivais)

22. Brasil pe umu’ete ma’e hetahaw a’e


Festival fartura de comidas do brasil

23. Teko waner hexak haw


Contato

24. Ma’e tete’a’u rehe


Sobre fartura

25. Temi’u pupe imonopyr imuhez katuhaw


ingrediente

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