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Pronounce - Split Digraph

Dígrafo:
O dígrafo (do grego di, "dois", e grafo, "escrever") ocorre quando duas letras são
usadas para representar um único fonema. Diferentes idiomas contêm diferentes
dígrafos, e, o inglês, em específico, implica neles uma importante carga para o
melhor entendimento da pronúncia de muitas palavras. Vejamos os motivos.

Reformas ortográficas:
Reformas ortográficas são grandes mudanças em um idioma para a uniformização e
padronização do mesmo. O português, por exemplo, teve sua primeira grande
reforma ortográfica em 1911, tentando normatizar e simplificar a escrita da língua
portuguesa, em Portugal.
Até ao início do século XX, tanto em Portugal como no mundo da leitura seguia-se
uma ortografia que, por regra, se baseava nos étimos latino ou grego para escrever
cada palavra — phosphoro (fósforo), lyrio (lírio), orthographia(ortografia), phleugma
(fleuma), exhausto (exausto), estylo (estilo), prompto (pronto), diphthongo (ditongo),
psalmo (salmo), etc.

Diversos estudiosos da língua portuguesa apresentaram propostas de simplificação


da escrita, sem grande sucesso. Entre tais propostas, estava uma obra chamada
Bases da Ortografia Portuguesa, de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana e
Guilherme de Vasconcelos Abreu, escrita em 1885.

Após a implantação da república em Portugal, em 1910, o novo governo fez grande


esforço no sentido de aumentar a escolaridade e diminuir o analfabetismo. Com
isso, organizou uma comissão para estabelecer uma ortografia simplificada.
Gonçalves Viana fazia parte desta comissão, e, então, as bases da reforma
ortográfica foram oficializadas com pesada influência do trabalho anterior de Viana.

As principais mudanças na língua portuguesa:


1. Eliminação de todos os dígrafos de origem grega com substituição por
grafemas simples: th(substituído por t), ph (substituído por f), ch (com
valor de [k], substituído por c ou qu de acordo com o contexto) e rh
(substituído por r ou rr de acordo com o contexto);
2. Eliminação de y (substituído por i);
3. Redução das consoantes dobradas (ou geminadas) a singelas, com
exceção de rr e ss mediais de origem latina, que têm valores
específicos em português;
4. Eliminação de algumas "consoantes mudas" em final de sílaba gráfica,
quando não influíam na pronúncia da vogal que as precedia;
5. Introdução de numerosa acentuação gráfica, nomeadamente nas
palavras proparoxítonas.

Esse último item nos é o de maior importância. Note que palavras (especialmente as
proparoxítonas), receberam acentos gráficos para sua pronúncia, o que modifica
sua pronúncia e cadência.
A reforma ortográfica inglesa de 1582
A língua inglesa, como se sabe, não se utiliza de tais acentos gráficos, e isso
também é fruto de uma reforma ortográfica. Richard Mulcaster escreveu, em 1582,
um protótipo de dicionário de como palavras deveriam ser escritas na língua inglesa,
chamado Elementarie, no qual constam milhares de palavras em um padrão
regularizado de escrita. Mais da metade das palavras listadas por ele ainda mantém
a forma sugerida por ele.
Por que isso era necessário? O inglês antigo era irregular demais para uma escrita
consistente e para que fosse aprendido pela população geral, sofrendo ainda muitas
influências do grego, latin e francês. Com isso, as escritas e pronúncias não tinham
consistência alguma. E é aqui que encontramos uma característica que nos será
crucial para o entendimento da língua inglesa moderna.

Silent E, Magic E ou SPLIT DIGRAPH:


Em sua obra Elementarie, Mulcaster, para padronizar a pronúncia das palavras
inglesas em sua escrita, não se valeu de acentos gráficos, como Gonçalves Viana,
mas, ao invés disso, propôs um “e” ao fim de palavras que contivessem um som
longo de vogal, pois assim o dígrafo indicaria qual som as vogais daquela palavra
teriam.
Como explicado acima, um dígrafo é um fonema criado por dois grafemas (letras
escritas), é importante notar, contudo, que essas duas letras não precisam estar
juntas para que isso aconteça. Uma das formas mais importantes de dígrafos do
inglês, e a que iremos entender melhor aqui, são chamados Split digraphs. Você
pode já ter se deparado com as nomenclaturas Silent E ou Magic E (mais usado
com crianças), todos se tratam da mesma coisa (apesar de Silent E estar caindo em
desuso por sua indução ao erro). Um Split digraph é um dígrafo cujas letras estão
separadas. Isso significa que um som de vogal é separado por uma consoante, por
exemplo:
- Wrote - o dígrafo “oe” faz um som, enquanto o dígrafo é dividido pelo “t”
- Lake - o “ae” aqui faz um som, e o dígrafo é separado pelo “k”
- Complete - o “ee” aqui se trata de apenas um som, e o dígrafo é separado
pelo “t”
Veja mais alguns exemplos:
Grip - Gripe
Rag - Rage
Slop - Slope
Hug - Huge
Pet - Pete
Tap - Tape
Not - Note
Kit - Kite
At - Ate
Us - Use
Win - Wine
Cut - Cute (note que “Culture”, devido a essa lógica, tem um som de cada “u”,
o primeiro tem um som curto, e o segundo, longo)

Perceba então que o nome Silent E pode ser enganador, considerando que o “e”
não é mudo, de fato. E que, justamente nas exceções desta regra, o “e”, sim, se
torna mudo, como em “Come” e “Have”.
Essa lógica também pode ajudar na escrita e na adição de sufixos com a seguinte
dica; geralmente, sufixos que começam com vogais retiram o “e” do fim da palavra,
exs; Like - Liking, Bake - Baking, Hope - Hoping
Já se seu sufixo começar com uma consoante, o E permanece na palavra, exs;
Wise - Wisely, Hope - Hopeless.

CUIDADO:
Como você viu acima, a história do inglês é a de uma língua bastante irregular e
acidentada, que foi simplificada e padronizada até certo ponto, portanto, suas regras
de escrita, gramática e pronúncia são bastante falhas. Essa lógica do “E” funciona
na maioria das vezes e ajuda na dedução de palavras desconhecidas, mas, como
quase toda regra da língua inglesa, tem exceções.

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