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Se você abrir uma gramática agorinha, qualquer uma delas, logo verá
que a Dona Concordância só vai dar as caras lá pelo final, geralmente
sob um tópico chamado “sintaxe de concordância”.
Aqui, estou pulando tudo. Chutei o pau da barraca. Mas algumas coisas
são inescapáveis. Não tenho como encher esta aula de explicações,
ainda que curtas, sobre adjetivos, artigos e por aí vai. O que farei é
escolher alguns casos que mais enchem o saco e explicá-los com o
menor número possível de palavras técnicas.
“Então, Raul, por que esse assunto é um dos que mais foi pedido na sua
caixinha? Péra? Foi? Acho que é foram, né?
Caramba, tô perdido.”
“Que belas pernas e boca, minha nossa”, ou “Que bela boca e pernas,
minha nossa” (homens, aprendam).
Vamos tirar já do caminho a forma errada, que não existe: “FOI EU QUE
FIZ” NÃO EXISTE. Chama o Padre Quevedo do português:
Non ecziste!
Mas e agora? É que fiz, quem fiz, quem fez, como é isso aí?
Na verdade, é simples.
Com o que, o verbo tem de concordar com o pronome que vem antes
dele. Nesse caso, o eu. Logo, a solução é Fui eu que fiz. O primeiro
verbo concorda com o sujeito (fui eu) e o segundo concorda com o
pronome (eu que fiz).
UM DOS QUE:
OBRIGADO:
Ser é um saco.
Não quero dizer que existir seja um saco (o que às vezes é). Quero dizer
que nessa história de concordância o verbo ser é um porre. É o
diferentão, o verbo que parece mudar de concordância como a gente
muda de cueca. Tão rebelde é o verbo que nas gramáticas geralmente
tem uma seção só sua.
Mais um caso interessante (ou chato): você quer falar que a vida é uma
série de surpresas. Ou seja: de um lado, algo no singular; do outro, algo
no plural. E você quer dizer que o plural é o singular. Como fica?
“De São Paulo a São José dos Campos são X quilômetros” / “Aqui pelo
UBER vi que são 500 metros só até o McDonalds”.
Eu mesmo não as sei todas de cor. Vira e mexe tenho que confirmar
algo. Portanto, NÃO SE SINTA MAL SE VOCÊ NÃO DECORAR TUDO. Na
verdade, vamos trocar esse “se”. Não se sinta mal por não ter
conseguido decorar tudo. É o normal, o natural, o esperado.
É claro que você aprendeu muito nos últimos dias. Tenho certeza. Mas
também é claro que não reteve tudo o que aprendeu. Que já se
esqueceu de algumas coisas e não chegou a entender outras. Tudo isso
é natural. É assim que funciona o aprendizado: uma parte é
compreensão, a outra é repetição. A parte da compreensão eu fiz por
você, entregando-lhe tudo mastigadíssimo.