Você está na página 1de 119

LATIM

autor
FRANCISCO DE ASSIS FLORÊNCIO

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2018
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  francisco de assis florêncio

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gisele lima, paula r. de a. machado e thamyres mondim


pinho

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  marcia regina de faria da silva

Imagem de capa  jpf | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2018.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

F639l Florêncio, Francisco de Assis


Latim / Francisco de Assis Florêncio.
Rio de Janeiro: SESES, 2018.
120 p: il.

isbn: 978-85-5548-598-5.

1. Língua latina. 2. Latim Clássico. 3. Latim Cristão. 4. Sintaxe. I. SESES.


II. Estácio..
cdd 473

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7

1. Pronúncia do Latim, sintaxe dos casos e


primeira declinação 9
Alfabeto 11
Vogais 13
Ditongos 13
Acento 13

Sintaxe dos casos 14

Primeira declinação 17

2. Segunda declinação, adjetivos de primeira classe


e verbos: conjugações, presente e pretérito
perfeito do indicativo 27
Segunda declinação 29

Gênero neutro 32

Adjetivos de primeira classe 34

Verbo 36
Presente do indicativo e pretérito perfeito do indicativo 38
Verbo ser 40

3. 3ª declinação, adjetivos de 2a classe, pretérito


imperfeito, futuro imperfeito e mais-que-perfeito
do indicativo 47
Terceira declinação 49
Temas sonânticos 49
Temas consonânticos 49
Declinação dos temas sonânticos 50
Declinação dos neutros sonânticos 52
Palavras de temas consonânticos 54

Palavras sigmáticas de temas consonânticos 56

Adjetivos de 2ª classe 59

Declinação dos adjetivos uniformes 60

Declinação dos adjetivos biformes 60

Declinação dos adjetivos triformes 61

Verbo 62
Pretérito imperfeito do indicativo 62

Futuro imperfeito do indicativo 64

Mais-que-perfeito do indicativo 65

4. 4ª e 5ª declinação e verbos: imperativo,


demais tempos do perfectum e do infectum e
voz passiva 71
Quarta declinação 73
Palavras femininas 73
Palavras masculinas 73
Palavras neutras 74

Quinta declinação 75

Imperativo 76

Presente do subjuntivo 77

Outros tempos 78

Verbo esse 81

Voz passiva 82
5. Verbos depoentes e as demais classes
gramaticais: pronomes, advérbios, preposições,
conjunções, numerais e interjeições 91
Verbos depoentes 93

Pronomes 94
Pronomes pessoais 94

Pronomes possessivos 95
Pronomes reflexivos 95
Pronomes demonstrativos 96
Pronomes relativos 98
Pronomes interrogativos 99

Advérbios 100

Preposições 101
Preposições que regem ablativo 101
Preposições que regem acusativo 101

Conjunções 102
Coordenativas 102
Subordinativas 103

Numerais 104
Cardinais 104
Ordinais 105

Interjeições 105
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Este trabalho busca ensinar a língua latina não só para aqueles que se interessam
pelos clássicos, mas também pelos que intentam se aprofundar nos estudos do
latim bíblico e eclesiástico, englobando, principalmente, alunos do curso de Letras
e Teologia. Para tanto, o aluno, desde o primeiro capítulo, entrará em contato
com frases e textos tanto de origem clássica, quanto de origem bíblica. Nos cinco
capítulos que constituem esta obra, o estudante se deparará com o tradicional, por
exemplo, tabelas de declinações e conjugações e também perceberá, por meio de
imagens e recursos visuais, que as novas formas de apresentar e ensinar o latim não
foram deixadas de lado.
Visando oferecer ao leitor de língua portuguesa uma abordagem tão com-
pleta quanto possível da estrutura da língua latina, não nos baseamos apenas nos
modelos já consagrados pelas gramáticas latinas, mas também nas novas formas
de ensino de idiomas. Para isso, recorremos a imagens, cores, setas etc., ou seja, a
recursos que outrora não estavam disponíveis à confecção de obras semelhantes.
Para explanar a matéria, apresentamos primeiramente a teoria, que, além de
ser colocada de forma expositiva, também é apresentada por meio de tabelas e
quadros explicativos. Após a parte teórica, são apresentados exemplos extraídos
de autores clássicos e da Bíblia, que, por virem acompanhados da tradução, irão
ajudar a esclarecer e a fixar, de forma prática, o que foi ensinado.
Cada capítulo, além do que já foi exposto, contém, ainda, atividades, gabarito
e bibliografia. As atividades têm dois objetivos: 1) levar o discente a rever o que foi
estudado naquele capítulo e 2) observar se o conteúdo teórico foi verdadeiramente
assimilado. Preocupamo-nos em trabalhar, aqui, não somente frases, mas princi-
palmente textos, a fim de que a compreensão do aluno vá além do funcionamento
sintático e morfológico do latim, levando-o, assim, a entender os mecanismos de
coesão e coerência dessa língua. O gabarito visa levar o discente a se autoavaliar,
fazendo-o, dependendo do resultado, voltar ou não ao conteúdo aprendido. Por
fim, vem a bibliografia, que é de grande importância, pois não é apenas um ins-
trumento a que o estudante pode recorrer para dirimir suas dúvidas, mas é, prin-
cipalmente, o caminho por meio do qual ele terá a chance de ir além do conteúdo

7
ministrado neste livro, tendo oportunidade de alçar voos mais altos nos estudos
da língua ciceroniana.

Bons estudos!
1
Pronúncia do Latim,
sintaxe dos casos e
primeira declinação
Pronúncia do Latim, sintaxe dos casos e
primeira declinação

Neste capítulo, você estudará o alfabeto e a pronúncia do latim, sua origem, seu
legado e as alterações pelas quais passaram, quer no de correr da história da língua,
quer num período pontual, como veio a ocorrer durante o Renascimento. Será
abordada ainda, fazendo uma analogia com a sintaxe portuguesa, a sintaxe latina,
bem como os mecanismos responsáveis pelo seu funcionamento. Por último, será
apresentada a primeira declinação latina, sua morfologia e a declinação dos casos.
Quanto ao alfabeto, será feita uma breve introdução ao desenvolvimento da
escrita latina e serão apresentadas as três pronúncias hoje existentes: a) reconstituída
ou restaurada; b) tradicional e c) eclesiástica. No que diz respeito à sintaxe, você
perceberá que enquanto a língua portuguesa privilegia uma ordem mais fixa na
colocação das palavras a fim de classificá-las sintaticamente, o latim tem uma
ordem mais livre e emprega, por isso, desinências para marcar a função sintática
desempenhada por determinada palavra na oração.
Por fim, será abordada a primeira declinação latina. Ela nos legou os
substantivos terminados pela vogal -a, cuja morfologia se mostra presente em
nossa língua não apenas pela presença da vogal temática -a, mas também pelo fato
de que quase todas as palavras deste tema são femininas.

OBJETIVOS
•  Conhecer o alfabeto latino.
•  Aprender as três pronúncias do latim.
•  Relembrar as funções sintáticas básicas da língua portuguesa.
•  Definir o conceito de caso.
•  Entender a relação existente entre caso e função sintática.
•  Introduzir e aprofundar o estudo da primeira declinação

capítulo 1 • 10
Alfabeto

O alfabeto latino, até mais ou menos o século III, era escrito em letras capitais,
como se pode perceber nas inscrições esculpidas em pedras, metais e lápides. A
partir do século IV, aparece um novo tipo de letra, a uncial, que vai até o século
VIII, quando, enfim, dá lugar à letra cursiva. Além das letras conhecidas pelo
povo romano, o contato com a cultura grega levou ao acréscimo de algumas letras
e, consequentemente, ao aumento do léxico latino graças à presença de palavras
iniciadas por essas consoantes gregas.
Veremos, ainda, que o alfabeto latino não fazia distinção entre o u e v, pois
na escrita capital existia apenas a letra V. Na verdade, ela funcionava de duas
maneiras: ora como uma consoante, ora como uma vogal. Assim, na palavra VVA,
o primeiro V funciona como uma vogal e o segundo, como uma semivogal, daí o
nosso uva. O mesmo ocorria com i e j. Nas inscrições capitais só encontramos I,
mas como ela também funcionava às vezes como semivogal, veio a se transformar,
no Renascimento, no nosso já conhecido J.
A pronúncia do latim é bem parecida com a portuguesa e, hoje, encontramos
três tipos: a reconstituída (pronúncia clássica), a tradicional (à portuguesa) e a
eclesiástica (da Igreja). Por ser bastante próxima à nossa língua, há poucas diferenças
quanto aos fonemas consonantais da língua latina, como, por exemplo, a letra C,
cujo fonema é sempre /K/, na pronúncia reconstituída; /S/, na tradicional e /tch/,
na eclesiástica.
No que se refere às vogais, são as mesmas do português, diferindo, porém,
quanto à pronúncia. Enquanto na nossa língua a sílaba ora é tônica, ora é átona;
no latim, o que prevalece é a quantidade, ou seja, ora a vogal é pronunciada
de forma mais longa, ora é pronunciada de forma mais breve. Há, na língua
de Cícero,quatro ditongos e eles são sempre longos. Quanto ao acento, não há
palavras oxítonas no latim.
O alfabeto latino é composto de 20 letras, são elas: A, B, C, D, E, F, G, H, I,
L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V, X.
Além dessas, o latim tem as letras K, Y e Z tomadas de empréstimo ao grego,
geralmente para empregá-las nas palavras de origem grega.
Há, hoje em dia, três pronúncias para as palavras latinas:
1. Pronúncia reconstituída ou restaurada. É aquela que procura
reconstituir a pronúncia do Período Clássico – 81 a.C. e 14 d.C.

capítulo 1 • 11
2. Pronúncia tradicional. Caracteriza-se por ser adaptada ao sistema
fonológico do país onde o latim é falado. Em nosso caso, a língua portuguesa.
3. Pronúncia eclesiástica. Como a própria denominação indica, é
empregada pela Igreja em missas e seminários e também pelos italianos.

Apresentamos um quadro comparativo das três pronúncias:

LETRAS/ PRON. PRON. PRON.


EXEMPLOS
GRUPOS TRAD. REC. ECLES.
C Cicero Síssero Kíkero Tchítchero
G Gens Jens Guens Djens
GN Agnus Agnus Agnus Anhuss
Honos
H Honos Onos Onos
(h-aspirado)
S intervocálico Casa Caza Cassa Cassa
TI Imprudentia Imprudenssia Imprudentia Imprudentsia
X Maximus Massimus Maksimus Maksimus

As demais consoantes são pronunciadas tal qual o português, com exceção de:
a) L – tem dois valores: em final de sílaba ou de palavra era velar,
como o nosso L; quando geminado, ou em início de sílaba ou de palavra,
principalmente antes das vogais e e i, tinha o ponto de articulação na parte
anterior da boca, tocando com a ponta da língua os incisivos superiores,
tendendo a palatalizar-se, como em português: animal (animal) e
villa(vil-la).
b) M – tem dois valores distintos: quando está no início de sílaba ou de
palavra, é semelhante ao m inicial português; quando no final de palavra, é
debilmente pronunciado: anima (anima) e sum (sume).
c) Q – aparecia apenas no grupo qu (qui, quae), como ocorre, em
português, com as palavras “quando” e “quarto”.
d) R – letra que era pronunciada como o r italiano, lembrando o rosnar de
um cão: Roma.
e) T – pronuncia-se como o t do nordestino, do espanhol e nunca palatal:
Tibris.

capítulo 1 • 12
Um destaque especial merecem as consoantes v e j. Elas não existiam em
latim, mas sim o V, que até hoje substitui o Unas inscrições e documentos escritos
com maiúsculas. No século XVI, o filólogo Pierre de la Ramée introduziu no
alfabeto latino o j e o v. Os latinos, em vez destas consoantes, escreviam i e u, que,
por serem semivogais em palavras como uita e iuuenis, vieram a ganhar forma de
consoante no século XVI, vita e juvenis.

Vogais

As vogais são as mesmas do português e seu traço distintivo é a quantidade1,


ou seja, elas podem ser longas ou breves. Quando uma vogal é longa, há sobre ela
o sinal –; quando é breve, o sinal ˇ: amāmus, pŭer. O sinal que alonga a vogal é
chamado de mácron e o que a torna breve, bráquia ou braquia, pois o seu desenho
tem origem na forma do cotovelo, quando dobrado. Além de alongar ou abreviar
uma vogal, estes sinais podem ainda abrir ou fechar as vogais e e o: ĕt (ét) e mē (mê).

Ditongos2

São quatro:
a) Ae – lê-se como ai: cǣdo (Kaido)
b) Oe – lê-se como oi: pœna (poina)
c) Au – como em português: aureus
d) Ui – como em português: huic

Acento

Quanto ao acento, veja o que diz o célebre latinista Ernesto Faria:

Compreende-se por acento a ação de fazer ressaltar, em uma palavra, determinada


sílaba, denominada tônica, em relação às demais, chamadas átonas. Isso pode ser con-
seguido de duas maneiras: 1º) pronunciando-se a sílaba acentuada com maior força,
isto é, com mais intensidade; 2º) pronunciando-se a sílaba acentuada numa nota mais
alta, isto é, com maior altura. (FARIAS, 1995)

1  Há línguas nas quais a quantidade desempenha um importante papel para distinguir vocábulos e formas
gramaticais, como em inglês, como podemos perceber com as palavras bitch (bǐch) e beach (bīch).
2  Vale lembrar que na passagem do latim para o português houve um fenômeno linguístico conhecido por
monotongação, ou seja, a passagem de um ditongo a um monotongo: Aelephantus>elefante; poena> pena; no
caso do ditongo au, ele continuou como ditongo, mas mudou ora para ou, ora para oi: causa > cousa, coisa;
aurum>ouro, oiro.

capítulo 1 • 13
Nas palavras do mestre, encontra-se a distinção entre a pronúncia da língua
portuguesa, que tem sílabas fortes (tônicas) e fracas (átonas), e a língua latina, com
sílabas longas e breves.
Em latim, diferentemente do português, que tem palavras oxítonas, o acento
nunca recai na última sílaba. Quando a palavra apresenta duas sílabas, o acento
recairá sempre na penúltima sílaba:
• Mēnsa
• Cǣsar

Palavras com mais de duas sílabas recebem acento na penúltima sílaba, se ela
for longa; se a penúltima for breve, o acento recai na antepenúltima:

• Regīna • Epīstŭla • Discǐpŭla.


©© SUDOWOODO | SHUTTERSTOCK.COM

©© SUNFLOWERR | SHUTTERSTOCK.COM

©© OLGA1818 | SHUTTERSTOCK.COM

Sintaxe dos casos

Antes de apresentarmos um quadro comparativo entre o latim e o português,


faz-se necessário explicar o que vem a ser “caso”. Oriundo do latim casus (que
significa “queda”), o caso servia à gramática latina para designar a forma tomada
por uma palavra declinável para indicar precisamente a sua função sintática na frase,
pois, para que se passasse de um caso a outro, era necessária a queda da desinência
final da palavra. Esta desinência não só marcava o caso a que a palavra pertencia,
mas também o número. Um bom exemplo para explicar essa diferença é o sujeito.
Em português, ele, geralmente, é colocado antes do verbo e a concordância
verbal é o mecanismo empregado para sua identificação; em latim, além da con-
cordância verbal entre sujeito e verbo, há, ainda, uma desinência número-casual
que o identificará como sujeito da oração e cuja denominação, em latim, será
nominativo.

capítulo 1 • 14
Deste modo, se temos, em português, a frase: “A professora elogia a aluna”, sa-
bemos que “A professora” é o sujeito pela posição que ela ocupa na frase. Em latim,
como a ordem das palavras é mais livre, reconheceremos o sujeito não pela sua po-
sição, mas sim pela desinência que marcará o número e o caso, a saber, nominativo
singular, podendo, por isso, o nominativo estar em qualquer lugar da frase:
•  Magistra laudat discipulam.
•  Laudat discipulam magistra.
•  Discipulam magistra laudat.

Além do nominativo, há mais cinco casos em latim e cada um deles equivale a


uma função sintática portuguesa. Vejamos um quadro comparativo entre o latim
e o português:

LATIM PORTUGUÊS
Nominativo Sujeito e predicativo do sujeito

Adjunto adnominal e complemento nominal (em português, aparecerá


Genitivo*
a preposição de** )

Vocativo Vocativo

Acusativo Objeto direto e, quando precedido de preposição, adjunto adverbial

Ablativo*** Adjunto adverbial e agente da passiva

Objeto indireto e complemento nominal (em português, aparecerá a


Dativo
preposição a [para])
* Morfologicamente, o genitivo corresponde a uma locução adjetiva, como no exemplo: “Abraço fraterno” (adjetivo) – “Abraço de irmão”
(locução adjetiva).
** A primeira ideia transmitida pelo genitivo é a de posse, ideia essa reforçada pela presença da preposição “de” na tradução para o
português. Vale lembrar que a gramática da língua inglesa durante muito tempo chamou o “possessive case” de “genitive case”, em razão
de ele trazer consigo a ideia de posse.
*** Morfologicamente, o ablativo não é um advérbio e sim uma locução adverbial: “Amorosamente” (advérbio) – “Com amor” (locução adverbial).

Em termos práticos, assim se dá a relação caso-função sintática:


1. Sujeito e predicativo do sujeito = nominativo
a) A menina é magra.
b) Puella macra est.

capítulo 1 • 15
2. Adjunto adnominal e complemento nominal (com de) = genitivo
a) A filha da rainha é magra.
b) Filia reginae macra est.
c) A rainha está desejosa de glória.
d) Regina cupida gloriae est.

3. Vocativo = vocativo
a) Eis que tu és bela, amada minha!
b) Ecce tu pulchra es, amica mea!3

4. Objeto direto e adjunto adverbial = acusativo


a) Não guardei a minha vinha.
b) Vineam meam non custodivi4.
c) A aluna vai à escola.
d) Discipula ad schollam it.

5. Adjunto adverbial e agente da passiva = ablativo


a) A menina vem da escola
b) Puella ex schollā venit.
c) A carta é lida pela menina.
d) Epistula a puellā legitur.

6. Objeto indireto e complemento nominal = dativo


a) A rainha deu uma boneca à filha.
b) Regina pupam filiae dedit.
c) A serva é fiel à rainha.
d) Serva fidelis reginae est.

O estudo etimológico dos nomes dos casos é de grande valia para que se
entenda a função sintática desempenhada por cada um deles:
1. Nominativo – Oriundo do verbo nomināre, “nomear”, este caso serve
para nomear uma palavra ou designar a ideia que ela transmite.

3  Cantares de Salomão 1:14.


4  Ibidem, 1:5.

capítulo 1 • 16
2. Genitivo – Advindo do verbo gignĕre, “gerar”, este caso significa, lite-
ralmente, “que gera”, “que cria”; significado este que reforça o fato de que
quase todos os casos são oriundos de seu radical.
3. Vocativo – É o caso do chamamento e sua origem vem do verbo vocāre,
“chamar”, “invocar”.
4. Acusativo – Este caso é assim denominado por um erro de entendi-
mento dos gramáticos latinos na hora de traduzi-lo do grego aitiatich,
como podemos perceber nas palavras de Bassols:

Las dificuldades que ofrece la correcta interpretación etimológica de la palabra acusativo


son el resultado de un error de inteligencia de los gramáticos latinos. (BASSOLS, 1945)

O erro ocorreu pelo fato de os gramáticos latinos terem ligado a etimologia


deste caso ao verbo aitiasjai“acusar”, quando, na verdade, ele estava ligado ao
substantivo verbal aitiaton“o efeito, o resultado produzido por uma causa”.

5. Ablativo – segundo Bassols, o caso ablativo “significa etimologicamente


caso de la seraración;...” 5Ao desmembrarmos os morfemas, encontraremos
o prefixo ab, que dá ideia de “afastamento”, como “abstenção”, em
português, e latum, “levado”, “movido”.
6. Dativo6 – oriundo do verbo dāre, este caso é usado para designar a
pessoa a quem se atribui ou se dá alguma coisa.

Primeira declinação

Assim como no português, o latim também dividia os nomes de acordo com


a vogal temática (VT). Na língua portuguesa, as vogais temáticas nominais são -a,
-o e -e, oriundas das declinações latinas. Ao levarmos em conta a ordem das vogais
temáticas portuguesas, descobriremos, de imediato, a VT da primeira declinação: -a.
O nome declinação vem do verbo declināre, “declinar”, “derivar”, “flexionar”,
e é usado pela gramática latina para dividir os nomes segundo a VT. Ainda dentro
de cada declinação, os nomes são declinados, passando, assim, de um caso a outro.
Observe agora o quadro da primeira declinação:

5  Ibidem, p. 347.
6  Não se deve esquecer de que no Judiciário existe a figura do advogado dativo, ou seja, aquele que é “dado”,
nomeado por um juiz para defender um réu, quando este não tem condições de contratar um defensor

capítulo 1 • 17
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo Īnsulă insulae
Genitivo Īnsulae Insulārum
Vocativo Īnsulă Insulae

Acusativo Īnsulam Insulas

Ablativo Īnsulā Insulis

Dativo Īnsulae Insulis

Antes de comentarmos o quadro anterior, vale ressaltar que, no dicionário,


um substantivo, em qualquer declinação, assim se apresenta: īnsulă, ae, em que o
primeiro caso é o nominativo singular e o segundo, o genitivo singular7 .
Voltando ao quadro, vale lembrar que a longa ͞ sobre o i indica que esta
palavra deve ser pronunciada como uma palavra proparoxítona.
A breveˇ sobre a vogal do nominativo e a longa͞ sobre a vogal do ablativo
servem para diferenciar os respectivos casos.
O vocativo, com raras exceções, será sempre igual ao nominativo, tanto no
singular quanto no plural.
O acusativo é o caso lexicogênico da língua portuguesa, ou seja, foi ele que
deu origem às palavras da nossa língua.
Veja:

LATIM PORTUGUÊS
Pīrātam pirata + Ø

Pīrātas Piratas

Ao se fazer a comparação entre as duas línguas, fica claro que a língua por-
tuguesa é oriunda deste caso. Quanto ao singular, a desinência número-casual
7  No que diz respeito ao número, o latim, assim como o português, tem palavras que só existem no plural. Português:
pêsames, núpcias, exéquias, óculos; em latim: nuptiae, exequiae (exéquias), Athenae. (Atenas). Quando isso ocorre,
no dicionário aparecerá o nominativo plural e o genitivo plural: nuptiae, nuptiārum.

capítulo 1 • 18
do acusativo (-m) caiu em português, ficando a nossa língua sem marca para o
singular (morfema zero); quanto ao plural, vemos que a desinência marcadora do
acusativo plural passou para o português, razão pela qual, a nossa desinência de
número plural é -s.
Quando se observa as desinências número-casuais, percebe-se que a desinên-
cia -ae aparece em dois casos no singular (genitivo e dativo) e em dois casos no
plural (nominativo e vocativo). Isso não deve ser motivo de preocupação, uma vez
que o contexto frasal se encarregará de indicar em que caso determinada palavra se
encontra. Notemos a diferença:
a) Magistrae docent – As professoras ensinam.
b) Docete, magistrae – Ensinai, professoras.

Percebe-se, no segundo exemplo, que, embora se tenha usado a mesma


desinência, o verbo no imperativo e a vírgula deixam bem claro que a palavra está
no vocativo.
Veja como se deve traduzir cada um dos casos:

CASO SINGULAR PLURAL


Nominativo Īnsulă – a (uma) ilha Insulae – as (umas) ilhas

Genitivo Īnsulae – de (a,uma) ilha Insulārum – de (as,umas) ilhas

Vocativo Īnsulă – Ó ilha! Insulae – Ó ilhas!

Acusativo Īnsulam – a (uma) ilha Insulas – as (umas) ilhas

Īnsulā–de, em, por, com Insulis – de, em, por, com (as,
Ablativo
(a, uma) ilha umas) ilhas

Īnsulae – a, para (a, uma)


Dativo Insulis – a, para (as, umas) ilhas
ilha

Como o latim não tem artigos, o emprego do artigo definido, indefinido ou a


omissão deles fica na dependência do contexto frasal, como nos exemplos:
• Casa de chocolate
• Casa do chocolate

capítulo 1 • 19
A ausência do artigo, no primeiro exemplo, leva o leitor a entender que se
trata de uma casa feita de chocolate; já a sua presença no segundo exemplo, leva-o
a deduzir que é um lugar onde se vende chocolate ou derivados.

a) Morfologia e gênero
Quanto à classificação dos morfemas, a parte da palavra que vem antes da VT
é chamada de base ou radical (R); logo depois do radical, aparece a VT (-a) e,
após ela, as desinências número-casuais (DNC). Em alguns casos, ora não aparece
a VT, ora não aparece a DNC. Exemplificando:
• R + VT + DNC
a) Insul + a + s c) Insul + Ø + is
b) Insul + a + rum d) Insul + ā + Ø

Como a VT da primeira declinação é -a, a grande maioria das palavras des-


ta declinação é feminina, mas, assim como em português, há também palavras
masculinas. Estas palavras, geralmente, designam profissões que só eram exercidas
por homens:
a) Pirata, ae; b) Nauta, ae;
© PANDA VECTOR | SHUTTERSTOCK.COM

© GOOD_STOCK | SHUTTERSTOCK.COM

c) Auriga, ae; d) Poeta, ae;


© POR ANNA VIOLET | SHUTTERSTOCK.COM
© MSSA | SHUTTERSTOCK.COM

capítulo 1 • 20
e) Athleta, ae; f ) Scriba, ae;

© KITTYVECTOR | SHUTTERSTOCK.COM

© INGOTR | SHUTTERSTOCK.COM
g) Agricola, ae.
© EDEL | SHUTTERSTOCK.COM

b) Regras de tradução
• Deve-se procurar primeiro o verbo*;
• Em seguida, o sujeito8, que estará no nominativo e concordará com o verbo
em pessoa e número.
• Se o verbo for de ligação (ser, estar etc.), além do sujeito, aparecerá o pre-
dicativo do sujeito.
• Se o verbo for intransitivo, aparecerá o nominativo e, às vezes, um adjunto
adverbial, que ora estará no ablativo, ora no acusativo, quando preposicionado.
• Se o verbo for transitivo direto (TD), além do sujeito, o verbo pedirá objeto
direto (acusativo).
• Se o verbo for transitivo indireto (pede preposição), o seu complemento
será um objeto indireto (dativo).
• Se o verbo for bitransitivo, ele pedirá dois complementos: objeto direto
(acusativo) e objeto indireto (dativo).

* No latim clássico, geralmente o verbo aparece no final da oração.

8 Vale lembrar que o sujeito também pode ser desinencial. Assim sendo, a presença do nominativo não será
obrigatória: como nestes exemplos: Nós cantamos (sujeito = nós) – cantamos (sujeito desinencial).

capítulo 1 • 21
c) Tabela de verbos
Para facilitar a tradução, apresentaremos a conjugação, no presente do indica-
tivo, de dois verbos que consideramos fundamentais para quem está começando
os estudos de língua latina: “ser” (esse9) e “amar” (amāre).

ĒSSE AMĀRE
Sum*– sou Amo*– amo

Es*– és Amas*– amas

Est*– é Amat*– ama

Sumus*– somos Amāmus*– amamos

Estis*– sois Amātis*– amais

Sunt*– são Amant*– amam

*Quanto às desinências número-pessoais do latim, o que há de igual, parecido e dife-


rente do português?

ATIVIDADES
04. Traduza as seguintes frases:
a) Diana*dea est. f) Discipula magīstram amat;
b) Cleopătra*regina est. g) Discipulae cum*magistrā ambulant;
c) Minērva dea sapiēntiae est; h) Discipula rosam magistrae dat;
d) Athleta ad*palǣstram it. i) Discipulae rosas magistris dant;
e) Discipŭlae in*scholā sunt. j) Servae, ubi regina est?

* Para se facilitar a pronúncia, serão colocados o mácron e a braquia nas palavras de


três sílabas. Isso ocorrerá, porém, na primeira aparição de uma palavra e não na sua
repetição.

9  O verbo esse também pode ser traduzido por “estar”, “haver” ou qualquer outro verbo de ligação.

capítulo 1 • 22
VOCABULÁRIO
Diana, ae: Diana (deusa da lua, da caça) Discipŭla, ae: aluna
Dea, ae: deusa Schola, ae: escola
Est: 3a pessoa do singular Sunt: 3ª pessoa do plural* do verbo “ser”
Cleopătra, ae: Cleópatra (rainha do Egito) ou “estar”;
Regina, ae: rainha Magīstra, ae: professora;
Minērva, ae: Minerva (deusa) Amat: *”
Sapiēntia, ae: sabedoria Ambulant: *do verbo “passear”, “caminhar”
Athleta, ae: atleta Cum (prep.): com, na companhia de;
Palǣstra, ae: campo de treinamento; Rosa, ae rosa
palestra Dat: *
Ad (prep.): para, em direção a Dant: *do verbo “dar”
In: (Prep.): em (a, o) {Que caso ela está Serva, ae: serva
regendo?} Ubi: onde

01. Verta para o português o texto sobre Diana e identifique o caso das palavras destacadas:
Diana*
Diana filia Latonae** est. Latona valde suam filiam amat. Diana dea lunae et silvarum
est et sagittas portat. Dea lunae valde silvas amat. In silvis vivit et ibi feras necat.
Com base no texto,responda, em latim, às seguintes perguntas
a) Quem é a filha de Latona? d) O que ela ama?
b) Quem Latona ama? e) Onde ela vive?
c) Diana é a deusa de que? f) O que ela mata?

*O nome grego de Diana é Ártemis.


** Em grego ela corresponde à deusa Leto.

VOCABULÁRIO
Diana, ae: Diana Portat: 3ª pessoa do singular dos verbos
Filia,ae: filha “carregar”, “levar”
Latona, ae: Latona (deusa) In (prep.): em (a, o)
Valde (advérbio): muito Vivit: do verbo “viver”
Sua (pronome): sua Et: e (conjunção aditiva)
Luna, ae: lua Ibi (advérbio): aí, nesse lugar
Silva, ae: bosque, floresta Fera, ae: fera, animal selvagem
Sagitta, ae: flechas Necat: do verbo “matar”

capítulo 1 • 23
02. Verta para o latim:
a) A formiga é pequena.
b) A baleia é grande.
c) A filha do agricultor dá comida às galinhas.
d) A vida dos piratas é perigosa.
e) As servas obedecem à rainha.
f) O agricultor trabalha na terra.
g) O escriba escreve uma carta.
h) O atleta corre no campo de treinamento.

VOCABULÁRIO
Formīca, ae: formiga Serva, ae: serva
Parva (adjetivo): pequena Obtēmperant : Vide primeiro exercício
Est: vide primeiro exercício Regīna, ae: rainha
Balǣna, ae: baleia Agricola, ae: agricultor
Magna (adj.):grande In (prep.): em (a, o); {pede ablativo}
Filia,ae: filha Terra, ae: terra
Agrīcola,ae: agricultor Scriba, ae: escriba
Dat: vide primeiro exercício Scribit: Vide primeiro exercício
Esca, ae: comida Epistula, ae: carta
Gallīna, ae: galinha Athleta, ae: atleta
Vita, ae: vida Currit: Vide primeiro exercício
Pirata, ae: pirata In (prep.): em (a, o). {pede ablativo}
Periculosa (adj.): perigosa Palestra, ae: campo de treinamento

03. Encontre, a partir das palavras portuguesas derivadas do latim, a palavra latina nelas
presente e dê sua tradução:
a) Defenestrar f) Vital
b) Aquário g) Herbário
c) Lunático h) Alado
d) Ranário i) Culinária
e) Terráqueo

Aquário – Aqui encontramos a palavra aqua, cuja tradução é “água”.

capítulo 1 • 24
RESUMO
Você, com certeza, deve ter percebido o quanto significativo foi para a sociedade ocidental a
evolução do alfabeto latino. O seu legado direto na paleografia se dá primeiramente pelo uso que
fazemos até hoje das letras maiúsculas, oriundas, como se sabe, das letras capitais. No que diz
respeito às letras cursivas, elas são, na verdade, uma continuação das letras unciais minúsculas.
O acento latino, predominantemente musical, traz para nós, falantes do português, certa
dificuldade, como ocorre, por exemplo, na distinção entre o nominativo, cuja vogal é breve (ă)
e ablativo, cuja vogal é longa (ā). Como a nossa língua trabalha com sílabas átonas e tônicas,
temos a tendência de transformar em oxítona uma palavra terminada por uma longa.
A sintaxe dos casos também é algo novo para os que estão acostumados com a ordem
de colocação de palavras. Estamos tão presos à ordem que temos dificuldades em encontrar
o sujeito do Hino Nacional: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o
brado retumbante...”. Nesse exemplo, embora o verbo concorde com o núcleo do sujeito “mar-
gens”, a dificuldade consiste no fato de o verbo estar anteposto ao sujeito. Em latim, essa difi-
culdade diminui em razão de a desinência do nominativo ter de concordar em número e pes-
soa com o verbo, conforme os exemplos: Discipulă magistram amat; Discipulae magistram
amant. Quanto aos outros casos, viu-se, na tabela, que cada caso corresponde a, pelo me-
nos, uma função sintática e que o caso que passou direto para a nossa língua, inclusive na
nomenclatura, foi o vocativo.
As declinações latinas são divididas segundo a vogal temática e nos legaram as nossas
vogais temáticas nominais. A vogal temática da primeira declinação é -a. Assim como no por-
tuguês, a maioria das palavras desta declinação são femininas, mas há também palavras mas-
culinas, principalmente aquelas profissões só exercidas por homens como “poeta” e “scriba”.
Quanto à morfologia, deve-se dividir uma palavra, em latim, da seguinte maneira: R (in-
sul) + VT (a) + DNC (s). O radical estará sempre presente; a vogal temática pode, às vezes,
não aparecer (Ø), como em insulis; a desinência número-casual pode também estar ausente
(Ø), como em insulā. É sempre bom lembrar que o aluno não deve se desesperar em decorar
os casos. Ele deve lembrar que o dicionário já nos dá dois casos, o nominativo singular e o
genitivo singular: filiă, ae. O acusativo é o caso lexicogênico da língua portuguesa, razão pela
qual o nosso plural tem como marca de número o -s(poetas) e o nosso singular não é mar-
cado como resultado da queda do -m (poetam) do acusativo singular.
Por fim, fez-se uma breve introdução ao estudo dos verbos, com ênfase nas desinên-
cias número-pessoais. Os verbos apresentados foram o ēsse e o amāre. Quanto à primeira
pessoa do singular, viu-se que a desinência número-pessoal o continuou em português e a
desinência -m caiu; a segunda pessoa continuou a ser marcada em português pela desinên-

capítulo 1 • 25
cia -s. No que se refere à terceira pessoa, percebe-se que a desinência -t caiu em português,
mas podemos encontrá-la, por exemplo, em it, no inglês, e est, no francês; a desinência da
primeira pessoa do plural latina passou para o português, alternando apenas a vogal: -mus
>-mos; na segunda pessoa, o t intervocálico caiu em português, ficando apenas o -is; na
terceira pessoa, além da queda do t, o n passou a m, indo assim ao encontro da ortogra-
fia portuguesa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIA SACRA IUXTA VULGATAM CLEMENTINAM. Nova editio logicis partitioni busaliisque subsidi
isornata a Alberto Colunga, O. P. et LAURENTIO TURRADO. Madrid: Biblioteca de autores cristianos,
1999.
Bíblia sagrada. Versão atualizada. 2. ed. Tradução João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. v. I. 2 ed. Petrópolis: Editora VozesLtda, 1986.
CLIMENT, M. Bassols de. Sintaxis Histórica de la Lengua Latina. Tomo I. Barcelona: Consejo
Superior de Investigationes Científicas, 1945.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. (revista e aumentada). Brasília: MEC/FAE/DF,
1995.
LEITÃO, Luiz Ricardo; FILHO, João Ramos e FREITAS, Rosângela. Gramática Crítica: o culto e o
coloquial no português brasileiro. 3. ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1998.
LEITE, J. F. Marques e JORDÃO, A. J. Novaes. Dicionário Latino Vernáculo. 3. ed. (refundida e
melhorada). Rio de Janeiro: Editora LUX Ltda, 1958.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. 2. ed. Porto: Gráficos Reunidos Ltda, 1942.

capítulo 1 • 26
2
Segunda declinação,
adjetivos de primeira
classe e verbos:
conjugações,
presente e pretérito
perfeito do indicativo
Segunda declinação, adjetivos de primeira
classe e verbos: conjugações, presente e
pretérito perfeito do indicativo
Este capítulo abordará, primeiramente, a segunda declinação latina. Como foi
visto na primeira declinação, as vogais temáticas (VTs) nominais portuguesas são
oriundas das VTs latinas. Assim, se a VT da primeira declinação latina deu origem
aos temas em -a, em português, a segunda declinação deu origem aos temas em
-o.Você verá também que, no dicionário, a distinção entre elas se fará por meio do
genitivo singular. No que diz respeito ao gênero, na segunda declinação aparecerá
um gênero não presente na primeira: o neutro.
O estudo dos adjetivos de primeira classe também será bastante relevante para
que se venha a entender o legado da língua latina para a nossa língua. Em latim,
assim como em português, o adjetivo concordará com o substantivo em número
e indicará seu gênero. A grande diferença entre as duas línguas é que, na primeira,
além da concordância em gênero e número, o adjetivo também concordará com
o substantivo em caso.
Por último, você estudará os verbos. Neste capítulo, serão abordadas as quatro
conjugações verbais, bem como os tempos primitivos dos verbos, com ênfase no
presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo.

OBJETIVOS
•  Apresentar a segunda declinação.
•  Relembrar a primeira declinação, cotejando-a com a segunda.
•  Aprofundar o estudo da segunda declinação.
•  Introduzir os adjetivos de 1a classe.
•  Entender a relação existente entre os adjetivos e os substantivos de 1a e 2a declinações.
•  Introduzir o estudo dos verbos, com ênfase nas conjugações e nos tempos primitivos:
presente do indicativo e pretérito perfeito do indicativo.

capítulo 2 • 28
Segunda declinação

A segunda declinação abrange formas cuja vogal temática é -o, podendo


apresentar uma variação para -u. O nominativo, quanto à forma, pode apresentar-
se de quatro maneiras: dominus (senhor), ager (campo), vir (homem, varão) e
bellum (guerra). As três primeiras palavras são masculinas e apenas a primeira
apresenta desinência número-casual que irá marcar o nominativo: -us. As outras
duas não são marcadas quanto à desinência e, por isso, no nominativo aparece
apenas o radical. O quarto substantivo tem uma desinência (-um) que, além de
indicar nominativo singular, indica também o gênero em que a palavra se encontra,
a saber, gênero neutro.
Quanto à apresentação de uma palavra desta declinação, no dicionário, a ordem
é a mesma da primeira declinação e assim será em todas as declinações: nominativo
singular, genitivo singular. Vale destacar que o genitivo é o caso responsável por
indicar a que declinação uma palavra pertence. Assim sendo, a sua desinência, na
primeira declinação é -ae, e, na segunda, -i. Eis como os substantivos de primeira
e segunda declinação se apresentam no dicionário: domina,ae; dominus, i; ager,
agri; vir, i; bellum, i.
Em relação ao gênero, como a vogal temática é -o, a maioria das palavras
são masculinas. Há, porém, assim como no português, palavras femininas e, no
caso do latim, palavras neutras. As de gênero feminino são aquelas que nomeiam
árvores frutíferas (malus, i = macieira; pirus, i = pereira), países (Aegyptus, i) e
outras como humus, i (terra) e colus, i (roca). No que diz respeito ao terceiro
gênero, como já dissemos, ele é identificado, de imediato, pela desinência -um
no nominativo:malum, i; pirum ,i; templum, i, stadium, i. Vale destacar aqui a
oposição existente entre a árvore frutífera e seu fruto: malus, i X malum, i, em
que a árvore – por produzir, por gerar – é de gênero feminino, enquanto o que
ela gera é de gênero neutro. Existem ainda algumas palavras que, embora sejam
de gênero neutro, não apresentam o nominativo em -um, mas em -us: pelagus, i
(mar); virus, i (peçonha); e vulgus, i (povo).

capítulo 2 • 29
Veja a tabela dos nomes terminados em -us:

CASO SINGULAR PLURAL


Nominativo lupus lupi
Genitivo lupi lupōrum
Vocativo lupĕ lupi

Acusativo lupum lupōs

Ablativo lupō lupis


Dativo lupō lupis

Vê-se, destacado em negrito, a vogal temática da segunda declinação. Ao


compararmos esta declinação com a primeira, fica fácil identificar pelo menos
quatro casos, cuja principal diferença é a mudança da vogal temática. Veja:

CASO 1ª DECLINAÇÃO 2ª DECLINAÇÃO


Genitivo plural lupārum lupōrum
Acusativo plural lupas lupos
Ablativo singular lupā lupō

Percebe-se, então, que a desinência do genitivo plural continua a mesma -rum,


alternando apenas a VT; o mesmo se pode dizer das desinências do acusativo
plural e ablativo singular.
O nominativo singular e o genitivo singular estarão sempre presentes no
dicionário e, aqui, no vocabulário. O vocativo, com exceção das palavras terminadas
em -us e em -ius (filius, i),que fazem o vocativo singular em -e (vide tabela) e -i,
respectivamente, será sempre igual ao nominativo em todas as declinações.
Quanto aos outros casos, o acusativo singular apresenta o -u como alomorfe
da VT -o e a desinência número-casual -m; o nominativo plural tem o -i como
desinência, a qual permanece até hoje, na língua italiana, como marcadora de
plural masculino; o dativo singular tem a mesma desinência do ablativo, -ō, e a
mesma no plural -is. Vale lembrar que esta também é a desinência marcadora dos
dois casos na primeira declinação, razão pela qual, para que não se tenha dúvida
de que uma palavra é feminina ou masculina, recorre-se à desinência -ābus, como
nos exemplos a seguir:

capítulo 2 • 30
PRIMEIRA DECLINAÇÃO SEGUNDA DECLINAÇÃO
(DATIVO/ABLATIVO) (DATIVO/ABLATIVO)
Deābus Deis
Filiābus Filiis

Algumas frases com palavras da segunda declinação:


a) Habitabit lupus cum agnō et pardus cum haedo accubabit...10
Tradução: Morará o lobo com o cordeiro e o leopardo se deitará com
o cabrito... (Isaías 11:6)

b) Ecce tu pulcher es, dilecte mi…11


Tradução: Eis que tu és belo, ó amado meu... (Cantares 1:16)

c) Similis est dilectus meus capreae et hinnulō cervorum.12


Tradução: O meu amado é semelhante ao gamo e ao filhote dos cervos.
(Cantares 2:9)

Veja mais uma tabela da segunda declinação:

CASO SINGULAR PLURAL


Nominativo magister magistri
Genitivo magistri magistrōrum
Vocativo magister magistri
Acusativo magistrum magistrōs
Ablativo magistrō magistris
Dativo magistrō magistris
O substantivo anterior não termina em -us, logo, o próprio radical da palavra
já se constitui no nominativo. No que se refere ao genitivo (magistri), vê-se cla-
ramente que o radical é diferente do radical do nominativo (magister × magistr).
Quando isso ocorre, todos os outros casos, com exceção do vocativo singular,
seguirão o radical do genitivo.

10  Em que casos se encontram as palavras lupus e agnō?


11  Idem para a palavra dilecte.
12  Capreae e e hinnulō são complementos do adjetivo similis. Em que caso estão?

capítulo 2 • 31
Exemplos:
a) Tu es magister Israel...13
Tu és mestre em Israel... (João 3:10)

b) Non est discipulus super magistrum nec servus super dominum


suum.14
Não é o discípulo mais do queo seu mestre, nem o servo mais do queo
seu senhor. (Mateus 10:24)

c) Et dixit puero suo: ...15


E disse ao seu moço: ... (Juízes19:13)

Gênero neutro

Por ser estranho a nós falantes do português e por apresentar algumas particula-
ridades, este gênero merece uma atenção especial. Não se pode esquecer de que até
hoje o gênero neutro está presente nas línguas modernas, em especial, no alemão, no
qual encontramos três artigos: um masculino (der), um feminino (die) e um neutro
(das). Como não há artigos em latim, o gênero neutro se mostra presente em subs-
tantivos, adjetivos e pronomes. Na história das línguas, este gênero surgiu a partir da
ideia de mundo que o falante tinha: seres animados e seres inanimados.
Na ótica do falante, se uma coisa era viva, movia-se, crescia e se reproduzia,
ela pertencia ou ao gênero feminino ou ao masculino; se, pelo contrário, ela não
realizasse nenhuma dessas funções, era de gênero neutro. O exemplo mais signi-
ficativo está na árvore e no seu fruto. Como aquela cumpre todos os papéis de
um ser animado e ainda gera, ela é de gênero feminino; como este fica inerte e na
expectativa de que o lancem à terra, é de gênero neutro.
Essa ideia, com o tempo, perdeu-se e o falante passou a misturar os gêneros.
Segundo o professor Arruda16 , dois fatores contribuíram para que isso ocorresse:
a) algumas palavras do gênero neutro tinham a mesma terminação de pa-
lavras masculinas e femininas: “lupus” (masculina), “malus” (feminina) e
“virus” (neutra);
13  Israel é uma palavra indeclinável. Em que caso se encontra a palavra magister?
14  Magistrum e Dominum estão no ...
15 Se puero, na tradução para o português, aparece regido pela preposição a, ele se encontra no ...
16  ARRUDA, Francisco Edmar Cialdine. Questão de gênero... Revista Conhecimento Prático LÍNGUA
PORTUGUESA. Edição 39. São Paulo: Oceano Indústria Gráfica Ltda.

capítulo 2 • 32
b) ao terminarem pela desinência -a, as palavras neutras no plural (nomi-
nativo, vocativo e acusativo) eram confundidas com as palavras de gêne-
ro feminino.

CASO SINGULAR PLURAL


Nominativo templum templă
Genitivo templi templōrum
Vocativo templum templă
Acusativo templum templă
Ablativo templō templis
Dativo templō templis

Ao se observar a tabela anterior, percebe-se logo que o gênero neutro difere


dos nomes masculinos e femininos em seis casos: nominativo, vocativo e acusativo
singular e nominativo, vocativo e acusativo plural.
Exemplo:
a) In principiō17 erat Verbum et Verbum apud Deum et Deus erat
Verbum18.
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era
Deus. (João 1:1)

b) Sicut lilium inter spinas, sic amica mea inter filias19.


Qual o lírio entre os pinhos, tal a minha amada entre as filhas. (Cantares 2:2)

c) Sicut malus inter ligna silvarum, sic dilectus meus inter filios20.
Qual a macieira entre as árvores dos bosques, tal o meu amado entre os
filhos. (Cantares 2:3)

17  O caso em que principiō se encontra é ..., pois ele está precedido da preposição in.
18  Sabendo que a palavra Verbum está no nominativo singular, identifique o seu gênero.
19  Qual a palavra de gênero neutro neste versículo?
20  A preposição inter rege acusativo. Assim sendo, podemos deduzir que a palavra ligna, quanto ao número, está
no ..., pois é de gênero ...

capítulo 2 • 33
Adjetivos de primeira classe

Parvus Medius

©© POR PHOTOMASTER| SHUTTERSTOCK.COM


©© ERIC ISSELEE | SHUTTERSTOCK.COM

Magnus
©© POR OSETRIK | SHUTTERSTOCK.COM

Em latim, o -a é sempre VT, assim como o -o: lun-a, naut-a, lup-u-s, mal-u-s.
Observe que luna é feminino e nauta é masculino; lupus é masculino e malus,
feminino. O -u é alomorfe, isto é, variante da VT -o.
A indicação do gênero, portanto, é feita por meio do adjetivo de forma fixa.
No dicionário, assim se apresentará o adjetivo: altus, -a, -um, em que a desinência
-us marcará o gênero masculino; a desinência -a, o feminino e a desinência -um,
o neutro. Veja que, nos exemplos a seguir, o gênero do substantivo é determinado
pelo adjetivo que o acompanha:
a) Luna rotunda – feminino
b) Nauta gloriosus – masculino
c) Lupus malus – masculino
d) Pirus alta – feminino
e) Templum Magnum – neutro

capítulo 2 • 34
Os adjetivos de primeira classe são assim denominados pelo fato de seguirem
a declinação dos substantivos da primeira e segunda declinação. Desse modo, se
tomarmos como exemplo o adjetivo magnus, -a, -um, perceberemos que o gênero
masculino e o neutro, magnus e magnum, são declinados como um substantivo
da segunda declinação; já a forma magna, por ser de gênero feminino, é declinada
como um substantivo da primeira declinação.
Às vezes, a desinência do masculino (-us) não aparece no dicionário, mas as de-
sinências do feminino e neutro não se modificam: macer (Ø)21, macra, macrum22.
A seguir, o quadro declinável dos adjetivos de primeira classe.

MASC. FEM. NEUTRO MASC. FEM. NEUTRO


CASOS
SING. SING. SING. PL. PL. PL.
Nominativo bonus bona bonum boni bonae bona

Genitivo boni bonae boni bonorum bonarum bonorum

Vocativo* bonĕ bona bonum boni bonae bona

Acusativo bonum bonam bonum bonos bonas bona

Ablativo bonō bonā bonō bonis bonis bonis

Dativo bonō bonae bonō bonis bonis bonis

• Adjetivos como macer e niger diferem apenas de bonus no nominativo


e vocativo singular masculino.
Exemplos clássicos e bíblicos de concordância entre adjetivos e substantivos:
a) ... et visent longas Capitolia23 pompas.
... e o Capitólio estiver assistindo às longas pompas.(Ovíd., Met., 1, 561).

b) ... ex Acheronte suo silvis peperisse sub atris;


... ter nascido nos sombrios bosques de seu Aqueronte; ... (Ovíd., Met.,
5, 541).

21  Morfema zero.


22  Magro (a), daí o superlativo absoluto sintético: macérrimo.
23  Em latim, Capitolia está no plural (gênero neutro), por ser um plural poético, exigido pela métrica. Por questões
de métrica, o sintagma regido pela preposição sub se encontra distanciado: silvis ... sub atris. Que caso ela rege?

capítulo 2 • 35
c) Columnas eiusfecitargenteas, reclinatorium aureum, ...
Fez-lhe as colunas argênteas (de prata), o estrado áureo (de ouro)...
(Cantares 3:10)

d) Cede coram virō stultō24, quia nescies labia prudentiae.


Afasta-te da presença do homem insensato, pois nele não acharás
palavras de ciência. (Provérbios 14:7)

Verbo
©© JANOS LEVENTE | SHUTTERSTOCK.COM

fui sum ero

A estrutura verbal latina passou para a língua portuguesa. Esta estrutura é


formada com o radical (no qual se concentra o sentido do verbo), vogal temática
(agrupa o verbo em conjugações), desinência modo-temporal (indica o modo e o
tempo) e a desinência número-pessoal (indica o número e a pessoa). A junção do
radical mais vogal temática é denominada de tema. Sendo os verbos agrupados de
acordo com a vogal temática tanto em português quanto em latim, percebe-se que
a nossa língua herdou as três vogais temáticas latinas, passando a ter, por isso, três
conjugações verbais: a primeira, vogal temática-a, amar; a segunda, vogal temática
-e, comer e a terceira, vogal temática (VT) -i, dormir.
Em latim, os verbos são agrupados em quatro conjugações: primeira, VT -ā,
amāre; a segunda, VT -ē, vidēre; a terceira não tem VT (Ø), e sim vogal de ligação
(ĕ), legĕre, e a quarta VT -ī, audīre.

24  Aqui, como não há preocupação com a métrica, a preposição e o sintagma que ela rege se encontram juntos:
coram virō stultō.

capítulo 2 • 36
Veja agora o quadro comparativo entre a estrutura verbal portuguesa e a es-
trutura verbal latina:

TEMA
VOGAL DESINÊNCIA
RADICAL TEMÁTICA DE INFINITIVO
Português Am A R
Latim Am Ā Re
Português V E R
Latim Vid Ē Re
Português L E R
Latim Leg ĕ* Re
Português Ouv I R
Latim Aud Ī Re
*Como já dissemos, este ĕ não é VT, mas sim vogal de ligação. Passamos a ter apenas três conjugações em
português porque, com a perda da quantidade das vogais do latim clássico, houve uma confusão entre os temas das
conjugações, resultando no desaparecimento de uma conjugação.

Ao manusear o dicionário, você não terá dificuldades em identificar à qual


conjugação verbal o verbo pertence, bem como seus tempos primitivos, ou seja,
aqueles que formarão os demais tempos, também chamados de derivados. O
primeiro tempo que você identificará, no dicionário, será o presente do indicativo.
Dele se originam os demais tempos do infectum (ação não foi feita, não concluída).
Ao se falar de infectum, está se falando, na verdade, não em tempo verbal, mas
em aspecto verbal, ou seja, todos os demais tempos, cuja ação é incompleta, são
oriundos do radical do presente do indicativo: pretérito imperfeito, imperativo etc.
Também no dicionário será encontrado o pretérito perfeito, que, como o
nome indica, dará origem aos tempos verbais que formarão o perfectum (ação
feita, concluída), como, por exemplo, o mais-que-perfeito do indicativo, o futuro
perfeito etc.

capítulo 2 • 37
Assim o aluno encontrará e identificará o paradigma (modelo) de um verbo
no dicionário:
– 1a conjugação: amo, -as, -āre, -avi, -atum
A primeira forma verbal a aparecer, amo, não é estranha aos falantes da língua
portuguesa. Am é o radical ou a base; -o é a desinência número-pessoal da primei-
ra pessoa do singular do presente do indicativo; a segunda forma, amas, também
está no presente, como sabemos, e -s é a desinência número-pessoal; amāre é in-
finitivo, cujos morfemas assim se apresentam: am = radical; -ā = VT e –re desi-
nência de infinitivo; a terceira forma, amavi, embora nos pareça estranha, legou
para a língua portuguesa a desinência número-pessoal -i, como vemos na primeira
pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: amei, comi, dormi; por
fim, aparece o supino, que, em português, se traduz por uma locução verbal: para
amar, para comer, para dormir.
Quando se procura, no dicionário, um verbo de segunda conjugação, percebe-
se que a diferença primordial entre ele e um de primeira (amāre e vidēre) é a VT,
como se pode ver: video25, -es, -ēre, vidi, visum26.
Quando se encontra um verbo da terceira conjugação, percebe-se que entre ele
e um verbo da segunda, há duas diferenças fundamentais: a 2a pessoa do singular
do presente do indicativo e o infinitivo.
Observe:

2ª video vides vidēre vidi visum

3ª lego legis legĕre legi lectum

A quarta conjugação também é fácil de ser identificada no dicionário. Basta


apenas você procurar o infinitivo e encontrar a vogal temática -ī: audio, audis,
audīre, audivi, auditum27.

Presente do indicativo e pretérito perfeito do indicativo

Como no paradigma se encontram as duas primeiras pessoas do presente do


indicativo, amo, -as, pode-se, a partir delas, construir todo o presente:

25  Esta forma verbal passou para as línguas modernas como um substantivo: o vídeo.
26  O radical do supino, em muitos exemplos, passa direto para a língua portuguesa: visual, visão, visionário etc.
27  Vale destacar que, no dicionário, o paradigma verbal geralmente aparece sem o radical, a partir da segunda
pessoa: audio, -is, -ire, -ivi, -itum.

capítulo 2 • 38
Amo
Amas
Amat
Amamus
Amatis
Amant

O mesmo pode ser feito com as demais conjugações:

PRESENTE DO INDICATIVO
2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
video lego audio
vides legis audis
videt legit audit
videmus legimus audimus
videtis legitis auditis
vidente legunt audiunt

Já o pretérito perfeito é construído a partir da primeira pessoa do singular, que


também está no paradigma: amavi, vidi, legi, audivi:

PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO


1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
amavi* vidi legi audivi
amavīsti vidīsti legīsti audivīsti
amavit vidit legit audivit
amavǐmus vidǐmus legǐmus audivǐmus
amavīstis vidīstis legīstis audivīstis
amavērunt** vidērunt’ legērunt audivērunt
*Perceba que, para formar as outras pessoas do pretérito, basta repetir o radical da primeira pessoa do singular e
acrescentar as desinências número-pessoais.
**Na 3º pessoa do plural ocorre a alternância vocálica: a passagem da vogal -i para -e. Além da forma apresentada,
ainda há, para a 3a pessoa, a forma ēre: amavēre, vidēre, legēre, audivēre.

capítulo 2 • 39
Exemplos com o presente e o pretérito perfeito:
a) Aquae multae non potuērunt extinguere caritatem…
As muitas águas não puderam extinguir (este) amor… (Cantares de
Salomão 8:7)

b) In principiō creavit Deus caelum et terram.


No princípio criou Deus o céu e a terra. (Gênesis, 1:1)

c) Deum maxime Mercurium colunt.


Adoram principalmente o deus Mercúrio. (Cés., B. Gal., 6, 17)

d) ... Et crura sine nodis articulisque habent, ...


... e (os alces) têm as pernas sem articulações e sem junturas, ...(Cés.,
B. Gal., 7, 27)

Verbo ser

Um destaque especial merece o verbo esse, que pode ser traduzido por qual-
quer verbo de ligação e também pelos verbos “haver” e “existir”. Em latim, assim
como em português, ele é um verbo irregular e assim aparece no dicionário: sum,
es, esse, fui. Como já se sabe, as duas primeiras pessoas estão no presente do in-
dicativo; a terceira forma, como já é do nosso conhecimento, é o infinitivo. Ela é
uma antiga forma de infinitivo que permaneceu nesse verbo, mas que, na maioria
dos verbos, passou a -re. Por fim, encontra-se a primeira pessoa do pretérito per-
feito, que passou direto para a língua portuguesa.

TABULA PRAESENTIS TABULA PRAETERITI


INDICATIVI PERFECTI INDICATIVI
Sum Fui
Es Fuīsti
Est Fuit
Sumus Fuǐmus
Estis Fuīstis
Sunt Fuērunt

capítulo 2 • 40
Exemplo:
a) Ego Lar sum familiaris ex hac familia...
Eu sou o Lar familiar desta família... (Plaut., Aul., Prólogo, verso 2)

b) Apud helvetios longe nobilissimus fuit et ditissimus Orgetorix.


Entre os helvécios, Orgetorige foi, de longe, o mais nobre e o mais rico.
(Cés., B. Gal., 1, 2, 1)

c) Pulchrae sunt genae tuae...


Belas são as tuas faces... (Cantares 1:10)
d) Ecce tu puchra es, amica mea,...
Eis que tu és bela, amada minha,… (Cantares 1:15)

ATIVIDADES
01. Traduza as seguintes frases.
a) Mercŭrǐus filius dei deōrum et deae Maiae est.
b) Apōllo pulcher deus est et multa offǐcǐa habet.
c) Aesculāpius deus medicīnae est.
d) Tullus Hostīlius bella reparāvit et Albānos vicit. (Eut.,Brev. Hist. Rom., 1, 4)
e) Et vocavit Deus firmamēntum caelum. (Gênesis 1:8)
f) Et posuit Deus stellas in firmamēntō caeli. (Gênesis 1:17)
g) Creāvit Deus māscŭlum et fēmǐnam. (Gênesis 1:27)
h) Beatus vir qui non abiit in consilio impiōrum et in via peccatōrum… (Salmo 1:1)

VOCABULARIUM
Mercurius, i: Mercúrio
Filius, i: filho
Deus, i: deus
Et: e (conjunção aditiva)
Dea, ae: deusa
Maia, ae: Maia
Sum, es, esse, fui, --: ser, estar
Apollo: Apolo
Pulcher, -chra, -chrum: belo
Multus, -a, -um: muito
Officium, ii: ofício, função

capítulo 2 • 41
VOCABULARIUM
Habeo, -es, -ēre, habui, -itum: ter, possuir
Aesculapius, ii: Esculápio
Medicina, ae: medicina
Tullus, i – Hostilius, i: Tulo Hostílio (terceiro rei de Roma)
Bellum, i: guerra
Reparo, -as, -āre, -avit, -atum: reparar, trazer de volta, restabelecer
Albani, -ōrum: albanos (exemplo de pluralia tantum, ou seja, palavras que só existem
no plural);
Vinco, -is, ĕre, vici, victum: vencer
Voco, -as, -āre, -avi, -atum: chamar; firmamentum, i: firmamento
Caelum, i: céu
Pono, -is, -ĕre, posui, posǐtum: por, colocar
Stella, ae: estrela
in(prep.): em (no, na)
Creo, -as, -āre, -avit, -atum: criar
Masculus, i: macho
Femina, ae: fêmea
Beatus, -a, -um: feliz; bem-aventurado
Vir, i: homem, varão
Qui: que, o qual (pronome relativo)
Non: não
Abeo, -is, -īre, abii, -itum: deter-se, permanecer; consilium, ii: conselho
Impius, i: ímpio
Via,ae: caminho
Peccatorum: pecador (é uma palavra da 3ª declinação e está no gen, pl.= dos pecadores)

02. A que conjugação pertence os seguintes verbos?


a) Habeo, -es, -ēre, habui, -itum c) Abeo, -is, -īre, abii, -itum
b) Reparo, -as, -āre, -avit, -atum d) Pono, -is, -ĕre, posui, posǐtum

03. Com a ajuda dos paradigmas verbais do exercício 1, passe as formas verbais seguintes
para o presente do indicativo
a) Posuit c) Vocavǐmus e) Fui
b) Vici d) Creavīsti f) Habuīstis

capítulo 2 • 42
04. Traduza o texto e responda às questões a e b.
Deinde regnum PriscusTarquǐnǐus accēpit. Hic nŭmĕrum senatōrum duplicāvit, circum
Romae aedificāvit, ludos Romānos28 institŭit, qui ad nostram memǒrǐam permanent. Vicit
idem etiam Sabīnos et non parum agrōrum sublātum isdem urbis Romae territōrio iunxit29,
primūsquĕ30 triūmphans urbem intrāvit. Muros fecit et cloācas, Capitōlium inchoāvit. Tricēsi-
mo octāvo impĕrǐi anno per Anci filios occīsus est, regis eius, cui ipse succēssĕrat.
EUTRÓPIO, Breviarium Historiae Roamanae, liber I

VOCABULARIUM
Deīnde: depois, em seguida
Etiam: também
Regnum, i: reino
Sabini, -orum: sabinos (exemplo de plura-
Priscus, i : Prisco
lia tantum, ou seja, palavras que só existem
Tarquinius, i: Tarquínio (Tarquínio Prisco,
no plural)
5o rei de Roma)
Et: e (conjunção aditiva)
Accipio, -is,-ĕre, -epi, -eptum: receber,
Non parumagrorum (ager, agri) subla-
tomar
tumisdem: “... tomado não pouco (muito)
Hic: este (ele) {Pronome demonstrativo}
dos campos deles ...”
Numĕrus, i: número
Iungo, -is, -ĕre, iunxi, iunctum: anexar,
Senatus: senado (Palavra da 4a de-
juntar
clinação. Está no genitivo plural =
Urbis: cidade (Palavra da 3a declinação.
dos senadores)
Está no gen sing. = da cidade)
Duplico, -as, -āre, ´-avi, -atum: duplicar
Territorium, ii: território
Circus, i: circo
Primus que triumphan surbemintravit:
Roma, ae: Roma
“... e foi o primeiro a entrar (que entrou),
Aedifico, -as, -āre, ´-avi, -atum: construir,
triunfante na cidade {de Roma}
edificar
Murus, i: muro
Ludus, i: jogo
Facio, -is, -ĕre, feci, factum: fazer
Romanus, -a, -um (adj.): romano (a)
Cloaca, ae: cloaca (esgoto)
Instituo, -is, ,-ĕre, -ui, -utum: instituir,
Capitolium, i: Capitólio (Templo de Júpiter)
estabelecer
Inchoo, -as, āre, -avi, -atum: dar início
Qui (pronome relativo): que (os quais)
à construção
Ad (prep.): a, até
Tricesimo octavo imperiianno per An-
Noster, nostra, nostrum (pron.): nosso (a)
cifilio soccisus est, regiseius, cui ipse
Memoria, ae: memória
successerat.: “No trigésimo ano de seu
Permaneo, -es, -ēre, -mansi, -mansum:
governo, foi morto pelos filhos de Anco,
permanecer
seu rei (o rei anterior), a quem ele mesmo
Vinco, -is, ĕre, vici, victum: vencer
(Prisco) sucedera.”
Idem: o mesmo

28  Perceba a concordância entre o adjetivo e o substantivo (ludos romanos) e, mais adiante, a concordância entre
o pronome “nostram” (que também funciona como um adjetivo) e seu substantivo “memoriam”.
29  Aqui, estamos dando preferência ao i consonantal, mas em muitos textos e dicionários você encontrará a letra j
30  Conjunção aditiva correspondente a et. Será sempre pospositiva e incorporada ao 2o elemento dos termos ligados.

capítulo 2 • 43
a) Qual o único verbo do texto que se encontra no presente do indicativo?
b) Quanto aos nomes, identifique o caso e a declinação:
• Regnum
• Ludos
• Memǒrǐam
• Agrōrum
• Territōrio
• Cloacās

05. Faça a concordância entre o adjetivo e o substantivo:


a) Capitoliă magn __
b) Cloacā parv__
c) Memoriā rum nostr___
d) Circus maxim___
e) Murō alt__

RESUMO
Ao tomar conhecimento da 2ª declinação, você teve a oportunidade de relembrar um
pouco da morfologia portuguesa, bem como fazer a comparação entre a 1ª e a 2ª declina-
ções. Notou que, no que se refere ao português, a 2ª declinação nos legou os substantivos
terminados pela VT -o, cuja maioria é de gênero masculino. Ainda quanto ao gênero, vale
ressaltar que o latim possui o gênero neutro, que, na passagem para o português, ora passa
para o gênero masculino, templo (templum), ora para o feminino, bactéria (bacterium).
Na comparação das declinações, percebe-se que a principal diferença entre elas é a VT:
-a, para a primeira, e -o, para a segunda. Assim sendo, fica fácil guardar as desinências de
muitos casos, sendo necessário apenas mudar a vogal temática. Veja: a) genitivo plural: ārum
– ōrum; b) ablativo singular: ā – ō; c) acusativo plural: as –os. No dicionário, a diferenciação
entre as duas declinações se dá pela desinência do genitivo: -ae, para a 1ª e -i, para a 2ª.
Quanto aos adjetivos, foram estudados aqueles que são chamados de 1a classe e, como
já se sabe, são declinados, se femininos, como palavras da 1ª declinação; se masculinos
e neutros, como palavras da 2ª. Você viu também que, quanto à ordem no dicionário, eles
aparecerão sempre assim: -us, -a, -um. Sendo o -us a desinência marcadora do gênero
masculino; -a, do gênero feminino e -um, do gênero neutro. Vale ressaltar que, muitas vezes,

capítulo 2 • 44
a desinência -us não aparece, mas como a ordem não se altera, sabe-se que a primeira
forma a aparecer é masculina. No que se refere à passagem para o português, não se pode
esquecer de que os nossos adjetivos terminados pelas vogais temáticas -a e -o são oriundos
dos adjetivos de primeira classe.
Por fim, viu-se, no estudo dos verbos, que as conjugações latinas deixaram sua marca no
português e, por isso, são bem fáceis de serem entendidas e guardadas na memória. A 1a
nos legou à VT -a; a 2a a VT -e; e a 4a nos legou a VT -i, presente na nossa 3a conjugação.
Este último caso ocorreu porque, como se sabe, o latim tem quatro conjugações, enquanto o
português, três, uma vez que os verbos da 3a conjugação latina, que não tinha VT, migraram
ora para a 2ª, ora para a 4a, restando, no fim, três conjugações.
Neste capítulo você estudou também o paradigma verbal, ou seja, o modelo, a forma
como o verbo se apresenta no dicionário. Pôde perceber que nele se encontram os tempos
primitivos dos verbos: as duas primeiras pessoas do presente do indicativo, o infinitivo, a
primeira pessoa do pretérito perfeito e o supino, no qual nos aprofundaremos em outros capí-
tulos. Por fim, trabalhou-se, nas quatro conjugações, a conjugação do presente do indicativo
e do pretérito perfeito, sendo incluído também o verbo esse.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, Francisco Edmar Cialdine. Questão de gênero. Revista Conhecimento Prático LÍNGUA
PORTUGUESA. Ed. 39. São Paulo: Oceano Indústria Gráfica Ltda, 2012.
BIBLIA SACRA IUXTA VULGATAM CLEMENTINAM. Nova editio logicis partition ibusaliisque subsidiis
ornata a Alberto Colunga, O. P. et LAURENTIO TURRADO. Madrid: Biblioteca de autores cristianos,
1999.
Bíblia sagrada. Versão atualizada. 2. ed. Tradução João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
C. IULIUS CAESAR. Commentario ruml ibri de bello gallico. Disponível em: <www.thelatinlibrary.
com>. Acesso em: maio 2018.
EUTROPIUS. Breviarium Historia Romanae. Disponível em:<www.thelatinlibrary.com>. Acesso em:
maio 2018.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. (revista e aumentada). Brasília: MEC/FAE/DF,
1995.
LEITÃO, Luiz Ricardo; FILHO, João Ramos e FREITAS, Rosângela. Gramática Crítica: o culto e o
coloquial no português brasileiro. 3. ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1998.

capítulo 2 • 45
LEITE, J. F. Marques e JORDÃO, A. J. Novaes. Dicionário Latino Vernáculo. 3. ed. (refundida e
melhorada). Rio de Janeiro: Editora LUX Ltda, 1958.
P. OVIDIVS NASO. Metamorphoses. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
T. MACCVS PLAVTVS. Avlvlaria. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. 2. ed. Porto: Gráficos Reunidos Ltda, 1942.

capítulo 2 • 46
3
3ª declinação,
adjetivos de
2 classe, pretérito
a

imperfeito, futuro
imperfeito e mais-que-
perfeito do indicativo
3ª declinação, adjetivos de 2a classe, pretérito
imperfeito, futuro imperfeito e mais-que-
perfeito do indicativo
Neste capítulo, relembraremos as duas primeiras declinações e entraremos
na terceira. Esta declinação deu em português os nomes terminados pela vogal
temática -e. Assim, ao estudá-la, perceberemos que, embora a vogal temática
original desta declinação seja -i, foi o seu alomorfe (-e) que prevaleceu. Veremos,
ainda, que ela é a maior e a mais importante das declinações latinas, sendo, por
isso, a que exigirá, por parte do aluno, um grau maior de dedicação e atenção.
Você terá a oportunidade de estudar também, neste capítulo, os adjetivos de
2ª classe. Eles são assim chamados por representarem uma classe de adjetivos cuja
vogal temática é -e, diferenciando-se, assim, dos adjetivos de 1ª classe, cuja vogais
temáticas são -a e -o. Enquanto estes são declinados como os substantivos de 1ª e
2ª declinação, aqueles são declinados como nomes de 3ª declinação.
Por fim, você estudará os verbos. Neste capítulo, relembraremos o paradigma
verbal e seus tempos primitivos e abordaremos três novos tempos: pretérito
imperfeito do indicativo, futuro imperfeito do indicativo e pretérito mais-que-
perfeito do indicativo.

OBJETIVOS
•  Apresentar a terceira declinação.
•  Relembrar a primeira declinação e a segunda, cotejando-as com a terceira.
•  Aprofundar o estudo da terceira declinação.
•  Introduzir os adjetivos de 2a classe.
•  Levar o aluno a entender a relação existente entre os adjetivos de segunda classe e a
terceira declinação.
•  Relembrar o que foi estudado sobre os verbos no capítulo 2.
•  Apresentar dois tempos do infectum: pretérito imperfeito do indicativo e futuro imperfeito
do indicativo.
•  Apresentar um tempo do perfectum: mais-que-perfeito do indicativo.

capítulo 3 • 48
Terceira declinação

Ao iniciarmos a terceira declinação, devemos ter em mente a noção de tema


em latim e em português. Em latim, aqui em especial se referindo à terceira
declinação, a noção de tema é subtrativa, ou seja, para que se encontre o tema
desta declinação, deve-se subtrair a desinência número-casual do genitivo plural:
civi – um = civi.
Em português, esta noção é normalmente somativa: dente + e, ment + e. Em
palavras do tipo pastores, cônsules, chega-se ao tema subtraindo a desinência de
número: -s: pastore, cônsule. É o que se chama de singular teórico. (MATTOSO
CÂMARA, 2011)
Assim, quanto ao tema, a terceira declinação é dividida em palavras de
temas sonânticos, apresentam a vogal temática -i, e consonânticos, terminam em
consoantes: s, l, r, n,p, b, t, d, c, g.

Temas sonânticos

Tomemos como exemplo as palavras navis, is (navio), hostis, is (inimigo),


em que o -i é a vogal temática; o que vem antes dele éa base ou o radicale o -s é a
desinência número-casual, que, aqui, tanto marca o nominativo singular, quanto
o genitivo singular.

Temas consonânticos

a) Consonânticos assigmáticos
São aqueles quenão recebem a desinência -s (da letra grega, Σ sigma), no
nominativo singular: consul, -is, labor, -is (trabalho), leo, -onis (o tema é a própria
palavra no nominativo, sendo a desinência número-casual = Ø).

b) Consonânticos sigmáticos
São aqueles que apresentam a desinência -s no nominativo singular: princeps,
-cipis; lex (cuja evolução assim se deu: legs > lecs > lex), legis; urbs, -is.
O genitivo plural é o caso mais apropriado para se fazer a distinção entre os
temas sonânticos e consonânticos. Nos temas sonânticos, ele termina em-i-um
(com exceção de algumas palavras, tais como canis, -is e iuvenis, -is, que fazem o
genitivo plural em canum e iuvenum).

capítulo 3 • 49
Nos consonânticos, ele se apresentará em –um (com exceção dos substantivos
monossilábicos terminados em duas consoantes: urbs, -is, gens, gentis (raça),
dens, dentis, que fazem o genitivo plural em urbium, gentium e dentium).

Declinação dos temas sonânticos

Os substantivos pertencentes a este tema são masculinos e femininos que


fazem o nominativo-vocativo singular em -is e, às vezes, em -es; e ainda por
substantivos neutros que fazem o nominativo-vocativo-acusativo singular em -e,
-al e -ar, como podemos ver nos quadros a seguir:

Canis, -is
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo canis canēs
Genitivo canis canǐum
Vocativo canis canēs
Acusativo canĕm canēs
Ablativo canĕ canǐbus
Dativo canī canǐbus

Exemplo:
a) Qui immolat bovem, interficit virum; qui sacrificat ovem, excere-
brat canem31 ;...
Quem imola um boi, mata um homem; quem sacrifica uma ovelha,
quebra um cão; ... (Isaías 66:3)

b) Corium depressum in fluviō viderunt canes32.


Os cães viram um couro afundado (no fundo de um) num rio. (Fedro,
Fábula: Canes famelici)

31  “Canem” está no mesmo caso de “bovem”, “ovem” e virum (2a declinação). Que caso é esse?
32  Há cinco casos que terminam com a desinência -es; mas como “canes” é o sujeito e o verbo está na 3a pessoa
do plural, este vocábulo está no ...

capítulo 3 • 50
Vulpes, -is
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo vulpes vulpēs
Genitivo vulpis vulpǐum
Vocativo vulpes vulpēs
Acusativo vulpĕm vulpēs
Ablativo vulpĕ vulpǐbus
Dativo vulpī vulpǐbus

Exemplo:
a) Vulpes33 foveas habent, et volucres caeli nidos, ...
As raposas têm covis e as aves do céu (têm) ninhos,...” (Lucas 9:58)

b) Personam tragicam forte vulpes viderat;


Uma raposa, por acaso, tinha visto uma máscara trágica;...(Fedro,
Fábula: Vulpes ad personam tragicam).

Antes de os neutros sonânticos serem apresentados, veja o quadro comparati-


vo entre as duas primeiras declinações e a terceira.

CASOS 1ª DECLINAÇÃO 2ª DECLINAÇÃO 3ª DECLINAÇÃO


Genitivo sing/pl. -ǣ/ārum -ī/-ōrum -is/-ǐum ou –um
Acusativo sin/pl -am/-as -um/-os -em/-es
Ablativo sin/pl -ā/-is -ō/is -ĕ/ǐbus

Primeiramente, ao consultar o dicionário, o aluno deve ter em mente que é


por meio do genitivo que ele identificará a que declinação uma palavra pertence.
Conforme se vê na tabela anterior, se o genitivo termina em -ae, a palavra pertence
à 1ª declinação; se em -i, à 2ª, e, se em -is, à 3ª: filia, ae; filius, i e pater, patris.
Quanto ao genitivo plural, percebe-se que em todas as declinações até agora vistas,
ele termina sempre pela desinência -um, cuja “desinência antiga é -om” (FREIRE,
1987). O -r- que aparece na 1a declinação é uma consoante de ligação, que evita o

33  A desinência-es está presente tanto na letra a, quanto na letra b. Com a ajuda do contexto, identifique cada
um dos casos.

capítulo 3 • 51
encontro vocálico da vogal temática-acom a vogal da desinência u(m) e que veio,
por analogia, a influenciar a 2ª declinação: romanom > romanorum.
O acusativo, que, como já vimos, é o caso lexicogênico da língua portuguesa,
terá sempre, em todas as declinações, a mesma desinência número-casual, com
exceção das palavras neutras no plural. Se ele estiver no singular, VT + M; se
estiver no plural, VT + S.
No caso da 3ª declinação, deve-se tomar cuidado para que não se confunda a
VT -i e seu alomorfe -e. Vale ressaltar quetanto o acusativo singular, -im, quanto
o acusativo plural, -is, são mais antigos do que as formas apresentadas na tabela.
Dois fatores contribuíram para essa mudança:
1. por analogia, o -em dos temas consonânticos se estendeu também aos
temas sonânticos;
2. o fato de -em ser o representante fonético de -im muito contribuiu para
que aquela desinência suplantasse esta; o que veio a contribuir também
para que -is do acusativo plural se tornasse -es.

Há, porém, alguns substantivos, principalmente ligados à linguagem técnica,


que continuaram a empregar as desinências primitivas: Tiberim (rio Tibre),
febrim, navim e, no caso do plural, as duas formas passaram a conviver em
algumas palavras, como ocorre com a palavra urbs: urbis e urbes.
Quanto ao ablativo singular, já é de seu conhecimento de que ele termina
sempre pela VT da declinação a que ele pertence: -ā (1ª) e -ō (2ª). O mesmo
ocorre na 3ª declinação, com exceção de que a VT não é longa, e sim breve: -ĕ.
Ainda na terceira declinação, deve-se ressaltar que o ablativo nos temas em -i era
primitivamente em -id. Com a queda do d, o ablativo em -i permaneceu em quase
todos os nomes neutros, como veremos na declinação dos neutros sonânticos.
A preferência clássica pela desinência -ĕ se deu por conta da influência do
acusativo em -em. No que concerne ao seu plural, percebe-se que sua desinência é
sempre igual ao dativo plural. Isso, contudo, não deve causar maiores preocupações
ao aluno, uma vez que tanto a presença de preposições (regendo ablativo), quanto
o contexto frasal se encarregarão de dirimir a dúvida.

Declinação dos neutros sonânticos

Os neutros terminados em -al(i), -ar(i) perderam, no nominativo singular, a


vogal temática -i-. Exemplos: animal, -is, tribunal, -is, cervical, is (travesseiro);

capítulo 3 • 52
exemplar, -is, (modelo), calcar, -is (espora); já os neutros terminados em -e sofre-
ram alomorfia, ou seja, o -i passa a -e. Exemplos: mare, -is, altare, -is.

Cervical, -is
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo cervical* cervicaliă*
Genitivo cervicalis cervicalǐum
Vocativo cervical* cervicaliă*
Acusativo cervical* cervicaliă*
Ablativo cervicali cervicalǐbus
Dativo cervicali cervicalǐbus

*Como já visto na 2ª declinação, as palavras neutras têm a mesma desinência


nos seguintes casos no singular: nominativo, vocativo e acusativo; o mesmo
acontece no plural, cuja desinência número-casual é -ă.
Exemplo:
a) Et erat ipse in puppi supra cervical dormiens;
E ele estava na popa dormindo sobre um travesseiro;... (Marcos 4:38)
b) Tingue caput Cosmi folio, cervical olebit:
Perdidit unguentum cum coma, pluma tenet.
Banha tua cabeça com o unguento de Cosmo e teu travesseiro ficará
com o cheiro dele. Quando teu cabelo tiver perdido a fragrância, as plumas
a reterão. (Marcial 14, 146)

Altarĕ, is
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo altarĕ altariă
Genitivo altaris altarǐum
Vocativo altarĕ altariă
Acusativo altarĕ altariă
Ablativo altarī altarǐbus
Dativo altarī altarǐbus

capítulo 3 • 53
Exemplos:
a) Aedificavit autem Noe altare34 Domino
E edificou Noé um altar ao Senhor; ... (Gênesis 8:20)

b) En quattuor aras35: Ecce duas tibi, Daphni; duas altaria36 Phoebo.


“Eis aí quatro altares: dois para ti, Dafne; dois altares para Febo.” (Verg.,
Écloga, 5, 65).

Palavras de temas consonânticos

Aqui trabalharemos as palavras assigmáticas terminadas em -s (flos, floris), -l


(consul, -is), -r (scriptor, -ris), -n (nomen, -inis). Embora haja diferença quanto
ao gênero, pois, como já é de seu conhecimento, o gênero neutro apresenta suas
peculiaridades, o que mais chamará sua atenção aqui é a distinção entre o radical
do nominativo e o do genitivo. Sempre que isso ocorre, como já vimos na 2a
declinação na palavra magister, -tri, todos os casos seguirão o radical do genitivo,
com exceção do vocativo singular, que seguirá o radical do nominativo.

Preste atenção nas tabelas a seguir:


1. Palavra masculina37

Mus, muris
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo mus mures
Genitivo muris murum
Vocativo mus mures
Acusativo murem mures
Ablativo murĕ murǐbus
Dativo murī murǐbus

34  Em que caso está Altare?


35  Ara e altare são frequentemente usados sem nenhuma distinção. O primeiro era mais baixo do que o segundo
(oriundo de altus), sendo este erigido em honra aos deuses superiores, enquanto aquele, em honra a deuses
inferiores, semideuses e heróis, como no exemplo anterior.
36  Identifique o caso e o gênero de altaria.
37  A mesma tabela também servirá para palavras femininas como, por exemplo, arbor, -ǒris.

capítulo 3 • 54
Exemplo:
a) ... quae habebat mures aureos et similitudines tumorum.
...a qual tinha os ratos de ouro e as imagens dos tumores. (1 Samuel
6:11)

b) Cum uicti mures mustelarum exercitu (...) fugerent et artos circum


trepidarent cauos,...
Como os ratos, vencidos pelo exército das doninhas (...) fugissem e
andassem apressadamente em volta dos estreitos buracos, ...” (Fedro,
Fábula: Pugna Murium et Mustelarum).

2. Palavra neutra:

Nomen, -ǐnis
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo nomen nomǐnă
Genitivo nomǐnis nomǐnum
Vocativo nomen nomǐnă
Acusativo nomen nomǐnă
Ablativo nomǐnĕ nomǐnǐbus
Dativo nomǐnī nomǐnǐbus

a) ... et saepe in tumulis sine corporĕ nomină* legi.


…et, frequentemente, li, nos túmulos sem corpo, os nomes. (Ovíd.,
Met., 11, 429)

b) ... aedificavit quoque ibi altare Domino et invocavit nomen* Domini.


... edificou também ali um altar ao Senhor e invocou o nome do Senhor.
(Gênesis 12,8)
*Identifique em que casos se encontram as duas palavras destacadas.

capítulo 3 • 55
Palavras sigmáticas de temas consonânticos

Aqui você entenderá o funcionamento das palavras supracitadas não apenas


quanto à morfologia do latim clássico, mas também quanto às mudanças ocorri-
das na língua latina no decorrer de sua história. Assim, ao se dizer que uma pala-
vra é sigmática, o que se diz, na verdade, é que o tema de seu nominativo termina
em -s. Para que isso ocorresse, algumas mudanças morfológicas foram necessárias.
a) Os temas terminados em oclusiva bilabial surda (p) e oclusiva
bilabial sonora (b) recebem a desinência –s no nominativo e vocativo:
plebs, -is, inops, -is (falto de, necessitado).
b) No caso do nominativo-vocativo terminados em -x, deve-se entender
que os temas destas palavras terminam nas oclusivas velares c e g, as
quais sofreram as seguintes mudanças: legs > lecs > lex, ocorrendo, assim,
o ensurdecimento da oclusiva g; no caso do tema em c, não houve
nenhuma alteração no tema, só na grafia: ducs passou a ser grafado como
dux. Outros semelhantes: pax, -cis, radix, -icis;
c) As oclusivas linguodentais (t e d) foram assimiladas pela sibilante
surda da desinência. Vejamos como se deu a assimilação da linguodental
surda (t): *milet-s > miles-s > miles; já a oclusiva sonora (d), além de ser
assimilada, sofreu também ensurdecimento:*ped-s > *pet-s > *pe-s > pes.
Outros exemplos: dens, dentis, lapis, -idis (pedra).
d) Alguns temas terminados em -s apresentam ora alternância de
quantidade (longa/breve): pubēs, -ĕris, Cerēs, -ĕris; ora alternância
vocálica: opus, opĕris (obra), vetus, vetĕris.

Quadros desinenciais de algumas palavras sigmáticas:

Plebs, plebis
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo plebs plebes
Genitivo plebis plebum
Vocativo plebs plebes

capítulo 3 • 56
Plebs, plebis
CASO SINGULAR PLURAL
Acusativo plebem plebes
Ablativo plebĕ plebǐbus
Dativo plebī plebǐbus

Exemplo:
a) Venit ergo Moyses et narravit* plebi omnia verba Domini atque iudicia
Veio, pois, Moisés e narrou ao povo todas as palavras e juízos do Senhor.
(Êxodo 24:3)

b) *Plebs colit hanc, quia qui posuit de *plebe fuisse fertur, ...
O povo a (deusa Fortuna) adora, porque é dito ter sido do povo aquele
que estabeleceu (seu culto),...(Ovíd., Fautos, 6, 781-782).

Rex, regis
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo rex reges
Genitivo regis regum
Vocativo rex reges
Acusativo regem reges
Ablativo regĕ regǐbus
Dativo regī regǐbus

Exemplos:
a) ... Quintam partem regi dabitis;...
... Dareis a quinta parte ao rei... (Gênesis 47:24)
b) Iamque neci similis resoluto corpore regem/et cum rege suo custodes
somnus habebat,...
E agora, um sono semelhante à morte segura o rei, que estava com o corpo re-
laxado, e os guardas (que estavam) com o seu rei,...(Ovíd., Metamorfoses, 7, 339)

capítulo 3 • 57
Pes, pedis
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo pes pedes
Genitivo pedis pedum
Vocativo pes pedes
Acusativo pedem pedes
Ablativo pedĕ pedǐbus
Dativo pedī pedǐbus

a) ... ac post quam laverunt pedes suos, recepit eos in convivium.


... e depois que lavaram seus pés, recebeu-os para a refeição.(Juízes19:21).

b) Nec vagus in laxa pes tibi pelle natet; ...


Que o teu pé não nade, desengonçado, em uma pele larga;...” (Ovíd.,
Arte de Amar, 1, 514)

Opus,opĕris (n)
CASO SINGULAR PLURAL
Nominativo opus opĕră
Genitivo opĕris opĕrum
Vocativo opus opĕră
Acusativo opus operă
Ablativo opĕrĕ opĕrǐbus
Dativo opĕrī opĕrǐbus

Exemplos:
a) ... qui noverunt omnia opera Domini, ...
... os quais conheceram todas as obras do Senhor, ... (Josué 24:31)

b) Casus inest illic; hoc erit artis opus.


Aqui interfere o acaso; ali, a obra de arte. (Ovíd., Arte de Amar, 2,14)

capítulo 3 • 58
Adjetivos de 2ª classe

©© JANOS LEVENTE | SHUTTERSTOCK.COM

Infans juvenis vetus

Você deve estar lembrado de que os adjetivos vistos até aqui (adjetivos de 1a
classe) são assim apresentados no dicionário: -us (Ø), -a, -um, em que o -us é a
marca do masculino; o -a , do feminino, e -um, do gênero neutro. Esses adjeti-
vos são declinados como os substantivos de 1ª e 2ª declinação, tendo gerado, em
português, os adjetivos terminados nas vogais temáticas o e a: bonito (a). Já os
adjetivos de 2a classe são declinados como substantivos da 3ª declinação e deles
são oriundos os adjetivos portugueses terminados em e ou em Ø, uma vez que, em
muitos, houve a queda da vogal: inteligente e fácil (Ø).
A maioria dos adjetivos de 2a classe apresenta a desinência -i, para o ablativo
singular, -ium, para o genitivo plural e -ia, para o nominativo, vocativo e acusa-
tivo neutro plural, com exceção de: vetus, vetĕris, dives, divǐtis (rico), locŭples,
locuplētis (rico em terras).
Os adjetivos de 2ª classe são assim divididos:
•  Adjetivos uniformes: como o próprio nome indica, são os adjetivos que
têm um única forma para o masculino, feminino e neutro (nominativo e genitivo,
no dicionário): prudens, prudentis, clemens, -entis; felix, felicis; amans, amantis,
amens,-entis (demente ou louco).
•  Adjetivos biformes: têm duas formas no nominativo: a primeira para o
masculino e feminino e outra para o neutro: omnis, -e (todo, toda), utilis, -e,
brevis, -e, grandis, -e.
•  Adjetivos triformes: são aqueles que têm três formas (masculino, feminino
e neutro) no nominativo:acre, acris, acre (azedo), celĕber, -bris, -bre, celer, -ĕris,
-ĕre (rápido).

capítulo 3 • 59
Declinação dos adjetivos uniformes

Amans, amantis
MASC., NEUTRO MASC., NEUTRO
CASOS FEM., SING. SING. FEM., PLUR. PLUR.
Nom. amans amans amantes amantia
Gen. amantis amantis amantium amantium
Voc. amans amans amantes amantia
Acus. amantem amans amantes amantia
Abl. amanti amanti amantibus amantibus
Dat. amanti amanti amantibus amantibus

Exemplo:
a) Flevit amans Glaucus nimiumque hostiliter usae/viribus herbarum
fugit conubia Circes.
Glauco, apaixonado, chorou (por ela) e fugiu de uma união (sexual)
com Circe, que tinha usado tão cruelmente do poder das ervas. (Ovíd.,
Metamorfoses 14, 68-69)

Declinação dos adjetivos biformes

Omnis, e
MASC., NEUTRO MASC., NEUTRO
CASOS FEM., SING. SING. FEM., PLUR. PLUR.
Nom. omnis omne omnes omnia
Gen. omnis omnis omnium omnium
Voc. omnis omne omnes omnia
Acus. omnem omne omnes omnia
Abl. omni omni omnibus omnibus
Dat. omni omni omnibus omnibus

capítulo 3 • 60
Exemplo:
a) E ait Dominus Deus ad serpentem: “Quia fecisti hoc, maledictus es
inter* omnia pecora et *omnes bestias agri”.
E disse o Senhor Deus à serpente: — Porque fizeste isso, maldita és
entre todos os rebanhos e entre todas as bestas do campo. (Gênesis 3:14)
*Os adjetivos “omnia” e “omnes” são regidos pela preposição “inter”.
Identifique o caso e os gêneros em que eles se encontram.

b) Nam non conveniens omnibus omnis erit.


Pois nem tudo será conveniente para todas. (Ovíd., Arte de Amar, 3,
188).

Declinação dos adjetivos triformes

Celer,celĕris, celĕre
MASC.,
MASC., FEM., NEUTRO NEUTRO
CASOS FEM.,
SING. SING. SING. PLUR.
PLUR.
Nom. celer celeris celere celeres celeria
Gen. celeris celeris celeris celerium celerium
Voc. celer celeris celere celeres celeria
Acus. celerem celerem celere celeres celeria
Abl. celeri celeri celeri celeribus celeribus
Dat. celeri celeri celeri celeribus celeribus

Exemplo:
a) ... inque dei pectus celeres molire sagitas,...
... e atira velozes flechas no coração do deus,... (Ovíd., Metamorfoses 5,
367)

capítulo 3 • 61
Verbo

Você aprendeu, no capítulo 2, a identificar o paradigma verbal no dicionário:


amo, -as, -āre, -avi, -atum; video, -es, -ēre, vidi, visum; lego, -is, -ĕre, legi,
lectum; audio, -is, -īre, -ivi, -itum; sum es, esse, fui, --.Assim, independente da
conjugação, todos os verbos latinos são apresentados, no dicionário, seguindo a
seguinte ordem: 1a pessoa do singular do presente do indicativo (amo, sum), 2ª
pessoa do singular do presente do indicativo (amas, es), infinitivo (amare, esse),
1a pessoa do singular do pretérito perfeito (amavi, fui) e supino (amatum e ine-
xistente no verbo esse). No paradigma verbal encontramos os tempos primitivos
dos verbos, ou seja, aqueles dos quais sairão todos os outros tempos verbais. Os
tempos que estudaremos neste capítulo se dividem entre aqueles que saíram do
infectum (ação não concluída), cujo tempo primitivo é o presente do indicativo,
e um que saiu do perfectum (ação concluída), cujo tempo primitivo é o pretérito
perfeito do indicativo.
Você aprendeu, no capítulo anterior, o presente do indicativo, agora estudará
dois tempos derivados dele: pretérito imperfeito do indicativo e futuro imperfeito
do indicativo.

Pretérito imperfeito do indicativo

O pretérito imperfeito do indicativo indica uma ação passada, mas não con-
cluída, podendo, por isso, indicar que ela está em “andamento”, “no início”, ou
que “ocorre com frequência”. Para o aluno será muito fácil identificar esse tempo,
pois, além de ser oriundo do presente do indicativo, ele apresentará, como desi-
nência modo-temporal, a forma -ba, que permaneceu no espanhol, mas que, no
português, passou a -va.
Deste modo, assim se deu a sua formação: ama (tema do presente) + ba (de-
sinência modo-temporal) = amaba (amava). O mesmo ocorrerá com as demais
conjugações: 2ª – vide + ba = videba (via); 3ª – lege + ba = legeba (lia). Devemos
tomar cuidado, contudo, com os verbos da terceira conjugação que têma vogal -i
no radical, como, por exemplo, capio que apresentará uma consoante de ligação
na sua formação: capi + e + ba = capieba (tomava). O mesmo ocorrerá com os
verbos da 4ª conjugação: audi + e + ba = audieba (ouvia).

capítulo 3 • 62
Veja agora o quadro das conjugações do pretérito imperfeito do indicativo.

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO


amābam vidēbam* legēbam/capiēbam audiēbam

amābas vidēbas legēbas/capiēbas audiēbas

amābat vidēbat legēbat/capiēbat audiēbat

amabāmus videbāmus legebāmus/capiebāmus audiebāmus

amabātis videbātis legebātis/capiebātis audiebātis

amabānt vidēbant legēbant/capiēbant audiēbant


Você já estudou as desinências número-pessoais (DNP) latinas no capítulo anterior. Neste, você conhecerá a
desinência -m, que, por um fenômeno chamado apócope, caiu em português, deixando, assim, a 1a e a 3a pessoa
sem marca de DNP: Eu era + Ø, ele era + Ø.

Exemplos:
a) 38Stupebant autem omnes, qui audiebant, et dicebant: ͞Nonne hic est,
qui expugnabat in Ierusalem eos, qui invocabant nomen istud,...
E estavam estupefatos todos os que ouviam e diziam: “Não é este o que
em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome,... (Atos 9:21)

Já o verbo esse (ser, estar, haver) não apresentará a desinência -ba, e sim a forma
era-, oriunda do radical er- (proveniente de es-) + -a (desinência modo-temporal).
Veja:

Eram
Eras
Erat
Erāmus
Erātis
Erant

38  Todos os verbos deste versículo estão na 3a pessoa do plural, com exceção de ..., que está na ...

capítulo 3 • 63
Exemplo:
a) ...coniuge eram felix, Felix erat illa marito.
... eu era feliz com minha esposa, feliz ela era com seu marido. (Ovíd.,
Metamorfoses 7, 799)

Futuro imperfeito do indicativo

Outro tempo que também sai do infectum é o futuro imperfeito do indicativo,


que corresponde, na tradução, ao nosso futuro do presente (amarei, amarás...). No
que se refere ao aspecto verbal, ele é o tempo do acontecimento futuro, mas que
não terá uma ação concluída. Assim como o pretérito imperfeito, esse tempo é
formado a partir do radical do presente + desinência modo-temporal e desinência
número-pessoal: R + b + DNP (1ª e 2ª conjugação) e R + a/e + DNP (3ª e
4ª conjugação).
Veja agora a conjugação do futuro imperfeito do indicativo em cada uma
das conjugações:


1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
CONJUGAÇÃO
amābo vidēbo legam/capǐam audǐam**

amābis* vidēbis leges/capǐes audǐes**

amābit vidēbit leget/capǐet audǐet


amabǐmus videbǐmus legēmus/capiēmus audiēmus
amabǐtis videbǐtis legētis/capiētis audiētis
amābunt* vidēbunt legent/capǐent audǐent
*As vogais -i e -u, que aparecem na 1a e 2a conjugações, são vogais de ligação.
** Já na 3a e 4a conjugações, as DMT são -a, para a 1a pessoa do singular, e -e para as demais pessoas.

Exemplo:
a) Aures habent et non audient, nares habent et non odorabunt.
Eles têm ouvidos, mas não ouvirão; têm narizes, mas não cheirarão.
(Salmo 115:6)
Mais uma vez, o verbo esse merece um comentário à parte. A sua conjugação
no futuro imperfeito não difere dos verbos regulares quanto às pessoas. A sua
base, porém,assim como ocorreu com o pretérito imperfeito, é formado a partir
do radical es-.

capítulo 3 • 64
Veja a sua conjugação:

Ero
Eris
Erit

Erǐmus

Erǐtis
Erunt

Exemplo:
a) ... Si vel vestimenta eius tetigero, salva ero.
... Se eu tocar as suas vestes, serei salva. (Marcos 5:28)

Mais-que-perfeito do indicativo

Este tempo, diferentemente dos outros dois tempos estudados neste capítulo,
é oriundo do perfectum e, por isso, o seu radical vem do pretérito perfeito do
indicativo. Você o emprega quando deseja falar de um fato ocorridoantes de outro
fato passado. Assim é formado: R (do perfectum) + -ĕra (DMT) + DNP = ama-
vĕram (eu amara39).
Veja como fica a sua conjugação:

1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
amavĕram vidĕram legĕram/cepĕram audivĕram

amavĕras vidĕras legĕras/cepĕras audivĕras

amavĕrat vidĕrat legĕrat/cepĕrat audivĕrat


amaverāmus viderāmus legeramus/ceperāmus audiverāmus
amaverātis viderātis legeratis/ceperātis audiverātis
amavĕrant vidĕrant legĕrant/cepĕrant audivĕrant

39  Modernamente, o falante do português do Brasil prefere a forma composta (eu havia/tinha amado) à forma
simples (eu amara).

capítulo 3 • 65
Exemplo:
a) Narravit ergo pharao, quod vidĕrat: ...
Narrou, pois, Faraó aquilo que vira: ... (Gênesis 41:17)

b) ... nec corpus remanet, quondam quod Amavĕrat Echo.


... nem o corpo permanece, o qual Eco amara num dado
momento. (Ovíd., Metamorfoses 3, 493)

Para conjugar o verbo esse no mais-que-perfeito, basta olhar para o seu


paradigma (sum, es, esse, fui, --), identificar o radical do perfectum (fui),
acrescentar a DMT (ĕra) e as desinências número-pessoais, conforme a tabela:

fuĕram
fuĕras
fuĕrat
fuerāmus
fuerātis
fuĕrant

Exemplos:
a) ... fíbula quod fuĕrat vestemque momordĕrat aurum,...
... o ouro que fora uma fivela e havia prendido a roupa,... (Ovíd.,
Metamorfoses 14, 394)

ATIVIDADES
01. Traduza o texto.
1 In principiō creavit Deus caelum et terram. 2 Terra autem erat inanis et vacua, et te-
nebrae erant super faciem abyssi: et spiritus Dei ferebatur super aquas. 3 Dixitque Deus:
Fiat lux. Et facta est lux. 4 Et vidit Deus lucem quod esset bona: et divisit lucem a tenebris. 5
Appellavitque lucem diem, et tenebras noctem. (Gênesis 1)

capítulo 3 • 66
VOCABULARIUM
In (prep.): em {no(a)} Aqua, ae: água
Principium, i: princípio Dico, -is, -ĕre, dixi, dictum: dizer
Creo, -as, -are, -avi, -atum: criar Fiat lux: Haja luz
Deus, i: Deus Etfacta est lux: e houve luz
Caelum, i: céu Que (conjunção enclítica equivalente a
Et: e et): e
Terra, ae: terra Video, -es, -ēre, vidi, visum: ver
Autem (conj.): e, mas Lucem quod essetbona: que a luz era boa
Sum, es, esse, fui, --: ser, estar, haver; Divido, -is, -ĕre, -visi, -visum: dividir,
inanis, e (adj.): sem forma separar
Vacuus, -a, -um: vazia Lux, lucis: luz
Tenebrae, -arum: trevas A (prep.): de (o{a})
Super (prep.): sobre Tenebrae, -brārum: trevas (plura-
Facies, -ei: face (5a declinação) lia tantum);
Abyssus, -i: abismo Apello, -as, -are, -avi, -atum: chamar
Spiritus, us: espírito (4a declinação) Dies, diei: dia (5a declinação)
Ferebatur: se movia: Nox, noctis: noite

02. Em que tempo se encontram as formas verbais a seguir?


a) Erat b) Creavit

03. Passe as formas verbais a seguir para o pretérito imperfeito, futuro imperfeito e pretérito
mais-que-perfeito do indicativo.
a) Dixit c) Divisit
b) Vidit d) Apellavit

04. Identifique a declinação e o caso em que se encontram os seguintes substantivos.


a) Principiō d) Aquas
b) Caelum e) Lucem
c) Terram f) Lux

05. Com a ajuda do vocabulário, traduza as frases e complete as lacunas, de modo a fazer a
concordância entre o substantivo e o adjetivo. Lembre-se de que, em latim, o adjetivo concor-
da com o substantivo em gênero, número e caso.

capítulo 3 • 67
Cantus leporis
______________ (longus, -a, -um) aures habeo,
_________________ (brevis,-e) caudam teneo.
__________________(levis, -e) pedes habeo.
_____________________ (magnus, -a, -um) saltum facio.
Caro mea _________________ (dulcis, e) est,
Pellis mea _____________ (mollis, e) est.
Domus ____________ (meus, -a, -um) silva est,
Lectus meus ______________ (durus, -a, -um) est.

VOCABULARIUM
longus, -a, -um: longo, comprido Facio, -is, -ĕre, fēci, factum: fazer
Auris, -is (f): orelha Caro, carnis (f): carne
Habeo, -es, -ēre, habui, -itum: ter Meus, -a, -um: meu, minha
Brevis,-e: curta, breve Dulcis, e: doce
Cauda, ae: cauda Sum, es, esse, fui, ----: ser, estar, haver
Teneo,-es, -ēre, tenui, tentum: possuir, Pellis, -is (f): pele
ter Mollis, e: mole, suave
Levis, -e: leve, ligeiro Domus, us{f} (4a declinação): casa
Pes, pedis (m): pé Silva, ae: bosque, floresta
Magnus, -a, -um: grande, alto Lectus, i (m): leito, cama
Saltus, -us{m}(4a declinação): salto Durus, -a, -um: duro

RESUMO
Ao estudar a 3ª declinação, você não só teve a oportunidade de relembrar a 1ª e a 2ª
declinação, mas também pôde fazer um estudo comparativo entre as três declinações até
aqui estudadas. Percebeu que, no que se refere ao português, a 3ª declinação nos legou os
substantivos terminados pela VT -e, os quais, por terminarem por essa VT, causam dúvidas
quanto ao gênero tanto em latim, quanto em português.
Quanto aos adjetivos de 2ª classe, vimos que, por terminarem pela VT -e, são declinados
como substantivos da 3ª declinação. No que se refere à forma como são apresentados no di-
cionário, esses adjetivos, diferentemente dos de 1ª classe, assim se apresentam: uniformes
– amans, amantis; biformes – brevis, e, e triformes – celer, -eris, -ere. Ao passarem para

capítulo 3 • 68
o português, esses adjetivos foram classificados como uniformes, ou seja, possuem uma
única forma para os dois gêneros, como ocorre com os adjetivos “breve”, “grande”, “frágil” etc.
Você teve a oportunidade também de relembrar o paradigma verbal, bem como o presente
do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo. Além destes tempos, mais três tempos
foram apresentados: o pretérito imperfeito do indicativo, o futuro imperfeito do indicativo eo
pretérito mais-que-perfeito do indicativo. Os dois primeiros são derivados do presente do
indicativo e o último, do pretérito perfeito do indicativo. No que diz respeito às pessoas, você
pôde perceber que, além da DNP -o para a 1ª pessoa do singular, o latim tinha também a
desinência -m para marcá-la. Na passagem para o português, porém, essa desinência caiu e
nós ficamos, muitas vezes, sem marca para a 1ª pessoa, ocorrendo, por isso, confusão entre
a 1ª e a 3ª pessoa do singular: amava – amava. A dúvida só se desfaz graças à presença
de pronomes: eu amava – ele amava

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIA SACRA IUXTA VULGATAM CLEMENTINAM. Nova editio logicis partition ibusaliisque
subsidiis ornata a Alberto Colunga, O. P. et LAURENTIO TURRADO. Madrid: Biblioteca de autores
cristianos, 1999.
Bíblia sagrada. Versão atualizada. 2. ed. Tradução João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
FREIRE, António. Gramática Latina. 5. ed. Braga: Livraria A. I., 1987.
PHAEDRUS. Fabvlarvm aesopiarvm libri qvinqve. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>.
Acesso em: maio 2018.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. (revista e aumentada). Brasília: MEC/FAE/DF,
1995.
JÚNIOR, Joaquim Mattoso Câmara. Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.
LEITÃO, Luiz Ricardo; FILHO, João Ramos e FREITAS, Rosângela. Gramática Crítica: o culto e o
coloquial no português brasileiro. 3. ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1998.
LEITE, J. F. Marques e JORDÃO, A. J. Novaes. Dicionário Latino Vernáculo. 3.ed. (refundida e
melhorada). Rio de Janeiro: Editora LUX Ltda, 1958.
P. OVIDIVS NASO. Opera omnia. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
P. VERGILIVS MARO. Eclogues. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. 2. ed. Porto: Gráficos Reunidos Ltda, 1942.

capítulo 3 • 69
capítulo 3 • 70
4
4ª e 5ª declinação e
verbos: imperativo,
demais tempos
do perfectum e
do infectum e voz
passiva
4ª e 5ª declinação e verbos: imperativo,
demais tempos do perfectum e do infectum e
voz passiva
Você estudará, neste capítulo, as duas últimas declinações: a 4ª e a 5ª. A
quarta, embora tenha menos palavras que as três primeiras, apresenta os três
gêneros; a quinta é a menor de todas as declinações e não tem o gênero neutro.
Você aprenderá que as vogais temáticas da 4ª e da 5ª são, respectivamente, -u
e -e.Perceberá também que a maioria das desinências da quarta e da quinta
declinação já nos foi apresentada quando estudamos as outras declinações.
No que concerne aos verbos, será abordado, primeiramente, o imperativo.
Ainda que o latim, assim como o português, apresente mais de uma maneira de
apresentar o imperativo, a sua formação mais comum advém da 2ª pessoa do
singular e da 2ª do plural do presente do indicativo. Prosseguindo com os verbos,
será apresentado a você o presente do subjuntivo, sua formação e suas nuances,
inclusive a de imperativo.
Por último, você irá aprender a voz passiva em latim. Verá que a sua divisão em
tempos do infectum de um lado e tempos do perfectum de outro, corresponde,
respectivamente, a formas verbais sintéticas e formas verbais analíticas.

OBJETIVOS
•  Apresentar a quarta e a quinta declinação.
•  Aprofundar o estudo das declinações citadas por meio de tabelas e exemplos.
•  Retomar o estudo dos verbos, abordando, primeiramente, o imperativo.
•  Apresentar e estudar o presente do subjuntivo, seja por meio de sua morfologia, ou de seus
inúmeros empregos.
•  Trazer à mostra os demais tempos do infectum e do perfectum.
•  Introduzir a voz passiva.
•  Levar o aluno a entender como se dá a formação da voz passiva no infectum e da voz
passiva no perfetum.

capítulo 4 • 72
Quarta declinação

A 4ª declinação é constituída de nomes cuja vogal temática é -u. O nominativo


sempre terminará em -us, nos nomes masculinos e femininos, e, em -u, nos nomes
neutros. O genitivo terminará sempre em -us.

Palavras femininas

HANDMADEE3D | SHUTTERSTOCK.COM
LEVENTEGYORI| SHUTTERSTOCK.COM
© STOCKYIMAGES | SHUTTERSTOCK.COM

manus,us anus, us domus, us

Palavras masculinas
© Brett Allen | SHUTTERSTOCK.COM

© Ioan Florin Cnejevici | SHUTTERSTOCK.COM


© Christian Weber | SHUTTERSTOCK.COM

fluctus, us arcus, us exercitus, us

Assim se declinam as palavras masculinas e femininas:

CASO SINGULAR PLURAL


NOMINATIVO manŭs manūs

GENITIVO manūs manŭum

VOCATIVO manŭs manūs

capítulo 4 • 73
CASO SINGULAR PLURAL
ACUSATIVO manŭm* manūs

ABLATIVO manū** manǐbus***

DATIVO manŭī manǐbus


*Não se esqueça de que o acusativo singular terminará sempre, em todas as declinações, pela desinência número-
casual -m.
**Você deve lembrar também que o ablativo singular, em todas as declinações, terminará sempre pela vogal temática
da declinação a que ele pertence, aqui, em -u.
***Aqui, vale ressaltar que o ablativo e o dativo plural, possuirão sempre a mesma desinência número-casual, no caso
da 4ª declinação, - ǐbus.

Exemplo:
a) ... et suscepit sanguinem fratris tui de manū tua!
....e recebeu da tua mão o sangue de teu irmão. (Gênesis 4:11)
b) ... Nec manus in lecto laeva iacebit iners.
… E a mão esquerda não ficará parada no leito. (Ovíd., Arte de amar,
2, 706)

Palavras neutras
© Por Seasontime | SHUTTERSTOCK.COM

© Baronb | SHUTTERSTOCK.COM
© Stsvirkun| SHUTTERSTOCK.COM

genu, us cornu, us pecu, us

Declinação das palavras neutras:

CASO SINGULAR PLURAL


NOMINATIVO genu* genŭa*

GENITIVO genus genŭum

VOCATIVO genu* genŭa*

capítulo 4 • 74
CASO SINGULAR PLURAL
ACUSATIVO genu* genŭa*

ABLATIVO genū genǐbus**

DATIVO genŭī genǐbus


*Como já visto nas outras declinações, as palavras neutras serão sempre iguais em três casos: nominativo, vocativo
e acusativo. No caso do plural, a desinência número-casual será sempre -a.
**Inicialmente, todos os nomes da 4ª declinação faziam o ablativo-dativo plural em -ŭbus, mas, por analogia com os
nomes da 3ª declinação, esses casos passaram a apresentar a desinência -ǐbus. Veja o que Ernesto Faria diz sobre
isso:
(...) alguns substantivos da quarta declinação ainda apresentam, no período clássico, a desinência
-ŭbus, como, por exemplo, os seguintes: arcus, arcŭbus “arco”; quercus, quercŭbus “carvalho”; tribus,
tribŭbus “tribo”. (FARIA, 1996)

Exemplos:
a) ... utrumque enim genu40 in terram fixerat et manus* expanderat
in caelum.
… fixara, pois, ambos os joelhos na terra e erguera as mãos ao(s) céu(s).”
(I Reis 8:54)

Quinta declinação

A 5ª declinação constitui-se de nomes cuja vogal temática é -e. O nominativo


sempre terminará em -es. Esta declinação, assim como a primeira, não tem o gê-
nero neutro. O genitivo terminará em -ei. Nela há apenas dois nomes cuja decli-
nação no plural é completa: dies, diei41 e res, rei (coisa, fato, acontecimento etc.).
Assim se declinam:

CASOS SING. PLUR. SING. PLUR.


NOMINATIVO diēs diēs rēs rēs

GENITIVO diēī diērum rēī rērum

VOCATIVO diēs diēs rēs rēs

ACUSATIVO diĕm diēs rĕm rēs

40 *Tanto genu quanto manus são complementos de verbos. Em que caso eles se encontram?
41  Dies, no singular, tanto pode ser feminino quanto masculino; no plural, será sempre masculino.

capítulo 4 • 75
CASOS SING. PLUR. SING. PLUR.
ABLATIVO diē diēbus rē rēbus

DATIVO diēi diēbus rēi rēbus

Outras palavras da 5ª declinação: esuries, -ei (a fome, o apetite); acies, -ei (a


ponta); spes, -ei (esperança); species, -ei (aparência).

Exemplo:
a) ... res pretiosas dedit fratri eius et matri.
... deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe. (Gênesis 24:53)

b) ... Diffundetque animos omnibus ista dies.


... e esse dia difundirá coragem em todos. (Ovíd., Arte de Amar, 2, 218)

Imperativo

Há, em latim, dois imperativos: o presente e o futuro. Enfatizaremos, pelo


grau de importância, o imperativo presente e deixaremos o imperativo futuro para
quando apresentarmos as tabelas verbais.
O imperativo presente é derivado do infectum e é empregado quando se quer
dar uma ordem ou se fazer um pedido e tem apenas duas formas verbais: a 2ª
pessoa do singular (tu) e a 2ª do plural (vós). Para formar a 2ª pessoa do singular,
basta suprimir a desinência número-pessoal do presente do indicativo: amas =
ama; vides = vide; legis = lege42 ; audis = audi. Já a 2ª do plural é formada pela
substituição da desinência número-pessoal -tis pela desinência -te: amatis = ama-
te; videtis = videte; legitis = legite; auditis = audite.

1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
ama (ama) vide (vê) lege (lê) audi (ouve)
amate (amai) videte (vede) legite (lede) audite (ouvi)

42  A terceira conjugação, por analogia à segunda, acrescenta o morfema-e, para esta pessoa.

capítulo 4 • 76
Exemplo:
a) ... Leva oculos tuos et vide universos masculos ...
... Levanta teus olhos e vê todos os machos (do rebanho) ...
(Gênesis 31:12)

Alguns verbos perdem a desinência -e: dic, duc, fac, fer.


Exemplo:
a) Fac titubet blaeso subdola lingua sono, ...
Faz a tua língua murmurar, titubeante, sons balbuciados,... (Ovíd., A
Arte de Amar, 1, 596)

O verbo esse, como sempre, tem as suas particularidades, veja a tabela:

Es ou esto = sê tu
Este ou estōte = sede vós

Exemplo:
a) ... sanctificamini et sancti estote, quoniam et ego sanctus sum.
... santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo. (Levítico 11:44)

Presente do subjuntivo

O presente do subjuntivo tem vários empregos, dentre os quais, destacamos:


a) Imperativo negativo: quando é usado na primeira e terceira pessoa
e, na segunda, se o sujeito for indeterminado. Ex.: Puer telum ne habeat,
“Que a criança não tenha o dardo.” (Cíc., Tusc. 5,41, 118); de ligno autem
scientiae boni et mali ne comedas, “e da árvore do conhecimento do bem
e do mal, não comas.” (Gênesis 2:17)
b) Optativo: é empregado para expressar desejo. Ex.:Benedicat tibi
Dominus et custodiat te. “Que o Senhor te abençoe e te guarde.” (Números
6:24)
c) Deliberativo: indica, por parte do sujeito, uma deliberação íntima,
dúvida ou hesitação. Ex: Quid agam, iudices?, “Que fazer, juízes?” (Cíc.,
Verr., 5, 2); intus serva – ego intus servem?, “vigia lá dentro – eu vigiar lá
dentro? (Plaut., Aul., 81)

capítulo 4 • 77
Conjugação do presente do subjuntivo:

1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
amem videam legam/capiam audiam

ames videas legas/capias audias

amet videat legat/capiat audiat

amēmus videāmus legāmus/capiāmus audiāmus

amētis videātis legātis/capiātis audiātis

ament videant legant/capiant audiant

Conjugação do verbo esse:

Sim Que eu seja

Sis Que tu sejas

Sit Que ele seja

Sīmus Que nós sejamos

Sītis Que vós sejais

Sint Que eles sejam

Exemplo:
a) ... et sit uxor filii domini tui, ...
… e que ela se torne (seja) a mulher do filho do teu senhor, ... (Gênesis 25:51)

Outros tempos

Imperfeito do subjuntivo
É formado acrescentando-se ao radical do infectum a desinência -re e, depois
dela, as desinências número pessoais:

capítulo 4 • 78
1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
Amasse Visse Lesse/Tomasse Ouvisse
amārem vidērem legĕrem/capĕrem audīrem

amāres vidēres legĕres/capĕres audīres

amāret vidēret legĕret/capĕret audīret

amarēmus viderēmus legerēmus/caperēmus audirēmus

amarētis viderētis legerētis/caperētis audirētis

amārent vidērent legĕrent/capĕrent audīrent

Pretérito perfeito do subjuntivo


É formado acrescentando-se ao radical do perfectum a desinência -ĕri e,
depois dela, as desinências número-pessoais:

1ª 2ª 3ª 4ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
Tenha lido/Tenha
Tenha amado Tenha visto Tenha ouvido
tomado
amavĕrim vidĕrim legĕrim/cepĕrim audivĕrim

amavĕris vidĕris legĕris/cepĕris audivĕris

amavĕrit vidĕrit legĕrit/cepĕrit audivĕrit

amaverǐmus viderǐmus legerǐmus/ceperǐmus audiverǐmus

amaverǐtis viderǐtis legerǐtis/ceperǐtis audiverǐtis

amavĕrint vidĕrint legĕrint/cepĕrint audivĕrint

Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo


Além das desinências número-pessoais, esse tempo é formado acrescentando-
se ao radical do perfectum a desinência -isse:

capítulo 4 • 79
1ª 2ª 3ª
4ª CONJUGAÇÃO
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
Tivesse tivesse lido/Tivesse
Tivesse visto Tivesse ouvido
amado tomado
amavīssem vidīssem legīssem/cepīssem audivīssem
amavīsses vidīsses legīsses/cepīsses audivīsses
amavīsset vidīsset legīsset/cepisset audivīsset
amavissēmus vidissēmus legissēmus/cepissēmus audivissēmus
amavissētis vidissētis legissētis/cepissētis audivissētis
amavīssent vidīssent legīssent/cepīssent audivīssent

Futuro perfeito do indicativo


A sua formação se dá com o acréscimo da desinência -ĕri ao radical
do perfectum.

1ª 2ª 3ª
4ª CONJUGAÇÃO
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO
Terei lido/Tenha
Terei amado Terei visto Terei ouvido
tomado
amavĕro vidĕro legĕro/cepĕro audivĕro
amavĕris vidĕris legĕris/cepĕris audivĕris
amavĕrit vidĕrit legĕrit/cepĕrit audivĕrit
amaverǐmus viderǐmus legerǐmus/ceperǐmus audiverǐmus
amaverǐtis viderǐtis legerǐtis/ceperǐtis audiverǐtis
amavĕrint vidĕrint legĕrint/cepĕrint audivĕrint

capítulo 4 • 80
Verbo esse

INDICATIVO SUBJUNTIVO IMPERATIVO


futuro
esto – sê (serás) tu
esto – seja (serás)
ele
PRESENTE já visto já visto
estote – sede (se-
reis) vós
sunto – sejam (se-
rão) eles
que eu fosse/seria
infinitivo
essem
presente: esse –
esses
ser
IMPERFEITO já visto esset
perfeito: fuīsse –
essēmus
ter sido
essētis
futuro: fore ou fu-
essent
turum, am, um esse
FUTURO IMPERFEITO já visto – que há de ser

eu tenha sido particípio


fuĕrim futuro: futurus, a,
fuĕris um – devendo ser,
PERFEITO fuĕrit que há de ser
fuerǐmus
fuerǐtis
fuĕrint
eu tivesse sido ou
teria sido
fuīssem
fuīsses
MAIS-QUE-PERFEITO já visto
fuīsset
fuissēmus
fuissētis
fuīssent
eu terei sido
fuĕro
fuĕris
FUTURO PERFEITO fuĕrit
fuerǐmus
fuerǐtis
fuĕrint

capítulo 4 • 81
Voz passiva

Até aqui só estudamos a voz ativa. Essa voz é assim chamada pelo fato de o
sujeito ser o agente, o que pratica a ação verbal; já na voz passiva, o sujeito, que é
o termo sobre o qual se declara alguma coisa, não pratica a ação, mas a sofre. Veja:
a) O caçador matou o leão.
b) O caçador foi morto pelo leão.

Nos exemplos anteriores, “caçador” é o sujeito das duas orações. Na primeira,


como ele pratica a ação, o verbo está na voz ativa; na segunda, como ele sofre a
ação, o verbo está na voz passiva. A voz passiva, em português, constrói-se com um
verbo auxiliar e um verbo principal, configurando, assim, uma construção analítica
denominada de locução verbal: foi (verbo auxiliar) + morto (verbo principal no par-
ticípio). Em latim, além da construção analítica (perfectum), ocorrerá a construção
sintética (infectum): amor (sou amado)/amatus sum (fui amado). Percebe-se, então,
que foi a construção analítica que passou para o português (auxiliar + particípio),
tendo a forma sintética (amor) desaparecido em nossa língua.
Para a formação dos tempos do infectum na voz passiva, o latim, como já
dissemos, recorre a uma construção sintética, que, na prática, é a troca das de-
sinências ativas pelas desinências passivas: o or;s ris; t tur; mus mur;
tis mǐni; nt ntur.
Apresentadas as desinências, veja agora a conjugação dos tempos do infectum
na voz passiva:

PRESENTE DO INDICATIVO
1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Sou amado Sou visto Sou lido/Sou tomado Sou ouvido
amor videor legor/capior audior
amāris (re) videris (re) legeris/caperis (re) 3
audiris (re)

amātur videtur legitur/capitur auditur

amāmur videmur legimur/capimur audimur


amamǐni videmini legimini/capimini audimini
amāntur videntur leguntur/capiuntur audiuntur
Além da desinência -ris, às vezes encontramos, em seu lugar, a desinência -re.

capítulo 4 • 82
PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO

Era amado Sou visto Sou lido/sou tomado Sou ouvido


amābar videbar legebar/capiebar audiebar
amabāris (re) videbaris (re) legebaris/capiebaris (re) audiebaris (re)
amabātur videbatur legebatur/capiebatur audiebatur
amabāmur videbamur legebamur/capiebamur audiebamur
amabamǐni videbamini legebamini/capiebamini audiebamini
amabāntur videbantur legebantur/capiebantur audiuntur

FUTURO IMPERFEITO DO INDICATIVO

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO

Serei amado Serei visto Serei lido/Serei tomado Serei ouvido


amābor videbor legar/capiar audiar
amabĕris (re) videberis (re) legeris/capieris (re) audieris (ere)
amabǐtur videbitur legetur/capietur audietur
amabǐmur videbimur legemur/capiemur audiemur
amabimǐni videbimini legemini/capiemini audiemini
amabūntur videbuntur legentur/capientur audientur

PRESENTE DO SUBJUNTIVO
1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Seja amado Seja visto Seja lido/Seja tomado Seja ouvido
amer videar legar/capiar audiar
amēris (re) videaris (re) legaris/capiaris (re) audiaris (re)
amētur videatur legatur/capiatur audiatur
amēmur videamur legamur/capiamur audiamur
amemǐni videamini legemini/capiemini audiamini
amēntur videantur legantur/capiantur audiantur

capítulo 4 • 83
IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO
1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Fosse amado Fosse visto Fosse lido/Fosse tomado Fosse ouvido
amārer viderer legerer/caperer audirer
amarēris (re) videreris (re) legereris/capereris (re) audireris (re)
amarētur videretur legeretur/caperetur audiretur
amarēmur videremur legeremur/caperemur audiremur
amaremǐni videremini legeremini/caperemini audiremini
amarēntur viderentur legerentur/caperentur audirentur

Veja agora os tempos do perfectum:

PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO


1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Fui amado Fui visto Fui lido/Fui tomado Fui ouvido
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a,
visus, a, um sum auditus, a, um sum
sum um sum
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um es vusis, a, um es auditus, a, um es
um es
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um est visus, a, um est auditus, a, um est
um est
amati, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a
visi, ae, a sumus auditi, ae, a sumus
sumus sumus
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a estis visi, ae, a estis auditi, ae, a estis
estis
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a sunt visi, ae, a sunt auditi, ae, a sunt
sunt

capítulo 4 • 84
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO

Fora lido/Fora
Fora amado Fora visto Fora ouvido
tomado
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a, auditus, a, um
visus, a, um eram
eram um eram eram
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a,
visus, a, um eras auditus, a, um eras
eras um eras
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a,
visus, a, um erat auditus, a, um erat
erat um erat
amati, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a auditi, ae, a
visi, ae, a eramus
eramus eramus eramus
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a eratis visi, ae, a eratis auditi, ae, a eratis
eratis
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a erant visi, ae, a erant auditi, ae, a erant
erant

FUTURO PERFEITO DO INDICATIVO

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO

Terei sido lido/Terei sido


Terei sido amado Terei sido visto Terei sido ouvido
tomado
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um ero visus, a, um ero auditus, a, um ero
um ero
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a,
visus, a, um eris auditus, a, um eris
eris um eris
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um erit visus, a, um erit auditus, a, um erit
um erit
amati, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a
visi, ae, a erimus auditi, ae, a erimus
erimus erimus
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a eritis visi, ae, a eritis auditi, ae, a eritis
eritis
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a erunt visi, ae, a erunt auditi, ae, a erunt
erunt

capítulo 4 • 85
PRETÉRITO PERFEITO DO SUBJUNTIVO
1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Tenha sido lido/Tenha sido
Tenha sido amado Tenha sido visto Tenha sido ouvido
tomado
amatus, a, um lectus, a, um/captus, a,
visus, a, um sim auditus, a, um sim
sim um sim
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um sis visus, a, um sis auditus, a, um sis
um sis
lectus, a, um/captus, a,
amatus, a, um sit visus, a, um sit auditus, a, um sit
um sit
lecti, ae, a/capti, ae, a
amati, ae, a simus visi, ae, a simus auditi, ae, a simus
simus
amati, ae, a sitis visi, ae, a sitis lecti, ae, a/capti, ae, a sitis auditi, ae, a sitis
amati, ae, a sint visi, ae, a sint lecti, ae, a/capti, ae, a sint auditi, ae, a sint

PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO SUBJUNTIVO


1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO 4ª CONJUGAÇÃO
Tivesse sido Tivesse sido lido/Tivesse
Tivesse sido visto Tivesse sido ouvido
amado sido tomado
amatus, a, um visus, a, um lectus, a, um/captus, a, auditus, a, um
essem essem um essem essem
amatus, a, um visus, a, um lectus, a, um/captus, a, auditus, a, um
esses esses um esses esses
amatus, a, um visus, a, um lectus, a, um/captus, a, auditus, a, um
esset esset um esset esset
amati, ae, a visi, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a auditi, ae, a
essemus essemus essemus essemus
amati, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a auditi, ae, a
visi, ae, a essetis
essetis essetis essetis
amati, ae, a lecti, ae, a/capti, ae, a
visi, ae, a essent auditi, ae, a essent
essent essent

capítulo 4 • 86
Exemplo:
a) Quia lex per Moysen data est, gratia et veritas per Iesum Christum
facta est.
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade foi feita (foram
feitas) por Cristo. (João 17)

b) Appropinquabat autem dies festus Azymorum, qui dicitur Pascha.


E aproximava-se o dia da festa dos pães ázimos, a qual é chamada de
Páscoa. (Lucas 22:1)

c) Tricesimo octavo imperii anno per40 Anci filios occisus est …


No trigésimo ano de (seu) governo (Prisco Tarquínio) foi morto pelos
filhos de Anco.... (Eutrópio, Breviário Romano, 1, 6)

d) At ruber, hortorum decus et tutela, Priapus,/omnibus ex illis Lotide


captus erat.
Mas o rubro Priapo, glória e guardador dos jardins, dentre todas
aquelas, fora capturado por Lótide. (Ovíd., Fautos, 1, 415-416)

ATIVIDADES
01. Traduza o texto.
[7] Post hunc41 Servius Tullius suscepit imperium, genitus ex nobili femina, captiva tamen
et ancilla. Hic quoque Sabinos subegit; montes três: Quirinalem, Viminalem, Esquilinum urbi
adiunxit; fossas circum murum duxit. Primus omnium censum ordinavit, qui adhuc per orbem
terrarum incognitus erat. Sub eo Roma omnibus in censum delatis habuit capita LXXXIII milia
civium Romanorum cum his, qui in agris erant. Occisus est scelere generi sui Tarquinii Super-
bi, filii eius regis, cui ipse successerat, et filiae, quam Tarquinius habebat uxorem.

40  No latim clássico, o agente da passiva é formado, geralmente, pela preposição ab + ablativo. Aqui, porém, por
se tratar de um texto oriundo do latim tardio, a formação é composta pela preposição per + acusativo.
41  O rei anterior: Prisco Tarquínio.

capítulo 4 • 87
VOCABULARIUM
Post (prep.): depois de (Prisco Tarquínio) adhuc (adv.): até
Hic, haec, hoc (pron. demonstrativo): este, per (prep.): por, através de
esta, isto Terra, ae: terra
Servius Tullius: Sérvio Túlio Incognitus, a, um: desconhecido (a)
Suscipio, -is, -ĕre, -ēpi, -ceptum: receber, to- Sum, es, esse, fui,: ser, estar, haver
mar conta de Sub (prep..): sob
Imperium, i: governo, trono Is ea, id: (pron.): ele (a); o (a)
Genitus, a, um: gerado, nascido de Roma, ae: Roma
Ex (prep.): de omnibus in censum delatis: sendo todos le-
Nobilis, e: nobre vados ao censo
Femina, ae: mulher Habeo, -es, -ēre, habui, habitum: ter, possuir
Captivus, a, um: cativa Fossa, ae: fosso, trincheira
Tamen (conj.): porém Circum (prep.): ao redor, em torno de; Murus,
Et (conj.): e i: muro
Ancilla, ae: escrava Duco, is, -ĕre, duxi, ductum: construir
Hic, haec, hoc: este (ele) Primus, a, um: primeiro
Quoque (adv.): também Omnis, e: todo (a)
Subigo, -is, -ēgi, -ĕre, -actum: subjugar, Census, us: censo
vencer Ordino, -as, -āre, -avi, -atum: instituir, ordenar;
Sabini, -orum: sabinos orbis, is: círculo, globo
Mons, montis: monte, colina capita LXXXIII milia civium romanorum: oi-
Tres, tria: três tenta e três mil cabeças de cidadãos romanos
Quirinalis, e: de Quirino, Quirinal (oitenta e três mil cidadãos romanos)
Viminalis, e: Viminal Cum his, qui in agris erant: com estes que es-
Esquilinus, i: Esquilino tavam nos campos (incluindo os que moravam
Urbis, is: Urbe (cidade de Roma) no campo)
Adiungo, -is, -ĕre, adiunxi,-ctum: anexar, Occido, -is, -ĕre, -cidi, -cisum: morrer;
acrescentar Scelus, -ĕris: ato criminoso
qui, quae, quod (pron. Relativo): que (o qual), Genus, -ĕris: -ĕris genro
a qual Suus, a, um (pron.) seu (sua)
adhuc (adv.): até Tarquinius Superbus: Tarquínio Soberbo
per (prep.): por, através de Filius, i: filho
Terra, ae: terra Rex, regis: rei
Incognitus, a, um: desconhecido (a) Ipse,a,um (pron.): o próprio (a), ele (a) mesmo
Sum, es, esse, fui,: ser, estar, haver Succedo, -is, -ĕre, -ccessi, -ccessum:
Sub (prep..) sob suceder
Is ea, id: (pron.): ele (a); o (a) Filia, ae: filha
Roma, ae: Roma Qui, quae, quod: que (o qual), a qual
omnibus in censum delatis: sendo todos le- Tarquinius, i: Tarquínio
vados ao censo Uxor, uxoris: esposa
Habeo, -es, -ēre, habui, habitum: ter, possuir
qui, quae, quod (pron. Relativo): que (o qual),
a qual

capítulo 4 • 88
02. Identifique o caso e a declinação dos seguintes substantivos.
a) Filiae c) Censum
b) Uxorem d) Tarquinius

03. Retire do texto duas formas verbais que estejam na voz passiva.

04. Classifique as formas verbais a seguir quanto à pessoa e ao tempo.


a) Successerat c) erant
b) Habebat d) Habuit

05. Sabendo que os dois casos regidos por preposição são acusativo e ablativo, identifique
o caso que cada uma das preposições a seguir está regendo.
a) Circum murum c) In censum
b) Sub eō d) In agris

RESUMO
Ao se estudar a 4ª e a 5ª declinação, percebeu-se que elas eram bastante pobres em
comparação com as outras declinações. Isso resultou, na passagem para o latim vulgar, na
redução das declinações, que passaram de cinco para três. A 4ª, como se assemelhava à 2ª, foi
absorvida por esta; o mesmo ocorreu com a 5a, que foi absorvida pela primeira e pela terceira.
No estudo dos verbos, viu-se que o imperativo é bem fácil de ser construído e identificado
e que nos legou, quanto à forma, a 2ª pessoa do singular. O presente do subjuntivo também
é fácil de ser aprendido, principalmente pelo fato de ter legado à língua portuguesa as desi-
nências modo-temporais: -e, para a 1ª conjugação, e -a para a 2ª e 3ª conjugações.
Quanto à voz passiva, ficou claro que os tempos do infectum, cuja forma é sintética, não
passou para nossa língua. O mesmo, porém, não ocorreu com os tempos do perfectum, que
deram origem a nossa voz passiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIA SACRA IUXTA VULGATAM CLEMENTINAM. Nova editio logicis partitionibus aliisque
subsidiis ornata a Alberto Colunga, O. P. et LAURENTIO TURRADO. Madrid: Biblioteca de autores
cristianos, 1999.

capítulo 4 • 89
Bíblia sagrada. Versão atualizada. 2. ed. Tradução João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
CICERO. Opera omnia. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
EVTROPIVS. Breviarivm historiae romanae. Disponível em:<www.thelatinlibrary.com>. Acesso em:
maio 2018.
FREIRE, António. Gramática Latina. 5. ed. Braga: Livraria A. I., 1987.
PLAUTUS. Opera omnia. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. (revista e aumentada). Brasília: MEC/FAE/DF,
1995.
JÚNIOR, Joaquim Mattoso Câmara. Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.
LEITÃO, Luiz Ricardo; FILHO, João Ramos e FREITAS, Rosângela. Gramática Crítica: o culto e o
coloquial no português brasileiro. 3. ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1998.
LEITE, J. F. Marques e JORDÃO, A. J. Novaes. Dicionário Latino Vernáculo. 3. ed. (refundida e
melhorada). Rio de Janeiro: Editora LUX Ltda, 1958.
P. OVIDIVS NASO. Opera omnia. Disponível em: <www.thelatinlibrary.com>. Acesso em: maio 2018.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. 2. ed. Porto: Gráficos Reunidos Ltda, 1942.

capítulo 4 • 90
5
Verbos depoentes e
as demais classes
gramaticais: pronomes,
advérbios, preposições,
conjunções, numerais
e interjeições
Verbos depoentes e as demais classes
gramaticais: pronomes, advérbios,
preposições, conjunções, numerais e
interjeições

Neste último capítulo, você estudará a conjugação dos verbos depoentes e


entenderá, por meio de exemplos em português, como se dá o funcionamento
deles. Como a sua conjugação é idêntica à voz passiva, não será necessário
apresentar estes verbos em todos os tempos.
Iniciaremos o estudo das classes gramaticais restantes pelos pronomes. O
primeiro tipo a ser abordado são os pronomes pessoais, vindo, em seguida, os
pronomes possessivos e reflexivos. Depois, será abordado o grupo mais extenso: os
pronomes demonstrativos. Por último, serão apresentados os pronomes relativos,
importantíssimos para a coesão e compreensão de qualquer texto latino, e também
os pronomes interrogativos.
Após os pronomes, estudaremos os advérbios, os quais são divididos em dois
grupos: os que são oriundos de adjetivos e aqueles que são advérbios por sua
própria natureza gramatical. Em seguida, aparecerá uma classe gramatical que já
vem sendo trabalhada em todos os capítulos: as preposições. Após estas, você terá
a oportunidade de conhecer as conjunções, numerais e interjeições.

OBJETIVOS
•  Apresentar os verbos depoentes e sua conjugação.
•  Trabalhar as outras classes gramaticais.
•  Iniciar o estudo dos pronomes e suas subdivisões.
•  Apresentar e estudar os advérbios, bem como a sua formação.
•  Retomar e aprofundar o estudo das preposições.
•  Estudar as conjunções.
•  Aprender os numerais e as principais interjeições latinas.

capítulo 5 • 92
Verbos depoentes

São chamados de depoentes os verbos que têm forma passiva e significado


ativo. Sendo assim, como você acabou de estudar no capítulo anterior a voz
passiva, não terá maiores dificuldades em conjugá-los. Embora não existam verbos
depoentes em português, alguns particípios carregam consigo essa ideia. Vejamos:
a) A mulher é amada.
b) A mulher é viajada.

Na letra a, o particípio “amada” tem forma passiva e significado passivo, pois a


mulher sofre a ação; já na letra b, o particípio “viajada” tem forma passiva (mesma
terminação de amada), mas significado ativo, pois “ela é uma mulher que já viajou
muito”, ou seja, ela praticou a ação de viajar. É muito comum, na linguagem
coloquial brasileira, ocorrer o contrário com alguns verbos que, embora estejam
na voz ativa, têm valor passivo, como, por exemplo, “reprovar” e “operar”: “Eu
reprovei em Matemática”; na verdade, o falante está querendo dizer: “Eu fui
reprovado em Matemática”.
Voltando ao latim, destacaremos, seguindo os exemplos do professor Ernesto
Faria (FARIA 1995), os seguintes verbos depoentes: 1ª conjugação: miror, miraris,
mirāri, miratus sum (admirar); 2ª conjugação: vereor, vereris, verēri, veritus sum
(respeitar); 3ª conjugação: utor, uteris, utī, usus sum (usar) e 4ª conjugação:
partior, partiris, partīri, partitus sum (repartir). Como eles são conjugados da
mesma maneira que um verbo na voz passiva, apresentaremos apenas as tabelas do
presente do indicativo e do pretérito perfeito do indicativo:

PRESENTE DO INDICATIVO
miror vereor utor partior
miraris (-re) vereris (-re) uteris (-re) partiris (-re)
miratur veretur utitur partitur
miramur veremur utimur partimur
miramini veremini utimini partimini
mirantur verentur utuntur partiuntur

capítulo 5 • 93
PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO
miratus, a, um sum veritus, a, um sum usus, a, um sum partitus, a, um sum
miratus, a, um es veritus, a, um es usus, a, um es partitus, a, um es
miratus, a, um est veritus, a, um est usus, a, um est partitus, a, um est
mirati, ae, a sumus veriti, ae, a sumus usi, ae, a sumus partiti, ae, a sumus
mirati, ae, a estis veriti, ae, a estis usi, ae, a estis partiti, ae, a estis
mirati, ae, a sunt veriti, ae, a sunt usi, ae, a sunt pariti, ae, a sunt

Pronomes

Pronomes pessoais

CASOS SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL


NOMINATIVO Ego (eu) Nos (nós) Tu Vos (vós)

GENITIVO Mei Nostrum Tui Vos (vós)

VOCATIVO Tu Vos

ACUSATIVO Me Nos Te Vos

ABLATIVO Me Nobis Te Vobis

DATIVO Mihi Nobis Tibi Vobis

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO Is* (ele, o, este) Ea (ela, a, esta) Id (isto)

GENITIVO Eius Eius Eius

ACUSATIVO Eum Eam Id

ABLATIVO Eo Ea Eo

DATIVO Ei Ei Ei
*Segundo o professor Ernesto Faria, “o pronome is, ea, id não é propriamente um demonstrativo, servindo
principalmente para anunciar um relativo que vai ser enunciado (ou que já o tenha sido anteriormente), podendo
também referir-se a um substantivo empregado sem relativo.” (FARIA, p. 137)

capítulo 5 • 94
PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO Iī, ī, ei Eae Ea

GENITIVO Eorum Earum Eorum

ACUSATIVO Eos Eas Ea

ABLATIVO Iīs, is, eis Iīs, is, eis Iīs, is, eis

DATIVO Iīs, is, eis Iīs, is, eis Iīs, is, eis

Pronomes possessivos

Eles têm as mesmas terminações dos adjetivos de 1ª classe. Quando o possuidor


é óbvio, eles não são usados.

PESSOA MASCULINO FEMININO NEUTRO


1ª sing. meus mea meum
2ª sing. tuus tua tuum
3ª pl. suus sua suum
1ª pl. noster nostra nostrum
2ª pl. vester vestra vestrum

Pronomes reflexivos

Encontramos, no genitivo, as seguintes pessoas: mei (1ª pessoa) = de mim


mesmo; tui (2ª): de ti mesmo; sui (3ª pessoa): de si mesmo.
Veja a tabela destes pronomes:

CASOS SINGULAR PLURAL


Genitivo sui sui
Dativo sibi sibi
Acusativo se ou sese se ou sese
Ablativo se ou sese se ou sesse

capítulo 5 • 95
Pronomes demonstrativos

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO hic (este) haec (esta) hoc (isto)

GENITIVO huius huius huius

ACUSATIVO hunc hanc hoc

ABLATIVO hoc hac hoc

DATIVO huic huic huic

PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO hi hae haec

GENITIVO horum harum horum

ACUSATIVO hos has haec

ABLATIVO his his his

DATIVO his his his

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO iste (esse) ista (essa) istud (isso)

GENITIVO istius istius istius

ACUSATIVO istum istam istud

ABLATIVO isto ista isto

DATIVO isti isti isti

capítulo 5 • 96
PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO isti istae ista

GENITIVO istorum istarum istorum

ACUSATIVO istos istas ista

ABLATIVO istis istis istis

DATIVO istis istis istis

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO ille (aquele) illa (aquela) illud (aquilo)

GENITIVO illius illius illius

ACUSATIVO illum illam illud

ABLATIVO illo illa illo

DATIVO illi illi illi

PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO illi illae illa

GENITIVO illorum illarum illorum

ACUSATIVO illos illas illa

ABLATIVO illis illis illis

DATIVO illis illis illis

capítulo 5 • 97
SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
ipse (o próprio, o ipsa (a própria, a ipsum (o próprio, o
NOMINATIVO mesmo)* mesma) mesmo)

GENITIVO ipsius ipsius ipsius

ACUSATIVO ipsum ipsam ipsum

ABLATIVO ipso ipsa ipso

DATIVO ipsi ipsi ipsi

*Embora não seja propriamente um pronome demonstrativo, este pronome é aqui incluído por ter as mesmas
características flexionais dos demonstrativos.

PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO ipsi ipsae ipsa

GENITIVO ipsorum ipsarum ipsorum

ACUSATIVO ipsos ipsas ipsa

ABLATIVO ipsis ipsis ipsis

DATIVO ipsis ipsis ipsis

Pronomes relativos

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO qui (que, o qual) quae (que, a qual) quod (que, o qual)

GENITIVO cuius cuius cuius

ACUSATIVO quem quam quod

ABLATIVO quo qua quo

DATIVO cui cui cui

capítulo 5 • 98
PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO qui quae quae

GENITIVO quorum quarum quorum

ACUSATIVO quos quas quae

ABLATIVO quibus quibus quibus

DATIVO quibus quibus quibus

Pronomes interrogativos

SINGULAR
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
quis, qui e quid quis, quae, qua quid, quod (que, o
NOMINATIVO (quem, que, o qual) (quem, que, a qual) qual)

GENITIVO cuius cuius cuius

ACUSATIVO quem quam quid, quod

ABLATIVO quo qua quo

DATIVO cui cui cui

PLURAL
CASOS MASCULINO FEMININO NEUTRO
NOMINATIVO qui quae quae, qua

GENITIVO quorum quarum quorum

ACUSATIVO quos quas quae, qua

ABLATIVO quibus quibus quibus

DATIVO quibus quibus quibus

capítulo 5 • 99
Advérbios

A maioria dos advérbios de modo é derivada dos adjetivos. Os advérbios ter-


minados em -ē são oriundos dos adjetivos de 1a classe, enquanto os advérbios
terminados em -(i)ter são formados a partir dos adjetivos de 2a classe, conforme
os seguintes exemplos:

ADJETIVOS DE 1ª CLASSE ADJETIVOS DE 2ª CLASSE


doctus – doctē (sabiamente) fortis – fortiter(corajosamente)
miser – miserē (miseralvelmente) vehemens – vehementer (violentamente)
piger – pigrē(preguiçosamente) celer – celeriter(rapidamente)

OUTROS ADVÉRBIOS
ubi: onde (você está) denique: finalmente
quo: onde (para onde você vai) hac: por aqui
ante: em frente de, diante de nunc: agora
post: depois de, atrás de raro: raramente
hic: aqui ubique: por toda a parte
istic: lá postridie: no dia seguinte
illic: acolá semper: sempre
istac: por aí deinde: depois, em seguida
tum: então, naquele tempo primum: primeiramente
alibi: em outro lugar noctu: à noite, de noite
hodie: hoje mox: em breve
heri: ontem vesperi: à tarde, de tarde
cras: amanhã saepe: muitas vezes, frequentemente
interdiu: durante o dia tandem: finalmente
hinc: daqui, deste lugar olim: uma vez

capítulo 5 • 100
Preposições

As preposições, com raríssimas exceções42, regem dois casos: acusativo e abla-


tivo. Umas poucas, porém, dependendo do seu significado, ora regem ablativo,
ora regem acusativo.

Preposições que regem ablativo

a) De: sobre, acerca de, para baixo


b) Cum: com
c) Coram: na presença de, diante de
d) Ab (antes de vogal) e a (antes de consoante): por, de
e) Ex (antes de vogal) e e (antes de consoante): de (com ideia de origem),
fora de (movimento de dentro para fora)
f ) Sine: sem
g) Tenus: até a
h) Pro: antes, a favor de
i) Prae: antes de, por causa de

Preposições que regem acusativo

a) Super: sobre, em cima de


b) Prope/iuxta: próximo, junto a, perto de
c) Ad: para, em direção a
d) Ob: diante de, em frente de
e) Supra: sobre, acima de
f ) Per: através de, por, por entre
g) Post/pone: atrás de, por detrás
h) Ante: diante de, na presença de
i) Circum: ao redor de, em torno de, em volta de
j) Cis/citra: aquém de, antes de
k) Ultra/trans: além de, depois de

42  Como exemplo, temos causa e gratia, que regem genitivo, como se pode comprovar por meio de dois exemplos
mais do que conhecidos: “Honoris causa” e “Ars gratia artis”.

capítulo 5 • 101
Além dessas, encontramos ainda preposições que ora regem acusativo, ora re-
gem ablativo. Geralmente, quando a ideia é de movimento, elas regem acusativo;
quando, porém, a ideia é de estaticidade, regem ablativo, como podemos compro-
vas nos exemplos a seguir:

ACUSATIVO ABLATIVO
Ire in villam: Ir para a casa de campo. Sum in villā: Estou na casa de campo.
Sub muros: Para as proximidades dos muros. Sub murō: debaixo do muro.

Conjunções

Coordenativas

a) Aditivas
•  Et, -que, atque, ac: e
•  Etiam, quoque, neque non, quinetiam, itidem: também
•  Neque, nec: nem
•  Et ... et: não só ... mas também

b) Alternativas
•  Aut: ou
•  Sive, seu, se, vel: ou se
•  Sive ...sive: quer ... quer

c) Adversativas
•  At, atqui, autem, sed, verum, vero: mas, porém
•  Tamen, attamen; sedtamen, verumtamen: todavia, contudo

d) Conclusivas
•  Ergo,igitur: pois, por isso
•  Itaque, ideo, idcirco, inde, proinde: assim, por isso

e) Explicativas
•  Nam, namque, enim, etenim: porque, com efeito
•  Quare, quamobrem (quamobrem): por este motivo

capítulo 5 • 102
Subordinativas

a) Finais
•  Ut, uti, quo: que, a fim de que
•  Ne, ut ne, neve, quin, neu, quo minus: que não, para que não

b) Consecutivas
•  Ut, ut non, (geralmente são encontradas depois dos advérbios adeo, tam e
dos adjetivos tantus, talis): que
•  Quin (depois de negativas): que

c) Condicionais
•  Si: se
•  Sin: mas se
•  Nisi, ni: se não, a não ser que
•  Modo, dum ,dummodo, si modo: contanto que

d) Concessivas
•  Quamquam: embora
•  Quamvis, quantumvis, quamlibet, quantumlibet: bem que, dado que, ain-
da que

e) Comparativas
•  Ut, uti, sicut, velut, veluti: como, assim como
•  Tamquam, tanquam, quasi, ut, si, ac si: como se
•  Quam, atque (ac): como

f ) Causais
•  Quia, quod, quoniam: porque;
•  Cum (quum): como, porque.

g) Temporais
•  Cum, quando: quando
•  Dum, usque, donec, quoad: até quando, até que
•  Ut, ubi: quando

capítulo 5 • 103
•  Ut primum: logo que
•  Ubi primum, cum primum: logo que
•  Simul, simulac, simulatque: ao mesmo tempo que, logo que
•  Antequam, priusquam: antes que
•  Postquam, posteaquam: depois que

Numerais

Cardinais

I unus, a, um XX viginti
II duo, duae, duo XXI viginti unus, a, um
III três, tria XXII viginti duo, duae, duo
IV quattuor XXX triginta
V quinque XXXI triginta unus, a, um
VI sex XXXII triginta duo, duae, duo
VII septem XL quadraginta
VIII octo L quinquaginta
IX novem LX sexaginta
X Decem LXX septuaginta
XI undecim LXXX octoginta
XII duodecim XC nonaginta
XIII tredecim C centum
XIV quattuordecim CC ducenti, ae, a
XV quindecim CCC trecenti, ae, a
XVI sedecim CCCC quadringenti, ae, a
XVII septendecim M mille
XVIII duodeviginti MM duo milia
XIX undeviginti ͞V quinque milia

capítulo 5 • 104
Ordinais

Primus, a, um Quinquagesimus, a, um
Secundus, a, um Sexagesimus, a, um
Tertius, a, um Septuagesimus, a, um
Quartus, a, um Octogesimus, a, um
Quintus, a,um Nonagesimus, a, um
Sextus, a, um Centesimus, a, um
Septimus, a, um Ducentesimus, a, um
Octavus, a, um Trecentesimus, a, um
Nonus, a, um Quadringentesimus, a, um
Decimus, a, um Quingentesimus, a, um
Undecimus, a, um Sexcentesimus, a, um
Vicesimus, a, um Septingentesimus, a, um
Tricesimus, a, um Octingentesimus, a, um
Quadragesimus, a, um Nongentesimus, a, um
Milesimus, a, um

Interjeições

1 Alegria – Io, eaux, euhoe: viva! Bravo! evoé!


2 Saudação ou cumprimento – Ave; salve; vale: bom dia, olá! Olá! Passe bem! Adeus!
3 Dor – Heu, eheu, ei, pro: ai! Ah! Oh! Ah!
4 Admiração – En, hem, o, uah: oh!
5 Desejo – Utinam: Tomara! Oxalá!
6 Ameaça – Vae, vae tibi: ai de! Ai de ti!
7 Chamamento – O, heus, ohe, eho: Ó! Olá!
8 Afirmação ou juramento – Hercule, hercle: por Hércules!
9 Louvor e exortação – Age, macte, eia, euge: muito bem! Coragem!
10 Anunciar ou indicar – En, ecce: eis!

capítulo 5 • 105
ATIVIDADES
01. Traduza o texto.
Tertium est genus eorum, qui uri appellantur. Hi sunt magnitudine paulo infra elephantos,
specie et colore et figura tauri. Magna vis eorum est et magna velocitas, neque homini neque
ferae, quam conspexerunt, parcunt. Hos studiose foveis captos interfeciunt. Hoc se labore
durant adulescentes atque hoc genere venationis exercent, et qui plurimos ex his interfece-
runt, relatis in publicum cornibus, quae sint testimonio, magnam ferunt laudem.
(J. Caesar, De Bel. Gal., VI,28)

VOCABULARIUM
Tertius, a, um: terceiro Hos: vide hic. haec, hoc;
Sum, es, esse, fui: ser, estar, haver Studiose (adv.): com aplicação,
Genus, -eneris: gênero, raça, espécie com cuidado
Is, ea, id: ele (a) Fovea, ae: fosso, cova
Qui, quae, quod: que, qual Captus, a, um: capturados
Urus, i: uro (uma espécie de búfalo) Interficio, is-, -ĕre, -feci, -fectum: matar
Appello, -as, -āre, -avi, -atum: chamar Hoc: vide hic, haec, hoc;
Hic, haec, hoc: este, esta, isto; magnitu- Se: se, a si mesmo
do, -inis: tamanho Labor, -oris: trabalho, tarefa, atividade
Paulo (adv.): um pouco Duro, -as, -āre, -avi, -atum: fortalecer,
Infra (prep.): menor que fortificar
Elephantus, i: elefante Adulescens, -centis: jovem
Species, ei: aparência, aspecto Atque: e
Et (conj.): e Genus, -eris: tipo
Color, -oris: cor Venatio, -onis: caça
Figura, ae: figura, aparência Exerceo, -es, -ēre, -cui, -citum:
Taurus, i: touro exercitar-se
Magnus, a, um: grande, magna Qui: vide qui, quae, quod
Vis, is: força Plurimus, a, um: muitos
Velocitas, -atis: velocidade Ex(prep.): de, dentre
Neque ...neque: nem ... nem; His: vide hic, haec, hoc
Homo, -inis: homem Relatus, a, um: apresentado, mostrado
Fera, ae: fera, animal selvagem Cornu, us: chifre
Quam: vide qui, quae, quod;Conspicio, is, In (prep.): em
-ĕre, -exi, -ectum: avistar, ver Publicum, i: público
Parco,is, -ĕre, peperci, parcitum: poupar, quaesi nttestimonio: os quais servem
abster-se de como testemunha, como prova
Laus, laudis: honra, louvor Fero, fers, ferre, tuli, latum: receber,
alcançar

capítulo 5 • 106
02. Encontre, para cada declinação, um substantivo e diga em que caso ele se encontra.

03. Retire do texto cinco verbos: dois no presente do indicativo, dois no pretérito perfeito do
indicativo e um na voz passiva.

04. Identifique em que caso se encontra cada um dos pronomes a seguir.


a) Eorum c) Hi e) Hos
b) Qui d) Quam f) Hoc

05. Retire as preposições presentes no texto e, em seguida, identifique o caso que cada
uma delas rege.

RESUMO
Vimos que os verbos depoentes, ainda que não tenham passado para a língua portugue-
sa, deixaram sua marca semântica em alguns particípios como, por exemplo, “homem lido”,
“pessoa viajada”, “menino sabido”.
Quanto aos pronomes, percebeu-se que, por substituírem o nome, são declinados como
este na maioria dos casos, com exceção, na maioria das vezes, do nominativo singular, que
possui desinência própria. Essas semelhanças desinenciais nos ajudam, e muito, a identificar
o pronome e em que caso ele se encontra.
Dentro dessa classe, notou-se que: os pronomes pessoais do caso reto quase não são
empregados, devendo-se isso ao fato de os verbos já carregarem consigo as desinências
número-pessoais; vimos, depois, os pronomes possessivos e reflexivos; em seguida, foram
estudados os pronomes demonstrativos, que são os mais abundantes; vindo, em seguida, os
mais empregados para manter a coesão e coerência de uma oração: os pronomes relativos;
por último, foram apresentados os pronomes interrogativos.
No que diz respeito aos advérbios, percebemos que para que se forme um advérbio de
modo basta que se acrescente ao adjetivo em questão os sufixos -ē ou -i(ter); fenômeno
idêntico ao que acontece na nossa língua com o sufixo -mente. Os outros advérbios são
formas prontas dentro da língua e, como já sabido, são invariáveis.
As preposições, como já visto desde o primeiro capítulo, são divididas entre as que regem
acusativo e as que regem ablativo, existindo, porém, algumas que ora regem acusativo, ora
regem ablativo. A exceção se dá com as preposições causa e gratia, que pedem genitivo.

capítulo 5 • 107
A grande maioria das preposições, ao passar para o português, passou a exercer o papel de
prefixo: exportar, cúmplice, defenestrar etc.
As conjunções, assim como em português, também são divididas em coordenativas e
subordinativas, sendo que a conjunção ut é a de emprego mais significativo em latim, apre-
sentando, por isso, um grau maior de dificuldade tanto para classificá-la, quanto para tradu-
zi-la. Quanto aos numerais, embora você tenha percebido que um bom número de radicais
dos números cardinais tenha passado para o português, ficou claro que os numerais ordinais,
mudando o que deve ser mudado, foram os que mais influenciaram a nossa língua. Por fim,
vimos as interjeições que, pelo seu caráter onomatopeico, têm vida própria não apenas no
latim, mas em qualquer outra língua.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
C. IULIUS CAESAR. Commentariorum libri de bello gallico. Disponível em: <www.thelatinlibrary.
com>. Acesso em: maio 2018.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. (revista e aumentada). Brasília: MEC/FAE/DF,
1995.
FREIRE, António. Gramática Latina. 5 ed. Braga: Livraria A. I., 1987.
LEITÃO, Luiz Ricardo; FILHO, João Ramos e FREITAS, Rosângela. Gramática Crítica: o culto e o
coloquial no português brasileiro. 3. ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1998.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. 2. ed. Porto: Gráficos Reunidos Ltda, 1942.

GABARITO
Capítulo  1

01.
a) Diana é uma deusa;
b) Cleópatra é uma rainha;
c) Minerva é a deusa da sabedoria;
d) O atleta vai/está indo para o campo de treinamento;
e) As alunas estão na escola;
f) A aluna ama a professora;
g) As alunas passeiam/caminham com a professora;

capítulo 5 • 108
h) A aluna dá uma rosa à professora;
i) As alunas dão rosas às professoras.
j) Servas, onde está a rainha?

02.
a) Diana é filha de Latona. Latona ama muito sua filha. Diana é a deusa da lua e dos
bosques/florestas e carrega/leva flechas. A deusa da lua ama muito os bosques/
florestas. (Ela) vive nos bosques/florestas e neste lugar mata os animais selvagens.
b) Suam filiam
c) Lunae et silvarum
d) Silvas
e) In silvis
f) Feras

03.
a) Formica parva est;
b) Balaena magna est;
c) Filia agricolae escamgallinae dat;
d) Vita piratarum periculosa est;
e) Servae reginae obtemperant;
f) Agricola in terrā laborat;
g) Scriba epistulam scribit;
h) Athleta in palaestrā currit.

04.
a) fenestra - janela;
b) aqua - água
c) luna - lua;
d) rana - rã;
e) terra - terra;
f) vita - vida;
g) herba - erva;
h) ala - asa;
i) culina - cozinha.

capítulo 5 • 109
Capítulo  2

01.
a) Mercúrio é filho do deus dos deuses e da deusa Maia.
b) Apolo é um belo deuse tem muitos ofícios.
c) Esculápio é o deus da medicina.
d) Tulo Hostílio reparou as guerras e venceu os albanos.
e) E chamou Deus o firmamento de céu.
f) E pôs Deus as estrelas no firmamento do céu.
g) Criou Deus macho e fêmea.
h) Bem-aventurado o varão que não se detém no conselho dos ímpios e nem no ca-
minho dos pecadores...

02.
a) 2ª conjugação c) 4ª conjugação
b) 1ª conjugação d) 3ª conjugação

03.
a) Ponit c) Vocamus e) Sum
b) Vinco d) Creas f) Habetis

04.
Depois, Tarquínio Prisco recebeu o reino. Este (ele) duplicou o número de senadores,
construiu o circo de Roma, instituiu os jogos romanos, que (os quais) até a nossa memória
(até os dias de hoje) permanecem. O mesmo também venceu os sabinos e, tendo tomado
não pouco (uma grande quantidade) dos campos deles, anexou-os ao território da cidade de
Roma, e foi o primeiro a entrar triunfante (... que entrou triunfante...) na cidade (de Roma). Fez
os muros e as cloacas, deu início à construção do Capitólio. No trigésimo oitavo ano de seu
governo, foi morto pelos filhos de Anco, seu rei, a quem ele sucedera.
• Permanent;
• Acusativo singular – 2ª declinação
• Acusativo plural – 2ª declinação
• Acusativo singular – 1ª declinação
• Genitivo plural – 2ª declinação
• Dativo singular – 2ª declinação
• Acusativo plural – 1ª declinação

capítulo 5 • 110
05.
a) Capitoliă magnă d) Circus maximus
b) Cloacā parvā e) Murō altō
c) Memoriā rum nostrārum

Capítulo 3

01.
1 No princípio criou Deus o céu e a terra. 2 E a terra era sem forma e vazia, e havia trevas
sobre a face do abismo: e o Espírito de Deus se movia sobre as águas. 3 E disse Deus: Haja
luz. E houve luz. 4 E viu Deus que a luz era boa; e separou a luz das trevas. 5 E chamou a luz
de dia, e as trevas de noite.

02.
a) Pretérito imperfeito do indicativo b) Pretérito perfeito do indicativo

03.
a) Dicebat, dicet, dixerat c) Dividebat, dividiet, diviserat
b) Videbat, videbit, viderat d) Apellabat, apellabit, apellaverat

04.
a) Principiō: 2ª declinação – ablativo singular
b) Caelum: 2ª declinação – acusativo singular
c) Terram: 1ª declinação – acusativo singular
d) Aquas: 1ª declinação – acusativo plural
e) Lucem: 3ª declinação – acusativo singular
f) Lux: 3ª declinação – nominativo singular

05.
• Longas
• Brevem
• Leves
• Magnum
• Dulcis
• Mollis
• Mea
• Meus

capítulo 5 • 111
Capítulo 4

01.
Depois dele, Sérvio Túlio, filho de uma mulher nobre, porém (ex) cativa e (ex) escrava re-
cebeu o governo (ascendeu ao trono). Ele também subjugou os sabinos; anexou à cidade (de
Roma) três montes: o Quirinal, o Viminal e o Esquilino; construiu trincheiras ao redor do muro.
Foi o primeiro que instituiu o censo de todos (a instituir o censo de todos), o qual, até então,
era desconhecido por toda a terra. Sob ele (sob seu governo), Roma, sendo todos levados ao
censo, teve (contou com) oitenta e três mil cabeças de cidadãos (oitenta mil cidadãos) com
aqueles que estavam nos campos (incluindo os que moravam no campo). Foi morto por um
ato criminoso de seu genro Tarquínio Soberbo, filho do rei a quem ele sucedera, e da sua filha,
a quem Tarquínio tinha tomado como esposa (com quem Tarquínio tinha casado).

02.
a) Genitivo singular – 1ª declinação c) Acusativo singular – 4ª declinação
b) Acusativo singular – 3ª declinação d) Nominativo singular – 2ª declinação

03.
a) Incognitus erat
b) b) Occisus est

04.
a) 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo
b) 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo
c) 3ª pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo
d) 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo

05.
a) Acusativo singular c) Acusativo singular
b) Ablativo singular d) Ablativo plural

Capítulo  5

01.
Há um terceiro gênero deles, os quais são chamados de uros. Estes são, em tamanho,
um pouco menor que os elefantes; (porém), na aparência e na cor, (são) a figura (semelhan-
tes a) de um touro.Grande é a força e a velocidade deles; não poupam homem (homens) nem

capítulo 5 • 112
fera (feras) que avistam. (Os germanos) os matam, depois que eles são capturados (literal-
mente: capturados ardilosamente em covas)ardilosamente em covas. Com essa atividade,
os jovens se tornam fortes e, com esse tipo de caça, exercitam-se; e aqueles que mataram
muitos destes (uros), após apresentarem os chifres em público, como testemunha, alcançam
uma grande honra.

02.
• Foveis – 1ª declinação – ablativo plural
• Uri – 2ª declinação – genitivo singular
• Laudem – 3ª declinação – acusativo singular
• Cornibus – 4ª declinação – ablativo plural
• Specie – 5ª declinação – ablativo singular

03.
Presente do indicativo: durant, interfeciunt
Pretérito perfeito: conspexerunt, interfecerunt
Voz passiva: appellantur

04.
a) Genitivo plural d) Acusativo singular
b) Nominativo plural e) Acusativo plural
c) Nominativo plural f) Ablativo singular

05.
• Infra – está regendo acusativo
• Ex – está regendo ablativo
• In – está regendo acusativo

capítulo 5 • 113
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 114
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 115
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 116
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 117
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 118

Você também pode gostar