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Imagina, alguém, asmático,,,, coitado… com as,,, vírgulas,

pula,ndo, cortando fra,ses, palavras…

Não. E também não é pausa. Nem sempre vírgulas


correspondem a pausas, e nem sempre pausas
correspondem a vírgulas.

Então para que servem as vírgulas?

Servem para quebrar o texto em partes menores e


facilitar a vida do leitor. Para que a gente saiba quais
palavras formam blocos de sentido e consigamos ligar um
bloco ao outro. A vírgula organiza o texto. Como aqui:

“As aulas do Português sem Cagaço, mais do que aulas,


foram uma virada de chave na minha vida!”

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Nesse caso, as vírgulas serviram para dizer a nós, leitores,
que a parte sublinhada é um bloquinho de palavras
separado que explica o resto da frase.

Logo, as vírgulas também servem para criar CLAREZA.


Como aqui:

“A gente aprende a dar, um passo só de cada vez.”

A ideia era nós aprendermos a dar um passo só de cada


vez. Com a vírgula, porém, ficamos com um passo de cada
vez aprendermos a dar.

Dar um passo.
Dar… alguma outra coisa.

É a diferença entre uma moça mexer a perna e talvez ficar


grávida. A vírgula tem poder.

Tá. Se a vírgula não é pausa, como diabos eu descubro


onde enfiar esse negócio? Primeiro, você tem que
entender isto aqui:

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Nós geralmente dizemos (ou escrevemos) as coisas
seguindo a mesma ordem. Primeiro, o Sujeito. Quem fez
a coisa. Depois, o Verbo. A coisa em si. Depois, o
Complemento. Alguma informação para completar o
sentido do verbo. É a famosa SVC.

Assim:

“A gente aprende a dar um passo só de cada vez.”


Sujeito Verbo Complemento

Basicamente, as vírgulas servem para AVISAR o leitor que


alguma coisa saiu dessa ordem natural. Assim:

“A gente aprende, meus amigos, a dar um passo só de


cada vez.”

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Eu enfiei algo que sai da ordem natural. Reparou que as
vírgulas surgiram naturalmente?

Essa é a ideia geral das vírgulas. O que nós vamos fazer


aqui é aprender os principais casos em que a vírgula é
OBRIGATÓRIA ou PROIBIDA.

Casos absolutamente práticos, para você desde já sair


daqui mil vezes melhor nessa história de usar vírgulas.

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Isole sempre o tal do
VOCATIVO

“Vou ali comer, gente.”

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É a vírgula mais fácil, mais banal — e 90% das pessoas não
sabem que ela existe.
O nome “vocativo” tem a ver com “invocação”,
“chamamento”. É a vírgula que a gente usa para chamar
alguém ou falar com alguém.

A regra é simples. Sempre que estiver falando com


alguém, isole-o com vírgulas. Exemplo:

A moça está dizendo às duas amigas que vai comer. Está


falando com elas. Logo… a gente isola a palavra com uma
vírgula. Para a coisa ficar mais clara poderíamos até
inverter a frase: “Gente, vou ali comer.”

“Vou ali comer gente.”

Sem a vírgula, veja a desgraça que iria acontecer:

Você ia virar um canibal. Comendo gente por aí. Fazendo


bife a rolê com a pança do vizinho, pô.

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E não importa em qual lugar da frase o Vocativo esteja.
Tem que ser isolado por vírgulas. Sempre, sempre,
sempre.

“Vou ali, gente, comer.”

“Gente, vou ali comer.”

“Vou ali comer, gente.”

Você é obrigado a usar


vírgulas quando estiver
ENUMERANDO coisas
parecidas:
Essa vírgula já usamos naturalmente. Ninguém a erra.

“Lavo, passo, cozinho e ainda apanho!"

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“Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Kaká são o
quadrado mágico da seleção do Brasil.”

Também usamos essas vírgulas para enumerar ações (ou


seja, verbos):

Você é obrigado a separar


com vírgulas NOMES DE
LUGARES e DATAS
Outra vírgula que quase ninguém erra. Quase.

Lei Áurea. A escravidão foi pras cucuias.


Rio de Janeiro, 13 de maio de 1888.

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Você é obrigado a isolar
com vírgulas PEQUENOS
ELEMENTOS
EXPLICATIVOS
Agora a brincadeira começa a ficar interessante. Divertida.

Isto é, a saber, ou seja, por assim dizer, a propósito, além


disso, ou melhor, ou antes, digo…

Sabe uma dessas expressões com as quais explicamos o


texto ou o corrigimos? Isole-as com vírgulas. SEMPRE.
Não importa se venham no começo da frase ou no meio:

“Odiava português, digo, antes de conhecer o Raul!”

Vírgula lindamente usada para uma triste verdade, isto é, só não


se lasca por um lado quem já se lascou pelo outro

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Você tem que usar vírgulas
para isolar o APOSTO
EXPLICATIVO
O que é aposto explicativo? Simples. É algo que explica um
termo anterior. Exemplo:

“Dilma, a única presidenta da história do Brasil, estocou


vento.”

O Brasil teve alguma outra presidenta? Não. Logo, essa


frase entre as vírgulas é uma outra forma de dizermos
“Dilma”. Estamos explicando quem foi a Dilmãe. Isso é um
aposto.

Outros exemplos:
“Raul, o professor barbudo do Instagram, tem que raspar
aquela barba de mendigo.”

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“Machado de Assis, o escritor do Morro do Livramento, é a
maior glória das letras do Brasil.”

Importantíssimo: sempre, SEMPRE use duas vírgulas.

Você é obrigado a isolar


com vírgulas qualquer
frase que comece com que,
do qual, onde ou cuja,
desde que sem ela o
sentido da frase inteira
continue intacto
A chave aqui é: se der para tirar a informação sem mudar
o sentido da frase principal, use vírgulas:

“Por incrível que pareça, é verdade."

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“Comprei um livro do Paulo Coelho, que faz sucesso até
na Índia!”

“Queria tanto dar um rolê em São Paulo, onde nasci."

“O Português sem Cagaço, do qual ouvi falar por um


amigo, tem até meme!”

“Agora estou gostando da vírgula, cujas mil e uma funções


comecei a aprender.”

Se você tirar a frase começada pelas palavras


sublinhadas, como fica o resto? Intacto.

“Comprei um livro do Paulo Coelho.”

“Queria tanto dar um rolê em São Paulo.”

“O Português sem Cagaço tem até meme.”

“Agora estou gostando da vírgula.”

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Ponha vírgula para marcar
um verbo subentendido:
Essa é a famosa vírgula X-9. A vírgula dedo-duro.

Às vezes, na escrita, para que não fiquemos repetindo os

mesmos verbos feito uns patetas, podemos OMITI-LOS.


Continuam lá, só que ninguém os vê. Escondidos. O nome
difícil que os gramáticos inventaram é elipse.

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Tipo aqui:

"Vamos ver se você aprende os porquês mais rápido que eu aprendo chinê… opa, já foi.
Xing ling thung long kkkkk"

“Meu vô mal falava português e o Guimarães Rosa,


português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano,
esperanto, um pouquinho de russo…”

Sim, isso é verdade. Sim, temos dois verbos aí. “Meu vô mal
falava português e o Guimarães Rosa FALAVA…”

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Não faça a besteira de
enfiar uma vírgula entre o
SUJEITO E O VERBO
O aluno distraído, meteu uma vírgula entre o sujeito e o
verbo.

Como saber quem é o sujeito? Pergunte para o verbo.


Quem meteu a vírgula entre o sujeito e o verbo? O aluno
distraído.

Pronto. Temos o Sujeito e o Verbo. Nunca os separe.

O aluno, estava distraído e meteu uma vírgula errada.

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É verdade, o aluno, é distraído.

Não vacile e meta uma


vírgula entre o VERBO e
SEUS COMPLEMENTOS
O que é complemento? Simples. Enquanto eu escrevia
este belo material, alguém escreveu na minha caixinha do
Instagram:

“O grande problema da educação no Brasil é, o


analfabetismo funcional!” [verbo de ligação]

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Vírgula, o que diabos você está fazendo aí?

Por que essa vírgula está (muito) errada? Porque tudo o


que vem depois dela COMPLETA o sentido do verbo. Do
"é".

Se completa, existe uma ligação íntima entre as duas


coisas. E se existe uma ligação íntima entre ambos… por
que diabos enfiar uma vírgula aí? Não tem porquê. Nunca.

Veja mais alguns exemplos:

“Eu adoro, comer.” — errado.


“Eu adoro comer.” — certinho.

“Raul gosta, de ensinar.” — errado.


“Raul gosta de ensinar." — certinho.

“João pediu, a Maria, que fosse visitá-lo.” — duplamente


errado.
“João pediu a Maria que fosse visitá-lo.” — lindamente
certo.

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