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com

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concordância

Com Sérgio Nogueira,


o professor do Soletrando.
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Apresentação
Quer simplificar o português, aprender com mais prazer e acabar
com suas dúvidas?

Este e-book trata de concordância nominal e verbal. Com exemplos


práticos, você vai aprender como fazer a relação correta em gênero
(masculino ou feminino), número (plural ou singular) ou pessoa (1ª, 2ª
ou 3ª) entre as palavras de uma mesma frase.

As videoaulas ampliam o conteúdo do livro digital, discutem as dú-


vidas mais comuns e apresentam exemplos práticos para você enrique-
cer seu conhecimento.

É assim que o professor Sérgio Nogueira retoma os temas mais im-


portantes e mais cobrados em provas de concursos e vestibulares, para
que você possa (re)aprender sem dificuldades e sem traumas.

Tudo com a experiência de quem há mais de 40 anos aproxima os


brasileiros da língua portuguesa.

Bom proveito!
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Sumário
Por que devemos concordar?.................................................... 4

Concordância nominal................................................................. 6
1. Dúvidas que atormentam............................................................................10
2. Masculino ou feminino..................................................................................24

Concordância verbal....................................................................26
1. Casos especiais de concordância verbal
com sujeito simples.........................................................................................28
2. Casos especiais de concordância verbal
com sujeito composto....................................................................................37
3. Concordância com o verbo SER................................................................40
4. Concordância com verbos impessoais.................................................43
5. Concordância ideológica..............................................................................45
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Por que devemos concordar?


A primeira resposta que me vem à cabeça para essa pergunta é: de-
vemos concordar para alcançar a harmonia. Pois quem não concorda
destoa, desafina, diverge, desarmoniza.

Para mantermos a harmonia na sociedade, por exemplo, devemos vi-


ver em concordância com as regras sociais. Claro que, também na gra-
mática, o conceito de concordância está estreitamente ligado ao de
harmonia. Trata-se, aqui, da harmonia entre os termos da oração.

Analise a seguinte oração:


“O funcionários mais antigo apresentou várias relatórios
naquele ocasião.”

Obviamente, você sentiu que os elementos que compõem essa men-


sagem destoam, desafinam. E isso acontece porque não há harmonia
entre os elementos da oração. Não há concordância entre seus termos.

Você até pode argumentar dizendo que a mensagem foi claramente


compreendida, e que nossa posição é linguisticamente preconceituo-
sa. O que eu posso dizer é que o objetivo aqui não é medir o grau de
compreensão de uma mensagem, mas sim ensinar a utilizar o padrão
culto da língua, já que, convenhamos, o padrão popular, informal, todos
já sabemos, ninguém precisa ensinar.

Vamos, então, deixar essa frase nos padrões recomendados pela


gramática tradicional. Para isso, devemos:

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>> Concordar o artigo “o” e o adjetivo “antigo” com o substantivo


“funcionários”. Substantivo no plural exige artigo e adjetivo no
plural. Teremos, então: Os funcionários mais antigos.
>> Concordar o verbo com o núcleo do sujeito. Núcleo na 3ª pessoa
do plural exige verbo na 3ª pessoa do plural: Os funcionários mais
antigos apresentaram.
>> Concordar o pronome “várias” com o substantivo “relatórios”.
Substantivo no masculino exige pronome no masculino:
vários relatórios.
>> Concordar o pronome “naquele” com o substantivo “ocasião”.
Substantivo feminino exige pronome feminino: naquela ocasião.

Vamos fazer um esquema de concordância da frase analisada, para


entendermos melhor como se dá esse processo:

Os funcionários mais antigos apresentaram vários relatórios

naquela ocasião.

Observe que em cada ajuste, em cada concordância há uma relação


de dependência, em que um termo depende do outro para assumir uma
forma específica. Essa relação determina, por exemplo, as flexões de
número e gênero das palavras ligadas ao substantivo ou de pessoa e
número do verbo em relação ao núcleo do sujeito a que se refere.

Temos, assim, dois tipos de concordância: a concordância nominal,


que estabelece o número e o gênero das palavras determinadas pelo
substantivo; e a concordância verbal, que estabelece as flexões de nú-
mero e pessoa do verbo em relação ao núcleo do sujeito.

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Concordância
nominal

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A regra básica da concordância nominal diz que os artigos, adjeti-


vos, pronomes adjetivos, numerais e particípios concordam em gênero
e número com o termo que determinam. Ou seja, eles devem acompa-
nhar a forma feminina, masculina, singular ou plural do substantivo a
que se referem.

Entender os mecanismos da concordância é muito importante


para evitar mal-entendidos tanto na interpretação de uma mensagem,
quanto na hora de produzir um texto.

Por exemplo, na frase “Ele achou a demora dos policiais militares


estranha”, concluímos que o que foi considerado estranho foi a demora
e não os policiais militares. Isso se dá pelo fato de o adjetivo “estranho”
apresentar-se na forma feminina (estranha) para concordar em gênero
com o substantivo feminino “demora”.

Veja mais esta frase: “O plenário achou as declarações dos depu-


tados federais absurdas”. Note que o adjetivo “absurdas” refere-se ao
substantivo “declarações”. Por isso, apresenta-se flexionado no femini-
no plural, para concordar com o termo que determina.

O problema é que nem sempre o adjetivo apresenta uma forma dife-


rente para o masculino e o feminino. Vamos, por exemplo, substituir na
frase acima o adjetivo “absurdas” por “impertinentes”. Veja como ficaria:
O plenário achou as declarações dos deputados
federais impertinentes.

A frase ficou ambígua. Não sabemos se o plenário considerou as de-


clarações impertinentes ou se o plenário encontrou as declarações (que
podiam estar perdidas) dos deputados federais que são impertinentes.

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Nesse caso, recomenda-se colocar o adjetivo antes do substantivo


que determina, para evitar confusão. Você pode escrever “O plenário
achou impertinentes as declarações dos deputados federais” ou “O ple-
nário achou as declarações dos impertinentes deputados federais”.

Quanto à concordância do substantivo com o adjetivo, há duas re-


gras básicas. Vamos a elas.

Adjetivo posposto ao substantivo


Quando o adjetivo modifica apenas um substantivo, deve concor-
dar em gênero e número com ele.
Os olhos marejados, a pele suada e as pernas trêmulas traduziam
a emoção que sentia.

Quando o adjetivo vem colocado após dois ou mais substantivos,


há duas concordâncias possíveis:

>> O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo em gênero


e número.
Ele colocou na mala calça e paletó novo.
Ele colocou na mala paletó e calça nova.

Nessa frase, temos dois substantivos (calça e paletó) que antece-


dem os adjetivos “novo” e “nova”. Perceba que essa colocação leva-nos
a entender que o adjetivo só modifica o substantivo mais próximo, que
apenas o paletó é novo ou que somente a calça é nova.

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>> O adjetivo vai para o plural.


Ele colocou na mala calça e paletó novos.

Quando o adjetivo é colocado no plural após dois substantivos,


entendemos que ele modifica os dois substantivos que o antecedem.
Agora, a calça e o paletó são novos.

Lembre-se de que, quando os substantivos modificados pelo adje-


tivo são de gêneros diferentes, o masculino deve prevalecer. Por isso
dizemos “calça e paletó novos” e não “calça e paletó novas”.

Quando dois ou mais adjetivos modificam um só substantivo, temos


duas possibilidades de construção da frase:

>> O artigo e o substantivo ficam no plural


e os adjetivos (não acompanhados de artigo),
no singular.
Ele admira as culturas chinesa
e japonesa.

>> O artigo e o substantivo ficam no


singular e o último adjetivo vem
acompanhado de artigo também
no singular.
Ele admira a cultura chinesa
e a japonesa.

Observe que, embora os adjetivos “chinesa”


e “japonesa” refiram-se a um único substantivo
(cultura), trata-se de duas culturas diferentes.

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Adjetivo anteposto aos substantivos


Quando o adjetivo é colocado antes de dois ou mais substantivos,
deve concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo.
Ao longo da vida, conheci extraordinários professores e professoras.
Ao longo da vida, conheci extraordinárias professoras e professores.

Porém, quando modifica nomes próprios ou nomes que indicam


relação de parentesco, o adjetivo deve apresentar-se sempre no plural.
Vieram jantar em casa ontem os insuportáveis tio e tia.
Vieram jantar em casa ontem os divertidos Marcos e Júlia.

1. Dúvidas que atormentam


Algumas palavras e expressões muitas vezes nos torturam em rela-
ção à concordância. Quantas vezes já não hesitamos na hora de escrever,
sem saber se devemos empregar o masculino, o feminino, o singular ou
o plural?

Vamos, então, conhecer alguns desses casos que podem gerar dúvidas.

Ela vive MEIO isolada porque vive dizendo MEIAS verdades!


Você sabe por que o primeiro “meio” (meio isolada) não se flexiona
e o segundo (meias verdades) flexiona-se?

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É simples. Na primeira ocorrên-


cia, a palavra “meio” é um advérbio
e, como você sabe, os advérbios não se
flexionam, não variam sua forma. Nesse
caso, o advérbio “meio” equivale a “mais
ou menos”. Veja outros exemplos:
Os clientes andam
meio desconfiados.
Maria é meio nervosa.
As atletas chegaram meio
cansadas ao treino.

Observe que, em todos os exem-


plos acima, a palavra “meio” tem o senti-
do de “mais ou menos”.

Já na segunda ocorrência (meias verdades), “meio” é um adjetivo,


modifica um substantivo, tem o sentido de “verdades incompletas,
pela metade”. E como o substantivo apresenta-se no feminino e no
plural, o adjetivo deve também assumir a forma feminina plural para
concordar com ele. Veja como isso também ocorre nas frases:
Ela era uma mulher de meias-palavras.
Ninguém entendia aquele meio sorriso.

A palavra “meio” também se flexiona quando é numeral, caso em


que indica “metade”, como em “Ele tomou meio litro de cachaça ou
meia garrafa de água?”.

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DEVEMOS ESCREVER “MEIA-IRMÔ OU “MEIA IRMÔ?


Na verdade, as duas formas estão corretas, mas querem dizer
coisas diferentes.

Devemos usar a forma com hífen (meia-irmã) quando existem


laços sanguíneos, quando se trata de uma irmã por parte só de pai
ou só de mãe.

A forma sem hífen (meia irmã) deve ser usada para expressar
um laço tão forte de amizade que as pessoas envolvidas se
consideram quase irmãs.

Meus MELHORES alunos aproveitaram MELHOR as aulas


Quando a palavra “melhor” tem o sentido de “mais bem”, ela não
varia, não se flexiona, pois se trata de um advérbio. É o caso dos alunos
que aproveitaram melhor as aulas. Confira outros exemplos:
Eles ficariam melhor morando com os pais.
O diretor analisou melhor sua oferta.
Os professores tratam melhor os alunos com dificuldade
de aprendizagem.

Antes de um particípio, devemos usar a expressão “mais bem” no


lugar de “melhor”.
Este é o discurso mais bem escrito que já vi.
Aquele é o atleta mais bem pago do clube.

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Com o sentido de “mais bom”, a palavra “melhor” é um adjetivo e,


portanto, deve variar em número para concordar com o substantivo
que modifica.
Eles são meus melhores amigos.
Dias melhores me aguardam.

A classe apresentou BASTANTE ou BASTANTES notas altas?


A palavra “bastante” também pode exercer o papel de pronome adjeti-
vo ou de advérbio. Ela tem valor de adjetivo quando modifica um substan-
tivo. Nesse caso, deve concordar em número com o substantivo a que se
refere. Por exemplo, na frase “A classe apresentou bastantes notas altas”,
notamos que “bastantes” está modificando o substantivo “notas”. Como
esse substantivo está no plural, o pronome adjetivo “bastantes” também
deve se apresentar no plural. Assim, diga e escreva corretamente:
Há flores bastantes.
Comprei bastantes frutas.
Li bastantes livros nas férias.

Quando a palavra “bastante” mo-


difica um adjetivo, ela exer-
ce o papel de advérbio de
intensidade e, como tal, é in-
variável. Na frase “Achei bas-
tante diferentes as roupas do
desfile”, a palavra “bastante”

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modifica o adjetivo “diferentes”, exercendo, assim, o papel de advér-


bio. O mesmo acontece em:
Os atletas chegaram bastante atrasados.
As crianças estão bastante famintas.
Os novos funcionários são bastante simpáticos.

Se na hora de escrever você ficar em dúvida, troque a palavra “bastan-


te” por “muito”. Se a palavra “muito” variar, é um caso de pronome adjetivo
e, portanto, “bastante” também deverá variar. Se “muito” ficar invariável, é
um caso de advérbio e, assim, “bastante” permanecerá invariável.

Se os convidados comeram “muitas” frutas, isso significa que come-


ram “bastantes” frutas. Mas se os deputados ficaram “muito” irritados,
podemos dizer que ficaram “bastante” irritados.

SÓ ou SÓS?
A palavra “só” deve ser considerada adjetivo quando tem o sentido de
“sozinho” e, nesse caso, concorda em número com o termo a que se refere.
A professora está só.
As crianças estão sós.

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Quando a palavra “só” significa “somente” ou “apenas”, não deve


variar, pois nesse caso trata-se de um advérbio (partícula de exclusão).
Só meus pais me entendem.
Aquela apresentação só os convidados puderam ver.

Já a expressão “a sós” é invariável.


Os noivos ficaram a sós.
O técnico teve uma conversa a sós com a levantadora do time.

Eu MESMA ou Eu MESMO?
Bem, aí depende. Se você for homem, diga “eu mesmo”, mas se for
mulher, diga “eu mesma”.

Quando a palavra “mesmo” tem o sentido de “igual” ou de “próprio”,


trata-se de um adjetivo e, portanto, deve concordar com o termo a que
se refere. Veja alguns exemplos:
Ela sempre lê os mesmos livros, encanta-se com as mesmas histórias.
A escritora mesma veio dar a palestra.

A palavra “mesmo” com o sentido de “até”, “inclusive” ou “realmen-


te” deve ser considerada um advérbio (partícula de inclusão) e, nesse
caso, não pode variar sua forma.
Esta foi mesmo uma ótima notícia. (realmente)
Mesmo a juíza não soube o que dizer. (até, inclusive)

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Eles moram JUNTO ou moram JUNTOS?


Nesse caso, devemos dizer que “moram juntos”. A palavra “junto” é
um adjetivo e deve concordar com o termo a que se refere. Assim, de-
vemos dizer:
As desgraças andam juntas.
Os meninos viajaram juntos.

Tome cuidado com as expressões “junto de” e “junto a”. As duas ex-
pressões têm o sentido de “perto de” e são invariáveis.
Minha casa fica junto da prefeitura.
Ela vive junto à praça.

Evite empregar a expressão “junto a” com sentido diferente de


“perto de”.

Assim, no lugar de dizer que “ela solicitou um empréstimo junto


ao banco”, opte por dizer que “ela solicitou um empréstimo ao
(ou no) banco”.

É PROIBIDO / É BOM / É PERMITIDO / É NECESSÁRIO


Expressões desse tipo frequentemente geram dúvidas na hora da
concordância. Será que devemos concordar os adjetivos “proibido”,
“bom”, “permitido” e “necessário” com o substantivo que modificam?

Bem, depende da estrutura da frase em que estão inseridos.

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Com substantivo determinado (pode ser por um artigo, um nu-


meral, um pronome...), o adjetivo deve concordar em gênero e nú-
mero com ele.
A entrada só é permitida para maiores de 18 anos.
É proibida a permanência de estranhos durante a gravação.
Aquela contratação foi boa para o clube.
A calma e a paciência são necessárias para lidar com crianças.

Sem determinação do substantivo, os adjetivos “proibido, bom, per-


mitido e necessário” devem permanecer no masculino singular.
É necessário calma e paciência para lidar com crianças.
É proibido entrada de menores de 18 anos.
Água é bom para limpar a garganta.

Vossa Excelência ficou SATISFEITO


ou SATISFEITA?
Cuidado com o emprego dos prono-
mes de tratamento! Embora sejam for-
mas femininas, a concordância de gêne-
ro do adjetivo deve ser feita com o sexo
da pessoa a que se referem. Assim, para
um homem, devemos perguntar:
Vossa Excelência ficou satisfeito?

E, para uma mulher:


Vossa Excelência ficou satisfeita?

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CARO e BARATO
Quando funcionam como adjetivos, essas palavras devem concor-
dar com o substantivo a que se referem.
Essas roupas são caras.
Ela só usa joia barata.

Já como advérbios, modificam um verbo e, nesse caso, são invariáveis.


Essas roupas custam caro.
Comer em casa nem sempre fica barato.

O MAIS...POSSÍVEL / OS MAIS...POSSÍVEIS
Com essas expressões, a palavra “possível” deve concordar em nú-
mero com o artigo que a antecede. Devemos, assim, escrever:
Esperamos que as notas sejam as mais altas possíveis.
Os advogados pleiteiam a menor pena possível.
Quero que você chegue o mais rápido possível.

Era uma fila MONSTRO ou MONSTRA?


A palavra “monstra” não existe. Por sua vez, a palavra “monstro”,
quando empregada na função de adjetivo (“muito grande”, “fora do co-
mum”) para qualificar um substantivo, é invariável. Diga, então: Era uma
fila monstro. Veja mais exemplos:
O político participou de vários comícios monstro.
O técnico recebeu uma vaia monstro.

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Você diz muito OBRIGADO


ou muito OBRIGADA?
Homem deve dizer “muito obrigado”;
mulher, “muito obrigada”. Para você
não esquecer mais, lembre-se de que
essa palavra é uma forma reduzida
da expressão “Estou obrigado a lhe
retribuir o favor” ou “Estou obriga-
da a lhe retribuir o favor”. Portanto,
uma mulher só pode dizer “obriga-
da”, tanto para homem como para
outra mulher. Já um homem só pode dizer “obrigado”, tanto para uma
mulher como para outro homem.

As críticas seguem ANEXO ou ANEXAS?


A palavra “anexo” é um adjetivo e, portanto, deve concordar em
número e gênero com o substantivo a que se refere. Assim, com
substantivo feminino, devemos usar a forma “anexa” e, com subs-
tantivo no plural, acrescentar um “s”. Diga, então, que “As críticas
seguem anexas”; “Não abra o envelope anexo”; “Envio anexas as
notas fiscais”.

O mesmo processo sofre o adjetivo “incluso”, que concorda em gê-


nero e número com o substantivo que modifica.
Os passeios estão inclusos no preço.
As fotografias inclusas já foram autografadas pelo cantor.

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Cuidado com a expressão “em anexo”, pois ela é invariável.


Não abra os envelopes em anexo.
Envio, em anexo, as notas fiscais.

Resolvi uma e outra QUESTÕES DIFÍCEIS ou


uma e outra QUESTÃO DIFÍCIL?
Na verdade, as duas estruturas acima estão incorretas. Quando o
substantivo e o adjetivo vêm depois de expressões do tipo “um e ou-
tro”, “nem um nem outro” etc., devemos colocar o substantivo no singu-
lar e o adjetivo no plural. Assim, a forma correta é: Resolvi uma e outra
questão difíceis. Veja mais exemplos:
Numa e noutra rua desconhecidas ele se perdia.
O diretor reconheceu um e outro aspecto obscuros no documento.

Agora estou com MENOS ou MENAS dúvidas?


Nunca flexione a palavra “menos”. Você pode usá-la com o subs-
tantivo masculino, com o substantivo feminino, no plural ou singular.
Tanto faz! A forma “menos”, seja advérbio ou pronome, é invariável.
Isso quer dizer que você nunca deve utilizar a palavra “menas”, pois
ela não existe. Assim, o correto é dizer: Agora estou com menos dúvi-
das. Veja mais exemplos:
Chegaram menos crianças do que esperávamos para a festa.
Desta vez ela comprou menos bebidas.

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Os guardas vigiam o portão ALERTA ou ALERTAS?


Quando é advérbio, a palavra “alerta” é invariável. O correto é: Os
guardas vigiam o portão alerta. Observe que se trata do modo como os
guardas vigiam o portão.

Se exercer uma função adjetiva, como sinônimo de “atento”, “aler-


ta” deverá flexionar-se: Eram guardas alertas (atentos). O substantivo
“alerta” (sinônimo de “aviso”) também se flexiona: Os funcionários de-
ram vários alertas (avisos).

Veja mais exemplos:


Era um escoteiro alerta. (atento)
Todos os escoteiros eram alertas. (atentos)
Os escoteiros vivem alerta. (trata-se do modo como eles vivem)
O escoteiro enviou vários alertas. (avisos)

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As filhas são TAL QUAL a mãe?


Não conheço a mãe, mas se as filhas forem inteligentes, certamente
corrigirão essa frase. Embora na linguagem popular de nosso dia a dia
tenhamos nos acostumado a ouvir e, talvez, a falar desse jeito, no pa-
drão culto da língua essa construção é inadequada.

A locução “tal qual” faz uma concordância própria, só dela, já que


cada termo concorda com um substantivo diferente. A palavra “tal”
deve concordar com o substantivo antecedente e a palavra “qual”, com
o subsequente.

Assim, nessa frase, devemos escrever “tais” (no plural) para concor-
dar com o substantivo plural “filhas”; e “qual” (no singular) para concor-
dar com o substantivo singular “mãe”. O correto, então, é: As filhas são
tais qual a mãe.

Veja mais exemplos:


A atriz é tal quais os pais.
As crianças são tais quais os personagens do desenho.

DOIS MIL ou DUAS MIL pessoas estiveram no evento?


Devemos fazer a concordância com o substantivo a que o numeral
“mil” se refere. Assim, diga que “Duas mil pessoas estiveram no evento”.
Veja mais exemplos:
Trinta e uma mil famílias receberam o benefício.
Ela recebeu um prêmio de vinte e dois mil dólares.

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Lembre-se de que não devemos escrever “um mil”, nem em cheques.

Tenho mil amigos no Facebook.

Recebi mil reais.

Ele faz mil embaixadinhas.

OS MILHARES ou AS MILHARES de leis brasileiras?


“Milhar” e “milhão” são substantivos masculinos. Assim, pronomes,
artigos e numerais que antecedem essas palavras devem estar sempre
no masculino. Veja os exemplos:
Dois milhões de pessoas deixaram a capital no feriado.
Lá vem ela com seus milhares de fofocas.
Namorou um milhão de mulheres.
Não encontrei nexo nos milhares de palavras que ela disse.

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2. Masculino ou feminino
É muito comum escorregarmos na concordância por não conhecer-
mos o gênero de alguns substantivos. Ora, se não sabemos se um subs-
tantivo é feminino ou masculino, como podemos flexionar o adjetivo, o
artigo e o pronome para concordarem com ele?

Você pode até pensar que isso não acontece com você, ou achar
que reconhecer o gênero de um substantivo é tarefa de criança. Para
a maioria dos casos, isso realmente é verdade. Mas o que nos deixa em
dúvida é exatamente a minoria, aqueles poucos substantivos que volta
e meia vêm assombrar nossos textos.

Vamos lembrar alguns deles:

Ela é UM CARRASCO ou UMA CARRASCA?


“Carrasco” é um substantivo sobrecomum. Isso quer dizer que sua
forma não varia; é a mesma para o masculino e para o feminino. Assim,
diga: Ela é um carrasco.

O GRAMA ou A GRAMA?
Bem, aqui depende do que se queira falar. Se se tratar da relva, da
planta que tanta falta faz aos campos dos nossos estádios, deveremos
usar a forma feminina: A grama do vizinho é sempre mais bonita.

Mas se nos referimos à massa (ao peso) de alguma coisa, devemos


usar a forma masculina: Comprei duzentos gramas de queijo.

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O LOTAÇÃO ou A LOTAÇÃO?
As duas formas existem, mas querem dizer coisas diferentes. “O lo-
tação” é a forma reduzida de “autolotação”, que é o veículo de trans-
porte coletivo.
O lotação para o Grajaú saiu atrasado.
Ela pega todos os dias o lotação que passa por aqui.

Já “a lotação” equivale ao número de pessoas que comporta deter-


minado lugar.
O jogo da final esgotou a capacidade de lotação do estádio.
A lotação do teatro está completa.

O MORAL ou A MORAL?
Devemos usar “a moral”, no feminino, para nos referirmos ao con-
junto de valores que norteiam as relações sociais.
Não tinha nenhuma moral para exigir mais garra
dos companheiros.

Essa forma no feminino também é usada para designar a conclusão


filosófica de uma narrativa.
Qual a moral da história?

A forma no masculino, “o moral”, significa “disposição”, “ânimo”


para enfrentar determinadas situações.
O moral dos alunos está elevado.

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Concordância
verbal

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Não são apenas os adjetivos, os artigos, os pronomes e os numerais


que devem variar sua forma para promover a harmonia linguística. Os
verbos também têm sua parcela de responsabilidade.

Segundo a regra básica da concordância verbal, o verbo deve con-


cordar em pessoa e número com o sujeito da oração.

Assim, para construir uma oração utilizando o padrão culto da lín-


gua, é indispensável saber reconhecer o sujeito da oração.

Com sujeito simples, não há dificuldade: basta flexionar o verbo na


mesma pessoa e número do núcleo do sujeito.
SUJEITO
144444444444424444444444443
O representante da empresa petrolífera discursou na assembleia.
14444244443 1442443
NÚCLEO DO SUJEITO VERBO
3ª pessoa do singular 3ª pessoa do singular

Com sujeito composto, o verbo, geralmente, apresenta-se no plural.

SUJEITO
14444442444443
A alegria e a tristeza nem sempre andam separadas em nossa vida.
14243 14243 14243
NÚCLEOS DO SUJEITO VERBO
3ª pessoa do singular 3ª pessoa do plural

Veja que os núcleos do sujeito estão no singular, mas, por serem


dois, o verbo vai para o plural.

Caso você tenha alguma dificuldade para identificar o sujeito,


consulte a aula sobre análise sintática.

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1. Casos especiais de
concordância verbal
com sujeito simples

Grande parte dos presentes VAIOU ou VAIARAM a


declaração do presidente?
Quando o sujeito constitui-se de uma expressão partitiva (parte de,
a maioria de, grande número de, uma porção de...) seguida de uma pala-
vra no plural, há duas concordâncias possíveis:

O verbo pode concordar com o substantivo da expressão partitiva


e ficar no singular:

Grande parte dos presentes vaiou a declaração do presidente.


144424443 14243
expressão partitiva verbo no singular

Ou o verbo concorda com o substantivo que vem depois da expres-


são partitiva e vai para o plural:

Grande parte dos presentes vaiaram a declaração do presidente.


1442443 14243
substantivo verbo
plural no plural

Também encontramos essas duas possibilidades de concordância quan-


do o sujeito é formado por um coletivo seguido de uma palavra no plural.
Uma manada de elefantes invadiu o acampamento.
Uma manada de elefantes invadiram o acampamento.

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Em geral, na presença de expressões partitivas ou de coletivo se-


guido de palavra no plural, a preferência é pelo emprego do verbo no
singular, concordando com o núcleo do sujeito, mas o plural também é
aceito. É só uma questão de gosto!

1% dos participantes ASSINOU ou ASSINARAM


a lista de presença?
Quando o sujeito apresenta apenas a expressão numérica da por-
centagem ou da fração, o verbo concorda com o valor dessa expressão.
1% não sabe ou não quis responder à pergunta.
55% dizem estar satisfeitos com o rumo da economia.
Um terço compareceu às aulas
após o feriado.
Dois terços compareceram às aulas
após o feriado.

Quando o numeral é seguido de um


substantivo, o verbo pode concordar com o
numeral ou com o substantivo que o acom-
panha.
1% dos participantes não assinou a lista
de presença.
1% dos participantes não assinaram
a lista de presença.
70% da população da cidade não vão
ao teatro.
70% da população da cidade não vai
ao teatro.

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Mais de um candidato CONSEGUIU ou CONSEGUIRAM


terminar a prova?
Quando o sujeito é formado por expressões que indicam quantidade
aproximada, como “mais de”, “menos de” e “cerca de”, seguidas de numeral,
o verbo concorda com o substantivo que vem depois dessas expressões:
Mais de um candidato conseguiu terminar a prova.
Menos de cinco pessoas acertaram todas as questões.

O verbo deverá ir para o plural se a expressão vier repetida na oração:


Mais de uma bailarina, mais de um trapezista machucaram-se na
apresentação de sábado.

Fui eu que GANHOU ou GANHEI a partida?


Quando o sujeito da oração é constituído pelo pronome relativo
“que”, o verbo deve concordar em número e pessoa com o antecedente
do pronome relativo. Assim, o correto é dizer:

Fui eu que ganhei a partida.


123
pronome
relativo

antecedente

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É interessante notar, nesse caso, que o pronome relativo “que” tem


duas funções no período. Ele funciona como elemento de ligação entre
as duas orações – Fui eu / que ganhei a partida – e também substitui a
palavra antecedente (eu) na segunda oração: Eu ganhei a partida.

O pronome relativo “que” exerce, portanto, a função de sujeito da


oração. Veja outros exemplos:
Fomos nós que atuamos no auto de Natal.
São os cantores sertanejos que lideram o mercado fonográfico.

Quando o sujeito é representado pelo pronome relativo “quem”, há


duas concordâncias possíveis:

O verbo pode concordar com o antecedente do pronome.


Fui eu quem recebi o prêmio.

Ou fica na 3ª pessoa do singular, concordando com o pronome “quem”.


Fui eu quem recebeu o prêmio.

Lembre-se de que essa é a concordância mais usual, mas concordar


com o antecedente também é correto.

Alguns de nós CHEGARAM ou CHEGAMOS cedo?


Tanto faz. Você pode dizer “Alguns de nós chegaram cedo” ou “Al-
guns de nós chegamos cedo”. Quando o sujeito apresenta expressões
como “alguns de nós”, “muitos de vós”, “quais de nós”, entre outras, o

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verbo pode tanto concordar com o pronome que inicia a expressão e


ficar na 3ª pessoa do plural, como concordar com o pronome pessoal
“nós” ou “vós”. Veja os exemplos:
Poucos de nós enviaram a declaração do imposto de renda.
Poucos de nós enviamos as declarações do imposto de renda.

Porém, quando o pronome que inicia a expressão está no singular, o


verbo obrigatoriamente fica na 3ª pessoa do singular.
Qual de nós será convocado?
Nenhum de nós soube responder.

No plural, ficaria:
Quais de nós serão convocados?
Quais de nós seremos convocados?

Ele é um dos que XINGARAM ou XINGOU o técnico?


O mais recomendável, nesse caso, é colocar o verbo no plural (Ele é
um dos que xingaram o técnico). Isto porque a concordância no plural
parece mais lógica. Invertendo a frase, teremos: Dos que xingaram o
técnico, ele é um. Veja outros exemplos:
Ela é uma das alunas que acertaram tudo na prova.
(Das alunas que acertaram tudo, ela é uma.)
João é um dos que viajaram ontem.
(Dos que viajaram, João é um.)

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Embora menos usual, a construção no singular também é aceita.


Você pode dizer que “Ele é um dos que xingou o técnico”; “Ela é uma das
que acertou tudo na prova”; “João é um dos que viajou ontem”.

A concordância no singular é obrigatória quando o verbo só se apli-


ca ao seletivo “um”. É o caso de: “Dom Casmurro é um dos romances de
Machado de Assis que foi selecionado para o vestibular”. Veja que neste
caso apenas o romance Dom Casmurro foi selecionado.

Vossa Excelência SERÁ ou SEREIS sempre bem-vindo?


Quando o sujeito é constituído por um pronome de tratamento
(Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade...), o verbo deve
obrigatoriamente apresentar-se na 3ª pessoa do singular ou do plural,
caso se trate de mais de uma pessoa. Portanto, o correto é dizer:
Vossa Excelência será sempre bem-vindo.
Vossas Senhorias estão cansados?

PARA RELEMBRAR
Com pronomes de tratamento, a concordância depende do sexo da
pessoa a quem se dirige ou de quem se fala.
Vossa Excelência foi servido? (para homem)

Vossa Excelência foi servida? (para mulher)

Vossas Excelências foram servidos? (para homens ou para um grupo de


homens e mulheres)

Vossas Excelências foram servidas? (para mulheres)

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Os Estados Unidos ENTROU ou ENTRARAM em crise?


Quando o sujeito é formado por um nome que só tem plural e é pre-
cedido de artigo, o verbo fica no plural. Assim, a forma correta é “Os Es-
tados Unidos entraram em crise”, pois o substantivo próprio “Estados
Unidos” está determinado pelo artigo “os”.

Já com nome no plural sem artigo, o verbo fica no singular.


Minas Gerais é um dos estados do Sudeste.
Campinas é uma cidade do interior de São Paulo.

O verbo também fica no singular com substantivo próprio no plural


precedido de artigo no singular.
O Amazonas é o maior rio do Brasil.

Um milhão de pessoas COMPARECEU ou


COMPARECERAM ao show?
Nesse caso, tanto faz. Você pode escolher concordar o verbo com
o numeral (milhão, bilhão, trilhão) e deixá-lo no singular, ou concordar
com o substantivo plural que vem após a expressão (pessoas) e flexio-
ná-lo no plural.
Um milhão de dólares apareceu (ou apareceram) na minha conta.
Um bilhão de habitantes vive (ou vivem) na Índia.

Já com o verbo antes da expressão, devemos fazer a concordância


com a palavra “milhão” e deixá-lo no singular.

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Desapareceu um milhão de sacas de café.


Sumiu um bilhão de reais dos cofres públicos.

Mas com verbos de ligação (ser, estar, parecer...), a concordância


deve ser feita com o nome que vem após a expressão, independente-
mente da posição do verbo.
Um milhão de eleitoras estão preocupadas.
Estão preocupadas um milhão de eleitoras.

VENDE-SE ou VENDEM-SE salas comerciais?


Embora seja muito comum encontrarmos a forma no singular (ven-
de-se), o correto é “Vendem-se salas comerciais”, pois a frase está
na voz passiva sintética e o termo “salas comer-
ciais” é sujeito da oração.

Se você não consegue perceber que o sujeito


da oração é “salas comerciais”, basta transformar a
voz passiva sintética em voz passiva analítica: Salas
comerciais são vendidas.

Agora ficou fácil perceber o sujeito da oração, não


é mesmo? Basta perguntar “O que são vendidas?” para
descobrir que se trata das “salas comerciais”. E se o
sujeito está no plural, o verbo também deve se apre-
sentar no plural.
Consertam-se bicicletas. (Bicicletas são consertadas.)
Alugam-se casas. (Casas são alugadas.)

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Mas aí vem a grande dú-


vida. Por que, então, a forma
correta é “Precisa-se de em-
pregados especializados” e
não “Precisam-se de empre- Engenheiro/com
gados especializados”? capacete conferindo
a construção de um
O que acontece é que, nes-
edifício
se caso, o sujeito é indetermi-
nado. Como o sujeito não está
claro na oração, o verbo não
tem com o que concordar, fi-
cando, assim, fixo na 3ª pessoa
do singular.

O problema é saber quan-


do é um caso de voz passiva sintética e quando se trata de sujeito
indeterminado, não é mesmo?

Mas isso não é complicado. Basta você tentar passar a frase que
apresenta a partícula “se” para a voz passiva analítica. Se conseguir,
trata-se de voz passiva sintética. E, nesse caso, é só concordar o verbo
com o sujeito presente na oração:
Constroem-se edifícios. = Edifícios são construídos.

Já com “Precisa-se de empregados especializados”, veja que não é


possível escrever “De empregados especializados são precisados”. As-
sim, se a passagem para a voz passiva analítica não for possível, deixe o
verbo no singular, pois certamente é um caso de sujeito indeterminado.

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2. Casos especiais de
concordância verbal
com sujeito composto

PARTICIPOU ou PARTICIPARAM da reunião o diretor


e o gerente?
Para nossa felicidade, as duas formas estão corretas. Quando o su-
jeito é composto e está posicionado depois do verbo, as duas possibi-
lidades de concordância são aceitas. Podemos, preferencialmente, co-
locar o verbo no plural, concordando com os dois núcleos, ou deixá-lo
no singular, concordando apenas com o núcleo mais próximo, se este
estiver no singular. Veja mais exemplos:
Vieram (ou Veio) ao Brasil o Papa e sua comitiva.
Cada vez mais diminuem (ou diminui) o respeito e a solidariedade.

Se houver sentido de reciprocidade, contudo, o verbo deverá ir para


o plural.
Cumprimentaram-se o juiz da partida e o capitão do time.

Eu e você SABEMOS ou SABEM a verdade?


Com sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes,
o verbo deve ir para o plural, mas obedecendo à seguinte hierarquia: a

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1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e sobre a 3ª. Por isso, a frase correta é: Eu


e você (= nós) sabemos a verdade.
Eu, tu e ele (= nós) chegamos atrasados.
Eu e ela (= nós) fomos à festa.

A 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª.


Tu e ele (= vós) chegastes atrasados.
Tu e ela (= vós) fostes à festa.

Na fala do dia a dia, é muito raro utilizarmos o verbo na 2ª pessoa


do plural (vós), sendo mais comum empregarmos o verbo na 3ª pessoa
do plural (eles/elas). Assim, para evitar escrever fora do padrão culto da
língua, substitua o “tu” por “você”:
Você e ele (= eles) chegaram atrasados.
Você e ela (= eles) foram à festa.

Carlos ou Mário será eleito presidente.


Quando os núcleos do sujeito composto estão ligados pela conjunção
“ou”, há duas possibilidades de concordância. O verbo deverá concordar
com o núcleo mais próximo se a conjunção tiver sentido de exclusão. Em
“Carlos ou Mário será eleito presidente”, a conjunção “ou” exprime clara-
mente a ideia de exclusão, já que apenas um será eleito presidente.

Se a conjunção “ou” não apresentar ideia de exclusão, o verbo de-


verá ir para o plural. Note no exemplo a seguir como os dois advogados
podem igualmente representá-lo. Um não exclui o outro:

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O advogado da empresa ou seu advogado pessoal podem


representá-lo na audiência.

Quando a conjunção “ou” exprimir uma dúvida, uma retificação, o


verbo deverá concordar com o núcleo mais próximo.
A prova ou as redações, não tenho certeza, ficaram no armário
da escola.
As redações ou a prova, não tenho certeza, ficou no armário da escola.

Nadar e correr FAZ ou FAZEM bem para a circulação?


Quando os núcleos do sujeito composto são constituídos por ver-
bos no infinitivo, o verbo da oração deve permanecer no singular. Por-
tanto, a frase correta é: Nadar e correr faz bem para a circulação.

Veja outros exemplos:


Trabalhar e estudar é uma realidade para o nosso jovem.
Ler e escrever estimula a criatividade.

No entanto, o verbo irá para o


plural quando os verbos no infini-
tivo forem antônimos ou estive-
rem substantivados.
Falar e calar fazem parte de
nosso amadurecimento.
O cantar e o sorrir alegram
nosso cotidiano.

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3. Concordância com
o verbo SER
A concordância com o verbo “ser” merece destaque, pois, diferen-
temente dos outros verbos, que concordam sempre com o sujeito da
oração, há casos em que o verbo “ser” deve concordar com o predicati-
vo do sujeito.

Tudo SÃO ou É flores?


O correto é “Tudo são flores”. Com o sujeito representado pelos pro-
nomes “que”, “quem”, “tudo”, “isso”, “isto”, “aquilo”, o verbo “ser” deve
concordar com o predicativo do sujeito.

Isso são bobagens.


1442443
predicativo do sujeito

Quem são os autores dessa bagunça?


Aquilo foram só bravatas.

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A primeira neta sempre FOI ou FORAM suas alegrias?


O verbo “ser” sempre concorda com a palavra que designa uma pes-
soa. Assim, se essa palavra exercer a função de sujeito, o verbo “ser”
concordará com o sujeito:

A primeira neta sempre foi suas alegrias.


14444244443
SUJEITO (pessoa)

Se a palavra que designa a pessoa for um predicativo do sujeito, o


verbo “ser” concordará com o predicativo.

O objetivo do curso são os alunos.


1442443
PREDICATIVO (pessoa)

Dessa maneira, quando houver na oração um substantivo próprio


ou um pronome pessoal do caso reto, o verbo “ser” concordará com ele,
esteja ele na posição de sujeito ou de predicativo.
Anísio era as esperanças do time.
As esperanças do time era Anísio.
Por muito tempo, ela foi todos os meus sonhos.
Por muito tempo, todos os meus sonhos foi ela.

Se na oração houver dois pronomes pessoais, um na posição de su-


jeito e outro exercendo a função de predicativo, o verbo “ser” concor-
dará com o sujeito.
Eu não sou ele.
Ele não é eu.

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Dez bananas É ou
SÃO pouco?
O correto é “Dez bananas é pouco”.
Em expressões com as palavras “mui-
to”, “pouco”, “demais”, “bastante”, en-
tre outras, usadas para indicar quan-
tidade (peso, medida, preço...), o verbo
“ser” deve permanecer no singular.
Cinco sacos de cimento
é suficiente para
essa reforma.
Dez horas de avião é demais
para mim.

É ou SÃO duas horas?


“São duas horas” é a forma correta. Quando o verbo “ser” indicar
hora, distância ou período de tempo, concordará com o predicativo do
sujeito. Por isso dizemos “é uma hora” e “são duas horas”.
São 90 quilômetros até minha cidade natal.
Era meio-dia e meia.

Na especificação do dia do mês, há duas possibilidades de concor-


dância. Pode-se concordar com o numeral do predicativo (Hoje são 20
de abril) ou considerar que a palavra “dia” está subentendida, levando
o verbo a uma flexão no singular: Hoje é (dia) 20 de abril.

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4. Concordância com
verbos impessoais
A regra geral da concordância verbal determina que o verbo concor-
de com o núcleo do sujeito, mas como construir essa concordância com
os verbos impessoais, que não têm sujeito?

Nesse caso, o verbo deve permanecer na 3ª pessoa do singular. Va-


mos lembrar alguns casos de verbos impessoais:

HOUVE ou HOUVERAM acidentes no feriado?


O verbo “haver” com o sentido de “existir” ou “acontecer” é impes-
soal, devendo ficar fixo na 3ª pessoa do singular. Portanto, a frase cor-
reta é: Houve acidentes no feriado.

Veja outros exemplos:


Havia muitos erros no documento apresentado.
Há ainda muitas crianças sem acesso a educação de qualidade.

O verbo “haver” também é impessoal quando indica tempo transcorrido.


Ele partiu há duas semanas.
Há vinte anos deixei a casa de meus pais.
Não o encontrava havia mais de dez anos.

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FAZ ou FAZEM duas semanas que não chove?


O correto é “Faz duas semanas que não chove”. O verbo “fazer” indi-
cando tempo transcorrido ou condição meteorológica não tem sujeito,
é impessoal e deve ficar na 3ª pessoa do singular.
Faz cinco anos que não nos vemos.
Faz invernos rigorosíssimos na Patagônia.
Fazia mais de cinco anos que eu não viajava.

BASTA ou BASTAM de fofocas?


As expressões “basta de” e “chega de” são impessoais, não aceitam
a flexão de número. Assim, o correto é dizer:
Basta de fofocas!
Chega de atrasos!

Quando são empregados em locuções verbais, os verbos


impessoais transmitem sua impessoalidade ao verbo auxiliar.
Isso quer dizer que o verbo auxiliar deve permanecer no singular.

Veja os exemplos:

Deve fazer uns dez anos que ele mora no Rio de Janeiro.

Vai haver muitos protestos depois da contagem dos votos.

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5. Concordância ideológica
A língua portuguesa admite um tipo de concordância que leva em
consideração não a forma gramatical do núcleo do sujeito, mas sim a
ideia, o sentido que ele transmite. Essa concordância, chamada ideoló-
gica ou silepse, pode ser de gênero, número ou pessoa.

Vamos ver em que situações esse tipo de concordância é aceito.

Vossa Santidade está cansado?


Como já vimos, os pronomes de tratamento (Vossa Santidade, Vos-
sa Excelência, Vossa Senhoria), mesmo sendo claramente femininos,
fazem a concordância ideológica com o sexo da pessoa representada
pelo pronome; trata-se do que chamamos de silepse de gênero.

Esse tipo de concordância também pode


ocorrer com alguns pronomes indefinidos.
Eu sei que alguém desta sala está
insatisfeita com o resultado das
eleições.

Observe que a concordância do ad-


jetivo “insatisfeita” se dá com o sexo da
pessoa e não com o pronome indefini-
do “alguém”.

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O mesmo ocorre em frases como “A gente é muito novo para tanta


responsabilidade”. Aqui, o predicativo “novo” concorda não com o su-
jeito “a gente”, mas sim com o sexo da pessoa que fala (um jovem).

Outro exemplo desse tipo de concordância ideológica acontece


quando concordamos o predicativo do sujeito com a palavra “cidade”,
implícita antes do substantivo próprio, como em “Rio de Janeiro está
preparada para o carnaval”; “São Paulo está ansiosa pela Copa”.

A turma ficou revoltada. Não paravam de gritar


palavras de protesto.
Observe que a forma verbal “paravam” concorda com a ideia de plural
contida na palavra “turma” e não com a forma gramatical da palavra, que
está no singular.

Esse tipo de concordância – a silepse de número – é muito comum


com sujeito formado por palavras que designam coletivos.
O povo continuou sentado. Recusaram-se a
abandonar a praça.

A assembleia discordou da proposta.


Decidiram continuar a greve.

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Todos estamos interessados nesse assunto.


Na frase acima, o verbo deveria estar na 3ª pessoa do plural para
concordar com o sujeito “todos”. No entanto, o verbo está na 1ª pes-
soa do plural. Isso ocorre quando o emissor da mensagem quer mostrar
que ele participa do processo, que ele está incluído na 3ª pessoa do plu-
ral que forma o sujeito.

Essa concordância ideológica recebe o nome de silepse de pessoa


e ocorre sempre que está implícita a ideia de que a pessoa que fala ou
escreve a mensagem faz parte do sujeito. Veja:
Os abaixo assinados exigimos maior participação nas decisões
da universidade.
Os brasileiros somos um povo abençoado.

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Concepção e realização: Gold Editora


Coordenação geral: Isabel Moraes

LIVRO DIGITAL
Texto: Sérgio Nogueira, Carla Tullio (redatora assistente)
Assistência editorial: Ana Beraldo
Arte: LIT Design
Foto de capa: Bel Pedrosa
Ilustrações: Marcos Müller
Revisão: Sandra Miguel

VIDEOAULAS
Apresentação: Sérgio Nogueira
Roteiro: Sérgio Nogueira, Carla Tullio, Bárbara Mello

EQUIPE DE ESTÚDIO
Produtora contratada: Uzumaki Comunicação
Direção: Jefferson Gorgulho Peixoto
Fotografia: Newman Costa, Rodolfo Figueiredo
Som direto: Luiz Fujita Jr.
Produção e TP: Tainah Medeiros
Maquiagem: Luciana Sales

EQUIPE DE EXTERNAS
Fotografia: Christian Puig
Produção: Ana Beraldo
Assistência de produção: Luciana Sutil

EQUIPE DE EDIÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO


Edição: Priscila Viotto, Christian Puig, Luciana Sutil
Locução: Ângela Benhossi
Ilustrações: Marcos Müller
Motion designer: Tiago Almeida Santos
Revisão: Bárbara Mello, Kiel Pimenta

ISBN: 978-65-80225-06-4

R. Elvira Ferraz, 250, conj. 505 – 04552-040 – São Paulo – SP


CNPJ 04.963.593/0001-42
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1. Ortografia 6. Análise sintática

2. Uso das palavras 7. Pontuação

3. Classe de palavras 8. Concordância

4. Verbos 9. Regência

5. Pronomes 10. Construção de texto

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