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O que é a crase?

A origem da crase vem da Grécia: a palavra significa mistura ou fusão. Dessa


forma, você já pode imaginar todo o conceito por trás dessa regra gramatical.

Na língua portuguesa, o “acento agudo invertido”, como alguns gostam de


chamar, indica a junção de duas vogais idênticas. Ficou confuso? Fica
tranquilo, porque vamos apresentar vários exemplos.

Mas é importante ter em mente que a crase representa a fusão da preposição


“a” com o artigo feminino “a”, e com o “a” do início de pronomes.
Portanto, sempre que houver essa situação, será exigida a utilização do acento
grave – também chamado de acento indicador de crase.

Note que, ao falarmos sobre a crase, é comum surgirem outros termos e regras
da língua portuguesa que se entrelaçam para formar uma grande cadeia de
normas. A preposição nada mais é que uma ligação entre dois termos.

Exemplo: Rafael gosta de praia.

O “de” liga o verbo ao substantivo.

Já o artigo remete à indicação do uso de a, o, as, os ou um, uma, uns, umas.

E é com toda essa salada de regras que chegamos à crase, a junção de dois
termos “a” que se transformam em “à”.

Exemplo: Não irei à praia hoje.

Por que aprender a usar a crase?

O bom uso da crase indica que o utilizador está em dia com os ensinamentos
da língua portuguesa. Utilizar corretamente as normas gramaticais é papel
fundamental para redigir redações convincentes no Enem, em concursos
públicos e aplicações para o mercado de trabalho.
E uma boa dica para você aprimorar a sua escrita e acostumar-se com o uso
da crase é investir na leitura! Ao ler, assimilamos melhor a língua
portuguesa e aprendemos na prática a melhor forma de utilização de cada
regra ortográfica.

Entretanto, não pense que são apenas os materiais didáticos que servem para
este fim: livros, artigos da internet, publicidades e textos do seu interesse
também são uma excelente opção para incrementar suas habilidades de leitura
e escrita.

Quando NÃO usar crase

Agora que você já sabe da onde surgiu e por que ela é empregada na escrita,
vamos para o que mais importa: a maneira correta de utilizá-la na
prática. Mas aí vai uma dica que ajuda e muito na hora de decorar as
regrinhas principais: comece pelas regras de NÃO utilização.

Ao definir em quais situações a crase não é utilizada, você elimina boa parte
das sentenças e, dessa forma, fica mais fácil compreender em quais situações
a crase será aplicada depois disso.

Por isso, pegue uma caneta e um papel e anote a seguir os casos em que a
crase nunca é utilizada:

 Antes de artigo

Exemplo: Vou a uma festa com meus amigos.

 Antes de palavra masculina

Exemplo: A receita leva sal a gosto.

 Antes de verbo

Exemplo: Ela ficou a ver navios durante a conversa.


 Antes de pronomes

Exemplo: Diga a ela que você já resolveu o problema.

 Antes de plural

Exemplo: Me refiro a jovens candidatos que ainda prestarão o vestibular.

 Entre palavras repetidas

Exemplo: Essa dieta é fácil de aplicar no seu dia a dia.

 Depois das preposições para, perante, com e contra

Exemplo: Os organizadores definiram que o protesto será contra a corrupção.

Quando USAR a crase

Já sabemos que a crase não será utilizada antes do sujeito masculino, portanto
ficou mais fácil de entender as suas regras de aplicação. A principal delas está
óbvio, não é mesmo? A crase sempre será empregada antes de palavras
femininas!

Outra dica importante é que não basta apenas decorar o momento ideal para
utilizar a crase, mas também entender a estrutura e o enunciado das frases.
Para que haja crase, é preciso que exista uma sequência de duas vogais
iguais, que sofrem contração. Mas não pense que para por aí: há diversas
outras formas de empregá-la em frases e sentenças.

Pra entender tudinho, temos aqui as explicações e alguns exemplos para você
não ter mais dúvidas na hora de utilizá-la. Anota aí!

1. A próxima palavra é feminina? Crase nela!

O portal Folha Dirigida conversou com o Professor Leo, do canal Português


Play, que deu várias dicas para um matéria especial na plataforma.
Sobre essa regra, ele afirma que a crase é utilizada antes de palavras
femininas pois essas palavras aceitam a presença do artigo feminino “a”,
ocorrendo a fusão de preposição mais o artigo feminino. Veja os exemplos.

 “Renata e Maria foram à festa no último sábado.”


 “Me esqueci de ir à padaria para comprar os pães que prometi.”

Dica: está em dúvida se a sentença leva crase ou não? Então invista no


macete de substituir a palavra feminina por um sinônimo masculino: se o
artigo “a” virar “ao”, ele receberá a crase. Veja como ficariam os exemplos
acima, caso substituíssemos por uma palavra masculina.

 “Renata e Maria foram ao evento no último sábado.”


 “Me esqueci de ir ao supermercado para comprar os pães que prometi.”

2. Utilize em expressões que indicam horário

Usamos a crase na indicação de horas, exceto se o artigo definido feminino


(a/as) estiver precedido das preposições até, desde, após, entre e para.

 “O clássico entre as duas equipes começa às 21h e terá transmissão


online.”
 “Eu trabalho das 9h às 18h.”

Dica: “A reunião foi marcada para as 11h” não leva crase, por conta da
preposição “para”. Também não cabe utilizar a crase quando falamos de um
tempo ocorrido, como por exemplo em: “Ela mal percebeu que as horas haviam
passado.”

3. Antes de locuções adverbiais femininas

A crase sempre será utilizada em casos de advérbios e locuções prepositivas


que se referem a ideias de tempo, lugar e/ou modo.

 “Às vezes chegamos mais cedo à escola.”


 “Ele entregou o relatório às pressas.”
Dica: nas expressões adverbiais a pé, a cavalo e a lápis, por exemplo, o uso
da crase não é permitido por uma questão que você já deve imaginar: as
palavras que formam as sentenças são masculinas. Logo, não há a ocorrência
de crase.

4. A distância ou à distância?

Essa é uma dúvida muito frequente para quem se depara com a crase. E
ainda não há um consenso absoluto sobre o uso do acento grave neste caso.
Isso ocorre porque algumas gramáticas dizem que a crase só deve ser utilizada
quando a palavra distância estiver determinada. Veja o exemplo:

 “O restaurante mais próximo fica à distância de 5km.”

Note que a palavra distância está especificada, portanto, você deve sim utilizar
a crase. No entanto, há momentos em que a palavra distância aparece sem
que nada a determine. E, como nos casos a seguir, é recomendado que não
seja utilizada a crase.

 “O curso é oferecido na modalidade a distância.”


 “Durante a pandemia, eu trabalhei a distância.”

5. Como utilizar em nome de cidades, estados e países

A esta altura do campeonato, você já deve ter observado que a dificuldade de


empregar a crise não reside na preposição, mas no artigo! E isso fica mais
claro quando falamos de nomes próprios ligados à Geografia.

Quando falamos de cidades, a regra geral é nunca utilizar a crase, porque os


substantivos rejeitam o uso dos artigos a, as, o, os.

Já para estados, lembre-se de que, se tratando de Brasil, apenas dois deles


permitem o uso da crase: Bahia e Paraíba. O motivo é claro: são os únicos
designados por artigo feminino.
No caso dos países, vale a mesma regra utilizada para os estados. Mas,
como a lista é bastante abrangente, não dá para decorar tudo sozinho, não é
mesmo? O Manual de Comunicação da Secom, disponibilizado pelo governo
federal, apresenta uma lista de países e seus determinados artigos.

Mas é claro que você não precisa decorar. Existe um macete muito legal que
você já deve até ter escutado na escola. Consiste no dizer: “Se vou a e volto
da, então, crase há. Se vou a e volto de, então crase para quê?”

Quer ver como fica fácil de identificar? Confira alguns exemplos.

 “Vou a Nova Iorque e volto de Nova Iorque” -> cidade + de = sem crase;
 “Vou à Alemanha e volto da Alemanha” -> país + da = crase;
 “Vou a São Paulo e volto de São Paulo” -> estado + de = sem crase;
 “Vou à França e volto da França” -> país + da = crase.

Outros casos de uso da crase

Além de todas as regras que já conhecemos a respeito da crase, existem


aquelas que fogem de alguns conceitos pré-estabelecidos. Lembre-se que a
língua portuguesa passou por atualizações ao longo da sua história, e
com novas regras, surgem novas dúvidas. Portanto, confira alguns exemplos
de casos.

Diante de pronome de tratamento

Por via das dúvidas, a crase NÃO deve ser utilizada antecedendo pronomes de
tratamento, como você e Vossa Excelência.

Mas há alguns casos em que os pronomes de tratamento, admitindo o


determinante, exigem o acento grave indicativo da crase quando o termo
regente pede a preposição a: senhora(s), senhorita(s), dona(s),
madame(s). Vamos aos exemplos:

 “O rapaz pediu que entregasse esta encomenda à”


 “O garçom levou o drink à senhorita?”
Crase com as palavras casa e terra

Essas duas palavras são exemplos clássicos de ambiguidade na hora de


empregar a crase. Isso porque casa e terra podem ser interpretadas com
significados diferentes, dependendo do contexto em que são utilizadas.

A preposição “a” antes da palavra casa (no sentido de lar) só recebe o acento
grave quando vier acompanhada de um modificador, caso contrário não ocorre
a crase. Se você quer dizer que voltará para a SUA casa, o correto é não
utilizar crase.

Neste caso, vale a mesma regra utilizada para locais geográficos no mapa. Se
você vem DE casa, ou se ficou EM casa, voltará a casa, sem crase.
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido, isso é: haverá crase.
Confira os exemplos a seguir.

 “Hoje foi um dia duro de trabalho, mal posso esperar para voltar a”
 “Vou à casa do vizinho para colocarmos o papo em dia.”

Já a palavra terra pode remeter a duas coisas: o solo firme ou a um lugar – se


estivermos falando do planeta onde vivemos, sempre com letra maiúscula. E aí
os exemplos ficam assim:

 “Depois de 12 horas de voo, finalmente chegamos a” (no sentido de


chegar ao solo, EM terra)
 “Morei um tempo fora, mas agora estou de volta à terra natal.” (no
sentido de endereço, localidade)

Crase com pronome relativo


No caso dos pronomes relativos, tudo depende do verbo utilizado para
acompanhar a sentença. Se o verbo for acompanhado da preposição “a”,
levará crase. E aqui vai uma dica: para ter certeza se usa ou não, substitua o
pronome feminino pelo seu equivalente masculino e veja se faz sentido. Confira
um exemplo:

 “A série à qual me refiro está disponível para ser assistida online.”


 “O filme ao qual me refiro está disponível para ser assistido online.”

O bom uso do português é fundamental não apenas na vida acadêmica, mas


principalmente para quem deseja alcançar boas oportunidades no mercado de
trabalho.

Por isso, nunca deixe de atualizar seus conhecimentos para fazer bonito tanto
na hora de redigir textos como para conversar, participar de reuniões,
apresentações etc.

Dominar as regras ortográficas abre portas no universo acadêmico, mas


principalmente para o seu futuro profissional.

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