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Editora Insular

Noyo Manual de Sintaxe


© Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo Silva,
Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes

Editor:
Nelson Rolim de Moura

Capa:
Mauro Ferreira

Planejamento Gráfico e SupervisáoEditorial:


Carlos Serrao

Ficha Catalográfica
Elaborada pela Bibliotecária Beatriz Costa Ribeiro - CRB 14-001/99-PR

M669m Mioto, Carlos


Novo manual de sintaxe / Carlos Mioto, Maria Cristina
Figueiredo Silva, Ruth Elisabeth Vasconcellos
Lopes. Florianópolis : Insular, 2a ed., 2005.
280p. : il.

ISBN 85-7474-199-x

l. Ciencia da Linguagem. 2. Língüística. 3. Sintaxe.


I. Silva, Maria Cristina Figueiredo. II. Lopes, Ruth
Elisabeth Vasconcellos. III. Título.

CDU 801.56(035)

Editora Insular
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v

A Teoria da vínculacáo

1. Introduc;ao

No primeiro capítulo, demos um exemplo de urna impossibili-


dade na UG de atribuir a mesma referencia para ele e o Joiio em
frases como (la) e a possibilidade de os dois DPs serem co-referen-
tes em (1b) - como sempre, estamos marcando a co- referencia com o
mesmo Índice subscrito:

(1) a. *E1e¡ disse que o Joáo, viajou.


b. Joáo disse que ele viajou.

Neste capítulo, estudaremos as possibilidades e impossibili-


dades de distribuicáo de índices referenciais entre os diversos tipos
de DPs. Veremos que, ao contrário do que se poderia pensar él pri-
meira vista, as relacóes de co-referéncia dependem muito do tipo de
DP que ternos em máos e da estrutura sintática na qual ele ocorre.
Comeyaremos estudando os diversos tipos de DPs e enuncian-
do.urna tipologia para estes elementos, mostrando as diferentes pro-
~neda~es de distribuicáo de cada um deles. Falaremos em seguida
o.sprmcípios que regem a distribuicáo dos DPs fazendo uso de con-
celtos estudados nos capítulos anteriores. Finalmente, veremos que
:0 lado dos DPs com matriz fonológica, as línguas humanas dispñern
de um Conjunto de DPs sem matriz fonológica, que também se deixa
escrever pe 1a mesma tipo
. 1ogra,
. com um acrescimo:
,.. exis t e urna ec

215
)(pressao um P o outro (como um com o outro ou um no outro,
nominal que nao tem correlato n as categonas
realizadas. . nominais lexical • e p val e pela prepos icáo), que tom interpreta~lio recíproca.'
. . mente 011 de Urna última observayao: estaremos aquí falando da dístribuí-
Primeirarnente, no en tanto d AO de DPs que ocupam posi~oes argumentais. Dito de outro modo,
confusáo terminológica ro .' evemos desfazer urna poss:
certos termos que usar;~o mov.,da pela diferenca entre o sentid ivej ~ do o que diremos aqui deve se passar dentro do dominio
~(rgumental) de urna senten~a. As posi'i0es A-barra ficam, portanto,
mos termos. A GT reconhe~:~~i: ~ a~:~~ao da GT para estes ~e~~
melhor dito, os substantivos como ~ . normnais: os no mes (ou fora da discussao deste capítulo.
que substituem o nome em f; arta ou mesa) e os pronom '
ases como as em (2) e (3) abaixo: es

(2) a. A Ana. viu a Maria k .


I
2. propriedades de distribuh;ao
b . A Ana. a k viu •
I
2.1. Das anáforas
c. A Ana¡ se¡ viu no espelho.
As anáforas, como se (e seu equivalente tónico si) ou exprés-
(3) a. A mesa¡ está limpa. soes como um P o outro, fazem algumas exigencias especiais com
b. Ela está limpa. respeito a estrutura sintática em que podem aparecer. A prime ira de-
las é que elementos anafóricos nao podemjamais aparecer sem que o
Comecemos por observar que n- 'b elemento com o qual se identificam referencialmente também esteja
tantivo) que o prono me pode substitui~o e em o nome (ou o subs-
presente. Chamaremos antecedente a este elemento. É o que vemos
por exemplo ela substitui _' mas todo o DP - em (3b)
, a mesa nao mesa· 1 '
surpreendente o fato de qu lerm simp esmente. E é muito em (S):
d " e e ementos como se ".
o no~es, nao possam ser trocados ' mesmo substituin-
portugues, como vemos em (4) b . pelo nome correspondente em (S) a. A Maria se. adora.
I I
a aixo - compare com (2c): b. *A Maria¡ sek adora.
C. OS menincs, atiraram [um no outro l
(4) *A Ana¡ vi u a Ana¡ no espelho. d. *Os meninos¡atiraram [um no outro)k

nornes Adicionalmente ,aSSl


a GT el ifitea tanto a q (Sb) e (Sd) sao agramaticais porque a anáfora nao tem antecedente:
omes atonos do caso oblí
á

. uan t o se como pro-


l.' iquo; entretanto ná l.' h os únicos DPs presentes na construyao nao portam o mesmo índice
ao lato de que em se t ' o raz nen urna mencáo
n encas como (2b) da anáfora. portanto, concluímos que as anáforas sáo referencialmente
argumento interno d _ ' o argumento externo e o
e ver terao necessari ,.
ao passo que eles portara-o . lamente índices diferentes, dependentes.
t enea (2c). necessariamente oo mesmomesmo índice na sen-
í •

Dado que queremos explicar .


e co-referéncia entre os d. .como interpretamos as relacees I Se é ambíguo quanto as interpretac;oes reflexiva e recíproca em sentenc;as como (i):
dele iversos tipos de DPs di
mentos como a ou e/a de 1 ,vamos iferenciat (i) Os meninos se machucaram
Tanto é possível a interpretac;ao em que cada menino machucou a si mesmo, quanto
pretacáo reflexiva, como em (~ emrentos co~o se, quando tém inter-
aquela em que um menino machuco u o outro. No primeiro caso estamos frente ao
ca, aos primeiros cham e). ntrcduzindo a terminologia técni-
aremos pronome e ' . se reflexivo e, no segundo, frente ao se recíproco. No texto, entretanto, utilizaremos
mos o termo anáfora M . . para os últimos reservare- se sempre como reflexivo, exemplificando os recíprocoS corn um P o outro.
. ais: o que chamamos anáfora também inclui
217
lP
Todavia, ternos razñes para pensar que exigir simplesmente
presenca do antecedente nao é a formulacáo completa da restri9~ a
que pesa sobre as anáforas, porque (6b) é agramatical: ao DP,
----------1'
[A mo.e de Pedro] 1
~
VP
(6) a. [A máe do Pedro]¡ se¡ adora. se.+adora ~
I

b. * A máe d[ o Pedro l se. adora.


I I

Se o antecedente da anáfora é o DP a miie de Pedro como em (6a), a áfora se por ser um clítico, deva se mover de
sentenca é gramatical; porém, se o antecedente é o DP o Pedro, Como Vamos supor que a an t d V para 1 a mesma posícao do verbo
. -ao d complemen o e, d
mostra a co-indexacáo em (6b), a sentenca é impossível: a anáfora se sua poslY e, discutiremos este comportamento estranho os
nao pode ser referencialmente dependente de o Pedro, isto é, a sen- (no próximo ca~ltulo" lui áfora se e também os pronomes corno
" s categona que mc U1 a an , '
tenca nao pode receber a interpretacáo de que a máe do Pedro adora chUCO , . d o VP sem material fonetlco.
ele, o Pedro. me ou a), delxan ~ d conferir aplicando a definicao (7) a (8), o
Observe que a nocáo de precedencia linear nao é adequada C_o~~ ;~~~oP:c~manda se em 1, porque 1 é filho do i;mao do
para descrever o que acontece em (6), porque nas duas sentencas o DP¡ a ma~l' C comanda também o complemento de 1, que e o VP, e
candidato a antecedente precede a anáfora. Precisamos de urna nocáo Dp ¡ que e . - id lá dentro
que de conta das relacñes hierárquicas entre os constituintes. Mais tudo que pod~ estar conti o a escntacáo de (6b) na árvore em (9):
Exammemos agora a repr y
adequado é lancar máo da nocáo de e-comando definida no Capítulo
II. IP
(9)

DP
------------ ,
1
(7) C-COMAND02
\ ~
a e-comanda ~ se e somente se ~ é o irmáo de a ou filho (ou neto, D' 1 VP
bisneto ... ) do irmáo de a. .r:">: se¡ + adora ~
D NP
A segunda exigencia feita pela anáfora se deixa descrever por esta a ~
generalizacáo: só um DP que e-comande a anáfora pode ser seu ante- NP PP
cedente. Vejamos primeiramente a representacáo em árvore de (6a) miie \
em (8): P'
~
P DP¡
2 Relembremos a definicáo mais tradicional de e-comando, absolutamente equivalen- de Pedro
te a dada no texto, mas numa outra formulacáo:
a e-comanda ~ se e somente se:
_ da se: se nao é nem o
Em (9), nao é dificil ver que o DP¡ nao c-coman .
(i) a nao domina ~ nem ~ domina a; irmao do DP. nem filho do írmáo de DP¡.
(ii) cada nódulo ramificante y que domina a também domina ~, I

219
218
ue a sentenc;:a gramatical, devemos dizer que, quando se trata de
é

Repare entáo que nao suficiente


é ' . qm infinitiva (impessoal) complemento de um verbo ECM, a anáfora
dada por um DP qualquer (o DP mais al que a anafo~a seja e-coman,
u MOa encontra o seu antecedente dentro da sentenca infinitiva, mas na
comanda se), mas fundamental que o Df'de nossa arvore em (9) c-
i
é
ue lla
ell c;:amatriz. Portanto, diizer que a sentenc;:a na qua 1 se encontra a
mesmo Índice referencial. A essa combina da e-comanda porte o ten
S lláfo é o seu domínio de vinculac;:ao nao o bastante. Note, contu-
é
mandado por um elemento que porta o m~s~ : fa~ores - ser c-co- ra
chamamos vínculacáo. Assim d. o m?lCe referencial - ~o, que nao é qualquer sentenca infinitiva que permite a vinculac;:ao
vinculadas. ' izemos que as anaforas tém que ser de urna anáfora fora de sua projec;:ao. (12b) exemplifica o caso do
illfinitivo flexionado e a tentativa de vinculacáo da anáfora ao sujeito
Entretanto, mesmo que a exigencia de ' .
culada resolva o problema do contraste em (6 que a ~nafor~ seja vin- matriz nao dá bom resultado.
ve todos os casos de impossibilid d d ' ), ela ainda nao descre- O que devernos observar é que em (12b) o DP o Joiio e o
a e e anaforas Em ti 1 Pedro é o argumento externo do verbo elogiarem e ele que ocupa a
é
contrastes de gramaticalidade em (10) e (11) dizen par lCUar, os
te deve estar "bastante próximo" d a anarora:
'C" • zem que o anteceden- posic;:aosujeito da infinitiva encaixada. Em (12a), entretanto, é a pró-
pria anáfora que responde pelo papel e de argumento externo de des-
filar e por isso é ela a candidata a ocupar a posicáo sujeito da senten-
(10) a. A María, disse que a Ana se ado ea infinitiva. podemos conferir se esta diferenca é relevante lanc;:ando
b *A M . k k ra.
. ana¡ disse que a Ana k se. adora
I •
máo de urn outro contexto sintático, o das SCs:

(11) a. [OJoaoeoPedro]
no outro] ¡ diisseram que os meninos, atiraram [um (13) a. A Ana acha [ a Maria. orgulhosa de si¡ ).
b. * A Ana¡ acha [ a Maria orgulhosa de si¡ ).
b. [;~ ~~lio:;o~pedrol, disseram que os meninos, atiraram c. O Joao¡ acha- [ se¡ inteligente).
I

(Note que em (l3c) lanc;:amos máo de um artificio para manter o clítico


Observe que nas sentencas acima o re uisit da vi -, entre os colchetes: colocando-o como sujeito da SC). A generaliza-
do. Aparentemente, "bastante róxim q" o ~ vinculacáo e cumpri-
deve estar presente na m p o quer dizer que o antecedente cño que parece emergir aqui é a seguinte: se há um sujeito indepen-
, esma sentenca finita e dente dentro do domínio onde está a anáfora, aí que ela deve ser
anafora. Este seria entáo o d ,. m que se encontra a é

seu ormmo de vincul - M vinculada, como está representado em (13a); tentar vinculá-Ia fora
mos que nao suficiente l'for mu l.ar assrm a restricá acao.
é
d as
.. vere- dos colchetes, quando existe um sujeito dentro dos colchetes, produz
so b re a relacáo antecedente/anáfor . ao e proximidade
que nao estivermos lidando a, especlal~ente para os casos em resultado agramatical, como vemos em (13b). Se, por outro lado, é a
. com sentencas fimtas própria anáfora que é o sujeito dessa sentenc;:a, e portanto nao há
Examinemos para tanto (12): . sujeito independente dentro desse domínio, a anáfora pode procurar
seu antecedente na sentenc;:a mais alta, como em (l3c).
(12) a A
b. . =.
* M·ana¡ VlUd~sfilar na televisáo. Mas o que é decisivo para sabermos qual é o dornínio de
. Os menmos¡ ouviram [o Joáo e o Pedro se¡ elogiarem]. vinculacáo da anáfora, afinal? É a presenc;:a de um sujeito indepen-
dente ou é o fato de a anáfora ser o sujeito (e daí a inexistencia de um
Em
texto(12a) estamos frente adu ma scntenca encaixada
de ECM.' . infinitiva no con- sujeito independente é mera COnseqüencia)? A sintaxe dos DPs pare-
. se e na ver ade o arg t ' ce nos levar a afirmar que a presenca de um sujeito independente
argumento interno de ver C .~men o externo de desfilar e nao é

para o 1 onde se encontra· o~o ja rr:ostramos, se deve se mover que decisiva _ porém, essa afirmacáo depende de assumirmos que
é

o ver o matnz porque um clítico. Dado


é

221
220
1P
os possessivos funcionam como sujeito dentro dos DPs. Observe err¡
(14) o que acontece com a relacáo entre anáfora e antecedente dentro
de um DP:
(16)
DP
---------l·
Um no outro¡ ~
1 VP
(14) a. Eles. destruíram [DP as fotografías [um do outro]. J
se.+atiraram ~
b. *Eles¡ destruíram [DP as minhas fotografías [um do outro J¡J I

Se a nossa hipótese quanto ao fato de possessivos serem os sujeitos m DP e-comanda a anáfora um no outro, ela nao é vincu-
do DP está correta, quando nao há sujeito independente dentro do Jáquenen h u . . . (15 )
ue ex lica a imposslbIlldade de a . . _ ,
DP o recíproco um do outro é vinculado pelo sujeito da sentenca sern lada, o ~as e ~15b), por que é mal-formada? O problema aqui n~o e
problemas, como vemos em (14a); quando está presente o possessí. . o suj eito matriz c-comanda um no outro, que esta na
vo minhas, no entanto, a vinculacáo da anáfora pelo sujeito da sen- de e-co mando . b' ao bas-
. _ .. d sentenca encaixada. Repare tam em que n
tenca nao é mais possível, como mostra Él agramaticalidade de (14b). que
PO~}:~a:~:!~;re:enr;:a de um sujeito independe~,te". ~a d~fínir;:aod
E se estamos falando de anáfora e de posicáo sujeito, é essa a ~rremos para domínio de vínculacño, porque o sujeíto índepen en-
hora de perguntarmos por que urna anáfora em posicáo sujeito nunca t ~, neste exemplo está presente na frase matriz e nem por ISS0 a sen-
é bem formada, salvo em construcñes com verbos ECM, como as de e , amatical Voltaremos a essa ciscussao, enquanto, por ora,
tenca e gr· , .
(12a), onde a anáfora é o argumento externo do verbo no infínitivo mantemos a conclusao a que chegamos ate aqui:
impessoal. Observe (15) em que um recíproco ocupa a posicáo Spec
IP da sentenca em (15a) e da sentenca encaixada em (15b): As anáforas devem ser vinculadas em um certo domínio.
(17)

(15) a. *[Um no outro]. se. atiraram. Formularemos essa restricao sobre o domínio de vinculacáo na ser;:~o
I I

b. *[0 Joáo e o Pedro]. disseram que [um no outro]. atiraram. 3 deste capítulo. Antes disso, porém, vamos aumentar o espectro e
I I
nossa discussáo examinando como se distribuem os pron~m~s, u~
Construcñes deste tipo sáo impossíveis nas línguas naturais. estudo que ao mesmo tempo que ampliará o nosso con ecimen o
sobre os pronomes, facilitará a compreensao do comportamento das
O problema com (15a) nao diz respeito a se, que está sendo vincula-
do por um no outro conforme a nocáo de vinculacáo discutida até anáforas.
aqui. É vinculada a anáfora que é e-comandada por seu antecedente:
se em 1 é e-comandado por um no outro em Spec IP, como o leitor 2.2. Dos pronomes
pode averiguar retornando a definicáo de e-comando em (7).
O problema em (15a), entáo, deve se localizar em um no ou- O que estamos chamando de pronome em nossa teori~ é aqui-
tro: este DP, que é referencialmente dependente, nao está sendo vin- 1 GT chama de "prono mes pessoais" exceto ~s reflexivcs e os
culado por nenhum outro DP. O único DP que poderia vincular um r~ci;;o:os, que aqui recebem o nome de anáfora e cujo compoert:;~~~
no outro seria o se. No entanto, como observamos em (16), o se nao to foi estudado na secáo anterior. Devemos mostrar ag~ra qu .p,
térn propriedades distintas das atribuídas as anafora~, pois so
e-comanda um no outro: nomes d .t s em dois grupos
assim estará justificada a classifícar;:ao estes 1 en
diferentes.
223
222
. 1 nte observe que se reproduzirmos todos os contextos
Vamos cornecar examinando (18): Ftna me ,
. os ao tratar das anáforas, as sentenc;as com pronomes
x.arntnam . lid d .
qoe e rn sistematicamente resultados de gramatlca 1 a e inversos
(18) a. A Maria. adora ela k
I fornece id s pelas anáforas. Vamos mostrar em (21) alguns dos
b. *A Maria. adora ela.
I I aos fornecl o
contrastes:
o pronome ela , pode
. se referir a qualquer DP do genero ferníInlna
.
como mostra o índice k em (18a), menos ao DP a Maria, como ' a. *0 Joáo, disse que o Pedro se¡ machucou.
'd· . (8
tra o m Ice l em 1 b). Exatamente ao contrário de se em (Sa) mas- (21) b. O roao, disse que o Pedro o¡ machucou.
- d ' pro-
nomes
. nao po em encontrar seu antecedente num domínio muit o es-
tnto, ,. devendo ser contra-indexados aos DPs que pertencem a este *Os meninos. ouviram [o Joao e o Pedro se¡ elogiarem].
d ormmo. ~.. Os meninos¡ ~uviram [o Joao e o Pedro os¡ elogiarem].
Mas o que acontece fora deste domínio? Observe (19):
e. *0 Joáo acha [ a Maria orgulhosa de si¡ ].
(19) a. A Joana, disse que a Maria. adora ela k
I f. O Joao¡ acha [ a Maria orgulhosa dele¡ ].
b. A Joana, disse que a Maria. adora ela.J
I

As sentencas em (19) indicam que os prono mes podem ter antece- g *Eles. destruíram [OP as minhas fotografias [um do outro l ]
• I

h. Eles destruíram [oP as minhas fotografias d[ eles l, ]


dentes em domínios maiores, como nos mostra a possibilidade de I

co-indexacáo de ela com a Joana em (19a), ainda que nenhuma co-


Em (21a,b), estamos lidando com sentencas finitas enc~ixadas;.em
indexacáo seja obrigatória, como a gramaticalidade de (19b) atesta.
(21 c,d), com verbos ECM e sentenc;as infinitivas (pessoals) encaixa-
Assim, contrariamente as anáforas, os pronomes nao necessitam de
das; em (21e,f), ternos SCs com sujeito especificado; e. ~nalmente
antecedentes mas, se os tém, el es nao podem estar 'perto' demais.
em (21g,h), com DPs que tém um possessivo como sujeito. Como
Também a exigencia de e-comando parece nao se aplicar aos
podemos perceber, reflexivos e recíprocos, de um lado, e pr~no,mes,
pronomes: em (19a) o antecedente e-comanda o pronome, como vocé
de outro, térn comportamentos complementares com relacáo a ne-
pode averiguar desenhando a árvore. Mas nem sempre este o caso,
é

cessidade ou nao de um antecedente em urna certa configuracác num


como mostra (20a); aliás, o que se observa que se o prono me esti-
é

ver coindexado com um DP num domínio muito estrito, o ideal que é


certo domínio da sentenca. Se dizemos que as anáforas devem ser
ele nao seja e-comandado por este DP, como atesta a gramaticalidade vinculadas em um certo domínio, diremos que os pronomes devem
de (20b): ser livres nesse mesmo domínio de vinculacáo. Pondo lado a lado as
conclusoes tiradas para as anáforas e para os pronomes, reescreve-
(20) a. O namorado da María, pensa que o Pedro gosta dela mas (17) como (17'):
b. O namorado da Maria. gosta dela.
I I
(17') a. As anáforas devem ser vinculadas em um certo domínio
O leitor já está treinado na representacáo em árvore deste tipo de de vinculacáo.
sentenca. Entáo nao será dificil ver que em nenhuma das sentencas de b. Os pronomes nao podem ser vinculados em um certo
(20) o DP a Maria e-comanda o DP ela (inserido no PP de/a): ela domínio de vínculacño-
nao nem irrnáo de a María nem filho do irmáo deste DP.
é

225
224
Vamos adiar ainda por mais urna secáo a forrnulacár, do co *Eles disseram que os meninos¡ saíram ..
ceito de "dominio de vinculacáo"; agora, vamos examinar um terce~~ (24) a. *Ele;. ouviram o Pedrok elogiar os memn~s¡.
ro e último tipo de DP, as expressñes-R (isto é, as expresso b. *Eles' acham o Pedro, orgulhoso dos menmos¡. .
es ~'. *Eles'¡ destruíram as minhas fotografias dos memnos¡.
referenciais).

. r comum de todas as sentencas de (23) ou de (24) é


2.3. Das expressñes referenciais O denomIDad~ . os e-comandada por um elemento que
é
ressao- R os menin ._
que a exp indi eles em algum domínio, ou seja, a expressao-
orta o mesmo m Ice, ,
Vimos até aqui dois tipos de DPs quanto a suas propriedades
P , ndo vinculada. - h
referenciais: o primeiro é aquele que nao é capaz de referir por si só e R esta se t lado mostrado que se nao ouver c-
é
Em (25) por ou ro , - h
que sempre depende de um antecedente para fixar sua referencia; a tre o antecedente e a expressáo-R e, portanto, nao ou-
segundo tipo é aquel e que tem relativa independencia referencial pa- coman d o en . 1
.
ver VIDC ulacáo
y ,
a sentenca gramatIca
é :
dende ter antecedente na sentenca para fixar sua referencia ou ter sua
referencia fixada no contexto discursivo. O terceiro tipo, que contém (25) Quando ele foi preso, o Joáo estava completamente bébado.
as chamadas expressñes-R, sáo DPs como a Maria ou o aluno do
curso de química, que térn autonomia referencia!. .
Vamos exammar a, a'rvore (26) em que está representada
.' a parte
_ rele-
Observemos inicialmente que, como os pronomes, as expres- vante de (25), para compreendermos que nao exístem restncoes que
sóes-R nao necessitam de antecedente, como vemos em (22):
tornem a sentenca (25) impossível:

)2) a. O Joáo nao beijou a Maria na festa.


b. Os meninos gostam de sorvete.
c. O livro está na mesa amarela.
(26)
--------------
IP

CP IP
~ ~
Iodos os DPs dispensam a presenca de um antecedente, porque eles
Spec C' DP l'
iáo o tém nas sentencas acima, e elas sáo absolutamente gramaticais.
Quando ~ oJoaoi~
~, como os pronomes também, as expressóes-R resultam em senten- C W 1 VP
(as mal formadas naqueles contextos em que as anáforas sáo grama- ~estava ~
.icais. Compare (5a) e (5c) com os exemplos em (23): DP l' completamente bébado

23) ele., ~
a. *Eles. , viram os meninos. , foi preso
b. *0 Pedro. ouviu eles, elogiarem os meninos,
c. *0 Pedrok acha eles, orgulhosos dos meninos Observe que apesar de preceder a expressao-- R o Joiio , com a qual _
d. *Eles. , destruíram as fotografias dos meninos. , , .' - d T -
esta co-indexado ele nao e-coman a o .roao J' á que esta expressao

nao irmáo de el~, nem filho do irmáo de ele. Se ele nao c-comanda
é

Contudo, as expressñes-R também sáo impossíveis em vários o Joáo entáo este nao vinculado por aquele.
é .
:ontextos sintáticos em que os pronomes podem ocorrer, como ve- , ,- d m ser vmcula-
Diferentemente dos pronomes, que so nao po e .
nos na comparayao de (21b), (21d), (21f) e (21h) com (24): , . -
dos dentro de um certo dominio, as expressoes- R n áo podem ser vin-

227
226
culadas nunca, em qualquer que seja o domínio (A). Assim re
aparentemente este "domínio de vinc~lay~o'~ ~ o mes-
vemos (17') como (17") , para me
. lui . , esere~
uir agora as expressoes-R: • mo que conta para a anáfora, dada a dlstn~UlyaO com-
plementar que existe entre pronomes e anaforas.
(17") a. A s anatoras
'4" d evem ser vinculadas em um certo domí .
de vínculaeño, nlO
Expressño-R
b. Os pronomes nao podem ser vinculados em um nao precisa de antecedente, porque tem autonomia
,.
d ornmro d e vincu
. l acao.
- certo •
referencial;
se houver antecedente, ele nao pode e-comandar a ex-
c. As expressñes-R nao podem ser vinculadas. •
pressáo-R em nenhum domínio.
Vamos entáo enunciar os princípios que regem a distribuícg¿ d
~. d DP . . y esses Chegamos assim ao ponto de apres~~t~r os princípios da T:,o-
tres tipos e s e, mais Importante ainda, vamos formular com
cisáo o que quer dizer "domínio de vinculacño". pre- ria da Vinculayao, que enunciam as possibilidades que os DPs tem
de serem co-referentes. Sáo eles:

3. Principios de Vinculac;ao
(27) PRINCÍPIOS DE VINCULAC;AO

.Aca?amos de examinar os tres tipos de DPs que as línguas A: urna anáfora tem que estar vinculada em seu domínio de
natural s exibem, Cada um deles pode ou nao aparecer em certas es- vinculacáo;
truturas sintáticas em relacñes de co-refcréncia. Vamos sumarizar as B: um pronome tem que estar livre em seu domínio de
propriedades principais de cada um desses elementos: vinculacáo;
C: urna expressáo-R tem que estar livre.
Anáfora
• deve ter um antecedente, isto é, um elemento com o "Estar vinculada" quer dizer ser e-comandada por um elemento que
mesmo índice; porte o mesmo Índice referencial; e "estar livre" quer dizer nao estar
• este antecedente deve e-comandar a anáfora' , vinculado, isto é , nao ser e-comandado por um elemento que porte
. ,. o
• este antecedente de ve estar dentro de um certo domí- mesmo Índice referencial.' Observe que a formulacáo do Principio
nio, chamado "domínio de vinculacño", que parece de- B é feita por negacáo: enuncia que o pronome nao pode estar vincu-
pender da presenca de um sujeito e de mais alguma lado no seu domínio de vinculacáo.
coisa para ser corretamente definido.

Pronome
• pode ter um antecedente, mas nao é necessária a pre-
senca de um; 1 Notemos ainda que 'estar vinculado' é uma condicáo dupla, por assim dizer: ,o e.le-
• se houver antecedente, ele nao pode e-comandar o pro-
mento deve ser e-comandado por algum DP e além disso deve portar o m~smo índice
que este DP. Portanto, para estar livre, basta que o elemento d:sres~elte uma das
nome dentro de um certo domínio, mas pode e-co- condivoes: se há um DP com o mesmo índice que ele na construcao, nao pode haver
mandá-Io fora deste dominio: , c-comando' ou se um certo DP o e-comanda, este DP nao de ve portar o mesmo
índice refe:encial.

228
229
Vamos agora para a definicáo de "domínio de vinculac;ao".
*[0 Joáo e o Pedro]. disseram que [um no outroJ; atiraram.
(29) . .
(28) DOMÍNIO DE VINCULA<;ÁO ., mos a cláusula (i) , a anáfora estaría autonzada a Ir
SÓ tIvesse
ora, se t nca matriz o seu antecedente, posto que a sentenca
SC ar na sen e y disti d
o domínio de vínculacao de a é o XP mínimo que contém bU . contena. o XP mínimo em que há um sujeito istmto
..
..
'C"
a anarora
o regente de a e u, matrIZnao _ a con téem. Se isso fosse possível, .. (29) devena ser gramati- ,d
(i) um sujeito que é distinto de a e que nao contém u; ou e que
l ontranam . ente aos fatos .,Assim precisamos garantir que _ e en-
(ii) a flexáo que atribui Caso Nominativo para a. ea , e rópria sentenca encaixada, urna sentenca com flexao capaz
rro da. p . N . tivo que a anáfora deve buscar seu antecedente.
d atnbUlr omma , . -, f
Relembremos que o regente de a deve ser um núcleo lexical ou a el' sula (i) nao pode ser satisfeita em (29), entao a ana ora
Como a c au . C" • t d
flexáo 1e que ele deve m-comandar a, o que quer dizer que a pode deve avengu . ar primeiro se a cláusula (ii) pode ser sansteita an es e,
estar em seu especificador ou na posicáo de seu complemento _ ou . buscar na sentenca matriz o seu antecedente. E. como
po d er Ir . este e
filhos ou netos etc do complemento.4 um caso em qu e há flexáo capaz de atribuir Caso. Nominativo para if a
Esta definicáo com duas cláusulas disjuntivas - observe o "ou" anarora,
, C" entáo é neste XP mínimo (a oracáo encaixada) que a ana ora
em (i) - deve ser entendida da seguinte forma: para estabelecer o deve ser vinculada. . . .
domínio de vinculacñn de qualquer DP a, devemos buscar o primei- Observe que nos casos gramaticais que exammamos - o caso
ro XP que contenha a, seu regente e um sujeito distinto de a; se o do verbo ECM em (12a), da SC em (l3c) e do DP em (1~a) -, a parte
sujeito nao é distinto de a, entáo devemos aplicar a cláusula (ii) para (ii) de nossa definicáo nao tem nenhuma imp~icayao, pOIS e~tes con-
ver se está presente um 1 capaz de atribuir Nominativo. Se a segunda textos sintáticos se caracterizam pela ausencia de urna flexao capaz
cláusula também nao é satisfeita, devemos buscar o próximo XP e de atribuir Caso Nominativo: o DP que é argumento externo do ve:-
repetir o procedimento. bo encaixado é marcado por Acusativo, atribuído pelo verbo matnz
Deve ser claro por que é necessária na definicáo de "domínio que o rege. E, já que nao há um sujeito diferente da. própri~ anáfora
de vinculayao" a linha (ii): exatamente para resolver o problema das no XP mínimo que a contém, a anáfora estará autonzad~ a Ir buscar
anáforas em posicáo de sujeito em sentencas finitas, exemplificado seu antecedente num domínio maior, o da sentenca matnz. Mas, nos
em (15b), aqui repetido como (29): casos agramaticais (12b), (13b) e (14b), a presenca de um sujeito ~o
XP mínimo nao autoriza a anáfora a procurar um antecedente alem
doXP.
A Teoria da Vinculacáo, portanto, consegue explicar as pos-
sibilidades de co-referéncia de anáforas, de pronomes e de expres-
soes-R. Dado que esses parecem ser os únicos DPs lexicalmen.te re-
4 Nao é demais trazer a definicáo formal de regencia que demos no capítulo passado:
(i) a rege /3 se e somente se: alizados com propriedades referenciais que as línguas natural s ~~-
(a) a = XO (ou seja, a é urn núcleo lexical N, A, V, P ou a é o núcleo nhecem, podemos tentar derivá-Ios da cornbinacáo dos trayo~ ~asl-
funcional I); cos [+/-pronominal], decorrente do Princípio B, e [+/-anafonco],
(b) a m-comanda /3 e /3 nao está protegido de a por uma barreira (= urna decorrente do Princípio A:
projeyao máxima).
M~comando se define como: a m-comanda /3 se e somente se a nao do-
mina /3 e cada projecár, máxima y que domina a também domina /3.

230
231
(30) O Joao beijou [a Maria]
c. O Joáo acha [[a María] inteligente]
d.
TIPOLOGIA DOS DPS LEXICAIS
a. [+anafórico, - pronominal] Recíprocos e reflexivos e. O Ioáo deu o disco para [as meni.nas] .
b. [-anafórico, +pronominal] Pronomes (pessoais) - f. Eu comprei o livro para [[as n:emnas/m1m] ler]
c. [-anafórico, - pronominal] Nomes (próprios ou comum) =Ela comprou o livro para [ SI ler ]
* --<- g.
[+anafórico, +pronominal]
d.
- Vamos examinar cada uma de stas situayoes para mostra.r que,
e há atribuiyao de Caso para o DP, qualquer que seja ele,
Por qu~ a comb~n~yao em (30d) é impossível? Note que, se um ele-
sempre qfiu cáo é igualmente um domínio de vinculayao. Comeyan-
mento. e [+anafonco], ele, .deve respeitar o Princípio A ' isto e',eve
d sta con igurac .' - 1 d
e (31 a b), se o DP recebe Caso Nominanvo. entao e e e,!e es-
ser v~nculado no seu dom~mo de ~inc,ul.ayao; por outro lado, se é [+pro-
do por S c' IP e assim tem um domínio de vinculacáo, pela clausula
nomInal],. ele deve respe1~a~o Pn~c1pIO B, o que equivale a dizer que tar em pe . . T -

deve ser livre no seu dOmInIO de vinculacáo. Ternos aqui urna contra- (ii) da definiyao em (28): esta é a situayao dos sujeitos o Joao e os
dicáo: um elemento deve ser vinculado e livre no mesmo domínio e m~~~' . d
.' ' Se, por outro lado, o DP recebe Caso Acusatrvo. te~o~ uas
por lSSOa nossa teona nos faz prever que nao existe um DP deste
tipo. Ou, por outra, se um tal DP existe, a teoria nos faz prever que situayoes para examinar. Na pri~eir~, e.m (31c), o DP a,Mana e com-
ele nao tem domínio de vinculacáo para nao ter que atender simulta- plemento do verbo. Por isso, val existir um XP, que e o V~, que a~
mesmo tempo contém a Maria, contém o regente de a Man,a (qu~ e
neamente as duas exigencias conflitantes em (30d).
Mas qual seria a impl icacáo de "nao ter domínio de o próprio verbo) e contém um sujeito distinto desse DP que e o,Joao.
Assim o nosso DP terá um domínio de vinculacáo quando ele e com-
vinculacáo"? E por que estamos dizendo que DPs lexicalmente reali-
zados devem ter seu domínio de vinculacáo, razáo do asterisco em
pleme~to de v: Na segunda, em (31d), estamos lidando con:, o DP a
Maria, que é o sujeito da SC complemento do V. Es~e DP nao rec~-
(30d)? A segunda pergunta é respondida logo abaixo; a primeira, na
nhece a SC onde se encontra, como um XP que satisfaca as condi-
próxima secáo, quando tratarmos das categorias vazias.
cñes de dominio de vínculacáo, porque o sujeito da SC nao é distinto
Vamos chamar a sua atencáo aqui para as conseqüéncias (e
beneficios) de urna teoria modular como a nossa. De toda a discussáo dele mesmo; portanto, ele tem que procurar um XP mais acim~. O XP
mais acima é o VP encabeyado pelo verbo matriz que obvIamente
do Capítulo IV, sabemos que DPs lexicalmente realizados tém que
contém o próprio verbo achar que rege a Maria e contém o DP o
receber Caso. Já sabemos também que nao sáo muitas as configura-
cñes em que Caso pode ser atribuído: ou o DP recebe Caso Nominativo Joiio, que é um sujeito distinto de a Maria.
Em (31e,f), existem duas situayoes distintas e~volv:ndo os
da flexáo com traeos pessoais (finita ou nao), como em (31 a,b) abai-
PPs. Na situacáo exemplificada em (31e), o DP as memnas nao reco-
xo; ou recebe Caso Acusativo do verbo (estando na posicáo de corn-
nhece o PP (que é um complemento do verbo dar) como o XP que
plem~nto, (31c) ou, nos casos de verbos ECM, na posicáo de
constitui o domínio de vinculacáo, pois o PP, embora contenha ,as
especlficador do complemento, (31d» ou, como última possibilida-
meninas e o regente de as meninas, que é a preposicáo, nao contem
de, recebe Caso Oblíquo da preposicáo, nas mesmas configuracócs
em que o Caso Acusativo é atribuído, como se ve em (31 e.f):
s Note que estamos falando de um verbo transitivo. Se se trata de um verbo inacusativ_o,
certamente o VP nao vai contar como domínio de vínculacáo, poi s este s verbos na,o
(31) a. [O Joáo] saiu tem argumento externo. Neste caso, o domínio relevante vai ser encontrado no pro-
b. o Joáo adorou [[os meninos] viajarem de aviáo] ximo XP, que é o IP.

233
232
_ . nánimes na aceitacáo imediata de
lantes nao seJam u
. da que os f a
r '
um DP que possa funcionar como sujeito, nem flexáo que atribua fundamentalmente posslVels em
Nominativo (embora a própria preposicáo atribua Caso Oblíquo). Por Al;as estas sen~e~c;as'Qela~~:r~~:usao que podemos tirar daqui? A
isso, a procura passa para o dominio superior, o VP, que vai conter o tO tUgues brastleuo. ua P" 'os A e B que a complemen-
é
por 1 volvendo os nnclpl , .' rÓ»

DP sujeito. ·..•.•
eira de as, en . C' e prono mes nao e a históna
fl 1l' istrib
P .dade de distn urcao eu . - o entre anatoras
Em (31 f), por outro lado, poderíamos pensar que estamos fren- em contextos sintáticos que
tafl . arece funcwnar mesmo . ,
te a urna situacáo semelhante a de (31d), só que aqui lidando coro completa e SO?, sentenc;as finitas ou infimtlVas, SCs ~ ~Ps.
urna preposicáo (nao com um verbo) ECM: o InfP encaixado no PP é
tenham um sUJelto -
. turna conc usao
1 - adl'cional que podemos utilizar, esta
t
o menor XP onde se encontram as meninas (ou mim) e o seu regente Mas eX1Se . [hilid de de (30d) e reforc;ar o nosso pon o
- o próprio infinitivo -, mas este nao é um dominio em que exista urn b ar a rmpossi 1 1 a . ibi d
para corro _or '. (32) ternos sentenc;as gramaticais ext 1~ o ou
sujeito diferente de as meninas (ou mim) e, dado que a sentenc;a em discussao aqUl. em, da que seja as duas corsas ao
r C' um pronome, mas na .
infinitiva é do tipo infinitivo impessoal, também nao há flexáo capaz uma anal ora ou t tar aquí neste estudo explicar por que
Nao vamos en
de atribuir Nominativo neste domínio, exatamente como quando lida- mesmo tempo: . . .r fora seja o pronome no mesmo
mos com SCs. No entanto, aqui o próximo XP seria o PP, onde os PPs nos. de.l~arr: utül~~:t~;~~;n;urio~o, pode procurar as indica-
tampouco há um sujeito diferente de as meninas ou flexáo capaz de contexto síntático; se o di 1 Por agora basta frizarmos
- d b 'bliografia a lcwna . ,
atribuir Nominativo, o que nos autorizaria a ir buscar um XP superior C;oesna seC;ao ~e.l u' eito dentro do PP, a anáfora pode ir buscar
a ele. O problema sério que enfrentamos aqui é que este PP é um que , dada a ausenCia do s J
VP (ou IP) que con e
t 'm esse PP e assim nova-
, ,
adjunto, nao um complemento, e portanto nao é possível recorrer ao o seu antecedente no d C Obll'quo deve ter um dorni-
DP . receben o aso, .
VP matriz como 'próximo XP', porque o PP nao estará incluído no mente o nosso ,aq~1 d todo sej a nos exemplos (a), seja
. d . 1 áo Dito e ou ro m , ,
VP, apenas contido nele. Observe que (31g), com a anáfora na posi- nio e vmcu ac . ligar da frase se forma o dorni-
cáo de sujeito encaixado, é completamente impossível, mas a senten- nos exemplos (b) de (32), em ,a ~um u recebem Caso Oblíquo.
ea com o prono me na mesma posicáo é perfeita, o que sugere forte- nio de vinculaC;ao destes nomlma~s qlue te realizado deve ter Caso e
t do DP exica men
mente que nao é possível satisfazer as condicñes pertinentes para a Portanto, se o d'b . - de Caso acaba por for-
fi ñes e atn uicao
vinculacáo da anáfora neste contexto, mas é perfeitamente possível
satisfazer as exigencias do pronome. Para o que nos interessa aqui,
no entanto, isto basta: existe um domínio de vinculacáo neste contex-
mar um dominio =
se qualquer ~a~ con l~urac; _ 'fatal de todo DP com Caso tenha
vmcu~c;a~ ed d
um domínio de vmculaC;ao .. ' 1a a a 1 sao de que todos os DPs
definiC;ao de domínio de

to sintático. vinculacáo em (28) , e" m escapave _ a _conc u.


. . d inculacáo sao regidos.
Os PPs, que, como estamos assumindo, nao térn sujeito, colo- que tém um dommw e_v DPs vazios sáo categorias
N róxima seC;aoveremos que o
cam de qualquer modo urna questáo bastante intrigante para a teoría . a P'd os DPs lexicalmente realizados que acabamos
mesmo em frases simples, sejam eles complementos ou adjuntos ver- muito parecl as com _
de examinar, com urna fabulosa excecao.
bais, porque a distribuicáo de anáforas e pronomes dentro deles é
bastante particular, como podemos conferir nos exemplos em (32):

(32) a. O Joáo comprou um carro para si., 4. A Tipologia das Categorias Vazias
b. O Joáo comprou um carro para ele¡. Até qui tratamos da distribuicáo de DPs com matriz fonéti-
e. a, dividem em tres classes, cada urna com
c. O Joáo. falou de si.. ea, conclumdo que eles se f t C'eno~menoda vinculacáo.
I I
.
su as propneda d es par ti1culares ren e ao 1
d. O Joáo. falou dele ..
I ,

235
234
IP
Podemos nos perguntar agora se os DPs sem matriz fonética t b' (33) a'.
podem ser classificados da mesma maneira. am ern ~
DP l'
Para cornecar a nossa discussáo, precisamos mostrar o Joiio. .r:">:
rnos diferentes ti
iferentes tipos -' reahzados foneticamente
de DPs nao que. te-
. Exarnlne J
1 VP2
mos os exemplos em (33): -
parecek I
V'
(33) a. O Joáo parece ee¡ amar a Maria. .r>:
b. A María, disse que ee¡ viajou. V InfP
c. Quem que a Maria disse que o Pedro beijou ec.' na fest a.? .«>:
d. Eu quero ee comer camaráo. DP Inf
t
j
.r>:
O primeiro pon~o a ser disc~~ido é que ee é urna entidade necessária Inf VP¡
na estrutura, pois, do contrano, poderia parecer que a postulacáo d
amar. I ~
ees fosse um procedimento arbitrário. Assim, as ees sáo postulada: DP V'
em cada urna das sentencas de (33) porque a sua inexistencia levari
t. ~
a vio~ayao de al.gum princípio da gramática. Um dos princípios qu: J V DP
est.a~l~ sendo violado se nao fossem postuladas as ees de (33) é o ti a María
Cnteno 8: cada verbo encaixado tem um papel 8 que nao teria como
ser descarregado se nao existisse um argumento para recebé-Io. Tal
Concentrando nossa atencáo no vestígio t, observamos que esta ee
argumento é exatamente a ee postulada. Como conseqüéncia da vio-
tém propriedades que lembram as da anáfora: ela é referencialmente
lacáo d? Critério 8 teríamos urna violacáo do Principio de Projecáo
dependente, tendo obrigatoriamente um antecedente, que está na po-
no sentido de que vai existir alguma categoria que nao vai ser bem
sicáo
y,'
A Spec IP O antecedente o Joiio,J c-comanda t., J
já• que

lJ é do-
,
~or~ad: e~ algum nível de projecáo. E, em (33b) pelo menos, a minado por I', irmáo de o Joiio, E, por fim, o IP se constituí no domi-
l~exl~~encla da ee levaria a violacáo do Princípio de Projecáo Esten- nio de vinculacáo, pois é o XP mínimo que contém um sujeito (o
dido ja que a sentenca encaixada ficaria sem sujeito. Joiio) ou urna flexáo capaz de atribuir Nominativo: veja que o domí-
Tendo mostrado que as ees nao sáo postuladas arbitrariamen-
nio de vinculacáo nao pode ser o VP l' nem o InfP, nem o VP 2' já que
~e, vamos mostrar que as que equivalem a DPs se deixam classificar
nenhum sujeito (ou flexáo) se apresenta em nenhum deles."
: luz da !eoria d.a Vinculacáo. Comecando por (33a), ternos urna Os contextos que envolvem verbos inacusativos, como (34b),
strutura inacusativa, em que o DP o Joiio se move da sua posicáo de e voz passiva, como (34a), fornecem ainda urna conñguracáo que
base (de argumento externo do verbo amar) para o Spec IP da sen- ressalta as propriedades de anáfora de urna ee, como podemos obser-
ten?a matriz a fim de obter Caso. A representacáo de (33a) em SS
var comparando estas duas sentencas com (34c):
sena como (33a'):
6No limite , a diferencay entre o DP o JOQo.J e o DP t.J pode ser trar;ada, quando
¡.'
se

considera a cláusula (i) de (28), a partir do fato de um ser nulo e o outro ser lone~l-
camente realizado ou de um ter Caso Nominativo e o outro nao, na representacao
que resulta do movimente; quando se considera a cláusula (ii) de (28), ternos lá a
flexao que atribui Caso Nominativo.

237
236
(34) a. A María, foi beijada ec¡ (pelo Joáo). a. pro Parece que a Maria chegou.
b. A María, sumiu ec¡. b. pro Choveu.
c. A Maria, feriu a si (mesma), I
nto em línguas como ingles ou francés, é obrigatória a pre-
o enta urn, pronome com matriz C'lonetlca,
,.
como em (37) :
seOya ed
Em (34c), ternos na posicáo de objeto do verbo ferir a a 'e
./ ) . _ d .. natora a a. It seems that Mary arrived.
Si_Imesma e na pOSIyaO e sujeito o seu antecedente . A mesma sltua .
(37) 'expl parece que a Maria chegou'
cao se repete em (34a) e (34b), exceto pelo fato de termos . --
bi na POSIyao
dC'.e o Jeto urna ee. Se, no fim _ da história, um DP anafórico vazlO. e um b. It rained.
. ...
foneticamente realizado estao em distribuicáo comple t . 'expl choveu'
_ • • y men ar - veJa
queíbnao . podemos substituir as ees por anáfora s lexicais - d evemos Já vimos, no Capítulo III, ,que o verbo ?~recer nao ~ele.ciona argum~n:o
atn
. uir
, este . comportamento
. a razñes independentes da que 1as rela-
externo e portanto nao ha papel temático para atribuir para a pOSIyaO
tivas a Teona . da Vinculacáo ,. tal como· um DP realizad o C'toneticg; •
Spec VP, que nao será nem mesmo projetada. Somos portanto
mente precisa receber Caso. Assim, nao parece descabido identificar
obrigados a concluir que pro em (36a), do mesmo modo qu.e o
a ee resultante, . do movimento
. ~ de DPs como anáfora . Cha mamos esta
pronome lexicalmente realizado it em (37a), só pode ser u~ expletlv~,
ee de vestígto (t, do inglés trace, conforme já apontamos anterior-
isto é, nao pode jamais ter papel 8. Podemos avancar mais e concluir
mente). que tanto pro quanto it estáo inseridos nestas construcócs para
_ Por.seu turno, a ee em (33b) leva todo o jeito de pronome: satisfazer o Princípio de Projecñc Estendido que, como o leitor deve
nao
S necessíta
. de antecedente, ainda que possa ter um ' que é a Marza. .
lembrar, garante que toda sentenca tem sujeito.
e existe um antecedente na estrutura, ele nao pode e-comandar a ee Raciocínio semelhante pode ser estendido para a ee em (36b):
esta~d? dentr.o de seu domínio de vinculacáo. Note que em (33b) o os verbos metereológicos nao selecionam nenhum argumento e sua
dom,:lllo de vmcul~ya~ da ee se completa no IP encaixado que tem a posicáo de argumento externo nao será projetada. Portanto, a inser-
flexao capaz de atribuir Caso Nominativo e que o antecedente a Ma- cño de um pronome foneticamente realizado, como em (3 7b), ou va-
= está fora deste domínio. Também está fora do domínio de zio, como em (36b), deve-se a satísfacao do Princípio de Projecáo
vinculacáo o antecedente a Maria em (35) já que este DP nao perten-
Estendido e jamais tem valor referencial.
ce ao IP que se fecha no pronome eu. Chamamos a sua atencáo ainda para duas propriedades inte-
ressantes dos pronomes nulos; a comparacéc entre (36) e (37) sugere
(35) A Maria¡, eu encontrei ee¡ no cinema ontem. que a existencia de um pronome nulo nas línguas naturais é urna
questáo paramétrica: existem línguas que admitem pronomes nao lexi-
Em (33b) e (35), o pronome ela no lugar da ee forneceria os mesmos calmente realizados, existem línguas que nao os admitem. Na verda-
resultados com respeito a gramaticalidade das estruturas. Entáo pa- de, a gama de variacáo entre as línguas é maior: existem línguas que
'1 pensar que ternos a versáo sem matriz fonética de' um
rece razoave admitem pro seja com interpretayao expletiva, seja com interpreta-
verdadeiro pronome, com propriedades de distribuicáo muito seme- yao definida, como o italiano; mas existem línguas que aceitam (ou
lhantes. Chamaremos es se elemento de pro (leia-se prozinho). ainda exigem!) este tipo de pro expletivo, mas nem sempre admitem
Observe que esse tipo de ee pronominal aparece em outros pro corn interpretacáo definida - este parece ser o caso do PB atual,
contexto s sin
. tááticos,
. contextos que, no PB, nao admitem a presence como alguns estudos recentes tentam mostrar.
de um pronome lexicalmente realizado, como vemos em (36):

239
238
o segundo fato interessante com respeito a pro é que el
A Maria¡, a Ana disse que o Pedro beijou a idiota¡
rece principalmente na posicáo sujeito de sentencas corn 1 e apa_ (39)
.
(fimrto . fi .. ) pessoaI
ou m rmtivo , com o qual concorda e assim podem id
ssumir que o DP a María esteja em urna posicáo de adjuncáo
' os 1 enf
ficar o seu conteúdo através dos traeos de pessoa e número p 1- Vamos a osirao A-barra como todas as posicoes . - d e a d·juncao.
- T e-
resentes IP, urna P y
em 1. Parece, entretanto, que pro nao está limitado a este e a
•. • •
. urna evidencia adicional para afirmar que a Teona da

. ,. . . ontexto OS aquI
smtático: muitos estudiosos do PB afirmam que a ec que ap m. la ño é urna teoria sobre a vinculacáo de DPs que se encon-
. - ... arece ern
pOS19ao objeto bastante frequentemente na nossa língua deve Vmcu yantecedente e o vinculado, em posicoes . - A ,urna a fiirmacao
-
. s~p~
dadas as suas propnedades pronominais. Observe os exern l ' rram. o , h - t
mos no início do capítulo mas sem nen urna razao aparen e
(38): p os em que fiIze .
ela naquele momento. Aquijá podemos entender por que as COI-
para d . 1 - t
sas sáo assim. Portanto, quando fala~os e vmcu aya?, es amos sem-
(38) a. A Maria viu ec na televisáo ontem. pre falando de vinculayao-~ e, por ~sso, podemos dizer que. a ec de
b. Para quem que o Joáo comprou ec ? (33c) e urna expressáo-R tem pro~n~d~des comun~ que denvam do
c. Que a IBM venda ec a particulares me espanta. fato de elas serem imunes aos principios A e B. A ec presente em

Para o leitor interessado nestas questñes, a secáo de bibliografia adi-


(33c) chamamos de variável (vbl, do ingles ==». . r

Finalmente, observemos a ec de (33d). Como VImos, o Cnte-


cional fornece várias indicacóes, rio 8 nos obriga a postular urna ec antes de comer, já que o verbo
Voltemos aos exemplos de (33). Concentremos nossa atencáo comer tem dois papéis 8 para atribuir: um deles é atribuído ao argu-
na ec de (33c): essa ec parece ter as propriedades de distribuiyao das mento interno camariio e o outro a ec na posicáo de argumento ex-
e.xpressoes- R. Ela nao pode ser uma anáfora porque, se fosse, deve- terno de comer. Ao considerarmos a interpretacáo referencial desta
na estar vinculada a o Pedro, sujeito da sentenca encaixada. Tam- categoria, vemos que ela só pode ser co-referencial com eu: isto é,
b~m nao pode ser um pronome porque, se fosse, deveria poder ser por ser referencialmente dependente, a ec de (33d) tem propriedades
vinculada a a Maria, sujeito da sentenca matriz. Na verdade, a ec em de anáfora. Entretanto, esta ec nao pode ser totalmente identificada
(33c) só pode ser vinculada por quemo Note, entretanto, que está des- com o vestígio de (33a). Por isso, a ela é atribuído um nome diferente
cartada a possibilidade de uma expressáo-R ser vinculada por quemo - PRO (leia-se prozáo) - e a relacáo de co-referéncia entre ele e o
Será que, apesar disto, podemos afirmar que a ec de (33c) e urna antecedente o nome de controle. Assim, o exemplo em (33d) ilustra
e~pressao-R tém propriedades semelhantes no que diz respeito a um caso de PRO obrigatoriamente controlado.
vmculayao? A resposta é positiva se observamos que quem se en- Para entender as diferencas entre t e PRO, vamos partir da
contr~ .numa posicáo A-barra e que os traeos [pronominal] e comparayao entre (33a) e (33d) para observar que:
[anafonco] se aplicam somente quando os antecedentes estáo em
posicáo A, por forca da nocáo de Domínio de Vinculacáo. Estas ob- • t ocorre em urna estrutura em que o verbo matriz é inacusativo
servayoes, entáo, valem tanto para urna expressáo-R quanto para urna e PRO em urna em que o verbo matriz é transitivo. A
ec como a de (33c). conseqüencia imediata disso é que o sujeito de parecer em
Observe que é também o mesmo que se verifica em (39) onde (33a) nao é seu argumento externo, enquanto o sujeito de que-
temo s a l·d·· '
iota que presumimos ser urna expressáo-R, Se o antece- rer o é;
dente da expressao-R estiver em urna posicáo A-barra nenhum efei- • por nao ser argumento de parecer, o antecedente de t nao tem
to de Principio C é observado: ' papel 8 independente, enquanto o antecedente de PRO o tem;
• se o sujeito de parecer nao é seu argumento, entáo ele é argu-

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tit .r a ee de (33d) ou de (40) por DPs lexicalmente rea-
mento do verbo amar e foi movido para Spec IP deixando urn os SU b s 1 Ul . . d d (41)·
deJ1l1 ~iaria e ela atestado pela a agramatlcahda e e .
t na posicáo de origem; por outro lado, se o sujeito de querer tizados comO a lV1' ,

é o argumento externo dele, entáo o PRO nao pode ser resul_


tado de movimento. *Eu quero a Maria comer camaráo. ,
(41) ~.. *Eu me pergunto como ela enriquecer neste país.
Digamos, por agora, que estas distincñes sejam suficientes para dis-
tinguir PRO de t, apesar de as duas ees terem propriedades de anáfora. C é atribuído por 1 (pessoal), V ou P sob regencia, tem~s
Além dos contextos de controle obrigatório, existem outros Como . ~so e nenhum daqueles núcleos atribui Caso para a Mana
de admItIr qu ibuid
(41) Em (41 b) o único candidato a atn Ul or e aso
d C
em que a ee, que pode ser identificada como PRO, nao é obrigatori- u ela em v+o- , . 1 ,. 1
amente controlada." Tal tipo de contexto se verifica em (40), por o la é ·nfinitivo mas isto nao se efetiva porque e e e impessoa .
ara e a e o 1 , . fi .. .
exemplo: ~m (41a) existem dois candidatos, o verbo querer e o m mltlv~. o
. ti iti e' descartado pelas mesmas razóes alegadas
m ini lVO -
para (41 b), e o
(40) Eu me pergunto como [ee enriquecer neste país] verbo querer também deve ser descartado porque nao temos uma ~en-
41a) com o DP claramente marcado com Acusativo,
tenca corre 1at a de ( . d
Neste caso, dizemos que a interpretacáo é arbitrária, e a sentenca ') onde usamos a a forma explícitamente acusativa o
como em (41 a, '
pode ser grosseiramente parafraseada por alguma coisa do tipo: eu pronome pessoal:
me pergunto como qualquer um pode enriquecer neste país. Agora,
estamos frente a um fenómeno que se parece muito com o que se (41) a'. *Eu a quero comer camaráo.
passa com os pronomes, já que a ee nao tem antecedente na senten-
ya. Imediatamente, nos ocorre que a ee deveria ser um pro. Mas, Se efetivamente nao há Caso para os DPs sujeito da sentenca infinitiva
assim como a ee em (33d) nao é um t, a de (40) também nao se deixa impessoal, a agramaticalidade de (41) é esperada.
analisar como um pro, já que, para dizer o mínimo, esta ee nao se O diagnóstico para a falta de Caso de t pode ser mo~ta~o em
deixa substituir por um pronome, como vemos em (41 b), logo abai- bases diferentes já que, se mantemos a mesma tá~i~a de sub,stltUlr a ee
xo. Vemos, assim, que o contexto de infinitivo impessoal é diferente por um DP lexical, vamos criar um problema adicional: alem da falta
daquele de flexáo pessoal de (33b) que abriga um pro. Em suma, de Caso do DP lexical inserido em (33a"), o sujeito do verbo parecer
estamos di ante de urna ee que sintetiza um paradoxo: tem traeos de fica sem papel 8.
anáfora, mas nao é um t; tem traeos de pronome, mas nao é um pro.
Para desfazermos o paradoxo, vamos ter que tecer algumas conside- (33) a. O Joáo parece t amar a Maria
racñes adicionais. a". *0 Joáo parece o Pedro amar a Maria.
Urna característica bastante notável do PRO e de t é que es-
sas ees nao podem ocorrer numa posicáo marcada por Caso. O diag- A posicño de t nao é marcada por Caso porque, em primeiro lugar, o
nóstico desta impossibilidade para PRO é dado pelo fato de nao po- infinitivo impessoal que o segue nao é um mar~ador de. Caso. Em
segundo lugar, porque o verbo que o antecede é macusat1v~.
7 Como o portugués dispñe de urna forma infinitiva que é flexionada em pessoa e Esta diferenca de diagnóstico permite refinar as díferencas
número, encontramos problemas para mostrar que a ec que nao é obrigatoriamente apontadas acima entre t e PRO de forma a fazer com que elas de~em-
c~ntrolada em (i) seja um PRO e nao um pro:
(1) a. Agrada Cristina ee cantar no coro.
boquem nas diferencas entre as duas ees do ponto vista da Teon~ ~a
b. ee Termos participado com coro foi agradável. Vinculac;ao: sempre podemos alegar para t, em (33a), que a posicao

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ee regida pelo verbo matriz parecer porque este verbo inacusativo
é é

.bUIid de Caso re gen d o um DP , vai existir um XP , que contém


um verbo que pode reger o argumento externo de seu complement~
atfl or t e um sujeito distinto dele e nao contido nele (ou,
sem lhe atribuir Acusativo; em oposicáo, nunca poderíamos alegar Dp o regen e . . d fl _
este ~ DP está recebendo Caso Nominativo a exao
para PRO, em (33d), que a posicáo ee fosse regida pelo verbo matriz alternatlvan:ente, 0_ ) Assim se existe alguma possibilidade de um
querer porque este verbo transitivo e, se regesse o argumento ex-
é
soa 1 fimta ou nao . , _
pes , d
or nao ter orrnrn "0 de vinculacáo , ela só existe para DPs que nao
terno de seu complemento, entáo fatalmente lhe atribuiria Acusativo
urna propriedade que, já vimos, lexicalmente marcada. Assirn, a di~
é
bem Caso.
rece e ois desta extensa discussáo, podemos apresentar um qua-
ferenca entre t e PRO, refinada para os propósitos da Teoria da
Vinculacáo que t regido e que PRO nao regido.
é é é
o~ aPtipologia das ees, a sernelhanca do que ap~esentamos em
dro
(30) e, con ten d o a tipologia dos DPs lexicalmente realizados:
O fato de PRO nao ser regido permite resolver o paradoxo
,.-
que esta ee encerra. O que ternos em máos, entáo? Ternos em maos TIPOLOGIA DAS ECS
urna ee que ao mesmo tempo [+anafórica] e [+pronominal]. Mas se
é

a. [+anafórico, - pronominal] t
existe a combinacáo [+anafórico, +pronominal] para as ees, temos
também um problema com a Teoria da Vinculacáo. Lembre-se que b. [-anafórico, +pronominal] pro
excluímos (30d) dizendo que esta combinacáo era impossível porque c. [-anafórico, - pronominal] vbl
teríamos um elemento que, sendo [+anafórico], deveria ser vinculado [+anafórico, +pronominal] PRO
d.
no seu domínio de vinculacño, mas, sendo [+pronominal], deveria ser
livre neste mesmo domínio. A única maneira de sair da contradic;:ao
ficou conhecida como Teoremas de PRO, enunciado em (42): No próximo capítulo, discutiremos com m~is detalhe as ees de
(43a) e (43c), geradas por movimento e que partI~?an: o traco [-p:~-
(42) TEOREMA DE PRO nominal]. Veremos que, para os vestígios e.as variaveis serem legiti-
mados, sobre eles pesa urna exigencia a mats do que pesa sobre as ees
PRO nao tem domínio de vinculacño com o traco [+pronominal]. Por agora, vamos a~enas ~ornecer um
resumo geral das propriedades de todas as categonas vazias que exa-
minamos nesta secáo:
O Teorema de PRO se constrói e se sustenta em cima do fato de PRO
nao ser regido: sem um regente, nunca vai ser constituído um domí-
nio de vinculacáo, dada a definicáo em (28). (44)

O leitor deve estar se perguntando agora por que urna ee pode PROPRIEDADES DAS ECS
nao ter domínio de vinculacáo, enquanto um DP lexicalmente realiza- EC CASO PAPEL e REFERENCIA
do tern que ter um. A resposta a esta questáo, como vimos no final da a. t - + antecedente A
sec;:ao 3, está ligada a Teoria do Caso: sempre que um DP recebe
b. pro e/expletivo + +/- nao precisa de antecedente
Caso, ele deve ser regido pelo seu atribuidor. E sempre que há um
c. vbl + + antecedente A-barra
d. PRO - + antecedente A ou arbitrária
8 O termo teorema é usado aqui, como na matemática, para captar que (42) é perfei-
tamente demonstrável ou deduzível de certas premissas e nao precisa ser postulado
como um axioma, termo que faz referencia as verdades nao-demonstráveis de urna Finalizando, juntamos no quadro (45) as propriedades ~uanto
teoria No caso do modelo corn que este livro lida, os princípios sáo formulados
como axiomas, a Teoria da Vinculacáo das ees e dos DPs lexicalmente realizados,
para possibilitar urna cornparacáo:
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(45) SOhre anáforas o leitor pode consultar Me~uzzi (1999). . .
5) Ha ain d a u ma boa discussáo sobre as propnedades pronorrunais e
6)
PROPRIEDADES QUANTO A TEORIA DA VINCULA<;Ao ,.
afoncas e
d PRO em Chomsky (1986a) - Knowledge oflanguage.
d f
PROPRIEDADES DP LEXICAIS an bé o leitor encontra urna discussáo sobre PPs a perspec iva
ECS Lá tam em. _
da Teoria da Vinculacáo.
[+anafórico, -pronominal] anáforas t
[-anafórico, +pronominal] pronomes pro
[-anafórico, -pronominal] expressñes- R vbl 6. Exercícios

[+anafórico, +pronominal] * PRO 1. Explique os julgamentos sobre a gramaticalidade das seguintes sen-
tenc;:as:

5. Bibliografia adicional (1) * O amigo de [Joáo]. se¡ feriu.


(2) [O amigo de Joáo]. se¡ f~riu.
A Teoria da Vinculacáo é um dos ponto s centrais de h~odelo (3) O amigo de [Joáo]. o¡ fenu.
que leva exatamente este nome: Regencia e Vinculacáo. Inúmeros (4) * [O amigo de Joáo]. o¡ feriu.
trabalhos podem ser consultados sobre este módulo, a cornecar pelos
livros introdutórios anteriormente citados e pela bibliografia lá con- 2. Observe as sentencas abaixo:
tida.
No entanto, aqui fizemos algumas simplificacóes, porque ado- (1) Ele. afirma que Euripedes. esteve aqui.
tamos parcialmente a definicáo de domínio de vinculacáo de Roberts (2) Eurlpedes. afirma que ele esteve aqui.
(1997), obra introdutória que o leitor pode consultar se o seu ingles (3) Euripedes¡ afirma que ele se¡ comoveu.
permite. Fizemos também algumas afirmacñes sobre as quais tal vez (4) Ele afirma que Euripedes se¡ comoveu.
o leitor possa querer se aprofundar:
Marque as sentencas agramaticais e mostre por que as co-indexacóes
1) Sportiche (2000) apresenta algumas evidencias de que possessivos
sáo (im)possíveis.
podem ser sujeito de DPs. Abney (1987) também traz argumentos
para isso; 3. Reconheca as categorias vazias anotadas nas seguintes sentencas:
2) Sobre as definicñes de vinculacáo, bem corno sua história, talvez
fosse o caso de consultar as obras do próprio Chomsky, especialmen-
(1) Maria desej a ec voar
te (1973) e (1980), esta última especificamente sobre Vinculacáo;
(2) Maria pode ec voar
3) Há também urna retrospectiva recente sobre o assunto, escrita por (3) Maria espera ec voar
Harbert, em um dos capítulos do livro editado por Webelhuth (1995); (4) Maria costuma ec voar
4) Sobre pro no PB, pode-se consultar o livro de Figueiredo Silva
(1996), o artigo de Duarte (1993) e também Galves (1993), bem como - do recon heci
Para sustentar sua argumentac;:ao ecrmen t o, a t en t e para: '.
as referencias que lá se encontram. Em relacáo a pro corno objeto no (i) o fato de que a natureza temática dos verbos da sentenca pnn-
PB, Cy .• o (1997), para urna visáo crítica, e Ferreira (2000) devem cipal determinam DSs diferentes para as sentencas;
ser c~msultados, assim corno bibliografia ali citada.
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(ii) formas diferentes de derivacáo das sentencas de DS para SS
implicam ees diferentes.

4. Identifique as categorias vazias das estruturas abaixo. Tendo em


mente propriedades das ees, explique como as identificou:

(1) ee Consta no processo que Euzina fugiu de casa.


(2) Quem que ee costuma ee chegar tarde?
(3) Eugénio obrigou Eulália a ee rezar.
(4) Quem Eudes ouviu ee gritar?
(5) Maria, ee consta que ee estava presente.

5. Por que as anáforas estáo exc1uídas da posicáo sujeito de senten-


cas matrizes? E por que também estáo excluídas da posicáo sujeito de
sentencas encaixadas com I finito ou infinitivo pessoal? Monte alguns
exemplos dessa impossibilidade e explique-a com base nas caracterís-
ticas das anáforas e no Princípio relevante da Teoria da Vinculacáo,

6. Para o funcionamento da Teoria da Vinculacáo, em particular, para


identificar o tipo de configuracáo em que se dá vinculacáo, utiliza-
mos a nocáo de e-comando - é vinculado o DP que é e-comandado
pelo antecedente. No entanto, para a definicáo de domínio de
vinculacáo devemos falar de regencia, e este conceito implica o uso
da nocáo de m-comando. Explique:

a. por que a nocáo de m-comando nao é adequada para definir as


condicñes em que um DP é vinculado? Utilize o exemplo em (i)
abaixo para a sua argumentacáo:

(i) * [O Joáo e o Pedro]¡ disseram que [um no outro]. se¡ atira-


ramo

b. por que a nocáo de e-comando nao é adequada para regencia?


Pense na questáo da atribuicáo de Caso, onde a definicáo de
regencia foi formulada.
c. por que a nocáo de m-comando também nao é adequada com
respeito ao Princípio C, em urna sentenca como (ii)?

(ii) A Maria. I se.1 adora.

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