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Editor:
Nelson Rolim de Moura
Capa:
Mauro Ferreira
Ficha Catalográfica
Elaborada pela Bibliotecária Beatriz Costa Ribeiro - CRB 14-001/99-PR
ISBN 85-7474-199-x
CDU 801.56(035)
Editora Insular
Rua Júlio Moura, 71
Florianópolis - 88020-150 - Santa Catarina - Brasil
Fone/fax: 0**482233428
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Filiada ti CCL - Cámara Catarinense do Livro e ao SNEL - Sindicato Nacional dos Editores de Livros
v
A Teoria da vínculacáo
1. Introduc;ao
215
)(pressao um P o outro (como um com o outro ou um no outro,
nominal que nao tem correlato n as categonas
realizadas. . nominais lexical • e p val e pela prepos icáo), que tom interpreta~lio recíproca.'
. . mente 011 de Urna última observayao: estaremos aquí falando da dístribuí-
Primeirarnente, no en tanto d AO de DPs que ocupam posi~oes argumentais. Dito de outro modo,
confusáo terminológica ro .' evemos desfazer urna poss:
certos termos que usar;~o mov.,da pela diferenca entre o sentid ivej ~ do o que diremos aqui deve se passar dentro do dominio
~(rgumental) de urna senten~a. As posi'i0es A-barra ficam, portanto,
mos termos. A GT reconhe~:~~i: ~ a~:~~ao da GT para estes ~e~~
melhor dito, os substantivos como ~ . normnais: os no mes (ou fora da discussao deste capítulo.
que substituem o nome em f; arta ou mesa) e os pronom '
ases como as em (2) e (3) abaixo: es
Se o antecedente da anáfora é o DP a miie de Pedro como em (6a), a áfora se por ser um clítico, deva se mover de
sentenca é gramatical; porém, se o antecedente é o DP o Pedro, Como Vamos supor que a an t d V para 1 a mesma posícao do verbo
. -ao d complemen o e, d
mostra a co-indexacáo em (6b), a sentenca é impossível: a anáfora se sua poslY e, discutiremos este comportamento estranho os
nao pode ser referencialmente dependente de o Pedro, isto é, a sen- (no próximo ca~ltulo" lui áfora se e também os pronomes corno
" s categona que mc U1 a an , '
tenca nao pode receber a interpretacáo de que a máe do Pedro adora chUCO , . d o VP sem material fonetlco.
ele, o Pedro. me ou a), delxan ~ d conferir aplicando a definicao (7) a (8), o
Observe que a nocáo de precedencia linear nao é adequada C_o~~ ;~~~oP:c~manda se em 1, porque 1 é filho do i;mao do
para descrever o que acontece em (6), porque nas duas sentencas o DP¡ a ma~l' C comanda também o complemento de 1, que e o VP, e
candidato a antecedente precede a anáfora. Precisamos de urna nocáo Dp ¡ que e . - id lá dentro
que de conta das relacñes hierárquicas entre os constituintes. Mais tudo que pod~ estar conti o a escntacáo de (6b) na árvore em (9):
Exammemos agora a repr y
adequado é lancar máo da nocáo de e-comando definida no Capítulo
II. IP
(9)
DP
------------ ,
1
(7) C-COMAND02
\ ~
a e-comanda ~ se e somente se ~ é o irmáo de a ou filho (ou neto, D' 1 VP
bisneto ... ) do irmáo de a. .r:">: se¡ + adora ~
D NP
A segunda exigencia feita pela anáfora se deixa descrever por esta a ~
generalizacáo: só um DP que e-comande a anáfora pode ser seu ante- NP PP
cedente. Vejamos primeiramente a representacáo em árvore de (6a) miie \
em (8): P'
~
P DP¡
2 Relembremos a definicáo mais tradicional de e-comando, absolutamente equivalen- de Pedro
te a dada no texto, mas numa outra formulacáo:
a e-comanda ~ se e somente se:
_ da se: se nao é nem o
Em (9), nao é dificil ver que o DP¡ nao c-coman .
(i) a nao domina ~ nem ~ domina a; irmao do DP. nem filho do írmáo de DP¡.
(ii) cada nódulo ramificante y que domina a também domina ~, I
219
218
ue a sentenc;:a gramatical, devemos dizer que, quando se trata de
é
(11) a. [OJoaoeoPedro]
no outro] ¡ diisseram que os meninos, atiraram [um (13) a. A Ana acha [ a Maria. orgulhosa de si¡ ).
b. * A Ana¡ acha [ a Maria orgulhosa de si¡ ).
b. [;~ ~~lio:;o~pedrol, disseram que os meninos, atiraram c. O Joao¡ acha- [ se¡ inteligente).
I
seu ormmo de vincul - M vinculada, como está representado em (13a); tentar vinculá-Ia fora
mos que nao suficiente l'for mu l.ar assrm a restricá acao.
é
d as
.. vere- dos colchetes, quando existe um sujeito dentro dos colchetes, produz
so b re a relacáo antecedente/anáfor . ao e proximidade
que nao estivermos lidando a, especlal~ente para os casos em resultado agramatical, como vemos em (13b). Se, por outro lado, é a
. com sentencas fimtas própria anáfora que é o sujeito dessa sentenc;:a, e portanto nao há
Examinemos para tanto (12): . sujeito independente dentro desse domínio, a anáfora pode procurar
seu antecedente na sentenc;:a mais alta, como em (l3c).
(12) a A
b. . =.
* M·ana¡ VlUd~sfilar na televisáo. Mas o que é decisivo para sabermos qual é o dornínio de
. Os menmos¡ ouviram [o Joáo e o Pedro se¡ elogiarem]. vinculacáo da anáfora, afinal? É a presenc;:a de um sujeito indepen-
dente ou é o fato de a anáfora ser o sujeito (e daí a inexistencia de um
Em
texto(12a) estamos frente adu ma scntenca encaixada
de ECM.' . infinitiva no con- sujeito independente é mera COnseqüencia)? A sintaxe dos DPs pare-
. se e na ver ade o arg t ' ce nos levar a afirmar que a presenca de um sujeito independente
argumento interno de ver C .~men o externo de desfilar e nao é
para o 1 onde se encontra· o~o ja rr:ostramos, se deve se mover que decisiva _ porém, essa afirmacáo depende de assumirmos que
é
221
220
1P
os possessivos funcionam como sujeito dentro dos DPs. Observe err¡
(14) o que acontece com a relacáo entre anáfora e antecedente dentro
de um DP:
(16)
DP
---------l·
Um no outro¡ ~
1 VP
(14) a. Eles. destruíram [DP as fotografías [um do outro]. J
se.+atiraram ~
b. *Eles¡ destruíram [DP as minhas fotografías [um do outro J¡J I
Se a nossa hipótese quanto ao fato de possessivos serem os sujeitos m DP e-comanda a anáfora um no outro, ela nao é vincu-
do DP está correta, quando nao há sujeito independente dentro do Jáquenen h u . . . (15 )
ue ex lica a imposslbIlldade de a . . _ ,
DP o recíproco um do outro é vinculado pelo sujeito da sentenca sern lada, o ~as e ~15b), por que é mal-formada? O problema aqui n~o e
problemas, como vemos em (14a); quando está presente o possessí. . o suj eito matriz c-comanda um no outro, que esta na
vo minhas, no entanto, a vinculacáo da anáfora pelo sujeito da sen- de e-co mando . b' ao bas-
. _ .. d sentenca encaixada. Repare tam em que n
tenca nao é mais possível, como mostra Él agramaticalidade de (14b). que
PO~}:~a:~:!~;re:enr;:a de um sujeito independe~,te". ~a d~fínir;:aod
E se estamos falando de anáfora e de posicáo sujeito, é essa a ~rremos para domínio de vínculacño, porque o sujeíto índepen en-
hora de perguntarmos por que urna anáfora em posicáo sujeito nunca t ~, neste exemplo está presente na frase matriz e nem por ISS0 a sen-
é bem formada, salvo em construcñes com verbos ECM, como as de e , amatical Voltaremos a essa ciscussao, enquanto, por ora,
tenca e gr· , .
(12a), onde a anáfora é o argumento externo do verbo no infínitivo mantemos a conclusao a que chegamos ate aqui:
impessoal. Observe (15) em que um recíproco ocupa a posicáo Spec
IP da sentenca em (15a) e da sentenca encaixada em (15b): As anáforas devem ser vinculadas em um certo domínio.
(17)
(15) a. *[Um no outro]. se. atiraram. Formularemos essa restricao sobre o domínio de vinculacáo na ser;:~o
I I
b. *[0 Joáo e o Pedro]. disseram que [um no outro]. atiraram. 3 deste capítulo. Antes disso, porém, vamos aumentar o espectro e
I I
nossa discussáo examinando como se distribuem os pron~m~s, u~
Construcñes deste tipo sáo impossíveis nas línguas naturais. estudo que ao mesmo tempo que ampliará o nosso con ecimen o
sobre os pronomes, facilitará a compreensao do comportamento das
O problema com (15a) nao diz respeito a se, que está sendo vincula-
do por um no outro conforme a nocáo de vinculacáo discutida até anáforas.
aqui. É vinculada a anáfora que é e-comandada por seu antecedente:
se em 1 é e-comandado por um no outro em Spec IP, como o leitor 2.2. Dos pronomes
pode averiguar retornando a definicáo de e-comando em (7).
O problema em (15a), entáo, deve se localizar em um no ou- O que estamos chamando de pronome em nossa teori~ é aqui-
tro: este DP, que é referencialmente dependente, nao está sendo vin- 1 GT chama de "prono mes pessoais" exceto ~s reflexivcs e os
culado por nenhum outro DP. O único DP que poderia vincular um r~ci;;o:os, que aqui recebem o nome de anáfora e cujo compoert:;~~~
no outro seria o se. No entanto, como observamos em (16), o se nao to foi estudado na secáo anterior. Devemos mostrar ag~ra qu .p,
térn propriedades distintas das atribuídas as anafora~, pois so
e-comanda um no outro: nomes d .t s em dois grupos
assim estará justificada a classifícar;:ao estes 1 en
diferentes.
223
222
. 1 nte observe que se reproduzirmos todos os contextos
Vamos cornecar examinando (18): Ftna me ,
. os ao tratar das anáforas, as sentenc;as com pronomes
x.arntnam . lid d .
qoe e rn sistematicamente resultados de gramatlca 1 a e inversos
(18) a. A Maria. adora ela k
I fornece id s pelas anáforas. Vamos mostrar em (21) alguns dos
b. *A Maria. adora ela.
I I aos fornecl o
contrastes:
o pronome ela , pode
. se referir a qualquer DP do genero ferníInlna
.
como mostra o índice k em (18a), menos ao DP a Maria, como ' a. *0 Joáo, disse que o Pedro se¡ machucou.
'd· . (8
tra o m Ice l em 1 b). Exatamente ao contrário de se em (Sa) mas- (21) b. O roao, disse que o Pedro o¡ machucou.
- d ' pro-
nomes
. nao po em encontrar seu antecedente num domínio muit o es-
tnto, ,. devendo ser contra-indexados aos DPs que pertencem a este *Os meninos. ouviram [o Joao e o Pedro se¡ elogiarem].
d ormmo. ~.. Os meninos¡ ~uviram [o Joao e o Pedro os¡ elogiarem].
Mas o que acontece fora deste domínio? Observe (19):
e. *0 Joáo acha [ a Maria orgulhosa de si¡ ].
(19) a. A Joana, disse que a Maria. adora ela k
I f. O Joao¡ acha [ a Maria orgulhosa dele¡ ].
b. A Joana, disse que a Maria. adora ela.J
I
As sentencas em (19) indicam que os prono mes podem ter antece- g *Eles. destruíram [OP as minhas fotografias [um do outro l ]
• I
225
224
Vamos adiar ainda por mais urna secáo a forrnulacár, do co *Eles disseram que os meninos¡ saíram ..
ceito de "dominio de vinculacáo"; agora, vamos examinar um terce~~ (24) a. *Ele;. ouviram o Pedrok elogiar os memn~s¡.
ro e último tipo de DP, as expressñes-R (isto é, as expresso b. *Eles' acham o Pedro, orgulhoso dos menmos¡. .
es ~'. *Eles'¡ destruíram as minhas fotografias dos memnos¡.
referenciais).
CP IP
~ ~
Iodos os DPs dispensam a presenca de um antecedente, porque eles
Spec C' DP l'
iáo o tém nas sentencas acima, e elas sáo absolutamente gramaticais.
Quando ~ oJoaoi~
~, como os pronomes também, as expressóes-R resultam em senten- C W 1 VP
(as mal formadas naqueles contextos em que as anáforas sáo grama- ~estava ~
.icais. Compare (5a) e (5c) com os exemplos em (23): DP l' completamente bébado
23) ele., ~
a. *Eles. , viram os meninos. , foi preso
b. *0 Pedro. ouviu eles, elogiarem os meninos,
c. *0 Pedrok acha eles, orgulhosos dos meninos Observe que apesar de preceder a expressao-- R o Joiio , com a qual _
d. *Eles. , destruíram as fotografias dos meninos. , , .' - d T -
esta co-indexado ele nao e-coman a o .roao J' á que esta expressao
nao irmáo de el~, nem filho do irmáo de ele. Se ele nao c-comanda
é
Contudo, as expressñes-R também sáo impossíveis em vários o Joáo entáo este nao vinculado por aquele.
é .
:ontextos sintáticos em que os pronomes podem ocorrer, como ve- , ,- d m ser vmcula-
Diferentemente dos pronomes, que so nao po e .
nos na comparayao de (21b), (21d), (21f) e (21h) com (24): , . -
dos dentro de um certo dominio, as expressoes- R n áo podem ser vin-
227
226
culadas nunca, em qualquer que seja o domínio (A). Assim re
aparentemente este "domínio de vinc~lay~o'~ ~ o mes-
vemos (17') como (17") , para me
. lui . , esere~
uir agora as expressoes-R: • mo que conta para a anáfora, dada a dlstn~UlyaO com-
plementar que existe entre pronomes e anaforas.
(17") a. A s anatoras
'4" d evem ser vinculadas em um certo domí .
de vínculaeño, nlO
Expressño-R
b. Os pronomes nao podem ser vinculados em um nao precisa de antecedente, porque tem autonomia
,.
d ornmro d e vincu
. l acao.
- certo •
referencial;
se houver antecedente, ele nao pode e-comandar a ex-
c. As expressñes-R nao podem ser vinculadas. •
pressáo-R em nenhum domínio.
Vamos entáo enunciar os princípios que regem a distribuícg¿ d
~. d DP . . y esses Chegamos assim ao ponto de apres~~t~r os princípios da T:,o-
tres tipos e s e, mais Importante ainda, vamos formular com
cisáo o que quer dizer "domínio de vinculacño". pre- ria da Vinculayao, que enunciam as possibilidades que os DPs tem
de serem co-referentes. Sáo eles:
3. Principios de Vinculac;ao
(27) PRINCÍPIOS DE VINCULAC;AO
.Aca?amos de examinar os tres tipos de DPs que as línguas A: urna anáfora tem que estar vinculada em seu domínio de
natural s exibem, Cada um deles pode ou nao aparecer em certas es- vinculacáo;
truturas sintáticas em relacñes de co-refcréncia. Vamos sumarizar as B: um pronome tem que estar livre em seu domínio de
propriedades principais de cada um desses elementos: vinculacáo;
C: urna expressáo-R tem que estar livre.
Anáfora
• deve ter um antecedente, isto é, um elemento com o "Estar vinculada" quer dizer ser e-comandada por um elemento que
mesmo índice; porte o mesmo Índice referencial; e "estar livre" quer dizer nao estar
• este antecedente deve e-comandar a anáfora' , vinculado, isto é , nao ser e-comandado por um elemento que porte
. ,. o
• este antecedente de ve estar dentro de um certo domí- mesmo Índice referencial.' Observe que a formulacáo do Principio
nio, chamado "domínio de vinculacño", que parece de- B é feita por negacáo: enuncia que o pronome nao pode estar vincu-
pender da presenca de um sujeito e de mais alguma lado no seu domínio de vinculacáo.
coisa para ser corretamente definido.
Pronome
• pode ter um antecedente, mas nao é necessária a pre-
senca de um; 1 Notemos ainda que 'estar vinculado' é uma condicáo dupla, por assim dizer: ,o e.le-
• se houver antecedente, ele nao pode e-comandar o pro-
mento deve ser e-comandado por algum DP e além disso deve portar o m~smo índice
que este DP. Portanto, para estar livre, basta que o elemento d:sres~elte uma das
nome dentro de um certo domínio, mas pode e-co- condivoes: se há um DP com o mesmo índice que ele na construcao, nao pode haver
mandá-Io fora deste dominio: , c-comando' ou se um certo DP o e-comanda, este DP nao de ve portar o mesmo
índice refe:encial.
228
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Vamos agora para a definicáo de "domínio de vinculac;ao".
*[0 Joáo e o Pedro]. disseram que [um no outroJ; atiraram.
(29) . .
(28) DOMÍNIO DE VINCULA<;ÁO ., mos a cláusula (i) , a anáfora estaría autonzada a Ir
SÓ tIvesse
ora, se t nca matriz o seu antecedente, posto que a sentenca
SC ar na sen e y disti d
o domínio de vínculacao de a é o XP mínimo que contém bU . contena. o XP mínimo em que há um sujeito istmto
..
..
'C"
a anarora
o regente de a e u, matrIZnao _ a con téem. Se isso fosse possível, .. (29) devena ser gramati- ,d
(i) um sujeito que é distinto de a e que nao contém u; ou e que
l ontranam . ente aos fatos .,Assim precisamos garantir que _ e en-
(ii) a flexáo que atribui Caso Nominativo para a. ea , e rópria sentenca encaixada, urna sentenca com flexao capaz
rro da. p . N . tivo que a anáfora deve buscar seu antecedente.
d atnbUlr omma , . -, f
Relembremos que o regente de a deve ser um núcleo lexical ou a el' sula (i) nao pode ser satisfeita em (29), entao a ana ora
Como a c au . C" • t d
flexáo 1e que ele deve m-comandar a, o que quer dizer que a pode deve avengu . ar primeiro se a cláusula (ii) pode ser sansteita an es e,
estar em seu especificador ou na posicáo de seu complemento _ ou . buscar na sentenca matriz o seu antecedente. E. como
po d er Ir . este e
filhos ou netos etc do complemento.4 um caso em qu e há flexáo capaz de atribuir Caso. Nominativo para if a
Esta definicáo com duas cláusulas disjuntivas - observe o "ou" anarora,
, C" entáo é neste XP mínimo (a oracáo encaixada) que a ana ora
em (i) - deve ser entendida da seguinte forma: para estabelecer o deve ser vinculada. . . .
domínio de vinculacñn de qualquer DP a, devemos buscar o primei- Observe que nos casos gramaticais que exammamos - o caso
ro XP que contenha a, seu regente e um sujeito distinto de a; se o do verbo ECM em (12a), da SC em (l3c) e do DP em (1~a) -, a parte
sujeito nao é distinto de a, entáo devemos aplicar a cláusula (ii) para (ii) de nossa definicáo nao tem nenhuma imp~icayao, pOIS e~tes con-
ver se está presente um 1 capaz de atribuir Nominativo. Se a segunda textos sintáticos se caracterizam pela ausencia de urna flexao capaz
cláusula também nao é satisfeita, devemos buscar o próximo XP e de atribuir Caso Nominativo: o DP que é argumento externo do ve:-
repetir o procedimento. bo encaixado é marcado por Acusativo, atribuído pelo verbo matnz
Deve ser claro por que é necessária na definicáo de "domínio que o rege. E, já que nao há um sujeito diferente da. própri~ anáfora
de vinculayao" a linha (ii): exatamente para resolver o problema das no XP mínimo que a contém, a anáfora estará autonzad~ a Ir buscar
anáforas em posicáo de sujeito em sentencas finitas, exemplificado seu antecedente num domínio maior, o da sentenca matnz. Mas, nos
em (15b), aqui repetido como (29): casos agramaticais (12b), (13b) e (14b), a presenca de um sujeito ~o
XP mínimo nao autoriza a anáfora a procurar um antecedente alem
doXP.
A Teoria da Vinculacáo, portanto, consegue explicar as pos-
sibilidades de co-referéncia de anáforas, de pronomes e de expres-
soes-R. Dado que esses parecem ser os únicos DPs lexicalmen.te re-
4 Nao é demais trazer a definicáo formal de regencia que demos no capítulo passado:
(i) a rege /3 se e somente se: alizados com propriedades referenciais que as línguas natural s ~~-
(a) a = XO (ou seja, a é urn núcleo lexical N, A, V, P ou a é o núcleo nhecem, podemos tentar derivá-Ios da cornbinacáo dos trayo~ ~asl-
funcional I); cos [+/-pronominal], decorrente do Princípio B, e [+/-anafonco],
(b) a m-comanda /3 e /3 nao está protegido de a por uma barreira (= urna decorrente do Princípio A:
projeyao máxima).
M~comando se define como: a m-comanda /3 se e somente se a nao do-
mina /3 e cada projecár, máxima y que domina a também domina /3.
230
231
(30) O Joao beijou [a Maria]
c. O Joáo acha [[a María] inteligente]
d.
TIPOLOGIA DOS DPS LEXICAIS
a. [+anafórico, - pronominal] Recíprocos e reflexivos e. O Ioáo deu o disco para [as meni.nas] .
b. [-anafórico, +pronominal] Pronomes (pessoais) - f. Eu comprei o livro para [[as n:emnas/m1m] ler]
c. [-anafórico, - pronominal] Nomes (próprios ou comum) =Ela comprou o livro para [ SI ler ]
* --<- g.
[+anafórico, +pronominal]
d.
- Vamos examinar cada uma de stas situayoes para mostra.r que,
e há atribuiyao de Caso para o DP, qualquer que seja ele,
Por qu~ a comb~n~yao em (30d) é impossível? Note que, se um ele-
sempre qfiu cáo é igualmente um domínio de vinculayao. Comeyan-
mento. e [+anafonco], ele, .deve respeitar o Princípio A ' isto e',eve
d sta con igurac .' - 1 d
e (31 a b), se o DP recebe Caso Nominanvo. entao e e e,!e es-
ser v~nculado no seu dom~mo de ~inc,ul.ayao; por outro lado, se é [+pro-
do por S c' IP e assim tem um domínio de vinculacáo, pela clausula
nomInal],. ele deve respe1~a~o Pn~c1pIO B, o que equivale a dizer que tar em pe . . T -
deve ser livre no seu dOmInIO de vinculacáo. Ternos aqui urna contra- (ii) da definiyao em (28): esta é a situayao dos sujeitos o Joao e os
dicáo: um elemento deve ser vinculado e livre no mesmo domínio e m~~~' . d
.' ' Se, por outro lado, o DP recebe Caso Acusatrvo. te~o~ uas
por lSSOa nossa teona nos faz prever que nao existe um DP deste
tipo. Ou, por outra, se um tal DP existe, a teoria nos faz prever que situayoes para examinar. Na pri~eir~, e.m (31c), o DP a,Mana e com-
ele nao tem domínio de vinculacáo para nao ter que atender simulta- plemento do verbo. Por isso, val existir um XP, que e o V~, que a~
mesmo tempo contém a Maria, contém o regente de a Man,a (qu~ e
neamente as duas exigencias conflitantes em (30d).
Mas qual seria a impl icacáo de "nao ter domínio de o próprio verbo) e contém um sujeito distinto desse DP que e o,Joao.
Assim o nosso DP terá um domínio de vinculacáo quando ele e com-
vinculacáo"? E por que estamos dizendo que DPs lexicalmente reali-
zados devem ter seu domínio de vinculacáo, razáo do asterisco em
pleme~to de v: Na segunda, em (31d), estamos lidando con:, o DP a
Maria, que é o sujeito da SC complemento do V. Es~e DP nao rec~-
(30d)? A segunda pergunta é respondida logo abaixo; a primeira, na
nhece a SC onde se encontra, como um XP que satisfaca as condi-
próxima secáo, quando tratarmos das categorias vazias.
cñes de dominio de vínculacáo, porque o sujeito da SC nao é distinto
Vamos chamar a sua atencáo aqui para as conseqüéncias (e
beneficios) de urna teoria modular como a nossa. De toda a discussáo dele mesmo; portanto, ele tem que procurar um XP mais acim~. O XP
mais acima é o VP encabeyado pelo verbo matriz que obvIamente
do Capítulo IV, sabemos que DPs lexicalmente realizados tém que
contém o próprio verbo achar que rege a Maria e contém o DP o
receber Caso. Já sabemos também que nao sáo muitas as configura-
cñes em que Caso pode ser atribuído: ou o DP recebe Caso Nominativo Joiio, que é um sujeito distinto de a Maria.
Em (31e,f), existem duas situayoes distintas e~volv:ndo os
da flexáo com traeos pessoais (finita ou nao), como em (31 a,b) abai-
PPs. Na situacáo exemplificada em (31e), o DP as memnas nao reco-
xo; ou recebe Caso Acusativo do verbo (estando na posicáo de corn-
nhece o PP (que é um complemento do verbo dar) como o XP que
plem~nto, (31c) ou, nos casos de verbos ECM, na posicáo de
constitui o domínio de vinculacáo, pois o PP, embora contenha ,as
especlficador do complemento, (31d» ou, como última possibilida-
meninas e o regente de as meninas, que é a preposicáo, nao contem
de, recebe Caso Oblíquo da preposicáo, nas mesmas configuracócs
em que o Caso Acusativo é atribuído, como se ve em (31 e.f):
s Note que estamos falando de um verbo transitivo. Se se trata de um verbo inacusativ_o,
certamente o VP nao vai contar como domínio de vínculacáo, poi s este s verbos na,o
(31) a. [O Joáo] saiu tem argumento externo. Neste caso, o domínio relevante vai ser encontrado no pro-
b. o Joáo adorou [[os meninos] viajarem de aviáo] ximo XP, que é o IP.
233
232
_ . nánimes na aceitacáo imediata de
lantes nao seJam u
. da que os f a
r '
um DP que possa funcionar como sujeito, nem flexáo que atribua fundamentalmente posslVels em
Nominativo (embora a própria preposicáo atribua Caso Oblíquo). Por Al;as estas sen~e~c;as'Qela~~:r~~:usao que podemos tirar daqui? A
isso, a procura passa para o dominio superior, o VP, que vai conter o tO tUgues brastleuo. ua P" 'os A e B que a complemen-
é
por 1 volvendo os nnclpl , .' rÓ»
DP sujeito. ·..•.•
eira de as, en . C' e prono mes nao e a históna
fl 1l' istrib
P .dade de distn urcao eu . - o entre anatoras
Em (31 f), por outro lado, poderíamos pensar que estamos fren- em contextos sintáticos que
tafl . arece funcwnar mesmo . ,
te a urna situacáo semelhante a de (31d), só que aqui lidando coro completa e SO?, sentenc;as finitas ou infimtlVas, SCs ~ ~Ps.
urna preposicáo (nao com um verbo) ECM: o InfP encaixado no PP é
tenham um sUJelto -
. turna conc usao
1 - adl'cional que podemos utilizar, esta
t
o menor XP onde se encontram as meninas (ou mim) e o seu regente Mas eX1Se . [hilid de de (30d) e reforc;ar o nosso pon o
- o próprio infinitivo -, mas este nao é um dominio em que exista urn b ar a rmpossi 1 1 a . ibi d
para corro _or '. (32) ternos sentenc;as gramaticais ext 1~ o ou
sujeito diferente de as meninas (ou mim) e, dado que a sentenc;a em discussao aqUl. em, da que seja as duas corsas ao
r C' um pronome, mas na .
infinitiva é do tipo infinitivo impessoal, também nao há flexáo capaz uma anal ora ou t tar aquí neste estudo explicar por que
Nao vamos en
de atribuir Nominativo neste domínio, exatamente como quando lida- mesmo tempo: . . .r fora seja o pronome no mesmo
mos com SCs. No entanto, aqui o próximo XP seria o PP, onde os PPs nos. de.l~arr: utül~~:t~;~~;n;urio~o, pode procurar as indica-
tampouco há um sujeito diferente de as meninas ou flexáo capaz de contexto síntático; se o di 1 Por agora basta frizarmos
- d b 'bliografia a lcwna . ,
atribuir Nominativo, o que nos autorizaria a ir buscar um XP superior C;oesna seC;ao ~e.l u' eito dentro do PP, a anáfora pode ir buscar
a ele. O problema sério que enfrentamos aqui é que este PP é um que , dada a ausenCia do s J
VP (ou IP) que con e
t 'm esse PP e assim nova-
, ,
adjunto, nao um complemento, e portanto nao é possível recorrer ao o seu antecedente no d C Obll'quo deve ter um dorni-
DP . receben o aso, .
VP matriz como 'próximo XP', porque o PP nao estará incluído no mente o nosso ,aq~1 d todo sej a nos exemplos (a), seja
. d . 1 áo Dito e ou ro m , ,
VP, apenas contido nele. Observe que (31g), com a anáfora na posi- nio e vmcu ac . ligar da frase se forma o dorni-
cáo de sujeito encaixado, é completamente impossível, mas a senten- nos exemplos (b) de (32), em ,a ~um u recebem Caso Oblíquo.
ea com o prono me na mesma posicáo é perfeita, o que sugere forte- nio de vinculaC;ao destes nomlma~s qlue te realizado deve ter Caso e
t do DP exica men
mente que nao é possível satisfazer as condicñes pertinentes para a Portanto, se o d'b . - de Caso acaba por for-
fi ñes e atn uicao
vinculacáo da anáfora neste contexto, mas é perfeitamente possível
satisfazer as exigencias do pronome. Para o que nos interessa aqui,
no entanto, isto basta: existe um domínio de vinculacáo neste contex-
mar um dominio =
se qualquer ~a~ con l~urac; _ 'fatal de todo DP com Caso tenha
vmcu~c;a~ ed d
um domínio de vmculaC;ao .. ' 1a a a 1 sao de que todos os DPs
definiC;ao de domínio de
(32) a. O Joáo comprou um carro para si., 4. A Tipologia das Categorias Vazias
b. O Joáo comprou um carro para ele¡. Até qui tratamos da distribuicáo de DPs com matriz fonéti-
e. a, dividem em tres classes, cada urna com
c. O Joáo. falou de si.. ea, conclumdo que eles se f t C'eno~menoda vinculacáo.
I I
.
su as propneda d es par ti1culares ren e ao 1
d. O Joáo. falou dele ..
I ,
235
234
IP
Podemos nos perguntar agora se os DPs sem matriz fonética t b' (33) a'.
podem ser classificados da mesma maneira. am ern ~
DP l'
Para cornecar a nossa discussáo, precisamos mostrar o Joiio. .r:">:
rnos diferentes ti
iferentes tipos -' reahzados foneticamente
de DPs nao que. te-
. Exarnlne J
1 VP2
mos os exemplos em (33): -
parecek I
V'
(33) a. O Joáo parece ee¡ amar a Maria. .r>:
b. A María, disse que ee¡ viajou. V InfP
c. Quem que a Maria disse que o Pedro beijou ec.' na fest a.? .«>:
d. Eu quero ee comer camaráo. DP Inf
t
j
.r>:
O primeiro pon~o a ser disc~~ido é que ee é urna entidade necessária Inf VP¡
na estrutura, pois, do contrano, poderia parecer que a postulacáo d
amar. I ~
ees fosse um procedimento arbitrário. Assim, as ees sáo postulada: DP V'
em cada urna das sentencas de (33) porque a sua inexistencia levari
t. ~
a vio~ayao de al.gum princípio da gramática. Um dos princípios qu: J V DP
est.a~l~ sendo violado se nao fossem postuladas as ees de (33) é o ti a María
Cnteno 8: cada verbo encaixado tem um papel 8 que nao teria como
ser descarregado se nao existisse um argumento para recebé-Io. Tal
Concentrando nossa atencáo no vestígio t, observamos que esta ee
argumento é exatamente a ee postulada. Como conseqüéncia da vio-
tém propriedades que lembram as da anáfora: ela é referencialmente
lacáo d? Critério 8 teríamos urna violacáo do Principio de Projecáo
dependente, tendo obrigatoriamente um antecedente, que está na po-
no sentido de que vai existir alguma categoria que nao vai ser bem
sicáo
y,'
A Spec IP O antecedente o Joiio,J c-comanda t., J
já• que
•
lJ é do-
,
~or~ad: e~ algum nível de projecáo. E, em (33b) pelo menos, a minado por I', irmáo de o Joiio, E, por fim, o IP se constituí no domi-
l~exl~~encla da ee levaria a violacáo do Princípio de Projecáo Esten- nio de vinculacáo, pois é o XP mínimo que contém um sujeito (o
dido ja que a sentenca encaixada ficaria sem sujeito. Joiio) ou urna flexáo capaz de atribuir Nominativo: veja que o domí-
Tendo mostrado que as ees nao sáo postuladas arbitrariamen-
nio de vinculacáo nao pode ser o VP l' nem o InfP, nem o VP 2' já que
~e, vamos mostrar que as que equivalem a DPs se deixam classificar
nenhum sujeito (ou flexáo) se apresenta em nenhum deles."
: luz da !eoria d.a Vinculacáo. Comecando por (33a), ternos urna Os contextos que envolvem verbos inacusativos, como (34b),
strutura inacusativa, em que o DP o Joiio se move da sua posicáo de e voz passiva, como (34a), fornecem ainda urna conñguracáo que
base (de argumento externo do verbo amar) para o Spec IP da sen- ressalta as propriedades de anáfora de urna ee, como podemos obser-
ten?a matriz a fim de obter Caso. A representacáo de (33a) em SS
var comparando estas duas sentencas com (34c):
sena como (33a'):
6No limite , a diferencay entre o DP o JOQo.J e o DP t.J pode ser trar;ada, quando
¡.'
se
•
considera a cláusula (i) de (28), a partir do fato de um ser nulo e o outro ser lone~l-
camente realizado ou de um ter Caso Nominativo e o outro nao, na representacao
que resulta do movimente; quando se considera a cláusula (ii) de (28), ternos lá a
flexao que atribui Caso Nominativo.
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236
(34) a. A María, foi beijada ec¡ (pelo Joáo). a. pro Parece que a Maria chegou.
b. A María, sumiu ec¡. b. pro Choveu.
c. A Maria, feriu a si (mesma), I
nto em línguas como ingles ou francés, é obrigatória a pre-
o enta urn, pronome com matriz C'lonetlca,
,.
como em (37) :
seOya ed
Em (34c), ternos na posicáo de objeto do verbo ferir a a 'e
./ ) . _ d .. natora a a. It seems that Mary arrived.
Si_Imesma e na pOSIyaO e sujeito o seu antecedente . A mesma sltua .
(37) 'expl parece que a Maria chegou'
cao se repete em (34a) e (34b), exceto pelo fato de termos . --
bi na POSIyao
dC'.e o Jeto urna ee. Se, no fim _ da história, um DP anafórico vazlO. e um b. It rained.
. ...
foneticamente realizado estao em distribuicáo comple t . 'expl choveu'
_ • • y men ar - veJa
queíbnao . podemos substituir as ees por anáfora s lexicais - d evemos Já vimos, no Capítulo III, ,que o verbo ?~recer nao ~ele.ciona argum~n:o
atn
. uir
, este . comportamento
. a razñes independentes da que 1as rela-
externo e portanto nao ha papel temático para atribuir para a pOSIyaO
tivas a Teona . da Vinculacáo ,. tal como· um DP realizad o C'toneticg; •
Spec VP, que nao será nem mesmo projetada. Somos portanto
mente precisa receber Caso. Assim, nao parece descabido identificar
obrigados a concluir que pro em (36a), do mesmo modo qu.e o
a ee resultante, . do movimento
. ~ de DPs como anáfora . Cha mamos esta
pronome lexicalmente realizado it em (37a), só pode ser u~ expletlv~,
ee de vestígto (t, do inglés trace, conforme já apontamos anterior-
isto é, nao pode jamais ter papel 8. Podemos avancar mais e concluir
mente). que tanto pro quanto it estáo inseridos nestas construcócs para
_ Por.seu turno, a ee em (33b) leva todo o jeito de pronome: satisfazer o Princípio de Projecñc Estendido que, como o leitor deve
nao
S necessíta
. de antecedente, ainda que possa ter um ' que é a Marza. .
lembrar, garante que toda sentenca tem sujeito.
e existe um antecedente na estrutura, ele nao pode e-comandar a ee Raciocínio semelhante pode ser estendido para a ee em (36b):
esta~d? dentr.o de seu domínio de vinculacáo. Note que em (33b) o os verbos metereológicos nao selecionam nenhum argumento e sua
dom,:lllo de vmcul~ya~ da ee se completa no IP encaixado que tem a posicáo de argumento externo nao será projetada. Portanto, a inser-
flexao capaz de atribuir Caso Nominativo e que o antecedente a Ma- cño de um pronome foneticamente realizado, como em (3 7b), ou va-
= está fora deste domínio. Também está fora do domínio de zio, como em (36b), deve-se a satísfacao do Princípio de Projecáo
vinculacáo o antecedente a Maria em (35) já que este DP nao perten-
Estendido e jamais tem valor referencial.
ce ao IP que se fecha no pronome eu. Chamamos a sua atencáo ainda para duas propriedades inte-
ressantes dos pronomes nulos; a comparacéc entre (36) e (37) sugere
(35) A Maria¡, eu encontrei ee¡ no cinema ontem. que a existencia de um pronome nulo nas línguas naturais é urna
questáo paramétrica: existem línguas que admitem pronomes nao lexi-
Em (33b) e (35), o pronome ela no lugar da ee forneceria os mesmos calmente realizados, existem línguas que nao os admitem. Na verda-
resultados com respeito a gramaticalidade das estruturas. Entáo pa- de, a gama de variacáo entre as línguas é maior: existem línguas que
'1 pensar que ternos a versáo sem matriz fonética de' um
rece razoave admitem pro seja com interpretayao expletiva, seja com interpreta-
verdadeiro pronome, com propriedades de distribuicáo muito seme- yao definida, como o italiano; mas existem línguas que aceitam (ou
lhantes. Chamaremos es se elemento de pro (leia-se prozinho). ainda exigem!) este tipo de pro expletivo, mas nem sempre admitem
Observe que esse tipo de ee pronominal aparece em outros pro corn interpretacáo definida - este parece ser o caso do PB atual,
contexto s sin
. tááticos,
. contextos que, no PB, nao admitem a presence como alguns estudos recentes tentam mostrar.
de um pronome lexicalmente realizado, como vemos em (36):
239
238
o segundo fato interessante com respeito a pro é que el
A Maria¡, a Ana disse que o Pedro beijou a idiota¡
rece principalmente na posicáo sujeito de sentencas corn 1 e apa_ (39)
.
(fimrto . fi .. ) pessoaI
ou m rmtivo , com o qual concorda e assim podem id
ssumir que o DP a María esteja em urna posicáo de adjuncáo
' os 1 enf
ficar o seu conteúdo através dos traeos de pessoa e número p 1- Vamos a osirao A-barra como todas as posicoes . - d e a d·juncao.
- T e-
resentes IP, urna P y
em 1. Parece, entretanto, que pro nao está limitado a este e a
•. • •
. urna evidencia adicional para afirmar que a Teona da
•
. ,. . . ontexto OS aquI
smtático: muitos estudiosos do PB afirmam que a ec que ap m. la ño é urna teoria sobre a vinculacáo de DPs que se encon-
. - ... arece ern
pOS19ao objeto bastante frequentemente na nossa língua deve Vmcu yantecedente e o vinculado, em posicoes . - A ,urna a fiirmacao
-
. s~p~
dadas as suas propnedades pronominais. Observe os exern l ' rram. o , h - t
mos no início do capítulo mas sem nen urna razao aparen e
(38): p os em que fiIze .
ela naquele momento. Aquijá podemos entender por que as COI-
para d . 1 - t
sas sáo assim. Portanto, quando fala~os e vmcu aya?, es amos sem-
(38) a. A Maria viu ec na televisáo ontem. pre falando de vinculayao-~ e, por ~sso, podemos dizer que. a ec de
b. Para quem que o Joáo comprou ec ? (33c) e urna expressáo-R tem pro~n~d~des comun~ que denvam do
c. Que a IBM venda ec a particulares me espanta. fato de elas serem imunes aos principios A e B. A ec presente em
240
241
tit .r a ee de (33d) ou de (40) por DPs lexicalmente rea-
mento do verbo amar e foi movido para Spec IP deixando urn os SU b s 1 Ul . . d d (41)·
deJ1l1 ~iaria e ela atestado pela a agramatlcahda e e .
t na posicáo de origem; por outro lado, se o sujeito de querer tizados comO a lV1' ,
243
242
ee regida pelo verbo matriz parecer porque este verbo inacusativo
é é
a. [+anafórico, - pronominal] t
existe a combinacáo [+anafórico, +pronominal] para as ees, temos
também um problema com a Teoria da Vinculacáo. Lembre-se que b. [-anafórico, +pronominal] pro
excluímos (30d) dizendo que esta combinacáo era impossível porque c. [-anafórico, - pronominal] vbl
teríamos um elemento que, sendo [+anafórico], deveria ser vinculado [+anafórico, +pronominal] PRO
d.
no seu domínio de vinculacño, mas, sendo [+pronominal], deveria ser
livre neste mesmo domínio. A única maneira de sair da contradic;:ao
ficou conhecida como Teoremas de PRO, enunciado em (42): No próximo capítulo, discutiremos com m~is detalhe as ees de
(43a) e (43c), geradas por movimento e que partI~?an: o traco [-p:~-
(42) TEOREMA DE PRO nominal]. Veremos que, para os vestígios e.as variaveis serem legiti-
mados, sobre eles pesa urna exigencia a mats do que pesa sobre as ees
PRO nao tem domínio de vinculacño com o traco [+pronominal]. Por agora, vamos a~enas ~ornecer um
resumo geral das propriedades de todas as categonas vazias que exa-
minamos nesta secáo:
O Teorema de PRO se constrói e se sustenta em cima do fato de PRO
nao ser regido: sem um regente, nunca vai ser constituído um domí-
nio de vinculacáo, dada a definicáo em (28). (44)
O leitor deve estar se perguntando agora por que urna ee pode PROPRIEDADES DAS ECS
nao ter domínio de vinculacáo, enquanto um DP lexicalmente realiza- EC CASO PAPEL e REFERENCIA
do tern que ter um. A resposta a esta questáo, como vimos no final da a. t - + antecedente A
sec;:ao 3, está ligada a Teoria do Caso: sempre que um DP recebe
b. pro e/expletivo + +/- nao precisa de antecedente
Caso, ele deve ser regido pelo seu atribuidor. E sempre que há um
c. vbl + + antecedente A-barra
d. PRO - + antecedente A ou arbitrária
8 O termo teorema é usado aqui, como na matemática, para captar que (42) é perfei-
tamente demonstrável ou deduzível de certas premissas e nao precisa ser postulado
como um axioma, termo que faz referencia as verdades nao-demonstráveis de urna Finalizando, juntamos no quadro (45) as propriedades ~uanto
teoria No caso do modelo corn que este livro lida, os princípios sáo formulados
como axiomas, a Teoria da Vinculacáo das ees e dos DPs lexicalmente realizados,
para possibilitar urna cornparacáo:
244
245
(45) SOhre anáforas o leitor pode consultar Me~uzzi (1999). . .
5) Ha ain d a u ma boa discussáo sobre as propnedades pronorrunais e
6)
PROPRIEDADES QUANTO A TEORIA DA VINCULA<;Ao ,.
afoncas e
d PRO em Chomsky (1986a) - Knowledge oflanguage.
d f
PROPRIEDADES DP LEXICAIS an bé o leitor encontra urna discussáo sobre PPs a perspec iva
ECS Lá tam em. _
da Teoria da Vinculacáo.
[+anafórico, -pronominal] anáforas t
[-anafórico, +pronominal] pronomes pro
[-anafórico, -pronominal] expressñes- R vbl 6. Exercícios
[+anafórico, +pronominal] * PRO 1. Explique os julgamentos sobre a gramaticalidade das seguintes sen-
tenc;:as:
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