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ficha técnica
Apresentação 5
Povo e Língua 8
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Localização e demografia 9
FACULDADE DE LETRAS - UFMG Atividades econômicas e organização social e política 9
Aspectos culturais 11
O tronco Tupí e a família Tupí-Guaraní 12
LABORATÓRIO DE LÍNGUAS INDÍGENAS | LALIAFRO Fonologia e Ortografia Guajajára 16
Tentehar wyrahu imemyr kury 22
Coordenador:
Professor Doutor Fábio Bonfim Duarte Amume’u putar zawaruhu rehe ma’e mume’u haw ihe kury 28
Pytun hyru ika awer ku’em heta wàm kury 31
Organizadores: Ka’a rehe ma’e imume’uhaw 35
Fábio Bonfim Duarte Oho zu’i apitaw ipynikaw pe 39
Cíntia Maria Santana da Silva Pytun hyru ika awer (2) 42
Quesler Fagundes Camargo Tata pyhyk awer rehe 45
Ricardo Campos Castro Tupàn uzapo zahy a’e 47
Zàwàruhu a’y rehe wà 49
Projeto Gráfico e diagramação: Àkàgwer 51
Sília Moan da Silva Kuzà izapo awer 55
Ma’e zehu izypy mehe arer imume’u haw 57
1º EDIÇÃO – Dezembro de 2017
Tupàn kanu zapo awer 59
Amo kuzà rehe ma’e imume’u haw tapi’ir rehe wà 61
Belo Horizonte
Zahytata rehe ma’e imume’u haw zahy rehe wà 65
2017 Amo ma’e imume’uhaw Tupàn rehe, kwaharer rehe kury 67
Mair kyhaw iapo awer 69
Tyràm heta àwàm Tentehar wanupe 71
Tupàn àmàn herur mehe awer 73
apresentação
linguística que desenvolvemos na Terra Indígena e Africanas da Faculdade de Letras da UFMG
Arariboia, aldeia Hamy’yete. Ele contou com a (Laliafro). Esta é ainda uma edição experimental,
supervisão das professoras Cíntia Guajajára e de sorte que pretendemos expandi-la em etapas
Tuíra Guajajara e com a participação coletiva futuras de nossa cooperação linguística com os
dos professores indígenas envolvidos com as povos tenetehára.
atividades dos ‘saberes indígenas’.
Ademais, acreditamos que este tipo de lite-
A s narrativas que disponibilizamos nesta co-
letânea são o resultado de um esforço con-
junto de buscar estratégias para contribuir com a
Os Tenetehára habitam atualmente duas
regiões distintas. Os Tembé residem na região
correspondente ao alto do Rio Gurupi, divisa
Este material tem por objetivo permitir que
os professores obtenham acesso a instrumentos
ratura pode contribuir com o letramento e com
o aprimoramento linguístico dos professores e
culturais que lhes permitam dominar a moda- dos alunos nas escolas tenetehára. Em grande
documentação cultural e preservação linguística entre os estados do Pará e do Maranhão, en- lidade escrita de sua língua nativa. Além disso, medida, as narrativas tratam de temas relaciona-
da língua Tenetehára Guajajára, tendo em vista quanto os Guajajára estão localizados no interior espera-se que este volume estimule o gosto dos ao imaginário cultural dos Tenetehára. Tais
que essa é uma língua falada por apenas cerca do estado do Maranhão, mais precisamente, na pela leitura e escrita, de modo a desenvolverem narrativas constituem-se de estórias colhidas
de 25.000 índios e que está fortemente ameaça- região correspondente ao vale do Rio Pindaré, o apreço pela língua nativa; cubra aspectos da e transcritas durante os cursos de formação de
da, tendo em conta a pressão que o contato com nas proximidades da cidade de Santa Inês, e ortografia da língua Guajajara para serem traba- língua tenetehára, ministrados por nós durante
a língua portuguesa impõe a seus falantes. Como nos municípios de Amarante, Arame, Barra do lhados em sala de aula; sirva como material de as várias idas às aldeias.
resultado, muitos indígenas vêm abandonando a Corda e Grajaú, dentre outras áreas. Os índios leitura a ser utilizado no ensino intensivo da es-
sua língua nativa, situação que não é desejável, Tenetehára constituíam no passado uma grande crita e da leitura de crianças, jovens e adultos. Em Prof. Fábio Bonfim Duarte
pois uma língua, para manter-se viva, precisa ser nação tupí-guaraní que habitava os rios Pindaré suma, esperamos que essa publicação contribua Professor Doutor da Faculdade de Letras da UFMG
repassada para as gerações mais jovens, do con- e Caru, no Estado do Maranhão. Segundo registro com que alunos e professores encontrem suporte Profa. Cíntia Maria Santana da Silva
trário corre risco de desaparecer. Dessa maneira, de cronistas e colonizadores nos séculos XVII e adicional para as atividades de alfabetização e Professora indígena/Lagoa Quieta/TI Araribóia
acreditamos que esta iniciativa pode permitir que XVIII, o território original dos Tenetehara (Tembé leitura em sua língua materna. De modo geral, as Prof. Doutor Quesler Fagundes Camargos
os Tenetehára tenham maior controle social das e Guajajara) deve ter sido a região do vale do rio narrativas foram produzidas com a coordenação Professor Doutor do Departamento de Educação
relações linguísticas, interculturais, econômicas Pindaré. da professora Cíntia Guajajára, Tuíra Guaja- Intercultural da UNIR
e políticas, e possam ter acesso a instrumentos jara, Moisés Guajajara e Zezico Guajajara, Prof. Doutor Ricardo Campos Castro
culturais que lhes permitam dominar a modalida- O material que apresentamos neste livro foi residentes da Terra Indígena Arariboia, dentre Pós-doutorando em Linguística. UNICAMP/FAPESP
de escrita de sua língua nativa. produzido durante as oficinas de revitalização vários outros professores indígenas. Este mate- (Proc. 2017/09615-9)
rial contou com a coordenação e supervisão do
Laboratório de Pesquisas em Línguas Indígenas Belo Horizonte, dezembro de 2017
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povo e língua Localização e demografia
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aspectos culturais
Atividades econômicas
e organização social e política
8 9
O tronco Tupí e a família Tupí-Guaraní
ORGANOGRAMA 1:
Famílias linguísticas do Tronco Tupí
A s línguas indígenas do Brasil, por apre-
sentarem semelhanças nas suas origens,
tornam-se parte de grupos linguísticos que
são denominados como famílias linguísticas.
Essas famílias, por sua vez, fazem parte de poruborá-
grupos maiores que são designados como
ramarama
proto-tupí
não são agrupadas em troncos. E, por fim, há arikém e Tembé) pertence à família Tupí-Gua-
também línguas isoladas, que por não terem raní. O Tenetehára apresenta muitas
uma quantidade satisfatória de similarida- semelhanças linguísticas com o Asu-
des entre si e com outras línguas indígenas juruna riní do Tocantins, o Avá-Canoeiro, o
brasileiras, não são agrupadas em famílias Parakanã, o Suruí do Tocantins e o
linguísticas. munduruku Tapirapé (Ramo IV).
10 11
Fonologia e Ortografia Guajajára Fonemas consonantais e vocálicos
média e
o
baixa a
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15
1. REGRA DA ALESSANDRA: O fonema /s/ é grafado pela letra x. Este
grafema possui, pelo menos, duas realizações fonéticas, a
saber: um som alveolar /s/ diante de /a, e, o, u/, uma africada
Ortografia e resumo alveopalatal /t/ diante do /i, e/ e //.
de algumas regras xapinaw: tesoura 2. Regra do Sebastião: O fonema /z/ muda para o glide /j/ em 3. Regra do edilson: Em alguns dialetos da região do Bacurizinho,
fonológicas propostas kuxà: forma carinhosa de se referir a uma adolescente; fronteira de palavra e diante de outra consoante. Todavia, o fonema /z/ varia como /s/, quando este fonema ocorre em
tuwixaw/tuwitaw/tuwihaw: chefe mantém-se /z/ quando este ocorre diante de outra vogal. início de palavra.
até o momento durante z j em fronteira de palavra e diante de outra consoante:
pixàna’i gatinho
o curso de formação xikwaw nós sabemos
línguística na terra ixi nariz do fulano moj# zukyr > sukyr ~ zukyr
Indígena Bacurizinho xiroahy muito engraçado, muito brincalhão, provocar, judiar moj kwer zuwàir > suwàir
xigwer bico do tucano mozuhu zuàir > suàir
xixi’u : muriçoca zu’í > su’i
xig branco tàpuj# zapukaz > sapukaz
xigahu pássaro que tem rabo bem grandão tàpuj kwer py zorozorok > py sorosorok pé rachado
0. ALFABETO GUAJAJARA uxi’u mordeu ele tàpuzuhu zapepo > sapepo
ximor: fumaça zurar > surar polícia
A, À, E, G, GW, H, I, K, KW, xiàro [terra indígena bacurizinho] ~ xioro [variação dialetal aldeia mangueira] zanu > sanu aranha
’, M, N, O, P, R, T, U, X, W, Y, Z pitxán: gato tàmuj# zawxi pekwer > sawxi pekwer outro nome para polícia
erexe você entra tàmuj pihun zuwiri > suwiri sereno
uxe ele entra tàmuzuhu zoromoapyw > soromoapyw melância
= ’ Chama-se na língua de ka’i ruwaz xe::::
xepe ~ xape
Exclamação!!!
deixa pra lá, não importa!!!
tàmuza’i zoromopyw melância [variação livre nas aldeias]
zoromokawok > soromokawok [arariboia]
mixumixu sanguessuga zoromokaok > soromokaok > [bacurizinho]
xa sal tapoj # surumukaok [Cana Brava]
xehar aquele ou aquilo que é daqui heropoj#
xu espinho tapoj pyahu zuraw > suraw jiral
xe aqui tapoj ràm zape’ok: sape’ok → descarregar
xehar wà aqueles que são daqui tapoj izukwer zutywar → sutywar
xeàràmo que vai ficar aqui tapozuhu zozok: soluço, arrotar não há variação
oxoxok ele pila tapozete mozozokar: fazer / causar o soluço, arrotar → não há variação
moxoxok carrapicho tapodiaikwer – “regra do kali”
paxok paçoca
xo a’e só ele hesaj#
oxororom lugar em que a água não acaba nunca = cachoeira hesazuhu
uxorok rachar
16 17
4. Regra do kali: O som /z/ se realiza como [d] diante de todas 4.4. Diante de /u/
as vogais, na Terra Bacurizinho, conforme exemplos a seguir: 4.6. Diante de /i/
izupe ~ idupe ~ idupe
zezu ~ zuzu ~ [dudu] izikahy ~ idikahy
4.1. Diante de /a/ 4.2. Diante de // zurumu ~ xurumu [terra Cana brava] ~ zoromo [na fala de arariboia e bacuriz- izi’itahy ~ idi’itahy
nho, Pindaré e Morro Branco]: abóbora ezimumik pa/ty/ma/kyn ~ edimumik pa [estar triste]
d(e)ap ‘transformar, fazer algo , algo que se transforma d’k ~ z’k: ‘despregar, arrancar, colher’ duruwewez: lavar a boca [fala de bacurizinho] izikahy ~ idikahy
zapo ~ dap ‘fazer’ dmog: ‘colado’ zuruhehez: lavar a boca [fala de ararimoz] izi’itahy ~ idi’itahy
dazuwr ~ zazuwr ‘maduro’ dommr ~ zomomor: ‘pular, se jogar’ ezimumik pa/ty/ma/kyn ~ edimumik pa [estar triste]
api’adk: ‘capar, castrar’ ereduka
dapw ~ zapw: zapew ‘baixo’ d’~ z’: ‘represar algo, obstruir algo’ zezu ~ zuzu ~ dudu peixe da família da [= tari’yr] Ocorrências diatopicamente determinada:
d’~ zai’ ‘chorar’ zuri > duri: vem [adiwyr]: aldeia bacurizinho
dapewa’i ~ iapewa’i zapewa’i baixinho madu’a ~ mazo’a ~ mad’a: ‘mamona’ [forma de Grajaú] zu’i > du’i sapinho [azewyr]: aldeia hamy’yete
màkàzàn: ‘mamona’ [forma de Ararimoz] zuru > duru boca [azuwyr]: ocorre nas aldeias que se situam na beira da rodovia
dapkwr ~ zapkwr: zapekwer ‘casca’ di’k~ zi’: ‘desgrudar, soltar, desatar’ mozuhu > moduhu [aiwyr]: Pindaré
dapakwar ‘algo (pode ser a cobra) que está enrolada’ uzuka > uduka [adiwyr]: Tembé
dapiakwar ‘ouvido’ 4.3. Diante de /à/ akazu > akadu
edar ~ ezar ‘deixar’ idàkàg ~ ijàkàg zuzu > dudu grude ziazuahy ~ diazuahy
idar ~ izar ‘dono’ dàwàwàn ~ zàwàwàn: ‘se embrulhar em algo’. uzuk > uduk velho
udàn ‘correr’ dàkym ~ jàkym : ‘molhado’ 4.7. Diante de /e/
kàdà’ ‘mulher’ dàkwen ~ dàkwen: ‘algo rápido’ zekaipo ~dikaipo ~dekaipo
idaw ‘algo que cabe, serve’ dànàg ~ jànàg: ‘algo volumoso’ 4.5. Diante de /y/ zemu’e ~ dimu’e ~demu’e
hmidaz’ ‘pessoa que ri direto’ [região de grajaú] idànàm ~ jànàm: ‘parente dele’ Itazy > itady zemu’e (fala da região do bacurinho) ~ zemu’ (fala da região do arariboia)
hminaz’ ‘pessoa que ri direto’ [região de ararimoz] izànàm - idjànàm ukazym > ukadym falecer, desaparecer pezepyaka ~ pedepyaka : escute
zàpin ~ dàpin: ‘raspar cabeça’ itazyr > itadyr filha dele ezemumyk pa/ty/ma/kyn ~ edemumyk pa [fechar alguma coisa]
dàrukàg ~ jàrukàg: ‘costela’ zywyr > dywyr retornar ou beirada
udàmi: ‘espremer-se’ tazy machado
dàyw ‘desmantelado’ [itady]: é mais falado na terra bacurizinho, morro branco, barra do corda,
dà ’yw ‘pé de algo’ jenipapo.
izywyr ~ idywyr
18 19
5. Regra do Ivan: O segmento /k/ do sufixo {-katu} realiza-se
como {-gatu} sempre que ocorrer após a consoante oclusiva
velar vozeada [g] e após o glide [y]. Em outros contextos,
mantém-se a forma {-katu}.
pytàg katu > pytàgatu ‘quase maduro, bem vermelho’
piràg katu > piràgatu
herupehyz+ katu > herupehyzgatu
20 21
22 23
Tentehar wyrahu imemyr kury
inácio soares guajajara
xe ra’e ‘y, i’i izupe. Nememyr iputar haw pe taiho izupe. Wezyw tywyr wà wyràhu’i kar wyràhu’i pe ri’i ‘y, i’i izupe. Ta’e rakwez
T yky’yr uzemi’i kar ma’e romo hekon.
Tywyr wàpuz me hekon a’e no. Tyky’yr
ka’a rupi hekon zemi’i kar mà kury.
ywate a’e. Tywyr upyta iwy pe. Uwyky’yr
hemiriko pyr. Tyky’yr hemiriko uze’eg izu-
pe: erur nekyw xe rihi ‘y, i’i izupe. Weraha
azur kwez xe, i’i izupe. Azeharomo’ete aipo
ma xe ipyr ‘y, i’i izupe. Emono hemi’u, ezuwà
romo a’e. A’e ’ar mehe uzegar tyky’yr iko
a’e. Pytun katu umumaw uzegar pà a’e.
hemu’em wà ihewe a’e ri’i ‘y. Uzewyr rakwez
herywyr wà a’e ri’i, i’i mua’u ihewe. Aruzar
izupe ‘y, i’i izupe. Omono miar ho’okwer Ukeuker ku’egwer pe. Uhem ihy katu pe. rakwez ize’eg ihe ri’i no. Hamete aipo ‘y a’e
Amo’ar mehe, wexak wyrahu a’yr zuta’yw izupe kury. Uker a’e Tyky’yr ume’e ywate imemyr pe. Te uhu wà kury. Wyrahu uza- Wexak wyràhu’i iapyk awer pe. Uze’eg izupe ihe. A’e rupi azur kwez xe newe zexak
hàkà rehe a’e. Waity pupe hin mehe. wi zuta’yw wi hehe. Eme’e ty, i’i tyky’yr po kar umemyr zàwe katete. Te uhu wà, umemyr pe. Wyràhu’i wapyk wà xe a’e, kar pà ihe kury. Aruzar neze’eg aipo ihe. Ta’e
Uzewyr wekohaw pe wàpuz me. Umu- izupe kury. Ezàpixipixi zuwà ne rihi no, i’i hawitu paw rupi katete wà kury. Te hawer i’i ihy izupe. Ema’e zo izupe nehe, i’i urexak kwez ihe kury ‘y, i’i ihy izupe. Aiko tuwe
me’u wyrahu a’yr hexak awer uwywyr pe tyky’yr izupe. Wezyw tyky’yr wà zuta’yw paw rupi wà kury no. Ipepopepo wà. Amo uhy pe. Tahan heru’yw ipiaromo rihi, i’i tuweharupi ihe. Nereraha putar urepyr nehe
kury. Tywyr uze’eg izupe: zaha ipiaromo wi. Uzeupir tywyr oho zuta’yw rupi. ’ar mehe pezeagaw nehe kury i’i ywyrahu uhy pe. Werur u’yw kury. Omomor u’yw kury. Weraha uhy uzepyr a’e pe wanekon wà
nehe ty, i’i wyky’yr pe. Uwazar tyky’yr Wezyw mehe tyky’yr omonohonohok wanupe. Uwewe oho wà. U’ar tàri oho wà. imono wyràhu’i rehe. Uzawy mokoz haw kury. Uzegar waiko tuweharupi wà:
ize’eg izupe: zaha nehe ty, pyhewe zaha ywypo ywyra’i izàpixipixi awer izuwi Na’ikàg katu kwaw wazywa wanupe rihi. na’iruz haw rehe. Wyràhu’i upynykwaw
nehe, i’i izupe. Oho ku’egwer pe wà kury. kury. Ume’e tywyr wakykwer rupi ywy wyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm
Uzewyr waity pupe wà. Umumaw wer pitài u’yw wà, upyhyk iàkàg rehe. Upepepe-
Uhem oho a’e pe wà. Zuta’yw py pe kutyr kury. Wexak ywypo imonohonohok zahy wà rihi, waity pupe wà. Zahy imumaw pek upir heraha ywate kury. Te wenuhem
wà. Xe ty, aw zuta’yw rehe ty, i’i izupe. mehe a’e. Uzai’o tywyr a’e kury. Uzeupir ahe he he he
ire, uhem wi oho waity wi wà no, Nuzewyr heraha ywate waiho hàpuz me. A’e
Wyràhu imemyr waity pupe hin xe ty. wi oho wyrahu a’yr tupaw pe. Uzeàmim kwaw zuwà wà kury. Ta’e ikàg, upuner pe u’u kar paw ho’okwer paw waiho
A’e mehe, ximonohonohok ywyra’i nehe oho wyrahu haity iwy pe wyrahu ihy uwyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm
tue a’e wà kury xe. Upuner miar zukahaw wanupe. Ikagwekagwer weityk muwà
kury. Ximonohok ywypo nehe no. Ne- wi ukyze pà. Ta’e ywyrahu uzemi’i kar rehe wà kury. Oho waiko ka’a rupi wà kury. taw myte pe. Wexak ihy ikagwekagwer.
zewe mehe zo xe xipytakwar zane nehe. oho a’e xe. Uma’ezuka a’e. Ka’i uzuka uhapukaz terez nà,
Tuweharupi oho waiko nezewe wà. Amo ’ar Heityk awer pe. A’e re, wezyw tywyr wà
He’e ximonohok ty, i’i tywyr izupe. Upaw umemyr pe herur pà. Ume’e wexak tur mehe, ima’enukwaw wyky’yr hemiapo kwer a’e pe uhy ipiaromo. Ume’e ihy hehe
omonohonohok wà. uzeupir Uzizàpixipixi mehe. Ukyze katu izuwi a’e. Wyrahu ur ahe he he he (2x)
rehe . Uzeupe, uzai’o tuwe a’e. Ta’e hahy uzàzuan agaw zepe a’e. Nan, i’i izupe.
pà wà kury. Tyky’yr ràgàpy uzàpixipixi oho hake. Uze’eg izupe: ma’e erexak zuwà katu tuwe tyky’yr hemiapo kwer izupe a’e Ta’e azur kwez nepiaromo xe. Ihy uze’eg uhapukaz terez nà
xe. Ne erekwaw neremiapo ràm izupe ne, i’i izupe: nezewe rakwez neràky’yr uzezuka
ahe he he he (3x)
24 25
Tenetehára e a filha da Gaviâo
inácio soares guajajara
Logo, a gavioa veio perto dele. Então, chorou. Doeu muito aquilo que o irmão tava jogado. Depois disso, o irmão mais
O irmão mais velho vivia como caçador,
enquanto o irmão mais novo vivia em
casa. Certo dia, o mais velho, que vivia na
mulher de seu irmão. Ela disse para o
irmão mais novo: traga sua cabeça aqui
para que eu cate piolho. Então ele foi até
ela disse: o que você veio fazer aqui?
Eu vim aqui para pegar seu filhote, mas
dele havia feito. Voce é quem sabe o que
fazer para ele, disse sua sogra, a gavioa.
novo desceu rapidamente para a mãe.
Sua mãe olhou para ele e iria abraçá-lo.
mata para caçar, viu um filhote de gavião meu irmão me deixou aqui, disse para Então, ele desceu como um gaviãozinho Não, disse para ela. Eu vim te buscar.
ela. Quando ele dormiu no colo dela, seu
na galha do pé de Jatobá. O filhote estava ela. Então venha aqui para ficar perto do pequeno. Nesse dia, o irmão mais ve- A mãe disse para ele: seu irmão fez um
irmão mais velho olhou do alto do pé do
sozinho no ninho. O irmão mais velho meu filhote, disse para ele. Dê comida e lho cantava. Passou a noite cantando. gaviãozinho matá-lo, porque ele veio
Jatobá para eles. Acorda rapaz, disse o
voltou para a morada, para a sua casa. venha ficar com ela, disse para ele. Ele Por isso, ficou cochilando no outro dia. mentir para mim. Ele tinha dito que você
mais velho para ele. Venha terminar de
Ele contou para o irmão mais novo que deu carne do macaco para o filhote dela Quando a mãe desses dois irmãos saiu tinha voltado. Eu acreditei na fala dele.
amarrar, disse o irmão mais velho. Assim,
viu um filhote de gavião. O irmão mais até o gaviãozinho ficar grande. Depois para fora, ela viu o gaviãozinho que Por isso, você veio aqui aparecer para
o irmão mais velho foi descendo do pé
novo respondeu para ele: vamos buscá disso, a gavioa mandou ele fazer igualzi- estava assentado na galha da árvore. mim. Eu acredito na sua palavra, porque
de Jatobá, enquanto o irmão mais novo
-lo? O irmão mais velho respondeu falan- nho a seu filhote até que ficasse gran- Então ela falou para o seu filho mais vi você, disse a mãe. Eu vivo sempre,
ia subindo no pé de jatobá. Quando o
do para ele: vamos, amanhã nós vamos. de e terminasse de crescer pelugem e velho: o gaviãozinho assentou ali. Não disse ele. Eu vou te levar conosco para o
irmão mais velho passou o irmão mais
Pela manhã, eles foram e logo chegaram muitas penas. Então, o irmão mais novo espante ele, disse para a mãe. Deixe-me céu. Assim, ele levou sua mãe consigo.
novo, ele começou a cortar o cipó que
debaixo do pé do Jatobá. Aqui, rapaz, nes- criou asas para voar. Um dia, vocês terão buscar as minhas flechas, disse para a Lá eles estão morando agora. E todos os
segurava as varas. Quando o irmão mais
te pé de Jatobá, disse para o irmão mais que voar, disse a gavião para eles. Então, sua mãe. Quando ele trouxe as flechas, dias eles cantam:
novo olhou para baixo, em direção ao
novo. O filhote da gavioa está aqui dentro eles foram voar. Só que quase que eles jogou-a no gaviãozinho. Ele errou duas
chão, e viu que ele ia cortando o cipó,
do ninho. Vamos cortar umas varas e uns caem, porque não tiveram forças nas vezes e três vezes. Quando jogou outra wyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm,
chorou. Então, ele continuou subindo
cipós. Assim, nós vamos amarrar as varas asas ainda. Assim, eles voltaram rapida- flecha, o gaviãozinho voou passando
até chegar ao lugar do ninho da ga-
com os cipós até chegar lá no ninho. Sim, mente para o ninho. Eles passaram ainda pela flecha. Então, o gaviãozinho pegou uwyrawaxo azo uhapukaz terez nuàm ahe
vioa. Quando chegou lá em cima, ele se
vamos cortar, disse o irmão mais novo. um mês no ninho. Depois disso, eles o irmão mais velho pela cabeça. Ele
escondeu debaixo do ninho, com medo
Quando terminaram de cortar, eles come- sairam outra vez. Só que não voltaram bateu as asas e arribou-o para o alto. he he he (2x)
da mãe do gaviãozinho, que estava
çaram a amarrar as varas com o cipó. O mais, porque tinham força agora. Como Até que chegou com ele no céu, na casa
chegando, porque ela tinha ido caçar. A
irmão mais velho foi o primeiro a amarrar eles mesmos podiam matar e caçar, eles da sogra. Lá, ele deu seu irmão para sua uhapukaz terez nà, uhapukaz terez nà ahe
gavioa tinha matado um macaco para
até lá em cima. Enquanto isso, o irmão foram pela mata. Eles sempre foram sogra e seus familiares comê-lo. Depois,
seu filhote. Ele olhou e viu quando ela
mais novo ficou embaixo, vendo junto da assim. Um dia, ele se lembrou do que o eles jogaram os ossos no meio da aldeia. he he he (3x)
veio. Então ficou com muito medo dela.
irmao mais velho havia feito e então ele Sua mãe viu os seus ossos lá onde es-
26 27
28 29
Amume’u putar zawaruhu rehe ma’e mume’u haw ihe kury Eu vou contar a estória a respeito da onça
Milton Bento de Souza Guajajara Milton Bento de Souza Guajajara
30 31
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Pytun hyru ika awer ku’em heta wàm kury criação da noite
Raimundo Alves de Lima Guajajara Raimundo Alves de Lima Guajajara
34 35
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Ka’a rehe ma’e imume’uhaw história sobre a mata
Jesuito Guajajara Jesuito Guajajara
38 39
Oho zu’i apitaw ipynikaw pe
Joana Guajajara Alves
Milton Bento de Sousa Guajajara Agustinho Guajajara O Sapo foi na festa com o urubu lá no céu.
Maria José Alves da Silva Guajajara
Inara Silva Guajajara
Vanuíra Rodrigues Guajajara
40 41
42 43
Pytun hyru ika awer como a noite surgiu
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Tata pyhyk awer rehe como o fogo surgiu
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Tupàn uzapo zahy a’e deus criou a lua
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Àkàgwer
Zàwàruhu a’y rehe wà a preguiça e a onça T enteharer tetea’u zekaipo oho zemi’i
kar haw pe wà. Kwehe zekaipo oho
ka’a rupi wà. Uzuka tetea’u miar a’e
rupi wà. Uzewyr oho tezupaw pe wà.
Ume’e a’e pe wanehe wà. Nuexak kwaw
zekaipo teko a’e pe wà kury. Xo amo
àkàgwer i’aràwàm ywykwar pupe a’e.
Weraha wi àkàgwer ukupe pe no. I’i wi
izupe no: akakaruk putar ihe rihi. Wezar
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Amo ma’e imume’uhaw Tupàn rehe,
kwaharer rehe kury
A estória sobre Deus e o menino
H eta zekaipo amo awa a’e, naiaka-
tuwaw kwaw wa’yr rehe a’e. Ta’e
zekaipo a’e kwaharer a’e. He’o a’e.
((Na’iàkàg ma’e kwaw kwaw zekaipo
a’e)). Hàmuz zekaipo uzekaiw hehe a’e.
D is que que um homem não gostava de seu
filho, porque a criança era doida. Dizem que
o avô da criança era quem cuidava dele. Nesse
Nukwaw kwaw zekaipo Tenteharer tyràm tempo, os Tenetehára não conheciam a farinha.
a’e mehe wà rihi. Tuweharupi Tupàn Sempre Deus trazia farinha para o avô do me-
werur tyràm hàmuz pe a’e. Aze zekaipo nino. Quando a criança morreu, ela foi ao lugar
a’e kwaharer umàno a’e kury. Oho zekai- onde vivem os espíritos. Lá Deus deu todas as
po karuwar wanekohaw pe a’e kury. A’e coisas boas para ele. O menino não se esqueceu
pe omono paw zekaipo Tupàn ma’e izupe do seu avô também. Todos os dias o menino
a’e kury. Naheharaz kwaw zekaipo a’e trazia farinha para o avô. Certo dia, o pai do
kwarer wàmuz wi a’eà no. Tuweharupi, menino viu grãos de farinha debaixo da rede
’ar nànànà’i werur tyràm wàmuz pe a’e. do avô do menino. O pai do menino perguntou
Amo ’ar mehe, wexak zekaipo kwaharer para o avô do menino: – De onde vieram aque-
itu tyràm kurekurer hàmuz ikyhaw iwyw les restos? O avô contou para o pai do menino.
pe a’e. Upuranu u rehe a’e: – ma’e wi a’e O pai desejava ir para junto de Deus também.
ma’e kurer ur a’e ty¿ Umume’u tu izupe O avô falou para o pai do menino. O pai falou
a’eà no. Ihower zepe Tupàn pyr a’e no. I’i para o pai do menino (o avô): – Você não pode
zekaipo kwaharer hàmuz wa’yr pe a’e: – ir lá ainda rapaz. Você só pode ir quando morrer.
Nerepuner kwaw a’e pe nehohaw rehe Lá o menino cresceu. Depois de grande, ele veio
ne rihi ty. Nemàno re zo ereho putar a’e buscar o avô e levou para junto de Deus. O avô
pe ne nehe no, i’i tu izupe. A’e pe itua’u se preparou e se arrumou para a viagem. Ele
zekaipo kwaharer a’e kury. Itua’u re ur subiu na ladeira. Lá teve muita fartura para eles.
zekaipo wàmuz ipiaromo a’e kury, Tupàn
ipyr heraha pà kury. Uzemy’gy’ym zekaipo
hàmuz a’e no. Uzàpir zekaipo ywytyrapyr
a’e wà kury. A’e pe heta tetea’u zekaipo
ma’ezehu wanupe a’e pe kury.
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Mair kyhaw iapo awer
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Ma’e ke’e iapohaw Estória da Festa do moqueado
Mariazinha Guajajara Mariazinha Guajajara
Festa do Moqueado,
aldeia Maçaranduba, TI Caru
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Aze’egtar karaiw wanupe xe pa Importância sobre a preservação
Antônio Guajajara da língua Tentehára
A ze’eg tar karaiw wanupe xe pa.
Ukwaw ràm heze’eghaw wà no xe. Antônio Guajajara
Pezepy’aka peà no. Pekwaw ràm ze’eg
ete haw pe’a no. Pezepy’aka xe amume’u
ma’e aiko xe iheà no. Nezewe pekwaw
V ou narrar aos brancos, para eles en-
tenderem nossa língua. Gente, vamos
escutar mais na língua, de modo que vo-
ràm ze’egete haw peko peà no. Nan kwez cês aprendam a falar na língua Tenetehár
papai hemu’e iko. Hetutyr kwez hemu’e também. Prestem atenção na estória que
heriko iheà no. Nan kwez mamai hemu’e vou contar aqui, agora. Assim vocês vão
no. Hetutyr kwez hemu’e iko. Peze peko aprender a falar a língua dos Tentehár.
peànàm wanupe peà no. Hema’ekwapaw Papai não me ensinou, mas foi meu tio
pezeràm peko peà no. Neànàm wanupe. quem me ensinou também. Não foi ma-
Peze’egràm peko. Pezeràm peiko karaiw mãe quem me ensinou. Foi meu tio quem
wanupe no xe. Nerewe teko aze’eg peme me ensinou. Vocês têm de aprender com
herehy no. Nezewe teko aze’eg peme he- os seus parentes. Toda minha sabedoria
rehy ihe rihi no. Aze’eg wewe teko peme. é para vocês. Vocês estão falando só na
Ihe rihi no. Herekwe mehe aiko. Heze’eg língua de branco também. Assim a gente
mà peme. Ihe rihi no. Nezewe peiko pà a’e está falando para vocês. Eu falo nova-
teko pe me. Na ximukyzym kwaw zane mente para as pessoas. Enquanto ainda
ze’eghaw zaiko zaneà no. Na ximukyzym estou vivo, falo a vocês: nós não podemos
kwaw zaneze’eghaw aipo zaneà no. Nako perder nossa língua. Nós não podemos
areko iheà no. Heze’eghaw wà. Kupeg perder a língua. Estou ensinando aqui na
ize’eg haw zo xiriko. Nanikwaw wà. minha fala. Hoje em dia nós só temos a
Naikatu paw aipo wà. Naikatuk waw aipo fala do branco. Mas a fala do branco não
wà. Ze’eg zanewe a’e. Zane ze’eg zo ikatu é boa para nós. Só a nossa língua é boa
zanewe a’e. Naheta kwaw zanekàgaw para nós. Ao só falarmos a língua de ka-
zane we a’e. Zeneze’eg zo heta ikàgaw raiw, perdemos a força de nossa cultura.
zanewe. Zaneze’eg rehe ximutyri’ym tar Só a nossa fala é mais forte para nós. Nós
karaiw àwà. Waze’eg rehe naheta kwaw vamos ter de brigar pela nossa língua,
ikàgaw zanewe. Uze’eg ahytar kwez se quisermos recuperá-la. Sem a nossa
newe. Aipo katu zane kàgaw a’e. A’e pa língua não temos força. A força verdadei-
rupiikatu ahy hema’e imume’uhaw pe me ra é a nossa língua. Minha estória é para
na’aw zaru xe. vocês, pois estamos aqui reunidos. Antônio Guajajara
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Ma’e ahy ma’e wanehe zeka’iw har romo aiko
Ednalva Guajajara
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Ko pape rehe miar zimunanete mehe arer
imumi’u haw kury.
1 Hàwykàgwer: é o que segura as palhas; são os sustentáculos da palha; é o talo maior que fica no meio.
2 hiwykàgwer ipo’om: o pé de inaja não possui galhos e portanto os macacos deixaram o jabuti enganchado no meio do tronco. Ipo’om significa entre os galhos. Já hiwykàgwer significa as 6Há uma pausa aqui depois de zawxi.
3 palhas do pé de inaja. 7Existe uma variação dialetal em que ora temos i’u wer xi ora temos u’uwer xi.
4 uzipiaka [udipiaka] fala da aldeia de Ta’imi 8
Ezàpumi varia com edapumi!!
5 Iwipe varia com ywypw na aldeia Ta’ymy ~ ta’imi.
Hàzahy
hàzete
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Hàz # ipuràgete
Esta é a estória do tempo em que
os animais conversavam entre si
A’a (=a’e) tekoko zegar romo ihe. Nere- iherinu ty, i’i záwàruhu zawxi pe. Nàn xe H á muito tempo atrás, o Jabuti estava
indo pela mata. Ele (o jabuti) estava
procurando a comida dele e se deparou
mas deixaram-no no meio do tronco (do
pé de inaja). Os macacos então foram
embora, ou seja, abandonaram-no lá em
pra onça: mas eu posso te machucar com
meu peso. Desça assim mesmo, amigo!!!
Disse a onça para o jabuti!!! Está certo
mu’em ne ty, i’i zawaruhu izupe. Uruzuka kwaw a’e ty, i’i zawxi zàwàruhu pe. Aipe
ta ihe kury ty. Zekàmehem a’e wà kury. pe ywytyr apyr zaha ty, i’i zawxi izupe com vários macacos. Eles (=os maca- cima covardemente. Como o jabuti queria então!!! Lá vou eu!! Amigo!! Feche os
Uxe oho ywykwar rupi izuwi. Upyhyk a’e kury. A’e pe zo katuahy. Eremur tuwe cos) estavam comendo inaja lá no topo descer lá de cima, sacudiu-se, movimen- olhos, disse o jabuti pra onça. Após o
hàtymà rehe. Kwa!! Ywyrapo rehe epyhyk hewe ty, i’i zàwàruhu zawxi pe. Opokok do pé de inaja. O jabuti pediu inaja aos tando com os braços e pernas. jabuti saltar, a onça quebrou o rosto dela
ty hemyrypar. Epyhyk kwez ty, I’i ma’u xi haikwar rehe. Tuwe ri ty!!! Zaha we macacos e, então, os macacos derruba- Naquele mesmo dia, uma onça estava todo. A onça então se machucou muito
zawxi izupe no. Upuwyr zawaruhu izuwi. ty! Tuwe xihem zaha pe katuahy hape ram as cascas de inaja para o jabuti. O indo caçar na mesma direção, onde o pelo peso do jabuti. O jabuti disse então
Uruzuka ta ihe ty. I’i zàwàruhu zawxi ri ty. Uhem oho a’e pe wà. Zawxi uxe jabuti, então, comeu a casca de inaja Jabuti estava. Ela estava desconfiada (ob- à onça: eu te avisei. Daí, depois de a onça
pe a’e. Naikatu kwaw hezukahaw ty. I’i oho ywykwar rupi izuwi a’e kury. Erexe que estava saborosa para ele (o jabuti). servando, atenta) demais. A onça chegou quebrar a cara e o nariz, o jabuti foi-se
izupe!! Aze hezuhez xe. Nezewe zo xiapo zepe ereho kwez. Uwàro xi uin ywykwar O jabuti disse: ôoo meus amigos, ôooo até o pé de inaja, onde estava o jabuti. Foi embora dela, cantarolando e debochando
aipo xe. Eremur nerekwar ihewe, i’i wà. ukem a’e kury. Uwàro tete a’u xi uin meus amigos, deem-me mais (casca de então que a onça viu a sombra de algo da onça.
Katu ty. I’i zawxi. Ihe ràgàpy nerehe ty. a’e kury. Uzuka zàwàruhu izypytupyk inaja). Os macacos, então, disseram para se mexendo no chão. A onça então pulou Hehehehe hehehehe hehehehe
Nan, I’i zàwàràhu zawxi pe. Ihe ràgàpy ty,
i’i zawxi zàwàruhu pe. Ta’e pixika’i ihe xe.
haw, umauhez haw, ziwez haw. Upaw he
ma’emume’u kury pa!!!
o jabuti. Não jogaremos outras (cascas)
para ti. No entanto, se você quiser comer
mais, suba aqui (na árvore) também!!
na sombra dele (do jabuti) achando que
podia pegá-lo. O jabuti falou para ele. Eu
estou aqui em cima (continuo no mesmo
Pôoooo ... uma outra onça ouviu
alguma coisa!!!! Ele, o jabuti,
estava indo cantarolando. Quebrei a cara
Omono zàwàruhu wazkwar zawxi pe, Aze
umumaw zawxi uma’erekohaw. Ihe aipo Pôoooo....mas como!!! Não sei subir não, lugar). A onça olhou para o jabuti lá em da onça.
o Jabuti disse para os macacos. Então os cima e viu ele lá. O Jabuti disse para a Hehehehe hehehehe hehehehe
macacos falaram para ele: caso queira onça: desejo descer daqui, amigo. Como Quem será que está me chateando, canta-
subir aqui em cima (no pé de inaja), nós a onça desejava comer o jabuti, ela diz: rolando? Disse a outra onça ouvindo. Eu
subimos você. O jabuti disse a eles: vocês, caia (aqui) embaixo meu amigo!! Venha quero ver logo (esta pessoa). Depois de
então, me conduzam. Os macacos então e caia aqui meu amigo nos meus braços!! ter quebrado o nariz da onça ... cortado
levaram o jabuti lá para cima, no pé de Eu te seguro quando você cair. A onça o nariz. Essa pessoa está falando desse
inaja. Eles levantaram o Jabuti até o topo, disse para o jabuti. Ah!!! O jabuti falou jeito. Quero ver esse moleque. A onça foi
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esperar lá na frente. O jabuti chegou até primeiro, cara!!! Não, a onça disse para
a onça. Ah é você, engraçadinho, que está o jabuti. Eu primeiro, disse o jabuti para a
mangando de mim!!!! A onça falou pra onça. Porque eu sou menor do que você!!
ele. Você que está aí cantando: quebrei A onça, então, ficou convencida de dar as
a cara da onça!!! A onça falou pra ele. nádegas ao jabuti. Quando o jabuti ter-
Eu estou cantando outra coisa: quebrei a minou o serviço dele, é minha vez agora,
cara do veado!! disse a onça para o Jabuti. Não é aqui, dis-
Hehehehe hehehehe hehehehe se o Jabuti para a onça. Vamos lá em cima,
Eu estou cantando é assim ... Você está no morro, disse o jabuti para a onça. Só
mentindo, a onça disse pra ele. Vou te naquele lugar é bom!! (=limpo)!! Você me
matar, então. Correram um atrás do outro. dá logo, a onça disse para o jabuti. Tocou
(A onça) segurou na perna do jabuti. Ah ... nas nádegas do jabuti. Espera aí. Vamos
você segurou na raiz, amigo!! Peguei!!! andar um pouco mais! Deixa nós chegar-
O jabuti mentiu para ela!! A onça soltou mos no lugar bom, lá em cima. Chegaram
a perna dele. Agora eu te matarei. A onça lá. O jabuti entrou no buraco e fugiu da
falou para o jabuti. Me Matar não é bom. onça. Você pode até ter entrado, mas um
O jabuti falou para ela. Se você quiser me dia você vai sair. Ela ficou lá esperando na
comer. Só se nós fizermos assim. Você me entrada do buraco (por vários dias). Ela
dá nerekwar, disseram um pro outro. Tá esperou muito. Então, a onça morreu de
certo!! Disse o jabuti. Primeiro eu!!! Eu, agonia, de fome, de sede e de estresse.
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Proposta de sistema de quantificação numeral
na língua Guajajara
Proposta de Taiwan
Aldeia Bacurizinho
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01 - Pitài 70 - Pokoz pa
02 - Mokoz 80 - Po`iruz pa ou Poruz pa
03 - Na`iruz 90 - Porugtu pa
04 - Zeirugatu Proposta de Praxedes
05 - Po
06 - Potài 00 - Nahetaz
07 - Pukoz 01 - Pitài
08 - Po`iruz ou Puruz 02 - Mokoz
09 - Porugatu 03 - Na’iruz
10 - Pa 04 - Zeirugatu
11 - Patài 05 - Zeiruigatu
12 - Pakoz 06 - Na’irugatu
13 - Pa`iruz 07 - Na’iruzrugatu Músicas transcritas
14 - Parugatu 08 - Zeiruzhugatu
15 - Papo 09 - Na’iruzhugatu
nas Terras Indígenas
16 - Papotài 10 - Po paw Maçaranduba
17 - Papokoz 11 - Pitazgatu e Arariboia
18 – Papo’iruz ou Paporuz 12 - Po mokoz
19 - Paporugatu 13 - Po nairuiz Junho de 2015 a 2017
20 - Mokoz Pa 20 - Mokozgatu
21 - Mokoz patài 21 - Mokoz pitàz
22 - Mokoz pakoz 22 - Mokohugatu
23 - Mokoz pa’iruz ou Paruz 23 - Mokoz a’iruz
24 - Mokoz zeirugatu 24 - Mokoz zeirugatu
25 - Mokoz papo
26 - Mokoz papotài
27 - Mokoz papokoz
28 - Mokoz papo’iruz ou Paporuz
29 - Mokoz paporugatu
30 - Na`iruz pa
40 - Zeirugatu pa
50 - Po pa
60 - Potài pa
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uzemunyz (o) azuru iko (ne)ku’em (a) pe zote
Produção de Sapula Guajajara
(Aldeia Maçaranduba)
(ne) ku’em ape zote III
uzemunyz (o) azuru iko
(ne) ku’em ape zote
Ahê hê hê hê hê hê hê Zawato
Ahê hê hê hê hê hê hê
A’e hehehehehehehhehehe
Wyrazu wyra
Oho putar waiko wà
Uzemu’e ma’e wà
Iwazay karuk wyra uwin nà ra’e
Iwazay karuk wyra uwin nà ra’e
Ohoputar wà
Uzemu’e ma’e wà
he ha he he ha he he he he
Mowek zaiko no
zanerukar ikaruk ke
ahehehe
he ha he he ha he he he he
ahehehe
ahehehe
zanerukar ikaruk ke
zemu’e ma’e wà zegar papar wa iko wà
oho putar wà
ahehehe
ahehehe
ahehehe
hahehe
hahehe
hahehe
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IX
ARAR
VIII
AZURU HUWAZWER
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Léxico Guajajara colhido
durante curso
na Aldeia
Maçaranduba
Junho de 2015
karaiw remitym: pé de acerola/pé de fruta de karaiw amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i pyhaweteahy
wahu harywer: cacho do côco weaw ’yw: pé de goiaba
A chuva fez buraco no chão ante ontem de manhã
iaru pykwer: pele de côco i’a pihun pegwer: pedaço de vidro preto; caco de vidro;
peinu aipo? vocês estão me ouvindo
iàkàg: cabeça ywyxig: areia
urenu kwez: nós estamos ouvindo amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i akwez mehe
màg: manga ezur tentehar ze’eghaw zemu’ehaw pe kury: vamos continuar os estudos na língua
A chuva fez buraco no chão na semana passada
Àg: este/esta Tentehar;
kaw hàtàm kwez hekon mehe: casa de maibondo amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i pitàz zahy mehe
muhàg: remédio typyz ywy ’ok: casa feito de barro
ainu peze’eg aiko ihe: estou ouvindo vocês A chuva fez buraco no chão no mês passada
e’u muhàg: tome o remédio kawyrán hiru kwer: lata de cerveja já usada; seca;
urenu kwez: você me ouviu agora mesmo
pino: palha zawar repuxi: côco de cachorro;
urenu kwez: nós te ouvimos
pino kàg: talo da palha ywyrapwe: tábua;
urenu kwez ihe kury: eu ouço vocês arara piràgahy: arara vermelha;
ywyra: pau, madeira ywyrapewikwer: pedaço de tábua;
ipyhàhu: dedo do pé grande
ywyra ka’i: galho de pau yryrimaw: limão;
inemuràn ràxi: arame farpado; ipyhàhu hakehar: dedo do lado do dedão; segundo dedo;
apegwer: pano de enxugar louça; pano de limpar o chão do banheiro; yrimaw ’yw: pé de limão
inemo: fio de algodão; fio que faz rede ipyhà myter: dedo do pé do meio
typyz izita: pilar da casa; yrimaw ruwer: folha de limão
kyhaw inemo: fio de rede ipyhá miri hakehar: dedo do lado do dedo pequenininho
typyz ikita; o esteio da casa; pilar da casa; kupyz ’y kyr a’i: pé de cupu pequeno
inemoràn: fio de arame; ipyhá miri: dedo do lado do dedo pequeninim
ka’a pi’i: capim kupuz ’yw: pé de cupu
inemo ipiràg ma’e: fio que é vermelho
ka’a kyr: relva, mato pequeno;
inemo xig ma’e: fio que é branco; wyramiri hiru: gaiola de pássaro
Tahyw: formiga
inemo pihum ma’e: fio que é preto; màg: manga
tahyzu: formiga lava pé = vermelha pezemu’e ze’eg tehaw ze’eghaw rehe: vocês têm de aprender a falar na língua
kyhaw wapykwer: punho de rede; màg ’yw: pé de manga
tapi’izuhu: formigão
màg ’yw zipykwer: tronco de pé de manga;
ywyra zypykwer: tronco velho azemu’eputar tenetehar ze’eg rehe kury, aitykputar karaiw ze’eng ihe kury. Estou
amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i mág rapokwer: raiz;
ywyra ka’i: graveto falando na língua de Guajajara, vou parar de falar na língua de Karaiw.
A chuva fez buraco no chão ante ontem awaxapo: arroz;
weaw: Goiaba
awaxapo hariwer: caixinho de arroz;
herurywete aiko kury, ta’e ze’egete azupyhyk ze’egeteaw
amàn akwez upy’ok kakwez kwe rupi ri’i (karu mehe) ywyra kwer: pedaço de madeira;
Estou alegre, porque estou apresendendo a falar a minha própria língua
A chuva fez buraco no chão ontem à tarde ywyra izipykwer: tronco;
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e-ho nehe ne-r-ekohaw pe
você vá FUT sua aldeia para
‘Vá para seu povoado.’
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