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Os erros ortográficos ocorrem, principalmente, porque não existe uma correspondência direta entre

todos os grafemas e fonemas da língua portuguesa, ou seja, entre todas as letras e os sons que elas
podem representar. Um som pode ser representado por várias letras e uma letra pode representar
diferentes sons

Erros de ortografia são comuns. Um erro ortográfico é um erro na forma correta de escrita de uma
palavra, bem como no correto uso dos sinais de acentuação e sinais auxiliares da escrita.

Os erros ortográficos ocorrem, principalmente, porque não existe uma correspondência direta entre
todos os grafemas e fonemas da língua portuguesa, ou seja, entre todas as letras e os sons que elas
podem representar. Um som pode ser representado por várias letras e uma letra pode representar
diferentes sons.

Confira os principais erros ortográficos do português:

X ou CH

A consoante x e o dígrafo ch são facilmente confundidos, uma vez que o x pode assumir o valor de ch no
princípio e no meio das palavras.

Palavras com x:

mexer (e não mecher);

puxar (e não puchar);

xingar (e não chingar);

enxergar (e não enchergar);

xícara (e não chícara).

Palavras com ch:


encher (e não enxer);

pichar (e não pixar);

chuchu (e não xuxu);

chilique (e não xilique);

inchado (e não inxado).

G ou J

A troca entre j e g é comum, porque essas duas consoantes representam o mesmo fonema quando
formam sílaba com a vogal i e com a vogal e. Assim, as sílabas ge/je e gi/ji são pronunciadas da mesma
forma.

Palavras com g:

bege (e não beje);

longe (e não lonje);

gesto (e não jesto);

exigir (e não exijir);

dirigir (e não dirijir).

Palavras com j:

jeito (e não geito);

laje (e não lage);

ajeitar (e não ageitar);

jiboia (e não giboia);

canjica (e não cangica).

S ou Z

A dúvida na escrita de s ou z nas palavras ocorre quando a consoante s está posicionada entre duas
vogais, assumindo o som /z/.
Palavras com s:

atrasado (e não atrazado);

paralisar (e não paralizar);

pesquisa (e não pesquiza);

análise (e não análize);

quiseram (e não quizeram).

Palavras com z:

prezado (e não presado);

azia (e não asia);

batizado (e não batisado);

gentileza (e não gentilesa);

deslize (e não deslise).

S, SS, Ç ou C

O uso de s, ss, ç ou c causa muitas dúvidas, porque todas essas opções podem representar o mesmo
som: /s/.

Palavras com s:

ansioso (e não ancioso);

descanso (e não descanço);

suspense (e não suspence);

subsídio (e não subcídio);

compreensão (e não compreenção).


Palavras com ss:

excesso (e não exceço);

necessidade (e não nececidade);

permissão (e não permição);

impressão (e não impreção);

pressão (e não preção).

Palavras com ç:

exceção (e não excessão);

cansaço (e não cansasso);

licença (e não licensa);

embaçado (e não embassado);

peça (e não pessa).

Palavras com c:

você (e não voçê);

parece (e não pareçe);

gracinha (e não graçinha);

comecei (e não começei);

coceira (e não coçeira).

I ou E

Devido à proximidade de pronúncia existente entre a vogal i e a vogal e, o erro na escrita das duas
vogais é frequente.
Palavras com i:

digladiar (e não degladiar);

privilégio (e não previlégio);

incomodar (e não encomodar);

possui (e não possue);

contribui (e não contribue).

Palavras com e:

empecilho (e não impecilho);

entrevista (e não intrevista);

periquito (e não piriquito);

desvio (e não disvio);

irrequieto (e não irriquieto).

L ou R

A troca entre a consoante r e a consoante l é um erro de articulação comum em diversas regiões do


Brasil.

Palavras com r:

cérebro (e não célebro);

cerebral (e não celebral);

cabeleireiro (e não cabeleileiro).

Palavras com l:

pílula (e não pírula);


problema (e não probrema);

blusa (e não brusa).

Acréscimo de letras

A escrita de letras que não existem na palavra provoca, também, vários erros ortográficos. Isso ocorre,
principalmente, perto de consoantes mudas, que deverão ser pronunciadas sem a inclusão de uma
vogal.

Exemplos de erros por acréscimo de letras:

advogado (e não adevogado);

beneficente (e não beneficiente);

amnésia (e não aminésia);

absurdo (e não abisurdo);

idolatrada (e não idrolatrada);

losango (e não losângulo);

asterisco (e não asterístico).

Supressão de letras

A não escrita de todas as letras que formam a palavra provoca, também, diversos erros ortográficos.

Exemplos de erros por supressão de letras:

perturbar (e não pertubar);

prostração (e não prostação);

retrógrado (e não retrógado);

propriedade (e não propiedade);

brincadeira (e não brincadera);


poliomielite (e não poliomelite).

Troca na posição das letras

Erros ortográficos derivados de trocas na posição das letras surgem em palavras maiores e mais
complexas.

Exemplos de erros por troca na posição das letras:

bicarbonato (e não bicabornato);

padrasto (e não padastro);

madrasta (e não madastra).

muçulmano (e não mulçumano);

meteorologia (e não metereologia);

entretido (e não entertido);

supérfluo (e não supérfulo).

Extensão da nasalidade

Alguns erros ortográficos surgem devido à extensão indevida do traço de nasalidade de uma sílaba para
outra anterior ou posterior.

Exemplos de erros por extensão da nasalidade:

mendigo (e não mendingo);

sobrancelha (e não sombrancelha);

bugiganga (e não bugingana);

identidade (e não indentidade);

reivindicar (e não reinvindicar).

Junção de palavras separadas


Diversas expressões de uso corrente são erradamente escritas de forma junta, quando na realidade
deverão ser escritas de forma separada.

Expressões que se escrevem separadas:

com certeza (e não concerteza);

de repente (e não derrepente)

por isso (e não porisso);

a partir de (e não apartir de);

de novo (e não denovo).

Acentuação gráfica

A falta de acentos gráficos ou a escrita indevida de um acento gráfico são considerados, também, erros
ortográficos. A acentuação gráfica das palavras deverá ser sempre feita de acordo com as regras de
acentuação do português.

Palavras sem acento gráfico:

item (e não ítem);

coco (e não côco);

gratuito (e não gratuíto);

rubrica (e não rúbrica);

higiene (e não higiêne);

menu (e não menú);

raiz (e não raíz).

Palavras com acento gráfico:

mantém (e não mantem);


papéis (e não papeis);

pólen (e não polen);

pôr (para distinguir de por);

pôde (para distinguir de pode);

têm (para distinguir de tem).

Uso do hífen

Desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico, a escrita de palavras com hífen e sem hífen tem
sido motivo de dúvidas para diversos falantes.

Palavras com hífen:

segunda-feira (e não segunda feira);

bem-vindo (e não benvindo);

mal-humorado (e não mal humorado);

micro-ondas (e não microondas);

bem-te-vi (e não bem te vi).

Palavras sem hífen:

dia a dia (e não dia-a-dia);

fim de semana (e não fim-de-semana);

à toa (e não à-toa);

autoestima (e não auto-estima);

antirrugas (e não anti-rugas).

Parônimos e homônimos homófonos

Devido à proximidade gráfica e fonética que as palavras parônimas e homônimas homófonas


apresentam, é frequente que sejam usadas de forma errada. Muitas vezes, apesar de estarem bem
escritas, são usadas de forma trocada, no contexto errado, originando o erro ortográfico.
Palavras parônimas:

cumprimento e comprimento;

iminente e eminente;

tráfego e tráfico;

retificar e ratificar;

cavaleiro e cavalheiro;

estofar e estufar.

Palavras homônimas homófonas:

mau e mal;

acento e assento;

houve e ouve;

alto e auto;

concerto e conserto;

trás e traz.

Estratégias para minimizar os erros ortográficos

Há quem esteja convencido de que escrever bem é só isto: não dar erros ortográficos.

Ah, se fosse assim tão fácil.

Mas, claro, é muito importante aprender a evitá-los. Aliás, a minha profissão também implica andar à
caça desses bichos feios. E, na verdade, um texto bem escrito com erros ortográficos é como uma bela
casa com a tinta a cair. Ou alguém que se veste bem mas não repara nas nódoas.
Sim, temos de limpar os textos antes de os apresentar em público.

Aqui ficam sete dicas (há muitas outras, mas estas foram as que me vieram à cabeça neste fim de tarde):

A dica das dicas nisto da língua: ler muito. Ler ainda mais. Ler com atenção. A ortografia também se
aprende ao ler. Aliás, é a única forma de ganhar boas bases nisto da escrita. Bem, há outra: escrever.
Escrever muito. Repetir a dose durante muitos e bons anos e nunca achar que já está.

Perceber que todos nós podemos dar erros. Quem acreditar no contrário está em risco de dar mais
erros do que daria se tomasse uma boa dose de cautela. E, tendo em conta as reacções absurdas de
algumas pessoas perante os erros dos outros, há quem ande por aí convencido que o mundo se divide
entre os que dão muitos erros e quem não dá nenhum. Ah, mesmo aqueles que dominam a ortografia
têm horas cansadas, dedos mais rápidos do que o pensamento…

Rever os nossos textos. Sim, eu sei: é óbvio. Mas se o escrevente tiver demasiada confiança em si
próprio não revê coisa nenhuma. Confesso aqui, porque estas dicas também são para mim: neste
blogue, já me aconteceu carregar no botão «Publicar» sem reler o texto. Arrependi-me, quase sempre.
Mais vale reler. Por isso, não é demais repetir: depois de escrever, convém ler. E o melhor é deixar
passar algum tempo. Se estivermos a escrever no computador, também é certo e sabido que há erros
que só nos vão aparecer no papel. Por fim, sempre que possível, convém pedir a um amigo de confiança
para olhar com atenção para os nossos textos. Porque os nossos próprios erros têm uma tendência
enervante para serem invisíveis aos nossos olhos.

Consultar obras de referência. A ortografia é uma das áreas convencionais da língua: há regras
relativamente claras e estas regras vêm explicadas em prontuários e outras obras de referência. É uma
questão de as ter ao pé da mão. Um outro truque: mesmo quando não temos dúvidas, é interessante
folhear um livro deste tipo e descobrir pormenores da ortografia que não conhecemos.

Aprender quais são os nossos erros habituais. Todos nós temos um ou outro erro em que caímos com
um pouco mais frequência do que o habitual. Será boa ideia procurar esse erro nos nossos textos.
Podemos criar uma lista e tê-la ao pé do computador. Mas, lá está, para isto resultar é preciso não estar
convencido que isto dos erros é só com os outros.

Usar o corrector ortográfico do Word. Outro conselho óbvio, eu sei. Mas já vi tanto texto que merecia
uma boa varridela automática que vale a pena sublinhar o óbvio: os correctores ortográficos
automáticos ajudam a detectar alguns erros.

Aprender quais são os nossos erros habituais. Todos nós temos um ou outro erro em que caímos com
um pouco mais frequência do que o habitual. Será boa ideia procurar esse erro nos nossos textos.
Podemos criar uma lista e tê-la ao pé do computador. Mas, lá está, para isto resultar é preciso não estar
convencido que isto dos erros é só com os outros.

Usar o corrector ortográfico do Word. Outro conselho óbvio, eu sei. Mas já vi tanto texto que merecia
uma boa varridela automática que vale a pena sublinhar o óbvio: os correctores ortográficos
automáticos ajudam a detectar alguns erros. E são fáceis de usar! Querem uma dica um pouco mais
estranha? Ponham o computador a ler o texto (é possível!). Alguns dos erros que são quase invisíveis
aos nossos olhos são desmascarados quando nos arranham os ouvidos. Um exemplo? A falta de acento
nos ii.

Ligar mais aos nossos erros do que aos erros dos outros. Devemos corrigir os erros dos outros? Sim,
claro: em privado e com delicadeza. Mas viver obcecado com os erros dos outros só nos deixa mais
longe de melhorar o nosso próprio português. Por isso, toca a olhar com mais afinco para os textos que
nos saem das mãos. Se somos exigentes e sarcásticos com os erros dos outros, sejamos ainda mais
exigentes e sarcásticos com os nossos erros.

Disse no início que os erros ortográficos são um aspecto secundário da língua. Mas a verdade é que se
cumprirmos estas dicas, aprendemos muito sobre aquilo que é ainda mais importante: como escrever
de forma clara, como estruturar bem as frases, como criar uma voz própria, como fazer com a língua
aquilo que queremos. No fundo, quem dá muitos erros ortográficos mostra que não lê muito, não revê
os textos, não quer saber disso. Assim, é normal que os erros apareçam em maus textos.

Sim, é possível escrever bons textos com muitos erros, mas é raro. A verdade é que os nossos cérebros
estão tão habituados a fazer a associação entre ortografia correcta e bom português que, por mais
qualidade que vejamos no tecido, ligamos mais às nódoas.

E pronto: são estas as minhas dicas de hoje para evitar erros ortográficos. Quem tiver mais que se
acuse…

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