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INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
O alfabeto latino e os
casos do Latim
1 Objetivos da aprendizagem
2 Começando a história
Pelos objetivos de nossa aula, caro estudante, você pode observar que trataremos
de questões mais específicas sobre o aprendizado de uma língua. Evidentemente
que iniciaremos pelo alfabeto da Língua Latina que, até o presente momento
de nosso curso, ainda não abordamos, mas não precisa ficar tão preocupado,
achando que é coisa de outro mundo, pois é o mesmo alfabeto usado pela
Língua Portuguesa, logicamente que com a ausência de algumas letras que
não tinham sido usadas. Como você deve se lembrar do que dissemos na aula
anterior, estudaremos o Latim do século I a.C., ou seja, o Latim Clássico.
3 Tecendo conhecimento
A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X
a b c d e fg h ik l m nop q r s t u x
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AULA 02
Apesar de todas as letras serem conhecidas por você, pois também fazem parte
do alfabeto português, são necessárias algumas explicações a respeito de sua
pronúncia.
Gato Gelo
Em Latim, a letra “g” terá sempre o som de /g/, como na palavra “gato”. Podemos
citar alguns exemplos, com suas respectivas traduções:
A letra “c” terá o som de /k/, como na palavra “cauda”, por exemplo:
A letra “x” representa dois sons, /ks/, como na palavra “táxi”, por exemplo:
A letra “j”, quando aparece escrita, deve ser pronunciada como /i/, por exemplo:
A letra “V”, minúscula “u”, quando aparece escrita, deverá ser pronunciada como
/u/, por exemplo:
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O alfabeto latino e os casos do Latim
Em Latim, geralmente não havia tal variação fonética, porém as vogais eram
classificadas em breves e longas. As vogais (a, e, i, o, u) podem ser longas,
geralmente marcadas por um acento indicativo denominado de mácron (-): (ā, ē,
ī, ō, ū); ou podem ser breves, por sua vez, marcadas com um acento indicativo,
denominado de bráquia (˘): (ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ). Veja os exemplos abaixo:
Não parece ser claro para nós a questão da quantidade vocálica, pois as vogais
em Português não têm tal característica, porém o exemplo abaixo tenta elucidar
a relação da quantidade vocálica para que possamos continuar nossa explicação.
Observe as frases abaixo:
A letra “a” de “para”, na 1ª frase, seria o que poderíamos chamar vogal breve,
pois muitas vezes ela não é pronunciada, podendo-se dizer “pra”.
Por sua vez, a letra “a” de “para”, na 2ª frase, seria uma vogal longa, pois ela
sempre é pronunciada, ou seja, não pode ser suprimida.
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AULA 02
As consoantes são: b, c, d, f, g, h, k, l, m, n, p, q, r, s, t, x.
É importante ainda ressaltar que as letras latinas “i” e “u” apresentavam-se ora
como consoantes, ora como vogais, conforme o contexto fônico. Observe os
exemplos abaixo:
O mesmo vale para o “u”, que também pode ser ora vogal, ora consoante, de
acordo com sua posição na palavra. Veja os exemplos seguintes:
No início de sílaba e diante de vogal, como nos exemplos 1, o “u” tem valor de
consoante (lembre-se de que o “u” maiúsculo do latim é similar, na representação
gráfica, ao nosso V maiúsculo).
Por outro lado, o “u” é vogal, como nos exemplos 2, pois ocupa a posição de
uma vogal na sílaba.
Vale ainda lembrar que as letras “J, j” e “V, v”, como nós conhecemos, foram
transcritas apenas no século XVI, quando o francês Pierre de la Rameé as incorporou
ao alfabeto latino, sendo assim chamadas de letras ramistas, em sua homenagem
Por outro lado, as línguas modernas, como o Português, derivadas das antigas,
são chamadas analíticas, porque trazem poucas e pequenas modificações formais
e porque exprimem as funções sintáticas, quer por meio das preposições, quer
por meio da ordem, da colocação dos termos na frase, em que, em se tratando
dos nomes, o anterior “domina”, rege o seguinte.
1) O senhor vê o escravo.
2) O escravo vê o senhor.
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AULA 02
Desse modo, podemos inferir que a função de uma palavra em Português está
diretamente ligada a sua posição na oração.
Apesar das formas diversas em que essa expressão aparece, em Latim teríamos
o mesmo significado, uma vez que a desinência “-us”, da palavra dominus, indica
o sujeito da oração, e a desinência “-m”, da palavra seruus, o complemento
objeto direto. Além disso, a posição do verbo dentro do enunciado, em Latim,
identificado nesta frase pela desinência “-t”, uidet, da terceira pessoa do singular
da voz ativa, não tem influência alguma sobre a função desempenhada pelos
nomes. As desinências dos nomes indicam, em Latim, os casos, por sua vez, os
casos indicam as suas respectivas funções sintáticas dentro do enunciado.
Pelo que dissemos, caro estudante, deduz-se que, enquanto as línguas analíticas
expressam as suas funções sintáticas pela colocação dos termos na ordem do
enunciado e pelas preposições, as línguas sintéticas, como o Latim, as exprimem
pelos casos, isto é, pelas modificações formais ocasionadas no final das palavras.
Na comparação dos exemplos acima, você deve ter percebido também que o
Latim não apresenta artigos, definidos ou indefinidos: o(s), a(s), um(a), uns, umas.
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O alfabeto latino e os casos do Latim
(ira), em Latim, pode aparecer com as seguintes formas finais ira, irae, iram, iras,
irarum, iris, etc.
Essas diversas formas finais da mesma palavra ira são as desinências. Elas são,
como se percebe, a parte final, mutável, “quebradiça” das palavras. Assim, para
cada função sintática, como sujeito, predicativo do sujeito, complemento nominal,
objeto direto e objeto indireto, adjunto adnominal, adjunto adverbial, em Latim,
há uma terminação específica que corresponde a cada caso.
Os casos são marcados pela desinência e indicam a função dos nomes na frase,
isto é, a relação que as palavras têm entre si para dar significado ao enunciado.
Desde já, é importante que você perceba que, em Latim, a morfologia (forma)
das palavras aponta para a sintaxe, ou seja, para a função que uma certa palavra
possui na frase. Já a sintaxe determina a relação que as palavras vão ter umas
com as outras e, consequentemente, determina a semântica, isto é, o sentido
do enunciado.
Há, como dissemos, 6 casos em Latim; cada um desempenha uma função sintática
específica na oração e possui um significado definido no enunciado. São eles:
1) Nominativo 4) Genitivo
2) Vocativo 5) Ablativo
3) Acusativo 6) Dativo
Como já foi dito acima, o Latim vai expressar as funções sintáticas das palavras
no enunciado por meio dos casos, que virão marcados por meio das desinências,
modificações finais da palavra. Logo, uma palavra latina apresenta tantos casos
quantas funções sintáticas que pode exercer na frase. Então você deve estar
atento para a associação entre o caso e a função da palavra, em Latim. Sempre
que pensar na função sintática de uma palavra em Latim, vai ter de pensar
também no seu caso.
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AULA 02
A águia é grande.
As desinências –a, presentes no final das palavras aquila e magna, são próprias do
caso nominativo e vão indicar que as palavras que as possuem estão exercendo a
função de sujeito ou predicativo do sujeito, conforme o contexto lógico da frase.
A expressão “da águia”, que aqui restringe o sentido da palavra “asa” com a ideia
de posse, vem em Latim no caso genitivo. Assim, veja, em Latim, a mesma frase:
A palavra aquilae (da águia) vem com a desinência -ae, que é a terminação da
palavra em Latim quando a mesma está no caso genitivo.
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O alfabeto latino e os casos do Latim
Video aquilam.
O termo aquilam (águia), por ser o objeto direto do verbo uideo (vejo), vai para
o caso acusativo e sua desinência é -am.
O termo “aquilis” (às águias) termina com a desinência -is, que é a do caso dativo
plural, porque é o objeto indireto do verbo “damus”.
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AULA 02
Por isso, sempre que você pensar numa circunstância adverbial, como instrumento,
causa, tempo, lugar, companhia, ela, em Latim, virá expressa com a desinência
típica do ablativo.
Volemus aquilis.
Sendo assim, a palavra aquilis (com as águias), por indicar a ideia de companhia,
está no caso ablativo, cuja desinência é -is. Observe que o dativo e o ablativo
possuem as mesmas desinências -is. Nesse caso, é pelo contexto do enunciado
que vamos distinguir um do outro.
Águia, és bela!
A palavra “águia” está isolada do restante da oração por meio de uma vírgula,
indicando o ser ao qual nós interpelamos, chamamos, ou seja, essa palavra está
no vocativo.
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O alfabeto latino e os casos do Latim
Desse modo, teríamos a palavra “aquila” no vocativo. Vale salientar, caro estudante,
que o vocativo não possui desinência própria e, por isso, adota as mesmas
desinências do nominativo.
Exercitando
É um bairro sujo
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Se você quer aprofundar um pouco mais o assunto abordado nesta aula, seguem
dicas importantes:
Figura 1
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5 Trocando em miúdos
De tudo que foi exposto até agora, as seguintes informações devem estar claras
para que você possa prosseguir no curso com êxito:
6 Autoavaliando
Ao concluir esta aula, você pode fazer as seguintes perguntas e tentar respondê-las:
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Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
REZENDE, Antônio Marinez de. Latina essentia. Ed. UFMG: Belo Horizonte, 2005.
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