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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


INSTITUTO CIBERESPACIAL
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS

ATITUDES E CRENÇAS LINGUÍSTICAS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA


NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS VILA DO CRAVO DO MUNICÍPIO DE
CONCÓRDIA DO PARÁ.

CHARLLY ROBERTO CORREA LEBREGO

BELÉM/2023
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ATITUDES E CRENÇAS LINGUÍSTICA NA COMUNIDADE QUILOMBOLA NOSSA


SENHORA DAS GRAÇAS VILA DO CRAVO DO MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA DO
PARÁ.

CHARLLY ROBERTO CORREA LEBREGO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Letras Português do Instituto
Ciberespacial da Universidade Federal Rural da
Amazônia, como requisito para integralização do
Curso. Orientador: Prof. Dr. Jany Éric Queirós
Ferreira.

BELÉM/2023
3

CHARLLY ROBERTO CORREA LEBREGO

ATITUDES E CRENÇAS LINGUÍSTICA NA COMUNIDADE QUILOMBOLA NOSSA


SENHORA DAS GRAÇAS VILA DO CRAVO DO MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA DO
PARÁ.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção do título
de Licenciado em Letras Português, pela
Universidade Federal Rural da Amazônia, sob a
Orientação do(a) Profº. Dr. Jany Éric Queirós
Ferreira. Aprovado com Nota _______ .

Belém (PA), _______ / ________ / 20 ______

Banca Examinadora

___________________________________________________________
Orientador(a): Prof. Dr. Jany Éric Queirós Ferreira

___________________________________________________________
Membro1: Profa. Dra. Ana Cleide Vieira Gomes Guimbal de Aquino

___________________________________________________________
Membro 2: Profa. Dra. Brayna Conceição dos Santos Cardoso

Belém – PA
2023
4

Agradecimento.
Em primeiro lugar, а Deus (Olorum), fez com que meus objetivos fossem alcançados,
durante todos os meus anos de estudos.
Aos meus pais, irmãos, sobrinho e uma pessoa muito especial que me incentivaram nos
momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização
deste trabalho.
Eu gostaria de expressar minha profunda gratidão à comunidade quilombola por sua
generosidade e hospitalidade ao me permitir conduzir minha pesquisa em seus territórios. Sua
colaboração e compartilhamento de conhecimento foram essenciais para o sucesso deste estudo.
agradecimento por abrirem suas portas e corações, tornando possível a realização dessa
pesquisa. Espero que este trabalho contribua para preservar e valorizar sua cultura e história.
Muito obrigado."
Ao professor Jany Eric Q. Ferreira, por ser meu orientador e ter desempenhado tal
função com dedicação.
Aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante os últimos anos,
pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer não só como
pessoa, mas também como formando.
5

O principal objetivo da educação é criar pessoas


capazes de fazer coisas novas e não simplesmente
repetir o que outras gerações fizeram.” (Jean
Piaget).
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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo apresentar as crenças e atitudes linguísticas de quilombolas
da comunidade Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo, em Concórdia do Pará, nordeste
paraense. O objetivo geral deste estudo é analisar as atitudes linguísticas da comunidade em
relação à sua própria língua e outras variedades, considerando sexo e idade. O objetivo
específico é investigar as influências cognitivas, conativas e afetivas na atitude linguística, além
de examinar o preconceito e o valor cultural da língua. Este trabalho pode trazer outros trabalhos
que podem auxiliar as comunidades quilombolas a serem reconhecidos e estimar a diversidade
linguística e cultural delas. Para a execução, o trabalho cataloga nas conjunturas teóricos-
metodológicos da sociolinguística e dos estudos sobre crenças e atitudes (LAMBERT;
LAMBERT,1972; LABOV, 1998). Qualifica como uma pesquisa quanti-qualitativa, que une a
descrição, classificação e a interpretação de informações baseadas em entrevistas. A pesquisa
prevê como amostra de 8 informantes, sendo 4 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com
faixas etária de 18 a 30 anos e acima de 50 anos, todos moradores da comunidade, filhos de pai
nativos. Como ferramentas de coletas de dados foram utilizados protocolos de entrevistas, com
utilização de um questionário de cunho qualitativo sobre crenças e atitudes linguísticas
(LABOV,1979). Espera-se que os dados apresentem uma frequência significativa de fenômenos
das variáveis típicos das variedades paraenses, bem como característico da comunidade de fala.
Além do mais, presume que devido ao sentimento de identidade quilombola a sua variedade
linguística, manifestando-se desse modo uma segurança linguística a sua variedade linguística,
cujo resultado é a manutenção de suas formas de uso da língua.

Palavras-chave: Crenças linguísticas; Atitude linguística; Comunidade quilombola; Variedade


linguística.
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ABSTRACT
This research aims to present the beliefs and linguistic attitudes of quilombolas from the Nossa
Senhora das Graças da Vila do Cravo community, in Concórdia do Pará, northeast Pará. The
general objective of this study is to analyze the community's linguistic attitudes towards their
own language and other varieties, considering gender and age. The specific objective is to
investigate the cognitive, conative and affective influences on language attitudes, as well as to
examine prejudice and the cultural value of language. This work can lead to other studies that
can help quilombola communities to be recognized and to estimate their linguistic and cultural
diversity. To carry it out, the work draws on the theoretical and methodological frameworks of
sociolinguistics and studies on beliefs and attitudes (LAMBERT; LAMBERT, 1972; LABOV,
1998). It qualifies as a quantitative-qualitative study, which combines the description,
classification and interpretation of information based on interviews. The study included a
sample of 8 informants, 4 female and 4 male, aged between 18 and 30 and over 50, all residents
of the community and children of native parents. Interview protocols were used as data
collection tools, using a qualitative questionnaire on linguistic beliefs and attitudes (LABOV,
1979). It is expected that the data will show a significant frequency of variable phenomena
typical of Pará varieties, as well as characteristic of the speech community. Furthermore, it is
assumed that due to the Quilombola's sense of identity with their linguistic variety, they
manifest a linguistic security with their linguistic variety, the result of which is the maintenance
of their forms of language use.

Keywords: Linguistic beliefs; Linguistic attitude; Quilombola community; Linguistic variety.


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ÍNDICES DAS FIGURAS


LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 respostas dos informantes sobre a pergunta se tivesse oportunidade, moraria em outro
lugar? ................................................................................................................................. 27
Gráfico 2 resposta sobre a questão: o que você gosta mais de fazer aqui na comunidade? .... 29
Gráfico 3 respostas da pergunta: você/ senhor vai para as festas ou para outras atividades de
lazer fora da comunidade? (se sim, por quê). .................................................................... 29
Gráfico 4 respostas da questão: o que é atrativo para os moradores dessa localidade?
(facilidade de transporte, comércio, lazer, educação etc.) ................................................ 30
Gráfico 5 repostas da pergunta: o que não é um atrativo para os moradores da comunidade?31
Gráfico 6 resposta da pergunta: pedir para o informante avaliar a sua comunidade tem mais
pontos positivos ou negativos?.......................................................................................... 32
Gráfico 7 respostas da pergunta: você consegue identificar de onde veio a pessoa só pela sua
maneira de falar? Pode dar um exemplo? ......................................................................... 33
Gráfico 8 respostas da pergunta: você acha que as pessoas aqui da comunidade têm um jeito
de falar diferente das pessoas de outro lugar? Como seria? .............................................. 34
Gráfico 9 respostas da seguinte questão: você acha que aqui na comunidade as pessoas falam
bem a língua portuguesa? Por quê? ................................................................................... 35
Gráfico 10 respostas da questão: você sente vergonha de falar na frente de pessoas que não são
da comunidade? Se sim, por quê? Se não, por quê? ......................................................... 36
Gráfico 11 respostas da questão: quem você acha que fala melhor, as pessoas da comunidade
ou as pessoas que vivem na cidade? Por quê? .................................................................. 37
Gráfico 12 resposta da seguinte pergunta: você já passou por uma situação de constrangedora
relacionada ao seu modo de falar? Como foi? .................................................................. 38
Gráfico 13 respostas da seguinte pergunta: quando você precisa conversar com outras pessoas
que não da comunidade (estando em viagem, a passeio em algum lugar fora de sua cidade)
você procura mudar a sua forma de falar? Pode dar um exemplo?................................... 39

LISTA DE FIGURAS
Figura 1- mapa de localização do município de concordia. .................................................... 21
Figura 2 organização espacial da comunidade quilombola nossa senhora das graças. ........... 22
Figura 3 questionário qualitativo de atitudes. (anexo a)......................................................... 24
Figura 4 questionário qualitativo de atitudes. (anexo a).......................................................... 25
Figura 5 crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre sua variedade linguística (anexo
A)....................................................................................................................................... 25
Figura 6- praça da comunidade quilombola nossa senhora das graças da vila do cravo. ........ 56
Figura 7- escola da comunidade quilombola ........................................................................... 57
Figura 8- igreja nossa senhora das graças da comunidade quilombola. .................................. 58
Figura 9- entrevista com um dos informantes; ........................................................................ 59
9

LISTA DE QUADROS
Quadro 1-definição de variação linguística. ............................................................................ 16
Quadro 2 informações dos participantes. ................................................................................ 23
Quadro 3 modelo de diferencial semântico. ............................................................................ 41
Quadro 4 atitudes linguísticas na variável “sexo” ................................................................... 42
Quadro 5 variável faixa etária quanto aos componentes (afetivo, cognitivo e conativo). ...... 43
10

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 122

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 155

1.1 Sociolinguística................................................................................................... 155

1.2 Atitudes e crenças linguísticas .......................................................................... 177

1.2.1 Crenças linguisticas. ............................................................................................ 177

1.2.2 Atitude linguística................................................................................................ 188

2. PERCURSO METODOLÓGICO ...................................................................... 20

2.1 Pesquisa de campo: comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças da


vila do
Cravo............................................................................................................................221

2.2 O corpus da pesquisa ......................................................................................... 233

2.2.1 Perfil dos informantes .......................................................................................... 233

2.2.2 Questionário utilizado. ......................................................................................... 244

3. RESULTADO E DISCUSSÃO. ......................................................................... 26

3.1 Bloco 1- Roteiro sociolinguístico....................................................................... 266

3.2 Bloco 2- Questões de atitudes linguísticas ....................................................... 333

3.3 Bloco 3- Questões de atitudes linguísticas..........................................................40


3.3.1 Atitudes linguísticas na variável “Sexo” ............................................................. 411

3.3.2 Atitudes linguísticas na variável “Faixa etária”................................................... 433

CONSIDERAÇÕES FINAIS........ ...................................................................... 45

REFERENCIAS..... ........................................................................................... 466

ANEXO A- QUESTIONARIO DE ENTREVISTA ....................................... 488

ANEXO B- FICHA DO INFORMANTE. ....................................................... 511

ANEXO C- FICHA DA LOCALIDADE. ........................................................ 533

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


.................................... ............................................................................................................ 555

ANEXO E- PRAÇA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA. ........................ 566


11

ANEXO F - ESCOLA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA. ..................... 577

ANEXO G- - PRAÇA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA. ...................... 588

ANEXO H- ENTREVISTA COM O INFORMANTE. ..................................... 59


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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como foco principal a avaliação linguística, especificamente


crenças e atitudes linguísticas de uma comunidade tradicional, seu escopo comtempla as
possíveis manifestações da comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças da Vila do
Cravo do Município de Concórdia do Pará sobre sua variedade linguística do português.
Para Silva e Aguilera (2014), a pesquisa sobre atitudes linguísticas começou na
psicologia social, os pioneiros da introdução da linguagem nos estudos de atitudes por meio da
técnica matched guise (falsos pares), realizado em Montreal, no Canadá foram William Lambert
e Wallace Lambert. O objetivo do seu estudo era “detectar a qual das línguas [francês ou inglês]
era atribuído mais prestígio e verificar como um grupo via o outro a partir de seu idioma e de
que maneira as atitudes de um grupo maior influenciavam um grupo menor” (Silva e Aguilera,
2014, p. 706).
No Brasil, tem-se como um dos primeiros estudos em atitudes linguísticas o de Andrieta
Lenard, de (1976), cujo título é Lealdade linguística em Rodeios (SC), nesta pesquisa, buscou-
se compreender como os moradores resistiam à inclusão linguística na cidade de rodeios. Entre
outros estudos mais recentes podemos citar o de Botassini (2013) sobre crenças e atitudes
linguísticas em relação ao uso de róticos em coda silábica no norte do Paraná; o estudo mostrou
que as modificações na variante rótica, priorizando assim as variantes de maior posição. Na
região Norte uma das pesquisas sobre crenças e atitudes linguísticas é de Ferreira (2019), que
teve como objetivo investigar as crenças e atitudes de falantes residentes no Nordeste do Estado
do Pará no que se refere à variação das vogais médias pretônicas. A pesquisa mostrou que a
variação das vogais não é um fenômeno perceptível aos falantes/ouvintes e que as vogais
médias pretônicas são mais frequentes.
De Silva e Aguilera (2014) a maioria das investigações são baseadas na sociolinguística
e na dialetologia se limita ao estudo das competências linguísticas em vários níveis da estrutura
linguística, entretanto a ampliação do escopo de análise aos aspectos da avaliação da língua e
de suas manifestações ainda carecem de muita investigação, apesar das pesquisas sobre atitudes
linguísticas não serem tão recentes. Para as autoras, é necessário um esforço de toda
comunidade de linguistas para que isso ocorra. Nesse sentido, a pesquisa que deu origem a este
Trabalho de Conclusão de Curso faz parte desse esforço de contribuições necessárias para a
compreensão da língua e dos comportamentos sociais a respeito dela.
Sendo assim, o Estado do Pará oferece uma gama de oportunidades para explorar a
realidade linguística de seus habitantes e assim estudar a diversidade linguística com fatores
13

históricos, culturais e sociais, sobretudo, pelo fato de haver pouquíssimas pesquisas que tratem
da avaliação linguística, por isso, nosso interesse por essa investigação em uma comunidade
tradicional.
A justificativa da escolha da comunidade Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo
se deve ao fato de ser um lugar de identidade cultural e modelo de resistência histórica. A
comunidade quilombola preserva tradições, práticas culturais, diversidade linguísticas e formas
de expressão que são transmitidas de geração para geração.
Em virtude do nosso interesse pelo tema em uma comunidade tradicional, a pesquisa
investiga se as línguas faladas nas comunidades quilombolas não são valorizadas da mesma
forma que as línguas dominantes, o que pode levar à discriminação linguística e isso ocorre
quando os moradores da comunidade são discriminados por causa de sua língua ou sotaque.
Acredita-se que: (i)-podemos supor que os informantes da comunidade quilombola tendem
avaliar os dialetos mais positivamente; (ii)- os informantes do sexo feminino avaliam mais
positivamente a sua forma de falar e (iii)- enquanto os informantes com a idade acima dos 50
anos tendem de avaliar positivamente a forma de falar ao dialeto padrão.
Para alcançarmos as respostas possíveis da pesquisa, estabelecemos como o objetivo
geral investigar as atitudes e crenças linguísticas da comunidade quilombola sobre a sua
variedade linguística e sobre outras variedades, considerando as variáveis sexo e idade. O
objetivo específico é analisar as variáveis na perspectiva dos elementos cognitivo, conativo e
afetivo que compõem a atitude linguística, compreender o papel das variáveis sexo e idade, o
preconceito linguístico, o valor cultural e social da língua.
Este trabalho justifica-se socialmente pela escolha da comunidade Nossa Senhora das
Graças da Vila do Cravo por ser um espaço de identidade cultural e exemplo de resistência
histórica A comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças preserva tradições, práticas
culturais, variedade linguística, formas de expressão que são transmitidas de geração a geração.
Conhecer essa identidade, crenças e atitudes linguísticas permite compreender como a
linguagem é construída e contribui como elemento essencial para construção e manutenção
dessa identidade cultural. Academicamente, o estudo das atitudes e crenças linguísticas em
comunidades quilombolas pode contribuir para a sociolinguística, ajudando a entender como as
línguas e as variações linguísticas ajudam um papel na construção da identidade cultural, bem
como nas interações sociais. Assim, sua contribuição para área será para enriquecer o campo
da sociolinguística ao analisar como as línguas e suas variações desempenham um papel
fundamental na construção da identidade cultural e nas interações sociais.
14

A organização do presente texto é a seguinte: fundamentação teórica, em que são


abordadas as conjecturas teóricas nas quais está ancorada a pesquisa e traz os pressupostos
teóricos em que se respalda a pesquisa; percurso metodológico, tratando da pesquisa de campo,
descreve a metodologia utilizada nas análises e interpretação dos dados, bem como a descrição
do trabalho de campo; análise e discussão, que são as interpretações de dados da comunidade
quilombola em estudo; e as considerações finais, mostrando os resultados bem como sobre
possíveis lacunas deixadas pelo trabalho.
15

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Sociolinguística

A sociolinguística nasceu da necessidade de um estudo que relacionasse língua e sujeito,


modelo de análise que o estruturalismo de Saussure e o gerativismo de Chomsky deixaram de
lado. O estruturalismo ajudou a ver a língua como um sistema de regras, e o gerativismo parte
do ponto biológico e inato da faculdade da linguagem para aprofundar nas relações entre
princípios e parâmetros linguísticos.
Uma vez que a sociolinguística ganhou notoriedade a partir dos trabalhos apresentados
pelo William Bright no congresso na universidade de Califórnia em 1964. Este pesquisador deu
destaque para o papel do falante, para a identidade do falante/ouvinte e para o contexto social
que influencia na fala em si e contribui para os julgamentos avaliativos dos usos linguísticos,
A consolidação da sociolinguística ocorreu em diferentes etapas e foi influenciada por
várias correntes teóricas e estudos baseados na experiência. Pesquisadores como William Labov
foram concebidos para desenvolver métodos de pesquisa quantitativos e qualitativos para
explorar diferenças linguísticas entre fatores sociais e linguísticos.
Para Labov (2008) o objeto síntese da sociolinguística é o estudo da língua falada em
relação ao seu contexto social, começando pela comunidade linguística, entendido como um
grupo de pessoas que vai além da interação verbal, mas também compartilham normas relativas
aos usos. Para Mollica (2010) a sociolinguística é uma das subáreas da linguística e estuda a
língua em uso no seio das comunidades de fala, voltando a atenção para um tipo de investigação
que correlaciona aspectos linguístico e sociais.
Assim, a pesquisa na área de sociolinguística é realizada na forma e entrevistas e/ou
amostragem. O objeto sociolinguístico é um contexto social, ou seja, uma língua falada que é
observada, descrita e analisada em situações da vida real. Dentro da sociolinguística existem
duas correntes: a variacionista e a interacional. Sociolinguística interacionista proposta por
Gumpers (1982), parte do foco na organização da interação comunicativa face a face no
pressuposto de que as interações humanas fazem parte da realidade social, conforma expõe
Bortoni-Ricardo (2017).
Segundo Hernández-Campoy (2014), a sociolinguística variacionista tem sido o ramo
mais produtivo da sociolinguística desde a década de 1960, o estudo sistemático linguagem em
contextos sociais em termos quantitativos e do uso de princípios e percepções das ciências
sociais para estudar a variação da linguagem como um conceito socialmente condicionado.
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Dentro da sociolinguística existem classificação de variações, que podem derivar da


influência e fatores extralinguísticos como: variação histórica, variação regional ou diatópica,
variação social ou diastrática e variação estilística ou diafásica. Fatores extralinguísticos são
tudo o que não é gramatical, como gestos, entonação de voz, expressões faciais.
Quadro 1-Definição de variação linguística.
Variação
É a maneira como a língua evolui e acordo com o tempo.
histórica
Demostra a diferença entre as falas dos habitantes de diferentes regiões
A variação
do país, estados e cidades. Por exemplo, os falantes do estado do Pará
regional
possuem uma forma diferente em relação à fala dos falantes de São Paulo.
Reflete diferentes características sociais como, por exemplo: grau de
Variação social
escolaridade, nível socioeconômico e faixa etária.
Refere-se a mudanças que são apropriadas as circunstâncias do indivíduo.
Variação
Isso porque às vezes as pessoas falam em registros mais formais e outras
linguística
usam informalmente.
Fonte: elaborado pelo autor.
Para Bagno (1999), o termo “variação linguística” se aplica a uma característica das
línguas humanas que faz parte de sua própria natureza: a heterogeneidade. A variação
linguística é a capacidade que a língua tem de se transformar e se adaptar de acordo com alguns
componentes (histórico, social, regional e estilo).
A sociolinguística também lida com a compreensão das mudanças da linguagem ao
longo do tempo. Estudos sobre a difusão de influências linguísticas e a influência de fatores
sociais na direção e velocidade da mudança linguística para desenvolver teorias de variação e
mudança linguística.
Na teoria Laboviana, os indivíduos são tipos sociais caracterizados por um conjunto de
fatores como sexo, idade, escolaridade, profissão etc. Para os pesquisadores sociolinguísticos é
interessante identificar o tipo social, ou seja, masculino/ feminino, grau de escolaridade e assim
por diante.
Segundo o linguista Marcos Bagno (1999), o preconceito linguístico ocorre por meio de
uma comparação indevida entre o modelo idealizado de língua, considerando que apenas uma
forma é culta e, por isso, tem maior valor social. Assim, criando uma rejeição às inúmeras
variedades linguísticas que os falantes apresentam.
O problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às falas dialetais
deve ser enfrentado, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de
educação para o respeito à diferença. Para isso, e para poder ensinar Língua
17

Portuguesa, a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma
“certa” de falar — a que se parece com a escrita — e o de que a escrita é o espelho da
fala — e, sendo assim, seria preciso “consertar” a fala do aluno para evitar que ele
escreva errado. [...] A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de
fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja,
saber adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar
satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz
determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são
pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a
quem o texto se dirige. A questão não é de correção da forma, mas de sua adequação
às circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar
adequadamente, é produzir o efeito pretendido. (BRASIL, 1997, p. 26).

Logo, concordando com os apontamentos de Marcos Bagno em seus estudos e


pesquisas, o preconceito linguístico trata-se da manifestação de um sentimento de
superioridade, acreditando que uma pessoa sabe se expressar/falar melhor que a outra ou que
uma pessoa não sabe sobre estudos linguísticos.

1.2 Atitudes e crenças linguísticas

1.2.1 Crenças linguísticas


O vocábulo crença deriva do latim credentiane conforme definido no dicionário da
língua portuguesa e é estabelecido como a aceitação de algo como verdade que pode ou não ser
comprovado.
É importante notar o reconhecimento e fazer citação a sociolinguística de crenças e
atitudes para apresentar conceitos que este estudo considera apropriados para defini-las. A
sociolinguística é um dos campos preocupados com as crenças e atitudes linguísticas, precisa
estudar os fatos dessas atitudes e examinar sua influência decisiva na linguagem. Para entender
melhor como elas afetam o uso da língua é necessário compreender conceitualmente os termos-
chave deste estudo.
Existem diversas áreas do conhecimento que desenvolvem trabalhos sobre crenças,
incluindo filosofia, história, psicologia, educação, sociologia, linguística, sociolinguística.
Como resultado, é muito difícil definir crenças porque existem numerosos termos, conceitos,
definições e significados em cada campo.
Para Barcelos (2004), a crença tem muitos termos e definições, o que é uma das razões
pelas quais é um conceito tão difícil de investigar. À medida que as pessoas interagem e
modificam seus conhecimentos, são também transformadas por elas; assim, as crenças
“incorporam as perspectivas sociais, pois surgem no contexto da interação e na relação com os
grupos sociais” (Barcelos, 2007, p. 114).
18

Para Barcelos (2007), a crença é tão antiga quanto nossa existência, pois, desde que o
homem começou a pensar, ele passou a acreditar em algo. A autora define crenças como:
... uma forma de pensamento, construções da realidade, maneiras de ver e perceber o
mundo e seus fenômenos, co-construídas em nossas experiências resultantes de um
processo interativo de interpretação e (re)significação. Como tal, crenças são sociais
(mas também individuais), dinâmicas, contextuais e paradoxais. (Barcelos, 2007,
p. 113).

A partir do conceito de Labov (2008 [1972]), a crença pode ser definida como um
conjunto homogêneo de atitudes que a grande maioria dos indivíduos na comunidade linguística
compartilha em relação ao uso da língua, seja ao empregar uma forma que é estigmatizada ou
prestigiada na língua em questão.
Com isso, o objetivo da crença linguística é analisar como as pessoas compreendem as
opiniões em relação à linguagem que influenciam o comportamento linguístico, ou seja, como
podem influenciar comportamento e a avaliação dos falantes em relação à língua.
As crenças linguísticas podem variar dependendo do contexto e do momento histórico em
que o falante está envolvido.
1.2.2 Atitude linguística
Atitude significa posição, postura; modo de proceder ou agir; comportamento,
procedimento; postura reveladora das disposições do ânimo para agir, reveladora dos
sentimentos; reação ou maneira de ser, em relação a determinada(s) pessoa(s), objeto(s),
situações etc. (Nascentes, 1981; Borba, 2004; Ferreira, 2009; Houaiss, 2009). Definir atitudes
não é uma tarefa fácil, pois está relacionada a diversas áreas, daí se ouvem expressões como
atitude positiva, atitude negativa, atitude preconceituosa etc.
A atitude linguística tem como base a psicologia social e a sociologia, no qual a
psicologia social estuda as atitudes (estereótipos linguísticos, o preconceito e percepção
baseada na linguagem). A sociologia estuda a compreensão mais ampla das atitudes linguística
em contexto sociais. Dentre os estudiosos, Lambert e Lambert (1968), apontam três elementos
fundamentais: o afetivo (sentimento/valoração), o cognitivo (saber ou crença), e o conativo
(conduta sociolinguística).
De acordo López Morales (1993), as atitudes são constituídas principalmente por
características comportamentais, ou seja, ações positivas ou negativas, enquanto as crenças são
formandas por componentes cognitivos.
O componente afetivo, diz respeito sobre as emoções e sentimentos pró ou contra um
objeto social e é considerado por alguns estudiosos como o único elemento característico das
atitudes sociais (Botassini, 2015). O componente afetivo desempenha um papel importante na
19

linguagem e na comunicação, influenciando as atitudes linguísticas e as interações com outras


pessoas.
O componente cognitivo refere-se mais estritamente às crenças, pensamentos e
conhecimentos que se tem em relação a um objeto social definido (Botassini, 2015). Refere-se
a percepção e conhecimento que as pessoas têm sobre a língua e a sua diversidade e este
componente tem a ver como as pessoas pensam e julgam a linguagem.
O componente comportamental, ou conativo, é entendido como aquela conduta, reação
ou tendência à reação diante de um objeto social (Botassini, 2015). Esse componente diz a
respeito as ações e deseja que o indivíduo assuma com base nas suas atitudes linguísticas como
elas influenciam o comportamento e as decisões linguísticas de um indivíduo.
Para Ferreira (2019), o estudo de crenças e atitudes não é uma tarefa da sociolinguística
em si, uma vez que nasceu em outras áreas, abordando a sua influência sobre diferentes aspectos
das relações sociais e humanas. O autor afirma que atitudes e crenças linguísticas não são únicos
da sociolinguística, mas podem ser abrangidos por outras áreas como a psicologia, sociologia e
antropologia.
20

2 PERCURSO METODOLÓGICO
Para Gil (1999), o método científico é o conjunto de métodos intelectuais e técnicos
usados para adquirir conhecimento. É a ciência que estuda os métodos do trabalho científico e
aplica os métodos e técnicas para realizar uma pesquisa, ou seja, descrever as etapas pelas quais
uma pesquisa possa validar o conhecimento científico.
Esta seção discute os aspectos metodológicos utilizados: tipo de pesquisa quanto à
abordagem, à natureza, aos objetivos e procedimentos, e os métodos utilizados ao longo da
pesquisa que conduziu a monografia, a composição do corpus, contexto e processamento de
dados da pesquisa também faz parte desta seção.
Na pesquisa básica seu objetivo é criar conhecimentos uteis para o avanço da ciência
sem a aplicação prática esperada. Insto inclui a verdade e o interesse geral. Segundo Appolinário
(2011, p. 146), a pesquisa básica visa principal “o avanço do conhecimento científico, sem
nenhuma preocupação com a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos”.
A pesquisa descritiva exige que o pesquisador forneça uma variedade de informações
sobre o que está sendo investigado. O objetivo deste tipo de pesquisa é explicar certos fatos e
fenômenos da realidade (Triviños, 1987).
Quanto a abordagem a pesquisa é quanti-qualitativo. Para Minayo (2001), a pesquisa
qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. A pesquisa
quantitativa inclui qualquer estudo que utiliza dados quantitativos, ou seja, dados que podem
ser convertidos em números para classificação e análise.
Segundo Ruiz (1976, p. 50), “a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal
como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente
relevantes para ulteriores análises”. A pesquisa de campo caracteriza a pesquisa que coleta
dados de pessoas por meio de diversos tipos de pesquisa, além da pesquisa bibliográfica e/ou
documental.
Utilizamos teoria e metodologia sociolinguística na área de pesquisa sobre atitudes e
crenças (Lambert; Lambert. 1972; Labov, 2008; López Morales 1993; Moreno Fernandez,
1998). As pesquisas sociolinguísticas têm mostrado que não há necessidade de amostras tão
grandes, como as usadas em outras pesquisas de natureza social (de intenções de voto, por
exemplo), para se analisarem fenômenos variáveis, uma vez que o uso linguístico é mais
homogêneo do que o comportamento humano acerca de outros fatos, em virtude de não estar
21

tão sujeito à manipulação consciente (com a ressalva de que no caso dos estereótipos possa
haver algum grau de manipulação consciente).
Mediante uma série de perguntas, este estudo busca compreender como os informantes
se relacionam com a sua comunidade, como se expressam linguisticamente e se registram como
portadores de uma identidade cultural única. Através deste estudo poderemos compreender
melhor como as pessoas se relacionam com o local em que vivem e como essa identificação se
manifesta em sua maneira de falar e expressar.
2.1 Pesquisa de campo: comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças da Vila do
Cravo

Concordia do Pará foi fundada na década de 1960, no auge da exportação da madeira,


quando foi aberta uma estrada que leva à vila de Tomé Açú, atraindo vários trabalhadores
migrantes. Antes era um distrito que pertencia ao município de Bujaru.
Concordia do Pará é um dos 144 municípios do Estado do Pará, possui 34.236
habitantes, que corresponde 53,47% localizados na zona urbana e 46,53% em área rural. Sua
área é de 690,95 Km2 e a densidade populacional é de 49,55hab/Km2.
Localizada a 130 quilômetros da capital Paraense, tem como principais atividades
econômicas a produção do pimentão nacional e a agricultura de subsistência, tendo como
principal produto a farinha de mandioca. Atualmente, a empresa Biopalma possui uma
plantação de dendê para produzir biodiesel.
Figura 1- Mapa de localização do município de Concordia.

Fonte: Google Maps (2023).


De forma similar, as pesquisas de Lopes, Siqueira e Nascimento (1987) revelam que a
palavra quilombo é de origem bantu, empregada no sentido de acampamento guerreiro, na
floresta.
O município de Concórdia tem aproximadamente 19 quilombos, são eles: Campo Verde,
Castanhalzinho, Santa Luiza, Cravo, Curuperé Alto, Curuperé Baixo, Igarapé Dona Caruperé,
Ipanema, Jutai Grande, Menino Jesus, Acará, Nossa Senhora da Conceição Caruperé, Nossa
22

Senhora da Conceição Ipanema, Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo, Nossa Senhora
do Perpétuo Socorro, Nova Esperança, Santo Antônio, Timboteua Cravo e Velho Expedito.
A pesquisa ocorreu no quilombo Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo, no
município de Concórdia do Pará, está localizada na zona rural do município, tendo como via
principal de acesso a PA 140, no quilômetro 35. A organização comunitária iniciou com as
buscas de direitos nos remanescentes quilombolas, registradas em 13 de dezembro de 2006,
discutidas na ATA e registradas na procuradoria. Atualmente, a comunidade é avalizada pelo
CNPJ e pelo Certificado da Fundação Palmares.
Segundo Malcher (2011), o debate sobre o território quilombola na vila do cravo iniciou
na década de 1970, por meio de grupos de evangelização que atuavam na comunidade ligada a
paróquia de São Joaquim, no município de Bujaru. O Quilombo Nossa Senhora das Graças Vila
do Cravo, em Concórdia do Pará, foi certificado como remanescente de quilombo pela
Fundação Cultural Palmares no dia 16/11/2006 no processo 01420.002940/2006-59.
Em termos populacionais, a comunidade Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo
possui cerca de 200 (duzentas) famílias, sendo a composição das famílias formadas pelos
casamentos entre quilombolas, os moradores mais antigos, e quilombolas com pessoas externas
à comunidade, que vieram da cidade e se casaram com os quilombolas da comunidade. A figura
02 mostra a organização espacial da comunidade quilombola.
Figura 2 Organização espacial da comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças.

Fonte: Google Maps (2023).


No quilombo tem a manifestação religiosa do Círio de Nossa Senhora das Graças, em
que grande parte dos fiéis expressam sua devoção à padroeira da comunidade, esta ocorre no
mês de novembro. O quilombo utiliza-se da agricultura familiar, na qual a arrecadação da
produção fornece alimentos para eles e para uso do município em geral.
23

2.2 O corpus da pesquisa

Esta pesquisa pode contribuir para dar visibilidade as línguas faladas da comunidade
quilombola, obtidas pelo estudo de crenças e atitudes linguísticas que permite de maneira
ordenada e objetiva entender como os moradores quilombolas enxergam a fala no contexto
social.
2.2.1 Perfil dos informantes
A escolha dos informantes é um aspecto importante para garantir a representatividade e
validade dos resultados. Informantes são pessoas que fornecem informações sobre suas crenças,
atitudes e comportamentos relacionados à linguagem.
A pesquisa de campo na comunidade sucedeu nos dias 9 a 11 de janeiro de 2023 e 23 a
25 de fevereiro de 2023, com base em visitas, objetivo foi conhecer o espaço e contactar os
informantes
Ao entrar em contato com membros da comunidade quilombola para explicar os
objetivos da pesquisa e convidá-los a participar, alguma desconfiança foi expressa em relação
ao processo de seleção. Para solucionar tal problemática, foi estabelecido uma conversa
empática a fim de sanar as dúvidas sobre a entrevista e mostrando que as informações coletadas
estão sob forma de sigilo.
A pesquisa definiu o número de 08 informantes e o perfil do sexo (masculino e
feminino), idade (18 a 30 anos e 50 anos em diante) e os informantes são nativos da
comunidade. Cada informante foi identificado por código, por exemplo: IAM03
I: Informante;
A: A primeira letra do nome do informante;
M: Sexo;
03: Ordem da entrevista.
O quadro 2 mostra as informações dos informantes.
Quadro 2 Informações dos informantes.
FAIXA
CÓDIGO SEXO ESCOLARIDADE ATIVIDADE
ETÁRIA
IRF01 F 26 anos Graduação Psicóloga
ILM02 M 19 anos Ens. Médio completo Agricultor
IRF03 F 30 anos Graduação Assistente social
IRM04 M 30 anos 3º ano Ens. fundamental Agricultor
IAF05 F 70 anos 8º ano Ens. fundamental Aposentada/Agricultora
IJM06 M 64 anos Ens. Fundamental incompleto Aposentado/ Agricultor
IMF07 F 62 anos Ens. fundamental incompleto Aposentada
IMM08 M 75 anos Ens. fundamental incompleto Aposentada
Fonte: LEBREGO, 2023.
24

2.2.2 Questionário utilizado.


O instrumento utilizado foi um questionário, sendo ele de duas abordagens, direta e
indireta e a terceira de forma direta. Tomamos com o modelo de questionário Freitag, (2017) e
de Ferreira, (2019) e de Cardoso (2014); a ficha da ALiB (COMITÊ NACIONAL DO ALiB,
2001) adaptada e o termo de livre consentimento, ao fim da pesquisa os informantes assinam o
termo e oficializa a participação da pesquisa e o instrumento de gravação, um gravador digital
marca Kapbom.
A entrevista teve em média 1 hora de duração com a checagem das informações;
assinatura do termo de consentimento; ficha do informante e os questionários. O corpus foi
composto por 104 respostas do primeiro bloco do questionário, 104 resposta do segundo bloco
e 72 respostas do terceiro bloco. As questões abertas foram transcritas, bloco 1 e 2, pelo
programa reshape de transcrição de áudio e repassado para o Excel para posterior análise.
A análise das questões de identidade, atitudes e crenças linguísticas contém as questões
relacionadas com a identificação dos informantes com o 1º bloco - roteiro sociolinguística
(Freitag, 2017), onde vivem e a influência na cultura e língua local e perguntas de convivência
na comunidade. O quadro abaixo mostra exemplos de algumas questões.
Figura 3 Questionário qualitativo de atitudes. (ANEXO A)

Fonte: FREITAG, 2017


As questões relacionadas com a identificação dos informantes com o 2º bloco - questões
de atitudes linguísticas (Ferreira, 2019), em que as questões eram relacionadas com a
valorização, a identificação e percebem a língua falada na comunidade. O quadro abaixo mostra
exemplos de algumas questões.
25

Figura 4 Questionário qualitativo de atitudes. (Anexo A)

Fonte: FERREIRA, 2019.

As questões relacionadas com a identificação dos informantes com o 3º bloco - questões


de atitudes linguísticas (Cardoso, 2014), onde as questões visam mensurar crenças e atitudes
linguísticas dos informantes sobre sua variedade linguística. O quadro abaixo mostra exemplos
de algumas questões.
Figura 5 Crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre sua variedade linguística (Anexo A)

Fonte: CARDOSO, 2014.


26

3 RESULTADO E DISCUSSÃO.
Nesta seção, apresentamos os resultados e análises relativos à pesquisa feita na
comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças da Vila do Cravo do município de
Concórdia do Pará. Para melhor organização, estruturamos os resultados de acordo com as
questões aplicadas do Questionário (Anexo A). Assim, no primeiro bloco, apresentamos os
resultados das questões cujo objetivo era compreensão da relação dos informantes como
ambiente em que vivem, bem como de suas atitudes em relação à língua e cultura local; no
segundo bloco, apresentamos as respostas das questões que visaram fornecer informações sobre
como os informantes se sentiam em relação à língua, revelando atitudes linguísticas positivas
ou negativas; por sua vez no terceiro bloco, apresentamos as respostas sobre as atitudes
linguísticas dos informantes quilombolas em relação a sua própria variedade e a variedade dos
outros.
3.1 Bloco 1- Roteiro sociolinguístico
As questões do Bloco 1 – roteiro sociolinguístico, adaptado de Freitag (2017), como já
especificadas na metodologia, objetivaram aferir como os informantes identificavam-se com
lugar em que vive. Quanto mais identificados ao lugar, mais estariam ligados à sua cultura, à
língua e elementos específicos de sua comunidade. As questões analisadas desse bloco são as
de 01 a 13 a seguir.
As duas primeiras perguntas indagavam sobre o tempo de residência dos quilombolas
na comunidade e sobre seus sentimentos em relação a ela: Há quanto tempo mora neste local?
e Sempre morou aqui? (se não, por que veio morar aqui?) (se sim, gosta de morar aqui?).
Em resposta às perguntas, 100% dos informantes disseram morar desde o nascimento e
afirmaram gostar de morar na comunidade. Os excertos (1), (2), (3), (4) e (5) exemplificam
como foram as respostas desses informantes.

(1): eu moro a::: vinte... é a vinte seis é a vinte seis anos.[...] sim.. gosto de morar
(IRF01)
(2): moro aqui desdi que nasci. [...] sim...gostu muito de morar aqui (IJM02).
(3): Desde que eu nasci.[...] sim, gosto (IRF03)
(4): Desde criança. Desde quando eu nasci.[...] Foi legal.(IRM04)
(5): Desde quando eu nasci.[...] Sim, gosto muito de morar aqui (ILM05).

Como podemos verificar nas respostas, os informantes valorizam o local onde moram.
Isto significa que possuem forte sentimento de ligação afetiva com a comunidade onde
cresceram e passam a maior parte de sua vida. De acordo com Labov (1972), contribuiu para a
compreensão da relação entre linguagem e identidade social e cultural. Com isso, o sentimento
de identificação pode se revelar quando os indivíduos se identificam fortemente com o local
27

onde vivem, muitas vezes adotam os valores, tradições e costumes da sua comunidade local,
mostrando um sentimento de pertence a esse lugar.
À terceira pergunta (Em caso positivo de morar desde a infância) como foi a sua
infância no bairro? Mudou muito em relação aos dias atuais? afirma ter havido muitas
mudanças na comunidade, entre elas cantigas de roda, a substituição de brincadeiras de infância
como pião, pular corda, bola de gude\ peteca, amarelinha e entre outros, por jogos mais atuais,
com isso perde nos traços culturais. Os excertos (3), (6)e (7) exemplificam o que disseram
alguns informantes.
(3) a::::: mudou bastante é:: eu acredito que antes não tinha é ::::não era tão evoluído
nosso plano como é hoje né transformou muita coisa cresceu né e através de muita
luta né é::::conquistou-se vários direitos nossos direitos né do Povo quilombola e:::
é:::: hoje temos aí na comunidade em benefício de toda comunidade. (IRF03)
(6): foi uma infância legal e hoje mudou muito principalmente com as crianças que
tinham brincadeiras boas. (IJM02),
(7): foi bom..mudou muito. (IMM06).

Em relação às repostas dos informantes podemos inferir uma atitude positiva sobre a
infância na comunidade, a qual envolve expressão de memórias e sentimentos positivos sobre
a experiência de crescer e viver. Esse sentimento, a sociolinguística fornece informações sobre
como as pessoas lidam com seu passado e como usam a linguagem para transmitir seus
sentimentos e experiências passadas.
Já a quarta pergunta, se tivesse oportunidade, moraria em outro lugar? objetivou
verificar o sentimento de pertencimento dos informantes quilombolas em relação à
comunidade, ou seja, sua lealdade. Dos informantes, 25% disseram que morariam em outro
lugar e 75% afirmaram que não morariam, conforme demostram o Gráfico a seguir.

Gráfico 1 - Respostas dos informantes para a pergunta “Se tivesse oportunidade, moraria em outro lugar?”

25%
Sim
Não
75%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como podemos verificar, mesmo não sendo unânimes as repostas, podemos considerar
que os quilombolas tiveram uma atitude positiva, destacando o valor que eles atribuem à
comunidade e às pessoas, as quais são significativas para eles. É importante considerar a
28

diversidade de perspectivas e sentimentos dentro a comunidade e abordar essas diferenças com


respeito escolhas individuais.

O resultado desta questão, enfatiza a lealdade entre os membros da comunidade


quilombola, considerada relevante para a sociolinguística, a compreensão da identidade cultural
e linguística. A lealdade é um conceito fundamental que influencia profundamente a forma
como as pessoas se percebem, se relacionam com as suas comunidades e mantêm as suas
tradições culturais e linguísticas.
A quinta pergunta: Seus pais sempre moraram aqui? (se sim, eles também gostam de
morar aqui? Pensam em se mudar?) (se não, por que eles vieram morar aqui?) pretendeu
esclarecer as atitudes dos pais dos informantes em relação à comunidade. As respostas da
maioria dos informantes é que seus pais sempre moraram na comunidade e que não pensariam
em mudar, mas um informante relatou que os seus pais nunca comentaram sobre a mudança de
moradia e afirmam que, se tivesse oportunidade, seus pais mudariam. Os excertos (1), (3) e (5).
(1): ... sim... (IRF01)
(3): Sempre... Sim (IRF 03)
(5): Eles nunca falaram, comentaram, mas acho que se aparecesse uma
oportunidade... (ILM05)

A sociolinguística desempenha um papel importante na compreensão do motivo pelo


qual as pessoas não abandonam as suas comunidades, e essa decisão de permanecer numa
comunidade é determinada por muitos fatores sociolinguísticos e culturais.
A sexta pergunta: Seus pais trabalham? Onde? (faça o informante falar sobre a
profissão dos pais, local, de trabalho, se há deslocamento diário, semana etc.) coletou as
informações sobre a situação dos pais dos informantes e compreender melhor a dinâmica social
e econômica da comunidade. Dos informantes, 100% responderam que seus pais trabalham na
agricultura, sendo que dois informaram que além de trabalhar na agricultura são aposentados.
É importante obter uma visão abrangente do contexto em que vivem os informantes e suas
famílias. Os trechos (3), (5) e (6) exemplificam o que alguns deles narraram.
(3): Os meus pais são aposentados. Mas também a agricultura não sai deles. Eles
estão sempre trabalhando na terra. (IRF03)
(5): Trabalham... Eles trabalham na roça... vivem aqui nesse balneário...A gente faz
muitas coisas aí... farinha... tapioca...os alimentos. (ILM05)
(6): com agricultura (IMM06).

Segundo Mollica (2008), rendimento, bens materiais, trabalho são alguns dos
indicadores sociais. As respostas mostram a importância para entender como fatores
socioeconômicos estão relacionados com a linguagem e a identidade.
29

A sétima pergunta: O que você gosta mais de fazer aqui na comunidade? propôs saber
o que os sujeitos da pesquisa valorizam e apreciam na comunidade. Dos informantes, 50%
disseram que mais gostam de fazer na comunidade é lazer, ou seja, jogar futebol, ir ao igarapé
entre outros, 25% dos informantes gostam da agricultura e 25% ir ao culto/ igreja.

Gráfico 2 resposta sobre a questão: O que você gosta mais de fazer aqui na comunidade?

25%
Agricultura
50% Cultos/ igreja
Lazer
25%

Fonte: Elaborado pelo autor.


A sociolinguística está intimamente ligada à vida cotidiana porque se concentra nas
práticas linguísticas e nas interações sociais que ocorrem diariamente. Isso fornece uma
compreensão como a linguagem molda a identidade, comunicação e experiência social em uma
variedade de situações cotidianas.
As respostas dos informantes, demonstra uma variedade de interesse e atividades que
refletem atitudes positivas em relação à comunidade. Os informantes compartilham seus
interesses pessoais, destacando o que mais valorizam na comunidade.
A oitava pergunta: Você/ senhor vai para as festas ou para outras atividades de lazer
fora da comunidade? (se sim, porque), teve como proposito o envolvimento dos informantes
em atividade de lazer que ocorrem fora da comunidade e as atitudes refletem na escolha
individual dos informantes. Podemos observar no gráfico abaixo que 63% informantes vão para
festas ou atividades de lazer fora da comunidade e 37% disseram que não saem da comunidade
em relação ao lazer ou festas.
Gráfico 3 respostas da pergunta: Você/ senhor vai para as festas ou para outras atividades de lazer fora da
comunidade? (se sim, por quê).

37% Sim
Não
63%

Fonte: Elaborado pelo autor


30

As atitudes dos informantes variam de positivas a negativas em relação à participação


em atividade fora da comunidade, refletindo vários níveis de disposição e participação com as
atividades da comunidade. Essas atitudes são moldadas pelas experiencias, escolhas e
motivações pessoais de cada informantes.
A nona pergunta: o que é atrativo para os moradores dessa localidade? (facilidade de
transporte, comércio, lazer, educação etc.) visou a explorar e identificar os fatores que tornam
um local atrativo para os moradores e com isso obtemos informações valiosas para entender o
que contribui para a qualidade de vida na comunidade. No gráfico mostra que 50% dos
informantes disseram que o atrativo da comunidade é as festas,25% dos informantes citaram o
culto religioso, 13% igarapé / balneários e 12% esportes.

Gráfico 4 respostas da questão: o que é atrativo para os moradores dessa localidade? (facilidade de transporte,
comércio, lazer, educação etc.)

Fonte: elaborado pelo autor.


13%
Festas
12%
50%
Culto religioso

25%

Fonte: Elaborado pelo autor.


As atitudes em relação aos atrativos da comunidade são positivas, enfatizando
atividades culturais e de entretenimento, reconhecendo vários fatores que podem ser de
interesse para os moradores da comunidade. Estas respostas fornecem uma perspectiva sobre o
que torna um local atraente.
A décima pergunta: O que não é um atrativo para os moradores da comunidade? (falar
de problemas da comunidade: provavelmente o informante falará sobre a violência, falta de
saneamento básico, transportes públicos deficitários etc.) pretendeu explorar os desafios,
problemas ou aspectos negativos a comunidade, e essa pergunta visa a obtenção de informações
importantes sobre a necessidade da comunidade. Como mostra o gráfico abaixo, 34% dos
informantes falaram sobre as drogas, 33% sobre o saneamento, 22% sobre o transporte e 11%
saúde.
31

Gráfico 5 repostas da pergunta: O que não é um atrativo para os moradores da comunidade?

11%
22% Transporte
Drogas
33% Saneamento

34% Saúde

Fonte: Elaborado pelo autor.


Na visão sociolinguística, essa pergunta pode ser uma atitude de entender como questões
socioculturais e socioeconômicas instigam a forma como a comunidade entende a própria
localidade, bem como as implicações linguísticas dessas percepções.
A décima primeira pergunta: Pedir para o informante falar sobre mais de um desses
problemas apontados. Ela pretendeu que os informantes explanassem mais destas
problemáticas e assim obter uma compreensão mais abrangente das preocupações e desafios
que a comunidade enfrenta. Como mostra nos excertos (2), (5) e (7).
(2): a droga está entrando na comunidade. Não é todo mundo. Sim, um pouco. Mas
só que isso não pode ter gosto individual. Mas o gosto não é nosso, né? (IJM02).
(5): Só buraco e tinha que melhorar (ILM05).
(7): as drogas estão chegando à comunidade e isso é muito ruim pois afeta não só os
jovens como as pessoas do modo geral. (IAF07).

As respostas dos informantes mostram uma visão negativa, pois reconhecem os


problemas enfrentados pela comunidade como a questão das drogas, saúde e dos serviços
básicos. Elas refletem uma compreensão do problema enfrentado e a busca por soluções e
melhorias.
A décima segunda pergunta: Pedir para o informante avaliar a sua comunidade tem
mais pontos positivos ou negativos? propôs coletar informações qualitativas sobre a percepção
os moradores sobre sua comunidade, o que pode servir de base para ações voltadas ao bem-
estar e à qualidade de vida dos residentes. No gráfico abaixo podemos observar que 67% dos
informantes disseram que a comunidade tem mais pontos positivos que negativos, 33%
disseram que tem pontos positivos e negativos e 0% como ponto negativo.
32

Gráfico 6 resposta da pergunta: Pedir para o informante avaliar a sua comunidade tem mais pontos positivos ou
negativos?

33% Positivo
Negativo

67% Positivo e Negativo.


0%

Fonte: Elaborado pelo autor.

As respostas dependem do ponto de vista dos informantes, mas percebe-se que alguns
dos entrevistados acreditam que a comunidade apresenta uma mistura de aspectos positivos e
negativos, enquanto outros enfatizam os aspectos positivos. O objetivo da pergunta é analisar a
avaliação subjetiva, ou seja, refere a apreciação ou julgamento de algo com base nas opiniões
pessoais que os informantes fazem em relação a comunidade na perspectiva sociolinguística.
A décima terceira pergunta: Perguntar para o informante o que ele faria para
melhorar a sua comunidade. Visou envolver os informantes na identificação de problemas e
na procura de soluções da comunidade e promovendo oportunidades locais e contribuir para o
desenvolvimento comunitário. Nos excertos (1), (3) e (8) mostram o que os informantes
narraram.

(1): Eu traria projetos que trabalhassem, que pudessem trabalhar desde a infância, né?
Na educação dessas crianças e trazendo vários tipos de cursos, né? Artesanatos e
dança. No meio cultural mesmo, mas no meio da cultura, assim, sabe? Eu acho que
iria mudar bastante, iria tirar esse foco dessas pessoas, crescer com esse pensamento
de trilhar esse caminho das drogas, caminho da bebida, muitas vezes de outras coisas
ruins que atrapalham. Eu acho que partindo disso, iria mudar muito. (IRF01).
(3): O que eu melhoraria na minha comunidade é, assim, por exemplo, o que eu
poderia melhorar, trazer algum projeto aqui, Por exemplo, principalmente para o
projeto de educação, Trazer algum projeto aqui, por exemplo, principalmente para
trabalhar e incentivar os jovens, assim, principalmente para ter acesso na educação,
que a educação, ela liberta. (IRF03).
(8): Transporte, a saúde e palestras para as pessoas da comunidade (IMF08).

As respostas abrangem uma série de áreas, incluindo educação, infraestrutura, saúde,


transporte e envolvimento comunitário. Reflete o desejo de resolver problemas específicos e
melhorar a qualidade de vida na comunidade de várias maneiras.
A análise sociolinguística no primeiro bloco forneceu informações importantes sobre a
relação dos informantes com o ambiente em que vivem e as suas atitudes em relação à língua e
cultura local.
33

3.2 Bloco 2- Questões de atitudes linguísticas


As questões a seguir, do Bloco 2 – Questões de atitudes linguísticas, (FERREIRA,
2019), objetivaram mensurar crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre sua
variedade linguística; compreender como os indivíduos veem e avaliam sua forma de falar,
como se comunicam, é fundamental para compreensão mais profunda da dinâmica
sociolinguística. Assim, as atitudes linguísticas desempenham um papel importante na forma
como as pessoas se sentem em relação a sua própria língua e as línguas de outras comunidades.
As questões analisadas desse bloco são as de 01 a 13 a seguir.
A primeira pergunta: Você consegue identificar de onde veio a pessoa só pela sua
maneira de falar? Pode dar um exemplo? objetivamos medir o grau de percepção dos
informantes em relação à variabilidade da língua portuguesa e aos conhecimentos que têm sobre
ela. O Gráfico 2 apresenta os resultados encontrados.

Gráfico 7 Respostas da pergunta: Você consegue identificar de onde veio a pessoa só pela sua maneira de falar?
Pode dar um exemplo?

12%

Sim- com exemplo


50% Sim- sem exemplo
38% Não

Fonte: Elaborado pelo autor.


No gráfico podemos observar que 88% dos informantes disseram conseguir identificar
a origem da pessoa pela maneira. Desses 50% indicaram algumas características como exemplo
e 38% não souberam dizer que características observariam e 12% dos informantes disseram que
não conseguir identificar.
As repostas dos informantes refletem uma percepção da importância da língua e do
sotaque na identificação das origens geográficas e culturais. Isso mostra como a língua exerce
um papel importante na identidade, bem como nas percepções das diferenças regionais. Além
disso, revelam o tipo de conhecimento que possuem sobre a variação linguística, presente no
componente cognitivo de atitude (Ferreira e Aguilera, 2021). Os excertos (1), (4) e (6) mostram
o que os informantes disseram.
(1): sim...as vezes pelo não chiado (IRF01)
(4): sim, pela forma que pessoal fala do chiado e do essi (IRF03)
(6): Não. (IMM06)
34

A segunda pergunta, você acha que as pessoas aqui da comunidade têm um jeito de
falar diferente das pessoas de outro lugar? Como seria? contribui inferir as atitudes
linguísticas dos informantes em relação à sua comunidade e à linguagem como parte da sua
identidade. Os resultados dessa questão estão expostos no Gráfico 8.
Gráfico 8 respostas da pergunta: Você acha que as pessoas aqui da comunidade têm um jeito de falar diferente
das pessoas de outro lugar? Como seria?

38% Sim
50% Não tem certeza
Não

12%

Fonte: Elaborado pelo autor.


O gráfico 8 mostra que 50% dos informantes disseram que as pessoas da comunidade
têm uma forma de falar diferente, 38% deles mostraram que tem certeza e 12% dos informantes
disseram que não tem essa diferença.
As respostas dos informantes indicam uma percepção geral de que pode haver
diferenciação na forma como as pessoas falam em sua comunidade em relação aos outros
lugares. Por outro lado, a percepção dessas diferenças não parece ser evidente para todos os
quilombolas. O nível de consciência sociolinguística é muito importante na percepção para as
atitudes, porque está na base da formação delas. Essa percepção do diferente, do conhecimento
sobre o objeto social, aqui no caso a língua, se revela por meio do componente cognitivo de
atitude (Lambert; Lambert, 1972).
Corroborando com o que se pode analisar, Silva e Aguilera (2014), enfatizam que a
identidade se forma a parte da percepção do diferente. Isso enfatiza a ideia de que a nossa
identidade está ligada às nossas percepções de nós mesmo em termos de língua, cultura e outros
aspectos.
A terceira pergunta: você poderia me dizer algumas palavras ou expressão que são
típicas daqui da comunidade? (se sim, por quê? Se não, por quê?) verificou que expressões
ou lexias os informantes consideram pertencentes a sua comunidade e o que os distinguiriam
de outras comunidade e localidades. Novamente esta pergunta reflete informações cognitivas
presente no componente de atitudes, demonstrando a percepção de uma identidade única dentro
da comunidade.
35

Todas as repostas dos informantes foram unânimes em relação à expressão “GUÁ”


usada para indicar admiração ou espanto. Isto mostra que os informantes reconhecem e
valorizam as particularidades de sua língua. Como mostra nos trechos (3), (5) e (7) que os
informantes narraram.
(3): É guá (IRF03)
(5): a pessoa falar e tem umas palavras, por exemplo, lá em Belém a gente fala égua,
aí pra cá a gente fala guá. (ILM05)
(7): Olha, aqui é guá. Não é égua, é guá. Isso aí significa espanto, admiração, ou
tem mais outros, são três coisas. Espanto, admiração e... A pessoa, por exemplo,
ignorando uma coisa. A pessoa tem esse sotaque de dizer guá. (IAF07).

Ressalta-se que o componente cognitivo na sociolinguística é essencial para


compreender como a linguagem é usada, percebida e interpretada pelos indivíduos em
contextos sociais. Lambert e Lambert (1972), componente cognitivo pertence às crenças, a
opinião, aos conhecimentos que se tem em relação a um objeto social definido.
Quarta pergunta: Você acha que aqui na comunidade as pessoas falam bem a língua
portuguesa? Por quê? objetivou a compreender como os informantes percebem a competência
linguística na sua comunidade e que fatores podem influenciar as suas opiniões sobre este tema.
O gráfico 9 mostra que 62% dos informantes responderam positivamente, afirmando que as
pessoas da comunidade falam bem a língua portuguesa e 38% disseram que não, ou seja, que
as pessoas da comunidade não falam bem a língua portuguesa.

Gráfico 9 respostas da seguinte questão Você acha que aqui na comunidade as pessoas falam bem a língua
portuguesa? Por quê?

38%
Sim
Não
62%

Fonte: Elaborada pelo autor.


Pelas respostas dos informantes quilombolas, é possível inferir que a maioria teve
atitude positiva em relação à sua forma de falar. A avaliação feita sobre a maneira de falar dos
quilombolas reflete a crença do “bem falar” e do “bem escrever”, que tem como base a norma,
a ideia de unidade linguística. Assim, quem se distancia dessa “norma” estaria errando na
língua. Os excertos a seguir exemplificaram algumas respostas dos informantes.
36

(1) Não. Porque eu acho que o ensino ainda está muito abaixo de alcançar. Pelo fato
de muita gente não ser estimulada a estudar, a procurar alcançar, pelo menos, até
completar o ensino mesmo. Muitas pessoas aqui não completam nenhum
fundamental. Então essas pessoas têm dificuldade para se comunicar. Às vezes a
palavra, a forma de escrever, essas pessoas não conseguem desenvolver. (IRF01)
(3) Diretamente, vamos dizer que também tem muitos jovens que têm que se
capacitar e tudo, através desse processo eletivo que conseguiram uma graduação e
tudo, estão se formando, eu vejo uma diferença muito grande de antes para agora
também. Tem muitos profissionais da própria comunidade agora que estão dando
aula, na própria escola quilombola e tudo, enfim. Entendi. (IRF03)
(8) Falam, sim. Com certeza. (IMF08)

Na maioria das respostas dos informantes podemos observar atitudes que refletem a
complexidade das percepções dos informantes em relação à competência linguística na
comunidade, tendo em conta a educação formal, o sotaque local, a identidade linguística da
comunidade e entre outros. Essa percepção é influenciada pela experiência. Botassini (2015)
cita que em algumas comunidades ou sociedade é percebida como um fator que divide as
pessoas em diferentes classes sociais.
A quinta pergunta, você sente vergonha de falar na frente de pessoas que não são da
comunidade? Se sim, por quê? Se não, por quê? objetivou explorar as atitudes afetivas e
emocionais dos informantes em relação a sua própria língua e cultura no contexto de suas
interações com as pessoas de fora da comunidade. O gráfico 10 mostra que 63% dos
informantes não sentem vergonha em falar na frente de pessoas que não são da comunidade;
por outro lado, 25% dos informantes disseram que depende da situação e 12% disseram que
sentem vergonha.
Gráfico 10 respostas da questão: você sente vergonha de falar na frente de pessoas que não são da comunidade?
Se sim, por quê? Se não, por quê?

12%
25%
Sim
Não
Depende
63%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para López Morales (1993), diz que as atitudes são comportamentos e ações
observáveis, enquanto as opiniões são aspectos mais internos relacionados a pensamentos e
sentimentos. É importante notar que alguns dos informantes indicam atitudes positivas e
expressam o orgulho e aceitação da sua diversidade linguística em relação à língua da
37

comunidade, enquanto outros não fornecem detalhes suficientes para determinar em relação ao
preconceito linguístico.
(1): Não. Não mesmo. Porque é a minha raiz, é a minha cultura e é isso que eu carrego
comigo. E é isso que me descreve, eu sou assim e eu não vou mudar um momento só
porque outras pessoas falam de outra maneira. Porque em cada lugar existe sua
cultura e essa é a minha. (IRF01).
(4): Sim. Às vezes a pessoa se avexa, se intimida, mas assim, a gente vai aprendendo
ao dia a dia. Aprendendo com um, aprendendo com outro, é assim que a gente se
desenvolve, dessa forma. (IRM04).
(5): Depende...É, por exemplo, se for uma pessoa muito diferente. (ILM05).

A sexta pergunta: Quem você acha que fala melhor, as pessoas da comunidade ou as
pessoas que vivem na cidade? Por quê? objetivou a entender se os informantes acreditam que
a diversidade linguística da comunidade é igual ou superior a das pessoas que vivem na cidade.
No gráfico 11 mostra que 88% dos informantes disseram que independe do lugar fala melhor,
12% dos informantes disseram que as pessoas da cidade falam melhor devido ter um estudo
mais adequado e 0% dos informantes disseram que a comunidade fala melhor em relação às
pessoas da cidade.

Gráfico 11 respostas da questão: Quem você acha que fala melhor, as pessoas da comunidade ou as pessoas que
vivem na cidade? Por quê?
0%

12%

Comunidade
Cidade
Indenpende
88%

Fonte: Elaborado pelo autor.


Embora as respostas dos informantes mostram uma atitude positiva em relação à
diversidade linguística e cultural, um informante mostra uma atitude ambígua, que pode ser
interpretada como uma atitude relacionada com a avaliação da competência linguística, pode
indicar um preconceito linguístico, mas a resposta não é clara.
A sétima pergunta: como você acha que fala? o objetivo desta questão foi compreender
como os informantes veem a sua própria fala em relação aos padrões linguísticos que podem
estar presentes em sua comunidade, em comparação com outras variedades linguísticas. Esses
padrões linguísticos estão divididos em duas partes, a variedade padrão, que é a língua de
prestígio, ou seja, a gramática normativa e a outra variedade, é a não padrão, chamada coloquial,
ou seja, uma linguagem popular.
38

Nesta questão os informantes não souberam informa essa diferença dos padrões
linguísticos, porém o entrevistador observou que a forma de falar dos informantes foram todas
de variedade não padrão.
A oitava pergunta: Aqui na comunidade tem pessoas que você acha que falam melhor?
Como seria? objetivou compreender as percepções dos informantes sobre as competências
linguísticas dos indivíduos da comunidade. As respostas dos informantes são consideradas
como atitudes positivas que refletem uma visão valorizada a educação formal, essa atitude
promove a igualdade e respeita a diversidade linguística. Nos excertos (1), (2) e (5).
(2): sim, com seu nível de estudo (IJM02)
(5): sim, quando se tem estudo (ILM05)
(8): sim, pelo estudo adquirido (IMF08)

Em relação à nona pergunta: Você já passou por uma situação de constrangedora


relacionada ao seu modo de falar? Como foi? essa questão objetivou conhecer as experiencias
dos informantes em que se sentiram constrangidos devido ao seu modo de falar, ou seja, se
enfrentaram preconceito linguístico. O gráfico 12 mostra que 62% dos informantes já sofreram
o preconceito linguístico e 38% dos informantes disseram que não.
Gráfico 12 resposta da seguinte pergunta: Você já passou por uma situação de constrangedora relacionada ao
seu modo de falar? Como foi?

38%
Sim
Não
62%

Fonte: Elaborado pelo autor.


Como mostra os excertos (5), (6) e (7).
(5): Não, nunca..Não, nunca passei ILM05
(6): já, foi difícil ...as vezes os pessoal riem do jeito de falar IMM06
(7): sim..Um dia desse eu fiquei triste que alguém chegou até a me criticar do jeito
que eu falava, mas eu não me preocupei. Porque eu digo que ninguém é burro,
ninguém é surdo que não saiba o que eu quero dizer. E é isso que é importante IAF07

Mostra que os informantes já passaram por situações desconfortáveis relacionadas a


maneira como fala. Bagno (1999) fala do preconceito linguístico, que é uma forma de
discriminação baseada na variedade linguística que um indivíduo fala, que é injusto e
prejudicial e acredita que todas as variedades têm seu valor igual e são respeitados.
39

A decima pergunta: quando você precisa conversar com outras pessoas que não da
comunidade (estando em viagem, a passeio em algum lugar fora de sua cidade) você procura
mudar a sua forma de falar? Pode dar um exemplo? essa pergunta propôs observar se há
conscientização por parte dos informantes sobre as diferenças linguísticas entre a sua
comunidade e outras localidades e se ajusta o seu modo de falar para facilitar a compreensão
quando interage com pessoa de fora da comunidade. No gráfico 13 mostra que 63% dos
informantes não mudam a forma de falar e 37% dos informantes disseram que muda a forma
de falar.
Gráfico 13 respostas da seguinte pergunta: quando você precisa conversar com outras pessoas que não da
comunidade (estando em viagem, a passeio em algum lugar fora de sua cidade) você procura mudar a sua forma
de falar? Pode dar um exemplo?

37% Muda a forma de falar

Não muda a forma de


63% falar.

Fonte: elaborado pelo autor.

Com as respostas dos informantes reflete a um componente comportamental da atitude


linguística que envolve a maneira como uma pessoa se comporta em relação à língua em
situações. No geral, os informantes valorizam à sua maneira de falar e mantê-las em várias
situações. Estas atitudes são influenciadas por fatores como a identidade cultural, autoestima,
linguística e entre outras.
Décima primeira pergunta: Você sente orgulho da forma de falar da comunidade ou
gostaria de mudar algo? (indagar) observou como os informantes se sentem em relação à
maneira de falar e se mudaria a forma de falar para se adequar com os padrões linguísticos.
Todos os informantes não mudariam a sua forma de como mostra os excertos (4), (5) e (8).
(4): Eu me sinto orgulhoso, cara, porque é meu jeito de falar, então a gente tem que
respeitar a forma, o jeito de cada um. IRM04
(5): Pra mim é de boa, tranquilo. ILM05
(8): Não. Sinto orgulho. Não mudaria de forma nenhuma. IMF08

As respostas dos informantes demostram atitudes positivas, ou seja, o componente


afetivo traz um sentimento de orgulho em relação ao modo de falar da comunidade, enfatizando
a preservação da identidade linguística e cultural.
40

Em relação a decima segunda pergunta: Você acredita que o jeito de falar das pessoas
mais velhas da comunidade é diferente que as pessoas mais jovens? (se sim, qual seria?)
investigou as percepções dos informantes sobre a variação linguística na comunidade em
relação à idade. 100% responderam que o jeito de falar das pessoas mais velhas da comunidade
é diferente dos mais jovens. Os excertos (1), (3) e (4).

(1): sim.. Alguns herdam aquilo que aprendem e que pretendem levar futuramente
para os filhos, para os netos e outros querem se comparar às pessoas, por exemplo, da
cidade, falar igual a pessoa da cidade, porque não se aceita, porque às vezes não se
sente pertencente àquele lugar, e só pelo fato, mais pelo modo de querer ser igual ou
melhor. IRF01
(3): Sim, com certeza. É porque, assim, no caso, as pessoas antigas, como eu estou te
falando, é mais a parte de cultura deles. Eu não posso, por exemplo, chegar e consertar
uma pessoa que viveu todo o tempo aquele linguajar e porque eu vou não, não é assim,
desse jeito. Então a gente tem que respeitar, por exemplo, até como a pessoa fala, não
vou chegar e constranger ou xingar ou achar graça de uma pessoa que, enfim, é a
parte mesmo de respeito, né, que tem que prevalecer. IRF03
(5): É, é muito diferente. É assim, no caso, porque o jovem pensa diferente, e a pessoa
que é mais velha já pensa de outra forma, do tempo dele. O jovem, hoje em dia, tem
um pensamento diferente, entendeu? Porque, assim, porque tem uma diferença,
porque a pessoa que é mais antiga, só tem um objetivo, e a pessoa que é mais nova,
tem uma ideia melhor. IRM04

As atitudes linguísticas destes informantes foram positivas, enfatizando a diversidade e


preservação cultural, reconhecendo assim as mudanças linguísticas ao longo do tempo. Com
isso o componente cognitivo, mostra a percepção e ao conhecimento das variações linguísticas
dentro da comunidade relacionadas à idade das pessoas.
Com relação a decima terceira pergunta: Quando você vai a outra localidade/cidade as
pessoas percebem, pela sua maneira de falar, que você não é de lá? objetivou entender que
os informantes sentem que a maneira de falar é diferente daquela comunidade e avaliam se a
linguagem usada é um indicativo claro. Os dados informados mostram que todos os informantes
disseram que sim, que outras pessoas percebem a maneira de falar, como mostra os excertos
(3), (4) e (6).
(3): Com certeza. IRF03
(4): Percebem, isso tem em todo lugar, percebem. IRM04
(6): É, eu quase pouco saio daí. IMM06

Nas respostas dos informantes, observa o componente comportamental onde as pessoas


notam a diferença de falar com a pessoa quando ela está em outra localidade. Esta percepção
também pode resultar de diferentes sotaques regionais e nas expressões que indicam a origem.
3. 3 Bloco 3- Questões de atitudes linguísticas
As questões a seguir pertencem ao Bloco 3 – Questões de atitudes linguísticas, extraídas
de (CARDOSO, 2014), que objetivou mensurar crenças e atitudes linguísticas dos informantes
sobre sua variedade linguística, como mostra o quadro 3.
41

Quadro 3 Modelo de diferencial semântico.

Características
Estética Bonita – Feia
Cantada – Não cantada
Chiada – Não chiada
Dialetais
Lenta – Rápida
Acaboclada – Não Acaboclada
Clara – Não clara
Estilísticas
Simples – Confusa
Conhecida – Não conhecida
Socioculturais
Importante – Não importante.
Fonte: Elaborado pelo Autor.

As características estilísticas referem-se à forma como uma pessoa fala; características


dialetais que podem incluir diferenças nas pronúncias, no vocabulário, na gramática e no uso
da língua; características estáticas referem-se às variações linguísticas que permanecem ao
longo do tempo; e características sociocultural referem-se às variações linguísticas que são
influenciadas por fatores sociais e culturais, como classe social, etnia, gênero e identidade
cultural.
A análise do terceiro bloco foi feita com base na seguinte pergunta: como você acha a
fala da comunidade? os informantes responderam com base no diferencial semântico
indicando as características citadas no quadro 3. Os resultados apresentados refletem elementos
essenciais das atitudes linguísticas presentes no componente afetivo das atitudes, a partir do
qual os informantes julgam determinado objeto social (Lambert; Lambert, 1972). Esses
resultados correspondem aos percentuais atribuídos a todas as características classificadas
como positivas e negativas.
Os resultados apresentados a seguir foram organizados a partir do sexo e da idade dos
informantes.
3.3.1 Atitudes linguísticas na variável “Sexo”

A variável sexo é importante na pesquisa sociolinguística porque pode ajudar a


compreender as diferenças linguísticas e discursivas na fala masculina e feminina em diferentes
contextos sociais e culturais. O quadro 4, mostra algumas diferenças das características
consideradas nas respostas de homens e mulheres.
42

Quadro 4 Atitudes linguísticas na variável “Sexo”


Características. M. F.
Estética “Bonita” 100% 100%
“Acaboclada” 100% 75%
“Chiada” 100% 100%
Dialetais
“Cantada” 100% 75%
“Lenta” 100% 100%
“Conhecida” 100% 100%
Socioculturais
“Importante’ 100% 100%
“Clara” 50% 100%
Estilísticas
“Simples” 100% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisarmos os dados das atitudes linguísticas na variável “Sexo”, observou que a
característica estética “bonita” para ambos os sexos foi de 100%, que está relacionada com a
qualidade da voz que possui uma percepção positiva dessas formas de falar.
Em relação as características dialetais “chiada” e “lenta” obtiveram 100% das respostas
associadas à fala da comunidade para ambos os sexos, A caraterística “lenta” transmite que
tanto para os homens e mulheres uma característica preferível. Em relação a característica
“chiada” para a comunidade é um indício positivo de identidade linguística. O chiado não é
bem-vindo por falantes que não o consideram como uma característica a sua forma de falar
(FERREIRA, 2019).
A atitude dialetal “acaboclada” e “cantada” apresenta diferenças entre os sexos, as
porcentagens foram de 100% para o masculino que indica uma percepção positiva em relação
à fala da comunidade e 75% para o sexo feminino que sugere uma percepção um menos positiva
em comparação com os homens
Em relação as características “importante” e “conhecida” obtiveram 100% das respostas
tanto do sexo masculino e feminino que reconhecem a importância e o valor social da variedade
da comunidade.
A atitude em relação à característica linguística “clara” aponta que existem distinções
nas respostas entre os gêneros. Apesar de que 100% das mulheres avaliam esta característica
importante, somente 50% dos homens partilham a mesma percepção. Essa discordância indica
que as mulheres têm uma atitude mais forte que os homens em relação a clareza linguística. Em
relação a caraterística “simples”, dá a entender que os participantes de ambas as faixas etárias
atribuem importância e valorizam uma linguagem simples em suas atitudes conativas.
Esses resultados corroboram a importância de refletir as atitudes linguísticas em relação
a distintas características e como elas diferem entre grupos de falantes.
43

Esses resultados demostram a importância das atitudes linguísticas em relação a


diferentes características e como elas podem variar entre os grupos de falantes. Essas distinções
podem refletir influências sociais e culturais dentro da comunidade, bem como fatores
individuais e experiências pessoais dos participantes.
Labov (2008, p. 348) pontua este fato como “um produto de fatores físicos, ou de
diferentes quantidades de informação referencial fornecida por eles, mas, sim, uma postura
expressiva que é socialmente mais apropriada para um sexo do que para o outro”. Essa citação
enfatiza que as diferenças entre os sexos na maneira de falar, significa que as atitudes e crenças
sociais relacionadas ao gênero desempenham um papel na variação linguística que a linguagem
reflete as normas sociais e culturais de uma determinada comunidade.
Os resultados mostraram, de maneira geral, uma expressão positiva dos quilombolas
sobre fala da comunidade. Essa atitude reflete um sentimento de identidade forte entre os
quilombolas. Para Moreno Fernandez (1988), é uma entidade subjetiva compartilhada por todos
em uma comunidade como sentimento coletivo. Este sentimento demostra uma forte segurança
e lealdade entre os quilombos.

3.3.2 Atitudes linguísticas na variável “Faixa etária”


Há diferenças entre a linguagem dos idosos, das crianças e dos adolescentes e isso pode
afetar as atitudes linguísticas. Ao analisar a atitudes linguísticas na variável “Faixa etária” que
é uma variante importante, pois ajuda a compreender as diferenças linguísticas. O nosso corpus
de informantes foi organizado em dois grupos, faixa etária I que tem idade entre 18 a 30 anos e
o grupo de faixa etária II com a idade são acima de 50 anos. Os resultados mostraram que os
mais velhos tiveram mais atitudes positivas do que os jovens, conforme apresenta o quadro 5.

Quadro 5 Variável faixa etária quanto aos componentes (Afetivo, cognitivo e conativo).
Componentes Faixa Faixa
Características. Etária I Etária II
(18 a 30 anos) (50 anos em diante)
Estética “Bonita” 100% 100%
Acaboclada” 75% 100%
“Chiada” 100% 100%
Dialetais
“Cantada” 75% 100%
“Lenta” 100% 100%
“Conhecida” 100% 100%
Socioculturais
“Importante’ 100% 100%
“Clara” 50% 100%
Estilísticas
“Simples” 100% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
44

Em ambas as faixas etárias (18-30 anos – 50 anos em diante), o percentual da


característica linguística “bonita” é de 100%. Destaca-se que ambas as faixas etárias valorizam
a estética e a sonoridade da fala da comunidade. Essas atitudes afetivas em relação à beleza e a
sonoridade da fala podem estar relacionadas a fatores culturais, pessoais e sociais
Houve diferença na característica linguística “acaboclado” e “cantada” tanto para faixa
etária I (18-30 anos), 75%, e faixa etária II (50 anos em diante), 100%. Isto significa que para
os falantes mais jovens essa característica tende ater um componente comportamental mais
negativa, essas atitudes podem estar associadas com as diferentes experiencias e percepções
dos falantes sobre sua própria identidade e do grupo na qual ele pertence.
As características “chiada” e “lenta” em ambas as faixas etárias tiveram uma
porcentagem de 100%, tanto os jovens quanto as pessoas acima de 50 anos valorizam a estética
e a sonoridade da fala da comunidade.
As características socioculturais, temos apenas atitudes positivas em relação a
comunidade quilombola. Os informantes da faixa etária I (18 a 30 anos) e faixa etária II (acima
de 50 anos) julgam a fala da comunidade conhecida e importante. Essas experiências de vida e
pertencimento a diferentes gerações podem influenciar essas atitudes.
Em relação as características estilísticas,” clara” e “simples” apresentam uma atitude
positiva de 100% entre as faixas etárias. Isso significa que os informantes valorizam uma clara
e simples em suas atitudes conativas ou comportamental.
Estes resultados indicam que, apesar da faixa etária, os informantes consideram a
simplicidade e a clareza como aspectos desejáveis da comunicação verbal. Isto pode significar
preferir uma linguagem direta, compreensível e clara facilitando a transmissão efetiva de
informações e minimizando os mal-entendidos.
Os resultados demonstram a importância de considerar atitudes conativas em relação à
linguagem ao analisar a variação linguística e as práticas comunicativas e diferentes faixas.
Compreender as atitudes conativas positivas fornece informações valiosas sobre as preferências
dos informantes em relação à expressão e ao uso da linguagem, contribuindo para uma
compreensão mais abrangente da sociolinguística e da comunicação humana.
A idade, como variável sociolinguística, é complexa (FREITAG, 2005) e como as
mudanças linguísticas podem ocorrer ao longo do tempo e afetar diferentes faixas etárias de
diferentes maneiras, a faixa etária pode ser uma importância variável sociolinguística. Além
disso, a idade pode estar associada a diferentes níveis de exposição e uso da linguagem, como
o contato com gerações mais velhas que podem ter diferentes hábitos linguísticos ou acesso a
diferentes contextos de uso da língua, como escola ou trabalho.
45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo em questão foi analisar as atitudes dos informantes da comunidade


quilombola Nossa Senhora das Graças da vila do Cravo do município de Concórdia do Pará.
Em relação a sua língua e considerar as manifestações de atitudes e crenças linguísticas no
contexto ao sentimento de identidade linguística.
Esse sentimento de lealdade fortalece a identidade linguística de um grupo social e
preserva as características únicas que são fundamentais para a identidade. Através das atitudes
positivas, os quilombolas transmitem o componente comportamental de respeito, orgulho e
apreço pela sua variedade linguística.
Os informantes avaliam de forma positiva a variedade linguística associadas à sua
cultura, e essa atitude é compartilhada diferentes faixas etárias e gêneros. É importante
reconhecer a atitude positiva visto que faz parte do esforço contínuo para apoiar a comunidade
na luta contra a discriminação linguística e na valorização da diversidade linguística e cultural
Uma questão que foi observada na entrevista é o preconceito linguístico que alguns
informantes têm de si, vergonha de falar ou de se expressar achando que está falando errado,
não utilizando a norma padrão da língua portuguesa. É certo respeitar a maneira de falar de cada
indivíduo para gerar a inclusão de pessoas habitualmente discriminadas pela sua origem, classe
social, raça etc. e romper a crença de que há apenas uma forma de se comunicar.
Este trabalho teve o intuito de contribuir não apenas no sentido de mensurar as crenças
e atitudes linguísticas na comunidade, mas também contribuir para a ampliação de estudos de
atitudes nas comunidades tradicionais no estado do Pará. Nesse sentido, podemos inferir que a
pesquisa deixa em aberto um espaço para investigações no âmbito do preconceito linguístico,
com base nas experiências dos entrevistados.
46

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Tese ( Doutorado em Línguística)- Universidade Federal do Pará, Belém Pará, 2019.

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48

ANEXOS:

ANEXO A- QUESTIONARIO DE ENTREVISTA

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA
Informante:_________________________________________ nº ______ Sexo____ Faixa
etária_____
Bloco 1 – roteiro sociolinguístico
(FREITAG, 2017)
Objetivo aferir como os informantes estão identificados ao lugar em que vive. Quando mais
identificados ao lugar, mais estarão ligados à sua cultura, língua etc.
1. Ha quanto tempo mora nesse lugar?
2. Sempre morou aqui? (se não, por que veio morar aqui?) (se sim, gosta de morar aqui?)
3. (se sim) Como foi a sua infância no bairro? Mudou muito em relação aos dias de hoje?
4. Se tivesse oportunidade, moraria em outro lugar?
5. Seus pais sempre moraram aqui? (se sim, eles também gostam de morar aqui? Pensam
em se mudar?) (se não, por que eles vieram morar aqui?)
6. Seus pais trabalham? Onde? (faca o informante falar sobre a profissão dos pais, local de
trabalho, se há deslocamento diário, semanal, etc.)
7. O que você mais gosta de fazer no local onde mora? (festas, atividades de lazer, opções
de gastronomia)
8. Você/Senhor vai para festas ou outras atividades de lazer fora da comunidade onde você
mora? (se sim, por quê?)
9. O que é atrativo para os moradores dessa localidade? (facilidades de transporte,
comercio, lazer, educação)
10. O que não é um atrativo para os moradores da comunidade? (falar de problemas da
comunidade: provavelmente o informante falara sobre violência, falta de infraestrutura,
saneamento básico, transportes públicos deficitários, etc.)
11. Pedir para o informante falar mais de um desses problemas apontados.
12. Pedir para o informante avaliar se a sua comunidade tem mais pontos positivos ou
negativos.
13. Perguntar para o informante o que ele faria para melhorar a sua comunidade.
49

Bloco 2 – Questões de atitudes linguísticas.


Extraídas de (FERREIRA, 2019)
Objetivo mensurar crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre sua variedade
linguística.

1. Você consegue identificar de onde veio uma pessoa só pela sua maneira de falar? Pode
dar um exemplo?
2. Você acha que as pessoas aqui da comunidade têm um jeito de falar diferente das
pessoas de outro lugar? Como seria?
3. Você poderia me dizer algumas palavras ou expressão que são típicas daqui da
comunidade?
4. Você acha que aqui na comunidade as pessoas falam bem a língua portuguesa? Por
quê?
5. Você sente vergonha de falar na frente de pessoas que não são da comunidade? (Se
sim, por quê? Se não, por quê?)
6. Quem você acha que fala melhor, as pessoas da comunidade ou as pessoas que vivem
na cidade? Por quê?
7. Como você acha que fala?
8. Aqui na comunidade tem pessoas que você acha que falam melhor? Como seria?
9. Você já passou por uma situação constrangedora relacionada ao seu modo de falar?
Como foi?
10. Quando você precisa conversar com outras pessoas que não são da comunidade (estando
em viagem, a passeio em algum lugar fora de sua cidade) você procura mudar a sua
forma de falar? Pode dar um exemplo?
11. Você sente orgulho da forma de falar da comunidade ou gostaria de mudar algo?
(Indagar)
12. Você acredita que o jeito de falar das pessoas mais velhas da comunidade é diferente
das pessoas mais jovens? (Se sim, qual seria?)
13. Quando você vai a outra localidade/cidade as pessoas percebem, pela sua maneira de
falar, que você não é de lá?
50

Bloco 3 – Questões de atitudes linguísticas.


Extraídas de (CARDOSO, 2014)
Objetivo mensurar crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre sua variedade
linguística.
Você acha que a forma de falar da comunidade é?
1. Bonita( ) ou feia( )?
2. Cantada( ) ou não cantada ( )?
3. Clara( ) ou confusa( )?
4. Chiada ( ) ou não chiada( )?
5. Acaboclada( ) ou não acaboclada ( )?
6. Simples( ) ou complicada ( )?
7. Conhecida ( ) ou desconhecida( )?
8. Importante ( ) ou sem importância ( )?
9. Lenta( ) ou rápida ( )?
51

ANEXO B- FICHA DO INFORMANTE.


52
53

ANEXO C- FICHA DA LOCALIDADE.


54
55

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA


Projeto: CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS NA COMUNIDADE
QUILOMBOLA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DA VILA DO CRAVO DO
MUNICIPIO DE CONCORDIA DO PARÁ

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado participante,

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa CRENÇAS E ATITUDES


LINGUÍSTICAS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA NOSSA SENHORA DAS
GRAÇAS DA VILA DO CRAVO DO MUNICIPIO DE CONCORDIA DO PARÁ,
desenvolvida por Charlly Roberto Correa lebrego, discente de graduação o curso de licenciatura
em letras português- UFRA, sob orientação do Professor Dr. Jany Éric Queirós Ferreira.
O objetivo central do estudo é: o objetivo dessa pesquisa é ver se tem um impacto
positivo ou negativo sobre os informantes com as variáveis sexo e faixa etária sobre a atitude e
crenças linguísticas.
O convite a sua participação se deve ao fato de você preencher os requisitos para o
grupo de amostra que definimos (ser homem ou mulher, de 18 a 30 anos e acima de 50 anos,
nativos).
Sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória, e consistirá em responder
perguntas de um roteiro de entrevista/questionário ao pesquisador do projeto a partir da audição
de textos estímulos. E você tem plena autonomia para decidir se quer ou não participar, bem
como retirar sua participação a qualquer momento, o que não incorrerá em custos pessoais, nem
tampouco em qualquer tipo de remuneração. Sua participação poderá apenas incorrer risco de
constrangimento durante à entrevista.
As informações prestadas por você serão gravadas e arquivadas, garantindo, todavia, o
anonimato de qualquer informação que possa identificá-lo(a). Assim, qualquer informação
divulgada em relatório ou publicação garantirá a confidencialidade de seus dados pessoais.
Você tem a liberdade de se recusar em participar do estudo, ou se aceitar a participar,
retirar seu consentimento a qualquer momento.
Se você tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, você pode me contatar através do
telefone (91) 98810-6520 ou pelo e-mail charllylebrego@gmail.com. Este projeto foi revisado
e aprovado pelo professor orientador Dr Jany Éric Queirós Ferreira.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o (a) pesquisador(a)
responsável pela pesquisa e a outra com você.
__________________,_______de_____________________de 2023.

_____________________________ _________________________
Assinatura do Participante Assinatura do Pesquisador
56

ANEXO E- PRAÇA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA.


Figura 6- Praça da comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças da vila do cravo.

Fonte: LEBREGO, 2023


57

ANEXO F - ESCOLA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA.


Figura 7- Escola da comunidade quilombola

Fonte: LEBREGO, 2023.


58

ANEXO G- - PRAÇA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA.


Figura 8- Igreja Nossa Senhora das Graças da comunidade quilombola.

Fonte: LEBREGO, 2023.


59

ANEXO H- ENTREVISTA COM O INFORMANTE.

Figura 9- Entrevista com um dos informantes;

Fonte: LEBREGO, 2023.

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