Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teoria
Preposição
Na tirinha acima, é possível perceber a ocorrência das preposições. No primeiro quadrinho, temos
a preposição “em” introduzindo o complemento nominal (calma! Veremos esse conteúdo mais para
frente, quando estudarmos as funções sintáticas). No segundo quadrinho, vemos a preposição “de”
que, na primeira ocorrência, introduz um objeto indireto e, na segunda, um adjunto adnominal. Já
no último quadrinho, a preposição “de” em “ele detesta de contas…” não é exigida pelo verbo (que é
transitivo direto), mas foi empregada como um recurso estilístico.
Dessa forma, já podemos perceber o quanto as preposições são importantes para a gramática e
organização textual. Além de estabelecerem vínculo sintático, elas também estabelecem valor
semântico, tais como posse, companhia, causa, assunto, entre outros.
Conceito
É a classe gramatical responsável pela coesão textual no nível vocabular; ou seja, cumpre a função
de conectar vocábulos/palavras (de funções sintáticas diferentes) para estabelecer entre elas, em
geral, um nexo semântico.
Na frase “Vou a Roma”, por exemplo, a preposição “a” conecta o substantivo “Roma” à forma verbal
“Vou”. Desse modo, relaciona dois termos da oração, subordinando o segundo ao primeiro. O termo
que precede a preposição é chamado de regente e o termo que sucede recebe o nome de regido.
As preposições são: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem,
sob, sobre, trás.
Português
Visto isso, veremos, a seguir, as possibilidades de uso das preposições, e, consequentemente, mais
exemplos contextualizados. Não se preocupe, pois alguns termos – ainda que você, provavelmente,
já tenha visto na sua vida escolar – serão vistos mais detalhadamente nas próximas aulas.
● Complemento nominal – ex.: Ele tinha medo de escuro.
● Complemento verbal (objeto indireto) – ex.: Gabi precisava de ajuda.
● Locuções adverbiais – ex.: Daniel saiu com calma.
● Locuções adjetivas – ex.: Estava com dor de estômago.
Algumas preposições podem aparecer unidas a outras palavras. Se na união da preposição com
outra palavra não ocorrer alteração fonética, dizemos que houve combinação da preposição; caso
ocorra alteração fonética, dizemos que houve contração da preposição. Os exemplos mais comuns
são:
Combinação: Contração:
ao (preposição a + artigo o). do (preposição de + artigo o).
aos (preposição a + artigo os). desta (preposição de + pronome esta).
aonde (preposição a + advérbio onde). naquela (preposição em + pronome aquela).
pelo (preposição per + artigo o)
Locução prepositiva
Quando um conjunto de palavras estiver funcionando como preposição, receberá o nome de
locução prepositiva. É o caso dos exemplos a seguir:
● abaixo de, acima de;
● acerca de,
● a fim de,
● além de
● de acordo com,
● diante de,
● em vez de,
● junto de, junto a, junto com.
Palavras denotativas
As palavras denotativas recebem essa nomenclatura por não se enquadrarem em nenhuma classe
gramatical convencional, mas por serem capazes de expressar valores semânticos. Embora elas se
assemelhem, em alguns aspectos, aos advérbios, não mantêm as mesmas relações que eles.
Observe os casos a seguir:
No primeiro caso, a palavra “até” é preposição, pois liga sintaticamente os termos da oração e
possui valor semântico de movimento/direção. Já no segundo caso, a palavra “até” é sinônimo de
“inclusive”, sendo, então, uma palavra denotativa de inclusão.
Do ponto de vista semântico, elas são importantes no contexto em que se encontram e são
classificadas de acordo com a ideia que expressam. Algumas dessas ideias são: designação,
exclusão, inclusão, realce, retificação, situação, afetividade, explanação e limitação.
Exercícios de fixação
1. As preposições são:
(A) Variáveis.
(B) Invariáveis.
(C) Variáveis em número.
2. Na frase “ele foi morto com uma faca”, a preposição introduz uma ideia de:
(A) Posse.
(B) Companhia.
(C) Instrumento.
4. Na frase “Eu é que não fui!”, apesar de ser uma estrutura coloquial, a estrutura “é que” assume
qual valor semântico?
Exercícios de vestibulares
1. (FAU – SANTOS) “O policial recebeu o ladrão a bala. Foi necessário apenas um disparo; o
assaltante recebeu a bala na cabeça e morreu na hora.”
No texto, os vocábulos em destaque são respectivamente:
(A) Preposição e artigo.
(B) Preposição e preposição.
(C) Artigo e artigo.
(D) Artigo e preposição.
(E) Artigo e pronome indefinido.
2. Bode no pasto
Quase ninguém duvidou do saber do homem, do seu poder mágico, pois andava com uns
livros de história, de magia, com versões sobre fatos reais, mistérios, ciências ocultas. Até
mesmo os céticos, críticos, admitiam sua condição de mestre, de domínio da arte, da mágica,
reflexo de vivências no país e no mundo.
Então visto como sábio, senhor de poderes ocultos, o homem prometeu uma façanha, ou seja,
domar bodes, mudar o hábito da espécie. Aí pegou umas folhas, esfregou na venta dum
cabrito, e garantiu que a praga estava eliminada, nunca mais faria estragos naquela terra. (…)
(Nagib Jorge Neto. Diário de Pernambuco. 20/11/98)
3. (Vestibulinho ETEC) As matas ciliares são tão importantes para os rios e lagos, como são os
cílios para a proteção dos nossos olhos. (...) Sem as matas ciliares, as nascentes secam, as
margens dos rios e riachos solapam, o escoamento superficial aumenta e a infiltração da
água no solo diminui, reduzindo as reservas de água do solo e do lençol freático. As
consequências são dramáticas para o meio ambiente: a poluição alcança facilmente os
mananciais e a vida aquática é prejudicada, rios e reservatórios transformam-se em grandes
esgotos ou lixões.
Na primeira frase do texto, a preposição “para”, na oração destacada, foi empregada com o
valor semântico de:
(A) Finalidade.
(B) Conclusão.
(C) Explicação.
(D) Concessão.
(E) Proporcionalidade.
Nesse texto, o termo “Aliás” articula dois enunciados envolvidos numa mesma relação
argumentativa, construindo, para o segundo, uma ideia de
(A) questionamento da origem da língua portuguesa.
(B) semelhança de condições sociais dos falantes do português.
(C) acréscimo de fato comprobatório sobre a língua portuguesa.
(D) comparação entre o português brasileiro e o europeu.
(E) relevância do português sobre o inglês e o francês.
Português
7. (ITA) O projeto Montanha Limpa, desenvolvido desde 1992, por meio da parceria entre o
Parque Nacional de Itatiaia e a DuPont, visa amenizar os problemas causados pela poluição
em forma de lixo deixado por visitantes desatentos.
(Folheto do Projeto Montanha Limpa do Parque Nacional de Itatiaia.)
A preposição que indica que o Projeto Montanha Limpa continua até a publicação do folheto
é:
(A) Entre.
(B) Por (por visitantes).
(C) Em.
(D) Por (pela poluição).
(E) Desde.
8. (Enem, 2020)
A frase, título do filme, reproduz uma variedade linguística recorrente na fala de muitos
brasileiros. Essa estrutura caracteriza-se pelo(a)
(A) uso de uma marcação temporal.
(B) imprecisão do referente de pessoa.
(C) organização interrogativa da frase.
(D) utilização de um verbo de ação.
(E) apagamento de uma preposição.
Português
Desta feita, porém, é diferente. Pois eu, de nome posto de Sexta-Feira, me apresento hoje com séria
e verídica queixa. Venho para aqui todo desclaviculado, uma pancada quase me desombrou.
Aconteceu quando assistia ao jogo do Mundial de Futebol. Desde há um tempo, ando a espreitar na
montra2 do Dubai Shopping, ali na esquina da Avenida Direita. É uma loja de tevês, deixam aquilo
ligado na montra para os pagantes contraírem ganas de comprar. (...)
É ali no passeio que assisto futebol, ali alcanço ilusão de ter familiares. O passeio é um corredor da
enfermaria. Todos nós, os indigentes ali alinhados, ganhamos um tecto3 nesse momento. Um tecto
que nos cobre neste e noutros continentes.
Só há ali um no entanto, doutor. É que sou atacado de um sentimento muito ulceroso enquanto os
meus olhos apanham boleia4 para a Coreia do Sul. O que me inveja não são esses jovens, esses
fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se
enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio
de dores verdadeiras para perante a dor falsa de um futebolista. (...)
Eu sei, doutor, lhe estou roubando o tempo. Vou directo no assunto do meu ombro. Pois aconteceu
o seguinte: o dono da loja deu ontem ordem para limpar o passeio. Não queria ali mendigos e vadios.
Que aquilo afastava a clientela e ele não estava para gastar ecrã5 em olho de pobre. Recusei sair,
doutor. O passeio é pertença de um alguém? Para me retirarem dali foi preciso chamar as forças
policiais. (...)
Pois eu, conforme se vê, vim ao hospital não por artimanha, mas por desgraça real. O doutor me
olha, desconfiado, enquanto me vai espreitando os traumatombos. Contrariado, ele lá me coloca
sob o olho de uma máquina radiográfica. Até me atrapalho com tanta deferência. Até hoje, só a
polícia me fotografou. (...)
E logo me desando, já as ruas deságuam. Chego à loja dos televisores e me sento entre a
mendigagem.
(...) O que eu vi num adocicar de visão foi isto, sem mais nem menos: eu e os mendigos de sexta-
feira estamos no mundial, formamos equipa com fardamento brilhoso. E o doutor é o treinador. E
jogamos, neste momento preciso. Eu sou o extremo esquerdo e vou dominando o esférico, que é
um modo de dominar o mundo. Por trás, os aplausos da multidão. De repente, sofro carga do defesa
contrário. Jogo perigoso, reclamam as vozes aos milhares. Sim, um cartão amarelo, brada o doutor.
Porém, o defesa continua a agressão, cresce o protesto da multidão. Isso, senhor árbitro, cartão
vermelho! Boa decisão! Haja no jogo a justiça que nos falta na vida.
Afinal, o vermelho é do cartão ou será o meu próprio sangue? Não há dúvida: necessito de
assistência, lesionado sem fingimento. Suspendessem o jogo, expulsassem o agressor das quatro
linhas. Surpresa minha – o próprio árbitro é quem me passa a agredir. Nesse momento, me assalta
a sensação de um despertar como se eu saísse da televisão para o passeio. Ainda vejo a matraca
do polícia descendo sobre a minha cabeça. Então, as luzes do estádio se apagam.
(MIA COUTO. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.)
1 Maleitas – doenças de fácil resolução. 2 Montra – vitrina. 4 Boleia – carona. 3 Tecto – teto. 5 Ecrã – tela.
Português
9. (USS-Vassouras) No trecho “Até me atrapalho com tanta deferência. Até hoje, só a polícia
me fotografou.”, a palavra “até” indica, respectivamente, valores de:
(A) Limite – intensidade.
(B) Intensidade – restrição.
(C) Restrição – ênfase.
(D) Ênfase – limite.
10. (UNIFESP)
(Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados,
Um garbo senhoril, nevada alvura;
Metal de voz que enleva de doçura,
Dentes de aljôfar, em rubi cravados;
Fios de ouro que enredam meus cuidados,
Alvo peito que cega de candura;
Mil prendas e (o que é mais que formosura)
Uma graça, que rouba mil agrados;
Mil extremos de preço mais subido
Encerra a linda Márcia, a quem of’reço
Um culto, que nem dela inda é sabido;
Tão pouco de mim julgo que a mereço,
Que enojá-la não quero de atrevido
Co’as penas que por ela em vão padeço.
(Filinto Elísio)
No verso “Metal de voz que enleva de doçura”, a preposição “de” ocorre duas vezes, formando
expressões que indicam, respectivamente, relação de:
(A) Posse e consequência.
(B) Causa e posse.
(C) Qualificação e causa.
(D) Modo e qualificação.
(E) Posse e modo.
Gabaritos
Exercícios de fixação
1. B
As preposições não sofrem nenhum tipo de flexão.
2. C
A preposição “com” introduz o instrumento “faca”.
Exercícios de vestibulares
1. A
Na primeira oração, o a é uma preposição: caso haja a troca da palavra bala por uma outra que
preserve o sentido da frase, como tiro, por exemplo, o a permanecerá invariável. Veja: “O policial
recebeu o ladrão a tiro’’. Já no caso do segundo a destacado, esse define um substantivo (bala),
sendo então um artigo, passível de flexão de gênero. É válido destacar que na primeira frase
não há a ocorrência de crase por ser “a bala’’ uma locução adverbial feminina de instrumento.
2. B
As palavras “pois” e “como”, considerando o contexto no qual foram inseridas, estabelecem,
respectivamente, relação de causa e de comparação; já as demais são palavras denotativas e
estabelecem as seguintes relações lógicas: “até mesmo” (inclusão); “ou seja” (explicação); e
“aí” (situação).
3. A
No fragmento apresentado, a preposição “para” indica a finalidade dos cílios, ou seja, “para a
proteção dos nossos olhos”.
4. C
A expressão “aliás” está articulando dois enunciados dentro de uma mesma lógica
argumentativa, servindo, então, para acrescentar um fato comprobatório em relação à língua
portuguesa.
5. B
A preposição “a” antecede o pronome relativo “quem”, que não admite artigo; o artigo “a”
antecede o substantivo feminino “pobreza”; e a preposição “a” antecede o pronome
demonstrativo masculino “este”.
Português
6. A
De acordo com a música de Gilberto Gil, pode-se perceber que as preposições “de” e “para”
possuem, respectivamente, o sentido de origem de um site, ou seja, o site é proveniente de
Helsinque e tem como objetivo abastecer.
7. E
A preposição “desde” apresenta, no fragmento, o sentido de que o projeto começou em 1992 e
até os dias de hoje continua existindo no Parque Nacional de Itatiaia.
8. E
O desvio gramatical, comum na oralidade, ocorre devido ao desrespeito à regência, tendo em
vista que a expressão adverbial de tempo deve ser introduzida por uma preposição para ligar-
se ao verbo (“volta”).
9. D
No primeiro caso, “até” serve para enfatizar a ideia de que o enunciador se atrapalha com tanta
deferência. No segundo, “até” indica um limite temporal.
10. C
Na expressão “metal de voz”, a preposição rege o adjunto que determina metal. Trata-se, na
verdade, de uma transposição, pois o sentido é de “voz de metal”, que qualifica,
metaforicamente, o timbre da voz (soa como se fosse metal). Em “que enleva de doçura”, a
preposição indica relação de causa: enleva por causa da doçura.