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Oral e o escrito: quais as diferenças?

Oral:
➔ Resultado de aquisição.
➔ Existe em todas as comunidades humanas.
➔ Sons, entoação, sequência temporal.
➔ Planeamento online, ou seja, hesitações, pausas preenchidas,
lapsos, repetições, falsos começos, frases inacabadas.
➔ Acesso direto ao contexto situacional.
➔ Interação - interrupções, sobreposições.
➔ Diferentes formas de produção de enunciados dependendo da
velocidade de elocução, do grau de formalidade ou da variedade.
➔ Preferência por períodos simples e períodos compostos formados
por justaposição e coordenação.

Escrito:
➔ Resultado de aprendizagem forma.
➔ Não existe em todas as comunidades humanas.
➔ Letras, pontuação, organização espacial.
➔ Tempo para planear: não são aceitáveis lapsos.
➔ Não há geralmente acesso direto ao contexto situacional.
➔ Tipicamente, comunicação diferida.
➔ Convenção ortográfica.
➔ Ocorrência mais frequente de subordinação.

Oral e o escrito:
● Preparado / não preparado.
● Formal / não formal.
● Unidirecional /internacional.
Ex: Preparado / formal : conferência (oral); artigo (escrito).
Não preparado / formal : entrevista de emprego (oral); texto em livro de
reclamações (escrito).

➢ A escrita não é uma representação exata do oral.


Ex: relação não unívoca entre grafemas e sons: canela, caneta, meada…
➢ Coarticulação: assimilação de /s/ em final de sílaba ou de
palavra.
Ex: gato[ʃ] pretos; gato[ʒ] brancos; gato[z] amarelos.
➢ Nem todas as sílabas tónicas são marcadas por acento gráfico.
➢ Possibilidades de produção diferentes de um mesmo enunciado
escrito.
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➢ Correspondência não unívoca entre pausas ou rupturas


prosódicas1 e vírgulas (mesmo em leitura oral).
Ex: Quando se tira o bolo do forno, / rega-se com este xarope / e
polvilha-se com açúcar fino.

O oral e o escrito:
Processamento da informação linguística

● Codificação e descodificação.
● Rapidez e complexidade.

Processamento da linguagem:
➔ Produzir: codificação da intenção do falante em enunciados
linguísticos - falar / escrever.
➔ Compreender: descodificação do sinal linguístico e acesso ao
significado - ouvir/ler.
➔ Suporte ao processamento: vasto conjunto de itens lexicais -
léxico mental; princípios e regras - gramática; faculdades
cognitivas gerais - atenção, memória, raciocínio.

● Conhecimento e uso da língua:


➔ Competência linguística: conhecimento linguístico comum aos
falantes de uma mesma língua, representado mentalmente que
permite compreender e produzir uma infinidade de enunciados
linguísticos, que permite ajuizar sobre a boa ou má formação dos
enunciados.
➔ Desempenho linguístico: o uso do conhecimento linguístico no
processamento da linguagem, produzindo e compreendendo
enunciados, tendo em conta a situação de comunicação.

● Componente do processamento da linguagem:


❖ Conceptualização: da intenção comunicativa à geração de uma
mensagem com um propósito comunicativo.
Suportes:
➔ Léxico mental; modelos de discurso; conhecimento da situação.
➔ Resultado: mensagem pré-verbal; estrutura de conhecimento,
constituída por conceitos lexicais, ainda sem estrutura
gramatical.

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Relativo à boa pronúncia das palavras.
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❖ Formulação da mensagem verbal


➔ acesso lexical.
➔ Processos cognitivos para aceder aos lemas e selecioná-los para
expressar conceitos.
Lema: forma de citação da palavra; informação sintática e semântica.
➔ codificação gramatical
Processos de inserção de palavras numa estrutura gramatical,
ordenando-as, hierarquizando-as e ajustando-as morfologicamente ao
contexto - PALAVRA - forma flexionada.
❖ Produção da mensagem
➔ Codificação fonológica
Processos de acesso a representações fonológicas e prosódicas.
➔ Articulação do enunciado
Forma fonética.

● Sistema de compreensão:
➔ descodificação do sinal auditivo / visual.
➔ reconhecimento da palavra.
➔ análise e estruturação da sequência de palavras.
➔ atribuição de uma interpretação.

● Monitorização:
➔ modelo de discurso.
➔ conhecimento da situação.
➔ enciclopédia mental.

● Processamento e compreensão do escrito


➢ O que acontece quando lemos?
➢ Que processos atuam?
➢ Que unidades linguísticas reconhecemos?
➢ Que níveis de processamento são processados?

● Conhecimento linguístico que intervém no processamento da


língua e da leitura:
➔ Conhecimento fonológico e ortográfico.
➔ Conhecimento lexical.
➔ Conhecimento morfológico.
➔ Conhecimento sintático.
➔ Conhecimento semântico.
➔ Conhecimento discursivo e textual.

● Conhecimento dos sons das letras do português:


Transcrição fonética:
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➔ Alfabeto Fonético Internacional - AFI - IPA; Fontes fonéticas;


transcrição fonética larga e estreita.

Sistemas de escrita e ortografia:

1.
● Os sistemas de escrita não operam do mesmo modo.
● Há diferentes sistemas de escrita que se relacionam com o
sistema de sons de formas diversas.
● Há diferenças na quantidade de informação da fala que cada
símbolo da escrita representa, assim como no nível de análise
que cada símbolo incorpora.
2.
● A escrita constitui um sistema secundário de representação da
linguagem.
● Há diferenças consideráveis nas categorias representadas:
maiúsculas e minúsculas / letras e grafemas / palavras gráficas /
layout.
3.
● A linguagem oral muda constantemente e naturalmente, a escrita
respeita a tradição e responde lentamente à mudança.
4.
● A escrita pode mudar por decreto.
● Mudanças ortográficas.
5.
● A escrita difere substancialmente da fala em diferentes
dimensões, sendo a mais evidente a dimensão física.

➔ Sistemas de escrita:
Representam diferentes níveis ou propriedades da linguagem.
➔ Ortografia:
Conjunto de convenções adotadas em cada língua.

● Ortografias transparentes:
➢ Forte consciência e regularidade nas relações entre grafemas e
fonemas.
➢ Uma letra representa um único som.
➢ Um som é representado por uma só letra.
➢ Permitem uma leitura com apoio na conversão grafema/fonema.

● Ortografias opacas:
➢ Inconsistência nas relações entre grafemas e fonemas.
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➢ Uma letra pode representar vários sons, as letras mudam o seu


valor em função do contexto.
➢ Um som pode ser representado por várias letras.
➢ Obrigam a uma leitura por via lexical em que a palavra é
reconhecida globalmente ou por grupos de letras.

● Sistemas pictográficos: os sinais representam literalmente


referentes - sistemas de escrita iniciais.
● Sistemas logográficos: os sinais representam uma ideia - escritas
chinesa e egípcia.
● Sistemas silábicos: cada sinal representa um grupo de sons
(sílabas) - escrita japonesa.
● Sistemas alfabéticos: tipicamente cada sinal representa um som,
fonema. Foi introduzido a partir de um sistema silábico com 22
caracteres. Os gregos adotaram-no e construíram um verdadeiro
sistema alfabético.

Evolução dos sistemas de escrita :

escrita pictográfica —> representação de itens da realidade.


escrita logográfica —> representação de conceitos.
escrita silábica e alfabética —> representação da língua oral.

● Alfabeto cirílico: alfabeto cujas variantes são utilizadas para a


grafia de seis línguas nacionais eslavas. É também usado por
várias línguas não eslavas como: mongol. Tornou-se o 3º alfabeto
oficial da UE.
➔ A criação deste alfabeto é atribuída a dois missionários cristãos.
➔ Continha inicialmente 43 letras, derivadas de letras e
combinações de letras gregas e hebraicas.
➔ Na atualidade, o russo moderno conta com 33 letras.

● Ortografia: natureza da ortografia das línguas europeias:


A ortografia pode ser tendencialmente
➔ Mais fonémica: procura seguir o princípio alfabético, mantendo
uma relação biunívoca entre grafemas e fonemas (espanhol).
➔ Menos fonémica: procura recuperar uma forma etimológica ou
conserva a forma com que em dada altura se grafou a palavra,
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mesmo que a pronúncia de hoje não corresponda aos valores


originais do grafema (inglês).
Em geral, todas as grafias são híbridas, não se enquadrando
exclusivamente num destes tipos, embora se possa dizer que
pertencem tendencialmente a um deles.

● Ortografia - mera convenção:


1. Um acordo ortográfico, por si, não pode (nem pode pretender)
unificar uma língua.
2. A ortografia é uma pequena parte da língua, dizendo apenas
respeito à representação gráfica das palavras.
3. As principais diferenças entre as variedades do português são
gramaticais e lexicais e não ortográficas.

● Caráter do Acordo Ortográfico:


➔ Pretende promover a unidade ortográfica do português,
procurando assim conceder-lhe uma maior visibilidade
internacional.
➔ A primeira mudança é a nível legal.
➔ Pela primeira vez a ortografia portuguesa é regida por um único
documento, de nível internacional, representativa de todos os
países da CPLP2.

Ler: conhecimentos linguísticos envolvidos:

Compreender uma palavra

● Conhecimento linguístico que intervém no processamento da


linguagem e na leitura:

➔ Conhecimento fonológico e ortográfico;


➔ Conhecimento lexical;
➔ Conhecimento morfológico;
➔ Conhecimento sintático;
➔ Conhecimento semântico;
➔ Conhecimento discursivo e textual.

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Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
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● Fonologia = “estudo das mais pequenas unidades da língua - os


segmentos fonológicos, a sua organização em sistema e os
processos e regras a que estão sujeitos esses segmentos”.
● Fonética = estudo dos sons, da sua produção à sua percepção.
articulatória = como os articuladores se movimentam; acústica =
propriedades físicas do som; perceptiva = como os sons são
percepcionados.

● Conhecimento morfológico = a palavra e os seus constituintes;


flexão, morfema, radical, afixo, flexão e formação de palavras.

● Conhecimento lexical = léxico mental; léxico ativo e léxico passivo;


lexema, forma de citação e formas flexionadas; relações entre
palavras; criação lexical.

Compreender / saber usar uma palavra:


MESA
➔ Forma gráfica <mesa>
➔ Forma fónica [’mezɐ]
➔ Propriedades fonológicas: CV.CV, acento grave
➔ Propriedades sintáticas:
Classe a que pertence: nome
Subclasse de nomes a que pertence: comuns
➢ (pelo que pode ser antecedida de artigos indefinidos e seguida
de adjetivos).
➔ Propriedades morfológicas: nome contável; género feminino.
➔ Propriedades semânticas: significado(s).

Etapas: compreender / saber usar uma palavra =


conhecimento complexo

1. Conhecer a sua forma fónica;


2. Conhecer a sua forma ortográfica;
3. Conhecer o(s) seu(s) significado(s);
4. Saber a que classe e subclasse de palavras pertence;
5. Conhecer as suas propriedades flexionais;
6. Reconhecer as unidades mínimas com significado que a
constituem;
7. Saber com que classes de palavras se pode combinar para
formar unidades linguísticas mais extensas.
8. Saber que papéis semânticos distribui pelas expressões
linguísticas com que se pode combinar;
9. Saber que propriedades sintático-semânticas têm de ter as
expressões linguísticas a que atribui papéis semânticos.
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● Conhecimento fonológico: o que conhecem os falantes acerca


dos sons da língua?

➔ Tipo de segmentos.
➔ Regras para a sua combinação.
➔ Sílabas (estrutura da sílaba, padrões silábicos).
➔ Processos fonológicos entre as palavras.
➔ Acentuação das palavras.

➢ A comutação entre dois sons permite obter pares de palavras


com significados diferentes = pares mínimos.
barra - berra - birra - borra - burra.

➢ Saber que segmentos podem começar uma palavra, acabar uma


palavra e suceder a outros. (conhecimento da língua).

Sílaba e os constituintes silábicos


● As palavras são compostas por sílabas e as sílabas resultam do
agrupamento dos fonemas ou segmentos de acordo com
determinadas condições estruturais.
● Uma sílaba pode ser constituída por uma vogal ou um ditongo e
por zero, uma ou mais consoantes.

➢ Núcleo = o único constituinte obrigatoriamente preenchido em


qualquer sílaba de qualquer língua é o Nu, que inclui
normalmente uma vogal.
➢ Ataque = posição que precede o núcleo, pode estar preenchido
por consoantes.
➢ Coda = o núcleo pode estar precedido por consoantes, esta
posição que segue o núcleo é a coda.
➢ Rima = o núcleo e a coda fazem parte de um mesmo constituinte,
a rima.

Em Português, Ataque e Coda são preenchidos por consoantes e o


Núcleo é preenchido por uma vogal ou por um ditongo.
Em PE, qualquer consoante pode preencher um ataque simples.
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Padrões silábicos:

● Nem todos os padrões silábicos são possíveis no funcionamento


das várias línguas do mundo.
Por exemplo:
➢ consoantes à direita do núcleo = há línguas que não preenchem o
constituinte coda.
➢ Duas consoantes em início de sílaba, nestes casos, não há
ataques ramificados.
➢ Iniciar uma sílaba com uma vogal nem sempre é possível. Em
algumas línguas ataques vazios não são legítimos.

❖ O padrão correspondente à estrutura CV está presente em todas


as línguas = formato silábico universal.

● Princípios universais: existem regularidades comuns a todos estes


sistemas linguísticos.
➢ Grau de sonoridade = organiza os sons em função do seu grau de
sonoridade.

Grau de sonoridade máxima


Vogais
Semivogais
Líquidas
Nasais
Fricativas
Oclusivas
Grau de sonoridade mínima

➢ Condição de Dissemelhança – em cada língua, deve especificar o


valor da diferença de sonoridade que os segmentos adjacentes
numa mesma sílaba devem manter entre si

Acentuação :
● Uma sílaba pode ser acentuada ou não acentuada. Em cada
palavra lexical há sempre uma sílaba acentuada.
● Quando uma sílaba não acentuada a sua vogal sofre um
processo de enfraquecimento, podendo mesmo ser apagada.
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Categorias de palavras:
(1) Categorias lexicais (classe aberta) - para referir.
(2) Categorias funcionais (classe fechada) - para ligar.

● Conhecimento morfológico:
➔ Palavras simples - constituídas apenas por um radical e em
muitos casos por afixos flexionais: ler, livro, estudar.
➔ Palavras complexas - formadas por um radical, um ou mais afixos
derivacionais e, frequentemente, sufixos flexionais: ler, reler,
estudante.
➔ Palavras derivadas - em cada processo derivacional apenas
intervêm, de cada vez, uma base ou radical derivacional e um
afixo.

desvalorização
➔ 3 afixos derivacionais
➔ Construída em 3 etapas distintas
ValorN -> valorizarV
ValorizarV -> desvalorizarV
DesvalorizarV -> desvalorizaçãoN
● Valor é a base / radical derivacional de valorizar, o qual é a base
de desvalorizar, base de desvalorização.

● Relações semânticas entre as palavras:


➔ Hiperónimo : fruto.
➔ Hipónimos : citrinos.
➔ Co-hipónimos : lima / laranja / limão.
➔ Sinónimos : saboroso / gostoso / delicioso.
➔ Antónimos : desenxabido / deslavado.
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Leitura: etapas / processos envolvidos

Vias de acesso lexical:

● Etapas / componentes do processo de compreensão escrita


(1) Modelo top-down: vai dos níveis de informação mais conceptuais
para os níveis de informação mais perceptivos
Processo de predição : com base no contexto e nas pistas dadas no
texto o leitor faz uma predição sobre a informação dos textos que de
seguida, com a extração da informação visual durante a leitura
confirma.

(2) Modelo bottom-up: a compreensão é feita com base nos níveis


mais perceptivos.

PERCEPÇ Ã O : D I S C R I M I N A Ç Ã O D O S I N A L V I S U A L
ATIVIDADE VISUO - M O T O R A

O movimento dos olhos – durante a leitura, os nossos olhos


progridem na linha de texto por saltos curtos e rápidos – as
sacadas – a que se seguem pequenas pausas – fixações.

● O movimento dos olhos:


➔ Sacadas: movimentos oculares que realizamos com mais
frequência e servem para recolher informação. Na leitura as
sacadas são realizadas da esquerda para a direita (nas línguas
ocidentais) e com uma amplitude média de 7 a 9 espaços de
letras. Dura cerca de 30 milésimos de segundo na leitura.
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Durante as sacadas não adquirimos informação nova e nem sequer


somos capazes de nos aperceber de qualquer alteração que seja
realizada durante estes movimentos.

➔ Movimentos regressivos : cerca de 15% dos movimentos sacádicos


são regressivos, partindo da direita para a esquerda para partes
anteriores do texto.
Estes movimentos ocorrem quando falta informação ou dificuldades de
interpretação do que foi lido.

● Fixações ou pausas entre sacadas: duram cerca de 250 milésimos


de segundo durante a leitura.
➔ Valor varia consoante a tarefa que está a ser realizada - leitura
silenciosa, em voz alta ou visualização de imagens.
➔ A complexidade do texto também influencia o tempo de fixação.

● Extração de informação durante as fixações: quando fixamos um


ponto no horizonte, a nossa visão abrange uma área - campo
visual - que se divide em três regiões:

(1) Região foveal: quando os raios incidem na fóvea.


➔ Zona da retina onde se projeta a imagem do objeto focado, sendo
ainda a zona com mais precisão no processamento de detalhes.
➔ Zona de onde extraímos a informação mais importante do
estímulo.
➔ Abrange 2 graus de ângulo visual. (1 grau = 3-4 caracteres).

(2) Região parafoveal: quando os raios incidem na parafóvea.


➔ Abrange 5 graus à volta do ponto de fixação.
➔ Zona de onde ainda conseguimos extrair alguma informação que
possa ser relevante para o processamento do estímulo.

(3) Região periférica: quando os raios incidem para além da


parafóvea.
➔ Desta zona não extraímos informação útil para o processamento
do detalhe.

As zonas verdadeiramente úteis na leitura são a foveal e parafoveal,


que criam duas regiões de extração de informação.
● Zona perceptiva - soma da região foveal e parafoveal.
● Zona de identificação da palavra - região foveal.
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● Eye-tracking : registo dos movimentos oculares durante a leitura


ou visionamento de imagens.
● Compreensão : atribui-se informação linguística ao que está a ser
lido para levar à compreensão.

● Níveis de processamento na leitura:

(1) Aspetos de formato - layout


➔ A distribuição do texto na página pode ser motivo de distração
para o leitor (colunas), assim como o número de caracteres por
linha.

(2) Nível grafémico


➔ A grafia da letra pode representar um elemento para uma melhor
ou pior legibilidade. Ex: a letra serifada facilita a leitura.

(3) Nível da palavra


➔ Tal como as letras são mais facilmente compreensíveis quando
integradas em palavras ortograficamente corretas, também as
palavras são mais perceptíveis quando estão num contexto
(frase), ganhando mais significado.

● Vias de acesso lexical: todos os sistemas de escrita oscilam entre


uma conversão grafia-fonema e uma transmissão direta de
significado, dependendo do tipo de palavras que estão a ser
processadas.

(1) Via fonológica : através da atribuição de uma forma sonora à


representação gráfica chegamos ao seu significado.
● Bottom-up: a compreensão é feita com base nos níveis mais
perceptivos, sendo que este é um processamento mais lento e
com maiores custos no que toca à memória de trabalho.
● Eficaz em palavras regulares, pouco frequentes ou novas.

(2) Via global : acede-se primeiro ao significado da palavra e depois


usa-se a informação lexical para aceder à sua pronunciação.
● Top-down: vai dos níveis de informação mais conceptuais até aos
níveis de informação mais perceptivos, através de um processo de
predição (com base no contexto e pistas dadas pelo texto), sendo
que este é um processamento mais rápido e com menores custo
no que toca à memória de trabalho.
● Eficaz em palavras mais frequentes.
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Dupla via - uso simultâneo das duas vias de acesso, dependendo do


tipo de material lido. Material que não levanta problemas é processado
pela via global; material que levanta problemas é processado pela via
fonológica.

Léxico mental : conjunto de unidades lexicais - palavras - e


respectivas propriedades armazenadas na memória lexical de cada
falante.

● Processamento sintático-semântico:
➔ A complexidade sintática cria problemas na leitura.
➔ Muitas vezes as ambiguidades sintáticas são resolvidas pela
semântica.

Variação prosódica e fluência da leitura

Fluência da leitura:
● A leitura precisa de um texto a uma rapidez conversacional com
expressão / prosódia apropriada.
● Um leitor fluente é capaz de:
➔ Reconhecer as palavras automaticamente.
➔ Agrupar, sem esforço, as palavras.
➔ Aceder rapidamente ao significado de frases e expressões do
texto.

Elementos chave da fluência da leitura:

Indicadores de fluência da leitura:


(1) Precisão: quando esta falha o leitor pode fazer uma
interpretação errada do texto lido.
(2) Rapidez ou Automaticidade: quando falham o leitor perde a
capacidade de desenvolver uma linha de interpretação fluída.
(3) Prosódia ou Expressividade: quando falham o leitor pode
agrupar erradamente as palavras ou pode ainda aplicar
inapropriadamente a expressividade.
Hudson, Lane & Pullen, 2005. Rasinski, 2004. Comum em ambos.
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Estes indicadores são essenciais para a compreensão da leitura, sendo


que a sua ausência provoca problemas na compreensão daquilo que
se está a ler.

● Variação prosódica na leitura oral - lista de verificação para


diagnóstico:
Só é possível avaliar a leitura prosódica através da observação de uma
leitura oral de um texto conectado, sendo possível observar a
entoação, a expressividade e os limites frásicos estabelecidos por este.

Fluência e expressividade:
● Fluência: organização temporal (principalmente)
Indicadores:
➔ Tempo de leitura por sílaba.
➔ Frequência de movimentos de altura da voz.
➔ Duração de pausas interfrásticas.

● Expressividade: organização entoacional (principalmente)


Indicadores:
➔ Magnitude (média) dos movimentos de altura da voz.
➔ Desvio standard de F0.
➔ Percentil 90 de F0.
➔ Duração (média) dos movimentos de altura da voz.

Fluência de leitura oral - escala NAEP


● Nível 1 : leitura de palavra a palavra com agrupamentos
ocasionais de 2 ou 3 palavras que não preservam a sintaxe.
● Nível 2 : leitura de 2 em 2 palavras com alguns agrupamentos de 3
ou 4 palavras que não se relacionam com o contexto geral da
frase ou do texto.
● Nível 3: Leitura pouco ou nada expressiva com agrupamentos de
3 ou 4 palavras.
● Nível 4: leitura maioritariamente expressiva, que preserva a
sintaxe do autor e agrupa as palavras em grandes grupos.

A expressão/volume, o discurso, a fluência e o ritmo podem ser


colocados numa escala de fluência multidimensional onde estes
elementos vão melhorando ao longo de 4 níveis.

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