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MANUAL DO P RO F E S S O R · OS N OV E S PE N TE S D'Á FR I C A

MATERIAL DIGITAL DO MANUAL DO PROFESSOR


AUTORIA: MIRIAN CHAVES CARNEIRO

OS NOVE PENTES D'ÁFRICA


TEXTO: CIDINHA DA SILVA
ILUSTRAÇÃO: ILÉA FERRAZ

CATEGORIA 1:
6º E 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.

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MANUAL DO P RO F E S S O R · OS N OV E S PE N TE S D'Á FR I C A

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MATERIAL DIGITAL DO MANUAL DO PROFESSOR

Texto Cidinha da Silva


Ilustração Iléa Ferraz

Autora do Manual Mirian Chaves Carneiro


MANUAL DO P RO F E S S O R · OS N OV E S PE N TE S D'Á FR I C A

Manual do professor | Os Nove Pentes D'África

Autora do manual:
Mirian Chaves Carneiro

Projeto gráfico:
Thiago Amormino

Coordenação:
Maria Mazarello Rodrigues

C289m Carneiro, Mirian Chaves

Manual digital do professor: Os nove pentes d'África /


Mirian Chaves Carneiro. - Belo Horizonte : Mazza Edições, 2018.

42 p. : il. ; 20,5cm x 27,5cm.

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7160-708-8

1. Educação. 2. Professores. 3. Manual. I. Título.

CDD: 370
2018-1059 CDU: 37

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Prezado(a) Professor(a):
Apresentamos aqui sugestões para trabalhar com o livro Os Nove Pentes
D’África, história que conta a história sobre os pentes presentes cheios de
passado que nos ajudam a destrinçar o futuro. Estes pentes são pontes de
compreensão entre o que somos “nós” negros brasileiros agora, nossos avós
recentes e os tais ancestrais africanos. O segredo está em descobrir “qual
o penteá que te penteia” e como ele poderá ajudar na vida de cada neto
presenteado pelo avô, na sua missão e bela tarefa enquanto era marcenei-
ro e deixado gravado nestes pentes, sua origem africana, sua cultura e suas
raízes. O pente presente é portador de vários significados, principalmente,
para quem o recebia, um pente enroscado na lenda pessoal de cada um pre-
senteado. Um momento de leveza e beleza para pensarmos sobre os legados
que recebemos de família e também que deixamos para nossos familiares e
amigos. Temos aqui a possibilidade de momentos de reflexão de nossas vidas
a partir dos presentes criados pelo vô Francisco.
As atividades propostas poderão ser usadas em parte, ou totalmente,
de acordo com o tempo que você dispuser para trabalhar a leitura e a explo-
ração do livro.

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Você fará uma seleção do que levar para a sala de aula, de tudo que é
sugerido abaixo e, acrescentará ou não, outras atividades que achar adequa-
das de acordo com sua turma.
Um fator que sem dúvida contribui para o interesse da leitura de um
livro consiste em que este possa oferecer ao aluno certos desafios. Vamos
juntos por este caminho?
Você é o grande responsável pela seleção da obra que irá trabalhar
com seus alunos e como irá fazê-lo!
O livro traz muitas possibilidades, não só de leitura, mas também de
discussões, descobertas e conhecimentos culturais, ampliando aprendiza-
gens em torno dos temas família, presentes e legados, e possibilidades de,
também, se colocar diante do grupo, ouvir e ser ouvido, dar opiniões e res-
peitar as dos colegas. Para Humberto Eco, “um texto não apenas se apóia em
uma competência, mas também contribui para criá-la”. Dessa forma, quan-
do selecionamos textos/livros para ler com os alunos, estamos “selecionando
degraus” para construir “escadas” na formação do leitor.

Bom trabalho!

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Os Nove Pentes D'África


Autora: Cidinha da Silva
Ilustradora: Ileá Ferraz
Belo Horizonte/MG, Mazza Edições, 2009

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Categoria 1:
Obra literária voltada para os estudantes do 6º e 7º anos
do ensino fundamental.

Temas:
Família, amigos e escola; Encontros com a diferença;
Aventura, mistério e fantasia.

Outros temas:
Herança africana.
(deuses, comidas, utensílios de cozinha, danças e festas retratados pelo vô
Francisco em sua arte na marcenaria.)

Gênero: conto, crônica, novela, teatro,


texto da tradição popular.

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Sumário

12 Competências gerais da Base Nacional Comum Curricular


(BNCC) contempladas nas atividades propostas

13 Competências específicas de Linguagens da Base Nacional


Comum Curricular/BNCC contempladas nas atividades propostas

14 Competências específicas de Língua Portuguesa da Base


Nacional Comum Curricular/BNCC contempladas nas
atividades propostas

15 Competências específicas em Artes da Base Nacional


Comum Curricular/BNCC contempladas nas atividades
propostas

16 Componente: Língua Portuguesa da Base Nacional Comum


Curricular/BNCC contempladas nas atividades propostas

20 Apresentação do livro

32 Discussão das partes do livro após a leitura geral

40 Referências Bibliográficas

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Competências gerais da Base


Nacional Comum Curricular (BNCC)
contempladas nas atividades propostas

Habilidades:
– Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das
locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produ-
ção artístico-cultural.
– Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conheci-
mentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes con-
textos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
– Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-
-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as rela-
ções próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.

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Competências específicas de
Linguagens da Base Nacional Comum
Curricular/BNCC contempladas nas
atividades propostas

Habilidades:
– Compreender as linguagens como construção humana, histórica, so-
cial e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como
formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades
sociais e culturais.
– Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e pro-
duzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
– Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as
diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive
aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como par-
ticipar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-
-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

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Competências específicas de Língua


Portuguesa da Base Nacional Comum
Curricular/BNCC contempladas nas
atividades propostas

Habilidades:
– Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, va-
riável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como
meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que
pertencem.
– Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desen-
volvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras ma-
nifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de
imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e hu-
manizador da experiência com a literatura.

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Competências específicas em Artes


da Base Nacional Comum Curricular/
BNCC contempladas nas atividades
propostas

Habilidades:
– Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções
artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comuni-
dades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e
espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social
e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
– Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – espe-
cialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identida-
de brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-
-as nas criações em Arte.

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Componente: Língua Portuguesa da


Base Nacional Comum Curricular/
BNCC contempladas nas atividades
propostas

Habilidades:
(EF69LP07) Produzir textos em diferentes gêneros, considerando
sua adequação ao contexto produção e circulação – os enunciadores envol-
vidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito ou
oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou se-
miótica apropriada a esse contexto, à construção da textualidade relacionada
às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamen-
to, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para,
com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar
as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, corre-
ções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens,
arquivos sonoros, fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alte-
rando efeitos, ordenamentos etc.

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(EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões co-


muns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da
turma e/ou de relevância social.
(EF69LP19) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação,
os efeitos de sentido de elementos típicos da modalidade falada, como a pau-
sa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e expressão facial, as hesitações etc.
(EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes
diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e a utilidade
dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as
informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramen-
tas digitais, em quadros, tabelas ou gráficos.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos perten-
centes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança, exposição
etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para
selecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro,
exposições, espetáculos, CD´s, DVD´s etc.), diferenciando as sequências
descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a es-
colha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer
escolhas, quando for o caso.
(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/
recepção de obras literárias/ manifestações artísticas, como rodas de leitura,

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clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de


apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo,
saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de
cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comen-
tários de ordem estética e afetiva
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros
de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos
que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desa-
fio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de
leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os
gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.

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Apresentação do livro

O livro Os Nove Pentes D’África trata de temas variados como fa-


mília, cultura africana, valor da arte, amizade, capoeira, museus e arte eter-
nizada, morte, parto, cadeirante, cabelo black pawer, além de citar filmes e
canções conhecidas que poderão ser levados para a sala de aula, assistidos e
discutidos, melodias cantadas, e dar lugar a muitas discussões interessantes e
criações a partir destes “papos”.

a) Cada aluno deverá ser incentivado a descobrir um local calmo para


fazer a leitura silenciosa do livro. O professor dará um prazo de acordo com
seu planejamento. No dia marcado, seria interessante uma roda para dis-
cussão do que foi lido. Também poderão escolher um local silencioso (nunca
um pátio barulhento) bem acolhedor, para a turma “entrar na história” no
dia marcado para iniciar os trabalhos com o livro. Poderá ser na sala de aula,
debaixo de uma árvore, na biblioteca da escola ou outro cantinho da escola
que professor e alunos escolherem.

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b) Leitura do livro pelo professor: a leitura em voz alta, pelo professor,


de partes ou capítulos (ou todo o livro) deve garantir um modelo de leitor
que deixa o texto fluir, com graça, leveza e também um pouco de mistério,
que serão apresentados na voz, nos gestos, no “clima” da leitura. Os alunos
também poderão contribuir com esta leitura oral.

Compete ao professor ser modelo leitor e criar situações em que as crianças


possam agir como leitores, para que desenvolvam comportamentos leitores, mani-
festando suas impressões, emoções e desejos e se comportem como cidadãos que
pensam sobre o mundo em que vivem. As atividades propostas vão favorecer estas
possibilidades. Como narrador, o professor exerce uma série de funções:

▶ Narra a história (conta ou lê),


▶ É testemunha e informa sobre a veracidade dos fatos;
▶ Cria um esquema de valores, um olhar sobre o mundo segundo uma
certa perspectiva;
▶ Expressa-se num certo tom de voz;
▶ Estabelece uma relação com os personagens, em suas diversas dimensões;
▶ Estabelece uma relação com os acontecimentos: participa como
protagonista ou como testemunha, ou se mantém à margem de tudo, como
um ser onisciente (visão própria, distinta da do personagem). (Kohan: 2005)

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O Antes (da leitura pelo professor)

Antes da leitura, ele poderá explicitar seus motivos de escolha (critérios de


escolha), apresentar o contexto de produção (perigrafia), antecipar o que se
vai seguir na história, utilizando a estratégia de antecipação. O Professor fala
da escolha do livro, como chegou até ele, discute a perigrafia, usa da estraté-
gia da antecipação: que nove pentes da África serão estes?
Alguns passos da perigrafia que os alunos de 6º e 7º anos já deverão
domina, mas nada impede de ser revisto:

Primeira capa: Deve conter o título; nomes de autor, ilustrador, editor;


Segunda capa: Espaço não destinado à impressão. Pode, quando falta-
rem as orelhas do livro (caso aqui) apesentar o texto destinado a elas.
Dedicatória: Aqui feita pela autora à varias crianças que fazem parte
do seu time do coração.
Orelhas do livro: Feitas pelo compositor Chico César, amigo da autora.
Ficha catalográfica: Nome do autor, folhas ou páginas, ISBN, Título e outros
dados referentes à catalogação em bibliotecas. (neste livro está no final);

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Dados sobre a autora que poderão ser acrescentados aos que estão
no livro. Os alunos conhecerão mais sobre ela:

Maria Aparecida da Silva - Cidinha da


Silva - nasceu em Belo Horizonte, em
1967, onde se graduou em História, pela
Universidade Federal de Minas Gerais.
Transferiu-se em seguida para São Pau-
lo, com brilhante atuação no GELEDÉS
- Instituto da Mulher Negra, organiza-
ção não-governamental que chegou
a presidir. A escritora possui forte en-
gajamento com a causa negra e com
questões ligadas às relações de gênero.
Suas publicações encontram-se, assim,
alinhadas a tais temáticas, no intuito de
promover maior espaço de reflexão so-
bre as identidades tidas como subalter-
nas. Em fevereiro de 2005, fundou o
Instituto Kuanza, que tem por objetivos

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desenvolver projetos e ações nos campos da educação, ações afirmativas, pesquisa,


comunicação, juventude e articulação comunitária. Todos encontram-se vincula-
dos à discussão sobre as assimetrias racial e de gênero e subsidiam a formulação
de políticas públicas nessas áreas. Como dirigente cultural, concebeu e executou
projetos inovadores como o "Geração XXI", em inéditas parcerias com empresas e
organizações não-governamentais. Nessa linha, atuou também como gestora de
cultura na Fundação Cultural Palmares, onde se destacou pela organização da pu-
blicação Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do
livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil (2014).
Como educadora, iniciou suas publicações em 1999, no volume cole-
tivo Rap e educação, rap é educação. Em 2001, contribuiu com um capítulo
para o livro Racismo e anti-racismo na Educação: repensando a nossa escola.
E, dois anos mais tarde, organizou a edição de Ações Afirmativas em Educa-
ção: experiências brasileiras (2003), com quatro capítulos de sua autoria,
adotado em 2005 pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte
e, em 2006, pelo Fundo para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo,
FDE. Tem ainda diversos artigos sobre relações raciais e de gênero, publica-
dos no Brasil, Uruguai, Costa Rica, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e Itália.
Sua estreia na Literatura Afro-brasileira se dá com a coletânea em
prosa Cada Tridente em seu lugar, publicado em 2006 e reeditado no ano
seguinte. A obra foi pré-selecionada pela Fundação Biblioteca Nacional para

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integrar o projeto de expansão de bibliotecas públicas por cidades do inte-


rior do Brasil. E as narrativas “Domingas e a Cunhada”, “Pessoas trans” e
“Angu à baiana”, presentes no livro, tiveram os direitos de filmagem adquiri-
dos pela produtora Lúmen Vídeos, de Vitória, Espírito Santo. Composto em
sua maioria de textos curtos, Cada Tridente em seu lugar explicita o perma-
nente diálogo com a realidade contemporânea e, no plano formal, o contínuo
entrelaçamento da crônica com o conto. Desde então, foram nada menos
que onze títulos publicados entre 2006 e 2016, abarcando crônicas, poemas
e narrativas infantojuvenis. Já o volume Você me deixe, viu? Eu vou bater meu
tambor!, lançado em 2008, confirma sua atuação na literatura relacionada à
alteridade e inclui escritos voltados para o universo da homoafetividade.
No prefácio do volume Sobre-viventes (2016), a pesquisadora e poeta
Lívia Natália afirma: "vi-me muitas vezes retratada em situações e persona-
gens. Vi minha mãe, minha avó vivendo nas páginas de Cidinha da Silva como
as negras ali representadas com uma dignidade belíssima. Andei com estes tex-
tos entre fatos que todos nós, brancos ou negros, vivemos em nossa travessia
racial pelo mundo, já que nossa roupa, por excelência, é a nossa pele que, como
texto que é, fala logo e antes de nossa boca." (NATÁLIA, 2016, P. 12).
Cidinha da Silva é autora ainda das peças teatrais Engravidei, pari ca-
valos e aprendi a voar sem asas, encenada pelo grupo "Os Crespos" em 2013,
e Os coloridos, também encenada pelo grupo em 2015.

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Além das obras referidas, autora tem presença constante nas redes
sociais e na imprensa alternativa publicada na internet. É editora da Fanpage
cidinhadasilvaescritora e colunista dos portais Forum, Geledés e Diário do Cen-
tro do Mundo.

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/186-cidinha-da-silva

Sobre a ilustradora Iléa Ferraz: Rio de Janeiro. Artista multimidia: atua, can-
ta, dirige, escreve, produz, ilustra, cria e executa projetos cenográficos. Foi
indicada ao principal prêmio do teatro brasileiro, Prêmio Shell de Teatro, na
categoria melhor atriz com o espetáculo “Nunca Pensei Que ia Ver Esse
Dia”. Participou de importantes festivais de teatro na Europa com o espetá-
culo O País dos Elefantes e apresentou-se em Angola (Luanda e Benguela),
com o espetáculo O Cheiro da Feijoada. Dirigiu os filmes Dura e O Cheiro da
Feijoada. Ilustrou os livros infanto-juvenis Chica Da Silva, A Mulher Que In-
ventou o Mar e Os Nove Pentes D’África. Em teatro atuou dentre outros nos

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espetáculos Os Negros - de Jean Genet, O Peru - de George Feydeau, Do-


rotéia - de Nelson Rodrigues, Hamlet é Negro adaptação da obra de William
Shakespeare e Besouro Cordão de Ouro de Paulo César Pinheiro.
Entre seus principais trabalhos na TV destacam-se as novelas e minis-
séries: Xica da Silva (Manchete), A Padroeira (Rede Globo), Pacto de San-
gue (Rede Globo), Tenda dos Milagres (Rede Globo), A Turma do Perere
(TV Brasil), Helena (Manchete), Mãe de Santo (Manchete), Escrava Anas-
tácia ( Manchete).

http://www.buala.org/pt/autor/ilea-ferraz

4ª capa: Resenha e/ou texto de quarta capa, ilustração e código de


barras. Às vezes aparece a LOGO da editora.

O professor deverá apresentar, também, de uma maneira geral, inicial-


mente, as ilustrações do livro. Depois da leitura dele todo, o contato mais de-
talhado, a análise e comentários das ilustrações poderão ser mais demorados.

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O Durante (a leitura pelo professor)

Durante a leitura, deve fazê-la com entonação, emoção, lendo sem substi-
tuir as palavras, de modo a propiciar o entendimento no contexto.
Combinar com os alunos que haverá uma leitura oral de todo o livro,
procurando não interromper este momento para explicações.
O professor deverá preparar antes esta leitura, para que ela marque
positivamente o aluno (escutante), com a sua entonação, extensão de voz,
leitura de cada palavra fazendo-se ouvir por todos. O aluno desejará ouvi-lo
outras vezes!

O Após a leitura

Terminada a leitura, este momento oportuniza que os alunos possam discutir


sobre o texto, colocando suas impressões pessoais (construir sentidos), es-
tabelecer relações com outros textos, retomarda de trechos da história para
confirmar dúvidas e partes de que mais gostaram, entender melhor algumas
partes que geraram dúvidas, apreciar as ilustrações, matar a curiosidade em
todos os sentidos, ao conhecer este exemplar do objeto livro e sua história,
diferente de milhares de outras.

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É o momento especial de explorar o “objeto” livro e de, com os alunos,


discutir sobre o texto e as ilustrações.
Se os alunos tiverem o volume para acompanhar a leitura do profes-
sor será ótimo. Alguns trechos serão relidos pelo professor, para discussão
e exploração de cada página, alguns alunos que desejarem, poderão fazer a
leitura oral para a turma.

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Discussão das partes do livro


após a leitura geral

O livro tem 11 capítulos que poderão ser distribuídos para releitura, em 5 grupos:

Grupo 1: capítulos Do amor e da alegria e Da esperança

Grupo 2: capítulos Da passagem e Da despedida

Grupo 3: capítulos Pulsão da vida e Do giro da roda

Grupo 4: capítulos Um caminho novo para a obra de Francisco,


Da liberdade e Da admiração

Grupo 5: capítulos Da sabedoria, Da renovação da vida e O tempo.

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Os alunos farão a releitura dos capítulos de seus grupo e devem pre-


parar uma resenha do que foi lido, bem como apresentar as principais ideias
destes capítulos. Deverão discutir no grupo quem vai apresentar para a turma
e o que irão apresentar.
Ao apresentarem para a turma este pequeno resumo, cada grupo
apresenta o pente citado nos capítulos lidos e em conjunto listar os 9 pentes,
para quem foram deixados e qual a característica de cada pente. Estes pentes
eram portadores de vários significados, principalmente para quem os recebia:

Pente do amor – deixado para Abayomi


Pente da alegria – deixado para Lira (aquela cuja tristeza ninguém
decifrava)
Pente da generosidade e solidariedade – Deixado para João Cândido
Pente da perseverança: Deixado para Ayana
Pente do amor – Deixado para Abayomi
Pente Peixe (abundância) – Deixado para Luciana
Pente Passarinho (liberdade) – deixado para Melissa
Pente da admiração (respeitar e louvar o que é do outro) – deixado
para Bárbara
Pente Tartaruga (sabedoria) – Deixado para Zazinho

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Qual o siginificado destes pentes para a história lida? E em nossas vidas


o que usamos, simbolicamente, como foram usados os pentes do vô Chico?

Outras discussões que o livro proporciona

▶ Características do vô Francisco e da vó Berna, sua família, filhos,


netos, primos
▶ Vida de cadeirante e o “banquinho zoador”
▶ Beleza que não deveria dicar num canto morto da casa
▶ Esculturas do vô Francisco e suas preferidas Barcos e pentes
▶ Morte do vô Francisco e os preparativos segundo sua cultura, im-
possibilidade de evitar a morte, passagem...
▶ O tempo (senhor do destino)
▶ Criação de um museu para imortalizar a obra do vô Francisco ( e o
museu ANACOSTIA em Washington/USA)
▶ Capoeira, berimbaus e caxixis
▶ “O pirralho me chamou de macaca” (Página 41) e o que o avô con-
versou na escola quando foi chamada: “Não está certo bater, mas ofensas e
humilhações também estão erradas, e aqui é uma escola, não é D. Eliane?”
(Página 42)

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▶ Cabelo trançado, dreads e cabelos afros (Página 45)


▶ Nascimento, bolsa romper, parto natural, parteira, vida (página 50)
▶ Kitembo, nome do neto que nasce (Para os bantos de Angola, Ki-
tembo é o Senhor do Tempo, tanto cronológico quanto mitológico).

As discussões sempre deverão tocar nas experiências pessoais dos


alunos e o proveito a tirar para a vida deles, destas vivências.

Trabalho final

Produção de um pequeno texto descritivo: O pente que eu gostaria de re-


ceber de presente
Pensando nos Nove pentes D’África, você vai imaginar o pente que
gostaria de receber, caso fosse neto do vô Francisco e o que este pente po-
deria proporcionar. Os textos serão lidos em sala, por colegas, pelo professor,
revistos pelos seus autores e “melhorados” segundo sugestões apresentadas
por quem os leu. Seria interessante que cada texto também tivesse a ilustra-
ção do pente criado por cada aluno.
Os trabalhos poderão ser expostos no mural da sala ou em outro local
na Escola, para ser visto pela comunidade escolar.

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Toda pessoa tem o direito de ler. O direito de ler em casa


no aconchego com os pais, os filhos, o marido, a esposa,
o namorado, a namorada. O direito de ler na escola com
o carinho da professora. O direito de ler na biblioteca na
companhia dos livros. O direito de ler na roda com amigos.
O direito de ler para dormir e sonhar. O direito de ler para
acordar o mundo. O direito de ler para amar. O direito
de ler para conversar melhor sobre as coisas da vida e do
mundo. O direito de ler na escola durante uma aula chata
ou na rede para enganar a preguiça. O direito de ler para se
aventurar por entre saberes e sabores. O direito de ler para
viajar por pessoas, tempos e lugares. O direito de ler para
gostar de livros com as impressões digitais e com as asas da
imaginação. O direito de ler para brincar com as palavras,
com as histórias, as fábulas, os contos... (2009: 38)

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MANUAL DO P RO F E S S O R · OS N OV E S PE N TE S D'Á FR I C A

Professor:
Que você e sua turma encontrem momentos de leveza,
aprendizagens, prazer, ternura, risos e também discussões
favoráveis ao crescimento de todos como leitores e cidadãos
conscientes e também como aprendizes da cultura africana
apresentada neste livro.

Todas as informações pesquisadas na internet, como suge-


tões, para ilustrar as discussões aqui apresentadas, são para
você ganhar tempo e também ter mais dados para as dis-
cussões sugeridas. Espero que elas tenham sido úteis.

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Referências Bibliográficas

AGUIAR, Vera Teixeira de Aguiar; CECCANTINI, João Luís (Orgs.). Poesia infantil
e juvenil brasileira – uma ciranda sem fim. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brinque-
dos e brincadeiras de creches: manual de orientação pedagógica. Brasília:
MEC/SEB, 2012.
BUSATTO, Cleo. A arte de Contar Histórias no Século XXI. Petrópolis: Edi-
tora Vozes, 2006, Página 31.
KOHAN, Silvia Adela. Como narrar uma história Da imaginação à escrita:
todos os passos para transformar uma ideia num romance ou num conto. SP:
Gutemberg, 2005.
MATOS, Gislayne Avelar. A Palavra do Contador de Histórias. SP: Martins
Fontes, 2005.
SANTOS, Fabiano; MARQUES, José Castilho Neto & ROSING, Tania M.
K. Mediação de Leitura Discussões e alternativas para a formação do leitor.
São Paulo: Global Editor, 2009.

Base Nacional Curricular Comum – BNCC:


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc/
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*Todas as ilustrações deste manual são de autoria da ilustradora Iléa Ferraz


e foram extraídas do livro Os Nove Pentes D'África

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