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CLASSES DE PALAVRAS
AULA 6
Indicativo
presente Ø
-va- (1ª conj) / (var.: -ve-)
pret. imperfeito
-ia- (2ª e 3ª conj) / (var.: -ie-)
pretérito perfeito Ø / -ra- (para a 3ª pessoa do plural)
pret. mais que perfeito -ra- (átono / (var.: -re-)
futuro do presente -rá- (tônico) / (var.: -re-, tônico)
futuro do pretérito -ria- / (var.: -rie-)
Subjuntivo
presente -e- (1ª conj.) / -a- (2ª e 3ª conj)
pretérito imperfeito -sse-
futuro -r- / (var.: -re-)
Formas nominais do verbo
infinitivo -r- / (var.: -re-)
gerúndio -ndo-
particípio -do
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Quadro 2 – Desinências número-pessoais
Singular
1ª. pessoa Ø / (var.: -o; -i semivogal pret. perf. e fut. do pres.)
2ª pessoa -s (var.: -ste (pret. perf.)
3ª. pessoa Ø (var.: u (semivogal) – pret. perfeito)
Subjuntivo
1ª pessoa -mos
2ª pessoa -is (var -stes (pret.perf.); -des (fut. do subj.. e inf. flexionado
3ª. pessoa -m
4. a) invariável
b) incontrolável
c) irreal
d) ilegal
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in e i são considerados alomorfes, isto é, realizações diferentes de um mesmo
morfema.
Vimos, neste tema, a apresentação das desinências verbais, bem como o
conceito de morfema zero, alomorfia e alomorfes. Embora haja outros conceitos
que são utilizados nos estudos morfológicos, acreditamos que esses são os
principais. Por isso, encerramos neste ponto a discussão sobre os morfemas do
português e passaremos a discutir sobre os processos de formação de palavras.
Com todo a certeza, em seu dia a dia você já ouviu ou até mesmo utilizou
palavras como: bugou, gugada, fazeção, falsiane, sextou etc. Palavras que até
pouco tempo não faziam parte do léxico do português. Pois bem, isso mostra o
poder riativo de nossa língua que, a depender do contexto, adequa-se para o
estabelecimento da comunicação entre nós, seus usuários. Há quem torça o
nariz para essas formações e até preconizam o fim da última flor do Lácio1,
contudo, ignoram o fato de que ela está mais viva do que nunca e, como um rio
caudaloso, nos embriaga com o frescor de suas novas criações.
Para quem se dedica aos estudos da morfologia, essa propriedade se faz
um instigante campo de pesquisa. Afinal, por que razão novas palavras são
criadas? Quais processos encontram-se envolvidos na formação de palavras? A
partir de agora, procuraremos responder a essas questões sem a pretensão de
esgotarmos o tema. Nossa intenção é apresentar a você os aspectos mais
gerais, os quais permitirão o aprofundamento de seus conhecimentos ao longo
de sua formação acadêmica.
Sendo assim, uma pergunta relevante a se fazer é: quais seriam os fatores
motivadores da criação de novas palavras? O primeiro deles nos remete ao
contexto histórico. Há pouco mais de três décadas, praticamente não ouvíamos
falar em computadores nem em todos os aparatos tecnológicos hoje existentes.
Aparelhos celulares não haviam se popularizado, tampouco palavras como apps,
Twitter, Netflix e redes sociais precisavam de ser utilizadas. O contexto era outro.
Hoje, a popularização da internet possibilitou a rápida disseminação de
informações, como também novas formas de nos relacionarmos e nos
1
Disponível em:
<http://www.linguisticaelinguagem.cepad.net.br/EDICOES/02/arquivos/20%20Poesia.pdf>.
Acesso em: 2 fev. 2020.
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comunicarmos. Além disso, novas necessidades passaram a existir e,
obviamente, para nomear tudo isso novas palavras tiveram de ser criadas.
Esse tipo de necessidade é o que Gonçalves (2019, p. 124-125), à luz do
trabalho de Basílio (1987), chama de função de denominação ou rotulação. Nas
palavras do próprio autor: “falamos em função de rotulação quando novas
palavras aparecem para nomear invenções, fenômenos até então
desconhecidos, conceitos diferentes ou, ainda, para cunhar tendências do
mundo contemporâneo”. É satisfazendo essa função que encontramos os
chamados empréstimos linguísticos e os chamados neologismos derivacionais,
tal qual indicado por Gonçalves (2019) em exemplos como patolândia,
cracolândia etc.
Outro fator motivador de criação de novas palavras é o que encontramos
em ocorrências como a verificada na manchete a seguir:
Figura 1 – Manchete
1. a) infeliz
b) construção
c) beija-flor
2. a) desconstruir
b) ilegal
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c) recomeçar
d) desonesto
3. a) destruição
b) lealdade
c) meninada
d) felizmente
4. desconstrução
b) imoralidade
c) infelizmente
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Vimos, até este ponto, três diferentes tipos de derivação: a prefixal, a
sufixal e a prefixal e sufixal. Agora, vejamos o que acontece em (6):
6. apedrejar
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portuguesa. Contudo, o referido autor defende que esse é um raciocínio
equivocado.
Para fundamentar seu ponto de vista, Kedhi (1993) recorre ao que ele
denomina de subsistema dos verbos formados por radicais que expressam cor.
Construções como avermelhar, acinzentar, entre outras por ele exemplificadas
são parassintéticas. Por isso, considera o verbo amarelar resultante de uma
derivação por parassíntese. A justificativa pelo aparecimento de apenas um a no
início da palavra deve-se ao fenômeno da crase entre o prefixo a e a vogal do
onset silábico2 a.
Kedhi (1993) também chama nossa atenção para uma situação contrária,
a saber, formações que aparentemente nos levariam a pensar que são
parassintéticas, mas não o são de fato, como é o caso do verbo inquebrantável.
Ao recorrer ao subsistema em que outros adjetivos, tais como impensável ou
indesejável, são encontrados, o linguista revela que tal formação é resultante de
um processo de prefixação.
Por fim, Kedhi (1993) também chama nossa atenção para o fato de que
algumas construções demandam a consideração de relações semânticas para
determinar se correspondem à derivação parassintética ou não. É o que ocorre
com os exemplos escolhidos pelo autor e disponibilizados a seguir:
1. a) alargar
b) largar
2. a) busca
b) trilha
c) vento
d) grito
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Sílaba inicial também chamada de ataque.
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Também são encontradas em língua portuguesa ocorrências como as
apresentadas em (3):
3. a) sanduba
b) perifa
c) foto
1. a) cata-vento
b) beija-flor
c) amor-perfeito
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d) planalto
e) aguardente
Figura 2 – Manchete
Fonte: OlgaChernyak/Shutterstock.
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3. Os compostos apresentam construção sintática anômala, como vemos
em “surdo-mudo” (e não “surdo e mudo”);
4. os compostos funcionam como uma só palavra.
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Prefixal
Sufixal
Prefixal e sufixal
Derivação Parassintética
Regressiva
Abreviação
Formação de Imprópria
palavras
Justaposição
Composição
Aglutinação
Onomatopeia
Outros Reduplicação
processos
Hibridismo
Siglas
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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processos são a maneira que a língua encontra de manter-se viva, atravessando
os tempos e permanecendo esse instrumento poderoso por meio do qual nós,
seres humanos, estabelecemos nossas relações pessoais e interpessoais.
Ao longo dessas seis aulas, procuramos auxiliar você, estudante, a entrar
em contato com as reflexões que são realizadas em morfologia. Como dissemos
anteriormente, aqui você tem os conceitos básicos dessa ciência tão instigante.
Conhecê-los é fundamental para que você possa seguir adiante, aventurando-
se nesse universo das reflexões linguísticas. “O caminho se faz ao largo”, já dizia
o poeta. Caminhemos, pois! Bons estudos!
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REFERÊNCIAS
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