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Editora Insular

Novo Manual de Sintaxe


© Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo Silva,
Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes

Editor:
Nelson Rolim de Moura

Capa:
Mauro Ferreira

Planejamento Gráfico e Supervisáo Editorial:


Carlos Serrao

Ficha Catalográfica
Elaborada pela Bibliotecária Beatriz Costa Ribeiro - CRB 14-001/99-PR

M669m Mioto, Carlos


Novo manual de sintaxe / Carlos Mioto, Maria Cristina
Figueiredo Silva, Ruth Elisabeth Vasconcellos
Lopes. Florianópolis : Insular, 2· ed., 2005.
280p. : il.

ISBN 85-7474-199-x

l. Ciencia da Linguagem. 2. Língüística. 3. Sintaxe.


I. Silva, Maria Cristina Figueiredo. 11.Lopes, Ruth
Elisabeth Vasconcellos. III. Título.

CDU 801.56(035)

Editora Insular
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Florianópolis - 88020-150 - Santa Catarina - Brasil
Fone/fax: 0**48 223 3428
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Filiada a CCl - Cámara Catarinense do Livro e ao SNEl - Sindicato Nacional dos Editores de Livros
IV

A TEORIA DO CASO

1. tntroducño a nocño de Caso

Caso é urna categoria da gramática que tem longa tradicáo


mas que nao reté m sentido uniforme na teoria lingüística. Por isso,
para tornar preciso o que é Caso abstrato em gramática gerativa,
faremos um contraste com os outros sentidos associados a esta cate-
goria. A partir de agora, sempre que estivermos nos referindo a esta
nocáo de Caso abstrato, utilizaremos a palavra com a primeira letra
maiúscula para evitar confusáo com outros usos do mesmo termo.
Em primeiro lugar, Caso abstrato deve ser distinguido de caso
semántlco, urna nocáo difundida pela corrente que se chamou Gra-
mática de Casos. Para estes estudiosos, caso tem sentido muito pró-
ximo do que chamamos no Capítulo III de papel 8. É urna nocáo
semantica que corresponde ao papel que o argumento desempenha na
relayao estabelecida pelo núcleo lexical do sintagma: AGENTE, TEMA,
INSTRUMENTO, LOCATIVO e alguns outros. Essas nocñes sernánticas es-
tao presentes na "cena de cirurgia" da sentenca (1):

(1) O veterinário operou o porco com urna faca no chiqueiro.


AGENTE TEMA INSTRUMENTO LOCATIVO

rn Caso abstrato também nao deve ser confundido com caso


orfológico. Embora haja intersecáo entre os dois conceitos, ape-

171
nas caso morfológico supñe a existencia de um paradigma d de ve rbo , objeto de preposicáo) dos DPs e através deles que sáo
é

_
morfemas associa~os aos diferentes casos. Certas línguas manifes~ to h cidos os papéis e dos argumentos. Como sabemos, na relacáo
tam esta morfología, mas nao todas. re con e marcada pelo verbo em (2), qual o DP que desempen ha o
de amor
O latim é urna língua que tem um paradigma rico de morfe :::::--1d que ama? Sabemos pelo morfema 0 do NOMINATIVO:
. d mas ape o -- b
para os casos e d OIS eles, que correspondem ao NOMINATIVO P -(2a) e pelo morfema I-al empuella em (2b). Como sa emos
(Nom) e ACUSATIVO (Acc), podem ser isolados nas sentenras d
(2): y e
pu:~:~
qu
DP ~ue desempenha o papel e do que ~ amado em (2)? Sabe-
lo morfema I-ml do ACUSATIVO: puellam em (2a) e puerum
ITlOSpe d ,. e (2)
eITl(2b). Sáo os morfemas que marcam a reversáo e papeis em .
(2) a. Puer puellam amat. ,
la nurn a sentenray
passiva como (3), o morfema que marca o papel e,
meninoNoM meninaAcc ama e é amado él-al do NOMINATIVO e o papel e do que ama e
d o~_ . . - b(p )
'O menino ama a menina' indicado pelo morfema 1-01(em conjunto com a preposicao a or ,
que pode ser omitida). . .
b. Puella puerum amat. Um mesmo caso como NOMINATIVO serve para indicar pa-
meninaNoM menino ACC ama éis e diferentes; ou casos diferentes como NOMINATIVO e
'A menina ama o menino' ~BLATIVO podem indicar o mesmo papel e. Portanto, caso
morfológico nao pode ser confundido com papel e. Mas existe urna
No latim, normalmente o verbo finito vem no fim da sentenca. Vamos relacáo entre eles que pode ser enunciada a partir da constatacáo de
observar as duas ocorréncias de puella (menina) em (2). Em (2b) o que o caso tem que ser explícito para que se possa deduzir o papel e
DP está no caso NOMINATIVO, identificado pelo morfema I-a/; em do DP em questáo: numa língua como o latim, nao é possível a ocor-
(2a) aparece o morfema I-m/, que é a marca do caso ACUSATIVO. réncia de um DP sem marca de caso morfológico. Se isso aconteces-
Paralelamente, em (2a) o DP puer (menino) no NOMINATIVO apre- se, nao saberíamos como interpretar es se DP na sentenca. Dizemos,
senta o morfema 0 e, em (2b), tem o morfema I-(u)ml do entáo, que o caso toma o DP visível para a interpretacáo e.
ACUSATIVO. Essa é, aliás, urna propriedade muito mais geral: também numa
Sabemos que urna sentenca na voz passiva preserva os papéis língua como o portugués, que nao apresenta marca morfológica de
e da voz ativa. Se passamos a sentenca (2a) para a voz passiva, tere- caso, os DPs devem ser visíveis para a interpretacáo e. Observe as
mos (3), onde aparece um terceiro caso do paradigma latino, o traducóes respectivas das sentencas latinas de (2) e (3) em (4):
ABLATIVO (Abl):
(4) a. O menino ama a menina.
(3) Puella ab puero amata est b. A menina ama o menino.
menin~oM por menino ABL amada é c. A menina foi amada pelo menino.
'A menina foi amada pelo menino'
Como sabemos que o menino desempenha o papel do que ama em
Agora, puer tem afixado o morfema 1-0/. Assim, para expressar cada (4a)? Sabemos porque este DP antecede o verbo. Como sabemos que
um dos diversos casos, o latim clássico dispunha de um morfema que o menino desempenha o papel do que ~ amado em (4b)? Sabemos
aparecia afixado ao nome. Porque este DP vem depois do verbo. Grosso modo, podemos dizer
Qual o papel destes morfemas casuais nas sentencas latinas? que a ordenayao dos DPs no portugués é importante para tomá-Ios
Eles tém o papel de estabelecer as funcñes gramaticais (sujeito, obje- visíveis para a interpretacáo e.

172 173
Entáo, vamos admitir que essa condicáo de visibilidade s . urna sentenya o DP marcado por nominativo pode ser o
pr etados. nmarcado por acusativo pode ser o TEMA e assim . por diian-
ap ica a qua 1quer l 'íngua, mesmo as que nao dispñem
li de ea e
I' 1" Isto
morro OglCO. sto e, abstraindo a morfologia, todas as línguas seriam
é • so A
GENTE, o
Caso nao seria possível recuperar qua 1 o pape l temá .
temático
I Sem o , r

semelhantes porque todas térn que dar visibilidade aos DPs para que te. DP. Esta necessidade de Caso se verifica mesmo para hnguas que
.
e 1es ten h am sua interpretacáo e garantida. Todas as línguas sáo id ~ _ do . _ m de um único morfema para este fimo Como todas as ou-
. d' en nao dlSpoe . , I' •
ticas por isporem da categoria gramatical Caso. O que pode ser di- , gua precisa indicar qual o papel e do DP e lSSOe teito por
traS, esta 1In
ferente de urna língua para outra é a forma como esta categoria se '0 do Caso abstrato.
ex~ressa: em al?umas, concretamente, por meio de um paradigma mel , . gera tiiva e urna teori
Ora, já vimos que a gramática eona m od u lar .
ma~s ou menos neo .de morfemas; em outras, mais abstratamente, por E urn dos seus módulos exatamente o que trata do Caso abstrato, a
é

meio de recursos tais como a ordem dos DPs em relacáo aos núcleos . do Caso Esta subteoria deve ser formulada de modo a estabe-
Teona .
que os selecionaram.
lecer:
Daí a nocáo de Caso abstrato, urna nocáo mais geral do que
caso morfológico, e universal já que sua existencia postulada para
é
quantos e quais sáo os Casos abstratos;
qualquer língua natural. •
O portugués urna língua em que os DPs, apesar de se subme- quais sáo os elementos que atribuem os Casos abstratos;
é

terem a condicáo de visibilidade, nao sáo marcados morfologicamente



quais sáo os constituintes que os recebem;
por caso. Entretanto, resíduos de marcas casuais persistem no siste- •
ma dos pronomes pessoais, como vemos em (5): • quais as formas de atribuicáo de Caso;
quais os princípios que regulam a atribuicáo de Caso.

(5) a. Eu vi a Maria.
Comecemos pelos princípios que regulam a atribuicáo de Caso.
b. A Maria me viu.
Como o leitor pode observar dos módulos anteriores e dos posterio-
c. A Maria olhou para mimo
res, cada subteoria da gramática composta por um número extre-
é

mamente reduzido de princípios. A teoria do Caso compreende um


Independentemente de me ser um clítico, isto é, um elemento
único princípio.
fonologicamente dependente do verbo, os pronomes de primeira pes-
Para atender ao fato de que a necessidade de Caso universal, é

soa assumem formas diferentes como reflexos de Casos diferentes:


nao importando as variacóes observadas na morfologia das línguas,
eu a forma do NOMINATIVO, me a do ACUSATIVO e mim a do
é
vamos enunciar o Filtro do Caso, que um princípio que garante que
é
OBLÍQUO - este último associado a complementos de preposicóes.
O fato de os pronomes terem Caso explícito pode ser tomado como um DP pronunciado tenha Caso.
indício de que existe marcacáo casual no portugués.
I Estudamos no capitulo anterior urna hierarquia de papéis temáticos, que se relacio-
e
na com a hierarquia de posicñes na sentenca de maneira bastante clara: papéis mais
2. A Teoria do Caso altos na hierarquia temática tendem a aparecer nas posicóes mais altas dentro da
projeyao do núcleo que os atribui. Ora, se os diferentes Casos abstratos sáo atribui-
dos a diferentes posicóes, como veremos, existirá também por forca urna relacño nao
Vimos que a categoria gramatical de Caso necessária para
b~nal entre os Casos e os diferentes papéis e, reproduzindo aqui de maneira bastante
é

qualquer língua na medida em que permite que os DPs sejam inter- dlreta e ssa generalizacáo.
.-

175
174
(6) Filtro do Caso A marcac;:ao de Caso

*[DP] se DP pronunciado
é e nao pertence a urna cadeia A marcac;ao canonica de Caso
marcada com Caso ,.1.
Os Casos sáo atribuídos em conñguracáo normal e excepcio-
Tal como formulado em (6)2, o Filtro do Caso nao tem nada a dizer
encia uma nocáo que formalizaremos mais a frente; por
com respeito aos DPs fonologicamente vazios. Mas, como veremos al so b r eg , .
n vamos centrar nos so interesse em compreender o funciona-
no que diz respeito aos DPs pronunciados, o Filtro do Caso provoc~ agora, A •• •• t 1
vários tipos de arranjo na sentenca para que lhes seja garantido um d T eoria do Caso e tomar regencia intuitivamen e como a go
mento a , . . .
Caso. Este princípio também nao se aplica a constituintes que nao ,. do conceito da gramática tradicional para este termo. Em
pro xImo . 1 atn ibui C aso
sejam do tipo DP, como o CP, o Ip3, o PP e assim por diante. . - s normais a preposil'ao lexical ou funcional, Ul
sltuayoe , y".
O princípio do Caso formulado em termos de cadeia, nOyaO
é OBLÍQUO ao seu complemento, que e regido por ela. A configura-
que já abordamos de modo intuitivo no Capítulo III, mas que será 9ao relevante é desenhada em (7):
abordada com mais cuidado no Capítulo VI. Desta forma, sáo
recobertas as situacóes em que o DP nao consegue seu Caso se per- PP
(7)
tence a urna cadeia trivial, isto é, urna cadeia com urna única posicáo .»>:
que nao marcada por Caso. Nesta situacáo, forma-se urna cadeia
é
Spec P'
A(rgumental) nao-trivial (isto é, com pelo menos duas posicóes). De
~
qualquer maneira, importante salientar que urna cadeia só pode ser
é
P Obl
marcada por um único Caso. .
Sáo tres os Casos pertinentes para a nossa discussáo aqui so-
bre o portugués: o NOMINATIVO, o ACUSATIVO e o OBLÍQUO. urna sentenca, o DP marcado por OBLÍQUO o que aparece ime-
é

Eles sáo atribuídos, como enuncia o Filtro do Caso, a DPs. Os atribui- diatamente a direita da preposicáo, como podemos ver em (8):
dores de Caso sáo os dois núcleos lexicais [-N] e o núcleo funcional 1
finito - veremos mais adiante que também a preposicáo funcional e o
(8) a. A menina olhou para o menino.
núcleo que encabeca o infinitivo pessoal do portugués sáo capazes de
atribuir Caso. O núcleo lexical [-N,+V], o verbo, atribui Caso b. A menina olhou para mimo
ACUSATIVO; o núcleo [-N,- V], a preposicáo, atribui Caso OBLÍ-
QUO. Por sua vez, o núcleo funcional 1atribui NOMINATIVO. Cada Em (8b) mim recebe Caso OBLÍQUO da preposicáo para e sabemos
um dos atribuidores de Caso tem um único Caso para descarregar. disso através da forma do pronome pessoal, exclusiva para o caso
oblíquo; em (8a) o menino recebe Caso OBLÍQUO da preposicáo
para e, já que nao ternos nenhuma marca específica desse processo,
2 Urna forma alternativa de ler (6) é: Todo DP pronunciado pertence a urna cadeia
com Caso. O Principio do Caso pode, ainda, ser formulado em termos de visibilida- deduzimos o Caso OBLÍQUO da configuracáo, a mesma de (8b): o
de: Para ser visível para a interpretacño temática, todo DP deve pertencer a DP é o complemento da preposicáo.
urna cadeia com Caso. As duas formulacñes nao se recobrem totalmente, mas esta é

O verbo o outro núcleo lexical que atribui Caso. Como a


é
urna discussáo que nao cabe ser feita aqui. Para os propósitos deste livro a formula-
9ao dada em (6) suficientemente adequada, já que urna das principais motivayoes
é
preposiyao, ele deve ser do tipo que rege um complemento ao qual
que ternos lidar com o movimento do DP e com o fato de PRO (urna ec que será
é atribui Caso. A configuracáo de atribuicáo de ACUSATIVO a dese-
é

assunto do próximo capítulo) nao precisar ter caso, por nao ser pronunciado.
nhada em (9):
3 Ternos em vista que os InfPs tal vez precisem de caso, mas vamos ignorar o assunto

ao longo do Manual para nao termos de abordar cornplicacñes que queremos evitar.

176 177
(9) VP . o aqui nao é local", no sentido de que aparentemente nao
~ vP o ~:~~:e dentro da projecáo máxima do núcleo atribuidor de C~so.
Spec V' se esta A questao que (12) levanta pode ser formulada da segumte
~ . . DP o menino tem Caso, porque sabemos que ele tem papel
an elra. o . - em que se encon tra. A
V Acc m _ ode receber este Caso na posicao
o mas nao P bl ,.
~, _ deve levar em conta o fato de que o nosso DP pro ematico
ao
Na sentenca, o DP marcado por ACUSATIVO aparece a direita do solu9
tence a u
ma cadeia nao-trivial isto é, urna cadeia que envolve
,
verbo, como podemos ver em (10): pero d ma posi9aO. Em (12), urna cadeia é formada envolvendo as
malS e u. o-es que estáo co-indexadas
. e e laa contem
conté o DP o menino
. e
(10) A menina viu o menino no cinema. duas posl9 , . .
a categoria vazia t, marcados pelo índice 1 em (13):

Em (10), o DP o menino recebe Caso do verbo e, urna vez que tarn. (13) O menino¡ a menina viu t. no cinema.
bém aqui nao ternos marcas explícitas deste processo, deduzimos o
Caso ACUSATIVO da configuracáo: o DP é complemento do verbo. Desta forma, os problemas sáo resolvidos: o da localidade de atribuí-
Existe, porém, urna s itua c áo em que a marca9ao de ao de Caso, já que na verdade o ACUSATIVO é descarregado em t;
ACUSATIVO é explícita: quando o complemento do verbo é um pro- e o do Caso de o menino, que agora lhe é garantido por sua condicáo
nome, como o em (11): de membro da cadeia (o menino ; t).
Consideremos agora o núcleo 1, que atribui NOMINATIVO a
(11) A menina o viu no cinema. posicáo de Spec, como desenhamos em (14):

Neste caso, no entanto, a posicáo que o pronome ocupa nao é a de (14) IP


complemento. Como se trata de um clítico dizemos que o pronome .«>:
faz parte de um conjunto de núcleos incorporados que inclui a flexáo Nom l'
I e o verbo V, assunto que discutiremos com mais vagar no Capítulo .:'>:
VI.
1 VP
Agora, o que fazer quando o complemento do verbo nao se
encontra a direita, como acontece em (12)? o Caso NOMINATIVO é atribuído a esquerda, ao contrário do OBLÍ-
Qua e do ACUSATIVa que sáo atribuído s a direita; note que, além
(12) O menino, a menina viu no cinema disso, a configuracáo de atribuicáo deste Caso é diferente urna vez
que o NOMINATIVO é atribuído na relacáo Spec-núcleo, enquanto
Podemos dizer que o menino tem Caso ACUSATIVO em (12)? A o ACUSATIVO e o OBLÍQUO sáo atribuídos na relacáo núcleo-
resposta só pode ser afirmativajá que aquel e DP é interpretado como
~endo o papel e de TEMA, atribuído pelo verbo ver, e já sabemos que a
interpretacño só é visível quando o DP recebe um Caso. Observemos
que o verbo nao pode atribuir Caso ao DP o menino nesta configura-
--
COmpl. Para unificar as duas formas de atribuicáo de Caso utiliza-

4 ,A.condiyao de localidade é urna condicáo central da gramática, já que afeta urna


sene de .. . .
processos sintáticos, tais como o Caso e os papeis temáticos.
A . l -
s VIO acoes
cáo: a relacáo entre atribuidor e receptor de Caso, em (12), nao é aparentes a ela devem ser estudadas com vagar porque tudo leva a crer que cada vez
aquela desenhada em (9). Mais sério ainda: a relacáo entre o Veo ~ue a localidade de um processo parece ter sido violada, outros fenómenos estáo em
Jogo.

178 179
. ' o DP marcado por NOMINATIVO. Do mesmo
mos a nocáo de regencia (ainda a ser definida); em qualquer das sin¿ a menzna e d
1:%JU (15 a,) do com ACUSATIVO em (13), o DP marca o
acóes o Caso atribuído sob regencia dentro de um certo domínio de
é P e o DP marca .f . d
localidade: tanto o complemento quanto o especificador sáo regidos JUodoqu NATIVO pode aparecer deslocado na pen ena esquer a
JUNOMI m (15b)' o complementizador que mostra
pelo núcleo. eO como vemos e· _
da sentenr;:a, r de Spec IP O Spec IP deve, entao, conter
Mas há ainda urna outra diferenca entre os Casos: na grande . a esta aClma· d DP
que a metun o aralelo ao que foi afirmado para (13),. e o Ca~o_ o _
maioria, das situacóes, o NOMINATIVO, mas nao o ACUSATIVO e uJ1lt, de rn,od p. d por meio da cadeia nao-trivial cujas poslr;:oes sao
o OBLIQUO, pressupñe movimento, isto é, o DP marcado por enina e prov1 o
NOMINATIVO movido para Spec IP, nao gerado ali. Esta posi~ a m d s pelo i subscrito em (16):
é é
index.a a
cáo [-e], o que quer dizer que ela nao abriga em DS um elemento
é
Foi) a menina¡ que t, viu o menino no cinema.
que necessite de papel e. Por outro lado, o complemento do verbo e (16) (
o da preposicáo, se ela lexical, correspondem a posicñes [+e] e,
é
ACUSATIVO e o OBLÍQUO sáo atribuído s
para elas, o Caso poderia ser atribuído junto com papel e em DS. Se, Mostramos que o . - '1 [ N]
. _ d mplemento do verbo e da preposicao, nuc eos - .
contudo, em DS podemos ter DPs sem Caso, isso só pode ser acomo. , OSlr;:ao e co di r

ap ., tamos no Capítulo III que nomes e a jeuvos, nu-


dado em nossa teoria se dissermos que o nível relevante para a atri- o entanto, ja no tra
cleos [+N], também podem selecionar complementos, como mos
buicáo de qualquer Caso a SS. Entáo, o Filtro do Caso se verifica
é

na SS, o que significa que um DP pode ficar sem Caso na DS. (17):
Observe que, se o Filtro do Caso um princípio de SS, e se em
é
(17) a. [A indiferenya aos protesto s populares] compromete o go-
SS tanto DPs quanto núcleos podem ter se movido, entáo possível
é
verno.
que tenhamos cadeias formadas incluindo tanto a posicáo do b. O governo é [indiferente aos protesto s populares].
atribuidor, quanto a do receptor. Vimos acima que o DP NOMI-
NATIVO é, na maioria dos casos, parte de urna cadeia - portanto, é Observemos primeiramente que em (17a) o sintagma os protes:os
é

perfeitamente possível a atribuicáo de Caso se o DP que o recebe populares que efetivamente é o argumento de indiferenfa, ~ue e o
pertence a urna cadeia (nao-trivial). Tomemos agora o verbo que atri- núcleo que lhe atribui papel e; de modo paralelo, em (17b) e o smtagma
bui ACUSATIVO ao seu complemento: em SS, ele já terá saído do os protestos populares que e, o argumen t o d e.linditerente
. v: .
No entanto,
VP e se encontrará amalgamado el flexáo em 1, formando urna cadeia esses dais núcleos [+N] sáo incapazes de atribuir Caso a os protestos
de núcleos. Será esta cadeia, portanto, a responsável pela atribuicác populares que como qualquer DP, precisa de Caso.
do ACUSATIVO em SS ao DP complemento - portanto, é também Será que o verbo em (17a) pode atribuir Caso ao DP em foco?
perfeitamente natural que o atribuidor do Caso seja parte de urna ea- Nao pode, porque ele descarrega o Caso que tem para de~carr:gar no
deia (nao-trivial), pelo menos no que respeita aos Casos atribuídos na seu complemento: o DP o governo. E a flexáo I? Tambem nao, por-
relacáo núcleo-complemento. que descarrega o NOMINATIVO no DP a indiferen9_a aos protestos
Nas sentencas do portugués, normalmente o DP marcado por populares que preenche Spec IP. Como se explica entao ~ue a sent~n~
NOMINATIVO aparece el esquerda do verbo flexionado, como ve- ya seja gramatical? Observe que os protestas populares e antecedld
mos em (15a): pela preposiyao a. Esta urna preposicáo que, de acordo com o Ca-
é

Pítulo Ill, nao atribui papel e ao DP os protestas populares: o p~pel


(15) a. A menina viu o menino no cinema.
e atribuído pelo núcleo lexical [+N ,-V] indiferen9a. A mesma hnha
é

de raciocínio vale para (17b) onde ternos o adjetivo indiferente, urna


b. (Foi) a menina que viu o menino no cinema.

181
180
categoria [+N,+V], atribuidora de papel temático, mas que nao f CP
parte da lista dos atribuidores de Caso Abstrato. az (18) .r>«:
,/' ~C'
Em (17) ocorre justamente a situacáo em que urna prepog¡ - spec
.
funciona 1" id lyao
. _ e insen a na sentenca para prover o Caso do DP . S ern a -A ¿---IP
preposicao as sentencas sáo agramaticais:
-1( ~
-8 Spec l'
(17') a. * A indiferenca os protestos populares compromete o g ove-,
no.
+A »<">:
+K
-8 1 VP----
b. *0 governo indiferente os protestos populares.
é

VP PP
Inserir a preposicáo
. . funcional na sentenca urna operacáo de últi mo
é
.r>: ~
1
recurso para ~cenclar o DP, tornando-o visível para a interpretayao
DP V' P'
8.. Por esta razao, os DPs complementos de categorias [+N] sáo inva-
+A ~ ~
nav~lm~nte preposicionados. 5 Isso explica por que todos os sintagmas
-K V DP P DP
nornmais formados por nominalizacóes de itens deverbais - o exem-
+8 +A +A
plo que utilizamos no capítulo anterior destruiciio, o nome deriva-
é
+K +K
do de destruir - necessariamente incluem urna preposicáo acornpa- +8 +8
nhando o DP complemento, mesmo que o corre lato verbal tome um
D~ como argumento, nao um PP: nomes e adjetivos nao podem atri-
Em (18), além das posiyoes casuais, estáo também representadas duas
buir Caso e os seus eventuais argumentos devem entáo ser licencia-
outras propriedades, apontadas no Capítulo IIl, que as posiyoes po-
dos pelo Caso OBLÍQUO, atribuído por urna preposicáo funcional,
dem ou nao ter: a de serem argumentais (isto é, de poderem abrigar
que inserida ali especialmente para este fimo
é
apenas argumentos), sinalizadas aqui como [±A]; e a de serem
Em resumo, tres sáo os Casos abstratos do portugués. Eles
temáticas, sinalizadas na árvore como [±8].
sáo atribuídos para as posicóes marcadas [+K] em (18):

3.2. A marcacáo excepcional de Caso (ECM)


A parte que esbocamos da Teoria do Caso explicitou que sáo
tres os Casos relevantes para a nossa discussáo (também conhecidos
como 'Casos estruturais'), dois deles atribuídos por núcleos [-N] e
5 Note. que se o complemento de urna categoria [+N] for um CP, a preposicáo nao é urn atribuído pelo núcleo funcional!.
r~quenda nas sentencas do PB, como vemos em (i):
As situacóes de marcacáo casual apresentadas sáo descritas
(1) a. O medo que a inflacáo dispare paralisa os negócios.
b. Ele fica preocupado que ela saia sozinha.
como canónicas em virtude de os núcleos marcarem seu complemen-
Aliás, ? ~en6meno é mais geral, pois outros complementos CPs podem aparecer sern to ou especificador, como vemos em (19):
preposicao no PB:
(ii) A Maria gosta que facam cafuné nela. (19) a. A menina vigiou o namorado para a amiga.
A explicacán para este estado de coisas considera que Caso nao é urna exigencia para
CPs, mas apenas para DPs, exatamente como formulado pelo Filtro de Caso.
b. Ela o vigiou para mimo

183
182
. d ue as senten9as infinitivas pessoais sáo encabecadas por
Em (19a) a menina recebe NOMINATIVO de I, a flexáo finita qUe iun o q , 1
ad01 p que deve ser nulo (em PB, a contraparte deste C.p e aque e
apare~e amalg.amada ao verbo; o namorado re~ebe ACUSATIVO do
001 C d r que exemplificado em (21), que c-seleclOna um IP
verbo, e a amzga recebe OBLIQUO da preposicáo, Que a marc - be9a o po ,
r fi . . a9ao enca t e' o caso estamos livres para postular que a represen-
d e C aso e esta ica evidenciado em (19b) onde os pronomes qu t~ ¡to). Se es e ,
os mesmos papeis
,. e '
dos DPs, refletem explicitamente os Caso
e em
fín ~ (20) é (22):6
os DPs temo s que ta¡;:aode

. Existe, por!m, um o~tro processo de marcacáo casual, conhe- a.A Maria [viu [cp (O [AgrP os amigos rirem]]] . . ]]]
(22) b.A Maria fez palhacadas [para [cp 0 [ AgrP os amigos nrem
cido como ~arca9ao excepclO~al. de caso (ECM, do ingles Exceptional
Case Markzng). A ECM se distingue da marcacáo canónica por e _
. vamos sustentar que o complemento de viu e para em (20) é
volver um núcleo que atribui Caso a argumentos de outro núcle o. n ASSlm, .
ar de nao haver ali nenhum item Iza doo ftono lozi
rea 1" ogicamen t e
Antes de. abordar diretamente as configuracóes de ECM, va- CP
uo1 ,a pes infiniti
mos retomar a discussáo sobre sentencas infinitivas. Observemos ini- que evidencie isto. Portanto, estamos supond? que m mlt1:o~ pes-
. possuem uma projecao de concordáncta e uma projecao de
cialmente o verbo e a preposicáo, cada um com seu complemento soaIS .. - - . . 1 fi
entre colchetes em (20): complementizador. Ainda que aqui esta decIsao nao seja cruc~a, tea-
rá claro na discussáo que segue o papel que o CP pode ter na mtrodu-
(20) a. A Maria [viu [os amigos rirem]]. ¡;:aode senten<;as infinitivas. .
Como se dá a marcacáo de Caso de os amigos em (20)? Este
b. A Maria fez palhacadas [para [os amigos rirem]].
DP ocupa a posicáo Spec AgrP e recebe NOMINATIVO do Agr pre-
enchido pelo infinitivo pessoal rirem, Esta é a configura<;ao canónica
Vamos primeiramente identificar o tipo categorial do complemento
de marcacáo de nominativo. Ela é possível em portugues exatamente
de viu e para. Em [os amigos rirem], as marcas morfológicas presen-
porque esta língua dispóe de infinitivo pessoal, isto é, de urna proje-
tes na flexáo verbal indicam que se trata de um IP infinitivo pessoal-
já vimos que estes complementos se estruturam como AgrPs que to- c;aoAgrP, fundamental para a atribuicáo de NOMINATIVO. Outras
línguas nao sáo capazes de atribuir NOMINATIVO nesta sítuacáo,
mam como complemento um Infl', A pergunta agora é: complemen-
tos infinitivos devem ou nao conter urna projecáo CP que os introdu-
6Na verdad e, pode-se fornecer argumentos para pro ar que este CP nulo de fato
za? Os infinitos pessoais diferem dos infinitivos impessoais a este res-
existe. Consideremos as sentencas em (i), reconhecidamente pertencentes a um re-
peito?
gistro muito formal do PB:
Observemos inicialmente que a presenca do complementizador (i) a. O presidente afirmou [terem os ministros falhado no controle da inflacáo].
que em (21) demonstra que o verbo ver e a preposicáo para podem c- b. O presidente passou as reformas por [terem os deputados desistido].
selecionar um CP, isto é, nao existe nenhuma incompatibilidade de e- Vamos assumir a hipótese de que o sujeito da oracao infinitiva encaixada está ocupan-
do Spec IP, a posicáo mais alta da oracáo infinitiva, na qual o DP desencadeia concor-
selecáo em jogo:
dfmcia com o auxiliar e onde recebe seu Caso NOMINATIVO. A questáo que se
coloca é: onde está terem? Certamente, mais alto que a posicáo 1. Dado que os núcleos
(21) a. A Maria [vi u [cp que Lp os amigos riam]]] só podem transitar por posicóes de núcleo, como veremos no Capítulo VI, os auxilia-
b. A Maria fez palhacadas [para [cp que Lp os amigos rissem]]] res devem estar ocupando a posicáo de núcleo acima de 1, que só pode ser C. Portanto,
a representayao de (i) deve conter um CP em cujo núcleo o auxiliar terem estará
alojado:
Vamos admitir entáo que em (20) o complemento de viu nao é sim- (ii) a. O presidente afirmou [CP terem. [AgrP os ministros t falhado no controle da
plesmente um AgrP que domina o Infl', mas sim um CP, que nao é inflayao ]].
I I

preenchido por nenhum item lexical. Em outras palavras estamos b. O presidente passou as reformas por [cp terem, Lp os deputados t¡ desistido]].
I '
18'5
184
. dado vai querer que o pobre falante produza (24b)
pois seu infinitivo invariavelmente impessoal, isto é, nao podem lUCOmo
trl ático
é

projetar AgrP no contexto infinitivo. gra (24a):


Agora já estamos em condicñes de abordar o fenómeno da etrl veZ de
ECM. Se fizermos aparecer o pronome de primeira pessoa como ar- A Maria viu eu rir.
gumento externo de rir na sentenca (20b), obteremos as sentenyas (24) a. A Maria viu-me rir.
b.
em (23):
ontradiC'ao: aqui a 'polícia' atua para COI-
.xe mOS de notar a e y ~. d Caso:
(23) a. A Maria fez palhacadas para eu rir. Nao del ue se verifica a marcacáo canomca e, .
bir (24a), a sente~Y~e:t¡do no prono me eu atribuído pelo nucleo
é
b. A Maria fez palhacadas para mim rir.
o NOMINA~I.V A ora nao incomoda que o argumento ex-
Agr do infimtlVo ?ess?bal. g (24b) o Caso ACUSATIVO, mesmo
Embora gramáticos tradicionais policiem ferozmente os falantes para erbo rtr eXI a, em , 11 '
nao produzirem (23 b), esta sentenca gramatical. O que incomoda ternO d o. v _ marcacáo de Caso excepcional, para e a a
é
estej a em acao urna
profundamente esses gramático s o fato de o pronome - argumento
é que . (23b)
externo do verbo rir - aparecer na forma oblíqua mimo Em termos que se ve~fica :nteme~te de qualquer incómodo que alguma das
mais técnicos, o incómodo resulta de urna atribuicáo de Caso que In epe~3 ou de (24) possa causar, a Teoria do Caso se coloca
sentenyas de ( ). _ de Caso qualquer que seja ela. Em
envolve a preposicáo como núcleo atribuidor e o DP preenchido pelo t fa explIcar a marcacac ,
como are tá Spec AgrP do infinitivo pessoal rece-
pronome como receptor. O pronome nao consegue disfarcar que se 3 ) e (24a) o DP que es a em ' O '
trata do Caso OBLÍQUO e que se trata de ECM. ~e ~OMINATIVO. O problema émostrar como o Caso OBLIQU e
(23a) nao traz desconforto porque evidencia urna marcacáo ., (23b) e o ACUSATIVO em (24b).
atnbUldo em . _ 1 ACUSATIVO. Considere-
canónica de Caso: o núcleo Agr presente no contexto do infinitivo Vamos comecar a discussáo pe o
pessoal marca casualmente o pronome cuja forma deixa ver o Caso mos (25) e (26):
NOMINATIVO.7 Em (23b), ternos em máos urna marcacáo casual
que nao canónica, no sentido de que ela nao acontece na configura-
é (25) a. * A Maria viu-nos rirmos.
cáo núcleo-complemento, como fazem normalmente as preposicóes e b. * A Maria viu-os rirem.
os verbos. Observe que nao exatamente o complemento que está
é

recebendo o Caso da preposicáo em (23b); o complemento da prepo- (26) a. A Maria viu-nos rir.
sicáo nao o prono me mim mas urna sentcnca infinitiva, que em prin-
é
b. A Maria viu-os rir.
cípio nao necessita de marcacáo casual. Na verdade, o pronome é

25) (26) mostra que sáo as


mim, argumento externo de rir, que está sendo marcado por Caso A comparacáo entre as sentenyas d e ( e . . E
25) agramatlcals. m
pela preposicáo. Esta a razáo pela qual dizemos que a marcacáo
é é
marcas de flexáo que tornam as sentencas de (
excepcional: nao o complemento que recebe o Caso, mas o 'filho'
é (25) ternos um Agr capaz de atribuir NOMINATIVO, mas os p~ondo-
do complemento, digamos assim. . Spec AgrP encaixa o
mes que para recebé-lo devenam ocupar o
O curioso nesta história que se reescrevermos (20a) substi-
é apresent~m-se claramen;e com marcas de ACUSATIVO. Em (26), os
tuindo o DP os amigos pelo pronome de primeira pessoa, o nosso pronomes nos e os também aparecem na forma acusa~iva, ~as a,g~ra
- se verifica nenhuma incornpati
nao . ibilid d orque o mfimtlvo eiblm-.
11 a e p
7O fato de aqui nao haver a presenca explícita de morfologia de flexáo verbal sobre . - P 1 ,. capaz de atn uir
pessoal: desprovido da projecao de Agr , e e e ~n
o infinitivo nao nos deve impressionar: sabemos que na primeira e na terceira pessoas
do singular, é o morfema zero que caracteriza a flexáo verbal do infinitivo pessoal
Caso NOMINATIVO ao argumento externo de rir.

187
186
. [ . [ 0 [ os amigos rirem]]]
Um fato interessante evidenciado por (25) é que o Caso nao A Mana V1U CP AgrP

pode provir de dois marcadores distintos, como o infinitivo pessoal e 2


(2 ) a. . oderíamos pensar que este CP, mes~o va~io, póe
o verbo matriz. Isto quer dizer que um mesmo DP nao pode receber . .•....•
eira Vista, P . 'gos de forma a Impedir que o
A pOlI> .. en t entre VlU e os ami . .
Caso de dois atribuidores distintos, se por nenhuma outra razáo, pelo . táncia suflCl e t ib 'do já que a relacáo entre os dois rtens
fato de que seria impossível dar a este DP urna forma que satisfizesse dl~USATIVO possa ser a r~ u~e ~ presen~a do CP irrelevante: dada
é

simultaneamente aos dois Casos - imaginemos o que se passaria ern A. seria local. Mas, na ~er ~b'l"d de de NOMINATIVO dentro desta
nao P a díspom 1 1 a .
urna língua que expressa os Casos abstratos via casos morfológicos , a presen~a de Agr. de 5es que fizemos sobre localidade nao deixam
como o latim. No portugués, o problema só se coloca claramente na nl
proje~a~, as co : s~:~~~ao a única atribui~ao possível é. NO~IN~-
morfologia dos pronomes: por exemplo, se o Caso for nominativo, o outra salda: ne.s a do infinitivo pessoal. O verbo matnz nao po e
pronome é eu, mas no Caso oblíquo, a forma seria mimo Qual delas t
TIVO, provemen e . e pelo mesmo motivo, as senten~as
escolheríamos? . C so ao DP os amlgos ,
atribuir _a ter as formas acusativas nos e os. , .
No entanto, este nao o único fato evidenciado por (25). Na
é
de (25) nao podem i de os acusativos nos e os serem posslVels em
verdade, aqui se recoloca a questáo da localidade: quando um núcleo O fato agora e . ibui Caso a eles. Isto implica que a
if e o verbo VlU atn UlU d
tem condicñes de atribuir Caso a um DP em configuracáo canónica (26) sigm ica qu e'local e que portanto, nao po e
bo e os pronomes '
dentro de sua projecáo máxima, jamais este núcleo cede a vez para rela~ao entre o ver d a regencia e a atribuicác de Caso (e nem
outro atribuidor. De modo muito mais geral, quando um núcleo ga- .' CP bloquean o d r d
eXlstlf um .' ~ . de Caso dentro do ommto e
de supnr a eXigencia . ., d d
rante a existencia de urna certa relacáo nos seus domínios (isto é, um Agr P cap~z .' éue mais óbvio visto a imposslblhda e e
dentro de sua projecáo máxima), fica terminantemente proibida a in- localidade do infinitivc. o q dánci bre o infinitivo neste contex-
terferencia de outro núcleo para implementar esta mesma relacáo neste qualquer morfema de concor anc_Iaso 5e nenhum CP nulo (isto é,
mesmo domínio. to). Assim, a estrutura de (26) nao sup (22a» e o argu-
. d 0 como supomos em
Vamos abordar agora o problema de saber como o verbo ma- com um complementlza or, ~"'b . -o de Caso
r l' regencia e a atn urca
mento externo de rir fica acessrve a .. nam de
triz capaz de atribuir ACUSATIVO a um argumento de outro ver-
é . s e os se pOSIClO
bo. Até este ponto só nos referimos a verbos que atribuem do verbo ~CM ver. Se Ignoramos quec~~cos note que eles podem
ACUSATIVO ao seu DP complemento, nao a um DP que argumen- modo particular na sentenca por serem 6 (. (27a) _ a parte
é
-aode (2 ) val ser
estar antes do verbo), a represen t ac
to de outro verbo. Como isto possível?
é
relevante da SS da sentenca (27a) está em (27b):
É preciso, antes de mais nada, fazer notar que a preposicáo
para e os verbos ECM formam um conjunto lexicalmente restrito no
PB e os itens sáo marcados expressamente com esta propriedade no
léxico. No reino das preposicóes, so mente para tem esta capacidade;
no domínio dos verbos, também, poucos sáo os elementos com esta
propriedade: apenas (um subconjunto de) verbos de percepcáo e ver-
bos causativos podem atribuir Caso para um ~ de um infinitivo
irñpessoal,
Recordemos agora (22a), repetido abaixo, representacáo para
a qual postulamos que o complemento do verbo ver um CP vazio
é

que c-seleciona AgrP:

189
(27) a. A Maria [viu Lnfl> nos/os rir]]
do paralelo a (22a), em (22b) postulamos a presenca de um CP
b. VP 'e ~o ue seleciona um AgrP responsável pelo caráter flexionado do
~
"3ZI~t~VOdisponibilizando NOMINATIVO para o DP sujeito do com-
o finl I , ., '.
DP V' In nto e assim tornando-o inacessível para o Caso OBLIQUO atn-
eITle
t(AMariaJ ~
Pl íd por para, um atn ib U1id or externo. A ssim,' num contexto como
V InfP
bUlO,
le o pronome so po deriena ostentar a C'rorrna d o nommatívo.
., Em

t(ViUJ ~
3q~e) ~or outro lado, nao existe um tal CP nem um atribuidor interno
DP Inf ~2 ao,:er.aodo infinitivo; a relacáo que se estabelece entre a preposi-
a~JY ,
nos/os. ~ 80 e o pronome é local, o que explica o Caso OBLIQUO do prono-
Inf VP ~ e. Ern (28a) rir deve ser analisado como um infinitivo impessoal,
rir. ~ralelamente ao que acontece em (27): se se tratas se de um infinitivo
J ~
DP V' pessoa1, mesmo com realizacáo ~e morfema zero, a proj~ya~ de AgrP
t. I I estaria presente e o pronome tena que ter a forma nommativa eu.
V Vimos nesta secáo que um Caso pode ser atribuíd~ excepcio-
t. nalmente por um verbo de percepcáo ou causativo e pela pr~o~aº
J
¡;ara a um DP que nao é seu complemento.' Para que se verifique
Em (27), além da falta do CP, chamamos a atencáo do leitor para o ECM é necessáno pressupor que nao haja um CP vazio interferindo
fato de que InfP é a proiecao do infinitivo impessoai, aquel e incapaz entre o atribuidor e o DP que recebe o Caso: a presenca de um CP
de atribuir NOMINATIVO.
impediria a regencia e a atribuicáo de Caso. Como nunca se verifica
Se em vez de um verbo ECM ternos a preposiyao ECM para, ECM com infinitivo pessoal, supomos que neste contexto ocorre um
o mesmo tipo de estrutura vai ser postulado e o resultado é (28a) _ o CP nulo.
trecho relevante da árvore está em (28b):
Outro contexto em que se supóe a inexistencia de CP é aquele
(28) a. A Maria fez palhacadas [pppara Lnfl> mim rir]] em que ocorrem SC, como exemplificado pelo que aparece entre col-
chetes em (29):
b. PP
~
P' (29) a. A Maria sentiu [as pernas bambas].
b. A Maria acha [o governo incompetente].
~
P InfP c. A Maria considera [o governo um lixo].
para d. A Maria sentiu [o estómago em chamas].
~
DP Inf ;--
mimo I ~ POde~os observar que, quando a preposicáo nao é ECM e seleciona um cornple-
Inf VP ~~nto m,finitivo, muitas vezes nao se faz a contracáo da preposicáo com o artigo do
rir. C Contiguo a ela, como em (i). Note-se que em casos de marcacáo canónica, a
J ~
DP V' (i~ntr:ryao é obrigatória, como mostra a agrama~ic~li~ade de (ií):
t. b. O fato de os protestos serem v~ementes intimidou o ?reslde~te. , , .
I I (ii) , ~pesar de os protestos terem SIdo veementes, o presidente nao se intirnidou.
V ~. *Quando os amigos de o presidente estáo felizes, o POyO está infeliz,
t.J . Apesar de os protestos, o presidente saiu de férias.

190
191
. d neste nível esta propriedade pode nao ser verificada.
Recordamos que estes exemplos se assemelham áqueles que fora rteda
ProP taO_ 1 e, se passa ao nível em que aque 1a propne. d a d e e' re 1evan-
discutidos no início do capítulo II quando exploramos a ambigÜid: ogo
tAas, .~ 'a tem que ser sanada. Assim, para sanar a de ficié iciencia.
de decorrente de nao sabermos se o que está entre colchetes ou na é deficlencl
te, a 1 nte a gramática tem que recorrer a qualquer um dos
um único DP. Mas como já vimos que o que está entre parenteses e o 'vel re eva , . '1 .
nO nt . di oníveis ou mesmo lancar máo de expedientes de u ti-
(29) nao um único DP, a sentencas de (29) podem ser representad:
é
e"pedlentes isp
como em (30): recurso. . -
JllO emplificar o que foi afirmado com urna situacao con-
Vamos ex ,
ta Sabemos que Caso nao relevante para um DP no nível de
é
(30) a. A Maria sentiu [se [DP as pernas] [AP bambas]]
ere· _ DS' entáo neste nível um DP pode se apresentar sem
b. A Maria acha [se [DP governo] [AP incompetente]] resentayao. , .
O
re P M bemos também que no nível SS o Filtro do Caso se apli-
c. A Maria considera [se [DP O governo] [DP um lixo]] Caso. as sa ", .
DP sern caso, neste nivel, sera responsavel pela agramati-
ea e um ,. d
d. A Maria sentiu [se [DP O esto mago ] [pp em chamas] lid d de uma sentenca. Para sanar o problema, a gramática eve
ea 1 a e .
que O DP obtenha Caso ajeitando a estrutura para que isto
assegurar ' . .
Em (30), a estrutura de predicacáo está assim representada: os DPs possa acontecer. Recordemos que, embora possam atribuir papel e
marcados em negrito sáo o sujeito e o que vem logo após o predicado. é
para seu complemento, as categorias [+N] nao sáo capazes de lhe
O que importante para nós aqui observar que os DPs sujei-
é é
atribuir Caso. Como a gramática do portugués procede para prover o
to precisam de Caso e que esta necessidade nao pode ser suprida Caso para o DP complemento de sta categoria? Para re~po~der, ob-
dentro da SC. Assim, a marcacáo de Caso só pode vir de fora dela, servemos (31), onde o nome conquista certamente atribui papel e
ainda que o papel e para o DP sujeito tenha origem no predicado.
para o complemento a lua:
Deste modo, podemos conceber (30) como exemplos de ECM: o ver-
bo matriz atribui ACUSATIVO para o sujeito da SC. É importan-
te notar que aqui se repetem as condicñes em que um núcleo lexi- (31) a. a conquista da lua
cal atribui caso para um DP que nao seu complemento, ou seja,
é b. *a conquista a lua
nao existe um CP impedindo esta relacáo. A inexistencia de CP é

mais perceptível aqui do que quando ternos um infinitivo porque o Se nada acontece , a lua nao licenciada na estrutura porque, sem
é

que ternos emjogo éurna SC. Retornamos esta discussáo na próxima saber qual seu Caso, nao conseguimos interpretar tematicamente
é

secáo. este DP, donde a má formacáo do constituinte. Como o caso do DP


tern que ser provido, a gramática lanca máo de uma operacáo de últi-
4. Posicñes argumentais sem Caso mo recurso para salvar o constituinte: insere a preposicáo funcional
de para prover o Caso de a lua. Desta forma, satisfeito o Filtro de
é

As exigencias da Teoria e e da Teoria do Caso estabelecem Caso em SS. Se a preposicáo nao inserida, teremos (31 b) que um
é é

que, para ser licenciado numa sentenca, um DP tem que ter papel e e, constituinte mal formado.
se for pronunciado, tem que ter Caso - ou, dito de modo mais cuida- Há duas situacñes de deficiencia de Caso que queremos ex-
doso, um DP tem que pertencer a urna cadeia marcada por um papel plorar nas duas próximas secñes: a falta de Caso do argumento exter-
8 e um Caso. A falta de qualquer dessas duas propriedades inviabiliza no de Vedas SCs; e a falta de Caso do argumento interno de um
a ocorréncia de um DP numa sentenca. Se num nível de representa- Verbo inacusativo ou de um argumento pertencente ao complemento
yaO da sentenca nao relevante a verificacáo de urna determinada
é de um verbo inacusativo.

192 193
4.1. O argumento externo IP (ou InfP)
.r>.
. _ ~o~o já sabemos, o argumento externo dominado pela pro-
é
oP l' (ou Inf)
jecao máxima do verbo ocupando a posicáo Spec VP, como vemos
em (32): meninoS¡ ~
Os 1(ou Inf) VP
(32) a. Os meninos pag- o pato pagaramj ~

Pagarem. }
DP V'
»<>«:
b. VP t. »: -........
I

~ V DP
DP V' t. o pato
}

Os menino s »<:>«.
V DP os meninos sai da posicáo DP [+8,-K] e vai para urna
Em .(33c) '
_ [-8 +K] deixando na posicao . -' de ongem o vestigio
,. tr O
pag- o pato
pOsH;ao , , . ibili d
movimento forma a cadeia A (os menz~o~¡, t) pOSSl ~ !tan. o q~e o
Para generalizar o tratamento, vamos considerar os sujeitos de SC OP consiga as duas propriedades necessanas para ser hcencla~~. ~a-
estruturalmente idénticos aos argumentos externos de verbos. O pon- na posirao do t. e Caso na posicáo Spec IP. O processo e idén-
pe 1 8 y I fi . . 1 •

to de identidade a ser focalizado que, de saída, esses DPs nao tém


é
tico quer se trate da sentenca finita (33a) ou da m imtrva pessoa en-
Caso e que o Caso nao lhes pode ser provido nos limites da projecáo tre colchetes em (33b).
máxima da qual estes DPs sáo o especificador: se a projecáo máxima Todavia, quando estivermos frente a um InfP ímpessoat, a ~ues-
é um VP, o V nao capaz de lhe dar Caso porque V só atribui Caso
é
táo do Caso deve se resolver por meio de urna categona supenor a
ao complemento; se "a projecáo máxima" é urna SC, o predicado lnfl', Se a categoria superior tem por núcleo um verbo transitivo, te-
dessa SC também nao um núcleo atribuidor de Caso - ou, quando o
é
rnos que observar se ele ou nao do tipo ECM. Se é, o DP supre sua
é

é, como no caso de P, repete-se o mesmo problema de V já que P só deficiencia de Caso recebendo ACUSATIVO, como em (34). Se ,a
atribui caso para o complemento. Urna vez que nao há um atribuidor categoria superior é a preposicáo ECMpara, o DP recebe Caso OBLI-
disponível internamente ao constituinte VP ou SC, necessário um
é QUO, como em (35):
atribuidor de Caso externo para que o Filtro do Caso seja atendido.
Examinemos primeiro o que acontece com o VP. A categoria
que o domina tem que ser do tipo que espelha urna flexáo verbal, IP,
InfP, GerP ou PartP. Pelo que sabemos destas categorias, as únicas
capazes de atribuir um caso sáo aquelas providas de concordancia: o
IP ou o InfP pessoal. Nesta situacáo, a deficiencia do DP suprida
é

quando ele se move para o Spec de urna de stas categorias e recebe


NOMINATIVO, como mostra (33):

(33) a. Os meninos pagaram o pato.


b. Nao novidade [os meninos pagarem o pato].
é

195
194
(34) a. O Joáo viu [a Maria pagar o pato].
"'o Joao quer [a María pagar o pato].
b. V' 6)
deve a agramaticalidade de (36)? Podemos aventar a hipó-
~ qu; seue a causa é o fato de a Maria nao receber Caso. Esta hipó-
V InfP tese ,e qforyada quando consideramos (37):
t (ver) tese e re
~
DP InI' O Joáo quer [ec pagar o pato].
A María¡ ~ (37)
tegoria vazia ee tem sua existencia garantida pelo fato de que
Inf VP
A ea r tem urn argumento externo com papel 8. Como o Filtro do
pagar} ~ ~~~ se aplica a DPs pronunciados, ele pode nao ser relevante para
DP V' ma eco Entño, ao contrário do DP a Maria, esta ee nao precisa, ern
t¡ ~ ;rincípio, de Caso. Disso segue o contraste verificado entre (36) e
V DP (37).
t. Falta, ainda, dar urna explicacáo para o contraste entre (36) e
} o pato
(34a): por que a María nao recebe Caso em (36) mas pode recebé-lo
(35) em (34a), se os dois verbos sáo transitivos? Urna resposta poderia ser
a. Ele fez tudo para [a Maria pagar o pato].
que querer, embora atribua ACUSATIVO como vemos em (38), nao
b. é um verbo ECM:
P'
~ (38) a. O Joáo quer a maya.
P InfP b. O Jcáo a quer.
para ~
DP InI' o entanto, esta nao é ainda a explicacáo completa, dada a
A Maria ~ gramaticalidade de (39):
Inf VP
pagar} ~ (39) a. O Joáo quer [se a Maria bonita]
b. O Joáo a¡ quer [se t¡ bonita]
DP V'
c. O Joao quer [se a casa em ordem]
t¡ ~
d. O Joáo a¡ quer [se t¡ em ordem]
V DP
t.
} o pato ~m (39) querer atribui Caso a um DP que nao é seu argumento: a Maria
e o sujeito da SC adjetival em (39a) e a casa, da SC preposicional
Suponhamos agora que VP d . ern (39c). Veja que é possível pronominalizar estes DPs com o prono-
cado 1 b ' .. ' o que orruna InfP seja encabe- me acu. sa t·lVO a, como mostram (39b,d). Se nao podemos negar que que-
y pe o ver o transitivo que S t ti
ea 11 rer. e entamos construir urna senten-
y para e a a (34) te d [ M. . cu- seJa um atribuidor (excepcional) de acusativo, entáo a saída é pro-
ela vai ser a t. n 10 a aria pagar o pato] como complemento,
grama ica , como mostra (36): ura- urna explicayao na diferenca entre um InfP impessoal e urna Se.
qu Nao é nossa intencáo fazer um estudo aprofundado do verbo
erer nem apontar urna solucáo definitiva para o problema, mas
196
197
se o verbo que seleciona InfP é
ue acontece, agora, .
apenas chamar a atencáo do leitor para o tipo de questáo que os itens
~ q como exemplificamos ern (42).
lexicais nos colocam. Adotaremos aqui urna solucáo para o caso de usatIVO,
11lac
querer que parte da observacáo de que, enquanto um InfP pode su- e [ a Maria pagar o pato ]] .
por um CP que o domine, urna SC nunca é dominada imediatamente a [ D ev InIP ]]
(42) . IP [0 [ a Maria pagar o pato .
por um CP. Assim, a María recebe Caso de querer em (39) porque b . [ IPDeve CP InIP
nao havendo a interferencia de um CP, a relacáo entre os dois é local: M . sendo o argumento externo do verbo pa-
por outro lado, entre querer e o DP, pronunciado em (36) e vazio e~
(37), nao existe localidade que permita a atribuicáo de Caso em vista
Observemos que e a :;~a;em como suprir esta deficien~ia dentro do
gar. naO tern cas~b .dor de Caso deve ser buscado acima. Esta ne-
de haver um CP protegendo o DP de ser regido pelo verbo matriz IP por isso, o atn Ul haver um CP nulo, como em (42b): se
como mostramos na representacáo em (40): ' c~ssidade des~a~ta q~:sfvoe~s~uea Maria recebesse Caso, poi s o CP
houvesse, sena imp . S m o CP nulo podemos afirmar que o
. nana. como barrelra. e ' . d '
(40) a. *0 Joáo quer [cp 0 LnfPa Maria pagar o pato]] funclO t externo do verbo encalxa o; porem,
d rege o argumen o C.
b. O Joáo quer [cp 0 LnfPec pagar o pato]] verbo ever e verbo nao vai ser capaz de pro ver o aso para
mesmo regendo, es~ ti Entao o atribuidor de Caso deve ser
. .s ele é macusa IVO., -
Neste particular, o comportamento de um verdadeiro verbo a Mana, pOl . de ci e agora é o IP, e assim vao ser en-
categona e CIma, qu d f .~
ECM como ver é diferente do de um verbo como querer, pois só o busca d o na . _ Maria tenha suprida sua e reten-
contradas as condicñes para que a . S IP
primeiro "elimina" a projecáo CP do complemento InfP para reger e P b caso movendo-se para pec .
marcar com Caso o argumento externo do verbo encaixado. Mas es- cia: este D rece e d d m suas propriedades lexicais, o ver-
Em resumo, e acor o co (i 1) dominando
tas duas c1asses de verbos ainda sáo diferentes em outro aspecto, a bo matriz cria tres situacñes em que um In.fP ímpessoa
saber, na capacidade de selecionar como complemento um infinitivo um verbo com argumento externo é seleclOnado:
pessoal, como nos mostra o contraste em (41):
(43) a. vertransitivo LnIPDP V]
(41) a. *0 Joáo quer os meninos pagarem o pato. b. querer'T''"?" [cp 0 LnIPDP V])
b. O Joáo viu os meninos pagarem o pato. LnIPDP V]
c. deverinacusativo
b) d lado contra (43a) e (43c),
Sabemos que querer nao pode c-selecionar um infinitivo pessoal como As tres situacóes colocam (43 e um. CP 1 para barrar
complemento em vista da agramaticalidade de (41 a). Nao nos alon- pois nestas duas últimas situayoes nao existe .um nIufPo(43 b) des-
_ , . trutura de CIma e o n .
garemos nesta discussáo, nem nos debrucaremos sobre urna formula- as relayoes necessanas entre a es . lexi
iti m as propnedades exicais
creve a situacáo em que verbos transi IVOSco d 1
yao mais precisa do que queremos dizer com '''elimina'' a projecác . e ~ 'a de um CP nulo, ea-
de querer estáo impedidos, pela interterenct _. h _
CP', embora seja plausível presumir que tais idiossincrasias sejam ib . C Como nao existe nen u
marcadas no léxico das línguas. Novamente, a idéia aqui é apenas canyar o DP para rege-lo e lhe atn uir aso. íbilid d resta
DP só urna pOSSI I 1 a e
ma outra forma de prover Caso para o , , .
mostrar como o conjunto de assercñes feitas se articula para fornecer O mo veremos no proxlmo
para ele: que ele seja nulo - um PR , co
urna resposta para problemas específicos colocados por propriedades
capítulo _ para satisfazer o Filtro de Caso.
idiossincráticas de algum item lexical em urna dada lingua.?
-- d rbos era m ECM já
um ECM. Veja também que, no latim, prati~ame~~e to os os ve
9 Que certos itens lexicais exibam propriedades idiossincráticas, nao deve nos sur- que ensejavam a construcáo acusativo com mfimtJvO.
preender. Veja que o verbo lo want, que é a traducáo de querer em ingles, pode ser ~
199
198
(43c) descreve a situacáo em que verbos inacusativos pode . C O A deficiencia resulta de a posicáo onde ele é
elto ao as. C N
reger o DP de V dado que nao existe um CP para bloquear esta r 1rn .J.ZresP . . lmente caracterizada pela falta de aso. esta
u- er tnvanave .~ .
cáo. Entretanto, como o verbo é incapaz de atribuir Caso , o meOVl~ ~~ aerado s strar que existe urna deficIencIa semelhante para ar-
~ _ vamos mo . r • •

mento do DP de V para Spec IP deve ser desencadeado, pois ~ se9ao,. dos inacusativos e do participio passrvo.
. ntl(1lentoStnternos it lo 111que um verbo inacusativo seleciona ape-
existe outra a lternati
ternatrva para ele ser marcado por Caso. Na posic;:aonao
d ~- Vmos no cap; u l'
1 nto que é o argumento interno. Agora podemos exp 1-
~P interna a InfP só pode ficar um vestígio t, como veremos no pró~ argume , . id d
nas urn _ de seu nome: o nome deriva de sua mcapaci a e
ximo capítulo - dado que .aquela posicáo é invariavelmente [-K]. tnor a razao ,. d
(43a) descreve a situacáo em que verbos transitivos com ear m~. ACUSATIVO ao DP complemento, ao contrano o
de atnbulf Caso m verbo transitivo. O resultado dilSSOe, que, para
propriedades lexicais de ver regem o DP de V e, portanto, atribue: contece com u . id d C
A_CU~ATIVO a.ele. P?r isso, esta é a única situacáo de (43) em que que a Filt de Caso vai ser necessário um atribui or e aso
der ao 1 ro, .
nao ha nenhum impedimento para que o DP em questáo seja pronun- aten VP de modo semelhante ao que acontecía com o argu-
ex.ternO ao ,
ciado. mento externo. ib . d .
Passando rapidamente as SCs, as situacóes descritas em (43) Como vimos na se9ao anterior, est~ atn Ul o.r val. ~er urna
. _ ECM um verbo ECM um 1 fimto ou um infinitivo pes-
se repetem, exceto pelo fato de que elas nao podem ter um CP nulo preposH;;ao, 'P Spec IP
protegendo-as das acñes do verbo matriz: 1 N caso de o atribuidor ser 1 finito, o D se move para
~~~; re~eber nominativo e passa a fazer parte de urna cadeia A, como
(44) a. vertransitivo [se DP XP] vemos em (45):
b. querertransitivo
[se DP XP]
c. deverinacusativo
[se DP XP]l° (45) a. A carta chegou

b. IP
A falta de CP, que a SC desencadeia, reunifica a classe dos verbos
~
transitivos já que agora o DP de XP vai ser regido e marcado por DP l'
ACUSATIVO por estes verbos e, por isso, eles podem ser pronunci- A carta. ~
ados. Por outro lado, na situacáo descrita em (44c) o movimento do 1 1 VP
DP para Spec IP continua sendo necessário pois o verbo inacusativo chegou \
nao consegue atribuir Caso para o DP. J V'

4.2. O argumento interno

Na Se9aO anterior mostramos como é suprida a deficiencia


apresentada pelo argumento externo dos verbos (e das SCs) no que Ressalte-se que o DP, mesmo sendo complemento, pode ser desloca-
do para Spec IP porque um verbo inacusativo nao tem argumento
externo. Assim nao existe nada bloqueando a subida de a carta em
10 Nao vamos discutir aqui estruturas do tipo V inacusativo [ DP DP], em que as (45). Se houve~se um argumento externo, a subida do DP c?mple-
duas projecñes da Small Clause sño DPs e é preciso prever um ~ecanismo de atribui- mento seria impedida. Aqui, como nos outros casos de cadeia A, o
cño ou transmissáo de Caso ao DP predicado. Há fenómenos distintos envolvidos na movimento do DP ao mesmo tempo em que supre o Caso para o DP,
estrutura e sua discussáo fugiria aos limites deste Manual. Convidamos o leitor a . ,
consultar Moro (1997) e (2000).
satIsfaz o EPP.

201
200
Mas, em paralelo corn (45), ternos urna sentenr;a como (46)
como mostramos no Capítulo III: , a descn itiIVO para (48) é (49) '.. semelhante em . tudo a (43)
O esquero d
to pelo fato e o verbo encaixado ser macusativo:
(46) a. Chegou a carta. e
eJ{c
b. * Chegou-a.
transitivo [ V DP]
(49 ) a . ver rtransitivo [
InfP
0 [ V DP]]
A questáo, agora, é saber como o DP consegue seu Caso permane_ b. quere . CP InfP

c d eve r inacusallvo [ V DP]


cendo na posícáo de complemento do verbo inacusativo. A satisfar;ao ~fP

do EPP nao se coloca, pois sernpre é possível postular um expletivo


nulo em Spec IP. Uma das solucñes, proposta na literatura para reSol_
. P deficiente quanto ao Caso é o complemento =
~ver?o
Ero (49)~
atlvOoD iltro de Caso impñe sobre ele as mesm.as exigencias
ver este problema assume que o expletivo nulo e o DP PÓs-verbal inacus . ~ ~mento externo do verbo em (43). Por ISSO:o DP. e~
formam uma cadeia A, excepcional,já que o DP lexical está na cauda impostas de ao ser
ag. pronuncia d o ja., que o verbo ver o ,_
rege e lhe atribui
)
de tal modo que o expletivo [+K] ern Spec IP transmite o, (49a po IVO' o DP em (49b) tem que ser nulo ja que ele nao tem
NOMINATIVO para o DP lexical: esta hipótese ficou conhecida Como ACUSAT , . o DP em (49c) tem que ser igualmente nulo, mas
a Hipótese da Transmissao de Caso. Evidentemente, esta cadeia só é como r~ce~;:r~:~o pelo movimento dele para Spec IP onde vai .ter
possível em razáo de baver um expletivo na cabeca da cadeia, o que esteMINATIVO
nu o e . ne ste caso , é fruto de movimento. Assim,
ou seja,
faculta que nao baja dois papéis e envolvidos. Note que o DP é
O ad¿ a ro ósito de (43) e (44), a deficienc~a do DP ne-
NOMINATIVO, pois sua substituicñr, por um clítico acusativo, como coro? observ o o~ é ~anada por um núcleo que está acima na estru-
em (46b) toma a sentenr;a agramaticaI.
cessltadto
tura ou em deqCUaeSser nulo se ele está protegido do núcleo superior por
As sentenr;as corn sujeito anteposto ou posposto se repetem
com a voz passiva, como vemos em (47): urna barre ira, que postulamos ser um CP 0.

(47) a. Poi achado um tesouro na Arnazónia.


4.3. Algumas conseqüénclas
b. Um tesouro foi achado na Amazonia.
c. * Poi achado-o na Amazonia.
Nesta pequen a secáo exploramos algumas das cons~qüenci~s
do Filtro de Caso isto é, do fato de que Caso é urna cate~ona que diz
Presumimos que a Hipótese da Transrnissgn de Caso concorre para .' a DP e, dentre eles, apenas os qu e sáo pronunciados:
respeito
explicar o sujeito pós-verbal também corn os verbos passivos. E como
ocorre com (46), também neste caso o elemento posposto só pode
ser NOMINATIVO, dada a agramaticalidade da sentenca em (47c) • Tendo em vista que a posicáo de argumento externo n~nca
com o clítico acusativo. tem Caso, o argumento externo de um verbo, ,s~ pro~unclado,
Vamos considerar agora estruturas em que um InfP que domi- sempre depende do núcleo atribuidor que esta Imedlata~ente
na um VP encabec;;ado por um verbo inacusativo como jlutuar seja acirna na estrutura para aten d er ao Filt
Ir. o de Caso Se o nucleo .
complemento de verbos transitivos ou inacusativos, como exernplifi- él (ou Agr nas infinitivas pessoais), o argumento exte~no va~
camos ern (48): se mover e fatalmente ser o sujeito da sentenca. Se o nucleo e
um verbo ECM o argumento externo vai ser marcado po~
(48) a. EJe viu a Maria flutuar. ACUSATIVO p~r este verbo. Se o argumento exte~no esta
b. Ele quer flutuar. . idor por um, CP 0 ele val ter que
protegido do núcleo atribui b
c. Ele deve flutuar. ser nulo. O mesmo se aplica ao argumento interno dos ver os
inacusativos e ao sujeito das SCs.
202
203
• Urna SC. adjunto, por nao ser regida, terá fatalmente urn .
to nulo, ja que um sujeito pronunciado nao te . sUJei. , se dar de forma canónica. Nos demais casos, o CP apagado
é

ra
trar um núcleo atribuidor (o mesmo se estend na Gerp encon. de de outra feita constituiria barreira para a atribuicáo de Caso
..orque .
nando como adjunto), como vemos em (50). eS~ a ~C ~uncio. Y- marcador excepCIOnal.
ple~ento, ela va¡ ser regida e vai se aplicar o f . e. COll1. pOrum Uma última palavra sobre sujeitos. Vimos, no Capítulo II, que
paragrafo anterior. que 01 dIto no rtugues admite oracñes encaixadas~ encabecadas por CP ou InfP,
O po sirao de sujeito da sentenca matnz. Vamos retomar o exemplo:
ertl po 'f
(50) a. A menina sentou desajeitada.
a. Que Maria pratique alpinismo incomoda o Joáo.
(52)
b. Praticar alpinismo incomoda o Jcáo.
b. IP
~ Admitimos, naquela altura, em nome da simplicidade, que o CP pudes-
Spec l'
se ocupar a posicáo de Spec IP da matriz. Agora o leitor pode enten-
~ der por que essa questáo é complexa. Pelo que vimos até aqui, a
-ouI ______.
VP posicáo Spec IP será preenchida por um elemento que possa satisfa-
zer EPP e nao é claro que CPs ou InfPs possam, além do fato de o
VP SC Filtro de Caso aplicar-se apenas a DPs pronunciados (mas cf. nota 3).
~ ~ Como nao é possível desenvolver aqui um estudo aprofundado sobre
DP V' DP AP (52), continuaremos admitindo que o sujeito oracional ocupa Spec
a menina.
I V
I ec¡ des ajeita da IP, conscientes de que esta é um simplificacáo excessiva do proble-
ma.
sent-

5. Complementos verbais regidos de preposlcáo


• qAueúnSeiClea
~orma de satisfazer o EPP com verbos inacusativos
cionarn um CP' di .
. e me iante a msercáo de um expletivo
nu 1o. I sto se venfica porq CP . Emborajá tenhamos mostrado, em (7), a configuracáo em que
DP ue no encalxado nao vai haver
carente de Caso, como observamos em (51a): a atribui9ao canónica de OBLÍQUO se dá, há dois casos que mere-
cem urna breve mencáo. O primeiro deles envolve verbos que c-se-
(51) lecionam um PP como seu único argumento interno, como gostar de,
a. [expl ~arece [cp que os meninos flutuam]
b. O menmos parecem flutuar precisar de, conviver com etc:

Já esta possibilidade nao está dis ' (53) a. Maria precisa de um amigo.
que selecionam InfP SC G P poníve! para os verbos inacusativos b. Maria precisa de mimo
xadas conterao D'P , er e PartP, porque estas estruturas encai-
um carente de caso e t DP . c. *Maria precisa um amigo.
zer o EPP. es e val ter que satis fa- d. "Maria precisa me.
Ao término desta disc - lei ., e. *Maria precisa de me.
deduyao que se pode t . u;sao o eitor ja deve ter percebido urna
Agr], em que a atribui~;or~~N~~ CP sernpre sel~c~onará um IP [+ ~o~o. o núcleo verbal c- e s-seleciona o argumento interno, entáo
INATIVO ao sujeito da encaixada
n ui a ele um papel 8; contudo, o verbo fica impedido de atribuir
204
205
Caso ao DP um amigo, pois este está protegido do verbo através d
laro por que o DP flores pode receber ACUSATIVOf. de
proj~yao máxi~~ da p:éposiyao. Dito de outra forma, o regente d~ 55) firca e ,
SfIl (, DP o amigo tem que receber OBLIQUO de P. A con 19U-
DP e a prepOSlyaO e nao o verbo. Constatamos a incapacidade d ern
V. por o t ibuícáo de ACUSATIVO é canónica; entretanto V
verbo atribuir ACUSATI~O .a seu argumento interno através ed~ '~ para a a r y . • d

(53c,d) - sentencas agramatIcaIs. Igualmente verificamos que é a ra~ao dena. a trib n u ir novamente ACUSATIVO ao. DP o amzgo m e- 1
nAo po t da configuracáo. Empiricamente lSS0 se constata pe a
posicáo que está atribuindo OBLÍQUO ao DP no contrasteP~e~ d ntemen e y . d
gramaticalidade nos exemplos com pronome em (53b,e). e pen e ticalidade de (54b). Novamente, entáo, esta~os diante e ~m
rarna
ag, leo que e, c apaz de atribuir papel. S. aos seus dois argumentos m- .
Esses casos sáo distintos daqueles em que a preposi<;ao é en~ C
gendrada na estrutura como último recurso, pois trata-se d nU fica incapacitado de atribuir Caso a um deles. A preposi-
os mas 1 . . d
idiossincrasias lexicais. Há, entáo, urna série de verbos no portugue: tern, is urna vez a estrutura, atnbumdo Caso ao segun o ar-
A salva mal . 1 1
que estaráo marcados no léxico como itens que c-selecionam urn PP ~o . terno isto é o que nao se configura como o mais oca
umento m " . _, .
gdeles torna ndo-o , assim, visível para a interpretacáo . temática,
.
como s~u único complemento. A conseqüéncía dessa idiossincrasia é
que tais verbos, embora transitivos, nao conseguem atribuir ' O ue diferencia (53) de (54) é que no pnrneiro caso ternos
ACU~ATIVO ao seu complemento, tendo a preposi<;ao que atribuir exemp los ~e processos idiossincráticos lexicais, provavelmente . _ de
OBLIQUO a eles para que se tornem visíveis para a interpreta<;ao natureza histórica, enquanto que no segundo, c~so a preposicao cum-
temática. pre seu papel de licenciadora do DP, como último recurso.
O segundo caso envolve os verbos que selecionam dois com-
plementos internos, como dar, doar etc:
6. Regencia
(54) a. Joana deu flores para o amigo.
b. *Joana deu flores o amigo. Nas secñes anteriores afirmamos que Caso é atribuído sob re-
c. Joana deu-as para mimo gencia, adiando a definicáo de regencia para esta secáo final. ~amos
agora apresentar urna definicáo de regencia que sirva para anahsar os
Como vimos no Capítulo III, o verbo em (54) seleciona dois argu- fatos envolvidos na atribuicáo de Caso. Regencia é definida em (57).
mentos internos aos quais atribui papéis S, já que ambos estaráo do- Como a definicáo de regencia engloba o conceito de m-comando,
minados pelo nivel V'. Vamos representar a parte relevante de (54a) apresentamos primeiro a definicáo de m-comando em (56):
em (55):
(56) M-COMANDO
(55) ... VP a m-comanda p se e somente se a nao domina P e cada pro-
~ jecao máxima y que domina a também domina p.
DP V'
Joana ~ (57) REGENCIA
V' PP

V
~ DP
I
P'
a rege p se e somente se:. ,
(i) a = XO (ou seja, a é um núcleo lexical N, A, V, P ou a e o
da- flores ~ núcleo funcional 1);
P DP (ii) a m-comanda p e p nao está protegido de a por urna bar-
para o amigo reira (= urna projecáo máxima)

206
207
, orque 1é um núcleo regente que m-comanda VP;
Vamos aplicar as definicñes primeiramente a urna estrutura co VP? Slm, P
rege , barreira protegendo VP de 1.
cacao canónica de Caso, partindo da definicáo de m-comand m mar.
e nAo eXIste N- porque existe urna barreira que protege DP2 de
depois passar a de regencia: o, Para DP2? ao,
1rege
- 1que é VP'2? S'm porque V é urn núcleo regente (= XO); V m-
DP I, ,- r )
V rege '2 áo existe barreira (= nenhuma projecao máxima
(58) IP - anda DP ; e na
~ co01 d DP2 de V.
protegen o
Dp1 l'
A Maria¡ »<>: , ' acim mostra que, ern tais condicóes. 1rege D~l P?dendo
a
O exe~cIClO OMINATIVO e V rege DP2 podendo atnbUlr a ele
1 VP
atribUIr a ele N
beijou,
J
.>">: ACUSATIVO.
DP V'
rna estrutura de marcacáo excepcional.Vamos no-
t¡ ~ agora a u
e010S ,-
P ass , "ro a definirao de m-comando a representa9ao
V Dp2 nte aplicar pnmel y , , ~' •

t. o Joiio :~;5b), repetida aqui em (59), para passar depois a de regencia:


J

P'
(59)
- O Dl" m-comanda o DP2? Sim, porque o primeiro nao domina o ~
p InfF
segundo e a projecáo máxima que domina a Maria, que é o IP,
também domina o Joiio, para ~
DPl Inf
- O DP2 m-comanda o Dl"? Nao, porque, apesar de o primeiro nao
A Marta, ~
dominar o segundo, existe urna projecáo máxima que domina DP2 Inf VP
e nao domina DPI: o Vp,
pagarj ~
- 1m-comanda Dl"? Sim, porque o primeiro nao domina o segundo DP V'
e a projecáo máxima que domina 1domina também Dl": o IP, t. ~
- DPl m-comanda I? Sim, porque o primeiro nao domina o segundo I V DP2
e a projecáo máxima que domina Dl" domina também I. Este um é
t. o pato
J
caso de m-comando mútuo.
- VP m-comanda DP2? Nao, porque VP domina DP2. Exercitando:

Agora passemos él n09aO de regencia: - O DPl m-comanda o DP2? Sim, porque o primeiro nao domina o
segundo e a projecáo máxima que domina a Maria, que o IP, é

- DPl rege I? Nao, porque Dl" nao um núcleo, é


também domina o pato. ' -
- O DP2 m-comanda o DP1? Nao, porque, apesar de o prime,lro na~
- 1 rege DP1? Sim, porque 1 um núcleo definido como um nú-
é
' ,- ixima que domma DP
d Ornmar o segundo, existe urna projecao maxi
cleo regente em portugués; 1m-comanda DP1; e nao existe barreira
(= nenhuma projecáo máxima) protegendo Df" de I. e nao domina Dl": o V]',

209
208
d' eramos as SCs como projecoes máximas, também
- 1m-comanda Df"? Sim, porque o primeiro nao domina o seg E se co nSI . -
. - maxima
,. UUwra. rno atribuir esta propriedade especIal de nao se configurarem
e a projecao que dorni
ornma 1 domina também DPI: o IPundo aelas deve . s
ara a regéncia e a atribuicác de Caso por parte de um
- DPI. m~com~n~a I? Sim, po:que o primeiro nao domina o segund~ e barrenas p .
projecao maxima que domina Df" domina também 1. Este é urn e a como as dornina imedtatamente.
núcleo que
de m-comando mútuo. aso
- VP m-comanda DP2? Nao, porque VP domina DP2.
,. Bibliografia adicional

Agora passemos él nocáo de regéncia, exercitando também com 1 Se o leitor quer ter urna nocáo da história do conceito d:
(59): ) t o artigo pioneiro de Rouveret & Vergnaud (1980) e
as o abstra
. dio, - Mas muito se fez para chegarmos ao concet it o
C
ma boa m lcaeyao.
- Dl" rege I? Nao, porque Dl" nao é um núcleo. u .
e ternos noie . d T .
- I rege Dl"? Sim, porque I é um núcleo definido como um núcleo qu 2) Um trabalho crucial para todo o de~env?lvlm~nto a eona
regente em portugués; I m-comanda Df"; e nao existe barreira rticular da Hipótese Inacusatlva, e Burzio (1986), que
do Caso, em pa . li
(= nenhuma projecáo máxima) protegendo Dl" de 1. senvolve urna análise detalhada dos dados do ita rano. . ~
- I rege VP? Sim, porque I é um núcleo regente que m-comanda Vl': e de 3) Há autores, como Bellet~i .(1988), q~e P?st~lam a eXlst~n-
nao existe barreira protegendo VP de 1. ' cia de outros Casos, como o partltlvO, que e atn~Uldo a DPs nao-
definidos junto com o papel 8. Essa é urna pr0'pn:dade dos Caso.s
- I rege DP2? Nao, porque existe urna barreira que protege DP2 de 1
ditos inerentes, como também genitivo, nos qual~ nao :ocamos aquí.
que é VP.
O livro de Chomsky (1986a) também tem urna discussáo sobre o as-
- P rege IP? Sim e o leitor pode apontar por qué.
- P rege Df"? Esta questáo é crucial para a atribuicáo de Caso por- sunto. .
4) O conceito de regéncia é assunto de muit~ .lIteratura g~ra~
que afirmamos que P atribui excepcionalmente OBLÍQUO para a tivista. Em particular, o conceito de barreiras que ut1lI~amos !qUl f01
María e que Caso é atribuído sob regéncia. A resposta él pergunta bastante simplificado, mas o leitor pode encontrar a d1scus.sao com-
é nao: existe a barreira IP protegendo Dl" de P. Entretanto, deve- pleta no livro Barriers de Chomsky (1986b). poré~, este 1.1vropres-
mos c~nsiderar que existe regéncia nesta situacáo, porque ECM supñe um conhecimento mais aprofundado da Teona Gcrativa do que
se realiza exatamente neste tipo de configuracáo, Como sair desta
este Manual pode proporcionar.
contradicáo? Note primeiramente que onde se pressupñe que existe
um CP, como em (20a) e (20b) repetidos abaixo, este sim protege
o .DP em questáo de ser regido (e marcado por Caso) pelo verbo
VlU e pela preposicáo para: 8. Exercícios

1) Mostre como cada DP das estruturas abaixo recebe Caso e qual o


(20) a. A Maria [viu [cp 0 Lp os amigos rirem]]]
Caso recebido:
b. A Maria fez palhacadas [para [cp 0 Lp os amigos rirem]]]
(1) O Pedro conhece a Maria.
L_ogo, ~e~emos obrigados a concluir que um IP, mesmo sendo proje-
(2) O Pedro beijou a María na festa.
ya.o máxima, tem comportamento especial, nao atuando como bar-
(3) O menino ouviu as meninas cantarem.
reIra pa ra a regencia
~. e atn ibuicao
. - de Caso por um núcleo superior na

211
210
1) abaixo, o papel temático do DP o
(4) A Maria acha o Joáo muito chato. por exemp 1o, e m ( , ib id
coincidem. id lo adj etivo inteligente, mas o Caso e atn U1 o
(5) O Joáo comprou este 1ivro para mimo ~ 'fornecl o pe
(6) O Joáo comprou este 1ivro para mim 1er. Joao e b matriz considera:
pelo ver o
(7) Que menino que a Maria ama?
. considera o Ioáo inteligente.
(8) Qua1 1ivro que o Joáo comprou para eu 1er? A Mana
(9) A Maria, o Joáo disse que a Ana encontrou no parque. (1) . t
, cleo que marca tematlcamen e
(10) O Joáo costuma cantar no banheiro. utroS exemplos em que o nu
Fortl1ul~o, mesmo que lhe atribui Caso.
p nao e o
2) Dados os contrastes abaixo, justifique a necessidade das preposi- oP 1'
d 'a A nos exemplos abaixo? Mostre qua e a
cñes em: ode haver ea el 1 -
6) On d e p li r como chegou a esta conc usao:
cadeia e tente exp ica
(1) a. A vitória da Selecáo foi arrasadora.
Estes caras costumam ficar olhando a casa.
b. * A vitória Selecáo foi arrasadora. (1)
Estes caras gostam de ficar olhando a casa.
(2)
(2) a. O Joáo está consciente do perigo. A enina está infeliz. .
(3) O :elegado ouviu o bandido confessar o crime para os Joma-
b. * O Joao está consciente o perigo. (4)
listas.
3) Faca a árvore em SS das seguintes sentencas:

(1) A Maria encontrou o Pedro no mercado.


(2) O Joáo viu o Pedro arrasado.
(3) A Maria comprou o carro para mim usar.
(4) O Joáo ouviu o Paulo cantar.

4) Tendo em vista a Teoria do Caso, explique o contraste de gramati-


calidade das sentencas abaixo:

(1) a. * O Joáo deseja a Maria sorrir.


b. O Joáo deseja sorrir.

(2) a. * Parece a Maria dancar.


b. A Maria parece dancar,
C. * A Maria parece o Joáo dancar,

5) A nossa teoria separa em dois módulos distintos a interpretacáo


de um DP (a Teoria Temática) e a funcáo gramatical deste DP (a
Teoría do Caso). A razáo para isso é que nem sempre estas coisas

213
J1J

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