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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

Projeto de extensão: Ensino de Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica -


UFRR/Mackenzie.
Professora Ma. Elizangela Pedroso da Silva Alves

INTRODUÇÃO À SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA

Antes de adentramos no estudo da sintaxe, é necessário que façamos alguns


esclarecimentos acerca do nosso objeto de estudo, bem como de alguns conceitos
necessários para sua compreensão. No que diz respeito ao tipo de gramática adotada para
nosso estudo: a Gramática Normativa, que é utilizada para fins oficiais de utilização da
língua. A importância desse esclarecimento reside no fato de que há outras gramáticas da
nossa língua, como é o caso da gramática descritiva, cuja função é identificar as formas
de expressão existentes, bem como compreender seu contexto de produção. A gramática
normativa, ao contrário, tem função prescritiva, ou seja, é a norma que trata a respeito da
maneira adequada de se utilizar a língua.
A próxima questão é sobre nosso componente: Introdução à sintaxe da Língua
Portuguesa, em que desenvolveremos uma abordagem bastante introdutória (como o
próprio nome já explica) de conhecimentos básicos para o estudo da sintaxe da Língua
Portuguesa. Assim, para conhecimentos mais aprofundados, serão necessários outros
módulos e muita leitura a respeito do assunto.
Feitos esses esclarecimentos, para dar início a esse componente, faremos um
passeio por alguns conceitos de áreas gramaticais que embora, por questões didáticas,
sejam estudados separadamente, se complementam. É, também, importante mencionar
que os estudiosos da Gramática Normativa da Língua Portuguesa não são unânimes e que
há diferentes análises acerca de um mesmo objeto. É o caso, por exemplo, da referida
divisão por áreas, em que grande parte dos gramáticos a faz em fonologia, morfologia e
sintaxe e que outros gramáticos incluem a semântica.
É preciso frisar que os conceitos aqui trabalhados serão utilizados de modo
bastante didático, ou seja, com a finalidade primeira de facilitar o aprendizado acima de
tudo. Assim, começaremos com o conceito de fonologia, que estuda o comportamento e
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a organização dos sons da fala e divide-se em: ortoépia, que estuda a forma como
as palavras devem ser pronunciadas; prosódia, que estuda a forma como as palavras
devem receber acento tônico, acento gráfico e ortografia.
Por sua vez, a morfologia estuda as palavras isoladamente, bem como a sua
estrutura e formação. É nessa parte da gramática que conhecemos as 10 classes
gramaticais: substantivo, verbo, adjetivo, pronome, artigo, numeral, preposição,
conjunção, interjeição e advérbio.
Já a semântica é a ciência que se dedica ao estudo do significado e a interpretação
dos significados das palavras, frases ou expressões dentro de um específico contexto. Por
fim, a sintaxe estuda as palavras e sua função nas orações e para tanto, analisa cada
elemento presente num enunciado linguístico e a relação entre eles.

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO

A partir da divisão já explicada no tópico anterior, iniciaremos o estudo


introdutório da sintaxe da Língua Portuguesa, tendo por base a gramática normativa, pelos
conceitos basilares: frase, oração e período. Embora os termos “frase, oração e período”
sejam utilizadas, muitas vezes, como sinônimos, em se tratando de gramática, tais termos
apresentam conceitos diversos.
Frase, por exemplo, é conceituada como um enunciado linguístico que possui um
sentido completo. Assim, estruturas como: “Silêncio!”, “E agora, José?” e “Choveu.”,
embora não possuam verbos, podem ter seus sentidos compreendidos pelos interlocutores
de uma conversa.
Oração, para a gramática normativa, é um enunciado que contém um verbo ou
locução verbal e que pode não apresentar um sentido completo. Dessa forma, estruturas
como: “Acabamos, finalmente!”, “Levaram tudo.” e “É provável.”, são orações, pois
possuem verbos.
Em alguns casos, as orações podem não possuir sentido completo e precisarão de
outras para complementá-lo e é nesse contexto que entra o conceito de período: enunciado
que contém uma ou mais orações e os períodos podem ser simples ou compostos. A
respeito disso, trataremos no tópico a seguir. Agora, faremos uma pequena atividade para
treinar os conhecimentos adquiridos.
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Atividade 1

Identifique as orações nos períodos abaixo.

a) Estava indecisa e não sabia o que fazer.


b) A criança e machucou-se novamente.
c) Mamãe pediu que você vá à loja, troque as sandálias e as entregue em seu local de
trabalho.
d) Vovó permanece doente e não quer ir ao hospital.
e) Minha família fez um lindo trabalho na criação dos filhos.

PERÍODO SIMPLES E COMPOSTO

O período, conforme já mencionado, pode ser caracterizado pela presença de uma


ou de mais orações, por isso, pode ser simples ou composto. No caso do período simples,
este apresenta apenas uma oração, a qual é chamada de oração absoluta. Já o período
composto apresenta duas ou mais orações. É importante frisar que o número de orações
depende do número de verbos presentes num enunciado. Abaixo, seguem alguns
exemplos de período simples (1) e período composto (2):

1. Já saímos.
Hoje está calor!

2. Falaremos sobre o assunto quando eu voltar.


É você quem deve explicar o que aconteceu.

Agora que já aprendemos esses conceitos, faremos uma pequena atividade para
treinar os conhecimentos adquiridos.

Atividade 2
Nas orações abaixo, coloque PS para período simples e PC para período composto.
a) O avião é cinza.
b) Espero que todos saibam que vocês colam na prova quando o professor
se distrai.
c) Desejo sucesso a você.
d) A fome é o melhor tempero.
e) Gostaria de dar de presente aquele carro para minha mãe.
f) Os seres humanos são falhos.
g) Quando minha gata morreu, eu fiquei muito triste.
h) Vou fazer um lanche para meu filho que está estudando muito para o vestibular
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TERMOS DA ORAÇÃO

Nas orações, as palavras se relacionam exercendo determinadas funções. E a essas


palavras, no exercício dessas determinadas funções, dá-se o nome de termos da oração.
De acordo com a função desempenhada, os termos são nomeados em: termos essenciais,
acessórios e integrantes. A esse respeito, estão estruturados os tópicos a seguir.

Termos Essenciais

O sujeito e o predicado são os termos essenciais da oração e são nomeados dessa


forma por ser, geralmente, em torno deles que as orações são estruturadas. Observe a
imagem abaixo:

Fonte: Ernani Terra, 2007.

Dessa forma, é comum encontrar em gramáticas essa definição: sujeito é


elemento a respeito de quem se declara algo e predicado é tudo aquilo que se diz sobre o
sujeito. Outro ponto importante a ser frisado é que na estrutura da oração, o sujeito é o
elemento que estabelece a concordância com o verbo. Lembrando:

Sujeito = o ser a respeito do qual se declara alguma coisa.


Predicado = o que se declara sobre o sujeito.

Na oração, sujeito e predicado funcionam assim:

• As ruas estão intransitáveis.


• Sujeito: as ruas
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• Verbo: estão
• Predicado: estão intransitáveis

Cumpre mencionar que o núcleo do sujeito é a palavra com carga mais


significativa em torno do sujeito e quando este é formado por mais de uma palavra, há
sempre uma com maior importância semântica. Observe o exemplo:

• A mãe rapidamente percebeu a festa que a esperava.


• Sujeito: A mãe
• Núcleo do sujeito: mãe
• Predicado: rapidamente percebeu a festa que a esperava

Atividade 3

Identifique o sujeito e o predicado nas orações abaixo.

a) Maria e José saíram para caminhar.


_____________________________________________________
b) A moça lavava o chão da sala diariamente.
_____________________________________________________

c) O policial e a professora se apaixonaram.


_____________________________________________________

d) Passeamos na praça das águas.

_____________________________________________________

Termos acessórios

A respeito dos termos acessórios da oração, se eles forem extraídos da frase, não
trazem alterações a sua estrutura sintática, visto que não são indispensáveis. Todavia, seu
uso pode ser importante para o entendimento da mensagem propagada. É importante
também frisar que para a Norma Gramatical Brasileira (NGB) são termos acessórios da
oração: o aposto, o adjunto adverbial e o adjunto adnominal.
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Fonte: Ernani Terra, 2007.

Assim, os adjuntos adnominais caracterizam os substantivos que acompanham.


Nesse sentido, classes de palavras como o artigo, o adjetivo, locução adjetiva, pronome
adjetivo e numeral adjetivo, podem representar os adjuntos adnominais. A esse respeito,
é importante lembrar que as áreas gramaticais são interdependentes entre si, assim, para
facilitar a compreensão desse conteúdo, é importante trazer as classificações de Ernani
Terra (imagem abaixo), a respeito da morfossintaxe do adjunto adnominal.

Fonte: Ernani Terra, 2007.

Atividade 4

Encontre os adjuntos adnominais das orações abaixo.

a) Aquele livro novo é dele.


________________________
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b) Minha filha tem uma camisa rosa.

________________________

c) Nove pessoas diferentes ligaram para mim ontem.

________________________

d) Quem é o segundo candidato?

________________________

e) Você vai nadar na piscina?

________________________

Adjunto adnominal

Acerca do adjunto adverbial, sua utilização se dá na indicação de circunstâncias,


ou seja, pode comunicar, por exemplo ideia de tempo, modo, intensidade, e assim por
diante. Sua localização dentro da frase pode variar e a utilização das vírgulas para separá-
los depende disso. A esse respeito, observe a explicação da imagem abaixo.

Fonte: Ernani Terra, 2007.

Enfim, há adjuntos adverbiais que indicam as mais variadas circunstâncias.


Observe alguns exemplos:

• Ontem, a colaboradora veio ao escritório assinar o contrato.


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• A menina abriu, rapidamente, a porta do quarto da mãe.


• Meu filho faz natação todos os dias.

Atividade 5

Encontre os adjuntos adverbiais das orações abaixo.

a) Ontem, visitei minha amiga.


b) Eu trabalho em Boa Vista.
c) Ganharei aquele presente no meu aniversário.
d) Ela dança bem!
e) Eu me atrasei andando nas ruas.

Os últimos dois termos integrantes da oração sobre os quais falaremos são o


aposto e o vocativo. O primeiro, traz novas informações sobre um dos termos da oração,
estando sintaticamente relacionado com ele. Também desenvolve, explica, enumera,
esclarece, detalha, especifica, esse outro termo da oração. Observe os exemplos:

• Sempre fui apaixonado por Maria, a garota mais simpática de todas.


• As minhas duas irmãs, Cátia e Beth, moram em São Paulo.

Já o vocativo não é um dos termos acessórios da oração, é um termo independente


que não se relaciona sintaticamente com os outros termos da oração. Observe alguns
exemplos:

• Mãe, traz a toalha?


• Deus, sou eu de novo!

Termos integrantes
Os termos integrantes da oração integram, principalmente, o sentido de verbos e
substantivos presentes na oração. Os principais termos integrantes da oração são os
complementos verbais (objeto direto e objeto indireto), o complemento nominal e o
agente da passiva. Nessa ocasião, trataremos apenas dos complementos verbais e
nominais, o agente da passiva, por necessitar de um pouco mais de aprofundamento no
assunto, será trabalhado no módulo seguinte.
A respeito dos complementos verbais, tanto o objeto direto quanto o objeto
indireto pertencem a essa divisão o que os difere são os tipos de verbos que cada um
complementa. O objeto direto é o termo da oração que indica o elemento que sofre a ação
verbal, completando o sentido de um verbo transitivo direto já o objeto indireto é um
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termo preposicionado que indica o elemento ao qual se destina ação verbal e completa o
sentido de um verbo transitivo indireto.
Exemplos de objeto direto:
• Minha filha está lendo o livro no jardim.
• Eu amo-o do fundo do meu coração.
Exemplos de objeto indireto:
• O filho não obedeceu ao pai.
• Neste momento, eu preciso de sua ajuda.
O complemento nominal é um termo preposicionado que completa o sentido de
um nome, como um substantivo, um adjetivo ou um advérbio. Existem diversos nomes
que têm um significado incompleto sem esse complemento, como por exemplo: alheio a.
Observe alguns exemplos de complemento nominal:
• Minha vizinha está alheia a tudo que está acontecendo.
• Ainda não estou pronta para o teste.

Atividade 6
Na oração “Os pobres necessitam de ajuda” o termo sublinhado classifica-se como:
A) complemento nominal
B) objeto direto
C) objeto indireto
D) n.d.a

Na oração “As crianças sentem saudade de casa” o termo sublinhado classifica-se como:
A) complemento nominal
B) objeto direto
C) objeto indireto
D) n.d.a

Na oração “Minha sobrinha perdeu a passagem” o termo sublinhado classifica-se como:


A) complemento nominal
B) objeto direto
C) objeto indireto
D) n.d.a

Assim, chegamos ao fim desse módulo de Introdução à sintaxe da Língua


Portuguesa. Conforme mencionado no início, desenvolvemos esse componente de forma
introdutória e desenvolvemos os conhecimentos básicos para o estudo da sintaxe da
Língua Portuguesa.
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REFERÊNCIAS

TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2007.

Link para acesso às videoaulas:

Aula introdutória: https://www.youtube.com/watch?v=VFYhGhJhGu0


Aula 2: https://www.youtube.com/watch?v=5QuCI3NtwiE&t=246s
Aula 3: https://www.youtube.com/watch?v=DBgfRbF8hTE
Aula 4: https://www.youtube.com/watch?v=GTLAxavzPiM

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