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A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) é um conjunto de normas que rege o ensino programático da Língua Portuguesa. A
atual foi instituída por uma Portaria (Portaria nº 36, de 28 de janeiro de 1959) e redigida por uma comissão composta pelos membros
da Academia Brasileira de Letras. Trata-se mais dos interesses imediatos do ensino de português do que de resultados de pesquisa
linguística. A NGB foi apenas recomendada pelo MEC, contudo tem sido tomada como uma lei.
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Com base nas definições acima, você seria capaz de encontrar o sujeito nas
frases abaixo?
(1) a. Parece que vamos ter de pagar mais impostos.
b. Precisa-se de bons revisores.
Os núcleos dos sujeitos dados em (4) são os que aparecem sublinhados: Maria e
João; Eu e ele; As uvas, as maçãs e os morangos. O verbo concorda, no plural, com
esses núcleos.
Mais uma vez, é a concordância do verbo que nos indica o tipo de sujeito da
oração.
Em todos os exemplos de (6), o verbo aparece na terceira pessoa do plural, sem que
haja, na frase, nenhuma referência a essa pessoa (diferentemente de (5b), compare!).
Repare que em (6c) há uma locução verbal (vão cortar), nesse caso, o verbo auxiliar
se flexiona na terceira pessoa do plural para indeterminar o sujeito.
Após essa breve análise acerca dos tipos de sujeito, podemos responder a
pergunta inicial: Como poderíamos, então, definir a função sintática sujeito através de
uma generalização que dê conta de todas as ocorrências desse termo?
A função sintática sujeito pode ser definida através da seguinte generalização:
sujeito é o termo que desencadeia concordância com o verbo. Até mesmo nos casos
que o sujeito é indeterminado ou inexistente, a análise da concordância verbal é
fundamental para determinar essa indeterminação e essa inexistência sintática na
oração.
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Repare que a posição pós-verbal é própria de objeto, e não de sujeito. Repare também que, quando o sintagma
nominal aparece anteposto ao verbo, a concordância verbal é (quase) categórica:
As conta(s) chegaram. Quatro dias faltam pro verão! Dois ovo(s) bastam/chegam pra um omelete. Três acidente(s)
grave(s) já aconteceram nessa esquina.
Nesse caso, parece que a interpretação que ele recebe é mesmo de sujeito.
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dizer que o predicado é o que resta de uma oração depois de separada de seu sujeito.
Em uma oração como
(1) Pesquisadores do HUSM participam de estudo brasileiro para tratamento da
Covid-19.
Repare que em (3a) e (3b) aparece o verbo abrir. No primeiro exemplo, (3a), ele
aparece sem complementos, acompanhado apenas de um adjunto adverbial (neste
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Seguindo um critério semântico, a NGB classifica como verbo nocional o verbo que apresenta significado lexical no radical; são os
verbos intransitivos e transitivos. Em contrapartida, os verbos “vazios” de significado, que, sozinhos, não apresentam nenhuma noção
(ou significado) são denominados de verbos não nocionais. Esses são os verbos de ligação, cuja função é indicar estado, qualidade
ou condição do sujeito.
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A preposição serve, nesses casos, para evitar ambiguidade. Sem ela, poderíamos
interpretar sintaticamente traidora e injusta como adjunto adnominal do objeto, e não
como predicativo.
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O adjunto adnominal, também chamado de determinante, responde pela periferia esquerda do sintagma nominal.
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1.3.3 Aposto
Segundo Cegalla (2005) e Sacconi (2001), aposto é o termo que esclarece,
explica, desenvolve ou resume outro. Pode aparecer separado por vírgula,
dois-pontos, travessão ou parênteses:
(14) a. A escola Bilac está fechada.
b. Vênus, 20 anos, foi acusada por corrupção.
c. Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
d. Foram os dois - ele e ela.
e. O ouro, o diamante e as pérolas, tudo é terra e da terra.
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1.3.4 Vocativo
A palavra vocativo vem do latim: vocare, que significa chamar. O termo vocativo
não é predicado por nenhum outro termo; ele é usado para chamar, interpelar
aquele/aquilo a que o falante se dirige, por isso se refere sempre à segunda pessoa
do discurso:
(16) a. A ordem agora, meus amigos, é se divertir!
b. Vocês por aqui, meninos?
Em (17a) não aparece vocativo: Carlos Antônio é o sujeito da oração. Em (17b) Carlos
é o vocativo, e Antônio é o sujeito. Em (17c), Antônio é vocativo e Carlos é o sujeito
(essa interpretação fica mais clara se colocarmos uma interjeição indicando o
chamamento antes do vocativo: Carlos, ô Antônio, teve a dissertação de metrado
aprovada com louvor.)
Exercícios
1 No texto abaixo (adaptado do jornal Diário de Santa Maria), analise
sintaticamente as orações sublinhadas e identifique, em cada uma delas, o sujeito e o
tipo de predicado:
Um ano após corte, replantaram mudas de árvores no bairro Rosário.
Um ano depois do corte de 17 árvores na Rua do Rosário, a paisagem da
principal via do bairro Rosário está diferente. As sombras ainda não voltaram;
entretanto, em agosto, a concessionária de energia replantou 20 mudas na rua.
A justificativa para a retirada das plantas, à época, era porque elas estariam
atrapalhando a rede de energia elétrica do local. Contudo, o corte deixou a prefeitura
e os moradores do bairro surpresos.
Em consequência dos cortes, tramita na Justiça uma ação do Ministério Público
e da prefeitura. Conforme a procuradoria jurídica do município, na próxima
segunda-feira, vai ocorrer uma audiência para tratar do assunto e não há interesse em
retirar a ação.
Conforme a prefeitura, houve o replantio das espécies escova-de-garrafa,
primavera e ipê-roxo. Elas teriam sido definidas em conjunto com moradores do
bairro. Essas árvores são mais adequadas para o plantio em zona urbana. Ainda
conforme o Executivo, a RGE tem licença da Fundação Estadual de Proteção
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15 por todos
Mioto, C; Figueiredo Silva, M.C. & Lopes, R.E.V. Novo Manual de Sintaxe.
Florianópolis: Insular, 2004.
Neves, M. H. de M. Gramática de usos do português. 2ª ed. São Paulo: Editora da
UNESP, 2011.
Perini, M. Gramática descritiva do português. 4ª ed. São Paulo: 2009.
_____. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial. 2010.
Rocha Lima, C.H. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. RJ:José Olympio,
1984.
Sacconi, L.A. Nossa Gramática: teoria e prática. 26a ed. SP: Saraiva, 2001.
______. Gramática para Todos. 2a ed. SP: Nova Geração, 2010.
_____. Nossa gramática completa. Teoria e prática. 31ª ed. São Paulo: Nova Geração,
2011.
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A NGB não reconhece a oração subordinada que exerce a função sintática de agente da passiva, mas ela existe: A
casa foi destruída [por quem queria o terreno].
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(2) O ciclista Gilberto Arruda foi atropelado por volta das 23h de sexta-feira; o acidente
aconteceu no quilômetro 334 da BR-158.
No exemplo (4a), as orações coordenadas não são separadas por vírgula porque o
sujeito das duas orações é o mesmo; no exemplo (4b), uma vírgula separa as duas
orações, pois os sujeitos são diferentes6. Em (4c), as orações coordenadas aparecem
correlacionadas e são enfáticas; a conexão de orações desse tipo se faz por meio do
par correlato não só... mas também, que apresenta as variantes não somente... mas
ainda, não somente... como também, não somente... senão também, não só... mas
até e similares. No exemplo (4d), a conjunção aditiva e aparece na sua forma negativa
nem.
A palavra nem pode funcionar como conjunção ou como advérbio:
(5) a. Nas horas difíceis, os falsos amigos não ajudam nem aparecem.
b. Nem veio, nem telefonou.
c. Não falei ontem e nem falarei amanhã.
Em (5a), nem funciona como conjunção, assim como acontece no exemplo (4d). Em
(5b), o nem que aparece na primeira oração equivale ao advérbio de negação não;
assim, a primeira oração de (5b) é assindética (equivale a não veio), e a segunda
oração de (5b) é coordenada sindética aditiva. Em (5c), a expressão e nem equivale a
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Essa regra para o emprego da vírgula vigora apenas para a conjunção e.
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Em (6a) e tem o mesmo valor de mas, pois introduz uma oração que quebra a
expectativa gerada pela anterior. Em (6b) a conjunção e equivale a portanto, pois
encerra a ideia de conclusão.
Agora suponha duas pessoas, Maria (em 9a) e Ana (em 9b), dando sua opinião
a respeito de uma terceira, João:
(9) a. João é bonito, mas é mentiroso.
b. João é mentiroso, mas é bonito.
(9a) mostra que, para Maria, característica mais importante de João é ser mentiroso;
(9b) mostra que, para Ana, a qualidade mais importante de João é ser bonito.
Observe, por último, os exemplos abaixo em que a palavra que aparece com
dois diferentes valores:
(10) a. Ele falava que falava; não dava chance a ninguém!
b. Se ela vier aqui, que não vem, nós pediremos explicações.
Em (10a) a palavra que pode ser substituída por e; e em (10b), por mas.
Conforme a norma culta, não é adequado combinar ora, já, quer, seja, ou; isto é,
sempre que optarmos pelo emprego do par enfático, devemos repetir a mesma
conjunção e evitar a combinação de duas ou mais:
(13) Quer viaje, ou quer faça a festa, certamente ela lembrará da data!
Exercícios
1 Marque com X os períodos compostos:
a) ( ) É agradável a vida por aqui.
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4 Um homem muito rico estava mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu
assim:
Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
padeiro nada dou aos pobres.
Ele morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro
concorrentes: o sobrinho, a irmã, o padeiro e os descamisados.
10 Em cada uma das frases abaixo, aparece uma oração coordenada sublinhada.
Identifique o tipo de oração de acordo com o código que segue:
(1) oração coordenada sindética aditiva;
(2) oração coordenada sindética adversativa;
(3) oração coordenada sindética alternativa;
(4) oração coordenada sindética conclusiva;
(5) oração coordenada sindética explicativa;
(6) oração coordenada assindética.
a) ( ) O autor não aceitava críticas ao seu trabalho; então criou vários atritos com a
imprensa.
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a primeira oração, [Pedi], é chamada de oração principal porque não exerce nenhuma
função sintática em relação à segunda, a subordinada, [que tivessem calma], que
funciona como objeto direto da primeira.
Identificamos as orações subordinadas de acordo com a função sintática que
desempenham no período. Dessa forma, podem ser substantivas, adjetivas ou
adverbiais.
As substantivas podem exercer as seguintes funções sintáticas: sujeito, objeto
direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal, aposto:
(2) É preciso [SUJEITO que você pague os atrasados].
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Ver 2.1 ORAÇÕES DEPENDENTES E INDEPENDENTES.
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Em todos os períodos de (1), (2) e (3), o verbo da oração principal está na terceira
pessoa do singular. Em (1) a oração principal aparece com um verbo tradicionalmente
analisado como intransitivo (parece, acontece, importa, convém). Em (2) o verbo da
oração principal é um verbo de ligação, que está seguido de um predicativo (e do
adjunto adverbial extremamente em (2c)). Em (3) a oração principal aparece na voz
passiva (pronominal em (3a, b) e analítica em (3c)).
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As orações subordinadas podem ser introduzidas por outros conetivos além das
conjunções integrantes (que, se), como mostram os exemplos (3a, b), em que
aparecem como, quando, onde, quem, por exemplo.
Há um tipo de oração substantiva que não pode ser construída com conjunção
integrante e vem sempre introduzida pela locução “por + quem/quantos...”; é a oração
com função de agente da passiva:
(14) a. O quadro foi comprado por quem deu o maior lance.
b. A obra foi apreciada por quantos a viram.
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A NGB não reconhece as orações com função de agente da passiva, contudo elas
são produtivas na linguagem do falante nativo.
Exercícios
1 Substitua os termos sublinhados por orações substantivas, sem alterar o sentido das
frases. As orações substantivas devem ter as mesmas funções sintáticas dos termos
substituídos.
a) É certa a chegada das vacinas.
b) Vereador quer isenção de cobranças para comerciantes.
c) Suspeito confessa assassinato do irmão.
d) A população precisava da ajuda da prefeitura.
e) Tínhamos medo do ataque de animais peçonhentos.
f) Vi, com meus olhos, isto: ruas desertas!
g) Meu medo era a partida prematura deles.
11 Faça o mesmo com o texto abaixo (adaptado do jornal Diário de Santa Maria, de
20.05.22):
Procon contará com unidade móvel para atender população dos bairros e
distritos
O serviço de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Santa Maria
passará a contar, a partir de 2023, com uma unidade móvel. O objetivo é atender a
demanda da população nas localidades mais afastadas do centro da cidade. É preciso
estender o atendimento do serviço, que fica restrito ao centro.
A unidade móvel do Procon, adaptada com cadeira, mesa, computador,
receberá R$ 610 mil em investimento e um veículo de suporte para deslocamento da
equipe; o que garantirá o atendimento às localidades afastadas do centro.
O projeto é desenvolvido em parceria entre o Procon de Santa Maria e o
Ministério Público Estadual (MP/RS). Em entrevista à, a coordenadora do Procon de
Santa Maria e vice-presidente da Associação Brasileira de Procons, Márcia Moro da
Rocha, afirmou que a verba vem do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados
(FRBL) do MP.
Após a aprovação do projeto, as próximas ações são encaminhar a
documentação ao Ministério Público, assinar o convênio entre as entidades e
depositar os recursos em uma conta vinculada ao projeto. Após o depósito dos
valores, será aberta a licitação para a compra dos dois veículos.
O serviço da unidade móvel do Procon já VP é realizado em Porto Alegre, Rio
Grande e Novo Hamburgo, e presta todos os atendimentos que são feitos na sede
física.
Cegalla, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 46a ed. SP: Companhia
Editora Nacional, 2005.
Garcia, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. RJ: Fundação Getúlio Vargas,
1988.
Henriques, C.C. Sintaxe. RJ: Elsevier, 2008.
Kury, A.G. Novas Lições de Análise Sintática. 6a ed. SP: Ática, 1993.
Sacconi, L.A. Nossa Gramática: teoria e prática. 26a ed. SP: Saraiva, 2001.
_____. Gramática para Todos. 2a ed. SP: Nova Geração, 2010.
_____. Nossa gramática completa. Teoria e prática. 31ª ed. São Paulo: Nova Geração,
2011.
Os pronomes relativos que introduzem as orações adjetivas em (2) são quem, cujo,
qual, que. Existem algumas regras para o emprego dos relativos, que veremos logo
abaixo da Tabela 1, nos exemplos (10) a (16).
As orações adjetivas que aparecem em (2a, b) estão inseridas no sujeito; em
(2c), no predicativo; em (2d), no complemento nominal; em (2e), no adjunto adverbial.
Assim como o adjunto adnominal, também a oração adjetiva pode aparecer dentro de
vários termos da oração.
As orações adjetivas são de dois tipos, conforme passamos a apresentar a
seguir.
Como vemos em (3), as orações adjetivas explicativas são separadas por vírgulas.
Quando elas contêm um predicado nominal, apresentam muita semelhança com o
aposto e com o predicativo. Vejamos o par (4a, b, c, d) abaixo:
(4) a. Brasília, que é a capital do Brasil, foi fundada em 1960.
b. Brasília, a capital do Brasil, foi fundada em 1960.
Assim como em (4a), também a oração adjetiva sublinhada em (5a) é construída com
um verbo de ligação (ser). Se retirarmos esse verbo (e o pronome relativo) da oração,
transformamos a oração adjetiva em um termo, o predicativo, como em (5b) (repare
que o núcleo do termo sublinhado em (4b) é um substantivo (capital), e o núcleo do
termo sublinhado em (5b) é um adjetivo (honesto); daí ser o primeiro um aposto e o
segundo um predicativo).
(6) mostra que não se usam vírgulas para separar as orações restritivas.
A oração explicativa (7a) indica que eu tenho apenas um irmão, o que mora em
Manaus; a oração restritiva (7b) indica que, dentre todos os meus irmãos, apenas o
que mora em Manaus veio me visitar. O conjunto de irmãos de (7a) é formado por
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uma pessoa apenas, e o conjunto de irmãos de (7b) é formado por mais de uma
pessoa.
A palavra que representa, retoma o substantivo casa, relaciona-se com o termo casa:
é um pronome relativo. A palavra que o pronome relativo representa se chama
antecedente. No exemplo dado em (9), o antecedente de que é casa.
São os seguintes os pronomes relativos:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
masculino feminino
o qual; os quais a qual ; as quais quem
cujo; cujos cuja; cujas que
quanto; quantos quanta; quantas onde
quando (noção de tempo)
como (noção de modo)
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Em (14), sublinhamos o pronome relativo e o termo com que ele concorda; porém,
não é esse o seu referente. Em (14a) o referente do pronome relativo cujos (que está
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(17) Os dois livros que os alunos compraram vão ser usados por toda a turma. → os
alunos compraram os dois livros.
Em (17) o pronome relativo que exerce função sintática de objeto direto do verbo
comprar, dentro da oração adjetiva.
Em (18) o pronome relativo (a) que exerce função sintática de objeto indireto do verbo
pronominal referir-se, dentro da oração adjetiva.
(19) Os insetos de que ele tinha mais nojo eram as baratas. → ele tinha mais nojo das
baratas.
Em (19) o pronome relativo (de) que exerce função sintática de complemento nominal
do termo nojo, dentro da oração adjetiva.
(20) O grande ator que ele era deixou saudades. → ele era o grande ator.
Em (20) o pronome relativo que exerce função sintática de predicativo do sujeito do
verbo ser, dentro da oração adjetiva.
(21) O amigo por quem ele fora traído estava preso. → ele fora traído pelo amigo.
Em (21) o pronome relativo (por) quem exerce função sintática de agente da passiva
da locução passiva ser traído, dentro da oração adjetiva.
OBSERVAÇÕES:
1 As estruturas adjetivas cujo pronome é regido por preposição têm, além da forma
padrão, duas formas variantes: a cortadora e a copiadora. Vejamos os exemplos:
(23) Ela trouxe o livro [de que falei ontem].
essa é uma oração adjetiva padrão: a preposição “de” é exigida pelo verbo “falar” e
antecede o pronome relativo. É típica do registro formal.
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essa oração é uma relativa cortadora: a preposição exigida pelo verbo “falar” é
apagada. Essa oração é própria do registro coloquial e está em processo de
incorporação na linguagem literária e jornalística.
pronome relativo “que” introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva (dentro do
PS).
(28) O craque estava escalado, [APOSTO o [Or. Adj. R. que deu à torcida uma
sensação de alívio] ].
nesse período, o pronome demonstrativo “o” (=isso/fato) funciona como núcleo do
aposto da oração principal, e o pronome relativo “que” introduz uma oração
subordinada adjetiva restritiva (dentro do aposto).
As frases em (29) têm apenas uma oração cada. Isso, contudo, não acontece nos
exemplos abaixo:
(30) a. O pior de tudo é [que ela não tinha mais dinheiro].
b. Este é [o homem [que resolverá tudo]].
c. Se digo deste modo, é (=digo) [que (=porque) ainda não aprendi as boas
maneiras].
Em (30a) a palavra que é uma conjunção integrante que introduz uma oração
subordinada substantiva predicativa, antecedida pelo verbo de ligação é. Em (30b) a
palavra que é um pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva
restritiva e tem como referente o núcleo do predicativo do sujeito homem. Em (30c) a
palavra que equivale à conjunção porque e introduz uma oração coordenada sindética
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Exercícios
1 Indique, através de colchetes, a oração adjetiva e sublinhe o antecedente do
pronome relativo, como no exemplo:
O artista vendeu todos os quadros [que pintou].
a) Queria ir para uma cidade onde houvesse menos carros!
b) O lançamento que ocorreria no sábado foi adiado.
c) Segundo os pesquisadores da UFSM que estão acompanhando a missão, no
Cosmódromo de Baikonur, esse tipo de adiamento já era previsto.
d) Esta é a casa em que nasci.
e) O diretor recebeu os alunos, com quem manteve longa conversa.
f) Abri um álbum enorme, cujas páginas estavam muito velhas.
g) A dor que se dissimula dói mais.
2 Por meio do pronome relativo adequado, junte cada par de frases numa só, de
modo a formar uma oração subordinada adjetiva, como nos exemplos:
a) Meu tio contava histórias. As histórias dele me apavoravam.
Meu tio contava histórias que me apavoravam.
b) Veja o perigo. Você se expõe a esse perigo.
Veja o perigo a que você se expõe.
a) Esse é o menino. Eu falei dele ontem.
b) Eu moro naquela casa. A casa é grande.
c) A oficina fica no fim da rua. João trabalha nessa oficina.
d) As tintas eram extraídas dos vegetais. Com as tintas, se pintavam os tecidos.
e) O rio era fundo. Eu costumava brincar nesse rio.
f) Esse é um problema difícil. Para a sua solução se exige competência.
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5 Por meio do pronome relativo adequado, junte cada par de frases numa só, de
modo a formar uma oração subordinada adjetiva com o significado pedido em (a) e
(b): Os eleitores são esclarecidos. Os eleitores podem mudar o destino do país.
Significado a) Todos os eleitores são esclarecidos e podem mudar o destino do país.
Significado b) Apenas os eleitores esclarecidos podem mudar o destino do país.
7 Nos períodos abaixo, analise a palavra que e escreva P se ela for um pronome
relativo e C se ela for uma conjunção integrante:
a) ( ) Este é um mal que tem cura.
b) ( ) Confesso que errei.
c) ( ) Assisti a cenas que me comoveram.
d) ( ) Sabe-se que as vacinas serão caras.
Atletas depois de inscrito, que deseja fazer a troca para outra prova deste evento,
deve pagar uma taxa de R$ 40,00 reais.
Kury, A.G. Novas Lições de Análise Sintática. 6a ed. SP: Ática, 1993.
Sacconi, L.A. Nossa Gramática: teoria e prática. 26a ed. SP: Saraiva, 2001.
_____. Gramática para Todos. 2a ed. SP: Nova Geração, 2010.
_____. Nossa gramática completa. Teoria e prática. 31ª ed. São Paulo: Nova Geração,
2011.
Como se vê em (2c, d), as conjunções “como” e “se”, quando significam “já que”,
“porque” também são causais.
Podemos analisar (4a), assim como (3f, g), como um período de três orações: a
primeira é a principal (Seus olhos brilham), a segunda é a subordinada comparativa
com o verbo subentendido (como brilhariam), e a terceira é uma condicional (se
fossem estrelas).
(4b) também pode ser analisado como um período de três orações: a primeira é
a principal (Os torcedores festejaram mais hoje), a segunda é a subordinada
comparativa com o verbo subentendido (do que festejaram), e a terceira é uma
temporal (quando ganharam a copa).
Sacconi (2001: 384), contrariando essa análise, considera, na combinação dessas
conjunções (como se, do que quando), a ocorrência de apenas uma oração: a
comparativa.
As conjunções concessivas que aparecem em (5) são: embora, ainda que, conquanto.
Repare que essas conjunções levam o verbo da oração subordinada para o modo
subjuntivo (conhecesse, seja, entrassem, pudesse).
Azeredo (2008: 134) aponta que as orações proporcionais têm também valor
temporal, já que expressam concomitância. Segundo ele, talvez fosse mais
econômico se a NGB as agrupasse genericamente com as temporais.
Nessas orações, também é muito frequente aparecer a ideia de comparação
subentendida.
Exercícios
1 Analisando o relacionamento que a oração subordinada mantém com a principal,
identifique o tipo de adverbial:
a) O time não perderia o jogo se o técnico fosse competente.
b) Essa torcida é mais exigente do que a torcida do Brasil.
c) A torcida se animou quando entrou o centroavante.
d) Eu ainda estava muito fraca, por isso não fui à aula.
e) Embora ainda estivesse muito fraca, fui à aula.
f) Preciso ficar bem logo para ir à festa.
g) Quando ficar melhor, retorno às aulas.
8 Quais são as orações adverbiais que aparecem abaixo e que ideia elas indicam?
a) Desde que o vi, soube que era má pessoa.
b) Desde que tenho muito trabalho hoje, não vou poder sair à noite.
c) Permanecerei aqui, desde que você permaneça.
d) Trabalho melhor onde tem paz.
e) Trabalho melhor com quem se empenha.
f) Falou sem que nos convencesse.
Exemplos:
(1) Seria interessante avisarmos os responsáveis.
a) é oração reduzida porque: tem verbo no infinitivo e não tem conetivo;
b) desdobramento: ... que avisássemos os responsáveis;
c) classificação: subordinada substantiva subjetiva, reduzida de infinitivo.
(4) Voltando para casa, parei numa confeitaria para comprar uma torta.
a) são orações reduzidas porque: têm verbo no gerúndio ou no infinitivo e não têm
conetivo;
b) desdobramentos: Quando voltava para casa, ... para que eu comprasse uma torta
c) classificações: subordinada adverbial temporal, reduzida de gerúndio e subordinada
adverbial final, reduzida de infinitivo.
4.1.1 SUBSTANTIVAS
(5) a. É bom estar aqui com vocês.
b. A ideia era prender todos os vândalos.
c. Esperamos conseguir a aprovação.
d. A família me incumbiu de levar a boa nova.
e. Alguns têm medo de dizer a verdade.
f. Em ti só uma coisa me assusta: chorares à toa.
4.1.2 ADJETIVAS
(6) a. Fomos os únicos a conseguir a aprovação.
b. Ela é uma pessoa de estremecer qualquer um.
c. Ele não era pessoa de se entregar facilmente.
4.1.3 ADVERBIAIS
(7) a. Ficávamos nos vangloriando de termos vencido o favorito.
b. De tanto ficar sozinho em casa, acabou nessa situação.
c. Aquele menino, talvez por estar necessitado, aceitou o emprego.
d. Apesar de ser feriado, iremos trabalhar.
e. Fazia um frio de congelar até as palavras.
f. A fim de resolver o problema, ele procurou ajuda.
g. Paro agora de falar por/para não cansar mais os leitores.
h. Sou colorado até morrer.
i. Ele não pode ir sem eu lhe devolver o dinheiro.
j. Você não sairá sem antes me avisar.
k. Retirei-me discretamente, sem ser percebido.
l. Ela saiu, sem despedir-se do pai.
4.2.1 COORDENADAS
(8) a. Levei a bola, ficando sozinho diante do goleiro.
b. Ele namorava uma, pensando na outra.
c. O balão subiu rapidamente, desaparecendo no céu.
d. Pagou o dentista, ficando quite com ele.
e. Marta começa a rir; sua gargalhada aumenta, ecoando em toda a igreja.
4.2.2 ADJETIVAS
(9) a. Havia ali alguém caindo de sono.
b. Encontrei um homem cavando a terra.
c. Passaram guardas conduzindo presos.
d. Vi muitas crianças pedindo esmola.
e. Iam cinco soldados portando fuzis.
4.2.3 ADVERBIAIS
(10) a. Chegando lá, avise-me.
b. Mesmo correndo, não o alcançou.
c. Ficando aí, não vai conseguir ver nada.
d. Em se plantando, tudo dá.
e. Prevendo uma resposta indelicada, não perguntei nada.
f. O homem entrou na sala dando empurrões.
g. Ele aprendeu um ofício praticando-o.
h. Seguindo velho hábito, iam juntos à missa.
i. Procurando as palavras, encontram-se os pensamentos.
4.3.2 ADJETIVAS
(12) a. Chipre, tornada independente em 1960, pertencia à Inglaterra.
b. A primeira impressão que se tem de uma pessoa é, sem dúvida nenhuma, a
causada pelo impacto visual.
c. Essa é a notícia divulgada pela imprensa.
d. O menino trouxe a gaiola feita pelo pai.
e. As histórias contadas por ele têm muita graça.
Exercícios
1 Transforme os termos destacados em orações reduzidas:
a) Maria não suportava o trato com pessoas mal-educadas.
b) Economizei dinheiro para a aquisição de um celular.
c) A vantagem deles é o conhecimento de todos os segredos do mar.
Sacconi, L.A. Nossa Gramática: teoria e prática. 26a ed. SP: Saraiva, 2001.
_____. Gramática para Todos. 2a ed. SP: Nova Geração, 2010.
_____. Nossa gramática completa. Teoria e prática. 31ª ed. São Paulo: Nova Geração,
2011.