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TEC

3º semestre | 3ª etapa

INICIAR

LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS

1
Módulo 1
Apresentação da Unidade 1
3º semestre | 3ª etapa

Olá estudante,
Vamos iniciar nosso 3º semestre e muitos devem estar ansiosos para conclu-
são do curso, mas vamos ter calma, paciência e dedicação a esta última etapa.
Nesta unidade estudaremos a pontuação, dúvida de muitos, principalmente, por
ser usada, muitas vezes, fora de seu contexto gramatical e ainda há os que nem a
usam, não é mesmo? Mas você verá que ela é muito necessária, fundamental para
o entendimento de algumas mensagens.
Teremos outro momento em que estudaremos a relação da literatura e a arte
e iniciaremos, nesta unidade, um estudo sobre os movimentos literários, que será
finalizado no módulo 2, ficaremos nesta unidade com o Trovadorismo, o Humanis-
mo e o Classicismo.
Então, sem demora, vamos estudar!

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1. PONTUAÇÃO

A pontuação em língua portuguesa está diretamente ligada aos sinais 1.1 - Sinais de pontuação
de pontuação que são recursos gráficos próprios da linguagem escrita, são
representados, por exemplo, por pontos que encerram frases ou usado no I. VÍRGULA ( , )
meio delas, como a vírgula [ , ] ou o ponto de exclamação [ ! ]. Eles têm por Este talvez seja um dos sinais mais complicado para compreensão, al-
função estruturarem os textos e, também, procuram estabelecer as pau- guns o chamam de pausa de respiração, mas a verdade é que a vírgula in-
sas e as entonações da fala. dica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da conti-
Podemos destacar que eles têm como finalidade: nuação do período. Sua utilização tem algumas indicações como:
1) Marcar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;
2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas; 1) Nas datas, para separar o nome da localidade. Por Exemplo: Goiânia,
3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade. 15 de agosto de 2020.
2) Após os advérbios “sim” ou “não”, usados como resposta, no início da
frase. Por Exemplo: - Você gostou do filme? – Sim, eu adorei!
3) Após a saudação em correspondência (social e comercial). Exemplo:
“Atenciosamente,”
4) Para separar termos de uma mesma função sintática. Por Exemplo: A
casa tem dois quartos, um banheiro, três salas e um quintal. Obs.: a con-
junção “e” substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.
5) Para destacar elementos intercalados, como:
Disponível em: https://
s1.static.brasilescola. a) uma conjunção. Por Exemplo: Estudamos bastante, logo, merecemos
uol.com.br/be/
conteudo/images/- férias!
pontuacao.jpg. Acesso b)um adjunto adverbial. Por Exemplo: Estas crianças, certamente, se-
em: 16 jun. 2020.
rão reprovadas.

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c) Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a lo-


2) Quando a conjunção “e” vier repetida com a finalidade de dar
cução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo, a não ênfase (polissíndeto). Por Exemplo:
ser que a ênfase o exija E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
d) um vocativo. Por Exemplo: Deus, onde estais que não me respon-
des?! 3) Quando a conjunção “e” assumir valores distintos que não seja
da adição (adversidade, consequência, por exemplo) Por Exemplo:
e) um aposto. Por Exemplo: Luana, a aluna novata, não fez a prova.
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
f) Uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou
antes, etc.)
Por Exemplo: O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos hu-
manos, tem seu princípio em Deus.

6) Para separar termos deslocados de sua posição normal na frase. Por II. PONTO E VÍRGULA ( ; )
Exemplo: O documento de divórcio, você trouxe? O sinal de ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e me-
7)Para separar elementos paralelos de um provérbio. Por Exemplo: Tal nor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente
pai, tal filho. descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Empre-
ga-se nos seguintes casos:

ATENÇÃO 1) Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que
Embora a conjunção “e” seja aditiva, há três casos em que se usa a vír- guardem relação entre si. Por Exemplo: A rua está poluída; as calçadas
gula antes de sua ocorrência: estão muito sujas.
1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes. 2) Para separar itens de uma enumeração. Por Exemplo: No estádio de
Por Exemplo:
futebol, as pessoas encontram: o campo; jogos; a torcida; jogadores.
A mulher vendeu o carro, e seu pai a protestou.
Neste caso, “A mulher” é sujeito de “vendeu”, e “seu pai” é sujeito de 3) Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contu-
“protestou”. do, todavia, entretanto, etc.), substituindo, assim, a vírgula. Por Exem-
plo: Gostaria de vê-lo hoje; contudo, só o verei na próxima semana.

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III. DOIS-PONTOS ( : ) V. PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )


O uso do sinal de pontuação “dois-pontos” marca uma sensível suspen- O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação di-
são da voz em uma frase ainda não concluída. Emprega-se, geralmente: reta, ainda que a pergunta não exija resposta. Exemplos: Por que não me
atenderam quando liguei?
1) Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção. Exemplo: Uma observação necessária é que não se usa ponto interrogativo nas
“Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz: perguntas indiretas. Exemplo: Perguntei quem era aquela criança.
– Podemos avisar sua tia, não?” (Graciliano Ramos).
2) Para anunciar uma citação. Exemplo: Lembrando um poema de Viní-
cius de Moraes: “Tristeza não tem fim, Felicidade sim.”
3) Para anunciar uma enumeração. Exemplo: Os convidados da festa que
IMPORTANTE
já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos. 1) O ponto de interrogação pode aparecer ao final de uma pergunta
4) Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse. intercalada, entre parênteses. Exemplo: Trabalhar em casa (quem o
Exemplo: Marcelo era assim mesmo: não tolerava ofensas. contesta?) parecia ser a melhor forma para atingir os resultados es-
perados.
5) Na invocação das correspondências. Exemplo: Prezados Senhores:Con-
2) O ponto de interrogação pode realizar combinação com o ponto ad-
vidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 03 de mirativo. Exemplo: Eu?! Que ideia!
agosto....

IV. PONTO FINAL ( . )


E continuando nossos estudos sobre o sinais de pontuação temos o
ponto final representa a pausa máxima da voz, encerra um enunciado. VI. PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
Emprega-se, principalmente: O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições*, frases excla-
mativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação,
1) Para fechar o período de frases declarativas e imperativas. Exemplo: piedade, ordem, súplica, etc. Exemplo: Pare, por favor!
Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar. Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo
2) Usado em abreviaturas. Exemplos: Sr. (Senhor); Cia. (Companhia) enfático. Exemplo: Marina! Venha até aqui!

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5) Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpre-


*INTERJEIÇÃO tação pessoal do leitor. Exemplo: “Estou certo, disse ele, piscando o
A interjeição é uma palavra invariável (não sofre variação em gê- olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho
nero, número e grau), que representa um recurso da linguagem afeti- se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Tam-
va, de modo que expressa sentimentos, sensações, estados de espí- bém, se não vier em um ano...” (Machado de Assis)
rito, sendo sempre acompanhadas de um ponto de exclamação (!).
As interjeições são consideradas “palavras-frases” na medida
em que representam frases-resumidas, formadas por sons vocáli-
cos (Ah! Oh! Ai!), por palavras (Droga! Psiu! Puxa!) ou por um grupo
SABIA QUE
de palavras, nesse caso, chamadas de locuções interjetivas (Meu
As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos
Deus! Ora bolas!).
de grande poder de sugestão, são ótimos auxiliares da linguagem afe-
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/interjeicao/. Acessado em 29 jun. 2020. tiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do
estado emotivo do escritor.

VII. RETICÊNCIAS ( ... )


As reticências são sinais de pontuação que marcam uma suspensão da fra- VIII. PARÊNTESES ( ( ) )
se, devido, muitas vezes, a elementos de natureza emocional. Empregam-se: Os parênteses também são sinais de pontuação, têm a função de inter-
calar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente
1) Para indicar continuidade de uma ação ou fato. Exemplo: O tempo passa... ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:
2) Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Exemplo: Eu
estava achando que... 1) Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou
3) Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada. reflexão. Exemplo: Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na
Exemplo: Vamos ao cinema amanhã? Vamos...Não...Pois tenho prova e omissão de um termo (geralmente um verbo) que já apareceu anterior-
vou estudar. mente na frase.
4) Para realizar citações incompletas. Exemplo: O maestro pediu que con- 2) Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publi-
siderássemos esta passagem do hino brasileiro: “Deitado eternamente cação, página etc.) Exemplo: “O homem nasceu livre, e em toda parte
em berço esplêndido...”
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se encontra sob ferros” ( Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e IX. TRAVESSÃO ( ─ )
outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.) O travessão outro sinal de pontuação é um traço maior que o hífen e
3) Para delimitar o período de vida de uma pessoa. Exemplo: Carlos costuma ser empregado:
Drummond de Andrade (1902 – 1987).
4) Para indicar possibilidades alternativas de leitura. Exemplo: Preza- 1) No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança
do(a) usuário(a). de interlocutor nos diálogos. Exemplo: – O que é isso, Melissa?
5) Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro. Exemplo: “Abe- – É o seu presente de aniversário, meu querido.
lardo I - Que fim levou o americano? 2) Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Exem-
João - Decerto caiu no copo de uísque! plo: "E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à
Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita) (Oswald de Andrade)” filha." (Machado de Assis).
3) Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em al-
SAIBA MAIS: guns casos. Exemplo: "Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eter-

OS PARÊNTESES E A PONTUAÇÃO namente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos


preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima
1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser mui- da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase."
to longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontu- (Raul Pompeia)
ação normal do texto.
2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou exter-
no, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa X. ASPAS ( “ “ )
contida nos parênteses. Exemplo: É importante ter atenção ao As aspas como sinal de pontuação têm como função destacar uma par-
uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!) te do texto. São empregadas:
3) Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase com-
pleta, o sinal de pontuação ficará externo. Exemplo: O rali come-
çou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal). 1) Antes e depois de citações ou transcrições textuais. Exemplo: Como
4) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o disse Machado de Assis: “A melhor definição do amor não vale um
ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o pa- beijo de moça namorada.”
rêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parênte- 2) Para representar nomes de livros ou legendas. Exemplo: Camões es-
se de fecho.
creveu “Os Lusíadas” no século XVI.
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3) Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões po-


pulares, ironia. Exemplo: Com a chegada da polícia, os três suspeitos
2. LITERATURA E A ARTE
“se mandaram” rapidamente.
4) Para realçar uma palavra ou expressão. Exemplo: Luzia reagiu impul- Ao longo dos tempos, os seres humanos foram desenvolvendo diversas
sivamente e lhe deu um “não”. modalidades de manifestação artística com o objetivo de (re) construir os
mundos real, imaginário, psicológico e ficcional, resguardar nossa memória
Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las e, também, para garantir o registro e a representação de nossas culturas e
novamente, empregam-se aspas simples. Exemplo: “Tinha me lembrado nossa história. E uma dessas modalidades foi e é a literatura que é uma das
da definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissi- formas de expressão artística.
mulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e que- Como manifestações artísticas podemos apontar: a música (som); as ar-
ria ver se podiam chamar assim.” (Machado de Assis) tes cênicas (teatro/dança/coreografia) (movimento); a pintura (cores); a es-
cultura (objetos e texturas); a arquitetura (espaços); o cinema (integra ele-
Antes de irmos para nosso próximo assunto de estudos, observe a tiri- mentos de diversas artes); a fotografia (imagens); a história em quadrinhos
nha abaixo e perceba a importância dos sinais de pontuação para compre- (cores, palavras, imagens); os jogos de Vídeo (integra a maioria dos elemen-
ender a importância e necessidade de sua utilização. tos de artes); a arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D
e programação) e a literatura (palavras).
Podemos destacar que toda obra artística pode ser considerada como
exemplar da expressão de sua época, de sua cultura. Isso porque a produ-
ção artística está localizada em um tempo, cultura, histórias e tradições. Daí
a necessidade de se estudar a arte e suas várias manifestações, pois com-
preendendo as ações do homem no tempo podemos fazer comparações e
análises de sua evolução, é também uma forma de entender o que vivemos
hoje e até poder projetar o futuro.
Disponível em: https://3.bp.blogspot.com/-M6iL3vjyOKw/Wz5-ZmvypqI/AAAAAAAAAnc/
hhSLo0eCzh0jj-lOpcxcpC9gfPvHFECQACLcBGAs/s1600/a.gif . Acessado: 16 jun. 2020.

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Leia
2.1 - Literatura: a arte das palavras

A arte literária está relacionada com a leitura, análise de textos verbais e


até a construção desses e, por isso, é considerada como sendo a arte cons-
truída pelas palavras, sejam elas faladas ou escritas. A leitura ou audição de
textos, ficcionais ou não, provoca diferentes efeitos de sentido nos leitores/
ouvintes e permite sair do mundo real e alcançar o mundo da fantasia.
Vale ressaltar que assim como outras artes, a Literatura não tem o poder
de modificar a realidade imediata dos leitores, mas é capaz de fazê-los (re)
avaliar a própria vida e seus comportamentos. Isso porque a arte literária,
ao mesmo tempo que provoca a reflexão, responde a algumas de nossas
inquietações por meio de construções simbólicas.
A essência da arte literária está nas palavras, em seus potenciais sono-
Leia livros
ros, sintáticos e semânticos, estabelecendo interlocução entre autores e
leitores/ouvintes. O trabalho com as palavras pode ser realizado no sentido
denotativo ou conotativo, sendo essa a característica essencial da lingua-
gem literária.

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2.2 - Movimentos Literários não havia o nosso país, portanto ainda não tínhamos referências nacionais.
O movimento que marcará a literatura no Brasil será a partir do Quinhetis-
A literatura foi mudando ao longo da história do homem; por isso, é di- mo, este que veremos ainda por aqui, em nossa unidade 1.
vidida em movimentos literários de acordo com cada época. Cada um deles
tem características e especificidades de períodos históricos distintos. 2.2.1 - Trovadorismo (1189 – 1418)
A história da literatura documenta as manifestações literárias ocorridas
em diversos países e em diferentes períodos. A criação literária está dire- Este movimento literário surgiu em meados do século 11 na região da
tamente relacionada ao momento em que é e foi produzida e no qual se Occitânia – onde hoje estão França, Itália e Espanha. Os poemas da época
insere. eram feitos para ser cantados, e os artistas eram divididos entre Trovado-
Movimentos literários portugueses res, que eram compositores de origem nobre, e Jograis, que eram servos,
A literatura brasileira formou-se com base na literatura europeia. Por muitos deles, profissionais da música.
isso, a periodização das escolas literárias é elaborada por aqui tendo como As cantigas trovadoras carregam características da Idade Média e muitas
berço a Europa. Importante destacar que a delimitação cronológica das es- foram escritas em galego-português. Elas se dividem em Líricas (Cantigas
colas literárias é um recurso meramente didático, uma vez que entre elas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas
acaba existindo uma interdependência de estilos, e também porque o iní- de Maldizer).
cio de uma nova tendência nem sempre coincide com o final da anterior.
Os principais movimentos literários em Portugal na Idade Média foram:
• Trovadorismo: inicia-se em 1189 (ou 1198), data provável da publicação
da “Canção da Ribeirinha”, cantiga de amor de Paio Soares de Taveirós,
considerada o mais antigo texto escrito em galego-português.
• Humanismo: inicia-se em 1434, quando Fernão Lopes é nomeado cro-
nista-mor da Torre do Tombo.

Apesar desses movimentos serem anteriores ao suposto “descobrimen-


to” do Brasil iremos começar nossos estudos literários pelo Trovadorismo,
Disponível em: https://4.bp.blogspot.com/-GGRpm-z9pVE/WY2RgKwZcKI/AAAAAAAAAIs/
passaremos de forma sintética pelo Humanismo, destacando que ainda vHjCJRMghm8QZGZxWdRsQO4k3y11AsW7QCLcBGAs/s1600/trovadorismo.jpg. Acessado:20 jun. 2020.
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As cantigas de amor possuíam temas mais desenvolvidos - era o amor per boa fé, esto sei bem,
não correspondido, no qual o trovador destacava as qualidades da mulher se Nostro Senhor me dê bem
amada (suserana) e se colocava em posição “inferior”, de vassalo. dela! Que eu quero gram bem,
Nas cantigas de amigo o eu-lírico era uma mulher, embora os escritores per boa fé, nom por meu bem!
da época fossem homens. Nessas obras, há a lamentação da dama perante Ca pero que lh’eu quero bem,
a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”. non sabe ca lhe quero bem.
Já as cantigas de escárnio, por sua vez, havia o uso de duplo sentido e as Ca lho nego pola veer,
sátiras indiretas sem citar nomes. E por último as cantigas de maldizer, pos- pero nona posso veer![...]
suíam sátiras diretas com uso de palavrões e, muitas vezes, com o nome da
pessoa criticada. 2.2.2. - Humanismo
Podemos destacar como os principais autores do Trovadorismo são: (1418-1527)
Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de Portugal, João
Zorro, Paio Soares de Taveirós, Paio Gomes Charinho, entre outros. O Humanismo como movi-
As cantigas estão em compilações de diversos autores, chamadas de mento literário ocorre no pe-
cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda, o da Vaticana e o da ríodo entre a Idade Média e o
Biblioteca Nacional. início da Idade Moderna. Em
Exemplos de uma Cantiga de Amigo de Pero Garcia Burgalês: Portugal, foram produzidos três
tipos literários: prosa, poesia e
Ai eu coitad! E por que vi teatro. O movimento é marca-
a dona que por meu mal vi! do pela ideia de racionalidade,
Ca Deus lo sabe, poila vi, antropocentrismo (o homem
nunca já mais prazer ar vi; no centro de tudo), o cientificis-
ca de quantas donas eu vi, mo, a beleza e a perfeição e a
tam bõa dona nunca vi. valorização do corpo humano.

Disponível em: https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_imagens/guia-de-estudo/D/


Tam comprida de todo bem, caracteristicas-do-humanismo.jpg. Acessado: 28 jun. 2020.
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Neste movimento havia a chamada crônica histórica, representada so- Traziam, por insígnia, na bandeira
bretudo pelo escritor português Fernão Lopes. A obra do autor contém iro- Em campo verde um branco armelino
nia e crítica à sociedade portuguesa. D'ouro fino, e topazes a coleira.
No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que reproduzia Não humano, certamente, mas divino.
a visão de mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher
deixa de ser tão idealizada quanto era no Trovadorismo. Outra grande manifestação do período do Humanismo foi o teatro po-
pular, cujo principal representante é Gil Vicente, autor de Auto da Barca do
Trecho da obra “Triunfo da Morte” de Francesco Petrarca: Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, possuía visão mani-
Aquela bela dama e gloriosa, queísta (bem versus mal) e apresentava caráter moralizante. Outros títulos
Que hoje é nu 'spírito e pouca terra, notáveis desta manifestação foram: Auto da Visitação (1502) e Farsa de Inês
E foi alta coluna e valorosa; Pereira (1523).
Tornava com grande honra de sua guerra,
Deixando já vencido o grande inimigo, 2.2.3 - Quinhentismo (1500 – 1601)
Que com seu doce fogo o mundo aterra.
Não com mais armas que respeito altivo, O Quinhentismo foi a primeira manifestação literária do Brasil e tem
Honestidade em rosto e pensamento, esse nome pelo fato da literatura nacional ter começado no ano de 1500,
Coração casto e de virtude amigo. época da colonização portuguesa. Por isso, as obras não eram ligadas ao
Grande espanto era ver tal vencimento, povo brasileiro, mas aos colonizadores europeus.
As armas d'amor rotas e desfeitas, Faz parte do movimento descrito a literatura de informação produzida
E os vencidos dele em mor tormento. pelos viajantes portugueses no período do Descobrimento do Brasil e das
A bela dama e as outras eleitas Grandes Navegações. Os textos eram simples e adjetivados – a maioria de-
Se vinham gloriando da vitória, les crônicas de viagens, bastante descritivas. Mas também havia literatura
Em bela esquadra juntas e restreitas. de catequese feita pelos jesuítas, na qual se abordava não só a conquista
Poucas eram, que rara é vera glória, material, mas também a espiritual.
Mas dinas, da primeira à derradeira, Destacam-se autores como Pero Vaz de Caminha, que registrou suas pri-
De claríssimo poema e de história. meiras impressões das terras brasileiras. A Carta a el-Rei Dom Manoel sobre
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a "descoberta" do Brasil, escrita por ele, foi o primeiro documento redigido do Brasil, de 1576) e o Padre Manuel da Nóbrega (Tratado contra a Antropo-
sobre a história do país. Veja o trecho extraído da carta de Pero Vaz ao rei fagia, de 1559).
português:
A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e narizes bem fei-
tos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam em cobrir ou deixar
de cobrir suas vergonhas mais do se que preocupariam em mostrar o rosto. E
a esse respeito são bastante inocentes. Ambos traziam o lábio inferior furado e
metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da
grossura de um fuso de algodão, fino na ponta como um furador. (…)
Os cabelos deles são lisos. E os usavam cortados e raspados até acima das
orelhas. E um deles trazia como uma cabeleira feita de penas amarelas que lhe
cobria toda a cabeça até a nuca (…).
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e
eles a nossa, eles se tornariam logo cristãos, visto que não aparentam ter nem
conhecer crença alguma. Portanto, se os degredados que vão ficar aqui apren-
derem bem a sua fala e só entenderem, não duvido que eles, de acordo com
a santa intenção de Vossa Alteza, se tornem cristãos e passem a crer na nossa
santa fé. Isso há de agradar a Nosso Senhor, porque certamente essa gente é
boa e de bela simplicidade. E poderá ser facilmente impressa neles qualquer
marca que lhes quiserem dar, já que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons
rostos, como a bons homens. E creio que não foi sem razão o fato de Ele nos ter
Disponível em: https://www.trabalhosescolares.net/wp-content/uploads/2011/07/quinhentismo_
trazido até aqui. trabalhos_escolares-696x529.jpg. Acessado: 28 jun. 2020.

‘Outros autores do Quinhentismo de destaque são: o padre jesuíta José


de Anchieta (Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de
1595); o cronista português Pero de Magalhães Gândavo (O Tratado da Terra
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Referências Bibliográficas

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pon-
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Ensino Médio - Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. Educação, 1999.
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MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. 12. ed. São Paulo, Cultrix, 2009.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: tex-
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COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Vol. 2, 7ª Ed. São Paulo, Ed. Global,
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DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. “Semântica”; Brasil Escola. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/portugues/a-semantica.htm>. Acesso em 26 de
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HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de S. Dicionário HOUAISS da Língua Portugue-


sa (com a nova ortografia). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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Aparecida de Fátima Gavioli Divino Alves Bueno

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Institucional suas Tecnologias
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Centro de Estudos, Pesquisa e Revisora


Formação dos Profissionais da Ialba Veloso Martins
Educação
Rita de Cássia Ferreira Projeto Gráfico e Diagramação
Eduardo Souza da Costa
Superintendente de Modalidades e
Temáticas Especiais
Núbia Rejaine Ferreira Silva
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Dimas William D’oliveira TEC
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