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TRO
DU
ÇÃO
E ali está sua arte pronta, com um texto criativo estrategicamente
eficiente. Mas, eis que passa despercebido algo que pode gritar
mais alto que a excelência do seu trabalho, arriscando colocar tudo
a perder: um erro gramatical!

Uma crase que não existe, uma vírgula no lugar errado alterando
a intenção da mensagem, um verbo mal conjugado, uma palavra
escrita errada... Acredite, já é o bastante para acabar não só com o
job, mas também com a sua credibilidade.

Daí a importância de dominar ao menos as regras gramaticais


mais necessárias e usuais na linguagem escrita do nosso meio
publicitário. São essas regrinhas básicas para não cometer tais
erros que estão selecionadas aqui nesse livro, a fim de lhe ajudar
a não colocar em risco seu trabalho e sua imagem profissional.
Desejo que faça bom uso : )

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 2
ÍN
DI
CE
Adequação linguística.
Navegando conforme a onda.
04
TOP 10 erros ortográficos.
Chamam mais atenção que feijão no dente, ou seje, cuidado!
06
TOP 10 erros de concordância gramatical.
Eu crio, tu aprovas, ele altera, nós choramos.
13
TOP 10 erros de regência gramatical.
Cuidado para não mudar o sentido da frase!
20
10 dicas finais de coerência textual.
Clareza, objetividade e uso correto da pontuação.
27
Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 3
ADEQUAÇÃO
LINGUÍSTICA.
Navegando conforme a onda.

Antes de mergulharmos na gramática, é bom saber que a nossa


linguagem sofre influências do meio em que vivemos, por isso
é dinâmica, podendo sofrer adaptações. É o que chamamos de
adequação linguística.

É aquela capacidade que temos de adequar nosso jeito de falar,


como, por exemplo, quando estamos entre amigos, usando uma
linguagem informal para expressar nossas ideias, e, em outras
ocasiões, tipo uma reunião com clientes, fazendo uso de uma
linguagem formal, que passe a impressão da nossa seriedade
profissional. E assim também acontece com a escrita. Por isso, a
gramática também se adapta, com reformas que atendem a essa
necessidade de acompanhar a dinâmica cultural do nosso idioma.

Portanto, quando falamos em linguagem formal, correspondemos


à forma padrão gramatical. E quando usamos uma linguagem
informal, é como se pedíssemos permissão à gramática para uma
adaptação popular. O bom é que apesar das normas, nossa língua
mãe permite : )

Na próxima página, perceba no exemplo como o contexto faz


toda a diferença na adequação da linguagem.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 4
Gerente
Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?

Cliente
Estou interessado em financiamento
para compra de veículo.

Gerente
Nós dispomos de várias modalidades
de crédito. O senhor é nosso cliente?

Cliente
Sou Júlio César Fontoura, também
sou funcionário do banco.

Gerente
Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena!
Cê tá em Brasília? Pensei que você inda
tivesse na agência de Uberlândia! Passa
aqui pra gente conversar com calma.

(Adaptação de uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio


BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004)

Da mesma forma, o designer pode adequar a linguagem para


interagir com diferentes públicos, nos diferentes canais de mídia,
usando hashtags diferenciadas, gírias, jargões, combinações e
contrações gramaticais relacionadas ao contexto e que conectem a
mensagem ao público-alvo, como: “pra” ao invés de “para”, “miga”
sem o “a” de “amiga”, entre outras adaptações permitidas. Desde
que não “assassine” a ortografia, a concordância e a regência da
nossa língua materna.

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TOP10 ERROS
ORTOGRÁFICOS.
TOP ERROS 10
ORTOGRÁFICOS.
Chamam mais atenção que feijão no dente,
ou seje, cuidado!

1. “Mas” ou “Mais”?
“Mas”, sem a vogal “i”, é uma conjunção adversativa, a qual
expressa oposição, limitação. Pode ser substituída por “contudo”,
“porém” e “todavia”.

“Mais”, com a vogal “i”, geralmente é um advérbio de intensidade,


mas também pode ser uma conjunção aditiva. Em ambos os casos
expressam intensidade maior, acréscimo, adição, contrário de
menos.

Exemplo:

O café da manhã atrasou porque Bianca acordou cedo


mas saiu tarde de casa para comprar mais pães.

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2. “Agente” ou “a gente”?
“Agente” é um substantivo comum referente a uma profissão.

“A gente” é uma locução pronominal, equivalente ao pronome


“nós”, porém conjugada no singular. Portanto, nunca use: “A
gente vamos”, por favor! O certo é: “Nós vamos”. “A gente vai”.
Combinado?

Exemplo:

A gente falou com o Agente Comunitário para


marcar a consulta amanhã no posto de saúde.

3. “Menos” ou “Menas”?
“Menos”, contrário de mais, não tem forma feminina, portanto,
nunca será “menas”!

Exemplo:

Quanto menos você escrever errado, melhor! Por isso,


nunca use “menas”, que é uma palavra inexistente
na língua portuguesa.

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4. “Afim” ou “a fim”?
“Afim” junto é um adjetivo usado para expressar afinidade, mais
usado no plural.

“A fim” separado é uma locução seguida da preposição “de” usada


para expressar uma finalidade. Pode ser substituída por “para”,
“com fim de”, “com intenção de”, “com vontade de”.

Exemplo:

Tinham ideias afins, sempre a fim de


propósitos sociais.

5. “Mal” ou “Mau”?
“Mau”, é o contrário de bem.

“Mal”, é o contrário de bom.

Exemplo:

Ele foi mal educado com a professora e ainda teve um


mau resultado nas provas.

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6. “Onde” ou “Aonde”?
“Onde” é um advérbio de lugar que não pede preposição por não
expressar ideia de movimento.

“Aonde” é um advérbio de lugar que pede preposição por expressar


ideia de movimento, equivale a “para onde”.

Exemplo:

Me diga onde você está para que eu


saiba aonde eu vou.

7. “Embaixo” ou “em baixo”?


“Embaixo”, tudo junto, é um advérbio de inferioridade. Equivale a:
debaixo, abaixo, inferiormente.

“Em baixo”, separado, a palavra “baixo” é um adjetivo, dá


característica a algo.

Exemplo:

Estávamos embaixo da sacada onde estava


acontecendo a reunião, por isso lhe pedi para
falar em baixo tom de voz.

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8. “Porque”, “porquê”, “por que” ou “por quê”?
“Porque” junto e sem acento é uma conjunção que indica causa,
motivo, justificativa ou explicação.
Exemplo:

Eu não fui porque meu filho estava doente.

“Porquê” junto e com acento vira sinônimo da palavra “motivo”.


Exemplo:
Não sei o porquê de tudo isso estar acontecendo.
(Poderia ser: ”Não sei o motivo de tudo isso estar acontecendo.”)

“Por que” separado e sem acento sempre pode embutir a palavra


“razão” ou a palavra “motivo”. Isso vale para perguntas diretas e
também para frases terminadas com ponto final.
Exemplos:
Por que você não foi na festa?
(Poderia ser: ”Por que motivo você não foi na festa?”)

Você sabe por que eu sempre faço isso.


(Poderia ser: ”Você sabe por qual motivo eu sempre faço isso.”)

“Por quê” separado e com acento é uma expressão usada sempre


no final da frase, seja interrogativa ou não.

Exemplo:

Ela está sempre mentindo e eu não sei por quê.

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9. “Alto” ou “auto”?
“Alto” com “l” é o contrário de baixo.

“Auto” com “u” pode ser um ato público ou abreviação da


palavra automóvel.

Exemplo:

O alto-falante daquele automóvel roubou a atenção do


público durante a encenação do auto.

10. “Senão” ou “se não”?


“Senão” equivale a “caso não”; e é possível inserir um pronome
reto/sujeito na expressão, como: “Se (você) não comparecer, não
terá direito ao kit promocional.”

“Se não” equivale a “do contrário”, “com exceção de”, “a não ser”.
automóvel.

Exemplo:

Se não tem como resistir, afaste-se, senão poderá


cair em tentação.

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TOP10 ERROS DE
CONCORDÂNCIA
GRAMATICAL.
TOP ERROS DE 10
CONCORDÂNCIA
GRAMATICAL.
Eu crio, tu aprovas, ele altera,
nós choramos.

1. “Obrigado” ou “Obrigada”?
É uma expressão de agradecimento que concorda com o gênero do
locutor, ou seja, gênero feminino fala “obrigada” e gênero masculino
fala “obrigado”.

Exemplo:

Maria esqueceu de dizer obrigada, mas seu filho de


apenas 5 anos de idade, João, falou obrigado por ela!

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2. “Para eu” ou “para mim”?
Para saber quando usar um ou outro, lembre-se que “eu” é um
pronome pessoal reto, portanto, assume o papel de sujeito da
oração, seguido de um verbo no infinitivo. “Mim” é um pronome
oblíquo e assume o papel de um objeto indireto dentro da oração.

Exemplo:

Quando você chegou com esses ingredientes para


mim, achei que fosse para eu fazer o almoço.

3. “Meio” ou “meia”?
“Meio” quando é advérbio, não aceita variações (plural e gênero).
Deve ser usado para indicar pouca quantidade. Mas também pode
ser um numeral fracionário.

Exemplo:

Fiquei meio chateada porque ele demorou muito


mais que meia hora para chegar e ainda usou meios
termos para justificar o atraso, nem se deu o trabalho
de me dar um motivo relevante!

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4. “Anexo”, “anexa” ou “em anexo”?
A palavra “anexo” é um adjetivo, caracteriza um substantivo,
portanto deve concordar com ele em gênero e também em número.

“Em anexo” é uma expressão invariável, e já está quase em desuso,


inclusive condenada por alguns estudiosos, portanto, o preferível é
o uso sem a preposição.

Exemplo:

Os documento seguiram anexos naquele último e-mail


enviado. Já a planilha, foi anexa aos arquivos no
pendrive.

5. “Bastante” ou “bastantes”?
Para saber se a palavra “bastante” sofre variação ou não, é preciso
antes conseguir classificá-la:

- Quando advérbio, é invariável;


- Se aparece em forma de substantivo não varia, mas pede artigo
“o” (“o suficiente”);
- Se adjetivo ou pronome indefinido, varia concordando com os
complementos.

Exemplo:

Eles estavam bastante incomodados com o lote


de recursos que não foi o bastante para suprir
bastantes famílias cadastradas no programa.

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6. “Em domicílio” ou “a domicílio”?
“Em domicílio” é uma expressão que deve ser usada quando o
verbo é estático, como: entregar, fazer, cortar, dar, etc. Portanto,
entregas serão sempre “em domicílio” e não “a domicílios”, como
erroneamente deixam passar em várias propagandas de deliveries.

“A domicílio” só deve ser usada quando o verbo é de movimento,


como: levar, enviar, trazer, etc.

Exemplo:

A entrega do medicamento será em domicílio a


partir de quando ele deixar o hospital e o levarem a
domicílio.

7. “Em longo prazo” ou “a longo prazo”?


Nas expressões de “prazo” - “Longo prazo”, “médio prazo”, “curto
prazo” - deve-se sempre usar a preposição “em”, portanto, “a
longo prazo” é uma forma errada de escrever!

Exemplo:

O resultado da campanha será visto em longo prazo.

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8. “Em nível de” ou “a nível de”?
“Em nível de” é usado quando for equivalente a sentido de âmbito,
status.

“A nível de” é usado quando a preposição “a” estiver associada


ao artigo “o”, ainda que subentendido, no sentido de uma mesma
altura.

Exemplo:

A notícia é digna de repercussão em nível de rede


nacional e, com certeza, terá uma audiência a nível de
grandes reportagens do horário nobre.

9. “Em mão” ou “em mãos”?


Os dicionários antigos consideram apenas a forma “em mão”
correta, seguindo a mesma lógica de que não se pode concordar
gramaticalmente com a expressão “ficar em pés”. Porém, as
versões atuais se rendem à dinâmica cultural e o plural dessa
expressão já aparece na gramática como também permitida.
Portanto, os estudiosos mais antigos irão condenar, mas os atuais
aceitam as duas formas; tanto “em mão”, como “em mãos”.

Exemplo:

Esse envelope deve ser entregue em mão(s).

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10. “Meio dia e meio” ou “meio dia e meia”?
“Meio dia e meia (hora)” é a forma correta, pois nessa expressão
a palavra “meio” assume função de adjetivo, sendo variável,
concordando com o substantivo. “Meio” só fica invariável quando é
usado como um advérbio de intensidade, o que não é o caso nessa
expressão.

Exemplo:

Ele chegou exatamente ao meio dia e meia hora.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 19
TOP10 ERROS DE
DE REGÊNCIA
GRAMATICAL.
TOP ERROS 10
DE REGÊNCIA
GRAMATICAL.
Cuidado para não mudar
o sentido da frase!

1. “Há” ou “a”?
“Há” é o passado do verbo haver.

“A” é preposição ou artigo.

Uma dica é substituir por “tem” ou “faz” para saber se a função é


mesmo verbal, indicando tempo passado.

Exemplo:

Há dias não chovia, mas desde a segunda-feira


passada o tempo fechou e não sabemos mais
o que é sol.

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2. “Perca” ou “perda”?
“Perca”, do verbo “perder”, pode aparecer como flexão do presente
do subjuntivo na 1ª ou 3ª pessoa do singular, ou como flexão do
presente imperativo na 3ª pessoa do singular.

“Perda” é um substantivo que remete a uma privação, algo que


foi perdido. Geralmente vem precedido por artigo, pronome ou
numeral.

Exemplo:

Mesma que eu perca, sairei vitorioso, pois só a


experiência adquirida já é o bastante para fazer
valer qualquer perda.

3. “Nada a ver” ou “nada a haver”?


“Nada a ver” é uma expressão que indica o contrário de “ter a
ver”, “tudo a ver”. Portanto, significa não ter relação com algo, não
corresponder.

“Nada a haver” é uma expressão quase em desuso, que deve ser


aplicada somente para indicar que não há valor monetário algum a
receber, a reaver com alguém.

Exemplo:

Você não tem nada a haver comigo, já quitamos


tudo que tínhamos pendente. E ficar me enviando
mensagens também não tem nada a ver, pois não irei
mais fazer negócio algum além do que já concluímos.

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4. “Descriminar” ou “discriminar”?
“Descriminar” com o prefixo “des”, que corresponde a uma ação
contrária, equivale a retirar o crime, a descriminação, deixar de ser
crime.

“Discriminar” com o prefixo “dis”, pode ter duplo uso: o de


especificar algo, apenas separando por itens, ou no sentido de
diferenciar um do outro, inclusive de forma preconceituosa, a
discriminação de alguém.

Exemplo:

Beatriz demitiu sua assistente porque ela sentiu


dificuldade de discriminar na audiência os autos do
processo. Por conta dessa situação, o cliente sentiu
sua possibilidade de descriminação ameaçada. Será
que ele vai ser descriminado?

5. “Desapercebido” ou “despercebido”?
“Desapercebido” é sinônimo de desprovido, desprevenido.

“Despercebido” é sinônimo de não notado, não percebido.

Exemplo:

Estava desapercebido das informações necessárias


sobre a rota e a entrada para o sítio acabou passando
despercebida.

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6. “Assistir a” ou “assistir” ?
“Assistir a”, usado quando tem o sentido de ver, é transitivo
indireto, por isso precisa da preposição “a”.

“Assistir”, usado quando tem o sentido de ajudar, é transitivo


direto, não pede preposição.

Exemplo:

Estava assistindo ao filme quando fui chamado para


assistir um paciente.

7. “Faz” ou “fazem”?
O verbo “fazer” indicando tempo decorrido não vai para o plural,
fica na 3ª pessoa do singular.

Exemplo:

Faz cinco dias que tudo aconteceu e ainda bem que se


foram todas as coisas que nos fazem mal.

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8. “Falta” ou “faltam”?
A regência de “faltar” deve sempre concordar com o responsável
pela ação do verbo.

Exemplo:

Faltam duas horas para começar o espetáculo. (O que


falta? Faltam duas horas. “Duas horas” é a resposta do
verbo.)

Falta uma pessoa para completar o quadro de


funcionários. (O que falta? Falta uma pessoa. Portanto,
verbo no singular.)

9. “ Precisa-se” ou “precisam-se”?
A regência correta de qualquer verbo que venha seguido de pronome
“se” mais uma preposição é no singular.

Exemplo:

Precisa-se de operários para obra.

Trata-se de invenções maliciosas que não frutificarão.

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10. “Retificar” ou “ratificar”?
O verbo “retificar” deve ser usado quando a intenção for corrigir
algo, tornar reto.

O verbo “ratificar” deve ser usado quando a intenção for reafirmar,


confirmar.

Exemplo:

Retifico a informação passada pelo gestor: A reunião


acontecerá às 14h de hoje e não às 13h.

Ratifico que a reunião acontecerá às 14h de hoje.

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10 DICAS FINAIS
DE COERÊNCIA
TEXTUAL.
10 DICAS FINAIS
DE COERÊNCIA
TEXTUAL.
Clareza, objetividade e
uso correto da pontuação.

Agora que você já sabe como não ‘assassinar’ a gramática, use


essas informações para escrever de forma coerente e estratégica,
de acordo com seus propósitos, para que a sua mensagem seja
entendida com facilidade e seu recado seja eficiente.

Confira essas 10 dicas de coerência textual e faça bom


proveito. : )

DICA 1: A clareza do texto é a chave para que


sua mensagem cumpra a função dela.
Ao terminar de escrever, peça para alguém ler e dizer o que entendeu.
Releia. Analise se a mensagem está clara o suficiente para expor o
que deseja e, principalmente, se está de acordo com o seu propósito.
A pergunta a se fazer é: Está clara a intenção desse texto?

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 28
DICA 2: A objetividade é um ferramenta de
construção textual que ajuda a tornar a
mensagem eficiente.
Optar por construções objetivas ao invés de entrelinhas e
suposições é um estilo mais garantido de eficiência do marketing,
principalmente para quem está iniciando a desenvolver a habilidade
da escrita. Vá direto ao ponto. A pergunta a se fazer após reler
o que escreveu é: Está passando a mensagem que eu quero e
preciso?

DICA 3: Escreva pensando em quem vai ler.


Essa dica remete à sua persona e talvez seja a mais importante.
Você pode ter uma excelente ideia, mas na hora de escrever,
precisa usar as referências de conhecimento do seu público-alvo,
usar a linguagem e o nível de interpretação dele. É como cozinhar...
Lembre-se de que seu paladar pode ser diferente do paladar de
quem vai experimentar sua comida, portanto, faça uma comida
que agrade e conecte seu público.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 29
DICA 4: Usar os conectivos certos para ligar
as ideias faz toda a diferença.
O texto, por menor que seja, precisa ter seus elementos bem
conectados. Desde a ideia até a execução da(s) frase(s). Para
isso, contamos com a ajuda dos conectivos, que são geralmente
conjunções, mas que também podem ser preposições e
complementos. Como, por exemplo, um “porém” ou um “mas” no
meio da oração, passando a ideia de contradição que se deseja.
Por vezes, até uma vírgula que omite esses conectores assumindo
esse papel na edição. Perceba a diferença nessas construções:

A aplicação do produto é fácil, mas pode ficar ainda


mais prática se você usar o material adequado.

A aplicação do produto que já é fácil, pode ficar ainda


mais prática com o material adequado.

O apelo do marketing na segunda opção vem ainda mais ressaltado


por conta dos conectivos usados: Acrescentei o “que já” e depois
ocultei o “mas” com a vírgula, o que permitiu também dar uma
enxugada no final, deixando a construção com a mensagem mais
forte, objetiva e clara.

E, quando conectamos o texto com a imagem, é possível enxugar


ainda mais, tornando o efeito visual mais objetivo, completo e
bombástico. Nesse mesmo exemplo, se já temos a foto do produto
junto com os materiais de uso para aplicação, basta escrever junto:

A aplicação que já é fácil, pode ficar ainda mais prática!

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 30
DICA 5: Cuidado com as contradições!
Um texto coerente segue uma mesma lógica do início ao fim.
Portanto, cuidado para não associar elementos que contradigam
a mensagem central. A não ser quando existe uma estratégia de
marketing bem amadurecida por trás da construção.

Em certos casos, uma contradição proposital pode ter um efeito


de marketing muito eficiente, como o slogan “O pior cachorro-
quente da cidade!” que teve um impacto tão grande no centro
da cidade de Recife/PE que há mais de 10 anos continua com
freguesia certa saboreando o produto.

Se não usada com fins estratégicos, a contradição pode acabar


com a mensagem, como nessa construção que pretendia vender
o serviço de um pintor: “Pinto sua casa com qualidade e ainda
limpo minha própria sujeira!” Era para parecer divertido, mas
quem vai querer contratar um pintor que anuncia a sujeira que vai
fazer no ambiente?

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 31
DICA 6: Não fique repetindo as mesmas ideias
com palavras diferentes.
É o que se chama de Princípio da Não Tautologia, um vício na
linguagem escrita de repetir ao longo do texto a mesma ideia
usando palavras diferentes. Se já disse, está dito, ponto. Escolha a
melhor construção, com as palavras mais eficientes e diga de uma
só vez. Por exemplo:

As roupas ficam mais alvas com esse sabão em pó.


Use e saiba o que é se vestir com mais limpeza!

Falou duas vezes a mesma ideia, deixando o texto mais longo


que o necessário, pecando na objetividade e poder de impacto.
Ficaria melhor:

Vista-se com roupas limpas de verdade!

DICA 7: Mantenha a coerência estilística.


Quando falo em coerência linguística estou me referindo a manter
a linguagem durante todo o texto na mesma pessoa, seja formal ou
informal, de um para um, no coletivo ou genericamente, desde que
siga a mesma linha do início ao fim. Ou seja, não dá para começar
falando na primeira pessoa e depois se expressar no plural, em
nome da empresa, por exemplo. Portanto, defina a persona para
quem você está escrevendo e também a pessoa que está falando,
mantendo esse padrão em toda a comunicação.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 32
DICA 8: Use a pontuação a seu favor!
Uma vírgula no lugar certo faz toda a diferença! Assim como no
lugar errado estraga toda coerência do texto! E assim também é
com os outros sinais de pontuação. Conhecer as regras de uso
de pontuação lhe dá amplitude para usá-la a seu favor, de forma
estratégica, de acordo com seu propósito de comunicação.

Por isso, deixo aqui para você um resumão sobre pontuação:

Para começar, precisamos entender que a pontuação remete a


alguns recursos da linguagem falada, como as pausas e entonações.
Entre os sinais mais utilizados em nosso tipo de negócio, temos: a
vírgula, o ponto final, dois pontos, ponto e vírgula, reticências e
travessão.

1. A vírgula é a pausa no texto, pode ser usada para:

- Isolar vocativos, que são termos independentes da oração, cuja


função é uma conexão com o interlocutor. Por exemplo:

Minha querida, essa roupa não lhe favorece!

O que houve, meu Deus?

Fala sério, meu irmão, manda aí a real...

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 33
- Isolar apostos, que são explicações que acrescentam algo sobre
o que foi citado anteriormente, por exemplo:

Ana Beatriz, que é apenas uma garota de 6 anos de


idade, sabe se comportar melhor que os pais já adultos!

- Separar orações coordenadas assindéticas, quando não são


ligadas por conectivos, por exemplo:

Eles chegaram, sentaram, decidiram o que queriam


comer e só então começaram a reunião.

- Separar orações coordenadas sindéticas, quando são ligadas


por conectivos, sejam adversativos, alternativos, conclusivos ou
explicativos. Exemplo:

Aceito suas desculpas, mas não espere de mim a


mesma amizade.

- Isolar expressões explicativas, de correção ou que indiquem


continuidade, como: “isto é”, “por exemplo”, “aliás”, “ou seja”,
“portanto”, entre outras. Exemplo:

Vá embora, ou melhor, vá para casa!

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 34
- Separar adjuntos adverbiais (que indicam circunstâncias)
intercalados ou antecipados, por exemplo:

Estou lhe mostrando como, geralmente, fazemos o serviço.

Naquele tempo, já existia corrupção.

- Isolar orações intercaladas, como:

Não deveríamos, naquele momento em que ele estava


aflito, tê-lo convocado para reunião.

- Substituir conectivos, tipo:

Eu estava a caminho, desisti e voltei para casa.

Nunca use vírgula:

- Entre sujeito e predicado, exemplo:

A criança /chorava como uma manteiga derretida!

- Substituir conectivos, tipo:

Levei /para os pais/ a caderneta.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 35
- Entre nome e adjunto ou complemento, exemplo:

A caneta /de cor rosa/ fez sucesso!

- Entre a oração principal e a subordinada substantiva, exemplo:

Sua vontade/ era que todos aprovassem seus sonhos.

2. Ponto e vírgula é uma pausa maior que a vírgula e que procede


uma explicação ou continuidade. Quando usar?

- Para enumerar itens, por exemplo:

Na lista pede tesoura; caderno; lápis; borracha e etc.

- Para evitar excesso de vírgulas em orações coordenadas extensas,


por exemplo:

Eu canto; ela dança; juntos fazemos o show!

- Antes de conjunções adversativas, por exemplo:

Aceitamos sua oferta; porém, seja breve na entrega.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 36
- Para separar orações sindéticas em que o verbo vem antes da
conjunção, por exemplo:

Fui embora; agora, contudo, preferia ter ficado.

3. Dois pontos representam uma pausa breve que dá espaço


para uma explicação, um esclarecimento, geralmente usados após
vocativos, resumos, exemplos, falas, entre outros. Exemplos:

Você pode escolher: vai ou fica!

A resposta é: alternativa b.

(...) Resumindo a situação: não precisamos mais


de seus serviços.

Ele disse: - Não esqueça o que me prometeu!

Como dizia Vinícius de Moraes: “As feias que me


desculpem, mas beleza é fundamental”!

4. O travessão é um sinal de pontuação normalmente usado em


discursos diretos. Cuidado para não confundí-lo com o hífen, que é
um sinal gráfico menor. Uso do travessão:

- Para introduzir falas de interlocutores, exemplo:

– Deixe-o ir!

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 37
- Para intercalar discursos diretos e indiretos, exemplo:

– Para que todos esses instrumentos? – Perguntou o ajudante.

- Para substituir os dois pontos, exemplo:

Todo dia é a mesma coisa – brigas e mais brigas.

- Duplo travessão isolando apostos, exemplo:

O rapaz – o qual já havia sido entrevistado –


voltou ao salão de entrevistas.

5. As reticências... dão aquele ar de suspense ou de continuidade...


É um sinal gráfico usado para pontuar textos. Pode ser usado:

- Entre parênteses (...) ou entre colchetes [...] para mostrar dentro


de uma citação que existe texto não citado, que a frase não está
completa, por exemplo:

(...) Gentil, pátria amada, Brasil.

- Em textos literários para refletir alguma emoção, interrupção do


pensamento... como por exemplo:

Tudo que ela queria era deitar naquela rede e... ali
mesmo acordar...

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 38
- Só se usa letra maiúscula após reticências quando for seguida de
uma nova ideia, mas quando apenas dá continuidade à ideia já em
desenvolvimento, usa-se letra minúscula, por exemplo:

Ela chegou... abriu a porta e... o abraçou. Em


seguida, deitou, o olhou nos olhos e adormeceu...
No dia seguinte, não lembrou de nada que
aconteceu.

6. O ponto final, como o próprio nome sugere, finaliza uma ideia,


uma frase, uma oração. E é com essa função específica que deve
ser usado, dispensando exemplos já que é tão óbvio seu uso, e
ponto final.

Com esse resumão sobre pontuação você já pode escrever sabendo


como usar e explorar os sinais para deixar seu texto coerente, de
acordo com o propósito desejado.

Aproveite também essas dicas de um outro sinal que não é de


pontuação, mas é gráfico, e que também faz muito redator pagar
mico com seu mau uso: a crase!

CRASE
Antes de falar quando usar, vale lembrar que a crase sinaliza
uma contração da junção, geralmente, da preposição “a” com o
artigo “a”, mas também pode ocorrer entre a preposição “a” e os
pronomes “aquele” ou “aquela”. Portanto:

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 39
A+A=À

A + AQUELE = ÀQUELE

A + AQUELA = ÀQUELA

Refrescando a memória:

- O artigo antecede um substantivo ou adjetivo, indicando o gênero


e número, podendo ser definido ou indefinido. Exemplo:

A bola - Artigo definido

Uma bola - Artigo indefinido

- A preposição é um conectivo que interliga termos dentro da


oração, dando relação de sentido e dependência.

Agora sim... vamos à crase!

Você escreve: “Vou ao shopping”. Porque o verbo ir pede a


preposição “a” e o substantivo shopping precisa do artigo “o” para
defini-lo. Mas você não escreve: “Vou aa praia”! E aí entra o acento
gráfico da crase para sinalizar essa junção... e faz-se a contração:
“Vou à praia”.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 40
E quando usar a crase?

- Antes de substantivos femininos, por exemplo;


- Indicando horas.

Quando não usar a crase?

- Antes de substantivos masculinos, exemplo: “ Traje a rigor”;


- Antes de verbos, exemplo: “ Estou disposta a falar”;
- Antes de pronomes, exemplo: “Ele disse a ela o quanto a
queria bem”;
- Em meio a palavras repetidas, exemplo: “ cara a cara”.

DICA 9: Na coerência temporal, deixe o melhor


para o final!
Começar um texto com projeção no futuro e concluir falando do
passado é uma ordem natural inversa que deve ser evitada, a não
ser que seja uma estratégia de construção muito bem trabalhada.
Portanto, se não quer correr o risco de errar, melhor garantir o
básico que dá certo!

É o tipo de conteúdo bastante utilizado quando se deseja mostrar


a evolução de algo, um prognóstico, uma linha de crescimento.
Por exemplo:

Após anos de luta sem resultados, é hora de se


preparar para recompensa...

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 41
Agora, veja como ficaria se faltasse a coerência temporal nessa
construção:

É hora de se preparar para recompensa... após anos de


luta sem resultados.

O que fica na mente é sempre o final da história, o final da oração,


ou melhor, o tesouro que está no final do arco-íris, que é a ideia que
se deseja passar, a mensagem que se quer impregnar.

Abrir o texto com as dores, as dificuldades, os problemas, é um


gatilho de empatia que conquista a atenção do público ao se
identificar com a ideia, com algo que esteja passando, com alguma
necessidade semelhante. E a solução vem em seguida para mostrar
o caminho a seguir, a opção a se fazer.

Portanto, ao trabalhar o tempo nos seus textos, envolva com o


situacional (storytelling), e então mostre a luz no fim do túnel (call
to action)!

DICA 10: Perfume o seu texto...


Com o texto concluído, revisado, é hora de perfumá-lo antes
de entregá-lo ao público! Como assim? Cuidar da aparência, do
formato, da ilustração - e aqui não estou falando de design gráfico
e sim do design textual, o que também faz parte da coerência, pois
é preciso casar seu formato com o propósito da estratégia. Ora,
se preciso atingir um público jovem, informal, tenho que alinhar
não só a linguagem como também os elementos desse conteúdo,
usando emojis relacionados, símbolos, bullets e demais acessórios
que possam tornar o texto mais atrativo.

Manual prático para escrever melhor (e não assassinar o português). / Rita Cerqueira 42
Também é preciso cuidar para não deixar acontecer o oposto,
perfumar de forma inadequada. Se a ideia é séria, o perfume deve
ser discreto, que transmita essa seriedade. Se é formal, use um
perfume lúcido, que não fuja do estilo e objetivo. Exemplo de um
texto perfumado de forma adequada:

- Legenda de um post no Facebook sobre a divulgação de um


batom novo:

Migassss (emoji de beijo)... Esse beijinho é com cor e


sabor especial... (outro emoji de beijo)...

- Texto de um card informativo para endomarketing de uma


empresa:

Evolução da campanha: (gráfico demonstrativo)


Parabéns a todas as equipes! (emoji de aplausos)

No mais, em se tratando da estrutura do texto, opte por


uma diagramação que valorize o que precisa ser enaltecido,
gritado; e dê discrição ao que pode ficar em segundo plano,
para não competir a atenção com a chamada principal.

É isso aí...

Espero que tenha curtido esse conteúdo e que de fato possa lhe
ser útil!

Como dizia Carlos Drummond de Andrade: “ Escrever é a arte de


cortar palavras”, mas sem assassiná-las... tá bom?

Sucesso nas artes e na escrita. :)

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